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Feridas, cicatrização e princípios gerais para tratamento das feridas. 1. Introdução Pele: Maior órgão do corpo humano Estrutura: duas camadas, epiderme (superficial, delgada e avascular) e a derme (profunda e vascularizada, além de glândulas sebáceas e sudoríparas, folículos pilosos, e reservatório de agua, nutrientes e pode fazer a termorregulação, auxilia a produção de vitamina D, e por possuir terminações nervosas trás as sensações de dor, sensibilidade e tato). 2. Ferida: ruptura da continuidade da pele, perdendo a integridade, o dano pode ser mais superficial ou profunda, e envolvendo outras estruturas além da derme e epiderme, depende da causa. 3. Cicatrização fisiológica: eventos físicos, químicos e celulares, onde a ferida é restaurada. Quando há substituição por um tecido idêntico ao perdido regeneração Quando há substituição por um tecido conjuntivo cicatrização Fases: 1. Inflamatória 2. Debridamento 3. Reparo (proliferativa, fibroblástica, epitelização) 4. Maturação Podem ocorrer simultaneamente ou ao final da anterior. 1. Inflamatória (0 a 3 dias): Vasos se contraem: vasoespasmos minimiza a perda sanguinea Mecanismo de coagulação Coágulo coágulo seco crosta: permite a proteção da ferida que esta abaixo da crosta (casquinha), além de evitar hemorragias, Mediadores da inflamação: produzidos e liberados, possuem função quimiotática, os leucotrienos, as prostaglandinas e a histamina agem atraindo mais células para o processo de cicatrização. 2. Debridamento (1 a 6 dias) Leucócitos: atravessam os vasos sanguíneos (diapedese), origem no foco da ferida. Neutrófilos e monócitos macrófagos: fazem a fagocitose, englobando e destruindo tecidos necrosados, bactérias e corpos estranhos (limpando a ferida, ou seja, debridando). 3. Reparo (3 a 14 dias) Angiogenese intenso formação de novos capilares, que junto com os novos fibroblastos sintetizados, constroem o tecido de granulação, serve de base para que as células consigam se replicar e migrarem fechando a ferida. Possui uma cor vermelha. Reparo epitelial: proliferação e migração, margens do ferimento. As células epiteliais que estão nas margens do tecido de granulação se proliferam por mitose e migram das margens da tecida ate o centro, completando toda a ferida e fechando-a. isso ocorre por cima do tecido de granulação, e sempre das margens para o centro. Quando essas células chegam ao centro e tem contato com as outras células que chegam ao centro também, inicia-se o processo de inibição por contato, onde elas param de proliferas, por entenderem que já se completou a ferida. Por isso que quando tem a crosta em feridas a ultima parte a soltar é o centro. Contração: simultâneo (granulação/epitelização), bordas cutâneas se encontram durante os processos anteriores, essa contração ocorre através de células miofibroblastos. 4. Maturação (14 dias a 1 ano) Remodelação das fibras colágena: mudança de fibras colágenas tipo 3 (imatura )pra uma tipo 1 (mais madura), e o tecido vai retomando a sua forca tênsil Forca tecidual (máximo 80%): jamais terá a forca original, de antes da ruptura. 4. Classificação das feridas: fornece as diretrizes para o tratamento, ajuda na decisão de que tratamento deve-se instituir ao paciente. 1. Duração: tempo desde o trauma ate o tratamento ocorrer, quanto mais tempo ate o tratamento maior o risco de contaminação Classe 1: 0 a 6 horas geralmente feridas cirúrgicas Classe 2: 6 a 12 horas Classe 3: a partir de 12 horas 2. Grau de contaminação: A mais utilizada rotineiramente pelos médicos. Para saber se uma ferida esta infectada, realiza-se uma contagem quantitativa microscópica, com um swab, por exemplo, se na avaliação existir 105 microrganismos/grama/tecido é considerada uma ferida infectada. Na duvida, considere sempre uma ferida suja/infectada, nunca minimize a contaminação. 3. Estruturas comprometidas: Superficial: envolve apenas a pele, mas não quer dizer que não doa e não posa ser contaminada. Profunda: acomete não só a pele, mas as estruturas circunjacentes e profundas também. 4. Origem traumática: Arma de fogo ou branca Mordedura Úlcera de decúbito Atropelamentos Injeções perivasculares Queimaduras Outros 5. Apresentação clinico-cirúrgica: Abrasão: superficial, que pode atingir a derme e causar sangramento e afetar as terminações nervosas, causando dor Avulsão: a pele se solta em determinada região, mas continua presa por uma região chamada de inserção. Quando ocorre em membros chamamos de ferida por desenluvamento. Lacerante: objeto rombo e contundente e que provoca um trauma grande e causa bordas irregulares, são cjamadas também de anfractuosas Perfurante: objeto que perfura pele e organismo e atravessa, como facas, agulas, e projeteis, por exemplo, aparentam ser simples, mas que por dentro causam problemas. Incisa: objeto que provoca bordas regulares, como as feridas cirurgicas, por exemplo. COMPOSTAS: acontece dois tipo ao mesmo tempo, perfuro-incisas, por exemplo, começa com perfuração, mas continua como incisa 5. Princípios gerais para o tratamento das feridas Limpeza da área: diminuir a contaminação, removendo sujidades, tecidos necrosados, microrganismos colonizadores. 1. Ampla tricotomia 2. Solução antisséptica para redução da carga bacteriana: usa-se iodo- povidona e gluconato de clorexidina, deve-se evitar a utilização de álcool em pele lesionada, pois ele é citotóxico e pode prejudicar mais a lesão. 3. Lavagem da ferida: as soluções possuem uma concentração mais baixa para não irritar a pele. Ringer com lactato: mais recomendada, para reduzir o numero de bactérias e exercer um efeito diluissional com relação a quantidade de bactérias, por isso deve-se usar grandes quantidades de liquido, deve-se lavar exaustivamente, quanto mais lavar, mais consegue diminuir a quantidade de bactérias. O ringer é o mais indicado por ter um efeito alcalinizante, uma vez que as bactérias se reproduzem mais em lugares ácidos. Diacetato de clorexidina (0.05%) Iodo-povidona (0,1%) Polihexanida/PHMB: possui uma boa redução da carga bacteriana e possui um maior tempo de ação. É importante exercer pressão, para melhor limpeza. Usando seringas maiores: 35/60 ml Usando agulhas mais calibrosas: 18/19 Tomar cuidado para não exercer pressão demais. 4. Debridamento das feridas: retirada de tecidos desvitalizados (necrosados). Se esse tecido morto for preservado, aumenta a chance de ocorrer replicação bacteriana. Quando faz o debridamento a ferida pode aumentar, mas é preferível uma ferida grande e limpa, do que uma ferida pequena e contaminada. Métodos: Enzimático ou químico: pomadas que fazem o processo. É o menos empregado na veterinária. Pois é caro, e precisam ser utilizadas por um tempo mais longo. Princípios ativos: tripsina, colagenase, fibrinolisina. Vantagens: processo indolor, e não precisa de anestesia. Desvantagens: custo, tempo, em alguns casos é insuficiente. Mecânico: compressas, gazes e curativos, que a cada troca de curativo é removido os tecidos mortos junto com o curativo velho. Uso de gaze estéril (seco ou úmido), durante a troca do curativo o tecido necrosado e corpos estranhos se aderem à gaze e são removidos. A troca deve ser feita de 2 a 3 vezes por dia, no mínimo. Quando a gaze é úmida, espera-se secar a solução antibacteriana para que seja aplicada a gaze seca sobre a ferida. Hidrodinâmico (lavagem): durante a lavagem com pressão, vai removendo os tecidos necrosados. Cirúrgico: ocorre em cirurgia, todo o procedimento pre-cirurgico deve ser realizado. 5. Viabilidade da pele: Independente do meio utilizado para realização do debridamento deve-seser realizada a avaliação da viabilidade da pele, para que não se remova a pele saudável. Na fase mais aguda do trauma é mais difícil identificar a pele saudável, caso isso ocorra é recomendado que o veterinário espere um tempo (48 a 72 horas) para realizar o procedimento, uma vez que a inflamação inicial já foi amenizada. Métodos: - Clinico: coloração, temperatura, dor e sangramento SAUDÁVEL NECROSADA 6. Antibióticos tópicos: controvérsia ao utilizar por cima da área pode agir como um efeito mecânico que pode causar a epitelização retardada. 7. Antibióticos sistêmicos: profilático ou terapeutico Uso terapêutico Feita a coleta, cultura e teste de sensibilidade (pode demorar alguns dias) Terapia empírica inicial (antes do teste de sensiilidade, uma vez que não pode deixar sem tratamento): - Superficiais: Staphylococcus spp. Cefalosporinas - Merdeduras: Pausteurella spp. Azitromicina, amoxicilina com clavulonato.
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