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TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Intestinos delgado e grosso O intestino delgado e o cólon são os locais de uma grande variedade de doenças, muitas das quais afetam o transporte de nutrientes e água. A perturbação desses processos pode causar má absorção e diarreia. Os intestinos são também o principal local onde o sistema imune faz interface com um conjunto diversificado de antígenos presentes em alimentos e microrganismos intestinais. Doenças intestinais Obstrução intestinal Obstrução do trato gastrointestinal pode ocorrer em qualquer nível, mas o intestino delgado é mais frequentemente envolvido por causa de seu lúmen relativamente estreito. Coletivamente, hérnias, aderências intestinais, intussuscepção e vólvulo são responsáveis por 80% das obstruções mecânicas, enquanto tumores e infartos são responsáveis pela maior parte restante. As manifestações clínicas da obstrução intestinal incluem dor e distensão abdominal, vômitos e obstipação. A intervenção cirúrgica geralmente é necessária em casos que envolvem obstrução mecânica ou infarto grave. Intussuscepção A intussuscepção ocorre quando um segmento do intestino, comprimido por uma onda de peristaltismo, penetra e se encaixa no lúmen do segmento imediatamente distal. Uma vez preso, o segmento invaginado é impulsionado pelo peristaltismo e puxa o mesentério. A intussuscepção não tratada pode progredir para obstrução intestinal, compressão de vasos mesentéricos e infarto. A intussuscepção é a causa mais comum de obstrução intestinal em crianças com menos de 2 anos de idade. Geralmente, não há defeito anatômico subjacente e a criança é saudável. Outros casos estão associados a infecções virais e vacinas contra rotavírus, e podem estar relacionados com a TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO hiperplasia reativa das placas de Peyer, que podem atuar como o desencadeador da intussuscepção. Os enemas de contraste são úteis no diagnóstico e são eficazes na correção da intussuscepção idiopática em lactentes e crianças pequenas. No entanto, a intervenção cirúrgica é necessária quando uma massa intraluminal ou tumor constituem o ponto inicial de tração, como é típico em crianças mais velhas e em adultos. Doença de Hirschsprung A doença de Hirschsprung ocorre em aproximadamente um em cada 5.000 nascidos vivos e resulta de um defeito congênito na inervação do cólon. Pode ocorrer isoladamente ou combinada a outras anormalidades do desenvolvimento. É mais comum em homens, mas tende a ser mais grave em mulheres. Irmãos de pacientes apresentam um risco aumentado de doença de Hirschsprung. Os pacientes geralmente são neonatos que não conseguem eliminar o mecônio no período pós-natal imediato, seguido de constipação obstrutiva. As principais ameaças à vida são enterocolite, distúrbios hidroeletrolíticos, perfuração e peritonite. A ressecção cirúrgica do segmento aganglionar com anastomose do cólon normal para o reto é eficaz, embora possa levar anos para os pacientes atingirem a função intestinal normal e a continência. Patogenia O plexo entérico neuronal desenvolve-se a partir de células da crista neural que migram para a parede do intestino durante a embriogênese. A doença de Hirschsprung, também conhecida como megacólon aganglionar congênito, ocorre quando a migração normal de células da crista neural do ceco ao reto é interrompida. Isso produz um segmento distal do intestino que não tem nem o plexo submucoso de Meissner, nem o plexo mioentérico de Auerbach (“aganglionose”), e falha em desenvolver contrações peristálticas coordenadas. As mutações no receptor de tirosina cinase RET representam a maioria dos casos familiares e aproximadamente 15% dos casos esporádicos. Mutações em outros genes, incluindo genes modificadores da TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO doença, bem como fatores ambientais, também estão envolvidos Hérnia Abdominal Qualquer fragilidade ou defeito na parede da cavidade peritoneal pode possibilitar protrusão de uma bolsa com revestimento seroso do peritônio chamado saco herniário. As hérnias adquiridas são mais comuns na região anterior, através dos canais inguinal e femoral ou do umbigo, ou em locais de cicatrizes cirúrgicas. As hérnias constituem motivo de preocupação por causa da protrusão visceral (hérnia externa). Isso é particularmente verdadeiro para as hérnias inguinais, que tendem a apresentar orifícios estreitos e sacos grandes. As alças do intestino delgado são mais frequentemente herniadas, mas porções do omento ou do intestino grosso também se projetam, e qualquer um deles pode ficar aprisionado. A pressão no pescoço do saco pode prejudicar a drenagem venosa, levando a estase e edema. Essas alterações aumentam o volume da alça herniada, levando ao aprisionamento permanente, ou encarceramento, e com o tempo, comprometimento arterial e venoso, ou estrangulamento, que pode resultar em infarto. Doença Intestinal Isquêmica A lesão isquêmica da parede do intestino pode variar de infarto da mucosa, não se estendendo além da muscular da mucosa; até infarto mural de mucosa e submucosa; e infarto transmural, envolvendo todas as três camadas da parede. Embora os infartos da mucosa ou murais frequentemente sejam secundários à hipoperfusão aguda ou crônica, o infarto transmural geralmente é causado por obstrução vascular aguda. Causas importantes de obstrução arterial aguda incluem: ➢ aterosclerose grave (que geralmente é proeminente na TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO origem dos vasos mesentéricos) ➢ aneurisma da aorta ➢ estados de hipercoagulabilidade ➢ uso de contraceptivo oral ➢ embolização de vegetações cardíacas ou ateromas aórticos ➢ Hipoperfusão intestinal também pode estar associada à insuficiência cardíaca, choque, desidratação ou fármacos vasoconstritores. ➢ Vasculites sistêmicas também podem lesar as artérias intestinais. ➢ Embora a trombose venosa mesentérica também possa levar a doença isquêmica, isto é incomum. ➢ Outras causas incluem neoplasias invasivas, cirrose, hipertensão portal, traumatismo ou massas abdominais que comprimem a drenagem portal. Patogenia A gravidade do comprometimento vascular, o período durante o qual se desenvolve e os vasos afetados são as principais variáveis que determinam a gravidade da doença intestinal isquêmica. As respostas intestinais à isquemia ocorrem em duas fases. A lesão hipóxica inicial ocorre no início do comprometimento vascular e, embora ocorra algum dano, as células epiteliais intestinais são relativamente resistentes à hipóxia transitória. A segunda fase, a lesão de reperfusão, é iniciada pela restauração do suprimento sanguíneo e está associada aos maiores danos. • Embora os mecanismos subjacentes da lesão de reperfusão não sejam completamente compreendidos, eles envolvem a produção de radicais livres, infiltração de neutrófilos e liberação de mediadores inflamatórios, como proteínas do complemento e citocinas. Dois aspectos da anatomia vascular intestinal também contribuem para a distribuição dos danos isquêmicos: ➢ Zonas Watershed referem-se aos segmentos intestinais na extremidade final do seu respectivo suprimento arterial que são particularmente suscetíveis à isquemia. Essas zonas limítrofes incluem a flexura esplênica, onde as circulações arteriais mesentéricas superiores e inferiores terminam, e, emTEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO menor extensão, o cólon sigmoide e o reto, onde as circulações arteriais mesentérica inferior, pudenda e ilíaca terminam. Hipotensão ou hipoxemia generalizados podem, portanto, causar lesão localizada, e a doença isquêmica deve ser considerada no diagnóstico diferencial para colite focal da flexura esplênica ou cólon retossigmoide. ➢ Padrões da microvasculatura intestinal. Capilares intestinais correm ao lado das glândulas, a partir da cripta até a superfície, antes de fazerem uma curva acentuada na superfície até se esvaziarem nas vênulas pós- capilares. Essa configuração deixa o epitélio da superfície particularmente vulnerável à lesão isquêmica. Assim, a atrofia epitelial superficial, ou até mesmo a necrose com descamação epitelial, com criptas normais ou hiperproliferativas, constitui uma assinatura morfológica da doença intestinal isquêmica. Características Clínicas Doença intestinal isquêmica tende a ocorrer em idosos, com cardiopatia ou doença vascular coexistentes. O infarto transmural agudo normalmente se manifesta através de dor abdominal intensa e súbita, e sensibilidade, por vezes acompanhada de náuseas, vômitos, diarreia sanguinolenta ou fezes macroscopicamente melanóticas. Essa apresentação pode evoluir para choque e colapso vascular em um período de horas como resultado da perda de sangue. Sons peristálticos diminuem ou desaparecem, e espasmo muscular confere rigidez da parede abdominal semelhante a uma prancha. Como esses sinais físicos sobrepõem-se aos de outras emergências abdominais, incluindo apendicite aguda, úlcera perfurada e colecistite aguda, o diagnóstico de infarto intestinal pode ser tardio ou negligenciado, com consequências desastrosas. À medida que a barreira da mucosa se rompe, bactérias entram na circulação e pode haver desenvolvimento de sepse; a taxa TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO de mortalidade pode ser superior a 50%. A progressão global da enterite isquêmica depende da causa subjacente e gravidade da lesão: • Os infartos murais e da mucosa, por si só, podem não ser fatais. No entanto, podem progredir para infarto transmural mais extenso se o suprimento vascular não for restaurado pela correção da lesão ou, na doença crônica, pelo desenvolvimento de um suprimento colateral adequado. • A isquemia crônica pode se mascarar como doença intestinal inflamatória, com episódios de diarreia sanguinolenta intercalada com períodos de recuperação. • Infecção por citomegalovírus (CMV) causa doença gastrointestinal isquêmica como consequência do tropismo viral e infecção de células endoteliais. A infecção por CMV pode ser uma complicação da terapia imunossupressora. • Enterocolite por radiação ocorre quando o trato gastrointestinal é irradiado. Além do dano epitelial, a lesão vascular induzida por radiação pode ser significativa e produzir alterações semelhantes às da doença isquêmica. • A enterocolite necrosante é uma doença idiopática dos intestinos delgado e grosso, que pode resultar em necrose transmural. É a emergência gastrointestinal adquirida mais comum em neonatos, particularmente os prematuros ou de baixo peso ao nascer. Ocorre mais frequentemente quando a alimentação oral é iniciada. Embora a patogenia da enterocolite necrosante ainda não tenha sido bem definida, a lesão isquêmica geralmente é considerada fator contribuinte. • Angiodisplasia caracteriza-se por vasos sanguíneos malformados da submucosa e mucosa, e ocorre mais frequentemente no ceco ou cólon direito, e geralmente se apresenta após a sexta década de vida. Embora a angiodisplasia afete menos de 1% na população adulta, é responsável por 20% dos principais episódios de menor sangramento intestinal. Hemorroidas As hemorroidas são vasos colaterais anais e perianais dilatados que conectam os sistemas venosos portal e caval para aliviar a pressão venosa elevada dentro do plexo hemorroidário. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Assim, embora as hemorroidas sejam menos graves do que as varizes esofágicas, a patogenia dessas lesões é similar. São desordens comuns, que afetam cerca de 5% da população em geral. Os fatores predisponentes mais comuns constituem obstipação e esforço associado, que aumentam as pressões intra-abdominais e venosas; estase venosa da gravidez; e hipertensão portal. Hemorroidas externas: Os vasos colaterais dentro do plexo hemorroidal inferior estão localizados abaixo da linha anorretal. Hemorroidas internas: Aqueles que resultam da dilatação do plexo hemorroidal superior, dentro do reto distal. Ao exame histológico, as hemorroidas consistem em vasos submucosos dilatados, de paredes finas, que se projetam sob a mucosa anal ou retal. Esses vasos estão sujeitos a trauma levando ao sangramento retal. Além disso, tendem a tornar-se inflamados e trombosados. As hemorroidas geralmente se manifestam com dor e sangramento retal, particularmente sangue vermelho-vivo observado no papel higiênico. As hemorroidas também podem se desenvolver como resultado da hipertensão portal, onde as implicações são mais ameaçadoras. O sangramento hemorroidal geralmente não é uma emergência médica; as opções de tratamento incluem escleroterapia, ligadura elástica e coagulação infravermelha. Em casos graves, as hemorroidas podem ser removidas cirurgicamente por hemorroidectomia. Doença diarreica A diarreia é definida como um aumento na massa, frequência ou fluidez das fezes, tipicamente em quantidades superiores a 200 gramas por dia. Em casos graves, o volume de fezes pode exceder 14 L por dia e, sem reposição de líquidos, resulta em óbito. É a segunda principal causa de morte na faixa etária de 5 anos. A diarreia dolorosa, sanguinolenta e de pequeno volume é conhecida como disenteria. A diarreia é um sintoma comum de muitas doenças intestinais, incluindo as causadas por infecção, inflamação, isquemia, má absorção e deficiência nutricional. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Pode ser classificada em quatro categorias principais: • A diarreia secretora é caracterizada por fezes isotônicas e persistentes durante o jejum. • A diarreia osmótica, como a que ocorre na deficiência de lactase, deve-se a forças osmóticas exercidas por solutos luminais não absorvidos. O líquido diarreico é pelo menos 50 mOsm mais concentrado do que o plasma, e a condição diminui com o jejum. • A diarreia mal-absortiva causada pela absorção inadequada de nutrientes está associada à esteatorreia e é aliviada pelo jejum. • A diarreia exsudativa deve-se à doença inflamatória e é caracterizada por fezes sanguinolentas purulentas que continuam durante o jejum. Diarreia Mal-absortiva A diarreia mal-absortiva manifesta-se mais comumente como uma diarreia crônica caracterizada por absorção defeituosa de lipídeos, vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, proteínas, carboidratos, eletrólitos, minerais e água. A diarreia mal-absortiva crônica provoca perda de peso, anorexia, distensão abdominal, borborigmo e perda de massa muscular. A principal característica da diarreia mal-absortiva é a esteatorreia, caracterizada por gordura fecal excessiva e fezes volumosas, espumosas, gordurosas, amarelas ou cor de argila. Os distúrbios crônicos de má absorção mais comumente encontrados nos países ocidentais são: insuficiência pancreática, doença celíaca e doençade Crohn. A má absorção resulta de uma perturbação em pelo menos uma das quatro fases de absorção de nutrientes: • Digestão intraluminal, na qual proteínas, carboidratos e gorduras são degradados em formas absorvíveis. • Digestão terminal, que envolve a hidrólise de carboidratos e peptídeos por dissacaridases e peptidases, respectivamente, na borda em escova da mucosa do intestino delgado. • Transporte transepitelial, no qual nutrientes, líquidos e eletrólitos são transportados e processados pelo epitélio do intestino delgado. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO • Transporte linfático de lipídeos absorvidos. Em muitos distúrbios de má absorção, o defeito de um desses processos é predominante, mas geralmente há contribuição de mais de um. Como resultado, as síndromes de má absorção assemelham-se umas às outras, mais do que diferem entre si. Os sinais e sintomas incluem diarreia (devida à má absorção de nutrientes e secreção intestinal excessiva), flatulência, dor abdominal e perda de peso. A absorção inadequada de vitaminas e minerais pode resultar em anemia e mucosite, devido à deficiência de piridoxina, folato ou de vitamina B12; sangramento devido à deficiência de vitamina K; osteopenia e tetania por deficiência de cálcio, magnésio ou de vitamina D... Fibrose Cística Devido a mutações do regulador da condutância transmembranar da fibrose cística epitelial (CFTR), indivíduos com fibrose cística apresentam defeitos no transporte iônico intestinal e ductal pancreático. Essa anormalidade interfere na secreção de bicarbonato, sódio e água, resultando em hidratação luminal inadequada. O conteúdo luminal viscoso pode resultar em íleo meconial, que está presente em até 10% dos neonatos com fibrose cística. No pâncreas, os ductos ficam tamponados por um muco espesso. Isto leva a obstrução, autodigestão crônica de baixo grau do pâncreas e subsequente insuficiência pancreática exócrina em mais de 80% dos pacientes. O resultado é a falha de absorção de nutrientes na fase intraluminal, que pode ser eficazmente tratada, na maioria dos pacientes, com suplementação oral enzimática Doença Celíaca A doença celíaca, também conhecida como espru celíaco ou enteropatia sensível ao glúten, é uma enteropatia imunomediada desencadeada pela ingestão de cereais que contêm glúten, como trigo, centeio ou cevada, em pessoas geneticamente predispostas. Em países cujas populações consistem predominantemente em pessoas brancas de ascendência europeia, a doença celíaca é uma doença comum, com prevalência estimada de 0,5 a 1%. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO O tratamento primário para doença celíaca é uma dieta livre de glúten, que resulta na melhora sintomática da maioria dos pacientes. Patogenia A doença celíaca é uma reação imune intestinal ao glúten, a principal proteína de armazenamento do trigo e grãos semelhantes. Quase todas as pessoas comem grãos e estão expostas ao glúten e à gliadina e a maioria não desenvolve doença celíaca. Assim, fatores relacionados com o hospedeiro determinam o desenvolvimento da doença. Entre eles, as proteínas HLA parecem ser críticas, já que quase todos os indivíduos com doença celíaca são portadores dos alelos HLA-DQ2 ou HLA- DQ8 de classe II. Existe também uma associação de doença celíaca com outras doenças imunes, incluindo diabetes tipo I, tireoidite e síndrome de Sjögren. Características Clínicas A doença celíaca pediátrica afeta as crianças do sexo masculino e feminino igualmente, pode se manifestar por meio de sintomas clássicos, geralmente entre 6 e 24 meses de idade (após a introdução de glúten na dieta) com sinais de irritabilidade, distensão abdominal, anorexia, diarreia, falha no crescimento, perda de peso ou perda muscular. As crianças com sintomas não clássicos tendem a apresentar a doenças em idade maior, e apresentam queixas de dor abdominal, náuseas, vômitos, inchaço ou constipação. Uma lesão cutânea bolhosa pruriginosa característica, dermatite herpetiforme, também está presente em até 10% dos pacientes, e a incidência de gastrite linfocítica e colite linfocítica também está aumentada. Nos adultos, a doença celíaca manifesta-se mais comumente entre as idades de 30 e 60 anos. No entanto, muitos casos escapam da atenção clínica por longos períodos devido a apresentações atípicas. Alguns pacientes apresentam doença celíaca silenciosa, definida como: • Sorologia positiva e atrofia das vilosidades, sem sintomas, • Doença celíaca latente, na qual a sorologia positiva não é TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO acompanhada por atrofia das vilosidades. A doença celíaca sintomática do adulto frequentemente está associada à anemia (devido à deficiência de ferro e, menos comumente, deficiência de B12 e folato), diarreia, distensão abdominal e fadiga Pacientes com doença celíaca apresentam taxas superiores ao normal de desenvolver doenças malignas. O câncer mais comum associado à doença celíaca é o linfoma de célula T associado à enteropatia, um tumor agressivo de linfócitos T intraepiteliais. O adenocarcinoma do intestino delgado também é mais frequente em pessoas com doença celíaca. Abetalipoproteinemia Abetalipoproteinemia é uma doença autossômica recessiva caracterizada pela incapacidade de secretar lipoproteínas ricas em triglicerídeos. Embora rara, um exemplo dela é o defeito de transporte transepitelial que leva à má absorção. A mutação na proteína de transferência de triglicerídeos microssomal torna os enterócitos incapazes de exportar lipoproteínas e ácidos graxos livres. Como resultado, os monoglicerídeos e triglicerídeos acumulam-se dentro das células epiteliais. A abetalipoproteinemia manifesta-se na infância e o quadro clínico é caracterizado por crescimento insuficiente, diarreia e esteatorreia. A falha em absorver os ácidos graxos essenciais leva a deficiências de vitaminas lipossolúveis, e defeitos de lipídeos em membranas plasmáticas produzem grandes hemácias acantocíticas (células com proeminências semelhantes a espinhos) em esfregaços de sangue periférico. Deficiência de Lactase (Dissacaridase) A deficiência de lactase origina diarreia osmótica porque, na sua ausência, a lactose osmoticamente ativa permanece no lúmen. As dissacaridases, incluindo a lactase, estão localizadas na membrana apical da borda em escova das células epiteliais absortivas das vilosidades. Como o defeito é bioquímico, as biópsias geralmente não são significativas. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO A deficiência de lactase é dividida em dois tipos: • Deficiência congênita de lactase é um transtorno autossômico recessivo causado por uma mutação no gene que codifica a lactase. A doença é rara e manifesta-se como diarreia explosiva com fezes aquosas, espumantes e distensão abdominal após ingestão de leite. Os sintomas diminuem quando a exposição ao leite e produtos lácteos é interrompida. • Deficiência adquirida de lactase é causada por infrarregulação da expressão gênica da lactase e é particularmente comum entre as populações de indígenas americanos, afro-americanos e chineses. A infrarregulação da lactase ocorre no intestino após a infância, talvez refletindo o fato de que, antes da criação de animais leiteiros, a lactase era desnecessária após a amamentação ser interrompida. O início da deficiência de lactase adquirida às vezes está associadoa infecções entéricas virais ou bacterianas. Enteropatia Ambiental O termo disfunção entérico ambiental, ou enteropatia ambiental refere-se a uma síndrome de problemas de crescimento e uma função intestinal prejudicada que é comum nos países em desenvolvimento Embora a desnutrição contribua para a patogenia dessa doença, nem a alimentação suplementar nem a suplementação de vitaminas e minerais é capaz de reverter completamente a síndrome. Surtos repetidos de diarreia nos primeiros 2 a 3 anos de vida estão mais intimamente ligados à enteropatia ambiental, mas nenhum agente infeccioso foi estabelecido como agente causador desses episódios diarreicos Enterocolite Infecciosa Este problema global é responsável por mais de 1 milhão de mortes por ano e 10% de todas as mortes em pacientes com menos de 5 anos de idade em todo o mundo. A enterocolite pode se manifestar com ampla gama de sinais e sintomas, como diarreia, dor abdominal, urgência, desconforto perianal, incontinência e hemorragia. Infecções bacterianas, como Escherichia coli enterotoxigênica, frequentemente são TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO responsáveis, mas os patógenos mais comuns variam com a idade, a nutrição e o estado imunológico do hospedeiro, bem como por influências ambientais. A diarreia infecciosa pediátrica, que pode resultar em desidratação grave e acidose metabólica, geralmente é causada por vírus entéricos Cólera Os microrganismos Vibrio cholerae são bactérias Gram- negativas em formato de vírgula que causam cólera. O V. cholerae é transmitido primariamente por água potável contaminada. No entanto, também pode estar presente em alimentos, e causa raros casos de doença associada a frutos do mar. Há uma variação sazonal acentuada na maioria dos locais devido ao rápido crescimento de bactérias Vibrio em temperaturas mornas. Os únicos reservatórios animais são os frutos do mar e plânctons. Patogenia Os organismos Vibrio não são invasivos, mas causam a doença ao produzir uma toxina que interfere com a função absortiva dos enterócitos. Proteínas flagelares, que estão envolvidas na motilidade e fixação, são necessárias para a colonização bacteriana eficiente, e uma metaloproteinase secretada, que também tem atividade de hemaglutinina, é importante para o desprendimento bacteriano e a eliminação nas fezes. No entanto, é a enterotoxina pré- formada, a toxina do cólera, que causa a doença Características Clínicas A maioria das pessoas expostas são assintomáticas ou sofrem apenas diarreia leve. Aquelas com doença grave têm início abrupto de diarreia aquosa e vômitos após um período de incubação de 1 a 5 dias. O volume da diarreia pode chegar a 1 L por hora, levando a desidratação, hipotensão, desequilíbrios eletrolíticos, cãibras musculares, anúria, choque, perda de consciência e morte. A maioria das mortes ocorre nas primeiras 24 horas após a apresentação. Enterocolite por Campylobacter Campylobaeter jejuni é o mais comum patógeno bacteriano entérico nos países desenvolvidos TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO e uma causa importante de diarreia do viajante. A maioria das infecções está associada à ingestão de frango mal cozido, mas surtos também podem ser causados por leite não pasteurizado ou água contaminada. A patogenia da infecção por Campylobacter permanece pouco definida, mas contribuem quatro principais propriedades de virulência: • mobilidade, aderência, produção de toxina e invasão. A disenteria, ou diarreia sanguinolenta, geralmente está associada à invasão e ocorre somente em uma pequena minoria de cepas de Campylobacter. A febre entérica ocorre quando as bactérias proliferam dentro da lâmina própria e linfonodos mesentéricos. A infecção por Campylobacter pode resultar em artrite reativa, principalmente em pacientes com HLA-B27. Outras complicações extraintestinais, incluindo eritema nodoso e síndrome de Guillain- Barré. Características Clínicas A ingestão de somente 500 microrganismos de C. jejuni pode causar doença após um período de incubação de até oito dias. Diarreia aquosa, aguda ou com início após um pródromo semelhante à gripe, é a manifestação primária, e há desenvolvimento de disenteria em 15% a 50% dos pacientes. Os pacientes podem eliminar as bactérias durante um mês ou mais após a resolução clínica. A doença é autolimitada e, portanto, a antibioticoterapia geralmente não é necessária. Shigelose Shigella são bacilos Gram- negativos, anaeróbios facultativos, não encapsulados, imóveis e responsáveis por uma das causas mais comuns de diarreia sanguinolenta. Shigellae são altamente transmissíveis pela via fecal-oral ou pela ingestão de água e alimentos contaminados. Patogenia Os organismos do gênero Shigella são resistentes ao ambiente ácido hostil do estômago, o que explica parcialmente a dose infecciosa muito baixa. Uma vez no intestino, os microrganismos são tomados TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO por células epiteliais M (microfold – micropregas), que são especializadas na amostragem e absorção de antígenos luminais. Após a proliferação intracelular, as bactérias escapam para a lâmina própria. Essas bactérias, em seguida, infectam células epiteliais do intestino delgado e do cólon através das membranas basolaterais, que expressam receptores bacterianos. Características Clínicas Shigella causa uma doença autolimitada caracterizada por cerca de 6 dias de diarreia, febre e dor abdominal. Após um período de incubação de 1 a 7 dias, a diarreia inicialmente aquosa progride para uma fase disentérica em aproximadamente 50% dos pacientes, e os sintomas constitucionais podem persistir por até um mês. Uma apresentação subaguda também pode se desenvolver em uma minoria de adultos. O tratamento com antibióticos reduz a evolução clínica e diminuiu o tempo de eliminação dos microrganismos nas fezes, mas os medicamentos antidiarreicos são contraindicados porque podem prolongar os sintomas, atrasando a eliminação das bactérias. As complicações da infecção por Shigella são incomuns e incluem artrite reativa, uma tríade constituída por artrite estéril, uretrite e conjuntivite Escherichia coli Escherichia coli são bacilos Gram- negativos que colonizam o trato gastrointestinal saudável; a maioria não é patogênica, mas um subconjunto causa doença humana • Microrganismos E. coli enterotoxigênicos (ECET) são a principal causa da diarreia do viajante e são disseminados por via fecal-oral **** • Os organismos de E. coli (ECEP) enteropatogênicos são caracterizados pela sua capacidade de produzir lesões de fixação e apagamento (A/E) nas quais as bactérias se prendem firmemente às membranas apicais dos enterócitos e causam perda local (isto é, apagamento) dos microvilos • Microrganismos E. coli êntero- hemorrágicos (ECEH) são classificados em sorotipos O157:H7 e não O157:H7. Surtos de E. coli O157:H7 em países desenvolvidos foram TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO associados ao consumo de carne moída, leite e vegetais mal cozidos. • Microrganismos E. coli enteroinvasivos (ECEI) assemelham-se bacteriologicamente à Shigella, mas não produzem toxinas. • Microrganismos E. coli enteroagregativos (ECEA) aderem-se aos enterócitos por meio de fímbrias de aderência. Salmonelose Espécies de Salmonella, que são membros da família Enterobacteriaceae de bacilos Gram-negativos,são divididos em Salmonella typhi, o agente causador da febre tifoide, e cepas de Salmonella não tifoide que causam gastroenterite. A infecção é mais comum em crianças pequenas e idosos, com pico de incidência no verão e outono. A transmissão geralmente se dá pela contaminação alimentar, especialmente, aves, ovos, leite e carne crus ou mal- cozidos. Poucos microrganismos viáveis de Salmonella são necessários para causar infecção, e a ausência de ácido gástrico, como ocorre em pessoas com gastrite atrófica ou naquelas sob tratamento para supressão de ácido, reduz ainda mais o inóculo necessário. Febre Tifoide A febre tifoide, também chamada febre entérica, é causada por Salmonella typhi e Salmonella paratyphi A infecção aguda está associada à anorexia, dor abdominal, distensão abdominal, náuseas, vômitos e diarreia sanguinolenta seguida por uma fase assintomática curta que dá lugar a bacteremia e febre com sintomas semelhantes à gripe. É durante essa fase que a detecção de microrganismos por hemocultura pode levar a tratamento antibiótico e evitar maior progressão da doença Sem tratamento, a fase febril é seguida por febre alta contínua com sensibilidade abdominal, por até duas semanas, podendo parecer uma apendicite. Manchas rosadas, pequenas lesões maculopapulares eritematosas, são observadas no tórax e abdome. A disseminação sistêmica pode causar complicações extraintestinais, como encefalopatia, meningite, convulsões, endocardite, TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO miocardite, pneumonia e colecistite Colite Pseudomembranosa A colite pseudomembranosa, geralmente causada por Clostridium difficile, também é conhecida como colite associada a antibióticos ou diarreia associada a antibióticos. A perturbação da microbiota normal do cólon pelos antibióticos possibilita o supercrescimento de C. dificile. Quase todos os antibióticos podem ser responsáveis por tal efeito; mas os determinantes mais importantes da doença são a frequência do uso e o efeito sobre a microbiota colônica. Além da exposição aos antibióticos, fatores de risco para colite associada ao C. dificile incluem idade avançada, hospitalização e imunossupressão Infecção Micobacteriana As espécies de micobactérias, incluindo as espécies de M. tuberculosis, M. bovis e M. avium podem envolver principalmente o trato gastrointestinal ou fazer parte de uma infecção disseminada. M. tuberculosis pode apresentar- se como doença granulomatosa. Em contraste à doença de Crohn, estes granulomas, que geralmente são múltiplos, muitas vezes apresentam necrose caseosa, mas isso pode ser difícil de determinar em biópsias. Como os granulomas podem estar presentes em todas as camadas da parede intestinal, a doença transmural com fibrose, perfuração e estenoses ou constrições, pode estar presente. Os pacientes também podem ter disseminação peritoneal com ascite. Norovírus Norovírus, anteriormente conhecido como vírus semelhante TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO ao Norwalk, causa cerca de metade de todos os surtos de gastroenterites em todo o mundo e é uma causa comum de gastroenterite esporádica nos países desenvolvidos. As infecções se espalham com facilidade em escolas, hospitais e casas de repouso e, mais recentemente, em navios de cruzeiro. Após um período de incubação curto, as pessoas acometidas desenvolvem náuseas, vômitos, diarreia aquosa e dor abdominal. As alterações morfológicas observadas na biópsia são inespecíficas. A doença é autolimitada. Rotavírus O rotavírus é um vírus encapsulado que infecta 140 milhões de pessoas e causa um milhão de mortes a cada ano, o que o torna a causa mais comum de diarreia infantil e mortes relacionadas com diarreia em todo o mundo. A proteção nos primeiros seis meses de vida provavelmente ocorre pela presença de anticorpos antirrotavírus no leite materno, enquanto a proteção após os dois anos de idade deve- se à imunidade que se desenvolve após a primeira infecção. Surtos em hospitais e creches são comuns, e a infecção se espalha facilmente; o inóculo infectante mínimo estimado é de apenas 10 partículas virais. O rotavírus infecta seletivamente e destrói enterócitos maduros (absortivos) do intestino delgado, e a superfície da vilosidade é repovoada por células secretoras imaturas. Doenças Parasitárias As doenças parasitárias e infecções causadas por protozoários acometem mais da metade da população do mundo de forma crônica ou recorrente. O intestino delgado pode abrigar até 20 espécies de parasitas. Ascaris lumbricoides Ovos ingeridos eclodem no intestino, e as larvas penetram na mucosa intestinal. Então, as larvas migram através da circulação esplâncnica para o fígado, criando abscessos hepáticos, e depois através da circulação sistêmica até o pulmão, onde podem causar pneumonite por Ascaris. Neste último caso, as larvas migram até a traqueia, são engolidas e chegam novamente ao intestino onde amadurecem até vermes adultos. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Strongyloides As larvas de Strongyloides vivem em solo de terra contaminada com fezes e podem penetrar a pele íntegra. Elas migram através dos pulmões para a traqueia, de onde são engolidas e depois amadurecem em vermes adultos no intestino. Ao contrário de outros vermes intestinais, que precisam de um ovo ou estágio larval fora do ser humano, os ovos de Strongyloides podem eclodir dentro do intestino e liberar larvas que penetram na mucosa, criando um ciclo vicioso denominado autoinfecção Necator americanus e Ancylostoma duodenale A infecção é iniciada por penetração larval através da pele. Após o desenvolvimento posterior nos pulmões, as larvas migram para a traqueia e são deglutidas. Uma vez no duodeno, as larvas amadurecem, e os vermes adultos fixam-se à mucosa, sugam o sangue e se reproduzem. A ancilostomíase é a principal causa de anemia ferropriva no mundo em desenvolvimento Giardia lamblia Esse protozoário flagelado, também conhecido como Giardia duodenalis ou Giardia intestinalis, é o parasita patogênico mais comum em seres humanos e dissemina-se por meio de água ou alimento contaminados com fezes. A infecção pode ocorrer após a ingestão de apenas 10 cistos. Pelo fato de os cistos serem resistentes ao cloro, os microrganismos de Giardia são endêmicos em abastecimento público e rural de água não filtrada. No ambiente ácido do estômago, a excistação ocorre e os trofozoítos são liberados. As respostas de IgA secretora e da IL- 6 da mucosa são importantes para a eliminação das infecções por Giardia, e pessoas imunossuprimidas, agamaglobulinêmicas ou desnutridas geralmente são gravemente acometidas Entamoeba histolytica. Esse protozoário causa amebíase e é transmitido por transmissão fecal-oral. Apesar de a amebíase afetar o ceco e o cólon ascendente com maior frequência, o cólon sigmoide, o reto e o apêndice também podem estar envolvidos. A disenteria desenvolve-se quando a ameba se prende ao epitélio colônico, induz a apoptose, invade criptas e atravessa lateralmente a lâmina própria. Há recrutamento de TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO neutrófilos, danos nos tecidos, e úlcera em forma de frasco de pescoço estreito e base ampla. Doença Inflamatória Intestinal A doença inflamatória intestinal (DII) é uma condição crônica resultante da complexa interação entre a microbiota intestinal e a respostaimune do hospedeiro em indivíduos geneticamente predispostos, que leva à ativação imune inadequada da mucosa. A DII compreende duas entidades principais, a doença de Crohn e a colite ulcerativa. • A colite ulcerativa está limitada ao cólon e reto, e estende-se apenas pela mucosa e submucosa. • Em contrapartida, a doença de Crohn, que também foi chamada enterite regional (devido ao envolvimento ileal frequente), pode envolver qualquer área do trato gastrointestinal e, frequentemente, é transmural A maioria dos pesquisadores acredita que a DII é causada por efeitos combinados de alterações nas interações do hospedeiro com a microbiota intestinal, disfunção epitelial intestinal, respostas imunes mucosas aberrantes e composição alterada do microbioma intestinal. Doença de Crohn A doença de Crohn, também conhecida como enterite regional, ocorre em qualquer área do trato gastrointestinal, mas é mais comum no íleo terminal, válvula ileocecal e ceco. De forma pouco frequente a doença de Crohn pode se desenvolver no esôfago ou estômago. A presença de múltiplas áreas de doença, separadas, e acentuadamente delineadas, resultam em lesões “em salto”. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO A lesão mais antiga, a úlcera aftosa, pode evoluir, e lesões múltiplas frequentemente coalescem em úlceras alongadas, serpentiformes, orientadas ao longo do eixo do intestino. Edema e perda das pregas mucosas normais são comuns. Áreas intercaladas e poupadas da mucosa resultam em um aspecto grosseiramente texturizado, em paralelepípedos, na qual o tecido doente encontra-se deprimido abaixo do nível da mucosa normal. A parede intestinal está espessada como consequência do edema transmural, inflamação, fibrose da submucosa e hipertrofia da muscular própria, sendo que todos contribuem para a formação de constrição. Granulomas não caseosos, uma característica marcante da doença de Crohn, são encontrados em aproximadamente 35% dos casos e podem surgir em áreas de doença ativa ou regiões não envolvidas em qualquer camada da parede intestinal. Granulomas também podem ser encontrados nos linfonodos mesentéricos. Granulomas cutâneos formam nódulos. As manifestações clínicas da doença de Crohn são extremamente variáveis. Na maioria dos pacientes, a doença começa com crises intermitentes de diarreia relativamente leve, febre e dor abdominal. Aproximadamente 20% dos pacientes apresentam-se agudamente com dor no quadrante inferior direito, febre, que pode mimetizar apendicite aguda ou perfuração intestinal A anemia ferropriva pode se desenvolver em pessoas com doenças colônicas, enquanto a doença extensa do intestino delgado pode resultar em perda de proteína sérica e hipoalbuminemia, má absorção generalizada de nutrientes ou má absorção de vitamina B12 e sais biliares. Colite Ulcerativa A colite ulcerativa sempre envolve o reto e estende-se proximalmente de maneira contínua, envolvendo o cólon inteiro ou parcialmente, que pode ficar difusamente ulcerado. A doença limitada ao reto ou retossigmoide pode ser chamada de maneira descritiva proctite ulcerativa ou proctossigmoidite ulcerativa. À avaliação macroscópica, a mucosa colônica envolvida pode ficar ligeiramente avermelhada, TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO com aparência granular e exibir úlceras extensas de base larga. Ilhas isoladas de mucosa em regeneração frequentemente incham para dentro do lúmen, criando elevações pequenas, denominadas pseudopólipos. Neoplasia Associada à Colite Uma das mais temidas complicações de longo prazo da colite ulcerativa e da doença de Crohn colônica é o desenvolvimento de uma neoplasia. Esse processo inicia-se como uma displasia, que, assim como no esôfago de Barrett e na gastrite crônica, é um passo no caminho para o carcinoma completamente desenvolvido. O risco de desenvolvimento de displasia está relacionado com vários fatores: • Duração da doença • Extensão do envolvimento (Pacientes com pancolite apresentam maior risco do que aqueles com doença apenas do lado esquerdo.) • Inflamação Para facilitar a detecção precoce de neoplasia, os pacientes geralmente são inscritos em programas de acompanhamento de aproximadamente oito anos após o diagnóstico de DII. A exceção importante para essa abordagem é em pacientes com colangite esclerosante primária, que apresentam risco significativamente maior para o desenvolvimento de displasia e, geralmente, são inscritos para a vigilância no momento do diagnóstico. Pólipos colônicos e doença neoplásica Os pólipos são mais comuns no cólon, mas podem ocorrer no esôfago, estômago ou intestino delgado. Aqueles que não apresentam pedúnculos são chamados sésseis. À medida que os pólipos sésseis aumentam, a proliferação das células adjacentes ao pólipo e os efeitos de tração na protrusão luminal podem se combinar para criar um pedúnculo. Os pólipos com pedúnculos são denominados pedunculados. Em geral, os pólipos intestinais podem ser classificados como não neoplásicos ou neoplásicos. O pólipo neoplásico mais comum é o adenoma, que apresenta potencial para evoluir para câncer. Os pólipos colônicos não neoplásicos podem ser classificados como inflamatórios, TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO hamartomatosos ou hiperplásicos. Pólipos Inflamatórios A síndrome da úlcera retal solitária está associada unicamente ao pólipo inflamatório. Os pacientes apresentam a tríade clínica de sangramento retal, secreção de muco e lesão inflamatória da parede retal anterior. A causa subjacente é o comprometimento do relaxamento do esfíncter anorretal, criando um ângulo agudo na parede anterior do reto. Adenomas Os pólipos neoplásicos mais comuns e clinicamente importantes são os adenomas colônicos, pólipos benignos que dão origem a maioria dos adenocarcinomas colorretais. A maioria dos adenomas, no entanto, não progride para o adenocarcinoma. Os adenomas colorretais são caracterizados pela presença de displasia epitelial. Esses crescimentos vão desde pólipos pequenos, frequentemente pedunculados, até lesões sésseis grandes. Não há predileção por gênero, e eles estão presentes em quase 50% dos adultos que vivem no mundo ocidental que estão chegando aos 50 anos de idade. Adenomas típicos variam de 0,3 a 10 cm de diâmetro e podem ser pedunculados ou sésseis, com a superfície de ambos os tipos com textura semelhante ao veludo ou framboesa Como indivíduos com história familiar apresentam risco de desenvolver câncer de cólon mais cedo na vida, eles normalmente são triados pelo menos 10 anos antes da idade mínima na qual um parente foi diagnosticado. Polipose Adenomatosa Familiar A polipose adenomatosa familiar (PAF) é um distúrbio autossômico dominante marcado pelo surgimento, na adolescência, de numerosos adenomas colorretais. É causada por mutações do gene da polipose adenomatosa do cólon (PAC). Uma contagem de pelo menos 100 pólipos é necessária para o diagnóstico de PAF clássica, e vários milhares podem estar presentes. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratada, muitas vezes antes dos 30 anos de idade. Assim, a colectomia profilática é a terapia-padrão para pessoas portadoras de mutações de APC. No entanto, os pacientes permanecem em risco de manifestações extraintestinais, incluindo neoplasias em outroslocais. Adenocarcinoma O adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais comum do trato gastrointestinal e um grande fator de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Em contrapartida, o intestino delgado, que é responsável por 75% do comprimento total do trato gastrointestinal, é um local incomum de tumores benignos e malignos. Os fatores alimentares mais intimamente associados ao aumento das taxas de câncer colorretal são a baixa ingestão de fibra vegetal não absorvível e o alto consumo de carboidratos refinados e gordura. Acomete homens entre 60-70 anos, ocorre por meio da mutação do gene p53, gene KRAS Aspectos clínicos • Anemias, sangramento, fadigas e fraqueza, cólicas • Metástase→ fígado, pulmão e linfonodos. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Apendicite aguda A apendicite aguda é mais comum em adolescentes e adultos jovens, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. O risco de apendicite é de 7% durante a vida; os homens são ligeiramente mais acometidos do que as mulheres. Apesar da prevalência da apendicite aguda, o diagnóstico pode ser difícil de confirmar no pré-operatório, e a condição pode ser confundida com linfadenite mesentérica, salpingite aguda, gravidez ectópica. Patogenia Acredita-se que a apendicite aguda seja iniciada por aumentos progressivos da pressão intraluminal, que comprometem o fluxo venoso. Em 50 a 80% dos casos, a apendicite aguda está associada à obstrução luminal evidente, geralmente por uma massa de fezes pequena, semelhante a uma pedra, ou fecalito, ou, menos comumente, um cálculo biliar, tumor ou massa de vermes. A lesão isquêmica e estase do conteúdo luminal, que favorecem a proliferação bacteriana, desencadeiam respostas inflamatórias que incluem edema do tecido e infiltração neutrofílica do lúmen, parede muscular e tecidos moles periapendiceais. TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO PRÁTICA- LÂMINAS Câncer de Cólon TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO Prostata TEMA: INTESTITO DELGADO E GROSSO. PATOLOGIA MÓDULO 3- UNIRV. GEOVANNA CRUZ RIBEIRO
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