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4 CONCEITO DE TRIBUTO E FUNÇÃO DO TRIBUTO - ATUALIZADO

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DIREITO 
TRIBUTÁRIO
CONCEITO DE TRIBUTO
Prof. Átila Leite
Advogado Tributarista
CONCEITO DE TRIBUTO
◦Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária 
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante 
atividade administrativa plenamente vinculada.
SEIS ELEMENTOS QUE QUALIFICAM O 
CONCEITO DE TRIBUTO
TRIBUTO É TODA 
PRESTAÇÃO 
PECUNIÁRIA
COMPULSÓRIA
QUE NÃO 
CONSTITUA SANÇÃO 
DE ATO ILÍCITO
INSTITUIDA POR 
LEI
EM MOEDA OU CUJO 
VALOR NELA SE 
POSSA EXPRIMIR
COBRADA MEDIANTE 
ATIVIDADE 
ADMINISTRATIVA 
PLENAMENTE 
VINCULADA
17/02/2022
1. TRIBUTO É TODA PRESTAÇÃO 
PECUNIÁRIA:
É uma obrigação de dar DINHEIRO e não uma obrigação de 
fazer. Logo o contribuinte não tem escolha ele é obrigado a 
pagar por ser uma prestação pecuniária compulsória.
Hugo de Brito Machado aduz que: “Toda prestação pecuniária: cuida-se de prestação 
tendente a assegurar ao Estado os meios financeiros de que necessita para a 
consecução de seus objetivos, por isto que é de natureza pecuniária”.
◦ EX: João é proprietário de um carro, ao ser proprietário desse veículo ele carrega 
consigo uma OBRIGAÇÃO DE DAR AO ESTADO TODO ANO DINHEIRO com relação ao 
IPVA 
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2. COMPULSÓRIA 
A expressão compulsória, utilizada pelo CTN, significa que o tributo é uma obrigação que 
nasce independentemente da vontade dos sujeitos envolvidos. Ou seja, uma prestação de 
nascimento compulsório. Basta a ocorrência do fato gerador. 
A expressão compulsória se refere ao nascimento da obrigação, não ao seu cumprimento.
◦ EX: É possível que o João do nosso exemplo anterior, proprietário do veículo automotor, ligue 
para o Estado e diga, que não possui condições no momento de pagar o tributo?
◦ NÃO
◦ Então essa obrigação é COMPULSÓRIA.
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3. EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA 
SE POSSA EXPRIMIR: 
◦ O tributo não pode ser pago através do trabalho, nem através da entrega de uma 
parte do bem produzido, mas apenas por meio de moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir.
◦ Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
◦ XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas 
em lei.
◦ Atualmente nós temos a Lei 13.259/2016 no art.4º que assegura essa possibilidade 
para o contribuinte pagar os tributos federais em entrega de imóveis. 
17/02/2022
4. Instituída em lei: 
◦ A instituição do tributo não é por desejo do Prefeito, Governador e o Presidente da República, mas a sua
instituição se dá por causa da LEI.
◦ E essa LEI em regra é Lei Ordinária, e ela vai prever o direito de pagar tributo.
◦ Essa Lei Ordinária ela vai trazer o que chamamos no direito de HIPÓTESE DE INCIDENCIA 
TRIBUTÁRIA (HI).
◦ E o que é Hipótese de Incidência?
◦ É uma situação prevista na lei.
◦ EX: Esta previsto na lei: ser proprietário de veículo automotor, pagar IPVA. Se então João compra um carro 
ele passa a ter a obrigação de pagar. 
◦ Auferir renda, paga IR.
◦ Prestar serviço, pagar ISS. 
◦ TUDO ISSO É HIPOTESES DE INCIDÊNCIA QUE PODE GERAR OBRIGAÇÃO DE PAGAR 
O TRIBUTO AO FATO DO CONTRIBUINTE REALIZAR ALGUMA AÇÃO. 
◦ SE NÃO ESTIVER NA LEI O CONTRIBUINTE NÃO É OBRIGADO A PAGAR TRIBUTO. 
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5. NÃO CONSTITUE SANÇÃO DE ATO 
ILÍCITO: 
◦ Ninguém paga o tributo por ter desrespeitado uma lei, tributo não é sanção, muito menos 
castigo. Ao contrário, paga-se o tributo por incorrer em uma situação estabelecida em lei como 
hipótese de incidência tributária, ou seja, o legislador elegeu uma situação que uma vez 
praticada pelo sujeito, no mundo concreto, estará sujeita à incidência da norma tributária e, 
por essa razão, irá nascer a obrigação de pagar um tributo.
◦ CASO PRÁTICO 1: Imagine que você esta dirigindo o seu veículo e sem querer passa no sinal
vermelho. Alguns dias depois você recebe em sua casa uma multa de trânsito por ter passado no farol
vermelho.
◦ PERGUNTA: ISSO FARÁ COM QUE VOCÊ TENHA QUE PAGAR TRIBUTO, OU SEJA, A 
MULTA DE TRÂNSITO É UM TRIBUTO?
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CASO PRÁTICO 2: Traficante de quadrilha internacional Juan Carlos Abadia é preso e com 
ele o valor de R$ 100 mil reais não declarado, 10 casas e 10 casos de luxo de sua propriedade. 
Pergunta: Os frutos da atividade ilícita desenvolvida pelo traficante serão tributados?
◦ CURIOSIDADES: Historicamente, o Princípio "non olet" (sem cheiro), também conhecido como
Princípio da Interpretação Objetiva do Fato Gerador, nasceu na Roma Antiga. O imperador romano
Vespasiano havia instituído um tributo sobre a utilização dos banheiros públicos; todavia, seu filho Tito
sugeriu-lhe a revogação da nova exação fiscal em virtude de sua "suposta" origem espúria. O imperador, por
sua vez, segurando uma moeda indagou-lhe: ?olet?? (tem cheiro?) e o filho respondeu: ?non olet?! (não tem
cheiro!).
A tributação das atividades ilícitas encontra-se respaldada pela Cláusula Tributária Pecúnia "Non Olet"
(dinheiro não tem cheiro), instituída pelos juristas Otmar Buhler e Albert Hensel.
A tutela legislativa da tributação dos atos ilícitos encontra-se na própria Constituição Federal, mormente nos
Princípios da Isonomia Tributária (art. 150, II, da CF/88) e da Capacidade Contributiva (art. 145, § 1º,
CF/88), bem como na legislação ordinária, particularmente nos artigos 118 e 126, do Código Tributário
Nacional-CTN (Lei 5.172/66).
O artigo 118, do Código Tributário Nacional, consigna:
"A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I- da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem
como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II- dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos."
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6. COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE 
ADMINITRATIVA PLENAMENTE 
VINCULADA. 
◦ O tributo será cobrado pelo Poder Público que não terá margem de 
liberdade para escolhas discricionárias. O fiscal não poderá cobrar o 
tributo consoante a sua conveniência e oportunidade; deverá exigir a 
obrigação tributária do contribuinte exatamente como está disposto na 
legislação. Significa dizer que o ente público fará um ato de cobrança e a 
forma como se dá o ato de cobrança é pelo LANCAMENTO. 
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TRIBUTO PARA DOUTRINA ...
◦ Ruy Barbosa Nogueira, “os tributos [...] são as receitas derivadas que o 
Estado recolhe do patrimônio dos indivíduos, baseado no seu poder fiscal 
(poder de tributar, às vezes consorciado com o poder de regular), mas 
disciplinado por normas de direito público que constituem o Direito 
Tributário”
◦ Para Delmo Zenari tributos são “imposições legais do Estado instituídas 
para obtenção de recursos financeiros”.
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2º - A FUNÇÃO DO TRIBUTO NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO
◦A fim de compreender a função do tributo no ordenamento jurídico,
faz-se necessário descrever um breve histórico sobre os princípios
teóricos da tributação.
◦Relação das teorias:
i. Princípio da Equivalência
ii. Princípio do Benefício
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Princípio da Equivalência
◦ Primeira teoria sobre a causa dos tributos foi a do Princípio da Equivalência, a
qual justificava o pagamento dos tributos pela troca de serviços prestados
pelo Estado.
◦ De acordo com o princípio da equivalência, o tributo seria pago por aquele
que gozasse de uma prestação estatal, sendo que seu pagamento seria
proporcional ao grau da prestação.
◦ Com base nesse princípio, os tributos seriam vinculados às suas finalidades
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Princípio do Benefício
◦ Surge, então, o Princípio do Benefício, em que se evidencia que o contribuinte
concedia ao Estado uma parcela de sua riqueza individual em troca dos serviços
prestados, de forma geral, pelo Estado, que contribuía para o bem-estar do
particular.
◦ Em outras palavras, cada contribuinte pagava o tributo em conformidade com o
benefício que ele recebia do Estado.
◦ Ocorre que tal princípio excluía aqueles que não possuíam renda, de modo que o
Princípio do Benefício se tornou ineficiente.
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◦ Até o século XIX, os doutrinadores viam,na tributação, apenas um meio de alcançar o
equilíbrio financeiro entre as receitas públicas e despesas públicas.
◦ Adolph Wagner, no século XIX, verificou a necessidade de incluir, na atividade financeira,
preocupações de natureza social, dando à tributação uma função diferente da simples
arrecadação, mas apresentando-a como possível alternativa para a redistribuição de riquezas.
◦ Surge, com Adolph Wagner, a ideia de que o tributo não apresentaria como causa apenas a
arrecadação, contudo poderia sim trazer uma segunda função, a função social.
◦ A visão do tributo deixou de ter apenas a função arrecadatória, passou a se voltar ao bem
comum.
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◦ Essa perspectiva surge com maior ênfase com Keynes, que defendeu, ainda no
século XIX, que a política fiscal deveria ser utilizada para intervir
diretamente na economia, promovendo a redistribuição de riquezas e o
pleno emprego.
◦ Atualmente, o Estado se vale efetivamente do tributo, não apenas como
angariador de receitas para o abastecimento dos cofres públicos, mas para a
consecução de objetivos econômicos e sociais.
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FUNÇÃO FISCAL X FUNÇÃO EXTRAFISCAL
◦ Destarte, pode-se afirmar que o tributo pode apresentar duas funções: 
◦ a) FISCAL: a função eminentemente arrecadatória, que retrata a fiscalidade
do tributo, cujo único objetivo consiste na a arrecadação de receitas para
sustentação das necessidades públicas;
◦ b) EXTRAFISCAL: a segunda função, que consiste em estimular ou
desestimular condutas do particular consoante os objetivos sociais, políticos e
econômicos do Estado, exercendo, assim, uma função extrafiscal do tributo.
17/02/2022
17/02/2022

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