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Amanda Freitas Medicina 6° período 1 @s.o.s_med Métodos contraceptivos ou anticoncepcionais são todos os recursos utilizados por homens e mulheres para evitar a gravidez. São cerca de 20 tipos, que podem ser simples, gratuitos, temporários ou permanentes, de eficácia variada e que também podem ser usados para prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Podem ser divididos em 4 linhas, desde os mais eficazes até os menos confiáveis. Camisinha, diafragma, preservativo feminino, esponjas, espermicidas, tabelinha, anticoncepcionais orais e injetáveis, laqueadura, vasectomia e histerectomia. Depende do tipo de contraceptivo e das condições clínicas de saúde do paciente. Conjunto de ações de regulação da fecundidade, as quais podem auxiliar as pessoas a prever e controlar a geração e o nascimento de filhos, e englobam adultos, jovens e adolescentes, com vida sexual com e sem parcerias estáveis, bem como aqueles e aquelas que se preparam para iniciar sua vida sexual. Amanda Freitas Medicina 6° período 2 @s.o.s_med Os métodos atualmente estão agrupados de acordo com sua efetividade e não mais em função do tipo de contracepção. Os considerados de primeira linha são aqueles mais efetivos e caracterizados pela facilidade de uso. Esses métodos requerem mínima motivação da usuária ou intervenção e apresentam índice de gravidez não desejada inferior a 2 em 100 durante o primeiro ano de uso. Esses métodos de primeira linha proporcionam a maior duração de efeito contraceptivo e requerem o menor número de consultas de retorno. Entre os métodos de primeira linha estão dispositivos intrauterinos, implantes contraceptivos e diversos métodos de esterilização feminina e masculina. Os métodos de segunda linha incluem contraceptivos hormonais sistêmicos disponíveis em comprimidos orais, injeção intramuscular, adesivos transdérmicos ou anéis transvaginais. Os métodos de terceira linha incluem métodos de barreira para homens e mulheres, assim como métodos de consciência corporal, como as tabelas com base no ciclo menstrual. Entre os métodos de quarta linha estão as formulações espermicidas, com taxa de insucesso entre 21 e 30% no primeiro ano de uso. O coito interrompido é tão imprevisível que alguns autores concluíram que não faz parte dos métodos contraceptivos. Amanda Freitas Medicina 6° período 3 @s.o.s_med Lactação Durante a amamentação o organismo feminino produz prolactina, um hormônio que impede a ovulação. Porém nesse caso, a amamentação deve ser rigorosamente seguida e exclusiva. Aproximadamente 20% das mulheres que amamentam ovulam em torno do terceiro mês de pós- parto. A ovulação frequentemente precede a menstruação e essas mulheres correm risco de gravidez não planejada. Para as mulheres que amamentam de forma intermitente deve-se iniciar contracepção efetiva como se não estivessem amamentando. Além disso, a contracepção é essencial após a primeira menstruação, a não ser que esteja planejando nova gravidez. Dos métodos disponíveis, o dispositivo intrauterino de cobre em lactantes está na categoria 1 ou 2, ou seja, as vantagens consistentemente superam os riscos. Considerando que os contraceptivos orais contendo apenas progestogênio têm pouco efeito sobre a lactação, eles são preferidos por alguns para serem usados por até seis meses nas mulheres que estejam praticando aleitamento materno exclusivo. a contracepção apenas com progestogênio pode ser iniciada com seis semanas de pós-parto para aquelas que estejam praticando aleitamento materno exclusivo, ou com três semanas, caso o aleitamento não seja exclusivo. A contracepção com combinação de hormônios pode ser iniciada seis semanas após o nascimento, caso o aleitamento esteja bem estabelecido e o estado nutricional do lactente esteja sendo acompanhado. Também pode ser iniciada com quatro semanas de parto se a aderência ao acompanhamento previsto para o pós-parto for uma preocupação e se não houver risco de tromboembolismo venoso (TEV). → ❖ Contracepção intrauterina Sistema intrauterino com liberação de levonorgestrel (SIU-LNG) − Comercializado como Mirena, este DIU libera levonorgestrel a uma taxa relativamente constante de 20 mg/dia. A dose pequena reduz os efeitos sistêmicos de progestogênio. Esse dispositivo possui estrutura de polietileno em forma de “T”, sendo que a haste vertical é envolvida por um cilindro contendo uma mistura de polidimetilsiloxano e levonorgestrel. O cilindro possui uma membrana permeável, que regula a taxa de liberação do hormônio. Cada dispositivo tem prazo de validade de 5 anos. − Mecanismo de ação: O progestogênio torna o endométrio atrófico; estimula a produção de muco cervical espesso que bloqueia a penetração dos espermatozoides no útero e talvez reduza a motilidade das tubas, o que evitaria a união de óvulo e espermatozoide. Amanda Freitas Medicina 6° período 4 @s.o.s_med Dispositivo intrauterino de cobre em forma de T-380A − Comercializado com o nome ParaGard, este dispositivo é composto por uma haste envolvida por 314 mm2 de fio de cobre, e cada braço contém um bracelete com 33 mm2 de cobre – a soma conforma 380 mm2 de cobre. O Cu-T 380A está aprovado com prazo de validade de 10 anos de uso contínuo, embora se tenha comprovado que é capaz de evitar a gravidez em uso contínuo por até 20 anos. − Mecanismo de ação: A intensa reação inflamatória local induzida dentro do útero pelos dispositivos que contêm cobre leva à ativação de lisossomos e outras ações inflamatórias que têm ação espermicida. Na improvável possibilidade de haver fertilização, a mesma reação inflamatória passa a ser dirigida ao blastocisto. E, por fim, o endométrio se torna hostil à implantação. Situações de aconselhamento do uso do DIU − Infecção: com os dispositivos atuais, a inserção geralmente não aumenta o risco de infecção pélvica. As mulheres com maior risco para doenças do trato genital inferior sexualmente transmissíveis sevem ser rastreadas antes ou no momento da inserção do DIU. Os antibióticos selecionados para tratar qualquer infecção pélvica nas primeiras semanas após a inserção do DIU devem ter amplo espectro de atuação. Deve-se ter atenção especial com as pacientes nas quais sejam identificadas espécies de Actinomyces no exame citológico → a actinomicose pélvica sintomática é rara, mas tende a ser indolor e grave. Amanda Freitas Medicina 6° período 5 @s.o.s_med − Baixa paridade e adolescentes: não há restrições atuais quanto à preferência de uso do DIU em mulheres multíparas, ou seja, as nulíparas podem usar o DIU, contudo, estas acabam por se queixar de dor ou sangramento após a inserção. As adolescentes também são consideradas candidatas ao uso. − Pacientes infectadas pelo vírus HIV: não há contraindicação. − Instalação de DIU pós-aborto e pós-parto: O momento ideal para aumentar o sucesso da contracepção é imediatamente após aborto ou parto. Para mulheres com abortamento induzido ou espontâneo de primeiro ou segundo trimestre, o DIU pode ser instalado imediatamenteapós a evacuação do útero. − Alterações menstruais: é comum que o DIU esteja associado à alterações menstruais. As pacientes que optem pelo Cu-T 380A devem ser informadas sobre a possibilidade de haver aumento de dismenorreia e de sangramento menstrual. O tratamento com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) geralmente reduz o volume de sangramento – mesmo de volumes normais –, assim como a dismenorreia. Com o SIU- LNG as pacientes devem ser orientadas a esperar irregularidades menstruais por até seis meses após a instalação e, daí em diante, por redução ou ausência de sangramento. Especificamente, o dispositivo Mirena está associado à amenorreia progressiva. − Expulsão: Aproximadamente 5% das mulheres irão expelir espontaneamente seu DIU durante o primeiro ano de uso. A expulsão é mais provável durante o primeiro mês. Por este motivo, a paciente deve ser instruída a periodicamente palpar-se a fim de localizar o fio marcador que passa pelo orifício do colo uterino. − Perfuração uterina: O útero pode ser perfurado por sonda uterina ou pelo DIU. As perfurações podem ser clinicamente evidentes ou silenciosas. − Gravidez ectópica: se a contracepção intrauterina falhar, o percentual de gestações ectópicas será maior. − Amanda Freitas Medicina 6° período 6 @s.o.s_med − ❖ Implantes de progestogênio − Dispositivo implantado abaixo da derme contendo progestogênio, o qual é liberado ao longo do tempo. Os dispositivos são cobertos por um polímero para evitar fibrose. − Mecanismos de ação: O progestogênio liberado continuamente suprime a ovulação, aumenta a viscosidade do muco do colo uterino e promove alterações atróficas no endométrio. − Contraindicações: Especificamente, gravidez, trombose ou distúrbios tromboembólicos, tumores hepáticos benignos ou malignos, doença hepática em atividade, sangramento genital anormal não diagnosticado ou câncer de mama. − Orientações: O implante subdérmico de etonogestrel proporciona contracepção por até três anos. Ao final deste período, o dispositivo é removido e outro bastonete pode ser implantado na mesma incisão. É importante informar a paciente de que o Implanon causa sangramento irregular que não se normaliza com o tempo. ❖ Contracepção permanente-esterilização − As duas formas mais empregadas nesse país são ligadura tubária bilateral – frequentemente via laparoscopia – e esterilização tubária histeroscópica. Amanda Freitas Medicina 6° período 7 @s.o.s_med Esterilização tubária − Procedimento geralmente realizado com obstrução ou secção das tubas uterinas para impedir a passagem do óvulo e, consequentemente, sua fertilização. Aproximadamente metade das esterilizações tubárias é realizada junto com cesariana ou logo após parto vaginal (esterilização puerperal). A outra metade das esterilizações tubárias é realizada em período não relacionado a uma gestação recente, ou seja, são denominadas esterilizações tubárias não puerperais, também chamada de esterilização de intervalo. − Métodos para ligadura tubária: Há três métodos, e suas modificações, utilizados para ligadura tubária. Tais métodos incluem aplicação de diversos anéis ou clipes permanentes às tubas uterinas, eletrocoagulação de um segmento ou ligadura propriamente dita com fio de sutura, com ou sem remoção adicional de um segmento da tuba. A eletrocoagulação é utilizada para destruição de um segmento da tuba e pode ser realizada com corrente elétrica unipolar ou bipolar. Os métodos mecânicos de oclusão tubária podem empregar (1) anel de silicone, como Anel de Falópio e o Anel Tubário; (2) clipe de mola Hulka-Clemens Clip, também conhecido como Wolf Clip ou (3) clipe de titânio revestido de silicone Filshie Clip. − Orientações: Entre as indicações para esse procedimento eletivo está o pedido de esterilização com entendimento claro de seu caráter permanente e irreversível. − Gravidez ectópica: As gravidezes que ocorrem após esterilização tubária têm alta incidência de implante ectópico em comparação com a taxa encontrada na população geral. Essas taxas são particularmente altas após procedimento de eletrocoagulação, com 65% de gravidezes ectópicas. − Irregularidades menstruais: pode haver irregularidade no ciclo. Histerectomia − Para as mulheres com doença uterina ou outra doença pélvica, para as quais a histerectomia pode estar indicada, esta talvez seja a forma ideal de esterilização. Esterilização transcervical − Diversos métodos de esterilização podem ser realizados utilizando abordagem transcervical para alcançar os óstios tubários. Em cada óstio, a obstrução é obtida instalando-se dispositivos mecânicos ou compostos químicos. Esterilização masculina − O procedimento mais comum é a vasectomia. O procedimento é realizado em consultório com analgesia local e geralmente demora 20 minutos ou menos. Uma pequena incisão é feita no saco escrotal e o lúmen do ducto deferente é seccionado para bloquear a passagem dos espermatozoides oriundos dos testículos. Amanda Freitas Medicina 6° período 8 @s.o.s_med − A esterilidade pós-vasectomia não é imediata nem seu início pode ser previsto com segurança. O período para que se complete a eliminação de todos os espermatozoides acumulados distalmente à interrupção do ducto deferente é variável e requer aproximadamente três meses ou 20 ejaculações. Portanto, outra forma de contracepção deve ser utilizada até que a azoospermia seja comprovada. − Orientações: se o paciente solicitar, pode ser feita uma reanastomose cirúrgica ou a retirada dos espermatozoides diretamente dos testículos para uma futura gestação. ❖ Contraceptivos hormonais combinados (CHCs) − São contraceptivos que contêm um estrogênio e um progestogênio. São encontrados no formato de pílulas contraceptivas de uso oral, adesivo transdérmico e anel intravaginal. − Mecanismo de ação: Os CHCs produzem múltiplas ações contraceptivas. A mais importante é a inibição da ovulação por supressão dos fatores liberadores de gonadotrofina hipotalâmica, o que impede a secreção hipofisária do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). Os estrogênios suprimem a liberação de FSH e estabilizam o endométrio impedindo a metrorragia – processo que nesse cenário é conhecido como sangramento breakthrough. Os progestogênios inibem a ovulação suprimindo o LH, além de produzirem espessamento do muco cervical para retardar a passagem dos espermatozoides, tornando o endométrio desfavorável à implantação. − Contraindicações: Amanda Freitas Medicina 6° período 9 @s.o.s_med Pílulas contraceptivas orais combinadas − Atualmente, o conteúdo diário de estrogênio na maioria das COCs varia entre 20 e 50 mg de etinilestradiol, e a maioria contém 35 mg ou menos. Com os COCs, a dose de progestogênio pode ser constante ao longo de todo o ciclo – pílulas monofásicas – mas a dose frequentemente varia – pílulas bifásicas ou trifásicas. Em algumas dessas, a dose de estrogênio também varia ao longo do ciclo. − As pílulas monofásicas foram desenvolvidas na tentativa de reduzir a quantidade total de progestogênio por ciclo sem sacrificar a eficácia contraceptiva ou o controle do ciclo. A redução é obtida iniciando-se com uma dose baixa de progestogênio que é aumentadamais tarde ao longo do ciclo. − As desvantagens formulações multifásicas incluem a possibilidade de confusão causada pelas diversas cores das pílulas – em algumas marcas são cinco cores – assim como sangramento por colapso endometrial ou gotejamento de sangue, provavelmente com maior incidência do que com as pílulas monofásicas. Amanda Freitas Medicina 6° período 10 @s.o.s_med − Administração: Idealmente, devem-se iniciar as COCs no primeiro dia do ciclo menstrual e, neste caso, não há necessidade de utilizar outro método contraceptivo. Um esquema mais tradicional – início aos domingos – determina iniciar a administração no primeiro domingo após o início da menstruação. Se a menstruação se iniciar no domingo, a pílula é iniciada neste dia. − Pílula esquecida: Durante o uso de COC, se uma pílula for esquecida, é improvável que ocorra gravidez com pílulas monofásicas com doses maiores de estrogênio e progestogênio. Quando a paciente percebe o esquecimento, o uso da pílula do dia além daquela esquecida minimiza o sangramento por colapso endometrial, O restante da cartela deve ser consumido com uma pílula por dia. Se várias doses forem esquecidas, ou quando uma pílula com dose baixa de hormônios é esquecida, a dose seguinte deve ser dobrada e utilizada uma técnica de barreira efetiva pelos sete dias subsequentes. O restante da cartela é finalizado com uma pílula por dia. Amanda Freitas Medicina 6° período 11 @s.o.s_med Sistema transdérmico − O adesivo possui uma camada interna contendo a matriz hormonal e uma camada externa resistente à água. O adesivo é aplicado às nádegas, região inferior do segmento proximal do braço, abdome inferior ou região superior do dorso, evitando as mamas. − Um novo adesivo deve ser aplicado a cada semana durante três semanas, seguindo-se uma semana sem adesivo para que haja descolamento do endométrio. − O adesivo é adequado para as mulheres que preferem aplicações semanais à dosagem diária e que reúnam os demais critérios para administração de CHC. Anel transvaginal − O NuvaRing (Organon). Trata-se de anel flexível de polímero com diâmetro externo de 54 mm e interno de 50 mm. Seu núcleo libera uma dose diária de 15 mg de etinilestradiol e 120 mg do progestogênio etonogestrel. Tais doses inibem de forma muito efetiva a ovulação. − A inserção inicial é feita no prazo de cinco dias após o início da menstruação. O anel é removido após três semanas e a paciente assim permanece durante uma semana para permitir que haja sangramento. A seguir, um novo anel é inserido. Administração intramuscular − A injeção anticoncepcional age de maneira semelhante às pílulas anticoncepcionais, tendo como principal mecanismo de ação o bloqueio da ovulação. − Tem a facilidade de ter sua administração a cada 30 dias ou a cada 90 dias e o desconforto de ser uma injeção. Deve ser aplicada na região glútea e a área da injeção não deve ser massageada. − No Brasil há os seguintes tipos: ✓ Mensais: Mesigyna, Noregyna, Perlutan, Cyclofemina; ✓ Trimestrais: Depoprovera. − A injeção anticoncepcional pode ser um combinado de estrogênio e progesterona (todas as mensais) ou ser só de progesterona (trimestral – depoprovera). Vantagens da injeção anticoncepcional • Não exige ação diária • É discreto • Seu uso pode ser interrompido a qualquer momento • A fertilidade retorna em curto espaço de tempo • Não interfere no prazer sexual Efeitos colaterais da injeção anticoncepcional • Alteração do padrão da menstruação • Menor intensidade ou menos dias de menstruação • Menstruação irregular • Ausência de menstruação • Ganho de peso Amanda Freitas Medicina 6° período 12 @s.o.s_med Ciclo estendido do contraceptivo − Entre seus benefícios estão redução nos episódios cíclicos de sangramento, menos sintomas menstruais e menor custo. As mulheres que utilizam CHC contínuo relatam menos sintomas menstruais, incluindo cefaleia, fadiga, distensão abdominal e dismenorreia, em comparação com aquelas que utilizam contraceptivos cíclicos. Algumas preocupam-se que a amenorreia possa ser sinal de gravidez ou afetar sua fertilidade futura. Para essas, pode-se assegurar que o uso contínuo de progestogênio mantém saudável o endométrio Interações medicamentosas Contracepção hormonal combinada e distúrbios clínicos − Diabetes melito: não relevante; − Doença cardiovascular: para distúrbios CV menos graves e mais comuns, os ACO não são contraindicados. Mulheres que tenham tido infarto não devem utilizar; Amanda Freitas Medicina 6° período 13 @s.o.s_med − Doenças vasculares encefálicas: As mulheres que tenham tido acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico ou isquêmico não devem fazer uso de CHC; − Tromboembolismo venoso: há um risco elevado considerando-se a quantidade principalmente de estrogênios na fórmula; − Lúpus eritematoso sistêmico: os atuais são mais seguros, porém, os CHCs não são recomendados para mulheres com LES que tenham teste positivo para anticorpos antifosfolipídeos ou que tenham alguma outra contraindicação conhecida para o uso de CHC; − Transtornos convulsivos: O uso de CHCs em mulheres com epilepsia está classificado na categoria 3, ou seja, os riscos teóricos ou comprovados geralmente superam as vantagens de usar o método. − Doença hepática: nas pacientes com doença grave e descompensada, todos os métodos hormonais devem ser evitados; − Doenças neoplásicas: efeito protetivo contra câncer de endométrio e de ovário, porém seus efeitos estimulantes sobre outros cânceres podem ser preocupantes; ❖ Contraceptivos contendo apenas progestogênio − Foram desenvolvidos contraceptivos contendo apenas progestogênios para evitar os efeitos colaterais indesejados dos estrogênios. Os progestogênios podem ser administrados por diversos mecanismos, incluindo comprimidos, dispositivos intrauterinos e implantes subdérmicos. Pílulas apenas com progestogênio − As pílulas apenas com progestogênio – também chamadas minipílulas – devem ser tomadas diariamente. Elas não inibem efetivamente a ovulação; sua efetividade depende mais de alterações no muco cervical e de seus efeitos sobre o endométrio. − As minipílulas são adequadas às lactantes já que não produzem efeito sobre a produção de leite. Quando usadas em combinação com aleitamento materno, as pílulas apenas com progestogênio são praticamente 100% efetivas por até seis meses. − Contraindicações: As pílulas apenas com progestogênio não devem ser tomadas por mulheres com sangramento uterino sem explicação, câncer de mama, neoplasia hepática, gravidez ou doença hepática grave em atividade. − Orientações: a principal desvantagem dessas pílulas é a necessidade de serem tomadas no mesmo horário todos os dias. É importante observar que se uma pílula apenas com progestogênio for tomada com atraso de quatro horas, deve-se acrescentar algum outro método contraceptivo nas 48 horas seguintes. A irregularidade no sangramento uterino é outra desvantagem específica. Pode ocorrer na forma de amenorreia, sangramento intermenstrual ou períodos prolongados de menorragia. Progestogênios injetáveis − Os progestogênios injetáveis têm mecanismos de ação semelhantes àqueles descritos para os progestogênios orais, incluindoaumento da viscosidade do muco cervical, criação de endométrio desfavorável à implantação e supressão incerta da ovulação. − Entre as formulações disponíveis está o acetado de depomedroxiprogesterona (DMPA) – comercializado como Depo-Provera (Pfizer). Uma dose de 150 mg é administrada por via intramuscular a cada 90 dias. Amanda Freitas Medicina 6° período 14 @s.o.s_med Um derivado do DMPA é comercializado como depo-subQprovera 104 (Pfizer) e uma dose de 104 mg é administrada por via subcutânea a cada 90 dias. − A terceira formulação de depósito é o Norgest, e que deve ser administrado por via intramuscular a cada dois meses. − Contraindicações: Os progestogênios injetáveis não devem ser administradas a pacientes gestantes, com sangramento uterino sem explicação, câncer de mama, doença tromboembólica ativa ou passada, doença vascular encefálica ou doença hepática significativa − Orientações: É possível que haja amenorreia após uso estendido e as mulheres devem ser orientadas acerca desse efeito benigno. Pode haver retorno retardado da fertilidade após a suspensão do uso. O DMPA causa redução significativa na densidade mineral óssea em razão da redução nos níveis de estrogênios. Algumas mulheres relatam sensibilidade dolorosa das mamas com o uso de DMPA. ❖ Métodos de barreira − Nesta categoria estão os diafragmas vaginais e os preservativos masculinos e femininos. Preservativo masculino − A maioria dos preservativos é feito de látex e há vários tamanhos fabricados para acomodar a anatomia. Uma vantagem específica dos preservativos é que, quando usados adequadamente, proporcionam proteção considerável – mas não absoluta – contra doenças sexualmente transmissíveis. − Orientações: A eficácia dos preservativos aumenta consideravelmente com a manutenção do reservatório na sua extremidade. Os lubrificantes devem ser a base de água porque os produtos à base de óleo destroem o látex de preservativos e do diafragma. • Devem ser usados em todos os contatos com penetração. • Deve ser colocados antes de haver contato entre pênis e vagina. • A retirada deve ser feita com o pênis ainda ereto. • A base do preservativo deve ser segura durante a retirada. • Deve-se empregar um espermicida intravaginal ou um preservativo lubrificado com espermicida. Preservativo feminino − Os preservativos femininos evitam gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. O anel aberto permanece fora do canal vaginal e o anel fechado interno é colocado no espaço entre a sínfise e o colo uterino, assim como o diafragma. Não deve ser usado junto com o preservativo masculino em razão da possibilidade de rompimento, deslizamento ou deslocamento. Amanda Freitas Medicina 6° período 15 @s.o.s_med Diafragma combinado com espermicida − O diafragma nada mais é que uma cúpula circular de borracha de diversos diâmetros apoiada por um aro de metal. Quando usado em combinação com gel ou creme espermicida, pode ser muito efetivo. O espermicida deve ser aplicado centralmente na cúpula na superfície em contato com o colo uterino e ao redor do aro. O dispositivo é então colocado na vagina de forma que o colo uterino, os fórnices vaginais e a parede anterior da vagina fiquem efetivamente separados do restante da vagina e do pênis. − Orientações: O diafragma e o agente espermicida devem ser inseridos bem antes do ato sexual, mas se tiverem se passado mais de duas horas, deve-se aplicar mais espermicida na região superior da vagina para proteção máxima. O diafragma não deve ser retirado até o mínimo de seis horas após a relação. Como há descrição de síndrome do choque tóxico após seu uso, o diafragma não deve ser deixado em posição por mais de 24 horas. ❖ Métodos com base em consciência do período de fertilidade − Esta forma de contracepção envolve a identificação do período fértil durante o ciclo menstrual, popularmente chamado de tabelinha. O casal pode então evitar manter relações sexuais ou utilizar um método de barreira nesses dias. − Esses métodos apresentam taxa extremamente alta de insucesso. Os métodos de quarta linha são os espermicidas administrados de diversas formas, incluindo a esponja de barreira. Espermicidas e microbicidas − Esses contraceptivos são comercializados na forma de cremes, géis, supositórios, filmes e espumas em aerossol. São úteis particularmente para as mulheres que necessitam de proteção temporária, por exemplo, durante a primeira semana após iniciar CHC ou enquanto amamentam. − Além de sua ação química espermicida esses agentes representam uma barreira à penetração dos espermatozoides. O componente ativo é o monoxinol-9 ou o octoxinol-9. − É importante ressaltar que os espermicidas devem ser depositados na parte profunda da vagina em contato com o colo uterino pouco antes da relação sexual. Sua efetividade máxima geral mente não dura mais que uma hora. Daí em diante, há necessidade de nova aplicação antes da relação. − A lavagem vaginal com ducha, se for praticada, deve ser evitada pelo período mínimo de seis horas. Amanda Freitas Medicina 6° período 16 @s.o.s_med Esponja contraceptiva − Vendida sem receita médica, consiste em um disco de poliuretano impregnado de monoxinol-9, que pode ser inserido até 24 horas antes do ato sexual. − Após ser umedecida, é colocada diretamente contra o colo uterino. Enquanto instalada, proporciona contracepção, independentemente da frequência dos atos sexuais. Deve ser mantida no local por seis horas após a relação sexual. Embora talvez seja mais conveniente, é menos eficaz do que o diafragma e o preservativo. Contracepção de emergência − Popularmente chamada de “pílula do dia seguinte”. Esses métodos são apropriados para mulheres que se apresentem buscando cuidados contraceptivos após sexo consensual, mas sem proteção ou após agressão sexual. Além disso, a contracepção hormonal de emergência não é uma forma de aborto. O método impede a ovulação ou a implantação. Não é capaz de romper um zigoto que se tenha implantado. É importante ressaltar que esses métodos não são capazes de prevenir gravidez resultante de relações sexuais subsequentes durante o mesmo ciclo menstrual. Por tais motivos, recomenda-se o uso de um método de barreira até a chegada da próxima menstruação. Se a menstruação atrasar mais de três semanas, a probabilidade de gravidez aumenta e há indicação de realizar os exames apropriados. O planejamento reprodutivo, chamado também de planejamento familiar, designa um conjunto de ações de regulação da fecundidade, as quais podem auxiliar as pessoas a prever e controlar a geração e o nascimento de filhos, e englobam adultos, jovens e adolescentes, com vida sexual com e sem parcerias estáveis, bem como aqueles e aquelas que se preparam para iniciar sua vida sexual. As ações do planejamento reprodutivo ou planejamento familiar são definidas e amparadas pela Lei nº 9.263/1996, que também estabelece penalidades e dá outras providências. As ações de planejamento reprodutivo são voltadas para o fortalecimento dos direitos sexuais e reprodutivos dos indivíduos e se baseiam em ações clínicas, preventivas, educativas, oferta de informações e dos meios, métodos e técnicas para regulação da fecundidade. Devem incluir e valorizar a participação Amanda FreitasMedicina 6° período 17 @s.o.s_med masculina, uma vez que a responsabilidade e os riscos das práticas anticoncepcionais são predominantemente assumidos pelas mulheres. Amanda Freitas Medicina 6° período 18 @s.o.s_med Ginecologia de Williams 2° ed, 2014. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres, 2016 MS
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