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Brasília - DF 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
ESPECIALIZAÇÃO EM AGRONEGÓCIO 
BANCOS COMUNITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO 
TERRITORIAL 
 
Brasília - DF 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCOS COMUNITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO 
TERRITORIAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Especialização em Agronegócio. 
 
Orientador: Prof. Luciane Koetz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bancos comunitários e desenvolvimento territorial. 2016. 30 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso de Especialização em Agronegócio – Centro de Ciências 
Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Brasília-DF, 2016. 
RESUMO 
Essa monografia como objetivo geral visa apresentar a importância dos bancos 
comunitários como trabalho e renda para a população excluída do grande sistema 
financeiro. Nesse sentido ser através de fundamentação teórica é feita uma 
explanação sobre o Banco Palmas localizado em Fortaleza-CE, que se mostra 
empenhado na economia solidária com as microfinanças e operações de 
microcrédito, corroborando efetivamente para defesa da criação dos bancos 
comunitários. Ao término desta monografia contata-se que os bancos comunitários 
possuem agilidade necessária e braços longo o suficiente para chegar aos mais 
pobres, pois só eles têm a liberdade de agir sem burocracia com taxas de juros e 
análise cadastrais suportáveis. 
 
 
Palavras-chave: Bancos comunitários. Sistema financeiro. Microcrédito. 
Microfinanças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bancos comunitários e desenvolvimento territorial. 2016. 30 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso de Especialização em Agronegócio – Centro de Ciências 
Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Brasília-DF, 2016. 
ABSTRACT 
This monograph general objective is to present the importance of community banks 
as work and income for the population excluded from the major financial system. In 
this sense be through theoretical foundation is made an explanation of the Banco 
Palmas located in Fortaleza, shown engaged in solidarity economy with microfinance 
and microcredit operations, corroborating effectively to defend the creation of 
community banks. At the end of this monograph contact that community banks have 
required agility and arms long enough to reach the poorest, because only they have 
the freedom to act without bureaucracy with interest rates and supportable cadastral 
analysis. 
 
 
 
Key-words: Community banks. financial system. Microcredit. Microfinance. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 
2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 8 
2.1 ECONOMIA SOLIDÁRIA ....................................................................................... 8 
2.2 MICROFINANÇAS ............................................... Erro! Indicador não definido.0 
2.3. MICROCRÉDITO ................................................ Erro! Indicador não definido.2 
2.4 INSTITUIÇÕES OPERADORAS DE MICRIFINANÇAS (IMF) ............................ 13 
2.5 GRAMEEN BANK – EXPERIÊNCIA DE MICROFINANÇAS INTERNACIONAL ... 14 
2.6 BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO ...................................... 16 
2.6.1 Características ............................................................................................. 17 
2.6.2 Objetivo ........................................................................................................ 18 
2.6.3 Estrutura de Gestão ..................................................................................... 18 
2.6.4 Manutenção ................................................................................................. 18 
2.6.5 Público-Alvo ................................................................................................ 18 
2.6.6 Área de Abrangência.................................................................................... 19 
2.6.7 Produtos e Serviços ..................................................................................... 19 
2.7 MOEDA SOCIAL .................................................. Erro! Indicador não definido.9 
2.7.1 Características ............................................................................................. 20 
2.7.2 Meios de Acesso ao Circulante Local .......................................................... 20 
2.8. IMPORTÂNCIA DOS BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO .. 20 
2.8.1 Assistência no Processo de Organização da Comunidade .......................... 21 
2.8.2 Visibilidade e Credibilidade da Comunidade e da Organização Comunitária .......... 21 
2.8.3 Foco no Desenvolvimento do Território e Potencialização das Capacidades 
Territórios ............................................................................................................ 22 
2.9 O BANCO PALMAS ............................................................................................ 22 
2.9.1 Objetivo da Instituição .................................................................................. 24 
2.9.2 Dificuldades Enfrentadas ............................................................................. 24 
2.9.3 Mobilização e Funcionamento ...................................................................... 24 
2.9.4 Impacto das Ações do Banco Palmas no Conjunto Palmeira ...................... 26 
4 CONCLUSÃO ............................................................ Erro! Indicador não definido. 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29 
 6 
1 INTRODUÇÃO 
A presente monografia foi elaborado para cumprir as exigências de 
apresentação de trabalho fina, obrigatório para a conclusão do Curso de 
Especialização em Gestão Social e Terceiro Setor, em que se pretende demonstrar 
a importância dos Bancos Comunitários como agentes de graduação de trabalho e 
renda para a população excluída do sistema financeiro. 
 A relevância deste tema está na constatação de que o sistema financeiro 
tradicional brasileiro impossibilita o acesso ao crédito por parte daquela parcela da 
população que, desta forma, não consegue romper com o paradigma do seu status. 
O modelo aplicado pelo Sistema Financeiro Nacional, que protege os depositantes 
em detrimento dos demandantes de créditos, exclui a população empreendedora de 
baixa renda, que não possui as garantias e comprovações por ele exigidas, porém a 
hipótese trabalhada nesta monografia é a de que as instituições especializadas em 
microcrédito produtivo orientado podem promover o acesso ao crédito por meio de 
metodologias próprias. 
 Assim, ante a divergência existente entre a demanda pelo microcrédito e a 
carência da oferta pelo Sistema, surge, uma das alternativas ao modelo tradicional, 
os Bancos Comunitários de Desenvolvimento, que são instituições sem fins 
lucrativos, registradas como OSCIP, e especializadas em modelos de crédito 
produtivo para atender à população de baixa renda. Diante disso, o objetivo desse 
trabalho é demonstrado a importância de instituições operadoras de microcréditos 
produtivo orientado – Bancos Comunitários – como instrumento de geração de 
trabalho e renda em comunidades carentes, tomando como exemplo a atuação do 
Banco Palmas no desenvolvimento do Conjunto Palmeira, em Fortaleza – CE. 
 O modelo de bancos comunitários em operação no Brasil originou-se da 
experiência desenvolvida na comunidade do Conjunto Palmeira, que compõe o 
bairro São Cristóvão, localizado na periferia de Fortaleza – CE. Esse modelo se 
expandiu para outras comunidades do Brasilna forma de instituição independentes, 
mas que compartilham conhecimento e experiência de aplicação de crédito. 
 Como objetivos especifico deste trabalho, passará a definir/caracterizar a 
Economia Solidaria, as microfinanças, as instituições operadoras de microcrédito 
produtivo orientado (neste caso os Bancos Comunitários de Desenvolvimento), as 
moedas sociais e, finalmente, a experiência estudada, o Banco Palmas. 
 7 
 Esta monografia está dividida em nove capítulos. Inicialmente busca 
circunstanciar o cenário em que está inserida a discussão dos Bancos Comunitários 
de Desenvolvimento. Para tanto, explora nos capítulos 1,2 e 3, respectivamente, a 
economia solidaria enquanto sistema de desenvolvimento, as microfinanças de 
inclusão e o microcrédito como instrumento de desenvolvimento local integrado a 
solução alternativas ao sistema tradicional, como moeda social. 
 Em seguida nos capítulos 4 e 5 apresenta o dispositivo responsável pelas 
operações de microfinança e desenvolve a ideia e o funcionamento de Gramean 
Bank o primeiro Banco do mundo especializado em microcrédito. 
 O trabalho então introduz os Bancos Comunitários de Desenvolvimento, em 
seu capitulo 6, com suas características, objetivo, estrutura de gestão, manutenção, 
público-alvo, área de abrangência e seus produtos e serviços, dos quais destaca no 
capítulo seguinte a Moeda Social como instrumento de comercialização local, 
aumento de riqueza circulante na comunidade e gerador de trabalho e renda. 
 No capítulo 8, mostra a importância da rede de bancos comunitários no 
desenvolvimento local das comunidades mais pobres e, finalmente, no nono e último 
capítulo, apresenta o grande modelo do Banco do Brasil, o Banco Palmas, modelo 
implemento no bairro de São Cristóvão, na periferia de Fortaleza – CE, onde o 
processo de desenvolvimento acontece nas premissas identificadas na economia 
solidária, microfinanças e microcréditos, alavancadas pela moeda social – o Palma. 
 
 
 
 
 8 
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 ECONOMIA SOLIDÁRIA 
Nos últimos anos, a economia solidária vem se mostrando uma alternativa 
inovadora de geração de trabalho e renda e uma reposta a favor da inclusão social. 
Abrange uma multiplicidade de prática econômicas sociais e organizadas sob a 
forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, de 
cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação 
de serviço, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Nesse 
sentido, podemos compreender por economia solidária o conjunto de atividades 
econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizado 
sob a forma de autogestão. 
 Considerando suas características de cooperação, autogestão e 
solidariedade, a economia solidária aponta para uma nova lógica de 
desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, 
mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus 
resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, 
sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao 
se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser 
humano na sua integridade como sujeito e finalidade da atividade econômica. 
 A proposta da economia solidária nasce da experiência prática de 
trabalhadores que ao longo da história, em diversos países, vêm procurando 
alternativas frente a desigualdade e à marginalização produzidas pela competição e 
relação de subordinação características do capitalismo. “A economia solidária surge 
como modelo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, criado e recriado 
periodicamente pelos que se encontram (ou temem ficar) marginalizados do 
mercado de trabalho.” (SINGER, 2000, p.13) 
 Levando-se em conta essas características, a economia solidária aponta para 
uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e 
distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos 
ecossistemas. Seus resultados econômicos políticos e culturais são compartilhados 
pelos participantes sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da 
lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, 
 9 
considerando o ser humano na sua integridade como sujeito e finalidade de 
atividade econômica. 
 No Brasil, a economia soldaria surgiu no fim do século XX como resposta dos 
trabalhadores às novas formas de exclusão e exploração no mundo do trabalho e 
expandiu-se a partir de instituição e entidades que apoiavam iniciativas associativas 
comunitárias e pela constituição e articulação de cooperativas populares, redes de 
produção e comercialização, feiras de cooperativismo e economia solidária, etc. 
 As alterações estruturais, de caráter econômico e social, ocorridas no mundo 
nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional de relação capitalista de 
trabalho. O crescimento da informalidade e a precarização das relações formais 
afirmaram-se como tendência em uma conjuntura de desemprego, levando 
trabalhadores a se sujeitar a ocupações em que seus direitos sociais são abdicados 
para garantir sua sobrevivência. 
 De outro lado, o aprofundamento dessa crise abriu espaço para o 
aparecimento e avanço de outras formas de organização do trabalho, consequência, 
em grande parte, da necessidade dos trabalhadores encontrarem alternativas de 
reação de renda. Experiências coletivas de trabalho e produção vê, se propagando 
nos espaços rurais e urbanos, por intermédio da cooperativas de produção e 
consumo, das associações de produtores, redes de produção consumo 
comercialização, instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares 
solidários, empresas de autogestão, entre outras formas de organizações. 
 Presentemente, a economia solidária tem se articulado em diversos fóruns 
locais e regionais, resultando na criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. 
Hoje, além do Fórum Brasileiro, existem 27 fóruns estaduais com milhares de 
participantes (empreendimentos, entidades de apoio a rede de gestores públicos de 
economia solidária) em todo território brasileiro. Foram fortificadas ligas e uniões de 
empreendimentos econômicos solidários e criaram-se novas organizações de 
abrangência nacional. 
 Nos últimos anos, a economia solidária também vem recebendo apoio de 
governos municipais e estaduais. O número de programas de economia solidária 
tem crescido, com destaque para os bancos do povo, empreendedorismo popular 
solidário, iniciativas, existe hoje um movimento de articulação dos gestores públicos 
para promover troca de experiência e o fortalecimento das políticas públicas de 
economia solidária. 
 10 
 Em âmbito nacional, o Governo Federal em 2003 criou a Secretaria Nacional 
de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, que 
implementou o Programa Economia Solidária em Desenvolvimento com finalidade 
de promover o fortalecimento e divulgação da economia solidária mediante políticas 
integradas, visando o desenvolvimento por meio da geração de trabalho e renda 
com inclusão social. 
 
2.2 MICROFINANÇAS 
A questão do acesso a serviços financeiros por populações de baixa renda 
tem sido, nos últimos anos, tema de destacada importância nos meios acadêmicos e 
no debate sobre políticas públicas. Prova disso é a instituição Organizações das 
Nações Unidas (ONU), do Ano Internacional do Microcrédito 2005 e a escolha do 
senhor Muhammad Yunnus, fundador do Grameen Bank, de Bangladesh, como 
Nobel da Paz, lembrando que solução apresentada ao mundo por Bangladesh é 
mais que uma solução bancária dos excluídos dos sistemas, portanto, uma solução 
de microfinanças. 
 De acordo com Soares (2007, p.14), embora existam iniciativas históricas que 
possam ser enquadrados dentro das microfinanças, sua fase moderna se iniciouapenas nos anos 1970, com iniciativas de Organizações Não Governamentais 
(ONGs) especializadas e alguns poucos bancos. Estas iniciativas se baseavam em 
empréstimos sem garantias taxas de juros de mercado, negócios de curtíssimo 
prazo e uso de agentes de créditos para ir aos clientes, como foco exclusivo, nesse 
caso, para soluções de créditos. 
 Para Caldas (2003, P. 4) “um sistema de microfinanças pode promover os 
cidadãos de diversos serviços financeiros, dentre os quais empréstimos, poupança e 
seguros”. Assim, define microfinança como o fornecimento de empréstimos, 
poupanças e outros serviços financeiros especializados para pessoas carentes. 
 Os principais produtos das microfinanças são os de microcrédito (com base 
em empréstimos flexíveis), as micropoupanças (de curto, médio e longo prazo), os 
micros seguros (particularmente de vida e saúde), além de outros, como 
transferência de valores, finanças imobiliária e investimento financeiro. 
 Para o grupo Consultivo de Assistência aos Pobres (CGAP), um consórcio de 
33 agências de desenvolvimento públicas e privadas, com sede em Washington, DC 
 11 
(EUA) e que trabalham em conjunto com o objetivo de expandir o acesso dos pobres 
a serviços financeiros, a microfinanças são a provisão de empréstimos, economias, 
e outros serviços financeiros básicos ao pobre. Pessoas que vivem na pobreza, 
como todas as outras, precisam de uma variedade diversa de instrumentos 
financeiros para dirigir os seus negócios, construir ativos, estabilizar o consumo, e 
precaverem-se contra riscos. Os serviços financeiros necessários aos podres 
incluem empréstimos para capital de giro, crédito para consumo, poupança, seguro e 
serviços de transferências de dinheiro. (Fonte: Portal CGAP). 
 A PlaNet Finance, ONG dedicada à promoção do desenvolvimento 
socioeconômico por meio do apoio às microfinanças afirma o seguinte: 
 
É preciso lembrar que o microempresário e sua família estão 
expostos a uma precariedade social que tem um impacto no 
desenvolvimento de seu negócio. Uma doença inesperada, do 
microempresário ou de uma família, pode por exemplo, afetar 
diretamente a capacidade de reembolso de um empréstimo. O 
acesso a serviços financeiros diversificados, tais como a população a 
micro-seguro, o credito para a educação e para a saúde, aqui 
denominados crédito de apoio familiar, constitui, portanto, um fator 
importante na redução desta vulnerabilidade. 
 
Dessa forma, as microfinanças podem ser definidas como uma estratégia de 
apoio ao desenvolvimento de atividades geradoras de renda e emprego. O acesso 
ao credito e a serviços financeiros e apoio familiar destinado a populações 
desfavorecidas tem por objetivo sua inserção produtiva nos circuitos 
socioeconômicos, gerando um ciclo econômico virtuoso de redistribuição da riqueza. 
 Por meio de uma metodologia de concessão de créditos especifica, baseada 
no conhecimento da situação socioeconômica do cliente, na avaliação de sua 
capacidade econômica – financeira e no acompanhamento da utilização dos 
produtos oferecidos até o fechamento do ciclo operacional, busca-se ir além do 
aspecto monetário dos serviços financeiros. Objetiva-se o estabelecimento de uma 
relação não-assistencialista entre instituições e cliente que permita desenvolvimento 
equilibrado e sustentável de atividades produtivas. 
 
 12 
2.3. MICROCRÉDITO 
O microcrédito nasceu da necessidade de se criar uma alternativa de credito 
para as pessoas físicas e jurídicas do setor formal que não tem acesso ao sistema 
formal e informal que não tem acesso ao sistema formal de credito (sistema bancário 
tradicional) e desejam montar, ampliar ou obter capital de giro ou de investimento 
para um pequeno negócio. O conceito de microcrédito nega alguma das principais 
características do sistema tradicional de crédito. 
 Tradicionalmente, o credito é fornecido baseado nas garantias, solidez, 
patrimônio e tradição financeira do pleiteante, na forma conhecida pelos “C`s”1 do 
crédito. Já o microcrédito é fornecido baseado principalmente na análise sócio-
econômica do cidadão onde pesa, principalmente, a avaliação subjetiva relativa as 
intenções e potencialidade do cliente feito pelo Agente de Crédito – profissional 
capacitado para análise e avaliação da operação de credito – que utiliza os mesmos 
“C`s” do crédito porém de forma objetiva. 
 Como exemplo podemos citar o primeiro “C” de análise de crédito, que é o 
Caráter. Para análise no modelo tradicional, os bancos utilizam os sistemas de 
proteção e disponíveis como o SPC, SERASA e CADIN. No caso do microcrédito, é 
utilizada a analise subjetiva do Agente que vai conhecer a pessoa, seus vizinhos e 
familiares e atesta a boa intenção do pequeno empreendedor. 
 Poderíamos dizer que, enquanto o sistema de credito tradicional está calcado 
na agencia, suas normas e procedimentos de credito, o microcrédito está baseado 
no Agente de Crédito e na sua capacidade e avaliação do cliente. No sistema 
tradicional, o cliente vai ao banco. No microcrédito, o banco vai ao cliente – o Agente 
de Crédito visita a casa e (ou) negócio do cliente. 
 Para o economista M. R. da SILVA (2002, P. 2) o microcrédito significa a 
realização de micro-empréstimos financeiros feitos aos pobres com a finalidade de 
torna-los auto - empregados de sucesso. Busca reduzir a pobreza e o desemprego. 
Esses empréstimos são realizados pelas chamadas Instituições Operadoras de 
Micro finanças (IMF). Para que possa ser efetivo, o microcrédito deve ser utilizado 
em conjunto com outros instrumentos de microfinança. Além do microcrédito, 
poupança e seguros são os outros dois serviços financeiros mais procurados pelos 
beneficiários. 
 Se uma família pobre sofre algum tipo de “choque”, como uma enfermidade 
 13 
que afeta um de seus componentes – um caso de desemprego inesperado, um 
desastre natural como secas ou enchentes, ou mesmo um problema não previsto 
com a sua plantação – ela pode estar preparada para enfrentar as dificuldades, 
desde que possua algum recurso previamente reservada para este fim. Essa é a 
principal razão pelo qual praticamente todas as famílias pobres poupam, dede que 
tenham a oportunidade de fazê-lo. 
 
2.4 INSTITUIÇÕES OPERADORAS DE MICRIFINANÇAS (IMF) 
Para que as microfinanças sejam possíveis é necessária existência de uma 
instituição responsável pelas operações. A Instituição Operadora de Microfinança – 
IMF deve ser especializada no atendimento aos mais pobres, conhecendo o 
mercado que está inserida e o público-alvo, com suas características próprias, sua 
cultura regional e suas necessidades. 
 Segundo a PlaNet Finance, as instituições de microfinança são intermediários 
financeiros que tem por objetivos garantir acesso ao credito a populações de baixa 
renda excluídas do sistema bancário tradicional, sendo assim grande fomentadoras 
da vocação empreendedora dos mais pobres, atuando microcrédito como 
instrumento de resgate da pobreza. Essas instituições segundo Silva (2002, p. 4) 
devem seguir e perseguir quatro princípios básicos: 
 
a) Profundidade de abrangência: os serviços devem atingir o objetivo básico 
chegar até os pobres, caso contrário seriam praticamente inúteis como instrumentos 
de redução imediata da pobreza. 
b) Sustentabilidade: a instituição encarregada de fornecer os empréstimos 
deve procurar ser financeiramente autossustentável. Isso somente será atingido 
caso os empréstimos efetuados sejam devidamente pagos pelos tomadores, logo, o 
órgão deve se acostumar a cobrar efetivamente os empréstimos realizados. 
c) Escala: é importante que o serviço possua uma ampla escala, ou seja, 
atinja um grande número de pessoas. Caso contrário ele irá beneficiar a poucos, não 
atingindo o objetivo de reduzir a pobreza. Além disso, operando com uma base 
reduzida de clientes, a IMF irá encontrar maiores dificuldades para a obtenção da 
sustentabilidade. 
d) Permanência: o microcréditosó conseguirá obter algum impacto efetivo 
 14 
sobre as condições financeiras os necessitados caso seja um serviço que perdure 
ao longo do tempo, ou seja, forneça serviços financeiros de longo prazo. 
Bittencout (2005, p. 203) afim que a IMF convive com o dilema de ter que 
voltar para um público excluído do acesso ao sistema bancário formal, ajuda-lo a sair 
das camadas mais pobres e, ao mesmo tempo, envidar todos os esforços para 
manter em sua carteira a maior quantidade possível de clientes de maior renda que 
lhe ajude a alcançar e a manter a auto sustentabilidade. 
 Nos programas de microcrédito, a própria IMF acaba se envolvendo de 
alguma maneira com os negócios de seus clientes. Isso pode ocorrer por intermédio 
da provisão de alguma espécie de acompanhamento, do fornecimento de certo grau 
de capacitação técnico-gerencial, ou ainda do auxílio na comercialização dos bens 
ou serviços produzidos pelo microempreendedor com o dinheiro emprestado, 
atuação típica de instituições de visão desenvolvimentista, como os Bancos 
Comunitários. 
 
2.5 GRAMEEN BANK – EXPERIÊNCIA DE MICROFINANÇAS INTERNACIONAL 
O Grameen Bank é o primeiro banco especializado em microfinança no 
mundo. Foi idealizado e fundado em 1976, om o intuito de combater a pobreza, pelo 
Professor Muhammad Yunus, responsável pelo Programa Economico Rural da 
Universidade de Chittagong – Bangladesh. O Banco opera com auto 
sustentabilidade e auferiu em quase todos os anos. 
 Segundo o sítio do Banco na internet (http://www.grameen-
info.org/bank/hist.html), o Grameen foi concebido como um projeto de fornecimento 
de crédito para garantir serviços bancários voltados para a população excluída 
residente no meio rural. O projeto do Grameen (Grameen significa “aldeia” na língua 
bengali) entrou em operação com os seguintes objetivos: 
 
- estender serviços bancários a mulheres pobres; 
- eliminar a exploração do pobre por agiotas; 
- criar oportunidades de trabalho independente para a vasta multidão de 
desempregados de Bangladesh, especialmente no meio rural; 
- trazer os desamparados, em sua maioria melhores donas de casa, para um 
espaço organizacional que pudesse ser entendido e dirigido por eles; e 
 15 
- inverter o antigo círculo vicioso do “rendimento baixo, economia baixa e 
investimento baixo”, para o círculo virtuoso do “rendimento baixo, injeção de crédito, 
investimento, mais rendimento, mais poupança a, mais investimento, mais 
rendimento”. 
 Podemos inferir de seus objetivos que o Grameen tem um trabalho que 
requer uma metodologia exclusiva e subjetiva, fundamentada na construção 
gradativa de uma relação recíproca de confiança entre o Banco e seus mutuários. 
Em torno desse crédito organiza-se uma forte rede, de banco comunitária, 
constituída especialmente por mulheres, onde a palavra é a solidariedade. Não se 
pode excluir o outro pilar do Grameen que é a disciplina, reforçada pela cultura 
religiosa local. Juntamente com o Microcrédito, é oferecido uma gama de serviços de 
transformação social, como bolsas de estudo para as crianças, monitoramento da 
moradia, do saneamento, do acesso a água potável e também da capacidade de os 
clientes enfrentarem situações de emergência e desastres. 
 Com sede localizada em Dhaka, Bangladesh, o Banco conta hoje com 2.5015 
pontos de atendimento e já emprestou o equivalente a US$ 7,04 bilhões para 7,5 
milhões de pessoas (97% são mulheres). Presta serviços em 82.072 aldeias, 
cobrindo cerva de 97% do total de vilas de Bangladesh. O Grameen recebe de volta 
98,85% dos empréstimos que concede, o que representa uma invejável taxa de 
inadimplência 1,15%. 
 Seu modelo de relacionamento, bem como a sua metodologia de crédito vai 
de encontro ao modelo bancário convencional, cujos serviços são baseados em 
garantias reais e as relações baseada em massificação e tecnologia. “A metodologia 
de Grameem não é baseada na avaliação da posse material de uma pessoa, mas no 
potencial que ela traz consigo”. O pagamento dos empréstimos é facilitado pela 
pulverização do capital emprestado em prestações semanais muito baixas, e que 
podem se estender por até um ano. (Fonte: Portal Grameen). 
 Em outubro de 1083, o projeto de Grameen Bank adquiriu formalmente o 
status de Banco por meio de lei especial promulgada para sua criação. Hoje, o 
Grameen Bank é propriedade dos seus tomadoras de crédito, que possuem 90% 
das suas ações, enquanto as 10% restantes pertencem ao governo. 
 Em 2006, o Grameen Bank foi agredido, juntamente com o seu fundador, com 
o Prêmio Nobel da Paz. Naquele instante o mundo ratificou a tese de que o crédito é 
um direito humano, como a liberdade – todo ser humano tem direito a crédito. 
 16 
2.6 BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO 
O Banco Comunitário de Desenvolvimento é um grupo de comunidade, 
formado por membros interessados no desenvolvimento local que se unem para 
criar possibilidade de acesso ao crédito de forma simples e desburocratizada. Cada 
beneficiário pode ganhar treinamento para aprender, por exemplo, como deve 
poupar e investir suas economias. 
 Segundo o Instituto Banco Palmas4 (2006, p. 7), “são serviços financeiros 
solidários em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração 
de trabalho e renda, tendo por base os princípios da Economia Solidária”. 
A experiência dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento5 iniciou-se em 
1998 com a implantação do Banco Palmas, no Conjunto Palmeira, Fortaleza – CE. A 
partir de 2003, a metodologia de finanças solidárias dos Bancos Comunitários de 
Desenvolvimento passou a ser discutida em vários municípios enquanto um 
instrumento eficaz na geração de renda para mais pobres. No ano seguinte, em 
Setembro de 2004, surgiu no município de Paracuru – CE um segundo Banco 
Comunitário de Desenvolvimento, denominado Banco PAR. Já em 2005, foram 
fundados no Estado do Espirito Santo o Banco BEM, em Vitória, e o Banco Terra, 
em Vila Velha. Ainda naquele ano, foram constituídos outros Bancos Comunitários 
de Desenvolvimento no estado do Ceará: o Banco Serrano, em Palmácea, e o 
BASSA, em Santana do Acaraú. 
 Diante dessa realidade, a Secretaria Nacional de Economia Solidária, dentro 
de suas estratégias de finanças solidárias, firmou parceria com Instituto Banco 
Palmas para apoiar a consolidação da metodologia dos Bancos Comunitários de 
Desenvolvimento, fomentando a criação de novos Bancos no Ceará e em outros 
estados do Brasil, o que culminou com a criação de Rede Brasileira de Bancos 
Comunitários de Desenvolvimento. 
Em Janeiro de 2006, o Banco Popular do Brasil integrou-se, como parceiro, à 
Rede de Bancos Comunitários e vem garantindo, de acordo com s critérios de 
Programas Governamentais, linhas de crédito para os Bancos. 
 A Rede conta com 12 Bancos implantados – oito no Ceará, dois no Espírito 
Santo um na Bahia e um no Mato Grosso do Sul, conforme demonstrado na tabela a 
seguir: 
 
 17 
Quadro 1: Rede Brasileira de Bancos Comunitários. 
Município/Estado Comunidade de 
Atuação/Populaçã
o 
Nome do Banco Moeda 
Social 
Entidade Responsável pela 
Execução 
Fortaleza – CE Conjunto Palmeira 
(30.000 hab.) 
Banco Palmas Palmas Associação dos Moradores 
do Conjunto Palmeira 
Simoes Filho BA Santa Luzia (500 
hab) 
Banco 
Comunitário Eco-
Luzia 
Eco-Luzia Associação de Moradores de 
Santa Luzia 
Maranguape – CE Sapupara (3.000 
hab) 
Banco dos 
Empreendedores 
de Maranguape 
Prata CREDMACIÇO – Ong 
Santana do Acaraú 
– CE 
Todo o Município 
(26.000 hab.) 
Banco BASSA Santana Fórum dos Assentamentos 
de Santana do Acaraú 
Palmácea – CE Todo o Município 
(10.000 hab.) 
Banco Serrano Palmeira Associação para o 
Desenvolvimento 
Sustentável de Palmáxea 
Maracanaú – CE Pajuçara (40.000 
hab.) 
Paju Maracanã Concelho Comunitário de 
Pajuçara 
Irauçuba – CE Missi (3.000 hab.) BANCART Ta Associação dos Artesãos de 
Missi 
Beberibe – CE Todo o Municipio 
(18.000hab.) 
BANDESP Ab Fórum dos Assentados de 
Beberibe 
Paracuru – CE Boa Esperança e 
Riacho Doce 
(3.500 hab.) 
Banco PAR Par Associação Banco PAR de 
Desenvolvimento e 
Economia Solidária 
Dourados – MS Todo o Município 
(18.000 hab.) 
Banco PIRAPIRÊ Pirapirê Mulheres em Movimento 
Vitória – ES Bairro da Penha, 
São Benedito e 
Itararé (22.000 
hab.) 
Banco BEM Bem Associação de artesãos 
Ateliê de Ideias – Artidéias 
Vila Velha – ES Barro Vermelho 
(10.000 hab) 
Banco Terra Terra MOVIVE 
 
Fonte: Instituto Banco Palmas. 
 
2.6.1 Características 
As principais características dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento: 
• São criados e geridos pela própria comunidade, proprietária dos mesmos; 
• Atuam sempre com duas linhas de crédito: uma em Reais e outra em 
moeda social circulante; 
• Suas linhas de credito estimulam a criação de uma rede local de produção 
e consumo promovendo o desenvolvimento endógeno do território – fazer com que 
as economias gerem riquezas dentro da própria comunidade; 
• Apoiam os empreendimentos em suas estratégias de comercialização 
(feiras, lojas solidárias6, central de comercialização e outros); 
• Atuam em territórios caracterizados por alto grau de exclusão, 
vulnerabilidade e desigualdade social; 
• Então voltados, sobretudo aos beneficiários de programas assistenciais 
governamentais e de políticas compensatórias; e 
 18 
• Sua sustentabilidade em curto prazo, funda-se na obtenção de subsidio 
justificados pela utilidade social de suas práticas. 
 
2.6.2 Objetivo 
O objetivo de um Baco Comunitário é promover o desenvolvimento de 
territórios de baixa renda, por meio do fomento à criação de redes locais de 
produção e consumo, baseado no apoio às iniciativas de economia solidária em 
seus diversos âmbito, como: empreendimentos sócio produtivo, de prestação de 
serviços, de apoio à comercialização (mercadinhos, lojas e feiras solidárias) e 
organizações de consumidores, tendo o seu escopo de atuação mais amplo que o 
mero processo de crédito, visando o desenvolvimento do ser humano. 
 
2.6.3 Estrutura de Gestão 
 Os Bancos Comunitários são geridos no interior de estruturas de organização 
de caráter comunitário (associação, fóruns, conselhos etc.) ou outros tipos de 
iniciativas da sociedade civil que estejam inseridas na comunidade (sindicatos, 
ONGs, igrejas etc). Seu funcionamento supõe, portanto, a constituição executiva no 
seio da própria organização associativa. Sua gestão implica, desse modo, em uma 
dimensão compartilhada, com forte componente de controle social baseados em 
mecanismos de democracia direta. 
 
2.6.4 Manutenção 
Sua manutenção se dá via captação de recursos e constituição de um fundo 
solidário de investimento comunitário. Este fundo constitui-se de múltiplas fontes de 
recursos, entre doação de pessoas físicas e jurídicas, cotização e prestações de 
serviços mercantis não concorrenciais. 
 
2.6.5 Público-Alvo 
Voltam-se prioritariamente para um público caracterizado pelo auto grau de 
vulnerabilidade social. Contudo, pela sua condição de iniciativa cidadã focada no 
desenvolvimento do território, tais experiências devem também envolver outros tipos 
de público em alguma segmentação de mercado, como jovens, mulheres, 
comerciantes, novos empreendedores etc. 
 
 19 
 
2.6.6 Área de Abrangência 
Atuam prioritariamente em territórios com até 50.000 habitantes, 
possibilitando que a metodologia funcione adequadamente. É possível que se tenha 
mais de um Banco Comunitário em funcionamento no mesmo bairro ou município. 
. 
2.6.7 Produtos e Serviços 
Os Bancos Comunitários que formem parceria como correspondente Bancário 
de instituição financeiras, oferecem as seguintes modalidades de produtos e 
serviços financeiros: 
• Moeda social circulante local; 
• Crédito solidário por meio de concessão delegada junto a agentes 
financeiros, (Banco Popular do Brasil, CEF etc); 
• Credito para financiamento de empreendimento solidários; 
• Crédito para consumo pessoal e familiar; 
• Cartão de crédito popular solidário; 
• Abertura de extra de conta corrente; 
• Depósito em conta corrente; 
• Saques contra recibo ou com cartão magnético; 
• Os Comunitários Recebimento de títulos e convênios (agua, luz, telefone 
etc.); 
• pagamento de benefícios. 
 
2.7 MOEDA SOCIAL 
Moeda Social Local Circulante, chamada de circulante local, é uma moeda, 
complementar ao Real (Moeda Nacional – R$), criada pelo Banco Comunitário. O 
circulante local objetiva fazer com que o “dinheiro” circule na própria comunidade, 
ampliando o poder de comercialização local, aumentando a riqueza circulante na 
comunidade e gerando trabalho e renda. Desta forma, a Moeda Social torna-se 
componente essencial nas estratégias dos Bancos Comunitários. O créditos em 
Reais podem ajudar no crescimento econômico do bairro ou município, gerando 
novas riquezas, mas são as moedas sociais que asseguram o desenvolvimento ao 
favorecer que essa riqueza gerada circule no próprio bairro ou município. 
 
 20 
2.7.1 Características 
• O circulante local, no caso dos Bancos Comunitários, tem lastro na moeda 
nacional, o Real (R$). Ou seja, para cada moeda emitida, existe no banco 
comunitário, um correspondente em Real; 
• As moedas sociais são produzidas com componentes de segurança (papel 
moeda marca d`água, código de barra números serial) para evitar falsificação; 
• A circulação é livre no comércio local e geralmente quem compra com a 
moeda social recebe um desconto promovido pelos comerciantes e produtores para 
incentivar o uso da moeda na comunidade; 
• Qualquer produtor/comerciante adastrado no Banco Comunitário pode trocar 
moeda social por Reais, caso necessite fazer uma compra ou pagamento fora da 
comunidade. 
• O controle e as riquezas geradas pela moeda, ficam na comunidade. 
 
2.7.2 Meios de Acesso ao Circulante Local 
As formas de um produtor ou morador conseguir acesso à moeda social 
circulante local são: 
• Fazendo empréstimos em moeda social no Banco Comunitário, chegando 
em alguns casos a não ter juros. 
• Prestando serviços para alguém da comunidade que tenha o circulante local. 
• Trocando reais por circulante local, diretamente na sede do Banco 
Comunitário. 
• Sendo Membro de algum empreendimento produtivo, percebendo seus 
resultados parte em moeda real e parte em moeda social, mediante ao acordo com 
todos. 
 
2.8 IMPORTÂNCIA DOS BANCOS COMUNITÁRIOS DE 
DESENVOLVIMENTO 
Os Bancos Comunitários oferecem vários serviços financeiro para a 
comunidade. Alguns desses serviços são oriundos de parcerias com bancos 
públicos na forma de correspondente bancário. Tais parcerias possibilitam aos 
Bancos Comunitários levar às comunidades mais longínquas ou àquelas 
caracterizadas pela pobreza econômica – onde um banco comercial não teria 
interesse em implantar uma agencia, por exemplo – serviços bancários somente 
 21 
disponíveis na rede de banco convencionais. 
Tais serviços, geridos pela própria comunidade, contribuem para reforçar as 
relações de proximidade, confiança e convivência entre população atendida, pois 
funcionam como instrumentos de valorização das pessoas, criação de laços afetivos, 
acolhimento mobilização e organização da comunidade. São os chamados serviços 
mercantis, pois transforma um simples pagamento de conta de agua, por exemplo, 
em uma ferramenta de transformação humana e social. 
 
2.8.1 Assistência no Processo de Organização da Comunidade 
A implantação de um Banco Comunitário exige um alto poder de organização 
e mobilização da comunidade. Reuniões para se decidir sobre a criação ou não do 
banco; eleição ou ratificação da organização social que irá geri-lo; discursão sobre o 
seu funcionamento e estratégia; nomeação de administradores e agentes de crédito 
etc. todo esse processo por si só mobiliza a comunidade e colabora para articular os 
atores sociais da região. Como consequência,a comunidade irá cobrar, exigir 
resultados e influenciar na execução das atividades do banco exercendo assim um 
controle social sobre o mesmo. 
A contribuição de Banco Comunitário vai muito além de serviços financeiros. 
Seu modus operandi é todo pautado na lógica da confiança e da 
complementaridade, o que exige diálogo e organização d comunidade. A estratégia 
de desenvolvimento econômico organiza e financia produtores e consumidores, 
colocando-os em constante comunicação e interação. Os créditos são concedidos 
por intermédio do “aval de vizinhança”, onde um vizinho avaliza o comportamento 
ético de outro. 
Essa relação permanente banco x morador produtor x comerciante cria 
sinergia para um processo de mobilização comunitária muito forte. E esse processo 
participativo constitui parte importante do DNA de um Banco Comunitário de 
Desenvolvimento. Se não houver uma intensa participação da comunidade a 
metodologia não irá funcionar. Por estes motivos os Bancos Comunitários também 
são escolas de formação onde se aprende a ser cidadão de forma ativa. 
 
2.8.2 Visibilidade e Credibilidade da Comunidade e da Organização 
Comunitária 
O desafio e a ousadia de implantar um Banco Comunitário de 
 22 
Desenvolvimento, oferecendo crédito e outros serviços financeiros para a 
comunidade, elevam o bairro ou município e a associação gestora do banco a um 
patamar de destaque na região onde se situa. 
Pelo fato de serem propriedade da comunidade e geridas por uma associação 
comunitária local; por serem sempre implantadas em locais fortemente 
caracterizados pela pobreza econômica, portanto carentes de serviços públicos e 
financeiros, tornando-os relevantes para o desenvolvimento do território; e por 
operarem com uma moeda social circulante, situação nunca antes vivenciada pelas 
comunidades e estranha ao cotidiano da economia, os Bancos Comunitários tornam-
se destaques na grande mídia sendo frequentemente pautados por ela. 
Essa visibilidade pode se tornar uma ferramenta poderosa para comunidade, 
pois aumenta sua credibilidade como espaço de inovação e empreendedorismo 
social. A imagem do banco fica vinculada ao próprio bairro ou município. 
 
2.8.3 Foco no Desenvolvimento do Território e Potencialização das 
Capacidades Territórios 
O Banco Comunitário não se preocupa apenas com seus aspectos internos, 
com os seus tomadores de crédito, com um outro segmento produtivo, com os 
comerciantes, com os artesãos, agricultores, assentados etc. Todos esses 
segmentos são importantes para o banco e são trabalhados com a visão sistêmica 
de que compõe o tecido social do território. O Banco constrói redes locais que 
integram simultaneamente produtores e consumidores de maneira geral. 
Toda a dinâmica de um Banco Comunitário leva a grandiosos processos de 
aprendizagem das lideranças locais e da comunidade como um todo. Aprendizado 
no campo econômico e financeiro, na relação com o poder público, no 
gerenciamento dos conflitos, na interação com os meios de comunicação e em 
muitos outros campos. A comunidade, assim, se empodera e participa de forma 
decisiva nas discussões do bairro ou município. Esse fortalecimento faz surgir novas 
lideranças, desencadeiam outras lutas, levam a inquietação, mobilização e 
participação cidadã da população. 
 
2.9 O BANCO PALMAS 
O prelúdio da história do Banco Palmas é a própria formação do Conjunto 
Palmeira, entre os anos de 1973 e 1976. Cerca de 1,5 mil famílias foram deslocadas 
 23 
para lá, então uma região alagadiça e de muita vegetação, desassistida de qualquer 
serviço e com sérios problemas de infraestrutura urbana, como a falta de água, 
saneamento básico e transporte. Desse modo fez-se perceptível a necessidade da 
iniciativa popular para a resolução dessas questões que marcavam negativamente a 
comunidade, o que se deu por intermédio de pressão junto ao poder público. 
Já no final daquela época, insinuam-se os primeiros resultados: surgem a 
Emergência Comunitária, a primeira igreja católica, comunidades eclesiais de base, 
a Juventude Cristã, a Casa de Parto, a Escola de 1o Grau, o Centro Social Urbano e 
o Posto de Saúde. O ano de 1979 foi de acelerado crescimento para comunidade, 
quando novas quadras foram abertas e mais pessoas chegaram em busca de 
habitação. 
Essas conquistas, obtidas por meio da organização popular, provaram assim 
ser uma possibilidade real a transformação daquela área e, desse modo, a 
comunidade decidiu ampliar seu movimento social em busca de melhorias urbanas 
criando a Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira – ASMACONP, em 
1981, fato de imensa relevância no contexto do desenvolvimento histórico da 
comunidade, posto que a Associação passou a representar a vontade popular. 
Destaca-se a conquista, em 1988, da distribuição de agua para o Conjunto, 
após insistentes campanhas junto ao poder público. 
Com outras grandes conquistas advindas do movimento popular – canal de 
drenagem e inclusão da comunidade em programa de saneamento urbano municipal 
– em 1997, após a realização de um encontro de avaliação, na forma de um 
seminário denominado “Habitando o inabitável”, chegou-se à conclusão de que o 
bairro já estava urbanizado, mas a pobreza econômica dos moradores havia 
aumentado. O bairro mesmo havendo conquistado muito, ainda sofria com o 
desemprego, pouca circulação local de renda e pobreza. O seminário, por fim, 
deliberou pela criação de um projeto de geração de trabalho para o bairro. Esse 
projeto, inaugurado em 1998 e que pouco tempo depois se transformaria em uma 
das instituições mais importante do bairro, recebeu o nome do Banco Palmas, e foi 
inspirado no trabalho realizado pelo economista Muhammad Yunus, alunos e outros 
professores do curso de economia da Universidade Chittagong, em Bangkadesh, o 
Grameen Bank. 
O Banco Palmas é, portanto, um projeto de desenvolvimento local, pautado 
nos valores da cooperação e da solidariedade, desenvolvido pela Associação dos 
 24 
Moradores do Conjunto Palmeira, um assentamento localizado na periferia sul do 
município de Fortaleza – CE, que por meio da organização dos moradores – 
remanejados da área de risco de inundação e de outras áreas situadas em vetores 
de expansão urbana e grande potencial especulativo – conquistou sua urbanização 
ao longo dos anos 90. 
“É um sistema integrado que organiza e articula os moradores do Conjunto 
Palmeira para produzirem e consumirem no próprio bairro, articulados em rede” 
(MELO NETO SEGUNDO; MAGALHÃES, 2003, p. 18). 
O Banco desenvolveu um sistema econômico comunitário que conta com uma 
linha de microcrédito solidário para produtores e consumidores, instrumentos de 
incentivo ao consumo local (cartão de crédito e moeda social circulante) e 
alternativas de comercialização (feiras e loja solidária), promovendo, localmente, 
geração de trabalho e renda para os mais pobres. Com isso, o Banco Palmas 
quebra o paradigma do pobre produzir para o rico consumir, fazendo com que se 
rompa o pacto da mediocridade onde o rico tem pena do pobre e dá esmola, mas o 
rico e o pobre continua pobre. 
 
2.9.1 Objetivo da Instituição 
O objetivo do Banco Palmas é proporcionar o desenvolvimento local e 
solidário do Conjunto Palmeira, a baixo custo e de forma sustentável, melhorando a 
quantidade de vida seus moradores (MELO NETO SEGUNDO e MAGALHÃES; p. 
18). 
 
2.9.2 Dificuldades Enfrentadas 
Ao longo de sua existência, os dirigentes do Banco Palmas têm lutado para 
transpor obstáculos com a cultura do individualismo e da competição arraigada na 
sociedade; a indisponibilidade financeira para atender as demandas da rede; 
necessidade premente da população por respostas mais imediatas; e a 
desconfiança da população na capacidade de membros da própria comunidade 
implantar soluções econômicas alternativas, viáveis e seguras ao ponto de 
investirem seus recursos financeiros e humanos. 
 
2.9.3 Mobilização e FuncionamentoPor intermédio de programas nas rádios do bairro e assembleias de sócios, o 
 25 
Banco Palmas divulga suas ações e mobiliza os moradores para a constituição de 
uma rede local de economia solidária. O processo de constituição de renda tem 
índice a partir do mapeamento da produção e do consumo do bairro. 
Um sistema de microcrédito estimula a produção local para satisfazer a 
demanda de consumo existente e, meio de instrumento como cartão de crédito e 
moeda local, os consumidores são incentivados a adquirir produtos e serviços dentro 
da própria comunidade. Todos os grupos produtivos investem seus excedentes na 
própria rede objetivando o seu crescimento e gerando mais postos de trabalho. 
Há ainda programas complementares que dão suporte à rede como: 
 
• Empreendimentos produtivos financiados pelo Banco Palmas, direcionados 
para o atendimento de demanda locais e ainda carentes de uma estratégia de 
comercialização para fora do bairro: 
- PalmaFashion – grupo produtivo que confecciona moda jovem, peças 
íntimas, fardamento etc; 
-PalmArt – grupo produtivo de artesanato, que utiliza técnicas de fuxico10 e 
estamparia; 
-PalmaLimpe – microempresa formal que produz material de limpeza 
(detergente, cera líquida, amaciante etc.) e emprega jovens capacitados pela 
Prefeitura Municipal; 
-PalmaNatus – grupo produtivo de sabonetes artesanais e fitoterápicos. 
• Clube de trocas com moeda social, que é uma articulação entre produtores 
de serviços e consumidores do bairro, que se reúnem periodicamente para a troca 
de bens e serviços, utilizando a moeda social. 
• Escola Comunitária de Socioeconomia Solidário – Palmatech na sede da 
associação que oferece oficinas e cursos diversos de capacitação profissional e 
gestão empresarial solidária. 
• Incubadora para mulheres em situação de risco nutricional que visa integra-
las ao circuito produtivo, de forma a garantir-lhes cidadania e renda que lhes 
assegure o acesso ao alimento. É um espaço na própria associação equipada com 
sala, cozinha, refeitório, banheiros e galpão para oficinas, cursos profissionalizantes 
e ateliê de produção. 
• Laboratório de Agricultura Urbana na sede da Associação, onde se cultiva 
plantas medicinais, hortaliças, frutas e flores, e criam-se galinhas caipiras. Comporta 
 26 
ainda um minhocário e um tanque de compostagem de lixo orgânico. É o local onde 
as famílias aprendem práticas agrícolas orgânicas para desenvolverem nos quintais 
de suas residências. O Banco Palmas oferece a essas famílias uma linha de crédito 
especifica para a criação de galinhas caipiras, chamada Palmoricó. 
• Projeto de capacitação profissional e geração de trabalho e renda para 
jovens de 16 a 24 anos, denominado de Bairro-Escola de Trabalho, em que os 
próprios empreendimentos do bairro (comércio, indústrias e serviços) capacitam e 
empregam os jovens da comunidade. 
Os anos de 1998 até 2007 tiveram, portanto, um novo e importante 
protagonista institucional: o Banco Palmas. Em 30.11.2007, o Conjunto Palmeira foi 
elevado a bairro, após 35 anos, em reconhecimento às conquistas de sua população 
no campo da urbanização e acesso a serviços públicos. 
 
2.9.4 Impacto das Ações do Banco Palmas no Conjunto Palmeira 
Segundo SILVA JÚNIOR (2008, p. 84), existe na comunidade do Conjunto 
Palmeira a unanimidade que o Banco Palmas trouxe uma visibilidade para todo o 
bairro, promovendo ganhos para todas as organizações e cidadãos locais. Além 
disso, o Conjunto Palmeira, nos dias atuais, é muito mais citado nos cadernos de 
economia dos jornais que nas páginas policiais, diferentemente ao que ocorria anos 
atrás. Também são significativos os impactos relacionados ao aumento do consumo 
nos comércios locais e de circulação de riqueza no bairro. A principal razão está na 
iniciativa de o Banco Palmas implementar o uso do cartão de crédito local – o 
Palmacard – e da moeda social – Palma. 
Outros impactos proporcionadores de ganhos coletivos estão arrolados à 
questão da ênfase na educação, cultura e formação dos jovens do bairro. Antes 
mesmo da criação da Palmatech, o Banco já apoiava iniciativas, como o grupo de 
teatro “Flores do Lixo”, de onde saíram diversas lideranças juvenis que hoje se 
apresentam como líderes do fruto para o Conjunto Palmeira. O investimento na 
educação, por meio de cursos de formação em Economia Solidária, formação de 
Consultores Comunitários, Incubadora Feminina etc., tem proporcionado melhoras 
nos indicadores da educação formal da população local. 
O projeto Bairro-Escola de Trabalho tem efeitos impactantes causados na 
vida dos jovens e dos compreendimentos capacitadores que participam do projeto 
conduzido pelo Banco Palmas. Com o projeto, que proporciona ao jovem um 
 27 
aprendizado profissionalizante teórico acompanhado da pratica – realizada em um 
empreendimento capacitador do bairro – ganha o jovem ao prender uma profissão, 
montar um negócio e (ou) garantir um emprego, e ganha o estabelecimento ao 
“oxigenar” sua mão-de-obra, renovar os ensinamentos proporcionados pelas 
atividades realizadas no negócio além de ter mão-de-obra qualificada a custo zero. 
Considerando uma recente pesquisa feita pelo Laboratório Interdisciplinar de 
Estudos em Gestão Social (LIEGS), da Universidade federal do Ceará, a cerca d 
2.650 moradores do bairro, SILVA JÚNIOR (2008, p. 72) ressalta a provação do 
Banco Palmas por 98% dos entrevistados, quando apontado se o Banco havia 
contribuído parao desenvolvimento do Conjunto Palmeira. 
Averiguou-se também que 90% dos entrevistados afirmou ter o Banco Palmas 
contribuindo para a melhoria de suas qualidades de vida. Ao serem questionadas 
“como?”, as respostas que mais aparecem saltaram aos olhos em virtude de 
estarem exatamente no escopo principal de atuação do Banco Palmas no Conjunto 
Palmeira: os investimentos em geração de trabalho e renda no bairro. 
Segundo a pesquisa, a melhoria na qualidade de vida alcançada demonstrou-
se da seguinte forma: os pesquisados defenderam em 25,25%, que houve aumento 
na sua renda pessoal; outros 20,2% foram precisos ao afirmar que conseguiram 
trabalham; 23,23% conheceram outras pessoas; 12,12% trouxeram outros projetos; 
11,11% ficaram amis conhecidos 5,05% ficaram mais interessados nos estudos; e 
1,01% afirmaram terem contribuído para o crescimento do bairro. 
Os dirigentes de organizações locais também citaram o Plano Local de 
Investimento Estratégico – PLIES, realizado no Conjunto Palmeira em Julho de 
2003, sob a coordenação de Banco Palmas, como um projeto que gerou impactos 
importantes, uma vez que uma dezena de projetos foi executado para melhoria 
coletiva do bairro, daquele ano até o final de 2007. Destaca-se dentre esses projetos 
derivados do PLIES, com algumas alterações, o próprio Bairro-Escola e a elevação 
da carteira de microcrédito do Banco Palmas que favoreceu a ampliação dos 
empréstimos concedidos aos empreendedores locais para melhoria no seus 
negócios. 
 
 
 
 
 28 
3. CONCLUSÃO 
O cadastramento nacional dos empreendimentos da Economia Solidaria, 
efetuado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, do Ministério 
do Trabalho e Emprego, identificou o acesso ao crédito como um dos maiores 
problemas apontados pelos empreendedores desse setor (SENAES/TEM, 2005). 
No Brasil, o acesso ao microcrédito, por empreendedores de baixa renda, é 
impossibilitado pelo sistema financeiro tradicional que exclui por não poderem 
apresentar garantias de pagamento. Uma estratégia apoio ao desenvolvimento de 
atividades geradoras de trabalho e renda são as microfinanças. O acesso ao crédito 
produtivo e a serviços financeiros de apoio familiar destinados a populações 
desfavorecidas tem por objetivo sua inserção produtiva no s circuitos 
socioeconômicos, gerando um ciclo econômico virtuoso de redistribuição da riqueza. 
 As Instituições Operadoras de Microfinanças, como os Bancos Comunitários 
de Desenvolvimento,além de buscar a geração de renda para empreendedores 
excluídos do sistema financeiros nacional estão focadas em implantar uma nova 
lógica de sistema financeiro, organizando sistemas de créditos alternativos, moedas 
sociais complementares e outros serviços financeiros que promovam a inclusão 
social. 
O melhor exemplo de uma nova lógica de sistema financeiro é projeto 
Grameen Bank, da Bangladesh, cujo trabalho requer metodologia exclusiva e 
subjetiva, fundamentada na construção gradativa de uma relação reciproca de 
confiança entre o Banco e seus mutuários, organizados em uma forma rede, de base 
comunitária, construída especialmente por mulheres, onde a palavra-chave é a 
solidariedade. Somente os bancos comunitários possuem agilidade necessária e 
braços longo o suficiente para chegar aos mais pobres, pois só eles têm a liberdade 
de agir sem burocracia com taxas de juros e análise cadastrais suportáveis. 
São eles que tem coragem suficiente para correr risco de investir nos pobres 
e a ousadia para construir redes de economia solidária operando com moedas 
alternativas e mecanismos de solidariedade que desafiam a competição capitalista. 
Enfim entende-se que a solução de microfinanças apresentada pela rede de bancos 
comunitários é de grande importância no desenvolvimento de comunidades 
carentes, vez que assegura-se, por meio do crédito, o direito dos mais pobres de 
produzir e de consumir, direitos básicos para um processo de desenvolvimento local. 
 29 
REFERÊNCIAS 
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sistema financeiro. Pesquisa e Debate, Dossiê Microfinanças no Brasil. São 
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