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Brasília - DF 2016 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO ESPECIALIZAÇÃO EM AGRONEGÓCIO BANCOS COMUNITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL Brasília - DF 2016 BANCOS COMUNITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialização em Agronegócio. Orientador: Prof. Luciane Koetz Bancos comunitários e desenvolvimento territorial. 2016. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Agronegócio – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Brasília-DF, 2016. RESUMO Essa monografia como objetivo geral visa apresentar a importância dos bancos comunitários como trabalho e renda para a população excluída do grande sistema financeiro. Nesse sentido ser através de fundamentação teórica é feita uma explanação sobre o Banco Palmas localizado em Fortaleza-CE, que se mostra empenhado na economia solidária com as microfinanças e operações de microcrédito, corroborando efetivamente para defesa da criação dos bancos comunitários. Ao término desta monografia contata-se que os bancos comunitários possuem agilidade necessária e braços longo o suficiente para chegar aos mais pobres, pois só eles têm a liberdade de agir sem burocracia com taxas de juros e análise cadastrais suportáveis. Palavras-chave: Bancos comunitários. Sistema financeiro. Microcrédito. Microfinanças. Bancos comunitários e desenvolvimento territorial. 2016. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Agronegócio – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Brasília-DF, 2016. ABSTRACT This monograph general objective is to present the importance of community banks as work and income for the population excluded from the major financial system. In this sense be through theoretical foundation is made an explanation of the Banco Palmas located in Fortaleza, shown engaged in solidarity economy with microfinance and microcredit operations, corroborating effectively to defend the creation of community banks. At the end of this monograph contact that community banks have required agility and arms long enough to reach the poorest, because only they have the freedom to act without bureaucracy with interest rates and supportable cadastral analysis. Key-words: Community banks. financial system. Microcredit. Microfinance. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 8 2.1 ECONOMIA SOLIDÁRIA ....................................................................................... 8 2.2 MICROFINANÇAS ............................................... Erro! Indicador não definido.0 2.3. MICROCRÉDITO ................................................ Erro! Indicador não definido.2 2.4 INSTITUIÇÕES OPERADORAS DE MICRIFINANÇAS (IMF) ............................ 13 2.5 GRAMEEN BANK – EXPERIÊNCIA DE MICROFINANÇAS INTERNACIONAL ... 14 2.6 BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO ...................................... 16 2.6.1 Características ............................................................................................. 17 2.6.2 Objetivo ........................................................................................................ 18 2.6.3 Estrutura de Gestão ..................................................................................... 18 2.6.4 Manutenção ................................................................................................. 18 2.6.5 Público-Alvo ................................................................................................ 18 2.6.6 Área de Abrangência.................................................................................... 19 2.6.7 Produtos e Serviços ..................................................................................... 19 2.7 MOEDA SOCIAL .................................................. Erro! Indicador não definido.9 2.7.1 Características ............................................................................................. 20 2.7.2 Meios de Acesso ao Circulante Local .......................................................... 20 2.8. IMPORTÂNCIA DOS BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO .. 20 2.8.1 Assistência no Processo de Organização da Comunidade .......................... 21 2.8.2 Visibilidade e Credibilidade da Comunidade e da Organização Comunitária .......... 21 2.8.3 Foco no Desenvolvimento do Território e Potencialização das Capacidades Territórios ............................................................................................................ 22 2.9 O BANCO PALMAS ............................................................................................ 22 2.9.1 Objetivo da Instituição .................................................................................. 24 2.9.2 Dificuldades Enfrentadas ............................................................................. 24 2.9.3 Mobilização e Funcionamento ...................................................................... 24 2.9.4 Impacto das Ações do Banco Palmas no Conjunto Palmeira ...................... 26 4 CONCLUSÃO ............................................................ Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29 6 1 INTRODUÇÃO A presente monografia foi elaborado para cumprir as exigências de apresentação de trabalho fina, obrigatório para a conclusão do Curso de Especialização em Gestão Social e Terceiro Setor, em que se pretende demonstrar a importância dos Bancos Comunitários como agentes de graduação de trabalho e renda para a população excluída do sistema financeiro. A relevância deste tema está na constatação de que o sistema financeiro tradicional brasileiro impossibilita o acesso ao crédito por parte daquela parcela da população que, desta forma, não consegue romper com o paradigma do seu status. O modelo aplicado pelo Sistema Financeiro Nacional, que protege os depositantes em detrimento dos demandantes de créditos, exclui a população empreendedora de baixa renda, que não possui as garantias e comprovações por ele exigidas, porém a hipótese trabalhada nesta monografia é a de que as instituições especializadas em microcrédito produtivo orientado podem promover o acesso ao crédito por meio de metodologias próprias. Assim, ante a divergência existente entre a demanda pelo microcrédito e a carência da oferta pelo Sistema, surge, uma das alternativas ao modelo tradicional, os Bancos Comunitários de Desenvolvimento, que são instituições sem fins lucrativos, registradas como OSCIP, e especializadas em modelos de crédito produtivo para atender à população de baixa renda. Diante disso, o objetivo desse trabalho é demonstrado a importância de instituições operadoras de microcréditos produtivo orientado – Bancos Comunitários – como instrumento de geração de trabalho e renda em comunidades carentes, tomando como exemplo a atuação do Banco Palmas no desenvolvimento do Conjunto Palmeira, em Fortaleza – CE. O modelo de bancos comunitários em operação no Brasil originou-se da experiência desenvolvida na comunidade do Conjunto Palmeira, que compõe o bairro São Cristóvão, localizado na periferia de Fortaleza – CE. Esse modelo se expandiu para outras comunidades do Brasilna forma de instituição independentes, mas que compartilham conhecimento e experiência de aplicação de crédito. Como objetivos especifico deste trabalho, passará a definir/caracterizar a Economia Solidaria, as microfinanças, as instituições operadoras de microcrédito produtivo orientado (neste caso os Bancos Comunitários de Desenvolvimento), as moedas sociais e, finalmente, a experiência estudada, o Banco Palmas. 7 Esta monografia está dividida em nove capítulos. Inicialmente busca circunstanciar o cenário em que está inserida a discussão dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento. Para tanto, explora nos capítulos 1,2 e 3, respectivamente, a economia solidaria enquanto sistema de desenvolvimento, as microfinanças de inclusão e o microcrédito como instrumento de desenvolvimento local integrado a solução alternativas ao sistema tradicional, como moeda social. Em seguida nos capítulos 4 e 5 apresenta o dispositivo responsável pelas operações de microfinança e desenvolve a ideia e o funcionamento de Gramean Bank o primeiro Banco do mundo especializado em microcrédito. O trabalho então introduz os Bancos Comunitários de Desenvolvimento, em seu capitulo 6, com suas características, objetivo, estrutura de gestão, manutenção, público-alvo, área de abrangência e seus produtos e serviços, dos quais destaca no capítulo seguinte a Moeda Social como instrumento de comercialização local, aumento de riqueza circulante na comunidade e gerador de trabalho e renda. No capítulo 8, mostra a importância da rede de bancos comunitários no desenvolvimento local das comunidades mais pobres e, finalmente, no nono e último capítulo, apresenta o grande modelo do Banco do Brasil, o Banco Palmas, modelo implemento no bairro de São Cristóvão, na periferia de Fortaleza – CE, onde o processo de desenvolvimento acontece nas premissas identificadas na economia solidária, microfinanças e microcréditos, alavancadas pela moeda social – o Palma. 8 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 ECONOMIA SOLIDÁRIA Nos últimos anos, a economia solidária vem se mostrando uma alternativa inovadora de geração de trabalho e renda e uma reposta a favor da inclusão social. Abrange uma multiplicidade de prática econômicas sociais e organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviço, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Nesse sentido, podemos compreender por economia solidária o conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizado sob a forma de autogestão. Considerando suas características de cooperação, autogestão e solidariedade, a economia solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integridade como sujeito e finalidade da atividade econômica. A proposta da economia solidária nasce da experiência prática de trabalhadores que ao longo da história, em diversos países, vêm procurando alternativas frente a desigualdade e à marginalização produzidas pela competição e relação de subordinação características do capitalismo. “A economia solidária surge como modelo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, criado e recriado periodicamente pelos que se encontram (ou temem ficar) marginalizados do mercado de trabalho.” (SINGER, 2000, p.13) Levando-se em conta essas características, a economia solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus resultados econômicos políticos e culturais são compartilhados pelos participantes sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, 9 considerando o ser humano na sua integridade como sujeito e finalidade de atividade econômica. No Brasil, a economia soldaria surgiu no fim do século XX como resposta dos trabalhadores às novas formas de exclusão e exploração no mundo do trabalho e expandiu-se a partir de instituição e entidades que apoiavam iniciativas associativas comunitárias e pela constituição e articulação de cooperativas populares, redes de produção e comercialização, feiras de cooperativismo e economia solidária, etc. As alterações estruturais, de caráter econômico e social, ocorridas no mundo nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional de relação capitalista de trabalho. O crescimento da informalidade e a precarização das relações formais afirmaram-se como tendência em uma conjuntura de desemprego, levando trabalhadores a se sujeitar a ocupações em que seus direitos sociais são abdicados para garantir sua sobrevivência. De outro lado, o aprofundamento dessa crise abriu espaço para o aparecimento e avanço de outras formas de organização do trabalho, consequência, em grande parte, da necessidade dos trabalhadores encontrarem alternativas de reação de renda. Experiências coletivas de trabalho e produção vê, se propagando nos espaços rurais e urbanos, por intermédio da cooperativas de produção e consumo, das associações de produtores, redes de produção consumo comercialização, instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas de autogestão, entre outras formas de organizações. Presentemente, a economia solidária tem se articulado em diversos fóruns locais e regionais, resultando na criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. Hoje, além do Fórum Brasileiro, existem 27 fóruns estaduais com milhares de participantes (empreendimentos, entidades de apoio a rede de gestores públicos de economia solidária) em todo território brasileiro. Foram fortificadas ligas e uniões de empreendimentos econômicos solidários e criaram-se novas organizações de abrangência nacional. Nos últimos anos, a economia solidária também vem recebendo apoio de governos municipais e estaduais. O número de programas de economia solidária tem crescido, com destaque para os bancos do povo, empreendedorismo popular solidário, iniciativas, existe hoje um movimento de articulação dos gestores públicos para promover troca de experiência e o fortalecimento das políticas públicas de economia solidária. 10 Em âmbito nacional, o Governo Federal em 2003 criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, que implementou o Programa Economia Solidária em Desenvolvimento com finalidade de promover o fortalecimento e divulgação da economia solidária mediante políticas integradas, visando o desenvolvimento por meio da geração de trabalho e renda com inclusão social. 2.2 MICROFINANÇAS A questão do acesso a serviços financeiros por populações de baixa renda tem sido, nos últimos anos, tema de destacada importância nos meios acadêmicos e no debate sobre políticas públicas. Prova disso é a instituição Organizações das Nações Unidas (ONU), do Ano Internacional do Microcrédito 2005 e a escolha do senhor Muhammad Yunnus, fundador do Grameen Bank, de Bangladesh, como Nobel da Paz, lembrando que solução apresentada ao mundo por Bangladesh é mais que uma solução bancária dos excluídos dos sistemas, portanto, uma solução de microfinanças. De acordo com Soares (2007, p.14), embora existam iniciativas históricas que possam ser enquadrados dentro das microfinanças, sua fase moderna se iniciouapenas nos anos 1970, com iniciativas de Organizações Não Governamentais (ONGs) especializadas e alguns poucos bancos. Estas iniciativas se baseavam em empréstimos sem garantias taxas de juros de mercado, negócios de curtíssimo prazo e uso de agentes de créditos para ir aos clientes, como foco exclusivo, nesse caso, para soluções de créditos. Para Caldas (2003, P. 4) “um sistema de microfinanças pode promover os cidadãos de diversos serviços financeiros, dentre os quais empréstimos, poupança e seguros”. Assim, define microfinança como o fornecimento de empréstimos, poupanças e outros serviços financeiros especializados para pessoas carentes. Os principais produtos das microfinanças são os de microcrédito (com base em empréstimos flexíveis), as micropoupanças (de curto, médio e longo prazo), os micros seguros (particularmente de vida e saúde), além de outros, como transferência de valores, finanças imobiliária e investimento financeiro. Para o grupo Consultivo de Assistência aos Pobres (CGAP), um consórcio de 33 agências de desenvolvimento públicas e privadas, com sede em Washington, DC 11 (EUA) e que trabalham em conjunto com o objetivo de expandir o acesso dos pobres a serviços financeiros, a microfinanças são a provisão de empréstimos, economias, e outros serviços financeiros básicos ao pobre. Pessoas que vivem na pobreza, como todas as outras, precisam de uma variedade diversa de instrumentos financeiros para dirigir os seus negócios, construir ativos, estabilizar o consumo, e precaverem-se contra riscos. Os serviços financeiros necessários aos podres incluem empréstimos para capital de giro, crédito para consumo, poupança, seguro e serviços de transferências de dinheiro. (Fonte: Portal CGAP). A PlaNet Finance, ONG dedicada à promoção do desenvolvimento socioeconômico por meio do apoio às microfinanças afirma o seguinte: É preciso lembrar que o microempresário e sua família estão expostos a uma precariedade social que tem um impacto no desenvolvimento de seu negócio. Uma doença inesperada, do microempresário ou de uma família, pode por exemplo, afetar diretamente a capacidade de reembolso de um empréstimo. O acesso a serviços financeiros diversificados, tais como a população a micro-seguro, o credito para a educação e para a saúde, aqui denominados crédito de apoio familiar, constitui, portanto, um fator importante na redução desta vulnerabilidade. Dessa forma, as microfinanças podem ser definidas como uma estratégia de apoio ao desenvolvimento de atividades geradoras de renda e emprego. O acesso ao credito e a serviços financeiros e apoio familiar destinado a populações desfavorecidas tem por objetivo sua inserção produtiva nos circuitos socioeconômicos, gerando um ciclo econômico virtuoso de redistribuição da riqueza. Por meio de uma metodologia de concessão de créditos especifica, baseada no conhecimento da situação socioeconômica do cliente, na avaliação de sua capacidade econômica – financeira e no acompanhamento da utilização dos produtos oferecidos até o fechamento do ciclo operacional, busca-se ir além do aspecto monetário dos serviços financeiros. Objetiva-se o estabelecimento de uma relação não-assistencialista entre instituições e cliente que permita desenvolvimento equilibrado e sustentável de atividades produtivas. 12 2.3. MICROCRÉDITO O microcrédito nasceu da necessidade de se criar uma alternativa de credito para as pessoas físicas e jurídicas do setor formal que não tem acesso ao sistema formal e informal que não tem acesso ao sistema formal de credito (sistema bancário tradicional) e desejam montar, ampliar ou obter capital de giro ou de investimento para um pequeno negócio. O conceito de microcrédito nega alguma das principais características do sistema tradicional de crédito. Tradicionalmente, o credito é fornecido baseado nas garantias, solidez, patrimônio e tradição financeira do pleiteante, na forma conhecida pelos “C`s”1 do crédito. Já o microcrédito é fornecido baseado principalmente na análise sócio- econômica do cidadão onde pesa, principalmente, a avaliação subjetiva relativa as intenções e potencialidade do cliente feito pelo Agente de Crédito – profissional capacitado para análise e avaliação da operação de credito – que utiliza os mesmos “C`s” do crédito porém de forma objetiva. Como exemplo podemos citar o primeiro “C” de análise de crédito, que é o Caráter. Para análise no modelo tradicional, os bancos utilizam os sistemas de proteção e disponíveis como o SPC, SERASA e CADIN. No caso do microcrédito, é utilizada a analise subjetiva do Agente que vai conhecer a pessoa, seus vizinhos e familiares e atesta a boa intenção do pequeno empreendedor. Poderíamos dizer que, enquanto o sistema de credito tradicional está calcado na agencia, suas normas e procedimentos de credito, o microcrédito está baseado no Agente de Crédito e na sua capacidade e avaliação do cliente. No sistema tradicional, o cliente vai ao banco. No microcrédito, o banco vai ao cliente – o Agente de Crédito visita a casa e (ou) negócio do cliente. Para o economista M. R. da SILVA (2002, P. 2) o microcrédito significa a realização de micro-empréstimos financeiros feitos aos pobres com a finalidade de torna-los auto - empregados de sucesso. Busca reduzir a pobreza e o desemprego. Esses empréstimos são realizados pelas chamadas Instituições Operadoras de Micro finanças (IMF). Para que possa ser efetivo, o microcrédito deve ser utilizado em conjunto com outros instrumentos de microfinança. Além do microcrédito, poupança e seguros são os outros dois serviços financeiros mais procurados pelos beneficiários. Se uma família pobre sofre algum tipo de “choque”, como uma enfermidade 13 que afeta um de seus componentes – um caso de desemprego inesperado, um desastre natural como secas ou enchentes, ou mesmo um problema não previsto com a sua plantação – ela pode estar preparada para enfrentar as dificuldades, desde que possua algum recurso previamente reservada para este fim. Essa é a principal razão pelo qual praticamente todas as famílias pobres poupam, dede que tenham a oportunidade de fazê-lo. 2.4 INSTITUIÇÕES OPERADORAS DE MICRIFINANÇAS (IMF) Para que as microfinanças sejam possíveis é necessária existência de uma instituição responsável pelas operações. A Instituição Operadora de Microfinança – IMF deve ser especializada no atendimento aos mais pobres, conhecendo o mercado que está inserida e o público-alvo, com suas características próprias, sua cultura regional e suas necessidades. Segundo a PlaNet Finance, as instituições de microfinança são intermediários financeiros que tem por objetivos garantir acesso ao credito a populações de baixa renda excluídas do sistema bancário tradicional, sendo assim grande fomentadoras da vocação empreendedora dos mais pobres, atuando microcrédito como instrumento de resgate da pobreza. Essas instituições segundo Silva (2002, p. 4) devem seguir e perseguir quatro princípios básicos: a) Profundidade de abrangência: os serviços devem atingir o objetivo básico chegar até os pobres, caso contrário seriam praticamente inúteis como instrumentos de redução imediata da pobreza. b) Sustentabilidade: a instituição encarregada de fornecer os empréstimos deve procurar ser financeiramente autossustentável. Isso somente será atingido caso os empréstimos efetuados sejam devidamente pagos pelos tomadores, logo, o órgão deve se acostumar a cobrar efetivamente os empréstimos realizados. c) Escala: é importante que o serviço possua uma ampla escala, ou seja, atinja um grande número de pessoas. Caso contrário ele irá beneficiar a poucos, não atingindo o objetivo de reduzir a pobreza. Além disso, operando com uma base reduzida de clientes, a IMF irá encontrar maiores dificuldades para a obtenção da sustentabilidade. d) Permanência: o microcréditosó conseguirá obter algum impacto efetivo 14 sobre as condições financeiras os necessitados caso seja um serviço que perdure ao longo do tempo, ou seja, forneça serviços financeiros de longo prazo. Bittencout (2005, p. 203) afim que a IMF convive com o dilema de ter que voltar para um público excluído do acesso ao sistema bancário formal, ajuda-lo a sair das camadas mais pobres e, ao mesmo tempo, envidar todos os esforços para manter em sua carteira a maior quantidade possível de clientes de maior renda que lhe ajude a alcançar e a manter a auto sustentabilidade. Nos programas de microcrédito, a própria IMF acaba se envolvendo de alguma maneira com os negócios de seus clientes. Isso pode ocorrer por intermédio da provisão de alguma espécie de acompanhamento, do fornecimento de certo grau de capacitação técnico-gerencial, ou ainda do auxílio na comercialização dos bens ou serviços produzidos pelo microempreendedor com o dinheiro emprestado, atuação típica de instituições de visão desenvolvimentista, como os Bancos Comunitários. 2.5 GRAMEEN BANK – EXPERIÊNCIA DE MICROFINANÇAS INTERNACIONAL O Grameen Bank é o primeiro banco especializado em microfinança no mundo. Foi idealizado e fundado em 1976, om o intuito de combater a pobreza, pelo Professor Muhammad Yunus, responsável pelo Programa Economico Rural da Universidade de Chittagong – Bangladesh. O Banco opera com auto sustentabilidade e auferiu em quase todos os anos. Segundo o sítio do Banco na internet (http://www.grameen- info.org/bank/hist.html), o Grameen foi concebido como um projeto de fornecimento de crédito para garantir serviços bancários voltados para a população excluída residente no meio rural. O projeto do Grameen (Grameen significa “aldeia” na língua bengali) entrou em operação com os seguintes objetivos: - estender serviços bancários a mulheres pobres; - eliminar a exploração do pobre por agiotas; - criar oportunidades de trabalho independente para a vasta multidão de desempregados de Bangladesh, especialmente no meio rural; - trazer os desamparados, em sua maioria melhores donas de casa, para um espaço organizacional que pudesse ser entendido e dirigido por eles; e 15 - inverter o antigo círculo vicioso do “rendimento baixo, economia baixa e investimento baixo”, para o círculo virtuoso do “rendimento baixo, injeção de crédito, investimento, mais rendimento, mais poupança a, mais investimento, mais rendimento”. Podemos inferir de seus objetivos que o Grameen tem um trabalho que requer uma metodologia exclusiva e subjetiva, fundamentada na construção gradativa de uma relação recíproca de confiança entre o Banco e seus mutuários. Em torno desse crédito organiza-se uma forte rede, de banco comunitária, constituída especialmente por mulheres, onde a palavra é a solidariedade. Não se pode excluir o outro pilar do Grameen que é a disciplina, reforçada pela cultura religiosa local. Juntamente com o Microcrédito, é oferecido uma gama de serviços de transformação social, como bolsas de estudo para as crianças, monitoramento da moradia, do saneamento, do acesso a água potável e também da capacidade de os clientes enfrentarem situações de emergência e desastres. Com sede localizada em Dhaka, Bangladesh, o Banco conta hoje com 2.5015 pontos de atendimento e já emprestou o equivalente a US$ 7,04 bilhões para 7,5 milhões de pessoas (97% são mulheres). Presta serviços em 82.072 aldeias, cobrindo cerva de 97% do total de vilas de Bangladesh. O Grameen recebe de volta 98,85% dos empréstimos que concede, o que representa uma invejável taxa de inadimplência 1,15%. Seu modelo de relacionamento, bem como a sua metodologia de crédito vai de encontro ao modelo bancário convencional, cujos serviços são baseados em garantias reais e as relações baseada em massificação e tecnologia. “A metodologia de Grameem não é baseada na avaliação da posse material de uma pessoa, mas no potencial que ela traz consigo”. O pagamento dos empréstimos é facilitado pela pulverização do capital emprestado em prestações semanais muito baixas, e que podem se estender por até um ano. (Fonte: Portal Grameen). Em outubro de 1083, o projeto de Grameen Bank adquiriu formalmente o status de Banco por meio de lei especial promulgada para sua criação. Hoje, o Grameen Bank é propriedade dos seus tomadoras de crédito, que possuem 90% das suas ações, enquanto as 10% restantes pertencem ao governo. Em 2006, o Grameen Bank foi agredido, juntamente com o seu fundador, com o Prêmio Nobel da Paz. Naquele instante o mundo ratificou a tese de que o crédito é um direito humano, como a liberdade – todo ser humano tem direito a crédito. 16 2.6 BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO O Banco Comunitário de Desenvolvimento é um grupo de comunidade, formado por membros interessados no desenvolvimento local que se unem para criar possibilidade de acesso ao crédito de forma simples e desburocratizada. Cada beneficiário pode ganhar treinamento para aprender, por exemplo, como deve poupar e investir suas economias. Segundo o Instituto Banco Palmas4 (2006, p. 7), “são serviços financeiros solidários em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda, tendo por base os princípios da Economia Solidária”. A experiência dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento5 iniciou-se em 1998 com a implantação do Banco Palmas, no Conjunto Palmeira, Fortaleza – CE. A partir de 2003, a metodologia de finanças solidárias dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento passou a ser discutida em vários municípios enquanto um instrumento eficaz na geração de renda para mais pobres. No ano seguinte, em Setembro de 2004, surgiu no município de Paracuru – CE um segundo Banco Comunitário de Desenvolvimento, denominado Banco PAR. Já em 2005, foram fundados no Estado do Espirito Santo o Banco BEM, em Vitória, e o Banco Terra, em Vila Velha. Ainda naquele ano, foram constituídos outros Bancos Comunitários de Desenvolvimento no estado do Ceará: o Banco Serrano, em Palmácea, e o BASSA, em Santana do Acaraú. Diante dessa realidade, a Secretaria Nacional de Economia Solidária, dentro de suas estratégias de finanças solidárias, firmou parceria com Instituto Banco Palmas para apoiar a consolidação da metodologia dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento, fomentando a criação de novos Bancos no Ceará e em outros estados do Brasil, o que culminou com a criação de Rede Brasileira de Bancos Comunitários de Desenvolvimento. Em Janeiro de 2006, o Banco Popular do Brasil integrou-se, como parceiro, à Rede de Bancos Comunitários e vem garantindo, de acordo com s critérios de Programas Governamentais, linhas de crédito para os Bancos. A Rede conta com 12 Bancos implantados – oito no Ceará, dois no Espírito Santo um na Bahia e um no Mato Grosso do Sul, conforme demonstrado na tabela a seguir: 17 Quadro 1: Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Município/Estado Comunidade de Atuação/Populaçã o Nome do Banco Moeda Social Entidade Responsável pela Execução Fortaleza – CE Conjunto Palmeira (30.000 hab.) Banco Palmas Palmas Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira Simoes Filho BA Santa Luzia (500 hab) Banco Comunitário Eco- Luzia Eco-Luzia Associação de Moradores de Santa Luzia Maranguape – CE Sapupara (3.000 hab) Banco dos Empreendedores de Maranguape Prata CREDMACIÇO – Ong Santana do Acaraú – CE Todo o Município (26.000 hab.) Banco BASSA Santana Fórum dos Assentamentos de Santana do Acaraú Palmácea – CE Todo o Município (10.000 hab.) Banco Serrano Palmeira Associação para o Desenvolvimento Sustentável de Palmáxea Maracanaú – CE Pajuçara (40.000 hab.) Paju Maracanã Concelho Comunitário de Pajuçara Irauçuba – CE Missi (3.000 hab.) BANCART Ta Associação dos Artesãos de Missi Beberibe – CE Todo o Municipio (18.000hab.) BANDESP Ab Fórum dos Assentados de Beberibe Paracuru – CE Boa Esperança e Riacho Doce (3.500 hab.) Banco PAR Par Associação Banco PAR de Desenvolvimento e Economia Solidária Dourados – MS Todo o Município (18.000 hab.) Banco PIRAPIRÊ Pirapirê Mulheres em Movimento Vitória – ES Bairro da Penha, São Benedito e Itararé (22.000 hab.) Banco BEM Bem Associação de artesãos Ateliê de Ideias – Artidéias Vila Velha – ES Barro Vermelho (10.000 hab) Banco Terra Terra MOVIVE Fonte: Instituto Banco Palmas. 2.6.1 Características As principais características dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento: • São criados e geridos pela própria comunidade, proprietária dos mesmos; • Atuam sempre com duas linhas de crédito: uma em Reais e outra em moeda social circulante; • Suas linhas de credito estimulam a criação de uma rede local de produção e consumo promovendo o desenvolvimento endógeno do território – fazer com que as economias gerem riquezas dentro da própria comunidade; • Apoiam os empreendimentos em suas estratégias de comercialização (feiras, lojas solidárias6, central de comercialização e outros); • Atuam em territórios caracterizados por alto grau de exclusão, vulnerabilidade e desigualdade social; • Então voltados, sobretudo aos beneficiários de programas assistenciais governamentais e de políticas compensatórias; e 18 • Sua sustentabilidade em curto prazo, funda-se na obtenção de subsidio justificados pela utilidade social de suas práticas. 2.6.2 Objetivo O objetivo de um Baco Comunitário é promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda, por meio do fomento à criação de redes locais de produção e consumo, baseado no apoio às iniciativas de economia solidária em seus diversos âmbito, como: empreendimentos sócio produtivo, de prestação de serviços, de apoio à comercialização (mercadinhos, lojas e feiras solidárias) e organizações de consumidores, tendo o seu escopo de atuação mais amplo que o mero processo de crédito, visando o desenvolvimento do ser humano. 2.6.3 Estrutura de Gestão Os Bancos Comunitários são geridos no interior de estruturas de organização de caráter comunitário (associação, fóruns, conselhos etc.) ou outros tipos de iniciativas da sociedade civil que estejam inseridas na comunidade (sindicatos, ONGs, igrejas etc). Seu funcionamento supõe, portanto, a constituição executiva no seio da própria organização associativa. Sua gestão implica, desse modo, em uma dimensão compartilhada, com forte componente de controle social baseados em mecanismos de democracia direta. 2.6.4 Manutenção Sua manutenção se dá via captação de recursos e constituição de um fundo solidário de investimento comunitário. Este fundo constitui-se de múltiplas fontes de recursos, entre doação de pessoas físicas e jurídicas, cotização e prestações de serviços mercantis não concorrenciais. 2.6.5 Público-Alvo Voltam-se prioritariamente para um público caracterizado pelo auto grau de vulnerabilidade social. Contudo, pela sua condição de iniciativa cidadã focada no desenvolvimento do território, tais experiências devem também envolver outros tipos de público em alguma segmentação de mercado, como jovens, mulheres, comerciantes, novos empreendedores etc. 19 2.6.6 Área de Abrangência Atuam prioritariamente em territórios com até 50.000 habitantes, possibilitando que a metodologia funcione adequadamente. É possível que se tenha mais de um Banco Comunitário em funcionamento no mesmo bairro ou município. . 2.6.7 Produtos e Serviços Os Bancos Comunitários que formem parceria como correspondente Bancário de instituição financeiras, oferecem as seguintes modalidades de produtos e serviços financeiros: • Moeda social circulante local; • Crédito solidário por meio de concessão delegada junto a agentes financeiros, (Banco Popular do Brasil, CEF etc); • Credito para financiamento de empreendimento solidários; • Crédito para consumo pessoal e familiar; • Cartão de crédito popular solidário; • Abertura de extra de conta corrente; • Depósito em conta corrente; • Saques contra recibo ou com cartão magnético; • Os Comunitários Recebimento de títulos e convênios (agua, luz, telefone etc.); • pagamento de benefícios. 2.7 MOEDA SOCIAL Moeda Social Local Circulante, chamada de circulante local, é uma moeda, complementar ao Real (Moeda Nacional – R$), criada pelo Banco Comunitário. O circulante local objetiva fazer com que o “dinheiro” circule na própria comunidade, ampliando o poder de comercialização local, aumentando a riqueza circulante na comunidade e gerando trabalho e renda. Desta forma, a Moeda Social torna-se componente essencial nas estratégias dos Bancos Comunitários. O créditos em Reais podem ajudar no crescimento econômico do bairro ou município, gerando novas riquezas, mas são as moedas sociais que asseguram o desenvolvimento ao favorecer que essa riqueza gerada circule no próprio bairro ou município. 20 2.7.1 Características • O circulante local, no caso dos Bancos Comunitários, tem lastro na moeda nacional, o Real (R$). Ou seja, para cada moeda emitida, existe no banco comunitário, um correspondente em Real; • As moedas sociais são produzidas com componentes de segurança (papel moeda marca d`água, código de barra números serial) para evitar falsificação; • A circulação é livre no comércio local e geralmente quem compra com a moeda social recebe um desconto promovido pelos comerciantes e produtores para incentivar o uso da moeda na comunidade; • Qualquer produtor/comerciante adastrado no Banco Comunitário pode trocar moeda social por Reais, caso necessite fazer uma compra ou pagamento fora da comunidade. • O controle e as riquezas geradas pela moeda, ficam na comunidade. 2.7.2 Meios de Acesso ao Circulante Local As formas de um produtor ou morador conseguir acesso à moeda social circulante local são: • Fazendo empréstimos em moeda social no Banco Comunitário, chegando em alguns casos a não ter juros. • Prestando serviços para alguém da comunidade que tenha o circulante local. • Trocando reais por circulante local, diretamente na sede do Banco Comunitário. • Sendo Membro de algum empreendimento produtivo, percebendo seus resultados parte em moeda real e parte em moeda social, mediante ao acordo com todos. 2.8 IMPORTÂNCIA DOS BANCOS COMUNITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO Os Bancos Comunitários oferecem vários serviços financeiro para a comunidade. Alguns desses serviços são oriundos de parcerias com bancos públicos na forma de correspondente bancário. Tais parcerias possibilitam aos Bancos Comunitários levar às comunidades mais longínquas ou àquelas caracterizadas pela pobreza econômica – onde um banco comercial não teria interesse em implantar uma agencia, por exemplo – serviços bancários somente 21 disponíveis na rede de banco convencionais. Tais serviços, geridos pela própria comunidade, contribuem para reforçar as relações de proximidade, confiança e convivência entre população atendida, pois funcionam como instrumentos de valorização das pessoas, criação de laços afetivos, acolhimento mobilização e organização da comunidade. São os chamados serviços mercantis, pois transforma um simples pagamento de conta de agua, por exemplo, em uma ferramenta de transformação humana e social. 2.8.1 Assistência no Processo de Organização da Comunidade A implantação de um Banco Comunitário exige um alto poder de organização e mobilização da comunidade. Reuniões para se decidir sobre a criação ou não do banco; eleição ou ratificação da organização social que irá geri-lo; discursão sobre o seu funcionamento e estratégia; nomeação de administradores e agentes de crédito etc. todo esse processo por si só mobiliza a comunidade e colabora para articular os atores sociais da região. Como consequência,a comunidade irá cobrar, exigir resultados e influenciar na execução das atividades do banco exercendo assim um controle social sobre o mesmo. A contribuição de Banco Comunitário vai muito além de serviços financeiros. Seu modus operandi é todo pautado na lógica da confiança e da complementaridade, o que exige diálogo e organização d comunidade. A estratégia de desenvolvimento econômico organiza e financia produtores e consumidores, colocando-os em constante comunicação e interação. Os créditos são concedidos por intermédio do “aval de vizinhança”, onde um vizinho avaliza o comportamento ético de outro. Essa relação permanente banco x morador produtor x comerciante cria sinergia para um processo de mobilização comunitária muito forte. E esse processo participativo constitui parte importante do DNA de um Banco Comunitário de Desenvolvimento. Se não houver uma intensa participação da comunidade a metodologia não irá funcionar. Por estes motivos os Bancos Comunitários também são escolas de formação onde se aprende a ser cidadão de forma ativa. 2.8.2 Visibilidade e Credibilidade da Comunidade e da Organização Comunitária O desafio e a ousadia de implantar um Banco Comunitário de 22 Desenvolvimento, oferecendo crédito e outros serviços financeiros para a comunidade, elevam o bairro ou município e a associação gestora do banco a um patamar de destaque na região onde se situa. Pelo fato de serem propriedade da comunidade e geridas por uma associação comunitária local; por serem sempre implantadas em locais fortemente caracterizados pela pobreza econômica, portanto carentes de serviços públicos e financeiros, tornando-os relevantes para o desenvolvimento do território; e por operarem com uma moeda social circulante, situação nunca antes vivenciada pelas comunidades e estranha ao cotidiano da economia, os Bancos Comunitários tornam- se destaques na grande mídia sendo frequentemente pautados por ela. Essa visibilidade pode se tornar uma ferramenta poderosa para comunidade, pois aumenta sua credibilidade como espaço de inovação e empreendedorismo social. A imagem do banco fica vinculada ao próprio bairro ou município. 2.8.3 Foco no Desenvolvimento do Território e Potencialização das Capacidades Territórios O Banco Comunitário não se preocupa apenas com seus aspectos internos, com os seus tomadores de crédito, com um outro segmento produtivo, com os comerciantes, com os artesãos, agricultores, assentados etc. Todos esses segmentos são importantes para o banco e são trabalhados com a visão sistêmica de que compõe o tecido social do território. O Banco constrói redes locais que integram simultaneamente produtores e consumidores de maneira geral. Toda a dinâmica de um Banco Comunitário leva a grandiosos processos de aprendizagem das lideranças locais e da comunidade como um todo. Aprendizado no campo econômico e financeiro, na relação com o poder público, no gerenciamento dos conflitos, na interação com os meios de comunicação e em muitos outros campos. A comunidade, assim, se empodera e participa de forma decisiva nas discussões do bairro ou município. Esse fortalecimento faz surgir novas lideranças, desencadeiam outras lutas, levam a inquietação, mobilização e participação cidadã da população. 2.9 O BANCO PALMAS O prelúdio da história do Banco Palmas é a própria formação do Conjunto Palmeira, entre os anos de 1973 e 1976. Cerca de 1,5 mil famílias foram deslocadas 23 para lá, então uma região alagadiça e de muita vegetação, desassistida de qualquer serviço e com sérios problemas de infraestrutura urbana, como a falta de água, saneamento básico e transporte. Desse modo fez-se perceptível a necessidade da iniciativa popular para a resolução dessas questões que marcavam negativamente a comunidade, o que se deu por intermédio de pressão junto ao poder público. Já no final daquela época, insinuam-se os primeiros resultados: surgem a Emergência Comunitária, a primeira igreja católica, comunidades eclesiais de base, a Juventude Cristã, a Casa de Parto, a Escola de 1o Grau, o Centro Social Urbano e o Posto de Saúde. O ano de 1979 foi de acelerado crescimento para comunidade, quando novas quadras foram abertas e mais pessoas chegaram em busca de habitação. Essas conquistas, obtidas por meio da organização popular, provaram assim ser uma possibilidade real a transformação daquela área e, desse modo, a comunidade decidiu ampliar seu movimento social em busca de melhorias urbanas criando a Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira – ASMACONP, em 1981, fato de imensa relevância no contexto do desenvolvimento histórico da comunidade, posto que a Associação passou a representar a vontade popular. Destaca-se a conquista, em 1988, da distribuição de agua para o Conjunto, após insistentes campanhas junto ao poder público. Com outras grandes conquistas advindas do movimento popular – canal de drenagem e inclusão da comunidade em programa de saneamento urbano municipal – em 1997, após a realização de um encontro de avaliação, na forma de um seminário denominado “Habitando o inabitável”, chegou-se à conclusão de que o bairro já estava urbanizado, mas a pobreza econômica dos moradores havia aumentado. O bairro mesmo havendo conquistado muito, ainda sofria com o desemprego, pouca circulação local de renda e pobreza. O seminário, por fim, deliberou pela criação de um projeto de geração de trabalho para o bairro. Esse projeto, inaugurado em 1998 e que pouco tempo depois se transformaria em uma das instituições mais importante do bairro, recebeu o nome do Banco Palmas, e foi inspirado no trabalho realizado pelo economista Muhammad Yunus, alunos e outros professores do curso de economia da Universidade Chittagong, em Bangkadesh, o Grameen Bank. O Banco Palmas é, portanto, um projeto de desenvolvimento local, pautado nos valores da cooperação e da solidariedade, desenvolvido pela Associação dos 24 Moradores do Conjunto Palmeira, um assentamento localizado na periferia sul do município de Fortaleza – CE, que por meio da organização dos moradores – remanejados da área de risco de inundação e de outras áreas situadas em vetores de expansão urbana e grande potencial especulativo – conquistou sua urbanização ao longo dos anos 90. “É um sistema integrado que organiza e articula os moradores do Conjunto Palmeira para produzirem e consumirem no próprio bairro, articulados em rede” (MELO NETO SEGUNDO; MAGALHÃES, 2003, p. 18). O Banco desenvolveu um sistema econômico comunitário que conta com uma linha de microcrédito solidário para produtores e consumidores, instrumentos de incentivo ao consumo local (cartão de crédito e moeda social circulante) e alternativas de comercialização (feiras e loja solidária), promovendo, localmente, geração de trabalho e renda para os mais pobres. Com isso, o Banco Palmas quebra o paradigma do pobre produzir para o rico consumir, fazendo com que se rompa o pacto da mediocridade onde o rico tem pena do pobre e dá esmola, mas o rico e o pobre continua pobre. 2.9.1 Objetivo da Instituição O objetivo do Banco Palmas é proporcionar o desenvolvimento local e solidário do Conjunto Palmeira, a baixo custo e de forma sustentável, melhorando a quantidade de vida seus moradores (MELO NETO SEGUNDO e MAGALHÃES; p. 18). 2.9.2 Dificuldades Enfrentadas Ao longo de sua existência, os dirigentes do Banco Palmas têm lutado para transpor obstáculos com a cultura do individualismo e da competição arraigada na sociedade; a indisponibilidade financeira para atender as demandas da rede; necessidade premente da população por respostas mais imediatas; e a desconfiança da população na capacidade de membros da própria comunidade implantar soluções econômicas alternativas, viáveis e seguras ao ponto de investirem seus recursos financeiros e humanos. 2.9.3 Mobilização e FuncionamentoPor intermédio de programas nas rádios do bairro e assembleias de sócios, o 25 Banco Palmas divulga suas ações e mobiliza os moradores para a constituição de uma rede local de economia solidária. O processo de constituição de renda tem índice a partir do mapeamento da produção e do consumo do bairro. Um sistema de microcrédito estimula a produção local para satisfazer a demanda de consumo existente e, meio de instrumento como cartão de crédito e moeda local, os consumidores são incentivados a adquirir produtos e serviços dentro da própria comunidade. Todos os grupos produtivos investem seus excedentes na própria rede objetivando o seu crescimento e gerando mais postos de trabalho. Há ainda programas complementares que dão suporte à rede como: • Empreendimentos produtivos financiados pelo Banco Palmas, direcionados para o atendimento de demanda locais e ainda carentes de uma estratégia de comercialização para fora do bairro: - PalmaFashion – grupo produtivo que confecciona moda jovem, peças íntimas, fardamento etc; -PalmArt – grupo produtivo de artesanato, que utiliza técnicas de fuxico10 e estamparia; -PalmaLimpe – microempresa formal que produz material de limpeza (detergente, cera líquida, amaciante etc.) e emprega jovens capacitados pela Prefeitura Municipal; -PalmaNatus – grupo produtivo de sabonetes artesanais e fitoterápicos. • Clube de trocas com moeda social, que é uma articulação entre produtores de serviços e consumidores do bairro, que se reúnem periodicamente para a troca de bens e serviços, utilizando a moeda social. • Escola Comunitária de Socioeconomia Solidário – Palmatech na sede da associação que oferece oficinas e cursos diversos de capacitação profissional e gestão empresarial solidária. • Incubadora para mulheres em situação de risco nutricional que visa integra- las ao circuito produtivo, de forma a garantir-lhes cidadania e renda que lhes assegure o acesso ao alimento. É um espaço na própria associação equipada com sala, cozinha, refeitório, banheiros e galpão para oficinas, cursos profissionalizantes e ateliê de produção. • Laboratório de Agricultura Urbana na sede da Associação, onde se cultiva plantas medicinais, hortaliças, frutas e flores, e criam-se galinhas caipiras. Comporta 26 ainda um minhocário e um tanque de compostagem de lixo orgânico. É o local onde as famílias aprendem práticas agrícolas orgânicas para desenvolverem nos quintais de suas residências. O Banco Palmas oferece a essas famílias uma linha de crédito especifica para a criação de galinhas caipiras, chamada Palmoricó. • Projeto de capacitação profissional e geração de trabalho e renda para jovens de 16 a 24 anos, denominado de Bairro-Escola de Trabalho, em que os próprios empreendimentos do bairro (comércio, indústrias e serviços) capacitam e empregam os jovens da comunidade. Os anos de 1998 até 2007 tiveram, portanto, um novo e importante protagonista institucional: o Banco Palmas. Em 30.11.2007, o Conjunto Palmeira foi elevado a bairro, após 35 anos, em reconhecimento às conquistas de sua população no campo da urbanização e acesso a serviços públicos. 2.9.4 Impacto das Ações do Banco Palmas no Conjunto Palmeira Segundo SILVA JÚNIOR (2008, p. 84), existe na comunidade do Conjunto Palmeira a unanimidade que o Banco Palmas trouxe uma visibilidade para todo o bairro, promovendo ganhos para todas as organizações e cidadãos locais. Além disso, o Conjunto Palmeira, nos dias atuais, é muito mais citado nos cadernos de economia dos jornais que nas páginas policiais, diferentemente ao que ocorria anos atrás. Também são significativos os impactos relacionados ao aumento do consumo nos comércios locais e de circulação de riqueza no bairro. A principal razão está na iniciativa de o Banco Palmas implementar o uso do cartão de crédito local – o Palmacard – e da moeda social – Palma. Outros impactos proporcionadores de ganhos coletivos estão arrolados à questão da ênfase na educação, cultura e formação dos jovens do bairro. Antes mesmo da criação da Palmatech, o Banco já apoiava iniciativas, como o grupo de teatro “Flores do Lixo”, de onde saíram diversas lideranças juvenis que hoje se apresentam como líderes do fruto para o Conjunto Palmeira. O investimento na educação, por meio de cursos de formação em Economia Solidária, formação de Consultores Comunitários, Incubadora Feminina etc., tem proporcionado melhoras nos indicadores da educação formal da população local. O projeto Bairro-Escola de Trabalho tem efeitos impactantes causados na vida dos jovens e dos compreendimentos capacitadores que participam do projeto conduzido pelo Banco Palmas. Com o projeto, que proporciona ao jovem um 27 aprendizado profissionalizante teórico acompanhado da pratica – realizada em um empreendimento capacitador do bairro – ganha o jovem ao prender uma profissão, montar um negócio e (ou) garantir um emprego, e ganha o estabelecimento ao “oxigenar” sua mão-de-obra, renovar os ensinamentos proporcionados pelas atividades realizadas no negócio além de ter mão-de-obra qualificada a custo zero. Considerando uma recente pesquisa feita pelo Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS), da Universidade federal do Ceará, a cerca d 2.650 moradores do bairro, SILVA JÚNIOR (2008, p. 72) ressalta a provação do Banco Palmas por 98% dos entrevistados, quando apontado se o Banco havia contribuído parao desenvolvimento do Conjunto Palmeira. Averiguou-se também que 90% dos entrevistados afirmou ter o Banco Palmas contribuindo para a melhoria de suas qualidades de vida. Ao serem questionadas “como?”, as respostas que mais aparecem saltaram aos olhos em virtude de estarem exatamente no escopo principal de atuação do Banco Palmas no Conjunto Palmeira: os investimentos em geração de trabalho e renda no bairro. Segundo a pesquisa, a melhoria na qualidade de vida alcançada demonstrou- se da seguinte forma: os pesquisados defenderam em 25,25%, que houve aumento na sua renda pessoal; outros 20,2% foram precisos ao afirmar que conseguiram trabalham; 23,23% conheceram outras pessoas; 12,12% trouxeram outros projetos; 11,11% ficaram amis conhecidos 5,05% ficaram mais interessados nos estudos; e 1,01% afirmaram terem contribuído para o crescimento do bairro. Os dirigentes de organizações locais também citaram o Plano Local de Investimento Estratégico – PLIES, realizado no Conjunto Palmeira em Julho de 2003, sob a coordenação de Banco Palmas, como um projeto que gerou impactos importantes, uma vez que uma dezena de projetos foi executado para melhoria coletiva do bairro, daquele ano até o final de 2007. Destaca-se dentre esses projetos derivados do PLIES, com algumas alterações, o próprio Bairro-Escola e a elevação da carteira de microcrédito do Banco Palmas que favoreceu a ampliação dos empréstimos concedidos aos empreendedores locais para melhoria no seus negócios. 28 3. CONCLUSÃO O cadastramento nacional dos empreendimentos da Economia Solidaria, efetuado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, do Ministério do Trabalho e Emprego, identificou o acesso ao crédito como um dos maiores problemas apontados pelos empreendedores desse setor (SENAES/TEM, 2005). No Brasil, o acesso ao microcrédito, por empreendedores de baixa renda, é impossibilitado pelo sistema financeiro tradicional que exclui por não poderem apresentar garantias de pagamento. Uma estratégia apoio ao desenvolvimento de atividades geradoras de trabalho e renda são as microfinanças. O acesso ao crédito produtivo e a serviços financeiros de apoio familiar destinados a populações desfavorecidas tem por objetivo sua inserção produtiva no s circuitos socioeconômicos, gerando um ciclo econômico virtuoso de redistribuição da riqueza. As Instituições Operadoras de Microfinanças, como os Bancos Comunitários de Desenvolvimento,além de buscar a geração de renda para empreendedores excluídos do sistema financeiros nacional estão focadas em implantar uma nova lógica de sistema financeiro, organizando sistemas de créditos alternativos, moedas sociais complementares e outros serviços financeiros que promovam a inclusão social. O melhor exemplo de uma nova lógica de sistema financeiro é projeto Grameen Bank, da Bangladesh, cujo trabalho requer metodologia exclusiva e subjetiva, fundamentada na construção gradativa de uma relação reciproca de confiança entre o Banco e seus mutuários, organizados em uma forma rede, de base comunitária, construída especialmente por mulheres, onde a palavra-chave é a solidariedade. Somente os bancos comunitários possuem agilidade necessária e braços longo o suficiente para chegar aos mais pobres, pois só eles têm a liberdade de agir sem burocracia com taxas de juros e análise cadastrais suportáveis. São eles que tem coragem suficiente para correr risco de investir nos pobres e a ousadia para construir redes de economia solidária operando com moedas alternativas e mecanismos de solidariedade que desafiam a competição capitalista. Enfim entende-se que a solução de microfinanças apresentada pela rede de bancos comunitários é de grande importância no desenvolvimento de comunidades carentes, vez que assegura-se, por meio do crédito, o direito dos mais pobres de produzir e de consumir, direitos básicos para um processo de desenvolvimento local. 29 REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Gilson; MAGALHÃES, Reginaldo; ABRAMOVAY, Ricardo. Informação de Crédito: um meio para ampliar o acesso dos mais pobres ao sistema financeiro. Pesquisa e Debate, Dossiê Microfinanças no Brasil. São Paulo, 2005. CALDAS, Eduardo de Lima. Da experiência do Microcrédito à Microfinança. Disponível em <http.//www.direitoacidade.org.br/artigointerno.aspcodigo?codigo=64> Acesso em 25. fev.2016. CGAP. WHAT is microfinance? Disponível em http://www.cgap.org/portal/site/CGAP/menuitem.b0c88fe7e81ddb506780801059101 0a0/. Acesso em 11.mar.2016. INSTITUTO Banco Palmas. Banco Palmas. Disponível em http://www.bancopalmas.org.br/oktiva.net/1235/nota/12311. 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