Prévia do material em texto
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA APOSTILA MÓDULO III 2.º BIMESTRE COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA SUMÁRIO Agrostologia-----------------------------------------------------------------------02 Bovinocultura III------------------------------------------------------------------11 Irrigação e Drenagem ------------------------------------------------------------25 Olericultura ------------------------------------------------------------------------34 Piscicultura ------------------------------------------------------------------------44 Topografia -------------------------------------------------------------------------50 Culturas Anuais III ---------------------------------------------------------------56 Referências bibliográficas--------------------------------------------------------64 2 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA A G R O S T O L O G IA CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 3 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Introdução O aumento populacional mundial e a inserção de novos contingentes no mercado consumidor tem gerado crescente demanda mundial por matérias-primas, alimentos, fibras e agroenergia e consequentemente forte pressão sobre os preços desses produtos, em especial dos alimentos, podendo colocar em risco a estabilidade econômica mundial, com o retorno da inflação e ameaça de desabastecimento. O aumento da oferta desses produtos pode se dar por meio do crescimento da área cultivada e do aumento da produtividade. Porém, a sociedade tem pressionado para que o aumento da área cultivada não se dê através dos desmatamentos, especialmente em biomas frágeis e/ou estratégicos como a Amazônia e o Cerrado brasileiro. Então parece mais sensato recuperar a capacidade produtiva das áreas antropizadas e degradadas e intensificar a produção nas áreas cultivadas. O Brasil possui cerca de 110 milhões de hectares são de pastagens cultivadas onde cerca de 70% apresentam algum grau de degradação, com baixa capacidade produtiva de forragens e consequentemente baixa produção de carne e/ou leite e elevado índice de perda de solo e água (erosão), com reflexos negativos na economia e no meio ambiente. Estas áreas podem ser recuperadas com a adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia e outros, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou rotacionado, aproveitando as sinergias existentes entre eles. A ILPF, aliada a práticas conservacionistas como o Sistema Plantio Direto (SPD) é uma alternativa econômica e sustentável para recuperar áreas de pastagens degradadas. Estudos técnico- científicos e experiências de produtores mostram que a implantação da ILPF resulta em importantes benefícios econômicos, ambientais e sociais. Na ILPF estabelece-se o cultivo da espécie florestal com espaçamento ampliado entrelinhas, possibilitando a implantação de uma cultura de interesse comercial na região como soja, milho, feijão, sorgo, girassol, mandioca etc., nas entrelinhas por dois a três anos. Em seguida implanta a cultura forrageira consorciada com o milho ou com o sorgo, sistema este 2 denominado Santa Fé desenvolvido pela Embrapa. Após colher a cultura de grãos terá o pasto formado nas entrelinhas da floresta cultivada, permitindo a implantação da atividade de pecuária e a sua exploração até o corte da madeira. Nesse sistema ILPF (também conhecido como Sistema Agroflorestal) as receitas das lavouras e da pecuária pagarão as despesas de implantação da floresta e, então o produtor terá uma poupança verde, capaz de lhe proporcionar uma renda líquida de aproximadamente R$ 30 mil/ha ao longo de 9 a 10 anos, sem considerar a receita com a venda de créditos de carbono. A Fazenda Bom Sucesso pertencente ao Grupo Votorantim Metais Unidade Aço Forestal, localizada no município de Vazante, região Noroeste de Minas Gerais, adotou este sistema há cerca de 15 anos, combinando os cultivos agrícolas, arbóreos, pastagens e criação de animais, de forma simultânea. Eles implantaram a cultura do eucalipto com espaçamentos (10 x 4 m) maiores que o tradicional (3 x 2 m), fazendo a correção total da área (calagem e fosfatagem). Nas entrelinhas do eucalipto, no primeiro ano eles implantaram a cultura do arroz, seguindo as recomendações técnicas 4 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA para o seu cultivo na região. No segundo ano eles implantaram a cultura da soja e no terceiro ano o capim, colocando os animais na área quando a pastagem está completamente formada e pronta para o pastejo, utilizando a cerca elétrica, conforme demonstrado nas figuras abaixo. Com a receita das lavouras de arroz e soja e da pecuária eles conseguem cobrir todos os custos de implantação da floresta de eucaliptos. O animal é um componente muito importante no sistema, pois ele gera receitas anuais ou bianuais melhorando muito o fluxo de caixa e a atratividade do negócio. As culturas agrícolas também melhoram o fluxo de caixa com entradas e saídas a curto prazo, contribuem com o preparo do solo e melhoram as condições químicas com suas adubações e resíduos orgânicos. O menor número de árvores/ha (250 ou 350) e a menor competição entre as plantas proporcionam ganho mais rápido em diâmetro. Desta forma já aos 8 anos podemos colher postes para eletrificação e aos 12 anos toras acima de 30 cm de diâmetro para serraria. Estes produtos têm maior valor agregado que podem chegar a até 6 vezes o da madeira para energia (carvão). Este valor agregado somado às receitas com as das lavouras e da pecuária compensam com sobra o volume maior de madeira energética produzido no sistema convencional (3 x 2 m). Produtividade média do eucalipto no noroeste de Minas: - No sistema convencional – lenha, escoramento, estacas – 35 m³/ha/ano. - No SAF – toras, postes, postinhos p/ construção civil, lenha, estacas etc. – 25 m³/ha/ano. No SAF ou ILPF as árvores proporcionam uma melhoria climática no ambiente da pastagem, o capim permanece verde e palatável por mais tempo, inclusive na época de seca. Os animais têm mais conforto em relação à pastagem aberta e ficam menos estressados. Desta forma, o gado neste ambiente mais ameno responde com maior produtividade de carne ou leite. As pesquisas das universidades e centros de estudos correlatos, concluíram que o eucalipto consome tanto ou menos água que qualquer outra espécie arbórea, contudo nenhuma delas cresce e 5 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA produz madeira rapidamente igual a ele. Então o mito de que o eucalipto seca a terra não é verdade. E quase tudo que o eucalipto retira do solo é devolvido em forma de matéria orgânica (galhos, folhas, casca etc.). Portanto, se bem manejado, o eucalipto não esgota o solo. Na tabela abaixo são apresentados os custos e as receitas das diversas atividades, demonstrando que a receita líquida média anual é de R$ 1.005,43 por ha, sem considerar a possível receita com os serviços ambientais (créditos de carbono) gerados pela floresta de eucalipto. Custos de implantação do eucalipto – 1ºano (saídas) (2.800,00) Custos de manutenção do eucalipto – 6anos (saídas) (1.400,00) Custos e receitas c/lavouras considerados nulos (saídas=entradas) 0,00 Custos c/o gado – compra/pastagem/manejo – 5 anos (saídas) (3.575,00) Total dos custos – 7anos (saídas) (7.775,00) Receita com os animais – 5 anos (entradas) 5.363,00 Receitas com amadeira p/energia – 7anos (entradas) 9.450,00 Total das receitas – 7anos (entradas) 14.813,00 Resultado líquido médio/ha/ano (saldo positivo) 1.005,43 Fonte: Votorantim Siderurgia Unidade Florestal – Fazenda Bom Sucesso, Vazante-MG (2009). Visando a ampla adoção da ILPF,o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), criou um programa de incentivo para a sua utilização, o Programa ILPF. O MAPA também criou uma linha de crédito específica no Plano Safra 2009/10 (PRODUSA) para financiar a implantação da ILPF, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos são de R$ 1,5 bilhão, onde cada produtor pode financiar até R$ 400 mil para implantar a ILPF (acrescido de 15% se tiver Reserva Legal Averbada) e são destinados a investimentos em infraestrutura, formação de pastagens, recuperação do solo, aquisição de animais e equipamentos e outros itens necessários a ILPF. As taxas de juros são de 5,75% ao ano, para projetos em áreas degradadas e de 6,75% ao ano para outras situações. O financiamento poderá ser pago em até 5 anos, com até 2 anos de carência, quando se tratar somente de correção de solo, e em até 8 anos, com até 3 anos de carência, para projetos que envolvam investimentos em solos, equipamentos, benfeitorias etc., e em até 12 anos, com até 3 anos de carência, quando o componente silvicultura (floresta) estiver integrado ao projeto. Os recursos financeiros estão disponíveis nas agências bancárias para os produtores que apresentarem projeto técnico contemplando a adoção da ILPF em suas propriedades. Os resultados obtidos com a ILPF apontam que ela é uma alternativa economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa para o aumento da produção de alimentos seguros, fibras e agroenergia, possibilitando a diversificação de atividades na propriedade, a redução dos riscos climáticos e de mercado, a melhoria da renda e da qualidade de vida no campo, contribuindo para a mitigação do desmatamento, para a redução da erosão, para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e para o seqüestro de carbono, enfim, possibilitando a produção sustentável e proporcionando um mundo melhor para as próximas gerações. Ronaldo Trecenti Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Especialista em Sistema Plantio Direto e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Coordenador Técnico do Projeto Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Campo Consultoria e Agronegócios Ltda - Telefone: (61) 3447-9752/9978-4558 E-mails: trecenti@campo.com.br ou ronaldotrecenti@hotmail.com ATIVIDADES 01 - Os sistemas de integração envolvem a produção de grãos, fibras, madeira, energia, leite ou carne na mesma área, em plantios em rotação, consorciação e/ou sucessão. O sistema funciona basicamente com o plantio, durante o verão, de culturas agrícolas anuais (arroz, feijão, milho, soja ou sorgo) e de mailto:ronaldotrecenti@hotmail.com 6 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA árvores, associado a espécies forrageiras (braquiária ou panicum). Descreva de forma simples como funciona o Sistema de Integração Lavoura Pecuária. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 - Há várias possibilidades de combinação entre os componentes agrícola, pecuário e florestal, considerando espaço e tempo disponível, resultando em diferentes sistemas integrados, como lavoura-pecuária-floresta (ILPF), lavoura-pecuária (ILP), silvipastoril (SSP) ou agroflorestais (SAF). Quais são os benefícios do ILPF? _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ Taxa de lotação Para começar a nossa conversa, vamos definir dois termos muito utilizados na pecuária de corte, mais especificamente quando falamos em sistemas de produção de bovinos a pasto: taxa de lotação e capacidade de suporte da pastagem. A taxa de lotação pode ser definida pelo número de animais – ou unidades animais (1 UA= 450 kg PV) –, dividido pela a área pastejada. Por exemplo: se tivermos uma área de 50 hectares, com 300 cabeças, a taxa de lotação será de 6 cabeças por hectare. Já a capacidade de suporte é definida como: a máxima taxa de lotação que uma determinada área aguentaria, sem comprometer o desempenho dos animais em um determinado período de tempo, respeitando o ecossistema pastoril. Nesse sentido, a capacidade de suporte pode variar ao longo do ano, em função das mudanças climáticas – precipitação, temperatura, horas de luz –, tipo do solo, espécie forrageira e nível de adubação. Na realidade brasileira, é muito comum observarmos cenários em que a taxa de lotação está acima ou abaixo da capacidade de suporte da pastagem, o que pode resultar em problemas de sub-pastejo ou super pastejo. No caso do sub-pastejo, a taxa de lotação está abaixo da capacidade de suporte do pasto (menos animais por área), permitindo que o animal selecione as partes mais nutritivas das plantas e apresente maior consumo, o que resulta em maior ganho individual e menor ganho por área (Figura 1: Adaptado de Mott, 1960). Nesse caso, o acúmulo e o excesso de forragem pode comprometer a estrutura do pasto, resultando em desperdício. 7 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Por outro lado, no super pastejo, a taxa de lotação é mais alta do que a capacidade de suporte, assim, como a “pressão de pastejo” é maior, o animal não consegue selecionar as melhores partes da planta e gasta mais tempo para pastejar – o que reflete na redução do consumo –, comprometendo o desempenho individual dos animais. Precisamos tomar muito cuidado ao explorar o ganho por área a partir do aumento da taxa de lotação, uma vez que, a partir de certo ponto, o consumo de forragem pelo animal é comprometido de tal forma que faz com que o ganho por animal e por área caiam. O ajuste da carga animal – taxa de lotação – a ser trabalhada é uma importante ferramenta para o manejo da pastagem. Quando pensamos nesse fato, devemos ter em mente que estamos buscando potencializar o ganho de peso de cada animal, explorando também o máximo ganho por área (faixa ótima de pastejo). Considerações a serem utilizadas: Taxa de lotação = UA/há • 1 U.A (unidade animal) = 450 kg de PV • Peso Vivo= (PV = P@ x 15/RC) Cálculo do número de piquetes (subdivisão) • Aplica-se a formula N = (Pd/Po) +1, onde N é o número de piquetes, Pd é o período de descanso e Po é o período de ocupação. ATIVIDADES 01 – Em uma propriedade com 24 vacas, pesando em média, 400 kg cada, 1 touro com 600 kg, quantos piquetes serão necessários e qual a área de cada um, sabendo que esses animais vão ficar alojados por 7 dias e descansando por 35 dias. Obs.: taxa de lotação: 2 UA/há _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 – Calcule a taxa de lotação de: (PV = P@ x 15/RC) a) ( ) 185 novilhas, pesando 11@ cada, em 15 ha; b) ( ) 210 garrotes de 13@ cada, em 28 alqueires; c) ( ) 45 vacas leiteiras em 8 alqueires, pesando 540 kg cada; d) ( ) 08 vacas cruzadas em 12 alqueires, pesando 420 kg cada. 03 – Assinalea resposta correta: (PV = P@ x 15/RC), (P@ = PV x RC/15) a) ( ) 135 novilhas, pesando 11@ cada equivale a 22275 kg de peso vivo; b) ( ) 210 garrotes de 14@ cada equivale a 88,200 kg de peso vivo; c) ( ) 135 novilhas, pesando 15@ cada equivale a 30375 kg de carcaça; d) ( ) 12 novilhas, pesando 12@ cada equivale a 21600 kg de carcaça; e) ( ) 55 bois pesando 17@ cada equivale a 14025 kg de peso vivo. AQUISIÇÃO DAS SEMENTES A aquisição das sementes deve ser feita até o mês de agosto, pois o preço/kg é mais baixo. O uso de sementes de baixa qualidade é causa frequente de insucesso no estabelecimento da pastagem. A semente de má qualidade vem com excesso de resíduos vegetais, com excesso de terra, com sementes de outras forrageiras, com sementes de plantas invasoras e com ovos de pragas das pastagens, como cigarrinhas e gafanhotos. Além da qualidade em teor de pureza e germinação, as sementes de forrageiras podem conter impurezas como sementes de plantas daninhas de difícil controle que podem ser introduzidas na área. A qualidade dessas sementes é verificada através da análise de pureza, germinação, viabilidade e presença de ervas daninhas, em laboratórios credenciados e especializados em forrageiras, pois uma das principais características dessas sementes é a sua dormência. 8 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Dormência é um mecanismo de defesa que algumas espécies vegetais apresentam, visando a sua sobrevivência. Isto significa que, mesmo em çondições ideais de temperatura, umidade e luz, estas sementes não germinam. Oliveira (1996) citou que a qualidade da semente pode ser avaliada através de três atributos. O atributo genético da semente (semente geneticamente pura), o atributo físico (análise de pureza) e o atributo fisiológico (análise de germinação e o vigor da germinação). Por isso, antes de adquirir as sementes, o pecuarista deve tomar conhecimento de todas essas características. Um dos itens mais importantes e mais utilizados no mercado é saber qual o Valor Cultural (VC) das sementes, pois serve como indicativo de qualidade. Este VC é determinado pelos atributos físicos (pureza) e fisiológicos (germinação) ao mesmo tempo. Quanto maior o VC, melhor a qualidade das sementes e consequentemente menor será a quantidade necessária no plantio. Segundo Oliveira (1996), “o VC é o percentual de sementes da espécie, ou cultivar desejada, contido no lote de sementes, com possibilidades de germinação e de estabelecer plantas normais em condições de campo”. Assim, numa determinada partilha de sementes com VC = 24% significa que em 10 kg de sementes apenas 2,4 kg são de sementes puras e germináveis. Os restantes 76% (7,6 kg) representam’ matérias inertes, sementes de outras espécies e outros cultivares, de plantas invasoras e de sementes não viáveis. O setor sementeiro, incluindo o de forrageira, encontra- se em uma fase de transição por conta da “Lei de Sementes” (Lei 10.711 de 05/08/03) que regulamenta todo o setor, desde a sua produção até a sua comercialização. Com essa legislação, vários itens serão alterados e, principalmente, os consumidores de sementes de forrageiras, acostumados a comprar sementes com baixa porcentagem de pureza, terão de se adequarem a ela. Atualmente, o padrão mínimo de pureza para as sementes de forrageiras é de 40% (significa que, em 1 kg, teremos somente 400 g de sementes puras). A validade das sementes vence em 10 meses após a análise do VC. Outro aspecto importante para a manutenção da qualidade das sementes é o cuidado com o seu armazenamento. Seguir as seguintes instruções: • Evitar o armazenamento de sementes de um ano para o outro; • Armazenar em locais com baixa umidade; • Não encostar os sacos nas paredes; • Empilhar os sacos de sementes sobre uma madeira para evitar o contato com o chão; • Nunca armazenar em sacos plásticos; e • Empilhar os sacos de forma cruzada para ventilação por entre as pilhas de sacaria. O produtor deve adquirir as sementes pelo preço por VC e não pelo preço por quilo. Imaginem que existem no mercado duas partilhas de sementes, uma custando US$ 1,0/kg com VC 10,0%, e outra custando US$ 2,5/kg com 30% de VC. Admitindo uma taxa de semeadura de 1,6 kg/ha de sementes puras viáveis (VC = 100%), vamos precisar de 16 kg/ha de sementes VC = 10% a um custo de US$ 16,0/ha. Enquanto que para semente com VC = 30% precisaremos de apenas 5,3 kg/ha, a um custo de US$ 13,25/ha. Só aí já dá um custo/ha de US$ 2,75 a menos, fora a maior economia com o frete para transportar uma menor quantidade de sementes. As sementes de forrageiras são diferentes de todas as outras sementes existentes no mercado, não somente pelos padrões de pureza, mas se inicia com a colheita que é realizada no solo, porque a maturação das sementes é desuniforme e estas se soltam da espiga quando maduras. Por isso, a forma como as sementes foram colhidas também influencia no VC. Segundo Zimmer et aI. (1994), sementes de Brachiaria spp. colhidas no “cacho” têm um VC, variando de 32 a 45% e, quando colhidas no chão, o VC aumenta para 48 a 64%. As sementes 9 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA colhidas no chão, embora venham com mais impurezas, tem um maior VC, devido à maior porcentagem de germinação destas sementes, que completaram o seu ciclo de vida. Determinação da quantidade de sementes para o plantio O cálculo da quantidade necessária de sementes no plantio é feito com base no VC. Para isso, temos de conhecer as condições de plantio: preparo de solo, calagem, adubação, controle de ervas daninhas, presença de insetos, equipamento de plantio, condições climáticas etc. O modo de plantio é importante, uma vez que uma forma de plantio utiliza maior ou menor quantidade de sementes que a outra forma. Em um plantio a lanço, a quantidade de sementes é maior que no plantio em linha. A quantidade de semente é calculada, seguindo a fórmula abaixo: Os quadros de FATORES são indicados abaixo: Quadro: Fatores para a Brachiaria sp. TIPOS DE PLANTIO \ FATORES Condições de plantio Linha/manual A lanço Aereo Ideais 160 200 300 Medianas 180 220 330 Adversas 200 240 360 Quadro Fatores para a Panicum maximum TIPOS DE PLANTIO \ FATORES Condições de plantio Linha/manual A lanço Aereo Ideais 160 200 300 Medianas 180 220 330 Adversas 200 240 360 Exemplo: sementes de Brachiaria brizantha CV. marandu VC 76%, plantio em linha, em condições medianas de plantio. ATIVIDADES 01- A que se refere valor cultural? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02- Caracterize as sementes de má qualidade: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 10 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 03 – Discorra sobre o armazenamento correto das sementes: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 11 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIAB O V IN O C U L T U R A I II CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 12 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Manejo Sanitário O manejo sanitário correto deve iniciar com atenção para as anotações das ocorrências dentro do rebanho. Somente com os dados passados é que podemos analisar e tomar iniciativas para suprimir ou implementar medidas que possam auxiliar o manejo sanitário do rebanho. Sem estas informações, não podemos melhorar os índices zootécnicos dos animais. Para melhor visualizar o texto, os itens ficarão subdivididos da seguinte forma: Vacas gestantes Parto Colostro Corte e cura de umbigo Forma de ordenha Diarreias Micoses Tristeza parasitária Verminose Vacinação Controle de carrapatos Controle de mamite Cascos Vacas gestantes Como ponto de partida, uma vaca gestante nos dois últimos meses de gestação deve encerrar a lactação, isto é, deve-se fazer com que ela interrompa a produção de leite para que a glândula mamária possa descansar, preparar-se para próxima lactação e produzir um colostro de boa qualidade. Se for uma novilha, esta preparação vem naturalmente, já que ela nunca pariu. Em torno de vinte a trinta dias antes do parto, este animal deve ser levado para a maternidade, a qual deve ser de preferência um pasto próximo ao curral, facilitando a observação diária. No caso de confinamento total, deverão ir para uma baia-maternidade. O fato de ter uma maternidade vai facilitar alguma interferência que for necessária no decorrer do parto. Por observação na maternidade, conclui-se que, em rebanhos nos quais se faz a observação no parto, os problemas são resolvidos de forma mais rápida e com maior sucesso e menor índice de natimortos. Neste período a fêmea deve receber a mesma dieta que irá receber após o parto, com restrição do sal mineral. É muito importante que neste período isto ocorra, pois permite que os microorganismos do rúmen se adaptem à dieta que vai ser ingerida durante a lactação. É bom lembrar que neste período final de gestação o animal sofre as maiores transformações. Geralmente ficam mais pesados, o que dificulta a locomoção e reduz a capacidade de competição exigindo, portanto, maiores cuidados. Parto No parto o animal perde em média 80 kilos de peso entre o feto, líquidos fetais e as membranas que envolvem o próprio feto. Isto acarreta uma mudança muito brusca que ocorre em poucas horas, levando a um certo desconforto para o animal. É um momento de muito estresse quando pode aparecer inúmeros problemas para os quais devemos ficar atentos. Devemos interferir o mínimo no parto. Os partos-problemas, isto é, aqueles chamados distócicos, ocorrem com pouca frequência e, neste caso, a interferência humana deve causar o mínimo de danos possível, tanto à vaca quanto ao bezerro. Contudo, uma pequena ajuda para evitar complicações não fará mal algum. Os casos mais graves, porém, devem contar com acompanhamento ou supervisão de um médico-veterinário. É comum pessoas sem treinamento adequado intevir de forma inadequada e acabar causando mais problemas, e, quando chegam a chamar o veterinário, a chance de resolver o problema já diminuiu drasticamente. A decisão de chamar o veterinário deve ser tomada o quanto antes. 13 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Colostro Após o nascimento, o bezerro deve permanecer junto à mãe por pelo menos 24 horas. Sabemos que o bezerro junto à mãe, mama de 12 a 15 vezes ao dia. Estas mamadas permitem que o colostro passe muitas vezes pelo aparelho digestivo, aumentando a superfície de contato do colostro com a parede intestinal, favorecendo, assim a absorção de imunoglobulinas (anticorpos). Por outro lado, podemos fornecer o colostro de forma artificial, oferecendo dois litros, duas vezes por dia, com intervalo próximo de 12 horas. O importante é que o bezerro beba em torno de 10% do seu peso em colostro, nas primeiras 24 horas. O bezerro nasce sem proteção de anticorpos contra os agentes de doenças. A forma de adquirir estes anticorpos (defesa) é ingerindo o colostro. O colostro é o primeiro produto produzido pela glândula mamária no início da lactação. É uma rica fonte dos anticorpos que foram produzidos nos dois últimos meses de gestação. Após o nascimento, é imperativo que o bezerro beba o colostro o quanto antes para que ele adquira estes anticorpos. A capacidade de absorver os anticorpos fornecidos pela mãe no interior do aparelho digestivo do bezerro é, aproximadamente, nas primeiras 36 horas. Essa capacidade de absorção tem como pico máximo entre seis e dez horas, quando começa a diminuir gradativamente até a trigésima sexta hora. A partir deste ponto, o colostro continua sendo um alimento muito rico e deve ser aproveitado pelo bezerro e outros do mesmo plantel que são tratados de forma artificial, porém perde a importância como fonte de anticorpos. De outra forma, uma das funções do colostro é ajudar na primeira descarga intestinal, isto é, ajuda a expelir as primeiras fezes, que é o chamado mecônio. O mecônio são fezes amarelas pegajosas de difícil eliminação, portanto, sendo o colostro um leve laxante, vai ajudar nesta eliminação. Neste período devemos interferir somente se houver necessidade. Na maioria das vezes, esta intervenção é desnecessária. Uma das vantagens da maternidade é a possibilidade de observação do recém-nascido e qualquer problema que surgir neste local facilita o socorro. O excesso de colostro pode e deve ser dado para os outros bezerros. Neste caso ele não tem função de fornecedor de anticorpos, pois bezerros mais velhos perdem a capacidade de absorção dos anticorpos, mas, como alimento é até mais rico que o próprio leite. É bom lembrar que como o colostro tem uma função laxativa, para fornecer aos outros bezerros o melhor é diluir em outra quantidade de leite para não causar males de desarranjo aos bezerros mais velhos Corte e cura de umbigo A cura de umbigo deve ser feita com um desinfetante e um desidratante. Uma solução que se tem usado com sucesso é o álcool iodado, que pode ter uma variação de 6 a 10%. O curativo deve ser feito todos os dias, por três a quatro dias. Se correr tudo bem, o coto umbilical cairá por volta do nono dia. Forma de ordenha De acordo com o manejo adotado, o qual pode ser com ou sem o bezerro ao pé, vamos ter condutas diferentes para cada modalidade. Com o bezerro ao pé, este fica à disposição na hora da ordenha para vir e apojar. Feito isso, ao acabar a ordenha, o bezerro é solto com a mãe para retirar o leite residual. Pode ser separado imediatamente após o esgotamento total do leite, ou permanecer junto até a hora da apartação à tarde. Este manejo não é o mais recomendado pois, neste caso, o bezerro mama o leite que poderia ser aproveitado na ordenha da tarde. Este tipo de manejo apresenta algumas vantagens, porém as desvantagens estão em supremacia. Por outro lado, se alimentamos os animais de forma artificial, o contato da mãe com o bezerro não existe. Isto facilita a mão-de-obra e tem-se um maior controle do que o animal está ingerindo, contudo traz todos os transtornos da criação de órfãos. Esta prática permite a observação individualizada, dando a oportunidade de se tomar atitudes mais rápidas para sanar os problemas que aparecem. Num sistema de criação, com ou sem bezerro ao pé, devemos estar sempre atentos aos problemas que podem surgir. É bom chamar a atenção para a escolha do local para o criatório de bezerros. Este local deve ser de fácil acesso, bem drenado e que se evite a canalização de ventos 14 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA constantes. Tem que ser um local que, após uma chuva, seque com poucos dias de sol. Tem que ter alguma inclinação para o escoamento das águas e dejetos excessivos. Diarreias Uma doença comum que acomete os bezerros nesta época é a diarreia. O animal com diarreia se caracteriza por apresentarfezes líquidas que pode ter as mais variadas aparências, desde amarela viva, passando por esverdeada, preta e vermelha, até mesmo com sangue vivo. Não se pode dar um diagnóstico seguro do causador da diarreia, pela cor das fezes, mas podemos checar a alguns componentes destas fezes e daí conduzir o tratamento com melhor eficiência. Mas a grande importância desta enfermidade é levar o animal à desidratação que normalmente é a causa principal da morte. O animal apresenta a doença, fica triste, não se alimenta de forma adequada, muitas vezes apresenta respiração acelerada e vai aos poucos apresentando sinais de desidratação, como pele seca, olhos fundos, entre outras. Por fim, as extremidades apresentam baixa temperatura e logo a seguir ele morre. Neste caso, quando forem observados os primeiros sinais de desidratação, devemos socorrer o mais rápido possível, dando mais líquidos para este animal. Podemos lançar mão da hidratação oral em primeira mão. Podem surgir casos de diarreia de causa nutricional, quando os animais não estão habituados com certo tipo de alimentação, por exemplo, nova ração que pode estar contaminada por fungos ou outros microorganismos. Nos casos mais graves, a presença de um veterinário é necessária. Micoses Outra enfermidade comum nesta época é o aparecimento de micoses. Existe um tipo de micose denominado "tinha", que causa lesões de placas arredondadas que aparecem comumente na região da cabeça e pescoço. São placas de tamanho variado, em geral de forma arredondada, muito comum em criatório coletivo. Normalmente não causa maiores danos e pode ser tratado com certa facilidade. A utilização de tintura de iodo tem efeito satisfatório, desde que aplicada todos os dias, até o desaparecimento das lesões. Esta enfermidade é mais comum em ambientes de grande concentração de animais. Em bezerreiros coletivos, onde os bezerros permanecem muito tempo juntos, o aparecimento de "tinha" é comum. Tristeza parasitária Agora, ainda existe uma certa proteção dada pelo colostro e os animais começam a desenvolver a parasitose de carrapatos. É o momento em que os primeiros sintomas da tristeza parasitária começam. A tristeza parasitária é transmitida pelos carrapatos e insetos hematófagos como moscas e pernilongos. A tristeza é causada por dois agentes parasitários: o Anaplasma e a Babesia. A anaplasmose é causada pelo Anaplasma marginale e a babesiose é causada pela babesia sp. A babesia é transmitida pelos carrapatos e a anaplasma pelos insetos hematófagos. Ambas são doenças que causam anemia grave, podendo, com frequência, levar os animais à morte. No campo é muito difícil diagnosticar estas doenças separadamente com certeza absoluta. O tratamento para a tristeza parasitária deve ser realizado assim que os primeiros sintomas forem observados. Temos no mercado vários tipos de medicamentos que são utilizados para o tratamento desta doença. Esta deve ser uma recomendação do veterinário assistente na propriedade. Quanto mais precoce o tratamento, melhor a recuperação. Verminose A partir dos três meses de idade, podemos estar atentos às verminoses, as quais acometem os bovinos jovens. Bovinos com idade até dois anos são muito sensíveis às verminoses e por isto devem receber atenção especial nesta fase, que é de grande desenvolvimento. Como as larvas de vermes estão disseminadas nas pastagens, os animais sob pastejo normal estão continuamente se infectando. Para que esta convivência esteja sob controle, devemos combater os vermes de forma estratégica. Se sabemos que estas larvas de vermes estão espalhadas nas pastagens, temos que atacar de forma que estejamos com mais vantagens. 15 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Em geral, no Brasil, na época de temperatura fria, que coincide com a seca, as pastagens estão em seu pior momento, com o capim sem desenvolvimento, de porte baixo, e as larvas não têm como sobreviver de forma normal. Neste caso, então, a maior população de vermes está dentro dos animais. Assim sendo, esta é a melhor época para se combater estes vermes. Se "vermifugarmos" os animais no inicio, meio e fim da época seca, estaremos fazendo um excelente controle destes parasitas, de forma econômica e eficiente. O uso de vermífugos com poder residual maior, como as avermectinas, pode facilitar este controle estratégico, exigindo apenas duas "vermifugações", sendo uma no início e a outra no fim de seca. Outra forma é, a partir de três meses de idade, "vermifugar" todos os animais, mensalmente, até a idade de um ano. Esta estratégia tem bom retorno financeiro. Vacinação Basicamente, temos, dentro de um programa sanitário, algumas vacinas de uso obrigatório. A vacinação contra a brucelose é obrigatória somente para as fêmeas na idade entre três e oito meses de idade. Não se pode vacinar estas fêmeas a partir desta idade, pois a titulação do exame pode ser positivo para o resto da vida e este animal é considerado positivo e o destino certamente é o abate. Outra vacina obrigatória é a da febre aftosa, que deve ser aplicada de acordo com a região do país, como indicado pelos órgãos de defesa sanitária do estado. A vacinação contra o carbúnculo sintomático deve ser realizada em todos os animais acima de três meses de idade, sendo repetida de seis em seis meses até os dois anos de idade. É nesta idade que os animais estão mais sujeitos a desenvolver esta enfermidade. Como característica, é uma doença que afeta os animais com melhores escores corporais. Outra vacinação importante é a contra a raiva, que deve ser aplicada anualmente, principalmente em regiões de surto, quando grande parte do rebanho pode ser afetada pela doença. Existe no mercado um número grande de vacinas contra várias doenças, como leptospirose, rinotraqueíte infecciosa dos bovinos - IBR, diarréia bovina a vírus - BVD, mamite, campilobacteriose, colibacilose e outras tantas que devem ser indicadas para cada caso e pelo veterinário responsável pelo rebanho. Cada caso vai exigir uma conduta específica de acordo com a recomendação do veterinário. Controle de carrapatos Uma das doenças mais importantes que afeta nossos rebanhos é a carrapatose. É uma doença que causa enormes prejuízos e grande desconforto para os animais, prejudicando o seu desenvolvimento e produção. Os carrapatos, além dos problemas que normalmente causam, transmitem doenças que afetam de forma drástica o animal. Estas doenças são a babesiose e a anaplasmose que fazem parte do complexo “tristeza parasitária”. Um grande complicador no combate aos carrapatos é que não podemos eliminá-los do rebanho, pois apesar de transmitir a tristeza parasitária, são eles que mantêm os níveis de anticorpos contra esta doença. Os carrapatos inoculam constantemente os agentes da tristeza parasitária nos bovinos. Assim, eles estão sempre sendo estimulados a produzir anticorpos contra a tristeza parasitária. Por outro lado, é imperativo que nossa vigilância esteja sendo levada com seriedade, pois qualquer descuido, a população de carrapatos pode aumentar de tal forma que pode levar alguns animais à morte. É comum, em propriedades descontroladas, que os animais estejam tão afetados que comecem a emagrecer, não tenham o rendimento esperado e cheguem ao extremo de morrer. Uma proposta de controle é o estratégico, que consiste em banhar os animais de forma a não deixar o desenvolvimento de teleóginas por um período de 120 dias. No Sudeste este controle deve ser realizado na época de maior calor, que coincide com a época das chuvas, quando aumenta também a umidade relativa do ar. A partir de dezembro, começa um pico de crescimento do carrapato que deve ser combatido por banho carrapaticida. Estes banhos devem ser realizados a cada 21 dias, com um total de cinco a seis banhos. Este combate deve cobrir um período de 120 dias sem que haja desenvolvimento de teleóginas. Este banho podeser dado por aspersão ou pour on. Se o 16 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA carrapaticida utilizado tiver maior tempo residual, estes banhos podem ser mais espaçados com intervalos de 35 dias. O importante é combater os carrapatos de maneira que não permita o desenvolvimento de teleóginas. A forma de dar banho pode variar com o produto. Em geral o banho por aspersão requer em torno de quatro a cinco litros de solução por animal adulto. O animal tem que ser molhado totalmente desde a cauda até a ponta do focinho. Um dos grandes problemas que encontramos nos banhos carrapaticidas é que as partes baixas e as reentrâncias da pele, muitas vezes, não ficam bem molhados e os carrapatos que ali estiverem não sofrerão os efeitos do veneno. Estes carrapatos vão se desenvolver e contaminarão as pastagens, prejudicando de forma drástica o controle destes parasitas. Quando formos banhar o rebanho, devemos atingir todo o contingente no menor espaço de tempo. Por exemplo, não é recomendado que se banhe os animais solteiros numa semana e os de leite na semana seguinte. Além de termos um controle muito trabalhoso dos animais que foram banhados, pode acontecer de um deles trocar de lote e ser o contaminador daquele pasto. O ideal é que se banhe todo o rebanho no máximo em três dias. Um agravante do combate aos carrapatos é durante a época em que se tem a maior precipitação pluviométrica. Quando os animais tomam banho carrapaticida e logo após são atingidos por uma chuva, dependendo do produto utilizado, este é lavado e perde o efeito. Neste caso o controle é interrompido e não se alcançam os resultados esperados. Este é um dos grandes causadores de insucesso do combate estratégico dos carrapatos. Outro que se deve chamar a atenção é que os banhos não foram dados de forma adequada, tanto em quantidade quanto em qualidade, não atingindo todos os pontos do corpo do animal. Há uma variação enorme da quantidade gasta pelos proprietários para banhar seus rebanhos. Esta quantidade varia de meio litro até oito litros por animal. Como se há de convir, com meio litro de calda não é possível banhar todo um animal adulto. Por outro lado, oito litros para banhar um animal está se desperdiçando o produto. Um dos grandes problemas que encontramos nas propriedades é a forma de se dar banho. Quando se faz uso de aspersores, os costais são o vilão da história. Com uma capacidade para 20 litros de calda, que daria para banhar entre quatro e cinco animais, temos visto que nas propriedades, com mesma quantidade de calda, o funcionário banha até 40 animais. Conclui-se que este banho foi mal dado. Este problema vem da bomba que é pesada, o trabalho realizado pelo operador é pesado e, por esse motivo, os três primeiros animais têm banhos melhores, nos outros vem o cansaço e o operador não aguenta mais, então, não consegue trabalhar adequadamente, fugindo do objetivo. É muito comum, nestes casos, as pessoas reclamarem do produto. Muitas vezes há troca do produto sem que se preocupe com o princípio ativo que pode, com frequência, ser o mesmo que o anterior. Às vezes, no segundo banho com o mesmo produto, o operador consegue um melhor sucesso. O motivo é, simplesmente, porque houve maior capricho no banho. Outra ação comum é a troca constante de base medicamentosa, sem critério. Isso ocorre sempre que não se tem sucesso com os tratamentos. Mesmo assim, apesar da troca por outra base, o vilão continua sendo o banho mal realizado. Todos estes cuidados devem ser observados na hora de planejar o controle estratégico. Qualquer erro, em qualquer fase, pode comprometer seriamente o sucesso. Controle de mamite A mamite é a inflamação da glândula mamária. É causada pelos mais diversos agentes. Os mais comuns são as bactérias dos gêneros estreptococos e estafilococos. Outros agentes causadores de mamites são os coliformes. É preciso trabalhar preventivamente no controle de mamite, pois esta é uma doença que surge repentinamente. Sendo uma doença de manejo, para se fazer uma prevenção adequada, é preciso considerar todo o manejo da propriedade. Quando os índices dessa doença se elevam, significa que uma ou mais ações dentro do manejo está sendo executada de forma inadequada. Vale ressaltar que as mamites ambientais são esporádicas e podem acometer qualquer dos animais em lactação. 17 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Dentro deste manejo da propriedade, devemos levar em consideração todo o processo realizado diariamente dentro da propriedade, desde quando os animais estão no pasto, vão para a ordenha e voltam para o pasto. Não importando a forma de ordenha, seja ela mecânica ou manual, deve ser observada a condução de todo o processo, pois um dos grandes causadores de mamite é quando a ordenha não é bem conduzida. No processo com ordenha mecânica, os equipamentos devem ser conduzidos como recomendado pelos fabricantes. As trocas de peças e borrachas têm que ser executadas dentro do prazo recomendado, assim como o nível de vácuo, pois tanto o excesso como a falta deste vácuo são grandes fatores predisponentes para o aparecimento de mamite. Esses são alguns exemplos do que pode causar a presença da mamite. Existem vários testes que podem auxiliar no diagnóstico da mamite. O “CMT” (California Mastitis test) é um teste que pode ser realizado no campo, muito prático. Porém, deve ser executado por profissional treinado. A contagem de células somáticas “CCS” é outro exame que é usado para o diagnóstico da mamite, o qual é feito em laboratório. Estes dois meios de diagnóstico são utilizados para diagnosticar a mamite subclínica. Esta mamite ocorre com certa frequência nos rebanhos. É a mamite que não podemos enxergar a olho nu, porém ela é a precursora da mamite clínica. A mamite clínica é aquela que se pode ver a olho nu. Outro teste que pode auxiliar no diagnóstico da mamite é a cultura. Toma-se uma porção do leite afetado e faz-se uma cultura em laboratório. Este exame é utilizado para identificar o causador da mamite. O teste prático mais eficiente é o teste da caneca telada ou de fundo escuro. Esse é o teste que se deve fazer a cada ordenha. Ele detecta a mamite clínica nos primeiros jatos de leite. Quando a mamite clínica aparece, há um depósito de leucócitos (células de defesa) no canal da teta e estes leucócitos formam grumos que são visualizados logo nos primeiros jatos de leite. Estes primeiros jatos devem ser depositados na caneca de fundo escuro ou telada onde os grumos serão visualizados com mais facilidade. Devido o contraste do fundo da caneca com os próprios grumos, estes ficam mais aparente. Neste caso, estamos diante da mamite clínica. No caso de mamite clínica, o animal deve ser retirado do recinto e ser ordenhado mais tarde, após os animais sadios. Dependendo da gravidade da mamite, o animal deve ser ordenhado fora do local de ordenha para não contaminar o ambiente. Se a mamite for crônica, o animal deve ser descartado. No caso de controle adequado da mamite, pode-se utilizar a linha de ordenha onde primeiramente são ordenhadas as vacas sadias, depois as que já tiveram mamite e foram curadas e, no final, aquelas que estão com mamite e em tratamento. O tratamento das vacas com mamite varia de acordo com o caso apresentado. Em geral, os tratamentos devem ser precedidos de ordenhas sucessivas: em torno de quatro no período do dia. Se for o caso de necessidade de medicamento, tratar somente após a última ordenha do dia. As vacas secas devem ser tratadas com medicamentos próprios para esta fase. Existe no mercado vários medicamentos para tratamento preventivo de vacas neste período de descanso. É bom lembrar que estes medicamentos nunca devem ser utilizados para tratar mamites comuns, pois eles são próprios para a prevenção da mamite no período seco. Cascos Uma das grandes preocupações em todos os criatórios de bovinos são os cascos.A importância dos cascos na locomoção do animal é vital. Qualquer problema que possa vir a acontecer com os cascos pode comprometer de forma drástica a produção. São muitas causas que prejudicam os cascos. Dentre as várias que podemos citar, temos como muito importante a alimentação e o desgaste que ocorre, principalmente, em animais confinados. Em animais não confinados, quando chega a estação chuvosa, época em que o barro é abundante, há um amolecimento dos cascos que favorece o desgaste deles. Estes fatores somados levam ao aparecimento de vários problemas que afetam diretamente os animais. 18 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Animais que têm os cascos comprometidos podem apresentar inúmeros problemas, mas um dos que mais chamam a atenção é a reprodução. Os animais afetados não só têm perda de peso como não demonstram cios. Esta perda afeta diretamente o intervalo entre partos, além de ser comum a perda total do animal. ATIVIDADES 01 - Explicar o que você entende por manejo sanitário em um rebanho bovino? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 - Escrever os índices zootécnicos ligados num manejo sanitário. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Desaleite ou desmame os bezerros As maiores vantagens da desmama ou do desaleitamento precoce são as reduções no custo da alimentação, da mão-de-obra e não ocorrência de distúrbios gastrointestinais. Quando o bezerro estiver consumindo 600 a 800 g de concentrado por dia, de maneira consistente, ele estará pronto para ser desaleitado ou desmamado, independentemente de sua idade, tamanho ou peso. Independentemente do sistema de criação adotado, não há razão, do ponto de vista do bezerro, do fornecimento da dieta líquida ser superior a oito semanas. Recomenda-se o desaleitamento abrupto, não sendo necessária a redução gradativa da quantidade de leite oferecida para os bezerros, prática trabalhosa, principalmente à medida que aumenta o número de bezerros. Os bezerros devem permanecer na sua instalação por mais duas semanas, após o corte da dieta líquida, recebendo água e alimentos sólidos. Assim, eles perderão o hábito da dieta líquida com menor estresse, e será possível observar como eles reagiram à desmama ou ao desaleitamento. Outro fator de importância é a não-ocorrência de estresse por competição, se mudados imediatamente após a desmama, para instalações coletivas (baias ou pasto) . Dicas importantes: - observe o bezerro, cuidadosamente, todos os dias; - verifique o olhar do bezerro: olhar vivo significa saúde; - verifique a existência de corrimento nasal: o desejável é não haver corrimento nasal; - verifique a consistência das fezes: as fezes devem estar sólidas; - verifique o apetite dos bezerros. - bezerros sadios bebem a dieta líquida com avidez, e não descuide do peso: pese o bezerro ao nascer e ao desaleitamento ou à desmama. Calcule o ganho de peso médio diário. Cálculo do ganho de peso médio diário (GPMD) GPMD (kg/dia) = (peso ao desaleitamento - peso ao nascimento)¸ número de dias entre o desaleitamento e o nascimento Observação: O ganho de peso médio diário deve ser superior a 0,350 kg por dia. Anote, na ficha individual do bezerro, os pesos e quaisquer problemas ocorridos com o bezerro. ATIVIDADES 01 - Qual a importância da alimentação para os bovinos? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 19 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Recria a pasto Pastos de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os nutrientes para o crescimento das novilhas, desde que uma mistura mineral esteja sempre à disposição. A suplementação volumosa na época seca deve pode ser feita com forragens verdes picadas, cana-de-açúcar adicionada com 1% de ureia, silagens ou fenos. Para o fornecimento de volumosos em cochos é necessário minimizar a competição por alimento entre os animais manejados em grupos, para isto, é importante propiciar aos animais área de cocho suficiente, permitindo que todos tenham chance de se alimentar. O fornecimento de concentrado às novilhas é dependente da idade, da qualidade do alimento volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. Em geral, até os seis meses é necessário o fornecimento de 1 a 2 kg de concentrado com 12% de proteína bruta e 61% de nutrientes digestíveis totais. Recria em confinamento Neste sistema, os alimentos são levados às novilhas que permanecem confinadas todo o tempo, sem acesso a pasto. Elas podem receber, no cocho, forrageira verde picada e/ou silagem e/ou feno. Uma mistura mineral deverá estar sempre à disposição, em cochos separados, independente do volumoso utilizado. Ao se fornecer dietas à base de silagem de milho para novilhas, deve-se observar a necessidade de suplementação protéica, se não foi utilizada a uréia ou outra fonte de nitrogênio não protéico no momento da ensilagem. Às vezes, é necessário limitar o consumo da silagem para evitar que as novilhas fiquem obesas. Um feno de excelente qualidade é, sem dúvida, o melhor alimento para as novilhas mantidas sob confinamento. Ele pode constituir-se no único alimento para esta categoria animal. A mistura em partes iguais (na base da matéria seca) de feno e silagem de milho pode ser considerada como o melhor alimento para esta categoria animal, quando em confinamento. Também em sistemas de criação de novilhas confinadas, de raças especializadas para produção de leite, recomenda-se o fornecimento de concentrado durante toda a fase de recria. Tudo vai depender do ganho de peso desejado durante esta fase. É importante ter sempre em mente que os extremos, sub e superalimentação, devem ser evitados. Água As novilhas devem ter à sua disposição água fresca e limpa diariamente. Monitore o crescimento das novilhas O monitoramento do desenvolvimento das novilhas é através do acompanhamento do ganho de peso mensalmente. Dos 80-90 kg de peso vivo até a puberdade elas não devem ganhar mais do que 900 g por dia. Após a puberdade, ganhos superiores a este são admitidos, mas deve-se evitar que as novilhas fiquem obesas. O crescimento das novilhas pode ser feito através de pesagem ou pela condição corporal das mesmas. Numa escala de 1 a 5 (1 = magra e 5 = obesa), as novilhas devem apresentar escore igual a 3. Registre em ficha individual os pesos e quaisquer problemas ocorridos com as novilhas. ATIVIDADES 01 - Explicar o manejo alimentar dos bezerros até a desmama. ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ 20 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Alimentação de vacas em lactação Um sistema de alimentação para vacas em lactação, para ser implementado, é necessário considerar o nível de produção, o estágio da lactação, a idade da vaca, o consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, tipos e valor nutritivo dos alimentos a serem utilizados.O estágio da lactação afeta a produção e composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal. Nas duas primeiras lactações da vida de uma vaca leiteira, deve-se fornecer alimentos em quantidades superiores àquelas que deveriam estar recebendo em função da produção de leite, pois estes animais ainda continuam em crescimento, com necessidades nutricionais bastante elevadas. Assim, recomenda-se que aos requerimentos de mantença sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira cria e 10% para vacas de segunda cria. Recomenda-se alimentar as vacas primíparas separadas das vacas mais velhas. Este procedimento evita a dominância, aumentando o consumo de matéria seca. As vacas não devem parir nem excessivamente magras nem gordas. Vacas que ganham muito peso antes do parto apresentam apetite reduzido e menores produções de leite, e distúrbios metabólicos como cetose, fígado gorduroso e, deslocamento do abomaso além de baixa resistência aos agentes de doenças. Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da curva de lactação, pois, as exigências nutricionais dos animais, são distintas para cada um deles. Alimentação no terço inicial da lactação As vacas, nas primeiras semanas após o parto, não conseguem consumir alimentos em quantidades suficientes para sustentar a produção crescente de leite neste período, até atingir o pico, o que ocorre em torno de 5 a 7 semanas após o parto. O pico de consumo de alimentos só será atingido, posteriormente, em torno de 9 a 10 semanas pós-parto. Por isso, é importante que recebam uma dieta que possa permitir a maior ingestão de nutrientes possível, evitando que percam muito peso e tenham sua vida reprodutiva comprometida. Devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade e em quantidade suficiente para permitir alta ingestão de matéria seca. Para isto, o manejo dos pastos em rotação é prática recomendada e para implementar um sistema pastejo rotativo. Deve-se fornecer volumoso de boa qualidade com suplementação com concentrados e mistura mineral adequada. Vacas de alto potencial de produção devem apresentar um consumo de matéria seca equivalente a pelo menos 4% do seu peso vivo, no pico de consumo. Vacas que são ordenhadas três vezes ao dia consomem 5 a 6% mais matéria seca do que se ordenhadas duas vezes ao dia. Para vacas mantidas a pasto, durante o período de menor crescimento do pasto, há necessidade de suplementação com volumosos: capim-elefante verde picado, cana-de-açúcar adicionada de 1% de ureia, silagem, feno ou forrageiras de inverno. Para vacas de alta produção leiteira ou animais confinados, forneça silagem de milho ou sorgo, à vontade. Um regra prática para determinar a quantidade de volumoso a ser fornecida é monitorar a sobra ou o excesso que fica no cocho. Caso não haja sobras ou se sobrar menos do que 10% da quantidade total fornecida no dia anterior, aumente a quantidade de volumoso a ser fornecida. Caso haja muita sobra, reduza a quantidade. Para cada dois quilogramas de leite produzidos, a vaca deve consumir pelo menos um quilograma de matéria seca. De outra forma, ela pode perder peso em excesso e ficar mais sujeita a problemas metabólicos. Fornecimento de concentrado O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta (PB) e acima de 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzidos. Pode-se utilizar uma mistura simples à base de milho moído e farelo de soja ou de 21 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA algodão, calcário e sal mineral, ou dependendo da disponibilidade, soja em grão moída ou caroço de algodão. Vacas de alta produção de leite manejadas a pasto ou em confinamento precisam ter ajustes em seu manejo e plano alimentar. Para vacas com produções diárias acima de 28-30 kg de leite, deve- se fornecer concentrados com fontes de proteína de baixa degradabilidade no rúmen, como farinha de peixe, farelo de algodão, soja em grão moída, tostada, etc. Vacas com produções acima de 40 kg de leite por dia, além de uma fonte de gordura, como caroço de algodão, soja em grão moída ou sebo, devem receber gordura protegida (fonte comercial) para elevar o teor de gordura da dieta total para 7-8%. Essas vacas devem receber uma quantidade diária de gordura na dieta equivalente à quantidade de gordura produzida no leite. Dieta completa Dieta completa é uma mistura de volumosos (silagem, feno, capim verde picado) com concentrados (energéticos e proteicos), minerais e vitaminas. A mistura dos ingredientes é feita em vagão misturador próprio, com balança eletrônica para pesar os ingredientes. Muito usada em confinamento total, tem a vantagem de evitar que as vacas possam consumir uma quantidade muito grande de concentrado de uma única vez, o que pode causar problemas de acidose nos animais. Além disso, recomenda-se a inclusão de 0,8 a 1% de bicarbonato de sódio e 0,5% de óxido de magnésio na dieta total, para evitar problemas com acidose. O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações mais secas ou mais úmidas podem limitar o consumo. Por isso, o teor de umidade da silagem deve ser monitorado semanalmente, se possível. Normalmente, as vacas se alimentam após as ordenhas. Mantendo a dieta completa à disposição dos animais nesses períodos, pode-se conseguir aumento do consumo voluntário. Para reduzir mão de obra na mistura de diferentes formulações para os grupos de vacas com diferentes produções médias, a tendência atual é de se formular uma dieta completa com alto teor energético e com nível de proteína não degradável que atenda ao grupo de maior produção de leite. Os demais grupos, vacas no terço médio e vacas em final de lactação, naturalmente já controlariam o consumo, ingerindo menos matéria seca. Para assegurar consumo máximo de forragem, principalmente na época mais quente do ano, deve-se garantir disponibilidade de alimentos ao longo do dia. Deve-se encher o cocho no final da tarde, para que os animais possam ter alimento fresco disponível durante a noite. Dessa forma, as vacas podem consumir o alimento num horário de temperatura mais amena. Forneça mistura mineral Para animais mantidos a pasto, o método mais prático de suplementar minerais é deixando a mistura (comprada ou preparada na própria fazenda) disponível em cocho coberto, à vontade. Para vacas em lactação e animais que são mantidos em confinamento, é mais seguro e garantido incluir a mistura mineral no concentrado ou na dieta completa. Forneça água limpa e de boa qualidade Vacas em lactação requerem uma quantidade muito grande de água, uma vez que o leite é composto de 87 a 88% de água. Ela deve estar à disposição dos animais, à vontade e próxima dos cochos. Normalmente as vacas consomem 8,5 litros de água para cada litro de leite produzido. Quando a temperatura ambiente se eleva, nos meses de verão, o consumo de água aumenta substancialmente. Alimentação no terço médio da lactação Neste período, as vacas já recuperaram parte das reservas corporais gastas no início da lactação e já deveriam estar enxertadas. A produção de leite começa a cair e as vacas devem continuar a ganhar peso, preparando sua condição corporal para o próximo parto. O fornecimento de concentrado deve ser feito com 18 a 20% de proteína bruta, na proporção de 1 kg para cada 3 kg de leite produzidos acima de 5 kg, na época das chuvas, e a mesma relação acima de 3 kg iniciais de leite produzido, durante o período seco do ano, conforme tabela abaixo. Produção de Quantidade Concentrado (kg/vaca/dia) 22 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA leite (kg/vaca/dia) Época das “águas” Época seca 3 a 5 - 1 5 a 8 1 2 8a 11 2 3 11 a 14 3 4 14 a 17 4 5 17 a 20 5 6 Alimentação no terço final da lactação Neste período as vacas devem recuperar suas reservas corporais e a produção de leite já é bem menor que nos períodos anteriores. Deve-se alimentar as vacas para evitar que ganhem peso em excesso, mas que tenham alimento suficiente, principalmente na época seca do ano, para repor as reservas corporais perdidas no início da lactação. É o período em que ocorre a secagem do leite, encerrando-se a lactação atual e o início da preparação para o próximo parto e lactação subsequente. Alimentação no período seco É o período compreendido entre a secagem e o próximo parto. Em rebanhos bem manejados sua duração é de 60 dias. É fundamental para que haja transferência de nutrientes para desenvolvimento do feto, que é acentuado nos últimos 60 - 90 dias que precedem o parto, a glândula mamária regenere os tecidos secretores de leite e acumule grandes quantidades de anticorpos, proporcionando maior qualidade e produção de colostro, essencial para a sobrevivência da cria recém-nascida. O suprimento de proteína, energia, minerais e vitaminas é muito importante, mas deve-se evitar que a vaca ganhe muito peso nesta fase, para reduzir a incidência de problemas no parto e durante a fase inicial da lactação. Isso se deve, principalmente, à redução na ingestão de alimentos pós-parto, o que normalmente se observa com vacas que parem gordas. Nas duas semanas que antecedem ao parto deve-se iniciar o fornecimento de pequenas quantidades do concentrado formulado para as vacas em lactação, para que se adaptem à dieta que receberão após o parto. As quantidades a serem fornecidas variam de 0,5 a 1% do peso vivo do animal, dependendo da sua condição corporal. O teor de cálcio da dieta de vacas no final da gestação deve ser reduzido para evitar problemas com febre do leite após o parto. A mistura mineral (com nível baixo de cálcio) deve estar disponível, à vontade, em cocho coberto. Alimentação de Touros Os touros devem receber volumosos de boa qualidade, além de 2 kg de concentrado com 65% de NDT e cerca de 18% de proteína. O concentrado fornecido às vacas secas ou novilhas pode ser usado. Acesso a piquete para exercício, havendo disponibilidade adequada de pasto de boa qualidade, melhor. Limitar o fornecimento de feno a 7 a 10 kg por dia e, se usar a silagem de milho ou sorgo, fornecer, no máximo, 7 kg/dia. Água de boa qualidade e mistura mineral devem estar sempre à disposição do touro. ATIVIDADES 01- Certo rebanho leiteiro vem apresentando um alto índice de retenção de placenta pós-parto. O que podemos fazer como prevenção desse problema? a) ( ) Vacinação do rebanho contra retenção de placenta; b) ( ) Usar a técnica da cesariana no parto; c) ( ) Suplementação alimentar e mineral; d) ( ) Usar inseminação artificial; e) ( ) Diminuir o intervalo entre partos. 02- Assinalar a alternativa que melhor representa a ordem de seqüência dos fatos: a) ( ) Cio-Concepção-Gestação-Período de serviço-Retenção de placenta-Parto; b) ( ) Cio- Gestação- Período de serviço- Metritre- Parto-Prolapso uterino; 23 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA c) ( ) Prenhes-Cio-Gestação-Parto-Retenção de placenta-Metrite; d) ( ) Período de serviço-Cio-Fecundação-Gestação-Parto-Retenção de placenta; e) ( ) Cio-Gestação-Período de serviço-Retenção de placenta-Parto-Prolapso vaginal. 03- O ciclo reprodutivo envolve todos os aspectos ligados à reprodução dos animais. Nesse sentido, marque a alternativa INCORRETA quanto ao puerpério de vacas. a) ( ) O puerpério é caracterizado pela perda de peso da mãe, devido às crescentes exigências nutricionais maternas. b) ( ) É definido como o período que vai da expulsão da placenta até o reinício da atividade cíclica ovariana e a completa involução uterina. c) ( ) Considerando condições ideais, o puerpério médio em vacas dura 3 meses. d) ( ) Problemas de parto podem prolongar o puerpério em vacas. e) ( ) Doenças ligadas à reprodução influenciam na duração do puerpério. 04- Um técnico foi chamado por um pecuarista para ajudá-lo a comprar um touro da raça Senepol. Dentre os exames abaixo, qual não comprova a sua eficiência reprodutiva? a) ( ) Escore de condição corporal (ECC); b) ( ) Circunferência escrotal (CE); c) ( ) Aspectos físicos e morfológicos do sêmen; d) ( ) Comportamento sexual; e) ( ) Raça. 05- Existem algumas doenças de interesse reprodutivo que causam grandes prejuízos para um rebanho, provocando abortos, infertilidade, retenção de placenta e outros. Quais são essas doenças? a) ( ) Brucelose, Leptospirose, Cio silencioso, Cio do encabelamento, IBR e BVD; b) ( ) Prolapso vaginal, Prolapso uterino, Aborto, IBR, BVD e Metrite; c) ( ) Brucelose, Aborto, Trichomonose, Vibriose e Endometrite; d) ( ) Brucelose, Leptospirose, IBR, BVD, Campilobacteriose e Trichomonose; e) ( ) Orquite, Anestro, Criptorquidismo, Hipoplasia, Degeneração testicular e Intersexos. 06- São critérios de descarte das matrizes, EXCETO: a) ( ) Anestro fisiológico; b) ( ) Idade; c) ( ) Aborto; d) ( ) Brucelose; e) ( ) Prolapso uterino. 07- Assinalar a alternativa incorreta: a) ( ) A indução da lactação em vacas secas seria usada em falhas reprodutivas; b) ( ) Criptorquidismo é a ausência de testículo no saco escrotal (uni ou bilateral); c) ( ) A brucelose é considerada uma zoonose; d) ( ) A leptospirose pode ser transmitida através da urina, parto e leite; e) ( ) Anestro prolongado no pós-parto aumenta a fertilidade. 08- Com relação ao parto nos bovinos, marquem a correta. a) ( ) Parto é definido apenas como o nascimento do feto após seu desenvolvimento; b) ( ) A duração da expulsão do bezerro é de 12 horas; c) ( ) A duração da expulsão da placenta é de 1 a 3 horas; d) ( ) Parto distócico é o mesmo que um parto normal; e) ( ) Para ajudar na dilatação da cervix pode usar hormônio oxitocina. 09- Marquem a incorreta: a) ( ) Genótipo e Fenótipo são fatores avaliados na reposição de matrizes; b) ( ) Habilidade materna é a capacidade de uma matriz em produzir cio fértil; 24 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA c) ( ) Na transferência de embriões (TE), a fêmea é inseminada e os embriões são coletados e transferidos para as receptoras; d) ( ) A estação de monta deve ser feita num período de melhor alimento; e) ( ) Na fecundação in vitro (FIV) a fecundação é feita no laboratório e os embriões são transferidos para as receptoras. 10- O que é anestro? Por que ocorre e como evitar? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 11- Quais são as vantagens da distribuição do rebanho nos pastos, separado por categoria (sexo e idade)? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 12- Quais são as causas mais frequentes de queda de fertilidade dos touros? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13- Quais as causas de aborto em vacas de corte e como evitá-las? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 14- O que fazer nos casos de prolapso uterino? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 15- Por que é importante fazer o controle das doenças da reprodução dos bovinos? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ FONTE: EMBRAPA 25 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA IR R IG A Ç Ã O E D R E N A G E M CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 26 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO A aspersão, nos seus diferentes sistemas, como o convencional, autopropelido e principalmente o pivô central, compreende o maior percentual da área irrigada de feijoeiro em terras altas na região dos Cerrados. Esse método tem a preferência de empresários agrícolas e produtores que utilizam bons níveis de tecnologia, embora sua implantação implique custos iniciais elevados. O método de aspersão (Figura 1. Aspersão Convencional.) é composto, normalmente, por um conjunto motobomba, tubulações, aspersores e acessórios. O sistema de aspersão convencional é considerado o sistema básico de irrigação por aspersão, do qual derivaram todos os demais. São classificados em portáteis, semiportáteis e fixos, dependendo do grau de movimentação em campo. Os monômetros (medidores de pressão) são indispensáveis para o bom funcionamento do sistema. São empregados para irrigação de pequenas áreas. Um sistema de aspersão convencional recentemente empregado no Brasil é o sistema de aspersão em malha.Esse sistema é fixo, com tubulações enterradas. Um único aspersor se movimenta na linha lateral, de diâmetro reduzido, exigindo assim conjunto motobomba de baixa potência. O sistema autopropelido é movimentado por energia hidráulica e possui um aspersor do tipo canhão, montado em uma plataforma, e uma mangueira de alta pressão de até 500 metros. É empregado em áreas irrigadas de tamanho médio. O sistema pivô central é um sistema de movimentação circular, movido a energia elétrica ou diesel. Possui uma linha lateral de aspersores suspensa por torres dotadas de rodas. As torres se movimentam independentemente por possuírem motores individuais. A aspersão é um método que possibilita o bom controle da lâmina de água aplicada. De modo geral, a eficiência do método é ao redor de 70%, podendo alcançar 90% em alguns sistemas ou até 50% em condições severas de clima. O vento, a umidade relativa do ar e a temperatura são os principais fatores climáticos que afetam o uso da irrigação por aspersão. O vento afeta a uniformidade de distribuição dos aspersores e, juntamente com a temperatura e a umidade relativa do ar, afetam a perda de água por evaporação. O método apresenta as seguintes vantagens: a) adapta-se a terrenos com declividades mais acentuadas e superfícies menos uniformes; b) pode ser utilizado em solos com alta capacidade de infiltração e baixa capacidade de retenção de água, como os arenosos, por permitir irrigações frequentes e com menor quantidade de água; c) propicia, em geral, distribuição de água mais uniforme; d) interfere pouco com as práticas agrícolas. Em alguns sistemas, os acessórios facilitam a rápida desmontagem do equipamento; e) a eficiência de condução é alta, pois os condutos fechados evitam perdas de água por infiltração, escorrimento e evaporação; f) deixa maior área disponível para a cultura devido à ausência de canais e sulcos; g) permite maior economia de mão de obra, quando os sistema são permanentes ou mecanizados; h) possibilita a irrigação durante o período noturno, aumentando o tempo de irrigação e de utilização do equipamento; i) permite a aplicação de produtos químicos, via água de irrigação; j) permite o uso de certas águas residuais por proporcionar grande oxigenação na água; e k) pode ser aplicado para reduzir a temperatura do ar e na proteção contra geadas. A proteção se consegue com o calor liberado pelo congelamento da água. Como desvantagens da aspersão, citam-se: a) não é recomendada para locais de ventos fortes e constantes, pois o vento afeta a uniformidade de distribuição de água pelos aspersores. Em regiões de baixa umidade relativa do ar e de temperaturas elevadas, a perda de água por evaporação pode atingir valores altos; 27 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA b) pode favorecer a incidência de doenças nas plantas, por molhar as folhas e aumentar a umidade relativa do ar. Quando o macroclima é favorável a doenças, o microclima resultante da irrigação tem menor importância; c) pode interferir com alguns tratos culturais por lavar a parte aérea das plantas; d) pode causar prejuízos à fixação de botões florais ou mesmo de frutos novos devido ao impacto mecânico das gotas, quando os sistemas estão trabalhando abaixo da pressão de serviço recomendada; e) não permite o uso da água salina para irrigação, por reduzir a vida útil do equipamento, ainda que seja um bom método no controle da salinidade,; f) envolve alto investimento inicial; g) o traslado de tubulações portáteis e acessórios dos sistemas convencionais é uma operação desagradável e trabalhosa; e h) pode provocar compactação e erosão do solo quando altas taxas de aplicação de água. Os aspersores constituem-se nas peças principais de um sistema de aspersão. Têm a finalidade de pulverizar o jato de água, proporcionando a aplicação da irrigação na forma de chuva. Os aspersores podem ser estacionários ou rotativos. Quando rotativos, podem se apresentar com giro completo (360º) ou do tipo setorial, permitindo uma regulagem da amplitude de giro. O ângulo mais comum de inclinação do jato com a horizontal é o de 30º; contudo, o ângulo de 20-22º é o que melhor se adapta a condições de vento forte. No sistema pivô central, têm-se utilizado difusores estacionários, em que o jato de água é finamente pulverizado pelo choque com anteparo cheio de ranhuras. IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE: SULCO E INUNDAÇÃO INTRODUÇÃO A irrigação por superfície foi o primeiro método de irrigação a ser usado pelo homem. Há 6000 anos as civilizações da Mesopotâmia, egípcia e chinesa já empregavam esse método de irrigação, ainda que de forma rudimentar. Em 1980, cerca de 16% das terras cultivadas no mundo eram irrigadas, sendo 105 por superfície e 6% por outros métodos. Em 1982, o Estado de Minas contava com uma área irrigada de 123000 ha, dos quais 74% eram irrigados por superfície. Em 2004, no Brasil, aproximadamente 1700000 ha são irrigados por superfície. IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE É um método de irrigação não-pressurizado em que a água se movimenta por gravidade diretamente sobre a superfície do solo, de canais ou tubos janelados, até qualquer ponto de infiltração, exigindo, portanto, áreas sistematizadas e com declividade de 0 a 6%, deacordo com o tipo de irrigação. Não é recomendado para solos com alta permeabilidade, por proporcionar grandes perdas por percolação, e para solos instáveis, pela formação de crateras quando molhados. Devem-se evitar áreas com declividade, acentuadas e superfície do solo desuniforme, pois o gasto com sistematização para adequação da área ás exigências desse sistema seria muito alta, além da possibilidade de exposição do subsolo. Devido á forma de distribuição de água, é um método de irrigação que consome mais água quando comparado com os outros sistemas, em razão da menor eficiência de aplicação e distribuição de água, decorrente de grandes perdas durante a aplicação. Isso ocorre por dois principais motivos: falta de combinação adequada das variáveis comprimento de área, declividade da superfície do solo, vazão aplicada e tempo de aplicação; e manejo deficiente. VANTAGENS E LIMITAÇÕES As principais vantagens do método de superfície são: menor custo fixo e operacional; requer equipamentos simples; não sofre efeito de vento; menor consumo de energia quando comparado com aspersão; não interfere nos tratos culturais; permite a utilização de água com sólidos em suspensão. 28 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA As principais limitações são: dependência de condições topográficas; requer sistematização do terreno; o dimensionamento envolve ensaios de campo; o manejo das irrigações é mais complexo; requer frequentes reavaliações de campo para assegurar bom desempenho; se mal planejado e mal manejado, pode apresentar baixa eficiência de distribuição de água; desperta pequeno interesse comercial, em função de utilizar poucos equipamentos. TIPOS DE IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE As irrigações por superfície podem ser dividida em: Irrigação por Sulco; Irrigação por Inundação; Irrigação por faixa; IRRIGAÇÃO POR SULCO Consiste na aplicação de água em pequenos canais, sulcos ou corrugações. A água aplicada nos sulcos infiltra ao longo do perímetro molhado e se movimenta vertical e lateralmente, umedecendo o perfil do solo. Pode ser dividida em sulcos comuns ou de terras planas em contornos, em corrugação, em nível e em ziguezague. A distribuição de água para os sulcos pode ser feita por sifão, bacia auxiliares e tubos janelados. A forma da geometria do perfil depende da cultura a ser irrigada, sendo o mais comum a geometria em V. A largura varia, em media, de 20 a 30 cm, e a profundidade, de 15 a 25 cm. O espaçamento depende da cultura cultivada, chegando geralmente a variar em torno de 90 a 110 cm. Deve ter uma declividade, em geral, inferior a 1%, para minimizar os efeitos causados pela erosão no perfil do sulco. A vazão colocada no sulco ira variar, principalmente com as características do solo, de 0,5 a 2L/s. O comprimento do sulco deve ser tal que proporcione maior eficiência de irrigação e operacional, devendo variar em função de tamanho da área, declividade do terreno, tipo de solo, vazão, cultura e etc. O comprimento do sulco para a simples determinação deve ser tal que o tempo de avanço (tempo que a água leva para ir do inicio ao final do sulco) seja aproximadamente 25% do tempo de oportunidade (tempo de irrigação propriamente dito). São inerentes ao sistema perdas, aquelas por percolação (inicio do sulco) e por escoamento (final do sulco) as mais significativas. FASES DA IRRIGAÇÃO POR SULCO A irrigação por sulco se caracteriza por fases em que a água é distribuída e fica à disposição das plantas. As fases podem ser assim definidas: Fases de Avanço: começa com o inicio da aplicação de água no sulco e termina quando a água atinge o final deste. Essa fase pode ser representada pela curva ou equação de avanço. A duração dessa fase é denominada de tempo de avanço (Ta), sendo em geral um tempo perdido na aplicação de água, e causa as perdas por percolação, principalmente na faixa do sulco. Fase de Reposição ou Irrigação: começa quando a água ou a frente de avanço atinge o final do sulco e termina no instante em que a vazão é cortada no inicio da área - denominado tempo de oportunidade (To). Essa é a fase mais importante, pois é nesse momento que se aplica a lâmina requerida, ou seja, o To é o tempo exigido para que se infiltre a lâmina requerida no final do sulco. Fase de Recessão: corresponde à etapa entre o corte de água no inicio da área ao final do To e o desaparecimento da água na superfície do sulco ao longo da área irrigada. A duração dessa fase na irrigação por sulco geralmente é pequena, sendo na maioria das vezes desprezada; entretanto, na irrigação por faixa e por inundação ela pode ser significativa. 29 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA UTILIZAÇÃO Este método é indicado principalmente para culturas em linha como: milho, soja, feijão e arvores frutífera. Para a cultura do milho, o sistema de irrigação por superfície mais apropriado é o de sulcos, os quais são localizados entre as fileiras de plantas, podendo ser um sulco para cada fileira ou um sulco para duas fileiras. Nos terrenos com declividade de até 0,1%, os sulcos podem ser em nível ou com pequena declividade. Para declividades de até 15%, os sulcos podem ser construídos em contorno ou em declive, o que permite lances de sulcos com comprimento maior. IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO Na irrigação por inundação – muito utilizada atualmente- a água é aplicada em bacias ou tabuleiros intermitentes ou permanentemente mantida sobre a superfície do solo praticamente durante todo o ciclo da cultura. Os tipos de tabuleiros utilizados na irrigação por inundações mais comuns são os retangulares e em contorno. Seu tamanho varia de acordo com o sistema de manejo, sendo este manual ou mecanizado. Para projetos com manejo manual normalmente a área é menor que 0,75 há, e maior ou igual a 0,75 há para os mecanizados. UTILIZAÇÃO É o principal sistema de irrigação utilizado no cultivo do arroz no Rio Grande do Sul ( 30% da área total0, sendo responsável por 80% na produção. Cultivo de Arroz Inundado Área de cultivo de Arroz Inundado INFILTRAÇÃO No parâmetro de difícil avaliação, mas extremamente importante, em irrigação por superfície é a infiltração de água no solo. Nesse tipo de irrigação a infiltração é função de um grande numero de variáveis, muitas delas sujeitas a variações espaciais e temporais. Dentre os fatores podemos citar: 1. vazão de entrada; 2. declividade longitudinal da base de escoamento; 3. geometria e rugosidade; 4. perímetro molhado; 5. profundidade da água sobre a superfície; 6. umidade inicial do solo; 30 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 7. rachaduras ou pequenas cavernas no solo e características físico-químicas do solo e da água de irrigação; SISTEMATIZAÇÃO DE TERRENO A irrigação por superfície exige terreno sobre o qual a água possa fluir sem causar erosão, que para isso deverá ser sistematizados. Antes de iniciar a sistematização de um terreno, deve-se examiná-lo para ver se existem condições de ser irrigado por este método. É feita, no terreno, para facilitar o manejo da água, evitar a erosão e melhorar a eficiência de aplicação de água, a drenagem superficial e a uniformidade de desenvolvimento das plantas. Os trabalhos iniciais visando a sistematização de terreno para irrigação por superfície consistem de estudos preliminares da área a ser irrigada, analisando-se os seguintes fatores: 1. Tipo de solo; 2. Topografia do terreno; 3. Necessidade de saneamento agrícola; 4. Disponibilidade de água; 5. Condução da água; TIPO DE SOLO O solo deve ser suficientemente profundo para possibilitar a sistematização e não possuir permeabilidade muito alta. A velocidade de infiltração de água no solo é relativamente alta no inicio da aplicação, diminuindo gradativamente com o passar do tempo, até atingir um valor praticamenteconstante, quando então é chamada de velocidade de infiltração básica (VIB). Em solos em que o seu valor resulta maior que 3 cm/h, geralmente não se recomenda a irrigação por superfície devido á baixa eficiência de irrigação, causada predominantemente por alta perda de água por percolação profunda, e á elevada perda de nutrientes por lixiviação. TOPOGRAFIA DO TERRENO Quanto mais acidente for a topografia do terreno, maior será o volume de terra a ser movimentado. Na elaboração do projeto deve-se procurar minimizar as profundidades de cortes e as alturas de aterros para reduzir os custos na implementação da sistematização e a remoção excessiva da camada arável, evitando a formação de áreas com problemas de baixa fertilidade. A irrigação por superfície dever ser conduzida em terrenos com superfície uniforme e com declividades que não provoque erosão. NECESSIDADE DE SANEAMENTO AGRÍCOLA Deve-se verificar, na área, se há problemas de drenagem que possam dificultar os trabalhos de levantamento topográfico e de implementação do projeto. Caso isso seja detectado, procede-se á construção de drenos. DISPONIBILIDADE DE ÁGUA Deve-se fazer a medição da vazão e verificar qual a disponível, pois é com base nela que se saberá se a área é possível de ser irrigada. Utiliza-se para isso os métodos convencionais de medição de vazão CONDUÇÃO DA ÁGUA Deve-se sempre procurar conduzir a água por gravidade, visando a redução de custos. Em alguns casos, a construção de barragens de terra em local apropriado, ou simples barramentos feitos na própria calha do curós de água com madeira e terra ou com sacos cheios de arei, é suficiente para elevar o nível da água e possibilitar a condução por gravidade. Caso haja necessidade de bombeamento, deve-se avaliar a relação custo/beneficio para não inviabilizar a obra. 31 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA PREPARAÇÃO PARA A SISTEMATIZAÇÃO DE UM TERRENO Depois de ter sido considerado que o terreno é propício e econômico para irrigação por superfície, após a sistematização e escolhido o método de irrigação a ser usado, é necessário observar os seguintes pontos: 1. Época a ser realizada a sistematização; 2. Levantamento topográfico; 3. Curvas de nível; 4. Realização corte e aterro; 5. Cálculos de sistematização; 6. Objetivas do projeto de sistematização; 7. Maquinas; ÉPOCA A SER REALIZADA A SISTEMATIZAÇÃO A sistematização de um terreno deve ser planejada para a época seca e somente para uma área capaz de ser sistematizada no período seco. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO Deve-se fazer um levantamento topográfico de toda a área, com piquetes distanciados uns dos outros de 20 cm, nas duas direções, formando então, quadrados de 20 m de lado. Os piquetes poderão também ser afastados uns dos outros de 10 m ou 25 m, dependendo da maior ou menor uniformidade da superfície, ou da precisão desejada. Os piquetes que constituem as linhas e colunas periféricas devem ficar afastados das margens da área a ser sistematizada de uma distancia igual á metade da distancia a ser usada no piqueteamento. CURVAS DE NÍVEL Elas são construídas para permitir melhor entendimento da topografia do terreno, possibilitando divisões em subáreas com topografia semelhante, de maneira a sistematizá-la independentemente, tornando menor o volume de terra ser movimentada e, por conseguinte, mais barato o custo de sistematização. ATIVIDADES 01- Cite uma diferença entre o gotejador e o microaspersor. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02- Qual o objetivo do sistema de filtragem na irrigação localizada? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 03- Quais os tipos de filtros utilizados na irrigação localizada? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 04- Quais os componentes de um sistema de aspersão? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 32 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ IRRIGAÇÃO LOCALIZADA A irrigação localizada nada mais é do que a aplicação de água no solo diretamente sobre a zona radicular das culturas em pequenas quantidades, porém, durante um longo período de tempo. Esse processo deixa o solo com umidade ideal para o desenvolvimento da planta. A aplicação da água diretamente no solo de maneira “pontual” torna esse método bastante eficiente, o que possibilita ao produtor alcançar uma ótima utilização dos seus recursos hídricos. Outro aspecto importante é que a água não irá cobrir totalmente o solo, mas apenas parte dele, se comparado com outros métodos de irrigação. VANTAGENS DA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA Polidade de controle rigoroso da quantidade de água fornecida às plantas; Os sistemas são usualmente semi-automatizados ou automatizados, necessitando uma menor mão de obra para o manejo do sistema. Reduz a incidência de pragas e doenças e o desenvolvimento de ervas daninhas Possibilita o cultivo em áreas com afloramentos rochosos e/ou com declividades acentuadas Excelente uniformidade de aplicação de água DESVANTAGENS DA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA Ainda possui custo inicial elevado Potencial de entupimento dos emissores pela deposição de partículas minerais e orgânicas IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO Nesse sistema, a água é levada sob pressão por tubos, até ser aplicada ao solo através de emissores diretamente sobre a zona da raiz da planta, em alta frequência e baixa intensidade. Possui uma eficiência na ordem de 90%. Tem, no entanto um elevado custo de implantação. É utilizado majoritariamente em culturas perenes e em fruticultura, embora também seja usado por produtores de hortaliças e flores, em especial pela reduzida necessidade de água, comparado aos demais sistemas de irrigação. Pode ser instalado à superfície ou enterrado, embora esta decisão deva ser tomada analisando-se criteriosamente a cultura a ser irrigada. IRRIGAÇÃO POR MICROASPERSÃO A microaspersão possui uma eficiência maior que a aspersão convencional (90%), sendo muito utilizada para a irrigação de culturas perenes. Também é considerada irrigação localizada, porém, a vazão dos emissores (chamados microaspersores) é maior que a dos gotejadores. IRRIGAÇÃO SOBRECOPA Os emissores são, normalmente, posicionados a cada duas plantas, não havendo problemas de interferência dos troncos como na aspersão subcopa. Os emissores de maiores vazões apresentam menos problemas de entupimento e tempos de irrigação menores, requerendo, contudo, maior custo inicial, por exigirem tubulações de maior diâmetro e motobombas de maior potência. Sempre que possível, as tubulações devem ficar suspensas na parreira, evitando-se cortes por enxadas ou danos por máquinas e animais. IRRIGAÇÃO POR XIQUE-XIQUE Método não convencional de irrigação sob pressão, que usa tubos de polietilenoperfurados à mão, cobertos (os furos) por luvas dispersoras. Usado em pequenas áreas. A irrigação “Xique-Xique” é proposta devido a aspectos como, tipo de solo, custos da instalação, topografia do terreno, simplicidade do manejo e da instalação. Este método não exige elevado nível de conhecimento técnico, utiliza mão de obra local, possuindo alta eficiência no uso da água, sendo capaz de estabilizar a produção de culturas frutíferas e de subsistência, em pequenas áreas (< 1 ha). Com a 33 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA repartição da água, conforme mostrado no esquema abaixo fica favorecida a difusão lateral de água permitindo o consorciamento de culturas alimentares (Ex: feijão, milho). IRRIGAÇÃO SUBSUPERFICIAL Atualmente, as linhas laterais de gotejadores ou tubos porosos estão sendo enterrados, de forma a permitir a aplicação subsuperficial da água. A vantagem desse sistema é a remoção das linhas laterais da superfície do solo, o que facilita o tráfego e os tratos culturais, além de uma vida útil maior. A área molhada na superfície não existe ou é muito pequena, reduzindo ainda mais a evaporação direta da água do solo. As limitações desse sistema são as dificuldades de detecção de possíveis entupimentos ou reduções nas vazões dos emissores. Mais recentemente, a cobertura de plástico tornou-se parte integrante de muitos sistemas de irrigação por gotejamento. Ao dispor camadas de plástico sobre os campos, o horticultor pode melhorar as condições em que vivem suas plantas. ATIVIDADES 01 - Nesse sistema, a água é levada sob pressão por tubos, até ser aplicada ao solo através de emissores diretamente sobre a zona da raiz da planta, em alta frequência e baixa intensidade. Possui uma eficiência na ordem de 90%. Qual é esse sistema de irrigação? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 – Cite duas desvantagens da irrigação localizada _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 34 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA O L E R IC U L T U R A CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 35 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA OLERÍCOLAS ABÓBORA Abóbora, moranga, jerimum e mogango são nomes dados popularmente a frutos de algumas espécies do gênero Cucurbita. Estas plantas são bastante semelhantes entre si e seus frutos variam muito em tamanho e formato, não sendo muito fácil distinguir as espécies. As quatro espécies cultivadas de abóbora são: Cucurbita maxima - espécie cultivada originária do sul da América do sul, é a espécie que suporta melhor as baixas temperaturas, preferindo condições um pouco mais amenas do que as outras espécies de abóbora. É a espécie que pode apresentar os maiores e mais pesados frutos, existindo cultivares que podem produzir abóboras com centenas de quilogramas. Nesta espécie, o pedúnculo (o talo do fruto) é arredondado, com consistência de cortiça macia quando seco, e não alarga no ápice (parte do talo que se conecta ao fruto). Suas folhas são mais arredondadas, não apresentando lóbulos (recortes), não têm manchas brancas nas intersecções das nervuras e podem ou não ter acúleos macios (espinhos). Os caules são arredondados e suaves. Cucurbita moschata – espécie provavelmente originária do México e América Central, é a espécie mais cultivada em regiões tropicais, pois prefere condições de cultivo mais quentes e úmidas. É a espécie mais sensível a baixas temperaturas. Nesta espécie, o pedúnculo (o talo do fruto) é anguloso e duro, alargando no ápice (parte do talo que se conecta ao fruto). As folhas de plantas bem desenvolvidas têm manchas esbranquiçadas nas intersecções das nervuras, geralmente têm recortes suaves, com bordas angulares e são pubescentes (têm pelos). Os caules são moderadamente angulosos. Cucurbita pepo – outra espécie originária do México, pode ser a mais antiga das espécies domesticadas de abóbora e é a espécie que apresenta a maior variação morfológica. Apresenta cultivares com frutos que são colhidos maduros e cultivares com frutos que são colhidos e consumidos ainda imaturos. Estas últimas cultivares são chamadas popularmente de abobrinhas. Clima As abóboras são plantas que crescem melhor em clima moderadamente quente, sendo o ideal temperaturas médias acima de 18°C e abaixo de 27°C. As plantas podem ser prejudicadas por temperaturas abaixo de 10°C e não suportam geadas. As espécies C. máxima e C. pepo são mais tolerantes a temperaturas mais baixas do que as espécies C. moschata e C. argyrosperma, que suportam melhor altas temperaturas. Luminosidade As abóboras e morangas crescem melhor em locais ensolarados, mas podem ser cultivadas com sombra parcial, desde que haja uma alta luminosidade. Solo Cultive em solo bem drenado, fértil, rico em matéria orgânica e com boa disponibilidade de nitrogênio. O pH ideal do solo varia entre 5,5 e 6,8. Irrigação Irrigue de forma a manter o solo sempre úmido, sem que fique encharcado. Plantas adultas podem ser resistentes a curtos períodos de seca. A aboboreira geralmente cresce bastante, assim uma vara pode ser fincada verticalmente no local onde as sementes são semeadas para marcar o centro da futura planta, permitindo direcionar a irrigação e evitar o desperdício de água. Plantio Semeie as sementes de abóbora ou moranga no local definitivo, fazendo covas de 45 cm de profundidade e 60 cm de diâmetro para cultivares cujas plantas têm grande porte, e de 30 cm de profundidade e 50 cm de diâmetro para cultivares menores. A terra retirada de cada cova deve ser adubada com esterco bem curtido, húmus de minhoca ou composto orgânico. Após fechar a cova com a terra já adubada, irrigue e coloque 2 ou 3 sementes em um pequeno buraco de cerca de 2 cm de profundidade. 36 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA As sementes também podem ser semeadas em vasos pequenos, saquinhos plásticos ou copinhos de 10 cm de altura e 5 cm de diâmetro feitos com papel jornal. O transplante das mudas de abóbora para o local definitivo pode ser feito quando as mudas têm três folhas verdadeiras. Tratos culturais No início do cultivo, retire plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos. Como outras cucurbitáceas, as aboboreiras são monoécias, ou seja, presentam flores masculinas e flores femininas, embora cada planta produza os dois gêneros de flores. Flores masculinas produzem pólen e não formam frutos. Flores femininas têm um ovário inferior que lembra uma minúscula abóbora e este se desenvolve no fruto quando a flor é polinizada. A presença de insetos polinizadores, principalmente abelhas, é necessária para a polinização das flores e a formação dos frutos. Se não houver abelhas e não houver formação de frutos, realize a polinização das flores manualmente com a ajuda de um pequeno pincel de cerdas suaves, transferindo o pólen das flores masculinas para as flores femininas. Outra alternativa é colher algumas flores masculinas e esfregar levemente as anteras carregadas de pólen destas flores no estigma das flores femininas. Quando a floração se inicia, surgem apenas flores masculinas. As flores femininas começam a aparecer bem depois (de duas semanas a um mês ou mais). Altas temperaturas e dias longos aumentam a proporção de flores masculinas, que todavia sempre são mais numerosas que as flores femininas. As flores se abrem apenas por algumas horas, no início da manhã. Algumas cultivares híbridas de abóbora podem produzir poucas floresmasculinas e nenhum pólen, assim outras cultivares de abóbora da mesma espécie devem ser cultivadas no mesmo local para que a polinização dos híbridos seja possível (informe-se com o fornecedor das sementes híbridas sobre quais cultivares são adequadas para a polinização). Colheita A colheita da abóbora ou da moranga pode começar de 85 a 150 dias depois do plantio, dependendo da cultivar e das condições de cultivo. Colha a abóbora quando o talo do fruto ficar amarelo ou marrom, podendo até chegar a rachar em algumas cultivares. Se a abóbora não for consumida brevemente, colha o fruto com o maior comprimento de talo possível. Frutos sem talo podem estragar mais rápido e são menos valorizados quando são utilizados para fins de decoração. ATIVIDADES 01 – Com relação à cultura das abóboras, quais flores abrem primeiro? a) ( ) Masculinas; b) ( ) Femininas; c) ( ) As duas abrem juntas; d) ( ) São hermafroditas. 02 – Qual o nome da abóbora que não precisa de espaçamentos maiores e é conhecida como abóbora de moita? a) ( ) Menina brasileira; b) ( ) Cambutiá; c) ( ) Goianinha; d) ( ) Caserta. 03 – As abóboras que tem por características a presença de pescoço em seus frutos é conhecida por qual nome? a) ( ) Goianinha; b) ( ) Baianinha; c) ( ) Menina brasileira; d) ( ) Menina goianinha. 37 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 04 – Quais cuidados tem que se ter ao plantar abóbora Tetsukabuto(cambutiá), para não se obter fracasso em seu cultivo? a) ( ) Plantar 15 dias depois da cambutiá uma fileira de outra abóbora; b) ( ) Aplicar diariamente nas flores masculinas uma solução de 2,4D, para melhor frutificação; c) ( ) Semear metade da área de abóbora e metade de cambutiá; d) ( ) Ter a coincidência de época de florescimento entre o cambutiá e a cultivar polinizadora. 05 – No caso da cambutiá a frutificação se dá por duas maneiras. Quais são? a) ( ) Polinização e partenocarpia; b) ( ) Artificial e partenocarpia; c) ( ) Natural e sobrenatural; d) ( ) Partenocarpia e assexuada. 06 – O plantio da variedade polinizadora tem que ser feito quantos dias antes do plantio da cambutiá? a) ( ) 10 a 20 dias; b) ( ) 15 a 21 dias; c) ( ) 20 a 30 dias; d) ( ) 07 a 10 dias. 07 – Como é feito a aplicação do hormônio na cambutiá? a) ( ) Fazendo uma aplicação semanal de 2,4D nas flores masculinas; b) ( ) Fazendo uma aplicação dia sim dia não de 2,4D nas flores masculinas; c) ( ) Fazendo uma aplicação semanal de 2,4D nas flores femininas; d) ( ) Fazendo uma aplicação diária de 2,4D nas flores femininas. 08 – Com espaçamento do cambutiá de 2,5 x 2 m, quantas covas vão caber em uma área de 8000 m²? a) ( ) 2000 covas; b) ( ) 1600 covas; c) ( ) 2500 covas; d) ( ) 1800 covas. 09 – Se forem utilizados 4 kgs de esterco de curral por cova, quantos kgs vão ser gastos na área acima? a) ( ) 8000 kgs; b) ( ) 5000 kgs; c) ( ) 3200 kgs; d) ( ) 3600 kgs. 10 - Foi verificada a presença de pragas na cultura da abóbora. Foi recomendado o inseticida Decis (Piretróide), para o controle, na dosagem de 0,06 litros/ha, com uma vazão de 250 litros/ha. O produtor vai fazer o controle com pulverizador costal de 20 litros. Quantos ml do produto terá que colocar na bomba? a) ( ) 0,5 ml; b) ( ) 4,8 ml; c) ( ) 48 ml; d) ( ) 0,048 ml. 12 – A área a ser pulverizada do exercício anterior é de 25000 m². Quantos ml do inseticida serão gastos? a) ( ) 15 ml; 38 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA b) ( ) 150 ml; c) ( ) 48 ml; d) ( ) 4,8 ml. 13 – Um produtor de abobrinha possui em sua propriedade 200 kgs de Ureia. Vai fazer uma adubação de cobertura em suas abobrinhas. As abóboras estão plantadas com espaçamento de 2,00x1,50m. Sua área plantada é de 35000 m². Quantas gramas de Ureia deverá colocar em cada cova? a) ( ) Aproximadamente 50 gramas; b) ( ) Aproximadamente 35 gramas; c) ( ) Aproximadamente 60 gramas; d) ( ) Aproximadamente 75 gramas. 14 - Sabe-se que coloca-se 3 sementes por cova no plantio de morangas, tendo uma área de 85 m de largura por 156 m de comprimento, e que o espaçamento e de 3 m entre linhas e de 2,5 m entre plantas, quantas sementes serão gastas? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CENOURA Escolha da área de plantio Os solos melhores para o plantio da cenoura são os solos de textura média a leve, menor teor de argila. Escolher áreas com boa exposição solar. (incidência de sol maior) Não recomenda plantar cenoura em solo pesado rico em argila. Não recomenda plantar os lotes de cenoura em baixadas e solos argilosos, que apresentam problemas de drenagem, podem ocorrer doença fungicas . Não recomenda plantar cenoura em solos com estória de nematóides provoca bifurcamento das raízes. Preparo do solo e adubação de plantio. Não fazer preparo de solo com alta umidade. Os canteiros devem ter a largura de 1,10 m e altura de no mínimo 0,20 m, quanto mais alto melhor. O não preparo de solo adequado ocasiona cenouras tortas, enrugadas, bifurcadas e com ombro verde. Adubação de plantio: de 200 a 300 g/m 2 de bokashi ou 3 a 4 l/m 2 de composto biodinâmico. Espaçamento: 25cm x 5cm Tratos culturais Raleio: 21 dias após semeadura: Aproveita-se para eliminar o mato que nascer na linha da cenoura e já deixar uma quantidade de plantas com o espaçamento desejado, ou seja, 7cm entre plantas.(a largura de 3 dedos). 40 dias após a semeadura: Tirar o mato novamente e deixar o espaçamento definitivo, no mínimo 12 plantas por metro linear (5 a 8 cm entre plantas). É importante fazer os raleios na data certa para não deixar a parte aérea da cenoura estiolar. Irrigação: Enquanto a cenoura não germina o canteiro tem que ser mantido úmido. Após o raleio é necessário manter a umidade baixa observando se tem água disponível na profundidade das raízes. Para evitar o risco de alternaria é melhor irrigar pela manhã. Controle de pragas e doenças Estão registradas no Brasil mais de quinze doenças de cenoura, causadas por fungos, vírus, bactérias e nematóides. Destas, um número relativamente pequeno é responsável pela maior parte dos 39 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA danos ocorridos na cultura. O controle destas enfermidades tem sido feito através do uso de cultivares resistentes e/ou fungicidas, bem como pelo emprego correto das práticas culturais. Podridão de pré e pós-emergência Dentre os vários patógenos envolvidos na ocorrência de podridões em cenoura tem-se: Alternaria dauci, Alternaria radicina, Pythium sp., Rhizoctonia solani e Xanthomonas campestris pv. carotae. A podridão de pré-emergência resulta em falhas no estande. Queima-das-folhas É a doença mais comum da cenoura. É causada por Alternaria dauci, Cercospora carotae e Xanthomonas campestris pv. carotae. Caracteriza-se principalmente por uma necrose das folhas que, dependendo do nível de ataque pode causar a completa desfolha da planta e, consequentemente, resultar em raízes de tamanho pequeno. Podridão das raízes Em geral é causada pelos fungos Sclerotium rolfsii, Sclerotinia sclerotiorum (Figura 2) ou pela bactéria Erwinia carotovora (Figura 3). As plantas atacadas apresentam crescimento reduzido com as folhas superiores amareladas, as quais tornam-se murchas no horário mais quente do dia. Nematóides As espécies dos nematóides das galhas Meloidogyne incognita, M. javanica, M. arenaria e M. hapla são os mais importantes nos cultivos de cenoura no Brasil. As plantas infectadas mostram crescimentoreduzido e amarelecimento nas folhas semelhante ao sintoma de deficiência mineral. A rotação de cultura e resistência genética são os principais e mais eficientes métodos de controle dos nematóides. A rotação com plantas do gênero Stylosanthes, Crotalaria e Styzolobium por um período mínimo de 120 dias, reduz a população dos nematóides e melhora as propriedades físicas do solo. Pragas As principais pragas da cultura da cenoura são lagartas e pulgões, que são controlados através de praticas culturais, e pela ação de inimigos naturais como parasitóides e predadores. São muito poucos os inseticidas registrados para o controle de pragas da cenoura, o que torna o controle químico uma prática pouco recomendável para a cultura. - Lagarta-rosca (Agrotis spp.); - Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda); - Lagarta-falsa-medideira (Rachiplusia nu). Pulgões Os pulgões raramente chegam a causar dano econômico à cultura da cenoura, porque não ocorrem em grandes populações e são altamente parasitados por micro-himenópteros. Pulverizações com produtos à base de Fenitrothion e Pirimicarb controlam eficientemente estes afídeos. Ocasionalmente, quando a cenoura é plantada após a cultura do milho ou pastagens, as raízes da planta podem ser danificadas por larvas de crisomelídeos, cujos adultos são conhecidos por vaquinhas ou brasileirinho, os quais pertencem aos gêneros Diabrotica e Cerotoma. Colheita Dependendo da cultivar, das condições de clima e dos tratos culturais, a colheita da cenoura pode ser feita de 80 a 120 dias decorridos da semeadura. O ponto de colheita e a maneira de colher e de manusear as raízes influem na aparência final e na capacidade de conservação do produto ATIVIDADES 01 – Quais são os principais tratos culturais da cenoura? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 40 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 – Explique a importância do raleamento da cenoura e com é feito? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ COUVE Origem A couve tem uma longa história de utilização, tanto como alimento e remédio. Foi desenvolvida a partir da couve selvagem. Pensa-se que a couve selvagem foi trazida para a Europa por volta de 600 aC por grupos de peregrinos Celtas. Foi cultivada Grécia antiga e na civilização romana que a manteve em alta conta, como uma panacéia geral capaz de tratar uma série de condições de saúde. Não está claro quando e onde a couve que conhecemos hoje foi desenvolvida, o cultivo da couve espalhou-se por toda a Europa do norte para a Alemanha, Polónia e Rússia, onde se tornou um vegetal muito popular em culturas alimentares locais. Os italianos são creditados com o desenvolvimento da couve lombarda. Rússia, Polônia, China e Japão são alguns dos principais produtores de couve atualmente. Ciclo de Produção O ciclo desta planta em produção é de 100 dias para o verão aumentando alguns dias a mais em épocas frias. Pode ser cultivada em todo o país, não havendo data especial de plantio. É uma planta tolerante a fatores climáticos, produzindo em regiões quentes e frias. Variedades Manteiga verde lisa, Manteiga verde crespa, Manteiga roxa e Gigante. As couves-manteiga são preferidas por serem mais tenras, enquanto que a couve gigante tem as folhas muito mais desenvolvidas. Propagação Feito por mudas destacadas do “pé-mãe”, essas mudas são brotos que nascem nas axilas das folhas, principalmente durante a época mais quente. Propaga-se também por sementes. Neste caso, semeia-se em lugar sombreado, transplantando-se para o definitivo, quando as mudinhas tiverem cerca de um palmo de altura, deixando-as a 50cm em todos os sentidos. Produção de mudas por bandeijas, sendo que um grama (1 gr.) de semente fornece mudas para cerca de 50 metros quadrados. Época e regiões para o plantio A couve é uma cultura típica dos períodos de outono e inverno, apresentando certa tolerância ao calor. Pode ser plantada durante o ano todo, mas as épocas mais indicadas por região estão descritas abaixo: Colheita Processa-se 50 dias após o plantio das mudas e 90 dias após a semeação e colhe-se praticamente o ano todo. Uma boa planta produz cerca de 4 a 5 kg de folhas por ano. As folhas da couve podem ser comercializadas em maços e na forma minimamente processada, ou seja, já picadas e embaladas. A couve pode ser consumida crua, em sucos e saladas, refogada ou como ingrediente de sopas, farofas e cozidos. Deve ser comercializada e consumida em pouco tempo, pois sua vida útil é curta, quando não congelada. 41 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Tratos Culturais Capinas, Desbrotas frequentes (deixar as hastes crescerem livremente), Irrigação. Pragas As lagartas, Traças, Pulgões, Mosca minadora; Doenças Mais comuns são: Podridão mole, Fusariose, Mosaico, Podridão negra, Míldio. TOMATE As características morfológicas do tomateiro mais importantes são as seguintes: Sistema radicular Possui um sistema radicular amplo; constituído por uma raiz principal, que pode alcançar os 50-60 cm de profundidade; Por uma grande quantidade de ramificações secundárias, e reforçadas pela presença de um grande número de raízes “adventícias” que surgem na base dos caules. Caule do tomateiro O caule apresenta um aspecto anguloso; Coberto em toda a sua superfície de pelos; Devido à sua natureza glandular. Libertam uma substância líquida responsável pelo aroma característico da planta. No início do crescimento o porte do caule é ereto, mas à medida que a planta cresce, o seu peso faz tender para um porte prostrado, tornando necessário proceder à sua tutoragem. O desenvolvimento do caule depende da variedade de tomate, existindo dois tipos fundamentais: - Cultivares de desenvolvimento INDETERMINADO ou INDEFINIDO, que têm a particularidade de possuir sempre no seu ápice um meristema, que produz um crescimento continuado do caule principal, originando inflorescências apenas na posição lateral. Flores: hermafroditas (autopolinizada). Fruto do tomateiro O tomate - é uma baga, com os lóbulos carpelares claramente delimitados, de cor geralmente vermelha após maturação, apesar de algumas variedades poderem apresentar outras colorações como o amarelo ou violeta. Clima e época de plantio Clima: tropical de altitude; Termoperiodicidade diária: 6-8ºC; Dia: 21-28ºC; Noite: 15-20ºC Temperaturas excessivas: fator limitante; Prejudica frutificação e pegamento dos frutos; Inibe a síntese de licopeno; Fotoperíodo: indiferente Sistemas de cultivo Sistema v invertido: Necessidade de estacas de bambu; Pode ocorrer maior incidência de doenças pela formação de microclima; Desinfecção deficiente das estacas de bambu. Sistema vertical: Maior custo de implantação (mourões de madeira); Uso de fitilhos (apenas para uma safra); Maior ventilação entre as plantas; Controle fitossanitário mais eficiente. Sistema adensado: Dificuldade no controle fitossanitário; Pode reduzir o calibre dos frutos. Solo ideal: Areno-argiloso com textura média; Rico em matéria orgânica; pH: 5,5 – 6,5 (V = 70%); Profundo; Plano. Adubação orgânica Vantagens: Melhora a capacidade de retenção de água; Favorece a microbiota do solo; Fontes de macro e micronutrientes; Eleva a CTC. QUIABO Família: Angiospermae – Família Malvaceae Origem:Originário da África. Acredita-se que introduzido no Brasil na época dos escravos. Descrição 42 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA O quiabeiro é um arbusto de até 3,0 m de altura, conforme a variedade, de folhas grandes, lobadas e pilosas com até 30 cm de comprimento e flores branco-amareladas com centro escuro, semelhantes a um hibisco simples, pois são da mesma família. Os frutos são alongados e estreitos, fibrosos e com sementes claras e redondas. Pode se apresentar na cor verde, avioletado e vermelho. É rico em vitamina A, C e B1. Modo de Cultivo É uma planta que somente pode ser cultivada em regiões quentes, a temperatura mínima de cultivo é de 15 ºC. O florescimento e frutificação ocorre ao longo do ciclo da planta. Semeadura Para proceder à semeadura, utilizar saquinhos ou copinhos de jornal com substrato feito de casca de arroz carbonizada, húmus de minhoca e casca de pínus tamanho pequeno, colocando 1 semente por copo. Para semear deixar as sementes de molho em água por pelo menos 24 horas. O quiabeiro tem sementes com cascas muito duras com uma camada impermeável que dificulta a penetração da água para iniciar o processo de germinação. É mais interessante realizar a semeadura em local protegido para levar a campo quando atingirem o tamanho adequado Solo e transplante em canteiro definitivo : A preparação do canteiro deve ser feita como igual para outras culturas. Será necessário para cultivo comercial a análise de solos para verificação da acidez e fertilidade. Para cultivo em horta caseira delinear os canteiros, colocar adubo animal curtido, cerca de 2 kg/m², acrescentando adubo granulado NPK formulação 20-10-20 mais micronutrientes, cuidando para adquirir aquele que inclui cálcio. Colocar cerca de 100 gramas por cova, misturando bem a terra. Colocar a muda, apertar para fixar no solo, regando a seguir. Quando as plantas atingirem 15 cm poderá levar a canteiro. O espaçamento no canteiro pode ser de 0,50 m entre plantas e de 0,60 até 1,40m entre linhas, sendo que o espaçamento maior pode beneficiar a melhor formação da muda e, portanto, mais frutos. Para plantio caseiro, colocar o quiabeiro no meio do canteiro ou se este for junto a muros, mais para o fundo, desde que receba a luz direta do sol. Fazer consorciação com tajetes (Tajetes sp.), que ajuda a combater os nematóides do solo, pois o quiabeiro é muito sensível a esta praga. Plantar as mudas de tajetes na borda do canteiro e até ao redor do quiabeiro, mantendo uns 30 cm de distância da muda. Florescimento e Colheita O florescimento se inicia em torno de 2 até 4 meses após o plantio. Para guardar as sementes para novo plantio deverá colocar em recipientes fechados e na geladeira, pois as sementes são oleaginosas e rançam facilmente. Sementes podem ser estocadas até 5 anos sem perder o poder germinativo. A colheita deve ser feita quando os frutos atingem em torno de 6 a 8 cm de comprimento, antes que as sementes amadureçam, quando então a polpa torna-se ruim para consumo, muito fibrosas e secas. ATIVIDADES 01 - Um produtor de Quiabo possui em sua propriedade 800 kgs de Uréia. Vai fazer uma adubação de cobertura em seus quiabos. Os quiabos estão plantados com espaçamento de 1,00x0,50m. Sua área plantada é de 8000 m². Quantos kgs de Uréia vai gastar? (40 gramas por pé.) _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ http://www.fazfacil.com.br/jardim/planta_tagete.html 43 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02 - Em um canteiro de cenoura verificou-se que havia mancha-de-alternaria, então foi recomendado por um técnico uma aplicação de Sportak. O técnico recomendou que fosse aplicado 150 ml/ha, com uma vazão de 100 L, e será usado uma bomba de 20L. Quantos ml tem que colocar na bomba de 20 litros? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 03 – Uma empresa do ramo de hortaliça lhe contrata como Técnico Agrícola para a implantação de uma horta comunitária para abastecer as famílias carentes do município, onde pretende distribuir 4600 pés de alface e 3600 kg de cenoura. Com base nessas informações calcule: a) Quanto kg de adubo irá gastar com cenoura? (350 kg/ha) b) Quantos canteiros de 50 metros de comprimento por 1,20 m de largura serão necessários para a alface? (espaçamento de 0,25mx0,25m) c) Qual a área (m²) que será ocupada com cenoura? Produção esperada: 3,5 kg/m² 44 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA P IS C IC U L T U R A CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 45 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA PISCICULTURA Alimento O conhecimento da preferência alimentar, ou seja, do alimento que o peixe de uma determinada espécie mais gosta, é útil no desenvolvimento de estudos nutricionais, no preparo de rações e manejo da alimentação. Vamos identificar hábitos alimentares naturais dos peixes: Peixes planctófagos Esses peixes se alimentam de forma eficiente do plâncton. Quase todas as espécies de peixe passam por uma fase planctófoga em seus primeiros dias de desenvolvimento. A tilápia é um exemplo de peixe que mantém a preferência planctófoga na fase adulta. Peixes herbívoros/frugívoros Apresentam preferência por alimentos de origem vegetal, rico em fibras e, geralmente, baixa energia. A carpa capim é um peixe herbívoro que possui dentes molares para esmagar e cortar vegetais. Peixes bentófagos/iliófagos/detritívoros Esses peixes se alimentam com organismos bentônicos como larvas de insetos e ovos de moluscos, e detritos orgânicos como fezes de outros peixes e algas que se desenvolvem no fundo de tanques e viveiros. Um exemplo é a carpa comum. Peixes carnívoros/piscívoros Peixes que apresentam preferência por organismos animais como insetos, peixes, anfíbios e cobras. Tucunarés, pirarucu e surubim são exemplos de peixes carnívoros. Na idade adulta cada espécie de peixe define seu hábito alimentar passando a exigir alimentos em quantidade e qualidade que satisfaçam suas exigências alimentares e nutricionais. O alimento natural dos peixes é composto por vários organismos, podendo ser vegetais como algas, plantas aquáticas e frutos, ou animais como crustáceos, larvas e moluscos. Segundo Kubitza (1999), os alimentos naturais explorados pelos peixes possuem grande valor energético e proteína de excelente qualidade e quantidade. Porém, quando se fala em piscicultura intensiva, o alimento natural é insuficiente para os peixes, principalmente na fase adulta, já que o número de peixes por metro quadrado é maior, o que motiva a competitividade por alimento. Nutrição Após conhecer os hábitos alimentares dos peixes, vamos identificar alguns aspectos da nutrição dos peixes. A nutrição torna os peixes mais fortes, ou seja, ela determina o melhor crescimento, a eficiência reprodutiva, tornando-os resistentes às variações da água e a doenças. A nutrição dá ao peixe condições importantes para sua exploração em piscicultura. Exigências nutricionais dos peixes Os peixes necessitam de diversos nutrientes para adequado crescimento,reprodução e saúde (KUBITZA, 1999, p. 14). Aminoácidos essenciais, ácidos graxos essenciais, minerais e vitaminas são os nutrientes fundamentais exigidos pelos peixes. Destacamos também o componente energia na sua alimentação. Aminoácidos essenciais Os aminoácidos são as unidades que formam as proteínas responsáveis pela formação dos músculos, células sanguíneas, pele, entre outros tecidos. Energia Os peixes recebem energia através do metabolismo de carboidratos, lipídios e aminoácidos contidos em alimentos como milho e sorgo. 46 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Ácidos graxos essenciais Assim como os aminoácidos, o ácido graxo é essencial, pois os animais não sintetizam ou o fazem em quantidade insuficiente. Esses ácidos essenciais servem como fonte de energia. Os principais ácidos graxos de peixes tropicais e de água doce são o ácido linoleico e ácido linolênico. Minerais Dentre as funções no organismo dos peixes, os minerais são importantes na formação dos ossos e dentes, no metabolismo energético, no equilíbrio osmótico entre outros. As quantidades exigidas de minerais variam de acordo com a espécie criada. Vitaminas Assim como outros animais, os peixes necessitam de vitaminas que atuam como componentes enzimáticos ou apresentam ações fisiológicas específicas ao crescimento, reprodução e saúde dos peixes (KUBITZA,1999, p. 30). As vitaminas necessárias aos peixes se dividem em dois grupos. As vitaminas A, D, E e K pertencem ao grupo das lipossolúveis, ou seja, solúveis em lipídios. A vitamina C e as que compõem o complexo B são do grupo das hidrossolúveis ou solúveis em água. ATIVIDADES 01 - Explicar o hábito alimentar dos peixes segundo sua preferência _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Reprodução dos peixes A reprodução dos peixes se dá de duas formas: reprodução natural que, como o próprio nome já diz, ocorre naturalmente onde não há intervenção do homem; e reprodução artificial, onde existe a participação do homem. O sucesso da reprodução dos peixes levará em conta o local onde os ovos serão depositados, o qual deverá oferecer condições ideais de oxigênio, temperatura e alimentos. Sem esquecer também que esses ovos precisam estar protegidos contra predadores inimigos. A maturação sexual, ou idade na qual se inicia a reprodução, depende de vários fatores. Entre eles, podemos citar a temperatura do ambiente, o alimento disponível, o tamanho do peixe e o ambiente em que vive. Algumas espécies variam a idade de reprodução de forma significativa. A primeira maturação sexual da tilápia, por exemplo, ocorre entre o 7º e 12º mês; já a carpa capim pode atingir a idade para reprodução apenas após 2 ou 3 anos de vida. Reprodução natural Esse tipo de reprodução, como já vimos, ocorre em ambiente natural. Os peixes sexualmente maduros lançam seus gametas sem a participação direta do homem no processo de reprodução. Os gametas são lançados na água livremente, por isso a taxa de fertilização na reprodução natural é baixa. Piracema: Ocorre no período das chuvas de verão onde os peixes sobem até as nascentes Reprodução artificial A reprodução artificial conta com a intervenção do homem com a finalidade de produzir quantidades abundantes de ovos, larvas e alevinos para serem utilizados em cultivos (FURTADO, 1995). Os peixes reprodutores são selecionados e destes retiram-se os óvulos e esperma e, em seguida, é realizada a fecundação artificial a seco, ou seja, fora da água. 47 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Reprodução artificial sem tratamento hormonal Os peixes reprodutores são capturados durante a desova natural. Os produtos sexuais, óvulos e esperma são retirados e unidos artificialmente, ocorrendo a fertilização da ova. Após a captura da fêmea reprodutora, o primeiro passo é a secagem do local com auxilio de toalha limpa; em seguida, se inicia a compressão da região ventral para a extrusão em vasilha limpa. O mesmo ocorre com o macho reprodutor, com a espermiação sobre a mesma vasilha onde foram coletados os óvulos. Após a coleta, os ovos fertilizados são incubados e cultivados até o estádio de larva e alevino, em condições controladas, assegurando elevada taxa de sobrevivência e crescimento saudável. Reprodução artificial com tratamento hormonal Nesse método, ocorre a manipulação dos reprodutores com a indução da ovulação e desova com hormônios hipofisários. Para melhor compreensão, vamos explicar a o processo de hipofisação utilizado na piscicultura. A HIPOFISAÇÃO é uma técnica baseada na desova por indução em peixes. Consiste na seleção de peixes doadores com a extração da sua hipófise, que é dessecada em acetona, e depois macerada com solvente, formando o extrato hipofisário. A hipófise está localizada no lado ventral do cérebro, logo abaixo do hipotálamo, e ligada ao infundíbulo. Também chamada de glândula pituitária, a hipófise produz, acumula e armazena os hormônios que desempenham papel fundamental na maturação sexual. O hormônio, extraído do extrato hipofisário, deve ser administrado por via intramuscular ou intraperitonealmente. O local mais utilizado é a base da nadadeira peitoral (ELIAS NETO, 2008). As fêmeas devem receber doses maiores de hormônios do que os machos, pois doses parceladas produzem melhores resultados nas fêmeas do que uma única dose. Sanidade O controle sanitário deve partir de cuidados básicos no manejo. O piscicultor deve prevenir o aparecimento de doenças visando diminuir ou atenuar problemas de saúde nos peixes. Algumas medidas de prevenção devem ser tomadas na piscicultura, tais como: • manter boas condições de cultivo e manejo, principalmente a qualidade da água; • o manuseio dos peixes deve ser reduzido ao mínimo necessário e feito nas horas mais frescas do dia; • prevenir a entrada de agentes patogênicos; • os equipamentos utilizados no cultivo devem ser desinfetados antes do uso em diferentes grupos de peixes; • a ração utilizada deve ser corretamente formulada e armazenada. O piscicultor deve sempre buscar a prevenção de doenças ao invés do tratamento destas, pois, dependendo do estágio da doença, o problema pode ser irreversível. A imunização protetora por vacinação é considerada a mais importante medida profilática contra as doenças em peixes. Diferentemente do que ocorre em outras espécies, o controle de doenças dos peixes pela vacinação encontra-se ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento. Doenças dos peixes As doenças de peixes podem ser divididas em duas categorias: não infecciosas e infecciosas. As doenças não infecciosas, que não são transmissíveis, estão relacionadas com fatores ambientais, nutrição e neoplasias. As doenças infecciosas são transmissíveis entre os peixes e causadas por parasitas, bactérias, fungos e vírus. 48 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Doenças não infecciosas Esse tipo de doença pode ser causado pelos seguintes fatores: Fatores ambientais – A presença de pássaros e larvas de insetos podem estressar os peixes ou carrear para o meio de cultivo parasitas e doenças. Mudanças súbitas na temperatura podem causar o aparecimento de doenças infecciosas, atingindo o sistema imunológico dos peixes. A exposição direta ao sol, por exemplo, causa danos e ulcerações na pele dos peixes, deixando-os mais suscetíveis a infecções bacterianas secundárias ou fúngicas. As modificações bruscas no pH da água , que podem gerar danos nas brânquias, também consistem em outro fator ambiental, causando dificuldades respiratórias e morte. Fatores nutricionais – As doenças nutricionais são causadaspela deficiência de nutrientes ou pela presença de fatores antinutricionais ou toxinas que se desenvolvem devido ao armazenamento incorreto da ração. Neoplasias – Caracterizada pela formação alterada das células, as neoplasias não são letais aos peixes, porém esses peixes deixam de ser comercializados. Peixes de idade mais avançada apresentam maior probabilidade de desenvolver tumores. Doenças infecciosas A seguir serão listadas as doenças infecciosas mais comuns na piscicultura. Argulose – provocada pelo parasita Argulus, também é conhecida como piolho de peixe. É comum o peixe que a contrai apresentar movimentos nervosos nas nadadeiras e manchas vermelhas no corpo. Furunculose – causada pela bactéria Aeromonas salmonicida. Causa hemorragia generalizada, úlcera na pele. O tratamento é feito através de antibióticos. Viremia Primaveril da Carpa – ocorre perda de coordenação e equilíbrio, exoftalmia, ascite e hemorragia dos órgãos internos. Vermes – os nematoides são os principais vermes dos peixes. Presentes nos intestinos ou tecidos, esses vermes, quando encontrados na musculatura, causam perda do valor do peixe. Saprolegnia – altera a superfície do corpo e nadadeiras dos peixes, podendo ocorrer perda de escamas. Ictioftiríase – doença causada pelo fungo Ichthyophthyrius multifi liis, conhecida como doença dos pontos brancos, parasita a pele e brânquias de qualquer espécie de peixe. Ocorre mais comumente quando há variações bruscas de temperatura. ATIVIDADES 01- Quais os fatores que estão favorecendo o desenvolvimento da piscicultura atualmente? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02- Cite a classificação da piscicultura quanto à finalidade. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 03- Qual a importância econômica da piscicultura? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 49 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 04- Quais os sistemas de criação na piscicultura? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 05- Quais os fatores determinantes para a implantação de uma piscicultura? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 06- Um determinado piscicultor quer medir a vazão do seu viveiro. Com um balde de 20L, ele coletou toda a água da tubulação num tempo de 05 segundos, enchendo o balde. Calcule a medida da vazão por hora. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 07- Quais as características do solo na implantação de uma piscicultura? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 08- Explique os sistemas de cultivo na piscicultura. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 09- Explicar os tipos de reprodução dos peixes. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 10- Quais as finalidades da calagem e adubação dos viveiros? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ FONTE: EMBRAPA 50 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA T O P O G R A F IA CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 51 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA EROSÃO DE SOLO O solo é um dos mais preciosos recursos. A perda desse recurso, através de processos de degradação da terra como a erosão por causada pelos ventos e pelas águas, é um dos mais problemas ambientais mais sérios que nos enfrentamos, uma vez se tratar da destruição dos meios de produção de nossos alimentos. A erosão do solo ocorre naturalmente, mas atividades humanas, principalmente a agricultura e o desmatamento tem aumentado as taxas de erosão uma vez que ambos tendem a remover a vegetação protetora e reduzir a estabilidade do solo. Esse processo é conhecido como erosão acelerada. Desde 1950, a erosão acelerada resultou na perda de 1/5 da superfície do solo das terras cultiváveis mundiais e 1/5 da superfície do solo das florestas tropicais. 10.5 por cento dos solos mais produtivos do planetauma área do tamanho da China e da Índia juntas tem sido destruída por atividades humanas desde a II Guerra Mundial. As conseqüências disso consistem na perda da produção de alimentos, a diminuição da qualidade da água e a destruição de ecossistemas. Terra sem arvores também significa mais dióxido de carbono na atmosfera. PREVENIR A EROSÃO Fazendeiros podem prevenir a erosão do solo praticando uma agricultura de conservação, implantando curvas de níveis plantando arvores nativas dentre outras técnicas. Os consumidores podem apoiar a agricultura orgânica comprando alimentos orgânicos. Entretanto, quando o homem cultiva a terra, esse equilíbrio é rompido. Florestas são derrubadas e queimadas, a camada superficial de solo é revolvida por arados e grades, o que constitui o preparo do solo para o plantio. Em um solo descoberto e preparado, os agentes erosivos (chuva e vento, por exemplo) não encontram barreiras, arrastando uma quantidade de solo maior do que em condição natural. Essa é a chamada Erosão Acelerada. Quando esse preparo de solo é feito sem os devidos cuidados e sem orientação técnica,seja utilizando implementos inadequados, seja em áreas muito acidentadas, a erosão pode degradar o solo em poucos anos. A erosão é a principal causa da degradação de solos em todo o mundo. As principais formas são a erosão eólica, causada pelo vento e a erosão hídrica, causada pela chuva. A erosão eólica acontece em áreas planas, descampadas, com o solo seco e quando o vento atinge maiores velocidades, sendo as partículas de solo arrastadas, na forma de verdadeiras “nuvens de poeira”. Ela pode ser importante nas épocas secas do ano, em solos arenosos (principalmente se a areia for muito fina) e se o solo estiver descoberto (áreas que permanecem gradeadas durante a estação seca, por exemplo). Entretanto, no Brasil, a erosão hídrica, ou erosão causada pela chuva, tem causado mais estragos, não só em áreas agrícolas, mas também nas cidades. É o caso de capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, onde a ocupação desordenada de encostas tem resultado em deslizamentos durante a época das chuvas. Isso acontece porque essas encostas possuem solos 52 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA frágeis, que quando encharcados não resistem ao peso das construções, o que resulta em deslizamentos e perda de vidas. Em áreas rurais, o problema também é grave, porém, não tem recebido tanta importância da mídia, uma vez que não tem envolvido a perda de vidas. Neste caso, as principais causas da erosão são o desmatamento de encostas e margens de rios, as queimadas e o uso inadequado de maquinários e implementos agrícolas, que aceleram o processo erosivo. A fertilidade de um solo também influi na sua resistência à erosão: solos naturalmente férteis ou adequadamente adubados propiciam um melhor desenvolvimento de plantas, que irão cobrir melhor o solo, protegendo-o da erosão. Também a topografia influi, sendo que em áreas acidentadas, a enxurrada atinge maior velocidade causando maior erosão do que em áreas de topografia mais suave. ESTAÇÃO TOTAL Como funciona e pra que serve uma Estação Total? Uma Estação Total resumidamente, é um equipamento para medições topográficas, que faz medições de ângulos verticais e horizontais e também de distâncias lineares. Estação total Para fazer a medição é necessário posicionar a estação total num local livre de obstáculos e mirar até o prisma. O prisma fica sobre uma “vara” metálica e deve ser colocado sobre o ponto onde se quer medir. A estação total então emite um feixe de laser que reflete no prima e retorna ao equipamento. Pelo tempo de resposta e o ângulo de rotação da luneta da estação o computador interno calcula os ângulos e distâncias armazenando os pontos em sua memória interna. Após pegar todos os pontos necessários para a medição, basta baixar os dados em um computador e desenhar o terreno ou construção aferida. A diferença entre uma estação total e um teodolito é que o teodolito apenas mede os ângulos horizontais de verticais e sem guardar na memória, sendo necessário anotar em uma planilha. Uma explicação mais técnica Estação total é também chamada Taqueômetro e como falamos, mas agora numa explicação mais detalhada, é um instrumento eletrônico utilizado na medida de ângulos e distâncias. A evolução dos instrumentos de medida de ângulos e distâncias trouxe como conseqüência o surgimento deste novo instrumento, que pode ser explicado como a junção do teodolito eletrônico digital com o distanciômetro eletrônico, montados num só bloco A estação total é capaz de inclusive armazenar os dados recolhidos e executar alguns cálculos mesmo em campo. Com uma estação total é possível determinar ângulos e distâncias do instrumento até pontos a serem examinados. Com o auxílio de trigonometria, os ângulos e distâncias podem ser usados para calcular as coordenadas das posições atuais (X, Y e Z) dos pontos examinados, ou a posição dos instrumentos com relação a pontos conhecidos, em termos absolutos. A informação pode ser enviada do teodolito para um computador e um software aplicativo irá gerar um mapa da área estudada. Algumas estações totais também têm uma interface de GPS que combina essas duas tecnologias para fazer uso das vantagens de ambas (GPS – não necessita que os pontos a serem estudados estejam na linha de visão; Estação Total tradicional – medição de alta precisão especialmente no eixo vertical comparado ao GPS) e reduz as consequências das desvantagens de cada tecnologia (GPS – baixa precisão no eixo vertical e menor precisão sem longos 53 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA períodos de ocupação; Estação Total – requer observações no campo de visão e deve ser feita sobre um ponto conhecido ou dentro do campo de visão de 2 ou mais pontos conhecidos). Estação Total – Prisma Refletor A maioria dos instrumentos das Estações Totais medem ângulos através de scanner eletro- óptico de extrema precisão de códigos de estação total barra digitais atados em cilindros ou discos de vidro rotativos dentro do instrumento. As Estações Totais de melhor qualidade são capazes de medir ângulos abaixo de 0,5″. A típica Estação Total EDM pode medir distâncias com precisão de cerca de 0,1 milímetros, mas a maioria das aplicações requer precisão de 1,0 milímetro. Essas estações totais usam um prisma de vidro como refletor para o sinal EDM, e pode medir distâncias de até quilômetros, mas alguns instrumentos não possuem refletores e podem medir distâncias de objetos que estão distintos por cor, limitando-se a poucas centenas de metros. Alguns modelos modernos são robotizados permitindo ao operador controlar a máquina à distância via controle remoto. Isso elimina a necessidade de um assistente a segurar o prisma refletor sobre o ponto a ser estudado. O próprio operador segura o refletor e controla a máquina a partir do ponto observado. ATIVIDADES 01- Marque a alternativa correta. Qual é a causa de uma degradação de terra como erosão? a) ( ) aquecimento do solo. b) ( ) pelos ventos e água da chuva. c) ( ) todas esta corretas. 02- Quais dessas alternativas e a causa de erosão? a) ( ) Reflorestamento de arvore perto da área de plantio. b) ( ) reflorestamento de forma inadequada sem acompanhamento técnico. c) ( ) desmatamento pode ser uma dessas causa. 03- Cite duas formas de prevenção para evitar uma erosão? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 04- Uma estação total faz dois tipos de medição de ângulos. Quais são eles? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 05- Como é chamado o aparelho que se reflete para obter uma leitura de distância em uma Estação Total? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Qual a diferença entre Teodolito e Estação Total? Escolher os equipamentos de topografia para medição de ângulos e distâncias não é uma tarefa tão simples. Entre os diversos disponíveis, o Teodolito e a Estação Total são os mais comuns, mas como saber qual se encaixa melhor no seu projeto? Cada um tem seus prós e contras particulares que podem ser utilizados em várias situações. Em geral, dependerá do tempo, do investimento, da sua força de mão de obra e da experiência ao decidir sobre a ferramenta certa para cada um dos seus trabalhos. http://www.santiagoecintra.com.br/blog/geo-tecnologias/o-que-e-topografiay 54 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA A principal questão a se observar nesta escolha deve ser a produtividade,com o Teodolito, o levantamento topográfico é muito lento, pois na maioria dos modelos às leituras de ângulos devem ser anotadas manualmente, além disso, ele não realiza a leitura de distâncias. Já com a Estação Total o processo é mais rápido, pois ela mede e armazena eletronicamente as informações de ângulos e distâncias. Um exemplo de aplicação de Teodolito é na Topografia Industrial, que necessita de um altíssimo nível de precisão de posicionamento/alinhamento de máquinas. Desta maneira, se utilizam Teodolitos muito precisos para realizar esse tipo de trabalho. Para te ajudar, abaixo explicamos como essas ferramentas funcionam. Acompanhe conosco e descubra como fazer a melhor escolha! O que é o Teodolito? Embora os Teodolitos já sejam usados há centenas de anos, a operação dessa ferramenta permanece a mesma. Um Teodolito consiste em um telescópio móvel montado entre eixos verticais e horizontais. O ângulo de cada eixo pode ser medido com uma alta precisão desde que o operador tenha conhecimento suficiente do uso da ferramenta e da trigonometria básica. No entanto, o uso de um Teodolito geralmente requer a ajuda de pelo menos outra pessoa além do operador principal para que seja realizada a medição e o alinhamento dos ângulos. Quando a precisão é muito importante, é imperativo que ambos os operadores estejam devidamente treinados e compreendam todos os elementos da coleta de dados. Isso pode incluir o nivelamento do tripé/Teodolito e a estaca de medição, bem como o alinhamento da estaca e da linha de medição para coletar dados precisos e, finalmente, usar habilidades matemáticas e gráficas para gerar o resultado apropriado. O que é Estação Total? Uma Estação Total integra funções de Teodolitos para medir ângulos e distância com um EDM (medidor de distância eletrônico, do inglês Electronic Distance Measurement). As Estações Totais utilizam um sistema de prismas e lasers para desenvolver leituras digitais de todas as medidas durante o seu trabalho. Todas as informações coletadas com a ferramenta são armazenadas na memória interna do equipamento e os dados podem ser utilizados em programas específicos para realizar os cálculos topográficos e posteriormente podem ser manipulados e adicionados aos programas de CAD. As Estações Totais são classificadas em: Medição somente com prisma; Medição sem prisma – reflectorless; Servo-motor; Autolock; Robótica. A Estação Total Robótica permite que o operador trabalhe sozinho com o uso de um controlador de dados que se comunica com o equipamento via link de rádio, automatizando ainda mais o trabalho e aumentado a produtividade. Possui, ainda, a função Autolock, que permite que a Estação Total siga o prisma/operador de forma automática, por meio de seus servo-motores. Além 55 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA disso, existem modelos que possuem a função de escaneamento a laser, podendo coletar cerca de 26 mil pontos por segundos. Qual equipamento escolher em seu levantamento topográfico? Uma Estação Total geralmente é superior a um Teodolito devido à sua integração e também por seus componentes eletrônicos digitais. No entanto, as Estações Totais são muito mais caras e exigem não apenas treinamento de levantamento, mas também treinamento específico de produtos e software. Ao concluir trabalhos de levantamentos topográficos que abrangem grandes áreas, especialmente em terrenos com relevo acidentado, uma Estação Total proporcionará os resultados mais confiáveis e precisos, além de uma maior produtividade. Para parcelas simples de áreas menores, um Teodolito pode ser suficiente, sem contar que existem modelos que fornecem altíssima precisão, desde que utilizados de forma correta. ATIVIDADES 01- Com suas palavras explique qual a diferença entre uma Estação Total e um Teodolito? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02- Como saber qual desses dois equipamentos se encaixa melhor no seu projeto? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 03- Com o equipamento teodolito não é possível fazer um levantamento topográfico com apenas uma pessoa. Por qual motivo? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 04- Como se chama o local onde são armazenados os pontos cadastrados de uma Estação Total? a) ( ) Pen drive. b) ( ) Armazenamento de dados. c) ( ) Memória interna. 05- Qual é a capacidade de armazenamento de pontos em uma Estação Total? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 56 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA C U L T U R A S A N U A IS I II A N U A IS I II CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA AZEVEDO NETO, J.M.; FERNANDEZ, M.F.; ARAÚJO, R.; ITO, A.E. Manual de Hidráulica. 8ª ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. 670 p. BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de irrigação. Viçosa- MG: UFV, 8 Ed., 2008. 625 p. COSTA, E.F.; VIEIRA, R.F.; E VIANA, P. A. Quimigação- Aplicação de produtos químicos e biológicos via irrigação. Brasilia- DF: EMBRAPA, 1994. 315 p. REFERENCIA BIBLIOGRAFIA Olericultura Boletim Técnico 200, Campinas, IAC, 1995. FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura. São Paulo, Ceres, 1982. MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. Brasília, EMBRAPA/CNPH, 1983. 23p. (Instruções Técnicas, 6). RIA 57 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA SORGO Origem e Situação Mundial O sorgo tem como centro de origem a África e parte da Ásia. Apesar de ser uma cultura muito antiga, somente a partir do fim do século passado é que teve um grande desenvolvimento em muitas regiões agrícolas do mundo. Em 1984, foi o quinto cereal mais importante em termos de quantidade produzida no mundo (72.186 toneladas), sendo precedido apenas pelo trigo, arroz, milho e cevada. Os Estados Unidos (3.541 kgjha), México (3.305 kg/ha), Argentina (3.101 kg/ ha) e China (3.157 kg/ha) são os países que apresentaram, em 1984, as maiores produções por hectare, em função do melhor nível tecnológico, da existência de híbridos adaptados e das melhores condições ambientais. Na África e Ásia, onde o sorgo é cultivado em áreas que apresentam baixa disponibilidade de água, os rendimentos são menores. Nos países em desenvolvimento, o sorgo, principalmente o granífero, destina-se à alimentação humana, enquanto que nos países desenvolvidos sua utilização é basicamente como alimento animal. Situação Brasileira No Brasil, são cultivados quatro tipos de sorgo: o granífero, o forrageiro, o sacarino e o vassoura. A cultura do sorgo apresentou expressiva expansão nos últimos anos agrícolas. Do ponto de vista agronômico, este crescimento é explicado, principalmente, pelo alto potencial de produção de grãos e matéria seca da cultura, além da sua extraordinária capacidade de suportar estressesambientais. Deste modo, sorgo tem sido uma excelente opção para produção de grãos e forragem em todas as situações em que o déficit hídrico e as condições de baixa fertilidade dos solos oferecem maiores riscos para outras culturas, notadamente o milho. Do ponto de vista de mercado, o cultivo de sorgo em sucessão a culturas de verão tem contribuído para a oferta sustentável de alimentos de boa qualidade para alimentação animal e de baixo custo, tanto para pecuaristas como para a agroindústria de rações. Atualmente, em toda a região produtora de grãos de sorgo do Brasil Central, o produto tem liquidez para o agricultor e grande vantagem comparativa para a indústria, que, cada vez mais, procura alternativas para compor suas rações com qualidade e menor custo. O avanço da moderna agricultura no Cerrado e os seus sistemas de produção continuam ampliando as possibilidades para os diferentes tipos agronômicos de sorgo. A soja, principal parceira no sistema de sequência de culturas, avança para os estados do Norte e do Nordeste. O sorgo segue este avanço. O sistema de plantio direto abre um amplo campo para integração do sorgo ao sistema como excelente produtor de palha de alta qualidade, além de ser excelente elo na cadeia da integração lavoura-pecuária-floresta. 58 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA ATIVIDADES 01- Qual a importância da cultura do sorgo na indústria? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ A agroindústria de carnes se expande na região, na busca de matérias primas de menor custo para alimentação de plantéis de aves, suínos e bovinos. A pecuária de leite e de corte se profissionaliza cada vez mais, à medida em que os mercados consumidores de carne bovina exigem mais qualidade e preço competitivo O milho, principal ingrediente para alimentação animal no país, está se valorizando, em especial pela grande expectativa de exportação do produto per se ou embalado no complexo das carnes. Para manter o mercado de rações abastecido com grãos de qualidade confiável e custo ajustado ao negócio, o sorgo já é reconhecido como o principal grão alternativo ao milho na chamada cesta básica de ingredientes forrageiros, junto com o próprio milho, o trigo, o triticale, o farelo de arroz e a fécula de mandioca. A visão de que o Brasil está se tornando um dos principais fornecedores de carnes para os mercados internacionais - além do mercado doméstico - e que, por isso, a oferta alternativa de grãos forrageiros e as diferentes formas de forragem, de custo compatível com as demandas desses mercados, é um fator imprescindível para se alcançar os objetivos do país. Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com ocorrência de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos, e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos. O investimento na produção e na utilização do sorgo no Brasil se justifica dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, da qualidade e da competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações para aves e suínos e totalmente para ruminantes, com uma vantagem comparativa de menor custo de produção e valor de comercialização de 80% do preço do milho. Além disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no sistema de integração lavoura-pecuária e para produção de massa, proporcionando maior proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica disponível e melhor capacidade de retenção de água no solo, além de propiciar condições para uso no plantio direto. Sorgo Granífero A cultura do sorgo granífero desenvolveu-se em anos recentes, a partir do início da década de 70. A área cultivada (safra 85/86) é em torno de 140 mil hectares e com uma produção em torno de 235 mil toneladas. Estes dados oficiais entretanto podem ser uma subestimação dos valores reais, visto que a produção de sementes de sorgo, reportada pelas firmas produtoras, seria suficiente para o plantio de 300 a 400 mil hectares. A produção brasileira está concentrada 59 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA principalmente no Rio Grande do Sul e em São Paulo (Tabela 2). No Rio Grande do Sul é um produto com relativa tradição e substitui a soja no binômio soja-trigo, quando o agricultor faz rotação da cultura. Em São Paulo, é plantado principalmente em sucessão à soja precoce, ou amendoim, o que possibilita o estabelecimento de duas culturas, em um mesmo ano agrícola. Este sistema é também utilizado em certas regiões de Goiás, Mato Grosso do Sul e, no Triângulo Mineiro, e Paraná. Na Bahia, a produção tem se concentrado na região de Irecê. O sorgo granífero pode ser utilizado: a) Na Alimentação humana Em muitos países da África e Ásia constitui alimento importante para a população, sendo utilizado basicamente na forma de farinha. Algumas tentativas de introdução deste hábito alimentar no Brasil tem sido efetuadas no Nordeste. b) Na alimentação animal O sorgo apresenta uma composição química bastante semelhante à do milho, e pode substituí-Ia como fonte energética em rações animais. Seu valor nutritivo é apenas ligeiramente inferior ao do milho. Existem variações em tomo dos teores médios (principalmente de proteína) apresentados na Tabela 3, cujos valores, entretanto, devem ser 60 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA tomados apenas como indicação. Diversos estudos já comprovaram a possibilidade de seu emprego em rações de bovinos, suínos e aves, como substituto do milho. O sorgo em grãos para alimentação animal deve sofrer um processamento prévio a fim de aumentar a sua assimilação. O processamento mais simples e mais barato é a moagem. Não se recomenda urna moagem fina, o que acarreta perdas, mas apenas urna desintegração. Pode-se também tornar os grãos mais palatáveis aos animais, colocando-os de molho em água por algum tempo, sem desintegrã-los, Na Indústria O sorgo é utilizado em diversos ramos da indústria para produção de amido, farinha, cerveja, cera, óleo comestível, etc. Como o milho, produz ainda uma infinidade de subprodutos, dependendo do grau de industrialização a que seja submetido. Sua farinha pode também ser misturada com a do trigo para fabricação de pão e massas. Preços O preço do sorgo se tem situado em torno de 80% a 85% do preço do milho. Esta porcentagem também vem sendo utilizada pelo governo, na fixação do preço mínimo. Quando ocorreu a fixação do preço mínimo acima desta relação, houve sobra de produto do mercado forçando a aquisição pela CFP, de grande quantidade de sorgo. Isto ocorreu principalmente durante 1976 e 1977, quando foram financiados e/ou adquiridos respectivamente 16% e 33% da produção. A variação dos preços do sorgo, durante o ano, deve seguir de perto à do milho, pois, devido à utilização semelhante, os preços do sorgo são fortemente influenciados pelos do milho. Existe entretanto uma tendência de redução do percentual de 80-85% em ocasiões de abundância de milho, e o inverso ocorrendo quando da escassês desse cereal. Armazenagem e Comercialização No Brasil, a maior parte do sorgo grarufero é colhido a máquina, apresentando, pois, grandes quantidades de folhas, talos e outras impurezas,sendo necessário uma limpeza do produto antes da secagem. A secagem do sorgo, após limpo, é uma das mais importantes operações para uma adequada armazenagem. A secagem pode ser feita ao natural (terreiro); natural mais secador, ou só em secador. O sorgo deve ter um teor de umidade em torno de 13%, para poder ser guardado por longos períodos. A armazenagem do sorgo pode ser feita em sacaria ou a granel. A comercialização do sorgo em São Paulo é, em sua maioria, feita diretamente entre os produtores e as indústrias de ração. No Rio Grande do Sul existe a intermediação feita pelas cooperativas, mas, neste Estado, estima-se que só 50% da produção é comercializada, sendo que os outros 50% são consumidos nas próprias 10 fazendas Outras opções existem: como a venda diretamente ao governo ou aos criadores que podem fornecê-lo, misturado com o concentrado, aos animais. Recomenda-se, em áreas de pouca tradição, fazer uma verificação prévia das possibilidades de venda e uso do sorgo antes da decisão do plantio. ATIVIDADES 01- O que se deve levar em consideração na tomada de decisão em plantar o sorgo e não o milho? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Sorgo Forrageiro Atualmente o sorgo forrageiro já dispõe de certa tradição entre os agricultores e é bastante plantado, principalmente no sul de Minas Gerais e Vale do Paraíba (SP e RJ). 61 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Com o uso de híbridos de elevada qualidade e produtividade, o sorgo forrageiro pode transformar-se numa cultura de grande expressão para a produção animal, pelas seguintes características: elevado potencial de produção, boa adequação à mecanização, reconhecida qualificação como fonte de energia para arraçoamento animal; grande versatilidade (presta-se para feno, silagem e pastejo direto) e adaptação a regiões mais secas A qualidade levemente inferior de sua silagem, relativamente à do milho, é de certa forma compensada pela maior produção de massa verde. Sorgo Sacarino É um tipo de sorgo bastante cultivado nos Estados Unidos, com a finalidade principal de produção de xarope, que substitui o açúcar como adoçante em indústrias. Pode ser utilizado também na produção de álcool, a partir dos açúcares diretamente fermentáveis existentes no colmo. Sorgo Vassoura Este é um tipo de sorgo que é plantado nos Estados do sul do país. Possui porte alto, como colmos geralmente finos e que apresentam as panículas com características especiais, que as tornam adequadas ao fabrico de vassouras e escovas. Poucos estudos foram efetuados com este tipo, não existindo hoje firmas comerciais que possuam sementes no mercado. Os plantios são geralmente efetuados com sementes obtidas no plantio do ano anterior e é hoje uma cultura que apresenta problemas de doenças. 62 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA ATIVIDADES 01- Como as variedades da cultura do sorgo são utilizadas mundo a fora? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 02- Quais os benefícios do sorgo para o solo? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 63 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 03- Quais vantagens de se plantar o sorgo? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 64 COS – TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA Referências Bibliográficas Bovinocultura III PIRES, A.V (ed.). Bovinocultura de Corte. v.1 e v.2, Piracicaba: FEALQ, 2010. 1510 p. LAZZARINI NETO, S. Cria e Recria. Viçosa-MG: Aprenda Fácil, 2000. 120 p. LAZZARINI NETO, S. Reprodução e Melhoramento Genético. Viçosa-MG: Aprenda Fácil, 2000. 86 p. Irrigação e Drenagem AZEVEDO NETO, J.M.; FERNANDEZ, M.F.; ARAÚJO, R.; ITO, A.E. Manual de Hidráulica. 8ª ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2007. 670 p. BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de irrigação. Viçosa- MG: UFV, 8 Ed., 2008. 625 p. COSTA, E.F.; VIEIRA, R.F.; E VIANA, P. A. Quimigação- Aplicação de produtos químicos e biológicos via irrigação. Brasilia-DF: EMBRAPA, 1994. 315 p. Olericultura Boletim Técnico 200, Campinas, IAC, 1995. FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura. São Paulo, Ceres, 1982. MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. Brasília, EMBRAPA/CNPH, 1983. 23p. (Instruções Técnicas, 6). Topografia Portal Santiago e Cintra https://www.santiagoecintra.com.br/blog/geo-tecnologias/qual-a-diferenca-entre-teodolito-e-estacao- totaly. Acesso em 24/09/18 Portal São Francisco https://www.portalsaofrancisco.com.br/geografia/erosao-do-solo. Acesso em 24/09/18