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Autor: Prof. Aldo F. Alves Neto
Colaboradores: Prof. Rogério Carlos Traballi
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Cadeias Produtivas I
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Professor conteudista: Aldo F. Alves Neto
Aldo F. Alves Neto
O professor Aldo F. Alves Neto, natural de São Paulo‑SP, é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade 
Paulista (UNIP) em 2006 e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) em 2009. Realizou diversos 
cursos de aprimoramento em produção animal e melhoramento genético. É docente na UNIP desde 2007 nas áreas 
de Parasitologia, Doenças Parasitárias, Melhoramento Genético e Produção Animal e nas mesmas disciplinas na 
Universidade de Guarulhos (UNG) desde 2011. Possui também experiência como médico veterinário consultor em 
fazendas de bovinos com aptidão leiteira e corte desde 2007.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A474c Alves Neto, Aldo F.
Cadeias produtivas I. / Aldo F. Alves Neto. – São Paulo: Editora 
Sol, 2015.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑051/15, ISSN 1517‑9230.
1. Fenação. 2. Ensilagem. 3. Forragicultura. I.Título.
CDU 001.8
A‑XIX
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Virgínia Bilatto
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Sumário
Cadeias Produtivas I
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 FENAÇÃO ............................................................................................................................................................ 11
1.1 Introdução/definição .......................................................................................................................... 11
1.2 Utilização do feno ................................................................................................................................ 12
1.3 Problemas na produção de feno .................................................................................................... 13
1.4 Qualidade do feno................................................................................................................................ 13
1.5 Prado de feno ......................................................................................................................................... 14
1.6 Etapas da fenação ................................................................................................................................ 14
1.6.1 Corte – utilização da ceifadeira ........................................................................................................ 14
1.6.2 Secagem ..................................................................................................................................................... 15
1.6.3 Enfardamento........................................................................................................................................... 16
2 ENSILAGEM ........................................................................................................................................................ 17
2.1 Introdução ............................................................................................................................................... 17
2.2 Termos e definições ............................................................................................................................. 17
2.3 Processo de produção da silagem ................................................................................................. 17
2.4 Tipos de silos .......................................................................................................................................... 22
2.4.1 Silo de superfície ..................................................................................................................................... 22
2.4.2 Silo trincheira ........................................................................................................................................... 22
2.4.3 Silo aéreo em tubo ................................................................................................................................. 22
2.4.4 Silo aéreo .................................................................................................................................................... 22
2.4.5 Silo subterrâneo (tipo poço) ............................................................................................................... 23
2.5 Aspectos negativos na ensilagem.................................................................................................. 23
2.6 Colheita da matéria‑prima e finalização .................................................................................... 24
Unidade II
3 INTRODUÇÃO GERAL À FORRAGICULTURA .......................................................................................... 30
3.1 Introdução/definições ......................................................................................................................... 30
3.2 Tipos de crescimento das forragens com os respectivos exemplos de 
espécies forrageiras ..................................................................................................................................... 30
3.2.1 Gramíneas (capins em geral) .............................................................................................................. 30
3.2.2 Leguminosas (aquelas que formam vagem) ................................................................................ 31
3.3 Efeitos da desfolhação da pastagem ........................................................................................... 31
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3.4 Espécies de plantas forrageiras....................................................................................................... 31
3.4.1 Leguminosas ............................................................................................................................................. 32
3.4.2 Gramíneas .................................................................................................................................................. 36
4 BOVINOCULTURA DE CORTE .......................................................................................................................L
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Unidade II
Unidade II
3 INTRODUÇÃO GERAL À FORRAGICULTURA
3.1 Introdução/definições
Forragicultura significa manejo de forragens. Forragem é a matéria vegetal que representa o 
volumoso na dieta do animal.
Dentro da forragicultura, devemos fornecer as condições adequadas para a máxima produção de 
forragens, como solo de boa qualidade, com boa adubação e calagem do solo. Também é importante 
relacionar o tipo de planta forrageira com a topografia e o clima do local, respeitando a idade da planta 
e o nível basal (“altura mínima da planta”).
Dentre as forragens, existem as gramíneas e as leguminosas.
3.2 Tipos de crescimento das forragens com os respectivos exemplos de 
espécies forrageiras
3.2.1 Gramíneas (capins em geral)
Classificação dos tipos de crescimento:
• Cespitosas: são aquelas que crescem na vertical, em touceiras, e possuem caules eretos. Para 
poder utilizar na pastagem, devem ter no mínimo 20 cm de altura (caso fiquem mais baixas 
que isso, demoram muito para rebrotar). Um exemplo pode ser o gênero Panicum spp – por 
exemplo, colonião, tanzânia, mombaça e centenário necessitam de solo fértil e têm boa 
resistência a seca.
Há também o gênero Pennisetum, como o napiê, o qual necessita de solo fértil, tem boa resistência 
a seca e é utilizado como capineira, assim como o gênero Melinis, como o capim‑gordura, que cresce 
em solo mais fraco.
• Prostrado ou estolonífero: emite caule horizontal, ou seja, rente ao chão. Por exemplo, o gênero 
Cynodon spp, havendo como exemplos o capim estrela e coast‑cross, necessita de solo fértil e 
possui baixa resistência à umidade, sendo muito utilizado para fazer feno.
• Decumbente: é uma mistura entre os tipos de crescimento dos dois anteriores, devendo ter 
no mínimo 10 cm de altura. Há, por exemplo, capins do gênero Brachiaria, como a Brachiaria 
decumbens, a qual cresce em solo fraco, não possui qualidade satisfatória, trazendo problemas 
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de fotossensibilização em ruminantes e osteodistrofia em equinos, pois tem oxalato, que reage 
quimicamente com o cálcio do organismo, resultando na quelação do cálcio, e aprisiona o íon 
metálico, de modo a indisponibilizá‑lo ao organismo. Há a B. humidicola também de solo fraco, 
um capim de solo pobre e muito resistente à seca que não serve para equinos pelo mesmo motivo 
e nem para vacas paridas. E por fim há a B. brizantha, a qual é uma exceção frente às outras, pois 
necessita de solo fértil e tem boa qualidade de PB (proteína bruta).
3.2.2 Leguminosas (aquelas que formam vagem)
Cresce em forma de arbustos ou volúvel. O principal exemplo de leguminosa é a alfafa, a qual 
necessita de solo fértil e frio e baixa umidade, não resistindo à seca. É complicado trabalhar com alfafa, 
pois ela cresce no frio e no Brasil o frio coincide com a seca. A dificuldade se dá porque devemos irrigar 
mas não podemos encharcar, pois ela não resiste a grandes umidades.
3.3 Efeitos da desfolhação da pastagem
Desfolha é a remoção completa ou parcial de partes da planta acima do solo, vivas ou mortas, pelos 
animais em pastejo ou cortes mecânicos.
Quando o pasto for desfolhado, ele precisa rebrotar. O tempo de rebrota é de 28 a 35 dias no verão, 
mas varia de espécie para espécie.
O meristema apical é o responsável pelo crescimento da planta. O meristema da Brachiaria está de 
10 a 12 cm do chão, então essa planta só pode ser usada até 10 a 12 cm de altura, nunca menos que 
isso. Já em capins cespitosos, o meristema é de cerca de 20 cm.
Plantas mais velhas muitas vezes podem ser mais altas, mas a qualidade é pior porque possuem mais 
celulose e lignina.
Além do meristema, existe também a rebrota a partir de gemas basais, que visa recuperar o 
meristema e consequentemente demora mais para crescer.
3.4 Espécies de plantas forrageiras
Existem diversas espécies e variedades de plantas forrageiras e elas apresentam características muito 
diferentes entre si. As forrageiras são importantes fontes de alimento dos ruminantes, como bovinos, 
bubalinos, ovinos e caprinos.
Para que essas variedades de plantas pudessem ser agrupadas, sugeriu‑se reunir forrageiras com as 
características e aptidões apresentadas em relação ao meio (solo, clima) que se encontram.
De forma geral, as forrageiras são divididas em gramíneas e leguminosas. O que difere esses dois 
grupos de plantas é o tipo de mecanismo utilizado por cada um dos tipos de plantas para sua evolução 
e a disposição de carboidratos e proteínas que elas dispõem.
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Os principais critérios para a escolha da forrageira a ser utilizada devem ser a sua capacidade de 
produção e sua qualidade nutricional, juntamente com a verificação de sua adaptação à região que 
estará localizada.
3.4.1 Leguminosas
O uso de leguminosas é realizado há mais de 1000 anos. No Império Romano já se tinha o 
conhecimento da utilização das leguminosas para alimento do gado e das melhorias na fertilidade dos 
solos que elas oferecem. São diversas as vantagens para o solo que o uso de leguminosas pode oferecer, 
como: controle da erosão; cobertura do solo, conservando a umidade e evitando o aquecimento do solo; 
fixação biológica do nitrogênio; ciclagem de nutrientes do solo etc.
As leguminosas estão associadas simbioticamente, em suas raízes, às bactérias fixadoras de 
nitrogênio, que são responsáveis por disponibilizarem o nitrogênio atmosférico para a espécie 
vegetal. Com isso, as leguminosas são responsáveis por uma maior oferta de proteínas. O uso de 
leguminosas nas pastagens resulta num aumento da qualidade da forragem que estará à disposição 
do rebanho, assim como, devido a suas características, o repasse de nitrogênio a todo o ecossistema 
envolvido.
O uso de leguminosas melhora a produção animal, tanto na produção de leite como na produção 
de carne, quando comparamos animais que se alimentam exclusivamente de pastagens de gramíneas. 
O uso de leguminosas também interfere na redução de custos de produção, sendo responsável pela 
melhoria e diversificação na dieta do rebanho, e aumenta a disponibilidade de forragem devido a sua 
característica de fixação de nitrogênio, que também fica disponível para a gramínea que estiver sendo 
cultivada junto à leguminosa.
Assim, o uso de leguminosas é recomendado junto com espécies gramíneas forrageiras ou 
intercaladas com plantas perenes, pois elas promovem melhorias nos níveis protéticos das gramíneas 
que são cultivadas junto com leguminosas.
As leguminosas pertencem à família angiosperma, sendo dicotiledôneas, e compreendem cerca 
de onze mil espécies. Apresentam, em sua grande maioria, fruto do tipo legume, também chamado 
de vagem, uma vasta variedade de tamanho e cumprimento dos caules, que podem ser subterrâneos 
(acumulam reserva de nutrientes) ou aéreos (podendo ser herbáceos ou lenhosos, angulosos ou 
cilíndricos, prostrados ou eretos), e folhas compostas.
Seu sistema radicular é axial, sendo originário da sua raiz embrionária. Apresenta uma raiz primária, 
dominante e robusta, com pequenas extensões (raízes secundárias). Conforme já citado anteriormente, 
as leguminosas apresentam em suas raízes nódulos formados por simbiose com bactérias do gênero 
Rhizobium, sendo elas responsáveis pela fixação do nitrogênio atmosférico, na forma de amônia (NH3), 
no solo e nas plantas.
Existem certa de onze mil espécies de plantas leguminosas. Trataremos aqui de algumas das mais 
utilizadas como forrageiras no Brasil.
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 Lembrete
As gramíneas são classificadas de acordo com os tipos de crescimento.
3.4.1.1 Alfafa (Medicago sativa L.)
É uma leguminosa perene, típica de clima temperado, embora se adapte a diversos climas, podendo 
acomodar‑se atéem climas tropicais. No Brasil, é muito bem adaptada no estado do Rio Grande do Sul. 
Costuma se desenvolver bem em altitudes entre 200 e 3.000 metros, estando mais adaptada entre 700 
e 2800 metros de altura. Ela se adaptada bem em solos neutros ou alcalinos.
Produz grande quantidade de forragem, em especial nas épocas mais quentes do ano, sendo esta de 
boa qualidade, rica em proteína, cálcio, fósforo e vitaminas A e C.
A alfafa pode ser oferecida aos animais como pasto ou feno, sendo apreciada nas duas formas. Ela, 
que atinge entre 60 e 90 cm de altura, apresenta caules com hábito ereto e folhosos. A alfafa possui 
sistema de raízes profundo, chegando a atingir alguns metros de comprimento.
Suas folhas são trifolioladas e as flores estão distribuídas em diversas partes da planta, mas em pouca 
quantidade. Apresentam coloração azulada e violeta, em ramos entre 15 e 30 cm de comprimento. Os 
legumes, espiralados, possuem de 2 a 5 sementes.
Apesar de ser uma das plantas com boa adaptação, o cultivo de alfafa costuma apresentar alguns 
fatores que possuem certa dificuldade de correção: semeadura com falhas; não efetivação de simbiose 
com a bactéria fixadora de nitrogênio Sinorhizobium melioli; doenças responsáveis pelo tombamento 
de plântulas (damping‑off) etc.
Essas dificuldades podem afetar o sucesso do cultivo de alfafa, e é o produtor quem deve ter atenção 
ao possível surgimento de plantas daninhas, que também afetam o rendimento da forragem.
A alfafa apresenta raízes profundas e por isso é muito resistente a épocas de seca, além de ter 
boa tolerância a grandes variações de temperatura. Apesar de ser adaptável a diferentes tipos de solo, 
tem preferência por solos profundos, arenoargilosos, com boa drenagem, sendo uma leguminosa mais 
exigente quanto ao pH, que deve ser entre 6,5 a 7,5, e à fertilidade. A umidade é um fator determinante 
para a produção de alfafa, sendo a forrageira que melhor responde à irrigação, ainda que não suporte 
excesso de umidade.
O outono (em abril) é o período mais adequado para sua semeadura. Nessa época há menos interferência 
das plantas daninhas, o que permite que a planta já esteja com suas raízes bem desenvolvidas quando 
chegar o verão, de forma que a planta já tenha condições de ser mais resistente na seca. Além disso, quando 
semeadas no outono, já podem ser utilizadas na primavera seguinte. Para garantir a simbiose com as 
bactérias fixadoras de nitrogênio, recomenda‑se que as sementes de alfafa sejam inoculadas e peletizadas.
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Para produção de alfafa, o primeiro corte na plantação pode ser feito entre 90 e 100 dias após 
o surgimento de plântulas, e os demais podem ser feitos mediante observação da brotação basilar e 
intervalo do último corte realizado (que varia de 28 dias nas estações de primavera e verão, 35 dias no 
outono e 50 dias na época de inverno em regiões de alta latitude).
O produtor também pode se basear na altura do rebrote da planta para o corte, de modo que 
quando chegar à altura de 8 a 10 cm, a planta pode sofrer novo corte. Com isso, o produtor garante o 
restabelecimento da área foliar, sendo que também é recomendado que a alfafa seja cortada entre 6 e 
8 cm acima do solo para acelerar o rebrote.
Quando feito o manejo correto, a alfafa permite de 6 a 8 cortes, de forma que é possível produzir 
forragem de alta qualidade com rendimento mínimo de 10 toneladas por hectare de massa seca de 
forragem.
A alfafa também pode ser armazenada na forma de feno. Para que o feno seja de boa 
qualidade, é importante estar atento a todas as etapas, sendo que o corte deve ser feito 
durante a manhã, após a evaporação do orvalho, e de modo que as condições climáticas sejam 
desfavoráveis para chuva. O enfardamento deve ser realizado quando a planta apresentar 
umidade entre 16 a 20%.
Outra opção para seu armazenamento é a produção de silagem de alfafa, embora não seja muito 
comum, pois a ensilagem não é fácil de ser realizada para essas forrageiras leguminosas. O processo 
de ensilagem para a alfafa não favorece a formação de ácido láctico. Para que a alfafa possa ser 
armazenada na forma de silagem de boa qualidade, é recomendado que seja realizada a aplicação de 
aditivos (químicos ou biológicos).
 Observação
A alfafa é a leguminosa mais indicada e utilizada para a produção de 
feno para consumo animal.
3.4.1.2 Leucena (Leucena spp, Leucena leucocephala)
É uma leguminosa perene, arbórea originária da América Central e México. A leucena é de grande 
versatilidade, além de forrageira, podendo ser empregada na produção de madeira e carvão vegetal e 
como adubo verde.
Adaptável em regiões de clima tropical, seu plantio é indicado para solos férteis, com boa drenagem, 
profundos e com pH acima de 6,0, preferencialmente planos ou com poucas ondulações.
A leucena foi bastante utilizada durante a civilização maia devido sua capacidade de fixação de 
nitrogênio em solos onde o milho era plantado. Sabe‑se que produções de até 25 toneladas de matéria 
seca por hectare por ano podem fixar até 500 kg de nitrogênio por hectare por ano no solo.
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Suas sementes possuem casca muito dura, o que dificulta a penetração de água, de forma que 
sua germinação é afetada com baixos índices, embora sementes armazenadas por mais de um ano 
costumem ter um melhor índice de germinação. Para as sementes novas, é necessário usar alguns 
artifícios para aumentar o índice germinativo, sendo o mais adotado pelos produtores a imersão em 
água fervente durante dez minutos. É importante ressaltar que após esse processo, as sementes devem 
secar à sombra e serem plantadas em no máximo sete dias.
Seu plantio pode ser realizado de diversas maneiras, dependendo de cada local. É importante que 
o produtor atente para o melhor em cada situação de forma a garantir o máximo da produtividade da 
leucena. Por ser palatável, pode ser utilizada como forragem ou consumida diretamente (in natura) 
pelos animais como pastejo direto, além de poder ser oferecida como silagem ou feno.
Embora seja de difícil manejo sob pastejo e ser muito susceptível a pragas, a leucena possui excelente 
valor nutritivo, com alta porcentagem de proteína bruta, sendo seus valores nutricionais semelhantes 
aos da alfafa. Também apresenta alta digestibilidade, sendo maiores que 65% segundo alguns estudos 
realizados pela Embrapa no Nordeste brasileiro.
Existem três tipos de leucena, cada uma com características próprias:
• leucena tipo Peru: plantas que podem chegar a até 10 metros de altura com boa produção de 
galhos e folhagem abundante, sendo bastante utilizadas como forrageiras para o consumo de 
ruminantes, em pastejo ou em forma de silagem e feno;
• leucena tipo Salvador: plantas arbóreas de até 20 metros de altura, porém pouco ramificadas, 
de forma a serem utilizadas para sombreamentos e na produção de carvão vegetal;
• leucena tipo Havaí: plantas com características de arbusto, que podem chegar a 5 metros de 
altura e folhas e vagens menores que dos demais tipos, sendo mais utilizadas para revestimento 
de áreas degradadas em regiões tropicais de baixas altitudes.
3.4.1.3 Guandu (Cajanus cajan)
É uma leguminosa originária da Ásia, bastante cultivada nas regiões tropicais. Apresenta grande 
diversidade de usos, podendo ser utilizada como espécie forrageira, além de cultura de melhoria de 
solo. O guandu é altamente adaptável em solos com baixa fertilidade e com baixa umidade. Embora 
não possua boa palatabilidade e apresente difícil manejo sob pastejo, permite ser utilizado como 
forragem verde, além de poder ser ofertado na forma de feno e como componente na produção 
de silagens.
A variedade guandu taipeiro é arbustiva, podendo atingir até 1,5 metro de altura sob condições 
favoráveis de manejo, embora normalmente apresente indivíduos com altura inferior a um metro.Possui vagens achatadas e sementes com tonalidade cinza, talos verdes e folhas de três folíolos ovais 
alongados e recobertos por uma pubescência aveludada.
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Sua floração costuma acontecer após 150 dias do plantio e a maturação, após 210 dias, em média. 
Apresenta raiz pivotante, forte, profunda, podendo chegar a até 2 metros de profundidade. Dessa forma, 
a guandu pode aproveitar da umidade das camadas mais profundas do solo. Sob condições naturais, 
pode produzir até 5 toneladas por hectare de massa seca, produção que pode chegar a até 8 toneladas/
hectare em condições favoráveis.
Apresenta boa relação de folhas/caules, além de presença de caules finos e tenros. Tanto para o 
uso em pastejo direto como para o corte, ocorre em torno de 170 dias após o plantio, sendo o corte 
recomendado quando as plantas atingem 80 cm – altura com a qual o guandu pode ser cortado para 
ser armazenado como feno. Por apresentar grande quantidade de folhas verdes, o guandu taipeiro é 
uma opção de matéria verde disponível para alimento de animais na região do semiárido brasileiro 
durante o período crítico de seca (setembro), sendo, portanto, uma boa opção para forragem nessa 
região do Brasil.
3.4.2 Gramíneas
No Brasil, as gramíneas são a maioria nas pastagens. As gramíneas são a principal família dos 
angiospermas. Pertencem a ela as gramas (ou capins), apresentam folhas lineares, com inflorescência 
como espigas, panículas e racemos. Apresentam dois sistemas de raízes:
• raízes embrionárias: têm origem no embrião, cobertas pela coleorriza, sendo de curta duração. 
A coleorriza tem a função de um órgão protetor, além de ser responsável pela absorção de 
nutrientes e água. Algumas espécies apresentam sobre essas raízes pelos que fazem a função 
de absorção;
• raízes permanentes: também chamadas de caulinares ou adventícias, são formadas a partir dos 
primeiros nós basais, de estolões ou também de outros nós que possam estar em contato com o 
solo. Essas raízes substituem as embrionárias e são bastante numerosas, com certo comprimento, 
de forma que produzem diversas ramificações. As raízes permanentes morrem em espécies anuais. 
Para as gramíneas perenes, as raízes permanentes possuem duas classificações que as diferem 
entre si: anuais e perenes. As raízes anuais são as que se regeneram totalmente durante o período 
de crescimento da planta, enquanto as raízes perenes são formadas durante o primeiro ano e 
continuam em funcionamento durante o ano seguinte.
As gramíneas possuem folhas que, geralmente, apresentam bainha, lígula e lâmina. São fontes de 
energia na forma de carboidratos. Na maioria das espécies o colmo é oco, sendo constituído de nós e 
entrenós; esses entrenós também podem ser ocos (cereais de inverno) ou cheios (milho), e desses nós 
surgem brotos que podem ser de dois tipos:
• intravaginais: brotos desenvolvidos no interior da bainha e que não a rompem ao surgirem;
• extravaginais: brotos que rompem a bainha foliar para que se desenvolvam por fora dela.
A forma com que o colmo cresce determina o hábito de crescimento das plantas.
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CADEIAS PRODUTIVAS I
As gramíneas podem possuir diferentes hábitos, cada um com características e espécies próprias:
• cespitoso ereto: os entrenós basais são muito curtos, de forma a produzir brotos que crescem na 
vertical (eretos), formando touceiras densas;
• cespitoso prostado: os colmos não possuem enraizamento nos nós e crescem rentes ao solo. A 
única parte que fica erguida é a inflorescência;
• cespitoso‑estolonífero: apresenta brotos verticais e estolões, que são estimulados pelo pastejo 
ou corte mecanizado;
• estolonífero: apresenta colmos rasteiros, com raízes nos nós que permanecem em contato com 
o solo. Novas plantas são originadas em cada nó;
• rizomatoso: o colmo não possui clorofila, sendo subterrâneo e coberto por brotos. Nos nós surgem 
raízes e plantas novas.
Colmo e área foliar
Inflorescência
Lâmina foliar
Lâmina foliar
Plântula
Plântula
Estolão Raízes Rizomas
Superfície do solo
Lâmina foliar
Lígula
Bainha 
foliar
Bainha
Ligula
Ligula
Aurícula
Colar
Aurícula 
entrenó
Nó
Nó
Nervura
Colmo
Folhas
Figura 6 – Esquema genérico de uma gramínea
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Unidade II
3.4.2.1 Espécies de gramíneas mais utilizadas como forragem no Brasil
3.4.2.1.1 Capim colonião (Panicum maximum)
Originária da África, é muito utilizada para formação de pastagens em regiões de clima tropical, 
sendo sua utilização bastante difundida no território brasileiro. Por ser bastante utilizado no país, 
algumas vezes o colonião pode ultrapassar os limites de sua plantação e invadir outras áreas, o que faz 
com que seja considerada uma planta invasora de grande importância. Apresenta crescimento vertical, 
sendo uma planta perene, robusta, com altura entre um e dois metros, e panículas durante a maior parte 
do ano adaptada a diversas condições climáticas e tipos de solos. É uma planta com grande capacidade 
de disseminação, sendo daninha em algumas plantações, e seu controle é de difícil manejo para o 
sistema de plantio direto.
O colonião apresenta caule vertical, simples ou ramificado que podem chegar até 3,5 metros de 
altura, folhas com pilosidade superficial em formato de lança, ápice entre 20 a 100 cm de comprimento 
e até 3,5 cm de largura, sendo folhas planas de coloração verde‑clara. Apresenta inflorescência de até 
50 cm de comprimento em panículas verdes e na parte terminal dos colmos apresenta rizomas, podendo 
produzir entre 10 a 15 toneladas de matéria seca por hectare por ano.
Não se adapta em solos ácidos, pouco férteis ou mal drenados. Apresenta baixo crescimento em 
época de seca, tendo um florescimento intenso nos períodos de outono e inverno, embora seja uma 
forragem de qualidade e de alto valor nutricional. É uma das principais fontes de alimento para a criação 
de ruminantes, em especial na criação de bovinos, principalmente devido a sua alta produtividade nos 
períodos de chuvas.
3.4.2.1.2 Capim mombaça (Panicum maximum)
Nativa da África, é uma planta cespitosa que pode chegar a 1,70 metros de altura. Ela apresenta 
folhas decumbentes com cerca de 3 cm de largura, com bainhas glabras e colmos de coloração arroxeada. 
O capim mombaça necessita de solos com boa fertilidade, preferencialmente argilosos e arenosos, que 
apresentem mínimo de 3 a 5 ppm de fósforo em sua composição.
O capim mombaça apresenta alta produtividade, sendo no Brasil o melhor período de plantio entre 
os meses de outubro e janeiro. Por ter sementes de pequeno porte, é necessário um maior cuidado na 
preparação do solo para seu plantio, sendo de 2 kg de sementes viáveis por hectare a taxa de semeadura 
recomendada. Para seu manejo, recomenda‑se fazer o pastejo na área cultivada entre 60 a 100 dias 
após sua germinação com uma alta lotação animal para que ocorra diminuição da competição entre as 
plantas e eliminação da maioria das gemas apicais, havendo assim uma melhor e mais rápida cobertura 
do solo pela forrageira.
A cultura de capim mombaça produz de 33 a 40 toneladas de matéria seca por hectare por ano, com 
teor de aproximadamente 13% de proteína, o que o torna indicado para a produção de silagens.
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3.4.2.1.3 Capim tanzânia (Panicum maximum)
Planta forrageira cespitosa, com altura média de 1,4 metros e folhas decumbentes de largura de 
cerca de 2,6 cm. Apresenta lâminas e bainhas glabras sem serosidade e colmos de tom arroxeado. 
Possui ciclo anual e inflorescência, sendo panícula, com ramificações longas; suas espiguetas 
também possuem coloração arroxeada. Apresentam palatabilidade aos animais, mesmo para os 
colmos mais velhos.
O capim tanzânia necessitade solos com presença de fósforo e potássio, sendo exigente quanto 
à fertilidade do solo para manter sua produtividade. É utilizado em pastejo, sendo melhor quando 
utilizado sob pastejo rotacionado, com até cinco dias de pastejo para 25 a 30 dias de descanso durante 
época de chuva e até 50 dias para períodos de seca (inverno). Possui uma ótima produção, chegando a 
cerca de 25 toneladas de matéria seca por hectare por ano. Possui baixa tolerância a seca e frio e solos 
mal drenados.
3.4.2.1.4 Capim aruana (Panicum maximum)
Gramínea originária da África, perene de verão, cespitosa com foliar vertical e aberto, próprio desse 
tipo de forragem. Apresenta folhas estreitas e flexíveis, com colmos finos e touceiras próximas, sendo 
uma forragem de alta densidade.
Utilizada na região Sul do Brasil, principalmente em criação de pequenos ruminantes e cavalos. 
Apresenta porte médio, com cerca de 80 cm de altura, sendo uma pastagem adequada para ovinos 
devido à sua altura e também por ser tolerante ao pastejo baixo. Apresenta boa capacidade de ocupação 
da área de pastejo, pois não permite áreas descobertas no solo, o que auxilia no controle de pragas 
e erosão, e possui um grande número de gemas basais, responsáveis pela rebrota após cada ciclo de 
pastejo. Também produz uma boa quantidade de sementes, o que auxilia para uma rápida recuperação 
da pastagem.
Apresenta boa aceitação pelos rebanhos, com alta produtividade, sendo maior no período de inverno 
(época de seca – entre os meses de abril e setembro), sendo resistente às épocas de seca e frio. Seu 
percentual de proteína bruta fica em torno de 12% e a produção de matéria seca é de 15 a 25% por 
hectare por ano. Possui alta digestibilidade, que pode chegar a até 64%. Para o manejo, é importante 
atentar‑se à altura da pastagem, em cerca de 40 cm de altura, para garantir um bom desempenho 
animal e persistência da pastagem.
Sua semeadura deve ser realizada no começo do período de chuvas em solos, preferencialmente, 
profundos, drenados, leves, friáveis e que apresentem bons níveis de fósforo, não sendo recomendado o 
plantio em solos rasos ou muito argilosos.
3.4.2.1.5 Capim‑elefante (Pennisetum purpureum)
É uma cespitosa com crescimento vertical. Originário da África tropical, foi introduzido no 
Brasil por volta da década de 1920, para fins forrageiros, de forma que adaptou‑se muito bem ao 
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território nacional e atualmente está presente em todas as regiões brasileiras, sendo considerada 
até uma planta daninha, uma vez que infesta lavouras e beiras de estrada, sendo muito agressiva 
e de difícil controle – uma planta rústica e com facilidade de proliferação. Apresenta diversas 
qualidades, sendo grande produtora de massa verde anual e de rápido crescimento, sendo o 
primeiro corte entre dois e quatro meses após plantio. Planta pouco exigente quanto ao solo, 
embora não tolere solos mal drenados e seja muito exigente com relação à fertilidade do solo, 
não tolerando pH baixo e presença de alumínio no solo. São plantas de porte alto. Há alguns 
grupos como:
• grupo anão: são mais adaptadas para o pastejo devido ao menor comprimento dos entrenós, 
sendo elas de porte mais baixo, com até 1,5 metro de altura;
• grupo camerron: plantas de porte ereto, com colmos grossos, folhas largas, sendo seu 
florescimento tardio (entre os meses de maio a julho) ou ausente, e touceiras densas;
• grupo mercker: apresentam porte menor, folhas e colmos finos, com florescimento precoce, nos 
meses de março e abril;
• grupo napier: plantas que apresentam colmos grossos, folhas largas e touceiras abertas, com 
florescimento intermediário, entre os meses de abril e maio;
• grupos intermediários: plantas resultantes do cruzamento entre espécies de Pennisetum 
purpureum e Pennisetum americanum.
As diferentes variações são determinantes para utilizar o tipo de manejo correto para cada uma 
delas.
De forma geral, podem atingir cerca de 5 metros de altura com colmos eretos, sendo eles dispostos 
em touceiras que podem ser abertas ou não, preenchidos por parênquima suculento de até dois cm de 
diâmetro e entrenós de cerca de 20 cm de diâmetro. Suas folhas podem apresentar coloração verde 
escura ou clara com cerca de 10 cm de largura e até 110 cm de comprimento. Apresentam inflorescência 
em panícula primária e terminal em formato de espiga e podem formar touceiras densas, entretanto 
não fazem a total cobertura do solo. Seu plantio deve ocorrer no verão, assim que começar o período 
de chuvas.
O capim‑elefante e suas variações apresentam alto potencial de produção, que pode chegar a 60 
toneladas de matéria seca por hectare por ano.
3.4.2.1.6 Gramíneas do gênero Cynodon
Mundialmente recomendadas para a alimentação de rebanhos bovinos e equinos, são plantas 
originárias da África, sendo adaptadas para regiões de clima tropical e subtropical. Apresentam 
crescimento rasteiro, perene, tendo alta exigência quanto à fertilidade do solo, sendo seus cultivares 
divididos da seguinte forma:
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• Cynodon dactylon (bermudas) – apresentam rizomas e estolões:
— coast‑cross;
— tifton;
— florakirk.
• Cynodon plectostachyus (estrela) – apresentam apenas estolões:
— estrela africana;
— estrela de Porto Rico;
— florona;
— florico;
— T68.
De forma geral, as espécies do gênero Cynodon apresentam teor de proteína bruta diretamente 
proporcional ao aumento da disponibilidade de nitrogênio. A produção desse gênero costuma ser maior 
em solos profundos, bem drenados e férteis, sendo o plantio realizado por mudas, preferencialmente no 
verão, em períodos de chuva. As principais espécies cultivares utilizadas no Brasil são:
• Coast‑cross (Cynodon dactylon): apresenta capacidade de produzir grande quantidade de 
forragem com boa relação entre folhas e colmos, sendo apropriada para a alimentação de rebanho 
leiteiro e podendo ser utilizado para pastejo ou na forma de feno e até silagem. O coast‑cross 
apresenta colmos finos, produzindo pastagem densa, e é resistente à seca e à geada. É muito 
exigente quanto à fertilidade do solo, sendo importante para o produtor saber a taxa de nitrogênio 
necessária no adubo para melhor aproveitamento da produção da forragem, além do intervalo de 
corte, que deve ser de até doze semanas, de modo que a produção de matéria seca seja crescente, 
enquanto o teor proteico bruto costuma ser inversamente proporcional ao intervalo de cortes. 
Apresenta produção de matéria seca em média entre 18 a 20 toneladas por hectare por ano.
• Tifton (Cynodon dactylon): apresenta alta produtividade e é uma forrageira de qualidade, sendo 
utilizada como pastejo e também como feno, podendo ser cultivado tanto em regiões frias como 
em quentes de clima tropical e subtropical. Pode ser cultivado em solos arenosos e argilosos, desde 
que adubados, sendo intolerante a ambientes sombreados e sem drenagem adequada. É cultivado 
por meio de estalões, uma vez que suas sementes não costumam ser viáveis. Seu plantio deve 
ser realizado durante o período de chuvas, entre os meses de outubro e janeiro. Apresenta folhas 
largas verde‑claras (tifton 68) e verde‑escuras (tifton 85). Em condições adequadas de temperatura 
e umidade, pode ser feito o primeiro pastejo da área cultivada entre 90 e 120 dias após o plantio. 
Tem produção de matéria seca em torno de 20 toneladas por hectare por ano para este espécime.
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• Estrela africana (Cynodon plectostachyus): planta perene, prostrada com estolões arqueados, 
esta espécie apresenta colmos grossos, folhas largas e caules finos. Não apresenta rizomas, 
sendo de tonalidade verde claro e inflorescência no formato de espigas dispostas no extremo 
do colmo. É cultivada a partir de mudas, já que apresenta sementes inférteis,sendo exigentes 
quanto à fertilidade do solo, a respeito do qual o produtor deve ter atenção especial para 
a adubação de forma a fornecer nitrogênio para a planta, e é também recomendada para 
produção de feno, embora possa ser utilizada em pastejo (menor escala). É bastante utilizada 
na região Norte do Brasil, sendo substituta da B. brizantha, e bastante tolerante ao pastejo e 
pisoteio animal, com tolerância moderada ao frio, sendo uma planta agressiva. Para um melhor 
manejo, deve ser permitida a entrada de animais na região de plantio ao atingir cerca de 25 cm 
de altura e ter a saída destes com 10 cm de altura, sendo necessário um descanso de até 30 dias 
para a área.
3.4.2.1.7 Brachiaria
São consideradas plantas forrageiras tropicais, com aproximadamente 80 espécies, que apresentam 
boa produção e rápido estabelecimento. São gramíneas com alta produção de massa seca e se adaptam 
a uma variedade de tipos de solos, sendo seu crescimento distribuído durante grande parte do ano. São 
plantas que apresentam baixo valor nutritivo, baixa digestibilidade e baixo teor de nutrientes, podendo 
ser utilizadas como forragens, na produção de feno e até na recuperação de áreas degradadas. Foram 
de grande importância para a viabilização da pecuária de corte no Cerrado brasileiro, sendo a base das 
pastagens cultivadas no país. São responsáveis pelo desenvolvimento da indústria de sementes no Brasil, 
de forma a se tornar o maior exportador desse insumo.
O Brasil apresenta cerca de 16 espécies do gênero, cultivadas como forrageiras, sendo as principais: 
Brachiaria brizantha, Brachiaria decumbens e Brachiaria humidicola.
A Brachiaria brizantha é uma espécie perene, com colmos de 1 a 1,5 metro de altura. Apresenta 
folhas pilosas, lineares lanceoladas, com nós salientes e rizomas curtos, sendo eles cobertos de escamas 
amareladas. Apresenta inflorescência de até 12 racemos que variam entre 50 e 150 mm de comprimento 
e espiguetas ligeiramente pilosas na região apical da planta.
Normalmente, são propagadas a partir de sementes. O plantio é recomendado entre os meses 
de setembro e novembro, na região Sul do Brasil, podendo estender‑se até fevereiro, verificando 
as condições de chuva e solo no período. Por não ser tolerante a geadas, o manejo da altura 
durante o período de outono é fundamental para a manutenção da forragem. Os animais devem 
ser conduzidos para as áreas de pastagem quando esta estiver com cerca de 60 cm de altura e 
retirados quando a forragem chegar a 20 cm de altura. Normalmente, essa espécie não é tolerante 
a solos ácidos.
A Brachiaria decumbens apresenta dois tipos reconhecidos no Brasil. A ipean é uma espécie de cultivo 
de restrita difusão, com baixa produção de sementes, crescimento prostrado e nós que se enraízam, e 
apresenta melhor distribuição de produção de matéria seca anual. O tipo basilisk ou australiana é o 
tipo de B. decumbens mais difundida no país. A B. decumbens apresenta tolerância a solos com baixa 
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fertilidade e ácidos; entretanto, não é tolerante a solos mal drenados, grande produção de sementes e 
facilidade em estabelecer‑se, sendo uma excelente espécie para a implementação de pastos vedados. 
Além disso, apresenta médio valor nutricional, que tem lenta queda e também pode ser responsável por 
provocar a fotossensibilização em bovinos, além de não poder ser consumida por equinos. Sua produção 
de matéria seca fica em torno de 12 a 15 toneladas por hectare por ano.
A Brachiaria humidicola tem origem africana, apresenta alta adaptação a diversos tipos de solos, 
inclusive os de baixa fertilidade, e alto nível de umidade, sendo utilizada na região amazônica. Mesmo 
sem muito manejo e intervalos de corte pequenos quando em pastejo, essa espécie apresenta grande 
potencial de rebrota, embora tenha baixa produção de sementes. Possui estalões fortes com grande 
capacidade de enraizamento, o que faz com que a cobertura do solo seja rápida, de modo a proteger 
o solo contra a infestação de pragas, e apresenta rizomas e alta densidade, sendo bem agressiva. Pode 
produzir cerca de 20 toneladas de matéria seca por hectare por ano, embora apresente perda rápida de 
seus valores nutricionais.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, consulte o site a seguir:
LIMA, J. L. S. de L. Plantas forrageiras das caatingas: usos e 
potencialidades. Petrolina: Embrapa, 1996. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2014.
4 BOVINOCULTURA DE CORTE
4.1 Introdução e índices
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, com aproximadamente 200 milhões de cabeças, 
cujo sistema de produção é 90% a pasto (conhecido como modelo extensivo de produção).
Alguns dados:
• A taxa de natalidade é de 65%, embora o ideal fosse 90%.
• A idade ao 1º parto é de 34 meses, embora o ideal fosse 27 meses.
• A idade média de abate é de 36 meses, embora o ideal fosse 30 meses. Portanto, o ideal seria 
aumentar a produtividade/área, ocorrendo assim a obtenção de maior rendimento. A produção 
média ideal por vaca é de um bezerro por ano, porém o que se consegue é um bezerro a cada um 
ano e meio por fêmea.
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4.2 Denominação de bovinos segundo a faixa etária e sexo
Do nascimento até por volta de 7 a 9 meses, o bovino é denominado bezerro ou bezerra mamando. 
Dos 8 aos 12 meses de idade, é denominado bezerro ou bezerra desmamado.
As fêmeas entre um ano até o primeiro parto são chamadas de novilhas. Os machos entre um e dois 
anos (média de 12 arrobas, sendo que uma arroba equivale a 15 kg de peso de carcaça) são considerados 
garrotes. Entre 12 e 16 arrobas, boi magro, e acima de 16 arrobas, boi gordo. A partir dos três anos de 
idade, o macho inteiro (destinado para reprodução) é denominado touro.
Fêmeas a partir do primeiro parto são denominadas vacas. Há a vaca seca (aquela que não está 
amamentando), podendo existir ainda as seguintes classificações: vaca mojando (próxima da parição) e 
vacas com bezerro ao pé (vacas paridas).
4.3 Principais raças de corte e cruzamentos
Raça é um conjunto de animais da mesma espécie que apresentam características fisiológicas e 
anatômicas semelhantes que os diferencie de qualquer outro grupamento.
Há dois troncos (subespécies) de bovinos que são Bos indicus e Bos taurus. As características 
morfológicas dos Bos indicus são presença de cupim, barbela mais desenvolvida e orelhas compridas.
As características morfológicas dos Bos taurus são ausência de cupim, barbelas menos desenvolvidas 
e orelhas mais curtas. De uma forma geral Bos taurus são mais produtivos, ao passo que Bos indicus são 
mais resistentes a parasitas e elevações de temperatura, ou seja, estes últimos são mais adaptados às 
condições que encontramos em nosso país.
Dentre as raças européias (Bos taurus), há as britânicas e as continentais. As britânicas são de 
pequeno porte, porém, mais precoces, ao passo que as continentais são de grande porte.
Tanto no gado europeu quanto no zebuíno, há o tipo zootécnico (finalidade comercial de determinada 
espécie e/ou raça), corte ou leite.
Como zebuínos, há as raças Nelore, Tabapuã, Brahman, Sindi, Indubrasil, Gir, Guzerá e Cangaian. 
Dentre as taurinas, há as britânicas (de pequeno porte) como a raça Angus, por exemplo, as quais 
são bastante precoces. E há as raças continentais, as quais são de grande porte, havendo aqui raças 
portuguesas como Caracu, francesas como Limousin e Charolês, alemãs como Simental e italianas como 
Marquigiana e Piemontês (dupla musculatura).
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Figura 7 – Vaca e bezerro, exemplares da raça Nelore 
(Feicorte – Feira Internacional da Cadeia Produtiva de Corte, 2013)
Figura 8 – Vaca da raça Simental, que temaptidão para produção de corte e leite 
(Feileite – Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite, 2007)
É extremamente importante a realização de cruzamentos em nosso país. Trata‑se da reprodução 
entre animais de raça taurina com um animal de raça zebuína, buscando somar pontos positivos 
entre ambas as raças, ou seja, seus descendentes nascerão com grande produção e precocidade 
(iniciam mais cedo a reprodução e atingem o peso ao abate de forma mais rápida) associadas a 
uma grande resistência. Para isso, existe o cruzamento industrial, em que toda F1 (primeira geração 
de filhos) é destinada ao abate, tanto machos quanto fêmeas. O fato de as características positivas 
serem somadas nos descendentes é chamado de vigor híbrido, ou seja, os filhos resultantes do 
cruzamento serão superiores aos pais; contudo, esse fenômeno não é replicável e não é transmitido 
com grande intensidade aos seus filhos, sendo por esse motivo que tanto machos quanto fêmeas 
são destinados ao abate.
Há também o cruzamento maternal, em que as fêmeas são mantidas para reprodução e os machos 
geralmente são abatidos, havendo cruzamento absorvente (31/32 de sangue da raça), tricross, formação 
de uma nova raça ou raça sintética e cruzamento composto.
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Exemplos de raças sintéticas de corte: Canchim, Santa Gertrudes, Braford, Simbrasil e Brangus, 
dentre outras, as quais têm 5/8 de sangue taurino e 3/8 de sangue zebuíno. Composto é uma 
raça que tem em sua constituição a união entre 6 ou mais raças – podemos citar o Montana e o 
Composto Tropical.
Figura 9 – Animais sintéticos de corte, exemplares da raça Canchim 
(Feicorte – Feira Internacional da Cadeia Produtiva de Corte, 2012)
 Lembrete
As raças bovinas são separadas em dois grandes grupos: taurinas 
(ausência de cupim) e zebuínas (presença de cupim).
4.4 Estação de monta
É o estabelecimento de um período quando a fêmea estará sujeita a monta natural ou inseminação 
artificial. A época em que deve ser feita se dá em função da melhor época para o nascimento dos 
bezerros; sendo na época da chuva que os bezerros deverão nascer, a estação de monta ocorrerá nove 
meses antes. Deve ser realizada, por exemplo, entre dezembro a março, para os bezerros nascerem entre 
setembro e dezembro.
O período de estação de monta deve durar por volta de quatro meses. A época citada anteriormente 
ainda não é de seca, e para fazendas com regime extensivo (maioria no Brasil) não fica uma grande 
necessidade de fornecer alimentos concentrados, como ração aos touros, pois eles ainda estarão com 
boa condição corporal.
São inúmeras as vantagens da realização de estação de monta, como maior padronização do 
rebanho, o que ajuda na realização de avaliação genética entre os animais, na facilidade de manejo e na 
maior seleção sobre as matrizes (vacas), retirando do plantel aquelas que não tiveram bezerro, dentre 
outras vantagens.
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4.5 Relação touro/vaca
A variável depende de condições climáticas e geográficas, da raça do touro e de sua idade.
Touros Bos taurus apresentam mais libido que Bos indicus; assim, a relação é de um touro Bos indicus 
para 25 vacas e um touro Bos taurus para 30 ou 35 vacas. No entanto, em relação a esse último, é necessário 
verificar a condição climática da região. Touros jovens devem ficar com um número menor de fêmeas.
Quanto à variável geográfica, para touros Bos indicus, são usados um para 25 vacas no Sudeste e 
um para 10 vacas no Pantanal, onde os pastos são muito extensos. Em relação à geografia, depende das 
condições de terreno, como vales e ocorrência de erosões.
O ideal é adquirir touros jovens e retirar os que apresentam idade mais avançada (oito a dez anos), 
pois apresentam grande dominância sobre o rebanho e muitas vezes são inférteis ou subférteis, além de 
existir o problema de parentesco.
4.6 Instalações
Curral é o nome da unidade de manejo utilizada principalmente na pecuária de corte. Nele há vários 
compartimentos, iniciando pela seringa, a qual tem forma de triângulo, para direcionarmos o animal 
para o tronco. Pode haver seringa para o embarcador quando ele for afastado do tronco. O embarcador 
é uma rampa para embarque e desembarque dos animais no caminhão.
Há, após a seringa, o tronco (tronco de contenção), o qual é um corredor comprido que deve ter a 
forma da letra “V” para os animais não deitarem. Lá são feitos diversos procedimentos, como vacinações 
e realização de curativos. Em seguida há o brete, no qual podem ser feitas cirurgias de castração, por 
exemplo, sendo um local todo fechado, que realiza o serviço de três ou quatro pessoas. Após o brete, 
há o apartador para separar os animais por lotes em diferentes currais – por exemplo, entre machos e 
fêmeas. Depois do apartador pode existir a balança. Para facilitar o manejo e não precisar haver duas 
seringas, no fim do “corredor” pode existir o embarcador.
Figura 10 – Seringa e embarcador (Guaraci‑SP, 2006)
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Unidade II
Figura 11 – Tronco (Guaraci‑SP, 2006)
Figura 12 – Brete (Guaraci‑SP, 2006)
O curral geralmente é de madeira, devendo toda a estrutura de tronco, brete e embarcador ser 
bem fechada, evitando espaço entre uma tábua e outra. O brete também pode ser de ferro. As demais 
compartições, como seringa e outros, além de madeira, podem ser de cordoaria.
 Observação
O curral é a unidade básica de manejo em todos os tipos de produção 
animal.
Quando a fazenda for muito grande e tiver vários currais, o local em que houver cada curral é 
chamado de retiro.
A instalação pode ainda ter barracão para guardar o trator e os demais maquinários que serão 
utilizados na fazenda.
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CADEIAS PRODUTIVAS I
Podemos ter confinamento para criações intensivas, onde os animais andam pouco e o cocho de 
comida, sal e água são próximos. Além disso, deve‑se ter também sombra no confinamento.
Figura 13 – Espaço de confinamento vazio (Guaraci‑SP, 2006)
Para fazendas extensivas (no Brasil, corresponde a 90% das fazendas de gado de corte), há os pastos 
ou piquetes, os quais podem ser separados por cerca de arame liso, arame farpado, cerca elétrica ou 
ainda rio. Aqui devemos trabalhar com condicionadores de pastejo, como sal, sombra e água para 
evitarmos perda por pisoteio e defecação (leva de 20 a 40% de perdas nas pastagens) num mesmo 
ponto e estimular os animais a pastarem em todos os pontos do piquete.
4.7 Fases da criação: etapas de manejo
4.7.1 Cria
Congrega o rebanho de reprodução, ou seja, a maior parte do rebanho é composta de vacas, 
sendo o produto final desta etapa o bezerro ou bezerra desmamado. Pode trabalhar com inseminação 
artificial ou monta natural, cuja relação touro/vaca é variável segundo a raça e a idade do touro 
e as condições climáticas e geográficas (de acordo com a topografia do local e tamanho de cada 
pasto ou piquete).
Caso seja necessário optar por uma das fases de produção, esta é uma ótima opção, pois é possível 
fazer seleção nos animais segundo habilidade materna (maneira como a vaca cuida do bezerro e 
quantidade de leite que ela produz), intervalo entre partos e peso dos bezerros desmamados. Outras 
vantagens são o retorno anual dos produtos – os quais foram produzidos na própria fazenda – e também 
não precisar gastar dinheiro para comprar animais, já que todo ano, teoricamente, há um bezerro de 
cada vaca para venda.
A separação dos lotes pode ser feita de diversas maneiras: um pasto para vacas secas, um pasto para 
novilhas, um piquete maternidade, um pasto para bezerras desmamadas para reposição, um pasto para 
vacas que pariram bezerro macho no início da estação de parição (pensando que a estação de monta 
dura cerca de quatro meses), um pastopara vacas com bezerras fêmeas que pariram no início da estação 
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de parição, um pasto para vacas que pariram bezerros machos no final da época de crias e um pasto para 
vacas que pariram bezerras fêmeas no final da época de crias.
O manejo sanitário geral aqui seria com vacinação contra febre aftosa, carbúnculo sintomático 
(manqueira), vermífugo e brucelose para bezerras entre três e oito meses; dependendo da região, 
também contra raiva. Nesse período não é necessário se preocupar em castrar os bezerros machos.
Em caso de crise financeira, pode‑se permanecer com os bezerros e vender as vacas, pois valem mais.
4.7.2 Recria
No que se refere ao rebanho de crescimento – garrotes e novilhas –, o produto inicial é o bezerro ou 
bezerra desmamada. Quanto ao produto final, o macho será boi magro, podendo ser vendido castrado 
ou não, e a fêmea será novilha para abate ou para outro criador que a utilizará como matriz.
Os animais podem ser divididos em apenas dois piquetes, sendo um para machos e o outro para 
fêmeas.
Aqui não é necessária a vacina contra brucelose e pode‑se ou não vermifugar (isso depende do OPG 
– ovos por grama de fezes –, encontrado após o exame de fezes, e também do estado físico dos animais), 
mas precisa ser aplicada a vacina contra febre aftosa e carbúnculo sintomático (manqueira).
O produtor tem o lucro da venda, mas precisa gastar para comprar animais para o próximo ciclo. 
Porém, há o chamado risco mercadológico, em função do preço que pagou no bezerro e do valor que 
conseguirá no final, em função do preço da arroba do boi.
4.7.3 Engorda
É um rebanho de animais em terminação cujo produto inicial é o boi magro com aproximadamente 
12 arrobas e o produto final, o boi gordo com 16 arrobas ou mais. O período de duração dessa fase 
vai depender do peso que os animais tinham quando foram adquiridos e se o manejo em questão foi 
realizado em pasto ou em confinamento.
Em confinamento, consegue‑se bom retorno em cerca de três meses. Em pastagem, se o pasto for 
de qualidade, pode‑se conseguir vender em quatro meses no mínimo.
O ideal para a terminação é a utilização de confinamento, embora no Brasil a maioria dos criadores 
utilize o pasto.
4.7.4 Ciclo completo
Fazenda que possui cria, recria e engorda. Mas para ter bom retorno, precisa ter grande área e de 
preferência confinamento para acelerar o processo e sobrar mais espaço para as matrizes.
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4.8 Manejo de suplementação e degradação de pastagem
Cerca de 33% da pastagem do Brasil é considerada degradada, 33%, em degradação e 33%, de 
razoável a satisfatória. Geralmente falta pasto para a época da seca; assim, deve‑se deixar pastos vedados 
(sem utilização), que são as envernadas, para serem utilizados na época da seca. Como no período há 
boa quantidade de forragem, porém com baixa qualidade, deve‑se muitas vezes utilizar o confinamento 
para reduzir o efeito sanfona, que são bois que engordam na época da chuva e emagrecem na época 
da seca.
Quanto ao confinamento, em primeiro lugar devemos utilizar cochos cimentados ou com 
ladrilho, e não de barro, pois estes acarretam em redução no consumo de alimentos. O tamanho 
do cocho deve permitir o acesso simultâneo de todos os animais; sendo de 40 a 50 cm/cabeça, 
a linha de cocho deve ser interrompida em um metro a cada quatro metros para permitir a 
circulação dos animais.
Dentre os tipos de cocho, existe também o sistema calanguete. Neste, o animal tem um colar com 
chip e cada animal tem cocho exclusivo. Os lotes devem ser homogêneos, com animais da mesma 
idade, para controle genético e avaliação de qual animal apresenta maior ganho de peso nesse espaço, 
chamado de teste de performance.
4.9 Introdução ao melhoramento genético em bovinos de corte
Os bovinos, de acordo com a genética, são divididos em três tipos de rebanho. O de elite é aquele 
no qual há seleção da melhor genética, fornecendo genes para o rebanho multiplicador e depois o 
rebanho comercial, o qual é destinado ao abate.
Elite
Multiplicador
Comercial
Figura 14 – Pirâmide representando a escala genética do rebanho de corte
4.9.1 Características morfológicas a avaliar em bovinos de corte
No que se refere à coloração, em raças brancas como Nelore é comum o touro ter pescoço e cupim 
cinza, mas isso não necessariamente o caracteriza como de cor cinza. Essa coloração mais escura está 
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relacionada com a presença do hormônio testosterona, tanto que ao término da realização da estação 
de monta, ao retirar o touro de perto das vacas, ele normalmente fica mais claro.
O chanfro (comprimento entre os olhos até o início do focinho) e o pescoço no macho devem ser 
mais curtos e mais largos e, na fêmea, mais delicados (pescoço lançado), demonstrando características 
de macho ou de fêmea, respectivamente.
A boca deve ser grande, pois quanto mais rápido encher o rúmen, melhor.
Em relação à precocidade, ela deve ser avaliada medindo a altura da profundidade (distância entre o 
dorso e o ventre do animal) e o vazio subesternal (comprimento de pernas). Se o animal for mais comprido 
nas pernas, ele ainda crescerá; se as pernas forem mais curtas, ele não crescerá mais, caracterizando 
precocidade. Animal precoce é mais baixo e mais profundo, e animal pernalta é muito tardio; assim, o 
ideal é a característica mediana.
Existe correlação genética positiva e alta entre comprimento de umbigo e barbela: quanto maior o 
umbigo, maior a barbela. Assim, o umbigo não deve ser muito curto, uma vez que a barbela tem a função 
de ampliar a superfície corporal, aumentando a capacidade de troca de calor com o meio, o que é uma 
característica de boa adaptação dos zebuínos aos trópicos. Por outro lado, pode haver traumatismos em 
umbigos muito compridos.
A circunferência escrotal também deve ser medida, tendo no mínimo 32 cm ao sobreano.
4.9.2 Características de tipo em bovinos de corte
Estas são todas características morfológicas relacionadas à vida útil produtiva do animal.
Foi desenvolvido para avaliação de zebuínos o Epmuras, sigla que significa, estrutura, precocidade, 
musculosidade, umbigo, características raciais, aprumos e características sexuais. Veja o significado de 
cada uma dessas características:
• Estrutura: significa comprimento e altura e depende da raça em questão para o valor desejável 
ser mais alto ou mais baixo.
• Precocidade: mostra a relação entre profundidade e comprimento de pernas, sendo ideal o valor 
intermediário.
• Musculosidade: deve ser comprida e observar revestimento de paleta e dorso lombar.
• Umbigo: deve ser intermediário, pois caso seja muito comprido, pode ser lesionado. Possui 
correlação positiva com barbela. Assim, caso seja muito curto, o animal apresentará pouca barbela.
• Raça: deve apresentar os padrões raciais em questão.
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• Aprumos: o casco com o chão deve ter angulação de 45º na parte dorsal e não pode ter jarrete 
nem virado para fora (arqueado) e nem para dentro (ganchudo).
• Sexo: a fêmea deve ter estrutura delicada e o macho, estrutura masculina.
4.9.3 Seleção
A seleção é a escolha dos touros e novilhas que entrarão em reprodução, transmitindo assim seus 
genes à geração seguinte.
As características gerais a selecionar em bovinos de corte são: circunferência escrotal (área do 
testículo com maior diâmetro), intervalo entre partos, fertilidade, libido, rusticidade, habilidade materna 
e ganho de peso, entre outras.
Devem‑se selecionar fêmeas que concebam mais cedo na estação de monta e retirar touros com 
baixa capacidade de serviço e fêmeas com problemas de parto.
A matriz em uma fazenda deve parir cedo, desmamar um bezerro pesadoe sadio e parir regularmente 
(um bezerro/ano).
4.9.4 Índices usados no estudo de melhoramento genético em bovinos: DEP/Acc (Acurácia)
Com análise em um grande número de eventos, chega‑se ao índice chamado DEP (diferencial 
esperado na progênie). O DEP é o índice que indica o quanto de diferença de desempenho fenotípico 
haverá entre os descendentes de um determinado reprodutor e a média populacional ou média da raça.
Na raça simental, por exemplo, se a média ao nascimento é de 50 kg, caso o DEP do touro seja de 1,9, 
seus bezerros nascerão com 51,9 kg, ganhando então 1,9 kg. O ganho de peso ao nascimento deve 
ter valor intermediário, não podendo de forma alguma ter valor elevado.
A acurácia (Acc) é a percentualidade de certeza de que o índice de DEP irá se realizar.
Por exemplo, acurácia 0,98 significa que em 98% dos cruzamentos daquele touro deve ocorrer esse 
DEP de 1,9 do exemplo que acabamos de apresentar. Quanto maior o número de dados analisados, maior 
a acurácia. Em touros mais velhos é mais confiável, por isso geralmente a análise é realizada em centrais 
de reprodução.
A acurácia vale mais a pena que o DEP. Acurácia baixa significa alto risco de investimento.
4.10 Manejo sanitário – bovinocultura de corte
Em termos sanitários, os primeiros cuidados com o animal devem ocorrer logo após o nascimento. 
Deve‑se observar e garantir a ingestão de colostro nas primeiras seis horas – o que seria o tempo ideal 
–, porém, o tempo limite é entre 24 e 36 horas. Outra coisa importante é em relação à antissepsia 
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de umbigo para evitar miíases e onfaloflebite, devido a infecções ascendentes. Em bezerros lactentes, 
deve‑se observar complicações como curso (diarreia).
Para que o bezerro seja saudável, é importante que o seu nascimento ocorra no início da época de 
chuvas. Assim, deve‑se evitar que haja vacas paridas na época de seca.
Quanto ao desmame, que precisa ocorrer entre os sete e nove meses de idade, ele deve ser 
organizado e de preferência uma única vez, no máximo duas, dependendo do tempo da estação de 
monta. Após o desmame, os machos poderão ser destinados à castração. Geralmente, é recomendável 
ao desmame realizar a marcação a ferro com a sigla da propriedade e ano de nascimento para as 
fêmeas, por exemplo.
Em relação ao calendário de vacinação, são obrigatórias, no Brasil, duas vacinas: brucelose para 
todas as bezerras entre três e oito meses de idade e aftosa (o esquema de vacinação no estado de São 
Paulo). Em todo o rebanho, para animais até dois anos, em maio e em novembro poderá ser feita junto 
a vacinação contra carbúnculo sintomático (há hoje a vacina que inclui também o botulismo), o qual 
traz prejuízos consideráveis ao produtor devido à mortalidade de animais jovens. Vacinação contra raiva, 
somente em algumas regiões endêmicas (regiões em que a doença é comum), a partir dos três meses 
de idade.
A vermifugação em maio, julho e setembro geralmente se inicia ao desmame e segue até por volta 
de dois anos de idade.
4.11 Influência do meio ambiente na produção de bovinos
4.11.1 Adaptabilidade dos zebuínos aos trópicos
Os zebuínos, se comparados aos taurinos, apresentam maior quantidade de pele e maior superfície 
corporal. Um exemplo disso seria a barbela, a qual é desenvolvida em zebuínos com o objetivo justamente 
de aumentar a superfície corporal.
Eles possuem glândulas sudoríparas em maior quantidade e mais ativas que as dos europeus (taurinos). 
Apresentam geralmente mucosas pretas, cuja função é proteger a pele contra raios ultravioletas, possuem 
pelos curtos, finos e lisos que colaboram para a eliminação de calor e têm menor taxa metabólica, por 
isso alimentam‑se menos, gerando menor quantidade de gordura. Também consomem menos água e 
possuem maior facilidade de locomoção.
Zebuínos geralmente apresentam uma pelagem mais clara que taurinos. Uma pelagem branca, 
por exemplo, pode absorver somente 20% da radiação solar, enquanto a preta pode absorver até 
100%; os zebuínos em geral absorvem cerca de 49%, ao passo que o Aberdeen Angus absorve 
cerca de 99%.
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Figura 15 – Animal zebuíno, adaptado. Apresenta cupim, orelha longa e mucosas escuras
4.11.2 Hábitos de pastejo
Os bovinos costumam pastar 65% do tempo durante o dia e 35% à noite. O período de pastejo tem 
uma intensidade maior ao amanhecer e entardecer; já a ruminação é mais intensa à noite.
Os hábitos de pastejo podem ser influenciados pelo pasto em si ou pelo clima. Quanto ao pasto, se a 
qualidade for boa, haverá um período de pastejo mais longo e um período de ruminação mais curto, ao 
passo que se a qualidade for ruim, haverá um período de pastejo mais curto e um período de ruminação 
mais longo. Deve‑se evitar pastos muito extensos, pois estimulam os animais a longas caminhadas. Além 
disso, a sobra de capim traz prejuízo e com o tempo diminui a quantidade de proteína. Contudo, o pasto 
deve ser explorado por inteiro, usando para isso os chamados condicionadores de pastejo, que são água, 
sal e sombra. Deve‑se ter cada um em um local para estimular esses animais a andarem e não ficarem 
pastando apenas em um local, o qual muitas vezes já possui um grande pisoteamento, levando de 20 a 
40% de perdas.
Em relação ao clima, há diferenças entre zebuínos e europeus. Os animais de raças zebuínas procuram 
sombra em poucas quantidades e costumam empregar mais de 80% do tempo diário na pastagem, ao 
passo que a raça Angus, por exemplo, utiliza 45% do tempo buscando sombras, reduzindo então o 
tempo de pastagens.
4.11.3 Resistência a agentes infecciosos e parasitários
A pelagem curta de zebuínos impede ou dificulta a penetração de ectoparasitos na superfície da pele 
e a cor clara dos pêlos também atrai menos esses ectoparasitas. As orelhas longas e bastante móveis dos 
zebuínos ajudam na luta contra moscas, como a “mosca dos chifres” (Haematobia irritans).
Os zebuínos são também mais resistentes a algumas doenças, como tristeza parasitária, tuberculose 
e febre aftosa, por apresentarem menor predisposição.
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4.11.4 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção de leite
A produção de leite em regiões tropicais é muito baixa. O problema principal está na adaptação das 
raças leiteiras de origem europeia, que são raças de alta produtividade mas muito sensíveis a temperaturas 
elevadas. A temperatura corporal e a produção de leite têm uma correlação negativa (ocorrem de forma 
antagônica), então quanto maior a temperatura corporal, menor será a produção de leite.
Foi analisado em alguns experimentos que existem muito mais decréscimos na produção de leite 
quando há alta temperatura e alta umidade; já quando há alta temperatura e baixa umidade, a produção 
de leite decai, porém, há menores perdas do que quando a umidade também é alta. No Brasil, nos meses 
quentes, de verão, a temperatura ultrapassa os 29 ºC (temperatura crítica) e a umidade relativa do ar é 
bastante alta.
A queda de produção de leite para vacas da raça Holandesa é ao redor de 26,5 ºC; acima dessa 
temperatura, começa a produzir menos leite. Para a raça Jersey, isso ocorre em temperaturas a partir de 
29,5 ºC. A umidade só influencia quando a temperatura for acima de 24 ºC.
Temperaturas mais elevadas trazem também aumento de CCS (contagem de células somáticas) e 
incidência de mastite. Além disso, aumentam a susceptibilidade dos animais a infecções, por queda na 
resistência e aumento à exposição aos patógenos, estando relacionado ao sistema imune.
4.11.5 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção de manteiga
À medida que aumenta a temperatura, a porcentagem de gordura no leite também aumenta, ou 
seja, em altas temperaturas há diminuição na produção de leite e com isso há aumento na produção 
de gordura.Assim, dizemos que há correlação negativa entre produção de leite e produção de gordura.
4.11.6 Efeitos sobre o ganho de peso:
A zona de conforto térmico de Bos taurus se dá entre 0,5 e 16 ºC, ao passo que a de Bos indicus ocorre 
entre 15 e 36 ºC. Assim, as raças zebuínas suportam uma temperatura mais alta. Em um experimento 
feito na Colômbia, viram que a raça que mais suportou variações de temperatura foi a Santa Gertrudis 
(5/8 Short Horn, 3/8 Brahman), o que mostra que herdou aptidões de adaptação para o frio do Short 
Horn e as de calor do Brahman.
Em provas de ganho de peso, o recorde de ganho de peso por dia foi de 1776 kg para um animal da 
raça Santa Gertrudis, na década de 1970.
4.12 Manejo nutricional
A criação de bovinos no Brasil é a atividade econômica que ocupa a maior extensão de terra. Segundo 
o último censo agropecuário realizado pelo IBGE (BRASIL, 2006), o Brasil possui cerca de 172 milhões de 
hectares ocupados com pastagens ligadas à criação de bovinos e apresenta o segundo maior rebanho 
bovino do mundo, atrás apenas da Índia, que, por questões religiosas e culturais, não utiliza esses 
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animais com finalidade econômica. Com isso, o Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos de 
todo o mundo.
Em termos de produção, no período entre 1990 e 2007, a produção de carne bovina no país passou 
de 4,1 para 9 milhões de toneladas. Esse aumento fez com que o Brasil, a partir de 2004, se tornasse o 
maior exportador mundial de carne bovina, superando a Austrália.
Assim como na produção de carne, o Brasil vem se consolidando na produção de leite (é o sétimo 
maior produtor mundial), com cerca de 27 bilhões de litros por ano. Ao lado de Nova Zelândia, Austrália 
e países pertencentes à União Europeia, é um dos maiores exportadores de produtos lácteos.
Atualmente, o Brasil possui alguns dos maiores frigoríficos do mundo, como a JBS‑Friboi e a Marfrig, 
que inclusive possuem empresas fora do território nacional. O país se tornou responsável, em 2007, por 
aproximadamente 33% das exportações mundiais de carne bovina.
O gado bovino está presente no Brasil desde a chegada dos primeiros portugueses e sua presença 
histórica foi de grande importância, segundo historiadores, sendo responsável em sua extensão territorial 
atual. Durante séculos, sua criação foi considerada como uma atividade secundária no Brasil, de modo 
a apoiar as atividades centrais do país, sendo vinculada à produção das chamadas commodities de 
exportação, como o cultivo de cana‑de‑açúcar no Nordeste brasileiro. De fato, os primeiros rebanhos 
bovinos brasileiros foram utilizados não apenas para alimentação da população, mas para realizar 
funções como a movimentação dos moinhos de cana e transporte da produção de cana no país, além 
de terem o couro para a fabricação de calçados, roupas e demais utensílios.
Devido ao fato de o Brasil priorizar a produção de cana‑de‑açúcar e as dificuldades do período 
histórico (por exemplo, ausência de cercas de arame), era proibida a criação de gado em áreas próximas 
às plantações de cana, de modo que as terras mais férteis e com melhor clima eram priorizadas para 
o cultivo da cana‑de‑açúcar. Por essa razão, a pecuária de corte foi estabelecendo‑se no Brasil no 
interior da região Nordeste. Devido às condições desfavoráveis da região, o início da pecuária brasileira 
apresentava um baixo nível de produtividade e qualidade. Essas desvantagens explicam a dispersão 
territorial que caracteriza o desenvolvimento da atividade pecuarista na região.
Diferentemente de outras atividades no Brasil, como a criação de frangos e suínos, que apresentam 
sofisticado padrão tecnológico, a pecuária bovina não apresentou, de forma geral, grandes modificações 
ao longo dos séculos. Logo, ainda nos tempos atuais prevalece na pecuária bovina a produção extensiva, 
sem o uso de estábulos ou outros requisitos, assim como era realizado na época dos colonos.
Atualmente, as regiões Norte e Centro‑Oeste brasileiras apresentam as maiores taxas na expansão 
do rebanho bovino brasileiro.
Com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, houve um deslocamento do eixo de crescimento para 
o Sudeste do país, assim como a expansão da pecuária bovina, que passou a se concentrar nessa mesma 
região. A partir do começo do século XX, ocorreu a entrada dos primeiros frigoríficos estrangeiros no 
Brasil, alterando o cenário da atividade pecuarista bovina no país, que passou a visar apenas à exportação 
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de carne para a Europa, de modo que toda a indústria brasileira de carnes congeladas passou a ser 
formada por filiais de grandes empresas estrangeiras. Durante décadas, essas multinacionais passaram a 
dominar o mercado de carne nacional, chegando até a iniciar a criação de gado em território brasileiro. 
Durante o período entre 1940 e 1967, as pastagens em terras brasileiras passaram a ser de quase 35 
milhões de hectares, sendo que o rebanho bovino nesse mesmo período quase dobrou, chegando a cerca 
de 90 milhões de animais. É importante ressaltar que ainda durante esse período houve um aumento no 
consumo doméstico de carne, leite e derivados, principalmente nas áreas urbanas do país.
Com a expansão das pastagens, as regiões de São Paulo, Goiás e Mato Grosso, inexploradas até então, 
passaram por um ritmo de expansão acelerado, correspondendo com a intensificação das exportações 
de carne do país. Essa expansão, em grande parte, se deu devido à substituição da agricultura pela 
pecuária, o que demonstra a decadência das atividades agrícolas, em especial nas regiões de exploração 
mais antigas. De fato, quando há o esgotamento da fertilidade natural do solo, a pecuária resta como 
alternativa. Com ela, não há demanda de um grande número de mão de obra, sem necessidade de 
solos com alta fertilidade, sendo de fácil instalação. Por isso, a pecuária aparece como uma atividade 
econômica ideal à substituição das atividades em terras já desgastadas, com erosão, que não apresentam 
mais rendimento agrícola.
A substituição da agricultura acentuou‑se a partir da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), 
principalmente com a valorização da carne bovina, valorização esta que fez com que a pecuária bovina 
fosse explorada até em áreas de terras de qualidade que até aquele momento ainda eram ocupadas por 
atividades agrícolas. Na década de 1970, o estado do Mato Grosso já despontava como uma das maiores 
regiões pecuaristas do país. De forma geral, houve um grande crescimento da pecuária bovina com 5% 
de crescimento em todo o rebanho nacional. A partir da década de 1990, iniciou‑se a exploração da 
região amazônica com a introdução de pastagens (e terras com preços mais baixos), o que fez com que 
a pecuária bovina sofresse uma diminuição na região Centro‑Oeste. O rebanho bovino se expandiu em 
cerca de 7,4%, concentrando‑se nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins, que juntos 
foram responsáveis por aproximadamente 70% do crescimento total do rebanho brasileiro.
Recentemente, em especial no estado de São Paulo, a cana‑de‑açúcar está tomando o lugar do gado 
bovino. Regiões como Araçatuba, antes conhecida como “capital nacional do boi gordo”, veem a criação 
de gado ser substituída pelo plantio de cana. Os pecuaristas têm optado por arrendar suas propriedades 
para as usinas para o plantio de cana‑de‑açúcar devido tanto à rentabilidade desse tipo de atividade, que 
chega a ser até três vezes maior, quanto à estabilidade da atividade que oferecem com os contratos de 
arrendamento. No ano de 2005, o estado de São Paulo era responsável por 61% de toda a carne bovina 
exportada pelo país; já em 2007, essa porcentagem caiu para em torno de 50% do total de exportações.
Pesquisadores estimam que o rebanho bovino brasileiro sofrerá um aumento de 7,8% em relação 
ao seu tamanho atual, que é estimadoem algo em torno de 170 milhões de cabeças. Isso é considerado 
uma recuperação do setor, visto que no período de 2003 e 2004 o rebanho nacional era estimado em 
200 milhões de animais. Nos últimos anos, devido aos baixos preços dos produtos de pecuária, ocorreu 
um abate de matrizes, reduzindo o número de animais. Há a expectativa que para os próximos anos 
ocorra um aumento contínuo da capacidade de suporte das pastagens, de modo que haja um número 
maior de animais em áreas cada vez menores.
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Por utilizar predominantemente a criação de maneira extensiva (a pasto) e somando‑se a isso a 
proibição do uso de hormônio de crescimento nas criações, o rebanho brasileiro demora mais tempo 
para atingir o peso ideal para o abate quando comparado aos demais produtores de carne bovina, 
como os Estados Unidos, a Rússia e a China, embora esta última não apresente as mesmas técnicas de 
criação dos demais países, pois ali o abate costuma ocorrer antes de o animal atingir o peso e idade 
considerados ideais.
O Brasil, juntamente com o restante da América do Sul e a Austrália, apresenta atualmente a maior 
produção excedente de carne bovina do mundo, enquanto há déficits de produção na União Europeia, 
Rússia, China e América do Norte, o que torna essas regiões dependentes de importação.
Embora o setor pecuário envolva produtores artesanais, que ainda não apresentam gerenciamentos 
técnicos, ele também conta com pecuaristas altamente tecnificados, sendo que esta atividade vem se 
tornando mais complexa. O avanço da tecnologia e sua aplicação na cultura de grãos permitiu que terras 
antes consideradas improdutivas para a agricultura e usadas apenas para a pecuária extensiva sejam utilizadas 
também para tal propósito. Assim, a criação de gado passou a disputar espaço com as demais atividades.
Nos últimos 20 anos, o mercado consumidor também passou por algumas mudanças, desde 
exigências sanitárias no transporte da carne e concorrência com carnes de outras origens (frango, por 
exemplo) até exigência do público consumidor. Essas mudanças geraram algumas alterações na criação 
e no tipo de animal criado no país. De forma geral, o mercado ficou mais exigente quanto à qualidade 
da carne consumida, de forma que o gado mais novo (que possui a carne mais macia) passou a ser mais 
valorizado pelo mercado. Assim, quanto mais velho for o animal de abate, menor será o seu valor de 
mercado (mais dura será a carne).
Dentro da cadeia produtiva da pecuária bovina, o couro aparece como o principal subproduto, 
representando aproximadamente 17% do animal (cerca de 40 kg). É exportado para diversos países, o 
que gera uma renda de cerca de U$ 2 bilhões/ano. O sebo bovino também apresenta valor econômico 
por ser utilizado na indústria de cosméticos e também na produção de biodiesel. Os miúdos e tripas 
também costumam ser comercializados pelos frigoríficos.
Os pecuaristas alegam que os frigoríficos não pagam a eles por todos esses subprodutos 
comercializados. A cadeia produtiva preserva a prática de precificação do boi. Nela, conforme as tradições 
do século XIX, os abatedouros prestavam o serviço de abate: entregavam a carcaça ao produtor e como 
pagamento por esse serviço ficavam com o couro e com os miúdos do animal.
Embora os frigoríficos aleguem que o valor do couro esteja contabilizado no valor pago aos produtores, 
segundo os frigoríficos, aproximadamente 93% do couro brasileiro apresenta defeitos (marcas de fogo, 
cicatrizes, carrapatos, bernes e sarnas, entre outros), o que implica um menor valor agregado desse 
material. Tais divergências são responsáveis pelas constantes tensões comerciais entre produtores e 
frigoríficos, juntamente com a relação do preço pago pelo boi gordo.
Devido às suas dimensões, a pecuária de forma geral é considerada uma atividade econômica que 
apresenta impacto significativo ao meio ambiente.
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Unidade II
Seguem os principais impactos causados pela atividade pecuarista no Brasil:
• destruição de ecossistemas, pois áreas que apresentam baixa produtividade ou que chegam 
a seu esgotamento podem ser incentivadas a expandir suas fronteiras sobre biomas próximos, 
sendo responsáveis pela destruição do habitat natural de diversas espécies (fauna e flora nativa), 
sendo juntamente com outras atividades agrícolas a principal ameaça de biomas importantes 
como a Amazônia e o Cerrado brasileiro;
• degradação do solo, assim como sua compactação e erosão, devido ao baixo investimento 
para a manutenção das pastagens;
• poluição dos recursos hídricos, pela carga de nutrientes (potássio, fósforo e nitrogênio do 
esterco dos animais), hormônios, juntamente com patógenos, e até metais pesados, carregados 
para o leito dos rios por meio da lixiviação do solo;
• emissão de gases causadores do efeito estufa, pois estudos mais recentes apontam a 
atividade da pecuária como responsável em até 9% da emissão desses gases (metano – CH4 e 
óxido nitroso – N2O).
Apesar de toda a importância da atividade pecuarista do bovino para o Brasil, os sistemas 
de criação predominantes no país ainda são caracterizados pelos baixos índices zootécnicos que 
resultam em problemas sanitários, nutrição não adequada, manejo precário e animais com baixo 
potencial genético.
Em termos econômicos, a pecuária representa cerca de 8% do PIB (produto interno bruto) brasileiro. 
O rebanho brasileiro atual está distribuído da seguinte forma:
Norte
11%
Sul
17%
Nordeste
15%
Centro Oeste
34%
Sudeste
23%
Figura 16 – Distribuição do rebanho de gado bovino de corte no Brasil
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CADEIAS PRODUTIVAS I
A criação de gado bovino comercial tem por objetivo a produção de carne bovina de qualidade para 
alimentação humana. Junto a isso, também fornece matéria‑prima para as indústrias de calçado, de 
roupas, de rações, de cosméticos e farmacêuticas. Já a criação de gado bovino de elite visa à criação de 
animais para matrizes e reprodutores, sendo estes utilizados em ambos os tipos de criação.
Para qualquer sistema de produção de gado bovino de corte, é importante considerar os seguintes 
aspectos:
• práticas e tecnologias de manejo;
• propósito da criação animal;
• tipo de animal utilizado, raça ou grupamento genético;
• região (aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos) onde a atividade será desenvolvida.
Esses aspectos são de grande importância para que a criação seja eficaz e atinja os resultados 
esperados. Junto a tais aspectos, também devem ser levadas em consideração a demanda a ser atendida, 
as definições do mercado e as exigências do mercado consumidor.
Conforme já citado anteriormente, a produção de carne bovina no Brasil é caracterizada por sua 
dependência, quase exclusiva, de pastagens. Se por um lado o uso de pastagens resulta em produção com 
custos relativamente baixos, por outro, seu uso como fonte exclusiva de alimentação causa problemas 
de competitividade no setor, já que nos dias atuais há, com a relação preço x qualidade, uma maior 
exigência do mercado, que está buscando produtos que apresentem uma melhor qualidade. O manejo 
dessas pastagens também pode interferir na qualidade do produto final.
As áreas de pasto têm sofrido uma rápida e forte diminuição de sua capacidade produtiva, ocorrida 
principalmente por processos de degradação que acabam por limitar e até inviabilizar a atividade 
pecuária nessa região. Em torno de 60 a 80% das pastagens brasileiras apresentam algum grau de 
degradação, sendo incompatível com sua condição ecológica local. Esse dado demonstra de que forma 
a degradação dos pastos brasileiros apresenta um impacto econômico na criação do gado no país.
Para a criação dos animais a pasto, há técnicas que permitem que a criação seja eficiente e levam à 
rápida rebrota da pastagem,43
4.1 Introdução e índices ............................................................................................................................ 43
4.2 Denominação de bovinos segundo a faixa etária e sexo ..................................................... 44
4.3 Principais raças de corte e cruzamentos .................................................................................... 44
4.4 Estação de monta ................................................................................................................................. 46
4.5 Relação touro/vaca .............................................................................................................................. 47
4.6 Instalações............................................................................................................................................... 47
4.7 Fases da criação: etapas de manejo ............................................................................................. 49
4.7.1 Cria ................................................................................................................................................................ 49
4.7.2 Recria ........................................................................................................................................................... 50
4.7.3 Engorda ....................................................................................................................................................... 50
4.7.4 Ciclo completo ......................................................................................................................................... 50
4.8 Manejo de suplementação e degradação de pastagem ....................................................... 51
4.9 Introdução ao melhoramento genético em bovinos de corte ........................................... 51
4.9.1 Características morfológicas a avaliar em bovinos de corte ................................................ 51
4.9.2 Características de tipo em bovinos de corte ............................................................................... 52
4.9.3 Seleção ........................................................................................................................................................ 53
4.9.4 Índices usados no estudo de melhoramento genético em bovinos: 
DEP/Acc (Acurácia) ............................................................................................................................................ 53
4.10 Manejo sanitário – bovinocultura de corte ............................................................................ 53
4.11 Influência do meio ambiente na produção de bovinos ...................................................... 54
4.11.1 Adaptabilidade dos zebuínos aos trópicos ................................................................................. 54
4.11.2 Hábitos de pastejo ................................................................................................................................ 55
4.11.3 Resistência a agentes infecciosos e parasitários ..................................................................... 55
4.11.4 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção de leite ....................................................... 56
4.11.5 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção de manteiga ............................................ 56
4.11.6 Efeitos sobre o ganho de peso: ....................................................................................................... 56
4.12 Manejo nutricional ............................................................................................................................ 56
4.13 Confinamento de bovinos de corte ............................................................................................ 64
4.14 Confinamento de gado leiteiro .................................................................................................... 67
4.15 Implantação de pastagem, calagem e adubação, divisão de piquetes ........................ 69
4.15.1 Implementos agrícolas utilizados e implantação de pastagem ........................................ 69
4.15.2 Degradação de pastagens ................................................................................................................. 71
4.15.3 Análise de solo: calagem e adubação .......................................................................................... 73
4.15.4 Unidade de medidas de pastagens/unidades de animal por área .................................... 74
4.15.5 Métodos de pastejo ............................................................................................................................. 74
4.15.6 Formas de divisão dos piquetes ..................................................................................................... 75
4.15.7 Condicionadores de pastejo ............................................................................................................. 76
4.15.8 Tipos de pastejo .................................................................................................................................... 77
4.15.9 Cálculo geral para número de piquetes ...................................................................................... 79
4.15.10 Cálculo da área de pastejo/unidade animal ............................................................................ 79
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Unidade III
5 BOVINOCULTURA LEITEIRA .......................................................................................................................... 84
5.1 Introdução geral ................................................................................................................................... 84
5.2 Principais raças e cruzamentos ...................................................................................................... 84
5.3 Instalações para bovinos leiteiros .................................................................................................. 87
5.3.1 Instalações gerais para animais adultos ........................................................................................ 87
5.3.2 Instalações para bezerros .................................................................................................................... 88
5.3.3 Instalações para vacas em produção .............................................................................................. 89
5.4 Ciclo de produção de vacas leiteiras ............................................................................................ 90
5.5 Noções sobre o manejo reprodutivo em bovinos leiteiros – estação de monta ...................90
5.6 Número de novilhas necessárias para um plantel em função da idade a 
primeira cria ................................................................................................................................................... 90
5.7 Criação e desenvolvimento de bezerros – manejo do crescimento ................................ 91
5.8 Ordenha: noções do funcionamento da ordenhadeira mecânica .................................... 92
5.9 Manejo sanitário ................................................................................................................................... 92
5.10 Melhoramento genético em bovinos leiteiros ....................................................................... 92
5.10.1 Características gerais a selecionar em bovinos leiteiros ...................................................... 92
5.10.2 Características ideais para vacas leiteiras ................................................................................... 93
5.10.3 Concurso/controle leiteiro ................................................................................................................ 93
5.10.4 Características de tipo: características morfológicasde forma que a manutenção das pastagens resulte em plantas forrageiras 
perenes.
O sistema de pastejo, seja ele contínuo ou rotacionado, apresenta inúmeros aspectos a serem 
considerados: intensidade de desfolha, frequência de pastejo, teor de carboidratos de reserva, eficiência 
na colheita da forragem, ajuste de animais por oferta de pastagem e utilização de adubos, entre outros.
Comparar os dois tipos de sistema de criação a pasto (contínuo e rotacionado) revela vantagens e 
desvantagens que devem ser levadas em consideração pelo pecuarista na hora de decidir qual sistema 
utilizar.
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Unidade II
A comparação entre as vantagens e desvantagens de diversos aspectos para cada um desses sistemas 
pode ser representado no quadro a seguir:
Quadro 1
Comparação entre sistemas de pastejo contínuo e pastejo rotacionado
Aspectos relacionados Sistema contínuo Sistema rotacionado
Investimentos
Mão de obra Positivo Negativo
Instalação de cercas e água Positivo Negativo
Manejo das pastagens
Ajuste da carga animal Negativo Positivo
Pressão de pastejo Negativo Positivo
Consumo seletivo Positivo Negativo
Observação do comportamento animal Negativo Positivo
Aproveitamento da forragem Negativo Positivo
Produção (direta e indireta)
Ganho de peso/animal Positivo Positivo/negativo
Controle de plantas invasoras Negativo Positivo
Distribuição de esterco/adubo Negativo Positivo
Sustentabilidade das pastagens Negativo Positivo
Ao analisar o quadro, é possível verificar que o sistema de pastejo rotacionado permite ao produtor 
mais vantagens de manejo, sendo este facilitado pela adoção de períodos de descanso e controle no 
fluxo de animais por piquetes.
Para a utilização de pasto com sistema rotacionado, o produtor deve se utilizar de piquetes, que são 
as divisões do pasto. Suas dimensões ideais podem ser estipuladas a partir de um cálculo, que relaciona 
a quantidade de área disponível para pastagem à quantidade de animais e ao período de pastagem.
Cálculos
Quantidade de piquetes = PD ÷ PO + número de grupos de animais
Tamanho do piquete = número de UA x área UA/dia x período de uso
Área total necessária: nº de piquetes x tamanho de cada piquete
Sendo
UA = unidade animal, de forma que 1UA = 450 kg de peso vivo (PV)
Área/UA/dia = 30 a 150 m², sendo 80m² (em média)
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CADEIAS PRODUTIVAS I
Período de ocupação (PO)
Período de descanso (PD)
O sistema rotacionado tende a ter a produção do rebanho aumentada, o que aumenta a 
competitividade da bovinocultura.
Sendo as pastagens a fonte de alimento mais econômica para os bovinos, durante o período de 
chuvas, de forma geral, ocorre um aumento contínuo no crescimento dos animais. Entretanto, há uma 
redução considerável da produção durante a estiagem, junto com a redução de oferta e o valor nutritivo 
das pastagens. Assim, para os sistemas de criação a pasto, é importante que o produtor se planeje 
de modo a conseguir oferecer, na época da seca, forragem para o rebanho. Ele deve também deve se 
atentar ao fornecimento de volumoso para essa época de escassez de forragem, visto que nessa época 
a qualidade e a quantidade de forragem podem ser deficientes. Portanto, é necessário que o pecuarista 
utilize estratégias para evitar que ocorra queda de produção e peso de seu rebanho.
Pode‑se reservar parte do pasto (entre 90 a 120 dias antes de sua utilização) para ser utilizado 
juntamente com suplementação concentrada, oferta de cana‑de‑açúcar corrigida (com ureia e sulfato 
de amônio, ambos com cuidado para evitar possíveis intoxicações) e utilização de silagens, fenos e 
resíduos e subprodutos agrícolas.
O excesso da forragem produzida durante a época de chuvas pode ser armazenada como feno 
ou silagem para ser oferecida ao rebanho durante a estiagem, embora muitas vezes sejam técnicas 
consideras inviáveis para o fazendeiro devido a problemas estruturais e operacionais das propriedades. 
O produtor também pode fazer a reserva de pasto, como a vedação de alguns piquetes durante o 
período chuvoso, para ser oferecido ao rebanho quando há diminuição da produção de pasto na seca. 
Esse manejo costuma gerar um acúmulo de tecidos mortos e de caules, além de uma diminuição na 
qualidade das folhas remanescentes, sendo que estas costumam acumular nessa época uma quantidade 
maior de fibras não digeríveis, tendo menos proteína bruta, o que gera perda de aproveitamento do 
pasto, causando possíveis perdas de peso para o rebanho durante a estiagem.
Para que tais efeitos sejam amenizados durante esse período, o produtor deve se utilizar de algumas 
estratégias de suplementação alimentar para seu rebanho. Devido aos diferentes modos de suplementação 
dos rebanhos criados a pasto, é importante saber o conceito das nomenclaturas amplamente utilizadas. 
Veja:
• Suplemento: tudo aquilo que se oferece a mais, de forma a suprir alguma deficiência; parte que 
se adiciona a um todo de modo a melhorá‑lo.
• Complemento: tudo aquilo que se agrega a outra parte; o que falta para completar o todo. Ao 
suplementar a dieta, complementa‑se a alimentação dos animais.
• Suplemento proteico: mistura de alimentos proteicos, acrescidos de NaCl (sal mineral) e ureia.
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Unidade II
• Suplemento energético: mistura de sal mineral e alimentos energéticos.
• Suplemento múltiplo: mistura de mineral (ureia e NaCl) junto a alimentos proteicos e energéticos, 
sendo uma ração concentrada que possui um regulador de consumo voluntário.
Para os animais criados a pastos tropicais, o fator de proteína bruta costuma ser o limitante no 
crescimento do rebanho. Quando esse teor de proteína bruta é inferior a aproximadamente 60 ou 
70 g/kg de MS, ocorre a redução na ingestão da forragem causada por deficiência de nitrogênio (N). 
Esse fato ocorre bastante no período da estiagem. Ao oferecer nitrogênio adicional para os animais, o 
produtor favorece o crescimento de bactérias fibrolíticas que aumentam a taxa de digestão e síntese de 
proteínas, o que permite melhorar o balanço energético do animal, pois melhora o consumo voluntário 
da forragem.
No Brasil, a ureia é uma importante alternativa para elevar o percentual de nitrogênio de dietas 
deficientes desse nutriente por ser de baixo custo, bem disponível no mercado e possuir elevada 
concentração de nitrogênio. Como ela não é palatável, a ureia também atua como controlador no 
consumo do suplemento pelo animal e apresenta maior eficiência quando oferecida junto aos alimentos 
energéticos com alto teor de carboidratos não fibrosos. Para evitar que ocorra intoxicação do rebanho por 
ureia, deve‑se fazer corretamente sua mistura com os demais ingredientes de modo que seu consumo 
seja ajustado para entre 0,1 e 0,2 g/kg de peso vivo durante a fase de adaptação e entre 0,3 e 0,4 g/kg 
de peso vivo após o período de adaptação.
O sal mineral (NaCl) também é muito utilizado na suplementação do rebanho. Costuma‑se utilizar até 
350 g de NaCl/kg de suplemento, por isso é importante que o rebanho tenha a sua disposição um bom 
volume de água. Para evitar o consumo excessivo de sal pelo rebanho, o produtor deve iniciar a oferta 
de concentrado com altos níveis de NaCl e ir reduzindo sua proporção até obter o consumo desejável. O 
sal mineral é utilizado como controlador no consumo do suplemento por parte do rebanho. Para que o 
consumo aumente, deve‑se diminuir a proporção de NaCl na mistura; para que ocorra a diminuição do 
consumo, o produtor deve aumentar a proporção de NaCl, lembrando que baixos níveis de NaCl como 
controlador do consumo estão relacionados com a palatabilidade dos demais componentes da dieta, 
como a ureia e farinha de peixe, entre outros.
4.13 Confinamento de bovinos de corte
No confinamento, os animais são terminados em piquetes, ou currais com área restrita,de forma 
que os alimentos e a água são fornecidos em cochos. De forma geral, o sistema de confinamento é 
utilizado na fase de terminação dos bovinos, embora os demais animais do rebanho também possam ser 
alimentados dessa forma.
O confinamento é muito utilizado no Brasil durante a época de estiagem, no período de entressafra 
da produção de carne, com o objetivo de que o produto alcance melhor preço no ápice desse período.
Os rebanhos engordados a pasto apresentam ganho de peso de aproximadamente 0,5 kg/dia durante 
o período de chuvas, o que é considerado um bom desempenho. Durante a estiagem, o rebanho costuma 
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apresentar um desempenho fraco; nesse período, o rebanho pode manter ou até perder peso devido 
à qualidade e diminuição das pastagens. No Brasil, devido a esses desempenhos, o animal de corte 
costuma ser abatido antes dos 54 meses de idade, tendo como peso médio algo em torno dos 525 kg.
A partir de práticas de manejo adequado, o produtor poderia aumentar a produção de seu rebanho 
durante a seca, mesmo que esse aumento não gerasse resultados semelhantes ao do período das chuvas, 
pois a maturação do pasto e das forragens está relacionada aos períodos de seca (meses de junho a 
setembro). Assim, se o produtor tem interesse em manter o ganho de peso de seus animais durante 
o período de estiagem, é imprescindível que seja oferecida uma alimentação mais equilibrada para o 
rebanho, sendo o confinamento uma boa opção para tal propósito.
A variação de objetivos e recursos disponíveis acarreta em diversas combinações entre animais, tipos 
de instalações e rações. Sendo o Brasil um país em que há muita terra, pouco capital e um sistema de 
classificação de carcaça ainda incipiente, além de um baixo poder aquisitivo, seria mais lógico pensar 
no sistema de confinamento apenas na etapa de terminação dos animais durante o período de seca, 
de modo a utilizar instalações simples e alimentos produzidos no próprio local. Porém, para o sistema 
de confinamento, é importante saber que o produtor deve ter à sua disposição bons animais, bons 
alimentos, preços competitivos e mercado para o gado, além de uma gerência eficiente, como condições 
fundamentais para poder adotar o confinamento.
No que se refere à fase de criação do confinamento, ela pode ser realizada pelo proprietário do gado 
ou por produtores comerciais que, utilizando‑se de contratos, produzem ou compram os alimentos e 
recebem os animais de terceiros, mas fazem a terminação deles em suas instalações.
Para a terminação de animais de corte, o confinamento pode significar diversas vantagens. Com o 
aumento da eficiência da produção do rebanho, os animais podem ter sua idade para abate diminuída, 
de modo que seja mais bem aproveitado, e diminuindo o capital investido, que pode retornar para as 
fases anteriores. Ao diminuir a idade de abate, há melhorias nos indicadores físicos da produção de 
modo a tornar o sistema de confinamento mais eficiente na produção de animais. O produtor pode usar 
a pastagem excedente do período de chuvas e assim liberar as áreas de pastagem para outras atividades 
durante o tempo de confinamento.
No confinamento, o uso de insumos, máquinas e mão de obra é realizado de maneira mais eficiente. 
É importante, nesse período, estar atento aos custos, sendo que a alimentação é responsável pela maior 
parte desses custos. Considera‑se importante que o confinamento esteja localizado em regiões que 
possuam grande disponibilidade de alimentos, em especial quando o proprietário depende da compra 
de alimentos para serem utilizados pelo rebanho.
O curral de confinamento também deve estar bem localizado dentro da própria propriedade, sendo 
recomendado que fique próximo a fontes de água, preferencialmente fartas e de boa qualidade, mas 
não perto de córregos ou rios, para evitar o impacto ambiental. É também necessário que esteja próximo 
à rede elétrica, deve possuir piso com declive entre 3% e 8%, sendo preciso evitar áreas próximas a 
rodovias ou locais de grande circulação para que não ocorra estresse animal, infecções e furtos do 
rebanho. Também não é recomendável que se localize em áreas que possam apresentar vento canalizado, 
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para não incomodar a vizinhança. É importante optar por áreas bem drenadas, garantindo piso seco para 
os animais e solo firme que seja resistente à erosão, e evitar locais que estejam sujeitos a inundações.
Os sistemas de confinamento para bovinos de corte, quando bem projetados, costumam apresentar:
• centro para o manejo dos animais, brete, apartador, balança e embarcador;
• área para a produção de alimentos utilizados pelos animais em confinamento (milho, sorgo, 
forragens, capineiras);
• silos e/ou salas para o armazenamento de feno;
• área de preparo dos alimentos, podendo ser um galpão com maquinário ou equipamentos para 
triturar, picar, misturar os alimentos e balança;
• currais de engorda;
• estrutura para coleta de esterco;
• estrutura de conservação do solo e água como controle de poluição e conservação da área.
O curral deve estar orientado de preferência no sentido Leste‑Oeste, de modo a evitar que ocorra 
maior incidência dos raios solares durante o dia, minimizando a exposição dos animais ao calor. Nos 
piquetes, onde não há limitação de espaço nas laterais, recomenda‑se a disposição Norte‑Sul, de forma 
que os animais se movimentem junto com o deslocamento da sombra do abrigo. Desse modo, o piso fica 
mais exposto ao sol, reduzindo a formação de lama.
As instalações devem ser práticas e funcionais, de baixo custo, visando facilitar o manejo do rebanho 
– lembrando que o produtor pode aproveitar de todas as estruturas e equipamentos já existentes na 
propriedade, desde que apresentem as condições necessárias.
Os animais confinados devem estar separados em lotes, de modo a se obter animais homogêneos 
nas mesmas divisões. Para isso, deve‑se evitar incluir novos animais em lotes que já estejam em 
confinamento, sendo que lotes homogêneos permitem o uso de rações específicas para os animais de 
cada divisão, de forma que melhore o desempenho e tenha melhor controle da produção em cada uma. 
É recomendado que os lotes possuam número de animais compatível com a capacidade de carga dos 
transportes, evitando exceder o número de 100 animais/curral.
Normalmente, sugere‑se um espaço entre 12 a 50 m² por animal. A região onde a propriedade 
está localizada é fundamental para determinar esse espaço: regiões mais secas permitem utilizar áreas 
menores por animal, enquanto regiões mais úmidas tendem a necessitar de uma área maior por animal. 
Isso evita que os animais entrem em contato com a lama, o que costuma interferir negativamente no 
seu desempenho. Para isso, recomenda‑se nessas regiões a construção de calçadas ao longo dos cochos 
e de galpões com pé direito elevado (com cerca de três metros de altura).
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CADEIAS PRODUTIVAS I
As cercas do confinamento podem ser construídas de diversos materiais (arame liso, tábuas, cordoalha) 
e devem ter altura mínima de 1,80 m. Currais que possuam terminação a céu aberto normalmente 
dispõem dos cochos de alimentação na sua parte frontal, com as porteiras na parte posterior, de forma 
que elas possam se comunicar com o corredor de circulação. Os cochos também podem ser de diversos 
materiais, devendo ficar ao abrigo do sol e da chuva para ter um maior tempo de vida. Para que todos 
os animais se alimentem ao mesmo tempo sem que ocorra estresse ou competição pelo alimento, 
recomenda‑se que o cocho possua um espaço de 70 cm de comprimento para cada animal.
Para aplicação de vacinas, vermífugos e outros produtos veterinários são ministrados no tronco de 
contenção coletiva, onde os animais são enfileirados. Por ser umlocal estreito – mesmo não estando 
totalmente contidos, os animais têm mais dificuldade de se movimentar –, o acesso ao tronco de 
contenção é feito através de uma estrutura conhecida como seringa, que se assemelha a um funil, o que 
acelera e facilita o manejo. O tronco de contenção costuma ser utilizado para encaminhar os animais 
para o tronco de contenção individual. Nele é possível realizar a marcação e a identificação dos animais 
e também podem ser realizados no local os exames e os tratamentos de ferimentos individuais.
Figura 17 – Confinamento bovinos de corte (Guaraci‑SP, 2007)
4.14 Confinamento de gado leiteiro
Para a criação de gado leiteiro, após a desmama os machos costumam ser vendidos para recriadores ou 
mantidos na propriedade até a idade de abate e as novilhas e as vacas de descarte são vendidas para o corte.
Em sistemas extensivos, a produtividade das vacas leiteiras costuma ser baixa. Nos casos em que o 
rebanho costuma ser composto de animais mestiços, é comum as vacas serem ordenhadas apenas uma 
vez ao dia com o bezerro ao pé, ocorrendo o aleitamento natural com desmama próximo aos oito meses 
de idade do bezerro.
Já em sistemas semi‑intensivos, a alimentação é realizada em pastagens, mas com a suplementação 
com volumosos (normalmente de baixa qualidade nos períodos de seca), o uso de concentrados 
comerciais ou alimentos simples, como farelo de soja, trigo e milho, é mais comum, juntamente com 
subprodutos agroindustriais.
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O rebanho ainda costuma ser composto de animais mestiços. As vacas costumam ser ordenhadas 
duas vezes ao dia, o aleitamento dos bezerros é predominantemente natural e a desmama ocorre por 
um período entre oito e dez meses. Há produtores que mesmo no sistema semi‑intensivo utilizam 
aleitamento artificial para bezerros com desmama já em torno dos três meses de idade. Nesse sistema, 
as instalações costumam ser simples, apresentando algum investimento para salas de ordenha e tanques 
de resfriamento de leite. Eventualmente, há a assistência de técnicos de cooperativas ou empresas de 
insumos e laticínios.
O sistema intensivo em pastagens a partir do uso de gramíneas de alta capacidade de suplementação 
com volumosos nos períodos de estiagem, embora alguns produtores utilizem da suplementação no 
cocho durante todo o ano, faz com que a produtividade dos animais cresça. O uso de concentrados varia 
de acordo com o rebanho, mas é comum o uso de concentrados comerciais ou misturados na própria 
fazenda com ingredientes de boa qualidade (milho, farelo de soja e trigo) para todo o rebanho (vacas em 
lactação, secas e novilhas). Alguns rebanhos possuem ainda animais mestiços, mas outros já apresentam 
animais puros, das raças Holandesa e Gir.
Nesse sistema, as vacas são ordenhadas duas vezes ao dia e o aleitamento é artificial, com desmame 
aos três meses de idade. De forma geral, os machos são vendidos o mais cedo possível para o abate 
e as novilhas ou vacas de descarte são vendidas para o corte ou para outros produtores. O sistema 
apresenta instalações simples, com investimento nas salas de ordenha e tanques de resfriamento 
de leite, e nele é comum a assistência permanente de veterinários ou técnicos das cooperativas e 
indústrias de laticínios.
Há também o sistema intensivo em confinamento para o rebanho leiteiro. A alimentação do rebanho 
é realizada de forma exclusiva no cocho, sendo utilizados normalmente silagem de milho, feno de alfafa 
ou gramíneas de alta qualidade como volumosos.
Os concentrados são oferecidos para todas as categorias de animais do rebanho, sendo predominante 
o uso de rações comerciais, embora em muitas propriedades ainda sejam utilizadas misturas feitas na 
própria fazenda. Os rebanhos são formados, principalmente, de animais puros de raças taurinas, mas há 
animais mestiços que apresentam alto grau de sangue holandês.
As vacas em lactação são ordenhadas até três vezes ao dia, dependendo da produção ou estágio de 
lactação. O aleitamento dos bezerros é feito de forma artificial com desmame entre dois e três meses de 
idade. Os machos são descartados o mais cedo possível e a maioria deles é vendida para abate, embora 
alguns sejam destinados para recria como futuros reprodutores.
As novilhas e vacas de descarte podem ser comercializadas como reprodutoras ou para corte, sendo 
essas fontes alternativas de renda para o produtor no contexto de sistemas modernos de criação. Nesse 
sistema, há um rigoroso controle sanitário, o que diminui potencialmente o risco de propagação de 
doenças, sendo que esse risco é muito menor quando comparado aos outros sistemas de produção, e a 
assistência veterinária é permanente. No sistema intensivo de confinamento, há maiores investimentos 
para as instalações; incluindo salas de ordenha modernas e de resfriamento do leite e alojamentos, que 
normalmente são do sistema free‑stall, para as vacas em lactação.
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Já as instalações de confinamento para rebanho de gado leiteiro apresentam os modelos free‑stall: 
baias individuais com livre acesso aos animais cobertas por uma cama (areia, capim, maravalha) para 
repouso das fêmeas. O modelo loose‑housing utiliza baias coletivas com cobertura de livre acesso aos 
animais e também cama (capim, areia) para fornecer mais conforto a eles. Também existe o modelo 
de estabulação mista, onde pastagens e piquetes estão à disposição dos animais, de modo que 
possam permanecer durante algumas horas do dia (no restante do tempo, os animais permanecem 
em estábulos). É importante ressaltar que em condições climáticas quentes e úmidas recomenda‑se 
que os animais permaneçam nos estábulos durante o dia e fiquem nos piquetes no período noturno, 
que é mais ameno.
Atualmente, o modelo free‑stall é o mais utilizado, por apresentar área para repouso em baias 
individuais e área de circulação que oferece exercício e acesso ao cocho e bebedouro.
Apesar dos custos de implantação, quando comparados ao sistema de criação a pasto, o sistema de 
confinamento apresenta maior lucro para o produtor.
 Saiba mais
Para obter maior conhecimento sobre o tema, consulte a obra a seguir:
GOTTSCHALL, C. S. Produção de novilhos precoces: nutrição, manejo e 
custos de produção. 2. ed. Guaíba: Agrolivros, 2005.
4.15 Implantação de pastagem, calagem e adubação, divisão de piquetes
4.15.1 Implementos agrícolas utilizados e implantação de pastagem
Para a implantação de uma pastagem, em primeiro lugar vem o preparo do solo, visando controlar 
ervas daninhas (plantas invasoras), auxiliar na incorporação de corretivos do solo, acertar o terreno, 
aumentar a infiltração de água no solo, eliminar camadas compactadas e combater a erosão.
Quanto ao preparo do solo, podem ser utilizados: grade, arado e subsolador.
• A grade possui discos recortados e corta a terra entre 8 a 10 cm de profundidade. Como vantagem, 
tem alto rendimento operacional e consegue atuar sobre ervas daninhas. Já como desvantagem, 
trabalha com profundidade mais baixa e facilita a erosão.
• O arado corta a terra entre 20 e 30 cm de profundidade. Como vantagem, atua em camadas mais 
profundas, consegue trabalhar em solos mais duros e favorece boa incorporação de corretivos. Já 
como desvantagem, realiza baixo rendimento operacional, traz formação de pé de arado (deixando 
a terra muito dura) e tem pouca eficiência sobre ervas daninhas, pois o solo sai em torrões. Há 
menor risco de ocorrência de erosões quando comparado com a grade.
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• O subsolador corta com profundidade aproximada de 40 cm e é utilizado quando existe “pé de 
arado”. Como vantagens, rompe camadas compactadas (solo compactado é o solo “duro”, no qual 
a água não consegue ser absorvida) profundas (pé de arado) e melhora a infiltraçãode água no 
solo. Como desvantagens, não controla plantas daninhas e requer tratores com alta potência.
É possível escolher um dos três como preparo do solo, utilizando‑se bom senso.
Após o preparo do solo, a segunda etapa é o nivelamento, realizado com a grade niveladora, que visa 
destruir os torrões de terra e facilitar o plantio de sementes de plantas forrageiras.
A terceira etapa é a semeadura, ou seja, a plantação das sementes. Em média são utilizados de dois a 
quatro quilogramas de semente/hectare. A época de realizar a semeadura ocorre no período de chuvas.
A forma de semeadura pode ser manual ou mecânica, devendo ter uma profundidade de 0,5 a 1,0 
cm para sementes pequenas e 1,0 a 2,0 cm para sementes maiores, como as de milho. Geralmente, 
quando feita a lanço irregular ou quando há pouca água, deverá ser realizada a compactação. Por fim, 
é preciso realizar a adubação de plantio com fósforo ou adubos nitrogenados, por exemplo.
Figura 18 – Grade (Guaraci‑SP, 2012)
Figura 19 – Arado (Guaraci‑ SP, 2005)
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Figura 20 – Subsolador (São José do Rio Preto‑SP, 2014)
Figura 21 – Terra trabalhada para implantação de pastagem (Guaraci‑SP, 2005)
4.15.2 Degradação de pastagens
Aproximadamente 33% do solo do Brasil são considerados “degradados”, 33% são classificados 
como “em degradação” e o restante é classificado entre razoável e bom.
As causas da degradação de pastagens são diversas, tais como utilização de espécie de planta 
forrageira inadequada ao local, adubação incorreta, manejo animal incorreto, excesso de roçagens, 
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descapitalização no setor devido à variação do preço da arroba do boi, má qualificação de mão de obra, 
dentre outros.
A pastagem degradada reduz o ganho de peso dos animais, trazendo prejuízo para o produtor, e 
também pode trazer problemas ambientais, tais como erosão e assoreamento de rios.
Para recuperar ou renovar uma pastagem, é necessário levar em consideração o clima, a topografia, 
as condições do solo e a espécie de planta forrageira que deverá ser utilizada. Um fator muito importante 
para a recuperação e a renovação de pastagem é a integração entre agricultura e pecuária. Tal integração 
traz custo mais baixo para o produtor, pois ele possui lucro na produção de grãos, além disso, os resíduos 
da cultura melhoram as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Uma forma de recuperação do solo com o uso da agricultura pode ser feito por meio do arrendamento 
da terra, no qual o proprietário fornece a terra para outra pessoa plantar no local. Geralmente, o contrato 
tem durabilidade de dois a três anos. Nele, a pessoa que arrendou a terra paga uma porcentagem do 
lucro para o produtor, o qual tem como interesse principal a recuperação da qualidade do solo para a 
realização de manejo produtivo animal.
Figura 22 – Pasto “tomado” por ervas daninhas. 
Exemplo de degradação de pastagem (Guaraci‑SP, 2006)
Figura 23 – Erosão. O grande fator predisponente para 
a sua ocorrência é a degradação das pastagens (Lins‑SP, 2010)
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4.15.3 Análise de solo: calagem e adubação
A adubação serve para fornecer nutrientes ao solo e a calagem significa adicionar calcário. O objetivo 
é elevar o pH do solo, eliminando o hidrogênio e o alumínio, que são indisponíveis para a planta. O ideal 
é o pH ao redor de 6,0 para plantas forrageiras.
A análise do solo é feita com diversas amostras (por amostragem homogênea), que são destinadas 
para análise em laboratório.
NC = Necessidade de calagem (toneladas/hectare).
NC (ton/ha) = [(V2‑V1) x CTC] ÷ [10 x PNRT]
Onde PNRT = Dado do calcário, poder de neutralização que vai de 60 a 95.
O valor do PNRT vem impresso na nota, quanto maior o valor melhor, porém, menor o tempo de 
atuação.
V2 = Saturação por base, gramínea = 60; leguminosa = 70.
V1 = Análise do solo → V1 = [SB / CTC] x 100
CTC = Capacidade de troca catiônica →CTC = K + Ca + Mg + H + Al
SB = Soma de bases → SB = K + Ca + Mg
Exemplo de aplicação
Resolva a questão a partir dos seguintes valores:
pH = 4,7; P = 16; K = 0,9; Ca = 16; Mg = 3; H + Al = 18
Gramínea:
PNRT = 60
Resolução:
CTC = 0,9 + 16 + 3 + 18 ≈ 38
V2 gramínea = 60
SB = 0,9 + 16 + 3 ≈ 20
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V1 % = [SB/CTC] x 100 → V1 = [20/38] x 100 → V1 = 52,6%
NC = [(V2‑V1) x CTC] ÷ [10 x PNRT] → NC = [(60 – 52,6) x 38] ÷ [10 x 60] → NC = 0,46 ton/ha ou 
→NC = 460 kg/ha.
Figura 24 – Calcário (Guaraci‑ SP, 2006)
4.15.4 Unidade de medidas de pastagens/unidades de animal por área
Hectare = 10.000 m².
Alqueire paulista = 24.000 m².
Alqueire mineiro = 48.000 m².
Alqueire baiano = 196.000 m².
u. A (unidade animal) = 450 kg → para zebuínos.
u. A = 500 kg → para taurinos.
4.15.5 Métodos de pastejo
4.15.5.1 Introdução
Deve‑se manejar a pastagem corretamente para obtermos eficiente produção animal.
Existem a lotação contínua de pastejo e a lotação rotacionada. A lotação contínua (há alto 
pisoteamento sobre a pastagem e alto consumo por parte dos animais) se dá quando os animais são 
mantidos sempre no mesmo local – o que é ruim, pois permite pastejo seletivo e isso acaba trazendo 
perdas significativas de forragens. Já a lotação rotacionada ocorre quando a pastagem é subdividida. 
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Este tipo traz diversas vantagens, como melhor controle sanitário, possibilidade de conservar o capim 
excedente (silagem), redução da seletividade, melhor controle do proprietário e o fato de admitir o uso 
de mais de um lote, dentre outras. Como pontos negativos, há o custo mais alto com cercas, mão de obra 
e alguns condicionadores de pastejo.
Figura 25 – Pastejo contínuo (Guaraci‑SP, 2005)
4.15.6 Formas de divisão dos piquetes
As principais formas para a separação dos piquetes são:
• cerca elétrica;
• cerca de arame liso;
• cerca de arame farpado;
• cerca viva.
Figura 26 – Cerca de arame farpado (Lins‑SP, 2010)
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Figura 27 – Cerca elétrica (Guaraci‑SP, 2010)
4.15.7 Condicionadores de pastejo
Os condicionadores de pastejo são elementos que estimulam os animais a andarem por todo o pasto 
e não ficarem em um único local, reduzindo dessa forma a seletividade e o pisoteamento.
São exemplos de condicionadores de pastejo o sal, a sombra e a água “artificial”, devendo ficar 
um em cada ponto da pastagem. Isso estimula os animais a caminharem por todos os locais do pasto; 
consequentemente, eles acabam consumindo a forragem por igual ao longo da extensão do pasto.
O pastejo rotacionado muitas vezes só é utilizado quando há diferentes lotes no rebanho (diferentes 
categorias), tais como vacas paridas, vacas secas e bezerros desmamados; porém, o ideal é sempre 
utilizar pastejo rotacionado, mesmo quando trabalhar com uma única categoria animal, tal como boi de 
engorda a pasto, para aproveitar a pastagem ao máximo.
Figura 28 – Cocho para sal mineral, colocado na cerca 
entre dois piquetes (Lins‑SP, 2008)
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Figura 29 – Sombra (Guaraci‑SP, 2005)
4.15.8 Tipos de pastejo
4.15.8.1 Pastejo em faixa
Nele, é feita cerca elétrica à frente e atrás da área utilizada. Muitas vezes é utilizada cerca elétrica 
móvel, sendo mais comum para vacas leiteiras. Não permite a seletividade; contudo, há custos adicionais, 
como bebedouros, cochos de sal e sombra.
4.15.8.2 Pastejo diferido ou protelado
Um dos piquetes não é utilizado para pastagem, e sim utilizado para plantar forragem paraestocá‑las na época da seca. Em relação às desvantagens, piora a qualidade da forragem, pois ela 
fica mais velha.
4.15.8.3 Pastejo limite
Ocorre quando existem a gramínea e a leguminosa, uma em cada pasto, e os animais são colocados 
cada hora em um desses pastos. É muito utilizado para vacas leiteiras.
A leguminosa tem qualidade nutricional melhor, porém, palatabilidade menor.
4.15.8.4 Pastejo zero
Significa cortar o material e fornecer no cocho. Com isso, um maior número de animais pode ser 
alimentado em determinada área. Há também menores perdas e seletividade da forragem, mas os custos 
com equipamentos são altos e existe problema de compactação na terra, devido ao fato de sempre 
haver um trator trabalhando.
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4.15.8.5 Creep grazing
Pastejo ao qual apenas os bezerros têm acesso.
4.15.8.6 Creep grazing avançado
É igual ao anterior; porém, o lote de animais mais jovens vai à frente e as vacas ou ovelhas vão 
depois. Há um maior cuidado nutricional e sanitário com os animais jovens, e o adulto vai depois para 
reduzir seletividade.
4.15.8.7 Creep (“rastejar”) feeding
Semelhante ao creep grazing; porém, é realizado no cocho para mineral ou suplementação, por 
exemplo.
Figura 30 – Creep feeding para cordeiros, vista externa (Ibiúna‑SP, 2006)
Figura 31 – Creep feeding para cordeiros, vista interna (Ibiúna‑SP, 2006)
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4.15.9 Cálculo geral para número de piquetes
Número de piquetes = [PD ÷ PO] + 1
Onde:
PD = Período de descanso
PO = Período de ocupação
Exemplo:
PO = 5 dias
PD = 30 dias
N° de piquetes = [30 ÷ 5] + 1 = 7 piquetes.
Pode‑se utilizar esse cálculo para uma propriedade pequena. Para propriedades grandes, o cálculo 
poderá ser realizado para cada categoria animal – por exemplo, em fazendas de gado de corte, os 
animais podem ser divididos em grupos, tais como vacas paridas, vacas secas, touros (estação de monta), 
bezerros desmamados, garrotes e novilhas.
O correto para calcular a quantidade de animal/área é em cima da u. A. (unidade animal), como 
veremos mais adiante, ou então de uma forma mais leiga, pensando em três cabeças/alqueire paulista.
4.15.10 Cálculo da área de pastejo/unidade animal
Zebuíno u. A. = 450 kg
Taurino u. A = 500 kg
Tabela 1 
Categoria animal Fator de conversão (u. A.)
Touro 1,25
Vacas adultas 1,00
Novilhas (gestação) 0,86
Bois de engorda 1,00
Bezerros desmamados 0,61
Garrotes 0,69
Equinos 1,20
Ovinos 0,16
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Deve‑se multiplicar esse valor por 450 ou 500 kg.
Exemplo: propriedade de 100 hectares.
3 touros: 1,25 x 3 = 3,75
90 vacas em lactação: 1,00 x 90 = 90,00
30 bois de engorda: 1,00 x 30 = 30,00
60 bezerros desmamados: 0,61 x 60 = 36,6
20 garrotes: 0,69 x 20 = 13,8
4 equinos: 1,20 x 04 = 4,80
Total: 179 u. A.
O proprietário deve comprar ou vender animais?
179 u. A. x 450 kg = 80550 kg
O animal consome de 2% a 4% do peso vivo em matéria seca por dia, geralmente em torno de 2%: 
80550 x 0,02 = 1611 kg de matéria seca por dia.
Para saber o quanto de matéria original existe por área, pega‑se um quadrado de 0,25 m² e verifica‑se 
quanto há de capim (geralmente, pega‑se material equivalente a 30 quadrados). Em seguida, verifica‑se 
o quanto há de capim em peso e a amostra é enviada para o laboratório para se verificar quanto tem 
de matéria seca.
Exemplo:
0,25 x 30 quadrados = 7,5 m².
Se em 7,5 m² o resultado foi de, por exemplo, 3 kg de capim,
7,5 m² _________ 3 kg
100 hectares ____ X
7,5 m² ________3 kg
1.000.000 m² ____X
X = 400.000 kg de matéria original.
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Geralmente, em janeiro, 25% são de matéria seca:
25% de 400.000 = 100.000 kg
A avaliação da forragem deve ser feita de 30 em 30 dias e o consumo dos animais deve ser feito 
diariamente.
Assim, 1.611 x 30 = 48.330 kg/mês de consumo. Como a pastagem tem 100.000 kg, dá para dobrar 
o número de u. A. Isso deve ser avaliado em cada piquete.
 Resumo
Nesta unidade, estudamos as principais espécies de plantas forrageiras 
utilizadas para o consumo dos animais em nosso país, sendo as mais 
comuns as gramíneas e as leguminosas.
Dentre as gramíneas, vimos inicialmente aquelas que possuem 
crescimento prostrado ou estolonífero, ou seja, rente ao chão, como coast 
cross e tifton. Em seguida, conhecemos aquelas com crescimento cespitoso, 
ou seja, que emitem caules verticais, como tanzânia, mombaça, colonião 
e napiê. Estas precisam ter no mínimo 30 cm de altura para poderem 
ser destinadas ao consumo dos animais. Vimos ainda as gramíneas com 
crescimento decumbente, que são aquelas que emitem caules tanto 
horizontais quanto verticais, e também as gramíneas com crescimento 
decumbente, tais como forragens do gênero Brachiaria. Dentre elas, há a 
espécie Brachiaria decumbens, que predomina no cenário nacional, a qual 
é a forragem de pior qualidade existente.
Estudamos também as leguminosas. A mais conhecida das leguminosas 
é a alfafa, a qual também é utilizada para o processo de fenação. Essa 
espécie necessita de manejo adequado, pois é típica em épocas frias 
e necessita de umidade. É a mais indicada para produção de feno, pois 
dificilmente perde as folhas.
Na sequência, vimos que a bovinocultura de corte é uma atividade 
de grande expressão no Brasil. Para melhor produção, faz‑se necessário o 
conhecimento de manejo, iniciando com as instalações.
As instalações são apresentadas em duas formas. Há aquelas utilizadas 
no curral (unidade de manejo), sendo este separado em diferentes setores, 
tais como seringa, tronco, brete, embarcadouro e curraletes; e instalações 
utilizadas a campo, ou seja, nos pastos, iniciando pelas cercas, as quais 
podem ser de arame farpado ou liso, elétrica ou ainda cercas vivas. Como 
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instalações, há ainda os condicionadores de pastejo (elementos que 
estimulam os animais a andarem por toda a área da pastagem), como 
sombra, cochos para mineral e tanques de água.
As etapas de manejo diferem em cada fase de vida dos animais: 
nascimento, desmama e fase adulta (vacas e touros). É importante que o 
produtor tenha conhecimento do manejo nutricional, sanitário e geral em 
todas as fases de vida dos animais, assim como do manejo reprodutivo para 
animais adultos.
Também é importante o conhecimento prévio das raças bovinas de corte, 
que são separadas em alguns grupos. Um deles é o das zebuínas ou indianas 
(aquelas que apresentam cupim) – dentre elas, destaca‑se a raça Nelore, 
que é a principal criada no país, mas também há outras, como Gir, Guzerá, 
Sindi, Tabapuã e Brahman. Outro grupo é o das raças taurinas ou europeias 
(sem presença de cupim). Elas são separadas em britânicas (pequeno porte) 
– dentre elas, a Angus é a raça mais conhecida – e continentais (grande 
porte), como Limousin, Charolês e Simental. Há ainda as raças denominadas 
sintéticas, as quais são resultado do cruzamento entre raças taurinas e 
zebuínas. Dentre elas, destacam‑se as raças Canchim (cruzamento entre 
Nelore e Charolês) e Brangus (cruzamento entre Brahman e Angus).
 Exercícios
Questão 1. (IF/CE, 2017) Dentre as principais plantas forrageiras tropicais cultivadas, têm‑se as 
espécies Pennisetum purpureum e Cynodon sp., que têm diferenças estruturais e utilização diferenciada. 
De acordo com as características destas forrageiras é correto revelar‑se que 
A) Cynodon sp. é o nome científico do capim elefante, o qual tem sua principal utilização como 
capim de corte, recomendado para ser fornecido picado no cocho ou ensilado.
B) Penissetum purpureum é o nome científico do capim elefante e sua principal utilização, na 
alimentaçãode ruminantes, é na forma de feno devido ao seu porte baixo e ao colmo fino.
C) Penissetum purpureum é o nome científico do capim elefante, o qual tem sua principal utilização 
como capim de corte, recomendado para ser fornecido picado no cocho ou ensilado.
D) Cynodon sp. é o nome científico do capim Tifton e sua principal utilização, na alimentação de 
ruminantes, é na forma de silagem devido ao seu porte alto e à sua elevada relação folha/colmo.
E) mesmo possuindo diferenças estruturais, ambas as espécies forrageiras são indicadas para serem 
utilizadas na forma de feno na alimentação de ruminantes.
Resposta correta: alternativa C.
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Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: Pennisetum purpureum é o nome científico do capim elefante e é uma forrageira tradicional 
utilizada na alimentação de rebanhos leiteiros, picado para fornecimento no cocho e, em menor escala, como 
forragem conservada.
B) Alternativa incorreta. 
Justificativa: Penissetum purpureum é o nome científico do capim elefante e sua principal utilização, na 
alimentação de ruminantes, é na forma de ensilagem devido ao seu porte alto e o teor da matéria seca (30‑35%).
C) Alternativa correta. 
Justificativa: Penissetum purpureum é o nome científico do capim elefante, o qual tem sua principal utilização 
como capim de corte, sendo uma das opções de volumoso para alimentação de bovinos, pois, no período das 
águas, pode ser pastejado diretamente pelos animais (pastejo rotacionado) ou picado para fornecimento no 
cocho.
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: Cynodon dactylon é o nome científico do capim Tifton apresenta alta produtividade e é uma 
forrageira de qualidade, sendo utilizada como pastejo e como feno, podendo ser cultivado tanto em regiões frias 
como em quentes de clima tropical e subtropical.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: as espécies do gênero Cynodon apresentam teor de proteína bruta diretamente proporcional 
ao aumento da disponibilidade de nitrogênio, sendo usadas como feno, e o capim elefante pode ser pastejado 
diretamente pelos animais (pastejo rotacionado) ou picado para fornecimento no cocho.
Questão 2. São cuidados necessários em uma instalação para bovinos leiteiros, exceto:
A) boa drenagem do terreno.
B) exposição aos raios solares, facilitando a secagem e diminuindo a proliferação de patógenos.
C) ser atravessada por correntes de ar frio para evitar surtos de doenças do sistema respiratório.
D) preocupação com conforto térmico do animal.
E) boa higienização.
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade III
5 BOVINOCULTURA LEITEIRA
5.1 Introdução geral
Cerca de 21% da pecuária no Brasil são voltados para a produção de leite.
De acordo com o Riispoa (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem 
Animal), é feita a classificação do leite em A, B e C. O leite A é totalmente mecanizado e beneficiado 
na propriedade rural, sendo produzido nas granjas leiteiras, e apresenta maior valor. Por sua vez, o leite 
tipo B é produzido em estábulo leiteiro, possui ordenha mecanizada e é enviado para ser processado 
no laticínio. Já o leite C é de ordenha manual e é mandado para processamento no laticínio (em alguns 
lugares, ainda é enviado em latão). É aquele que possui menor valor e vem produzido na fazenda leiteira.
O leite B e o C se juntam para formar o leite cru refrigerado, levado para o laticínio em caminhões 
tanque a granel a cada dois dias e mantido no tanque de refrigeração.
5.2 Principais raças e cruzamentos
Existem raças zebuínas leiteiras, tais como Gir, Guzerá e Sindi Vermelha. A raça Gir apresenta pelagem 
variada e gavião (ponta da orelha voltada para face).
Figura 32 – Vaca da raça Gir leiteira (Feileite, 2006)
A raça Guzerá pode ser cinza ou branca e apresenta chifres simétricos em forma de lira. Já são aceitos 
animais descornados (mochados), mas não existe o Guzerá mocho natural (que nasce com ausência dos 
chifres).
Por fim, a raça Sindi é bastante adaptada; porém, não há muitos animais no Brasil. Sua pelagem 
característica é vermelha.
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Figura 33 – Vaca da raça Guzerá (Feileite, 2010)
Há raças puras leiteiras europeias, como a Holandesa – a maior do mundo em termos de quantidade 
de litros de leite produzidos –, a Jersey, a Pardo Suíço, a Guernsey e a Airshire. A raça Jersey é a que 
apresenta maior taxa de gordura no leite. Pardos suíços são animais de grande porte; hoje há animais 
voltados para rendimento de carcaça.
Figura 34 – Vaca da raça Holandesa, de pelagem vermelha e branca (Feileite, 2010)
Figura 35 – Vaca da raça Holandesa, de pelagem preta e branca (Feileite, 2006)
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 Lembrete
A raça Holandesa é a maior produtora de leite no mundo.
Figura 36 – Vaca Jersey (Feileite, 2010)
Há raças de dupla aptidão, como Red Poll, Simental, Normando e Caracu. As mais comuns são a 
Simental, que tem pelagem alaranjada e cara branca, e a Caracu, amarelada, que descende de bovinos 
portugueses e é muito adaptada.
Figura 37 – Vaca Simental (Feileite, 2008)
Por fim, existem as raças sintéticas leiteiras (5/8 de sangue taurino e 3/8 de sangue zebuíno), tais 
como Girolanda, Guzolando, Lavínia e Simbrasil. Dentre as sintéticas, a raça que predomina é a Girolanda. 
Ela é a raça que possui maior rusticidade dentre todas.
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Figura 38 – Vaca Girolanda (Feileite, 2008)
 Lembrete
As raças sintéticas, tanto em bovinos de corte quanto leiteiros, são 
aquelas que apresentam melhor resistência a temperaturas elevadas e 
agentes de doenças.
5.3 Instalações para bovinos leiteiros
5.3.1 Instalações gerais para animais adultos
5.3.1.1 Cochos para alimentação
São necessários 50 cm lineares de cocho de alimentação para cada vaca. Se o cocho estiver no meio 
de dois currais, dois animais podem comer (um de cada lado). Os cochos devem ter cantos arredondados, 
com revestimento de cerâmica, largura de 60 a 80 cm e profundidade de 25 a 50 cm.
5.3.1.2 Aguadas
Devem existir em todos os locais para que se evitem longas caminhadas, havendo assim menos gasto 
de energia por parte dos animais. Conforme aumenta a produção de leite, também aumenta o consumo 
de água, sendo necessário bebedouro perto da sala de ordenha, pois isso estimula a produção. Para água, 
o ideal é cocho de 60 cm lineares/vaca, sendo necessários no mínimo dois pontos de água/lote.
É necessário limpar o bebedouro de uma a duas vezes por semana. Também deve haver proteção 
para a vaca não entrar no bebedouro.
Sua largura é de 25 a 30 cm; sua profundidade, entre 15 e 20 cm.
5.3.1.3 Canaletas
As canaletas facilitam a higienização. Elas não devem ser muito profundas, sua profundidade deve 
ser entre 12 e 15 cm, com largura entre 30 e 40 cm e declividade em direção as canaletas de 1 a 2%.
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5.3.1.4 Contenção
Correntes presas a argolas com 20 cm de altura do chão, no cocho, com espaçamento entre 1,00 e 
1,20 m, para que os animais não deitem após ordenha. A contenção também poderá ser realizada com 
canzil.
5.3.1.5 Pedilúvio
Caixa de cimento na entrada e saída da sala de ordenha, de 2,0 por 2,5 metros, com cerca de 25 
cm de profundidade. Nele, há o uso de cal virgem, formol ou sulfato de cobre. Antes do pedilúvio, deve 
existir um pré‑pedilúvio para que a vaca defeque primeiro nele.
5.3.1.6 Instalação para touros
Devem ficar separados das vacas em baias de 3,0 por 4,0 metros, com piquete conjugado.
5.3.1.7 Instalaçãopara novilhas e vacas secas
Devem ficar em piquetes ou pastos com cochos e um mês antes do parto devem ser destinadas ao 
piquete maternidade. O tempo que elas permanecem secas é de dois meses.
5.3.2 Instalações para bezerros
Com uso de alta tecnologia, a mortalidade chega a no máximo 2% dos animais; já com baixa 
tecnologia, a mortalidade passa de 25%. A umidade relativa ideal é de 50 a 70% e com temperatura 
entre 15 e 21 ºC.
Como instalações para bezerros, há gaiolas ou cabanas tropicais. É um local seco e protegido 
contra o vento que possui cocho dentro e bebedouro fora. A cama deve ser trocada diariamente e sua 
cobertura deve ser pintada de branco. Esse tipo de instalação evita o contato com outros bezerros, 
reduzindo a taxa de mortalidade. Há também as super cabanas, para seis a oito bezerros.
Existe também o bezerro criado a pasto, método que estimula o consumo de forragem verde mais 
cedo. Há o cocho para alimentação, que deve ser em área com boa drenagem, próximo ao estábulo, e o 
terreno deve ser em nível superior ao nível do curral ou esterqueira.
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Figura 39 – Cabana tropical, USP (Pirassununga, 2007)
5.3.3 Instalações para vacas em produção
No local onde ficam as vacas deve haver cama, sendo o melhor tipo a areia.
São necessárias ventilação e nebulização. No que se refere à ventilação, deve haver distância de seis 
a nove metros de um ventilador para outro; quanto à nebulização, ela deve ser cerca de 15 litros de água 
por dia para cada vaca.
Como modelo intensivo, há o free stall (o índice zootécnico é melhor no modelo intensivo), que 
possui área de alimentação e de descanso individual. Já para propriedades médias, existe o loosing 
housing, com área de alimentação e de descanso e um piquete pequeno. Outro modelo, utilizado em 
locais com clima muito frio (não é utilizado no Brasil), é o tie stall, uma baia com cocho individual – 
nele, as vacas ficam presas na baia. Por fim, citamos também o pastejo rotacionado para propriedades 
maiores, que necessita de maior extensão de terras. Ele deve ter sombra natural, podendo ser utilizadas 
árvores como a Sibipiruna, a Sapucaia e a Tipuana, mas também há a opção pela sombra artificial (como 
sombrite). No entanto, existem problemas de lama na época das águas. Nos casos de criações sem 
sombra, a produção de leite chega a cair 20%.
Figura 40 – Uso de ventiladores (Feileite, 2008)
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5.4 Ciclo de produção de vacas leiteiras
O ciclo é igual para todas as vacas, o que varia é a quantidade de produção de cada uma. Iniciado 
quando nasce o bezerro, o ciclo tem quatro fases: a fase I é delimitada pelo pico da produção de leite 
(quando o bezerro apresentar cerca de dois meses de idade); na fase II, há pico do consumo de ração 
(entre dois e sete meses após o nascimento do bezerro); já na fase III, cai a produção de leite e o 
consumo de ração (quando o bezerro tem entre sete e dez meses); por fim, a fase IV é o período seco, 
quando não há produção de leite. Ele ocorre cerca de dois meses pré‑parto, para que haja descanso da 
glândula mamária e no próximo parto ela atinja a produção máxima. A vaca para ser considerada viável 
deve ter um parto a cada 12 meses, ou seja, o ciclo de produção da vaca dura 12 meses; assim, o período 
seco ocorre nos dois últimos meses do ciclo produtivo.
5.5 Noções sobre o manejo reprodutivo em bovinos leiteiros – estação de 
monta
Dizem que não é feita estação de monta em bovinos leiteiros, mas isso pode ser realizado em novilhas 
por questão do leite extra‑cota.
Pensando na lei da oferta e da procura, deve ser realizada estação de monta em novilhas leiteiras, 
entre julho e outubro, para os bezerros nascerem entre abril e julho. Isso quer dizer que na época da 
seca, quando há menor produção de leite no país, o produtor consegue vender mais leite a um preço 
elevado e aumentar sua cota no laticínio.
Em relação à cota, na época da seca o laticínio calcula a média de produção de leite; essa será a cota. 
Então, na época da chuva, eles pagam um valor digno para a quantidade de cota e, do que ultrapassar 
isso, o valor pago por litro será bastante inferior, muitas vezes cerca de 50% a menos.
Ou seja, se a cota na época da seca for de 100 litros/dia, na época da chuva, caso a produção seja de 
300 litros/dia, em 100 litros eles pagam o valor real e no excedente – ou seja, os outros 200 litros que 
passam da cota – eles pagam cerca de 50% a menos.
Outra vantagem do esquema de estação de monta em animais leiteiros é que as vacas entrarão no 
período seco (no qual não irão produzir leite) na época das águas (chuva), havendo assim disponibilidade 
de pasto, o que faz com que não seja necessário gastar com ração para as vacas que não estarão 
produzindo.
5.6 Número de novilhas necessárias para um plantel em função da idade a 
primeira cria
Para ter uma adequada produção de leite, deve ser feita uma adequada seleção do rebanho, evitando 
vacas com mastite, problemas de cascos, baixa produção e também aquelas que não produzam um 
bezerro por ano. Caso esteja dentro do padrão correto, a porcentagem de descarte de vacas é de cerca 
de 25% do lote/ano. O segundo fator a ser considerado para esse cálculo, mesmo não sendo comum, é 
o índice de mortalidade de novilhas e vacas (algo em torno de 2,5%).
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Pegando como modelo um plantel de 100 vacas, temos o seguinte: em casos em que o primeiro 
parto ocorre aos 24 meses, precisamos de 55 novilhas no rebanho, pois como o descarte é de 25%, em 
dois anos iremos retirar do plantel 50 animais e, como a mortalidade pode ser ao redor de 2,5%, em dois 
anos pode haver a morte de cinco animais, totalizando 55 novilhas. Para idade em que a primeira cria é 
de 30 meses, precisamos de 69 novilhas, e para idade em que o primeiro parto é de 36 meses, precisamos 
de 83 novilhas.
Dependendo da nutrição, as fêmeas podem entrar em cio até por volta de 12 meses de vida. O ideal 
é iniciar no terceiro cio, começando a reprodução aos 14 meses.
Portanto, o ideal economicamente é reduzir a idade ao primeiro parto, bem como reduzir a 
porcentagem de descarte. Por definição de melhoramento genético, teoricamente a vaca é viável 
até a sexta cria, tendo o pico de produção na terceira cria e quando o bezerro chega aos dois meses 
de idade.
5.7 Criação e desenvolvimento de bezerros – manejo do crescimento
Geralmente, o bezerro tem grande ganho de peso na puberdade. A puberdade ocorre em relação ao 
seu peso vivo, entre 270 e 310 kg; dependendo da nutrição do animal, isso pode ocorrer com 10 meses 
(que é mais comum em bovino leiteiro) ou aos dois anos (mais comum em bovino de corte). A fêmea 
passa a ser produtiva quando der cria; então, o melhor é entrar em puberdade mais cedo.
A alimentação para bezerros é composta do seguinte: ao nascer, ele se alimenta de colostro (até o 
terceiro dia de vida), precisando recebê‑lo nas primeiras 24 horas para que fique imunizado. Do quarto 
dia em diante, ele recebe leite. Entre um e dois meses de vida, é ideal começar a fornecer alimentos 
sólidos, como volumoso (para bezerros, o ideal é feno) e concentrado (que, para bezerros, deve ter 
palatabilizante, como leite em pó).
Caso os bezerros recebam apenas leite entre o nascimento e seus 90 dias de idade, eles terão uma 
taxa de crescimento muito elevada, ao redor de 1,5% ao dia. Porém, além disso ser antieconômico, 
irá interferir na característica reprodutiva do animal em vida adulta. O ideal é fornecer leite mais 
sólido para a bezerra fêmea, assim ela crescerá cerca de 0,875% ao dia, e não 1,5%. Com essa taxa de 
crescimento, há um completo desenvolvimento do osso, parcial desenvolvimento de musculatura e não 
há desenvolvimento de gordura.
O bezerro que recebe só leite égeralmente o macho em produções leiteiras. Ele é chamado de vitelo, 
sendo um animal que cresce muito e vive cerca de quatro meses.
Ainda sobre o aleitamento, existe o aleitamento liberal e o desaleitamento precoce. No 
aleitamento liberal, deixa‑se o bezerro mamar por um período a mais e à vontade, assim ele terá um 
desenvolvimento maior e será comercializado mais rápido. Isso é feito geralmente com bezerros do sexo 
masculino. Já o desaleitamento precoce força o animal a virar ruminante mais cedo, sendo um método 
mais econômico, pois há mais leite para a venda. Nesse método ocorre um crescimento de 0,875% ao 
dia e existe garantia do crescimento ósseo.
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5.8 Ordenha: noções do funcionamento da ordenhadeira mecânica
O princípio da ordenhadeira mecânica é o oposto da manual. Na ordenha manual, apesar de haver 
ação da ocitocina, a pessoa vence a força, fazendo pressão sobre o local, e consegue abrir o esfíncter 
do teto para o leite sair. Já na ordenhadeira mecânica, o que faz sair o leite seria uma pressão negativa 
sobre o esfíncter do teto.
Na ordenhadeira mecânica, há a membrana rígida (fração metálica) e a membrana de borracha; 
entre elas, há a câmara de pulsação. O que faz sair o leite da glândula é a aplicação de vácuo (retirada 
de ar) no teto. Quando o ar está entre a membrana rígida e a de borracha, o esfíncter fica fechado; ao 
retirar o ar, forma‑se uma pressão negativa e abre‑se o esfíncter.
5.9 Manejo sanitário
Em relação à ordenha propriamente dita, em primeiro lugar vem a condução das vacas até a sala de 
ordenha, a qual deverá ocorrer sem agressões, para reduzir o estresse. A sala de espera deve ter sombras, 
bebedouros, ventiladores e aspersores, e os animais deverão ficar ali no máximo uma hora – o modelo 
balde ao pé atende a duas vacas por vez, sendo 15 vacas por hora em média.
Deve‑se realizar a linha de ordenha iniciando pelas novilhas (vacas de primeira cria); em seguida, vêm 
as vacas sadias; depois, as vacas que já foram tratadas de mastite; e por último, as vacas em tratamento 
(leite não comercializado). É importante realizar regularmente o CMT, que verifica celularidade e pH (o 
pH normal do leite é entre 6,2 e 6,8), para detectar mastite subclínica e mastite clínica. Para isso, deve‑se 
utilizar caneca de fundo escuro.
Antes de realizar a ordenha, não se deve lavar o úbere do animal, e sim realizar o pré‑dipping 
(imersão dos tetos em antisséptico) e secar com papel toalha descartável. Após a ordenha, deve‑se 
realizar o pós‑dipping e evitar que as vacas deitem por pelo menos uma hora. Depois, é realizada a 
desinfecção das teteiras.
Para evitar mastite, também é importante a secagem correta das vacas (que ficam dois meses em 
período seco). Elas devem ser transferidas de piquetes, sendo também necessário esgotar bem a glândula 
mamária, restringir a alimentação e fornecer água à vontade, além de se observar o úbere diariamente 
durante duas semanas.
5.10 Melhoramento genético em bovinos leiteiros
5.10.1 Características gerais a selecionar em bovinos leiteiros
Em geral, devemos selecionar em vacas leiteiras a produção de leite, a qual deve ser alta e ocorrer 
durante bastante tempo. Além disso, devemos selecionar o tipo, apresentando longevidade associada à 
produção de leite durante bastante tempo. Deverá ser selecionada também a composição do leite, que 
deve ter alto valor no mercado, respeitando o mínimo de 3% de gordura.
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5.10.2 Características ideais para vacas leiteiras
A vaca deve possuir, em geral, úbere grande e elástico. Ela precisa ter costela comprida e bem 
arqueada para seu organismo poder ter bom funcionamento, o que acondicionará em boa produção. A 
fêmea deve possuir pescoço “lançado”, ou seja, delicado e comprido.
Em bovinos leiteiros, dizemos que a vaca deve possuir o chamado “triângulo leiteiro” (forma de 
cunha), ou seja, deve ser retilínea no dorso e apresentar bom úbere no posterior aliada à boa profundidade 
para o bom funcionamento corporal e um pescoço fino e lançado, ou seja, delicado e comprido. O outro 
“triângulo” diz respeito um pouco ao perímetro torácico, mostrado o ideal, para melhor capacidade 
respiratória; porém, não pode ser muito largo. O peito, na fêmea, deve ser mais delicado para não 
apresentar característica de macho.
5.10.3 Concurso/controle leiteiro
Para o controle leiteiro, por exemplo, são feitas duas análises de produção de leite em períodos 
diferentes: tira‑se a média diária e multiplica‑se o valor pelo período que a vaca produziu (em dias). O 
controle leiteiro serve para identificar as vacas com maior produção no rebanho.
 Observação
Na Colômbia, iniciou‑se o desenvolvimento do controle leiteiro para 
raça Brahman, que lá está sendo utilizada como zebuína leiteira.
Quanto ao concurso leiteiro, ele existe para analisar qual é a vaca com maior produção de leite dentre 
aquelas que estarão em competição. Ele deve ser realizado a cada 30 dias, durante toda a lactação da 
vaca. Para analisar a produção diária da vaca, deve ser feito em primeiro momento a esgota; 16 horas 
depois, realiza‑se a primeira ordenha e, 8 horas depois, a segunda ordenha. Isso quer dizer que faz‑se a 
esgota às 15 h do dia 1, por exemplo; então, realiza‑se a primeira ordenha às 7 h do dia 2 e a segunda 
ordenha às 15h do dia 2, verificando a produção diária. A segunda ordenha deve ser feita 24 horas após 
a esgota.
5.10.4 Características de tipo: características morfológicas ideais na vaca leiteira
• Características corporais:
— Perímetro torácico: o ideal são valores intermediários ou acima da média. Quanto maior, 
melhor, devido à presença de coração e pulmão nessa região.
— Comprimento de garupa: vai da ponta do íleo à ponta do ísquio. O ideal são valores acima da 
média – na raça Gir, por exemplo, acima de 40 cm, pois, quanto maior, maior a capacidade de 
se ter um grande úbere.
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— Largura entre ísquios: deve ter garupa larga, comprida e com boa abertura entre ísquios, para 
proporcionar melhor passagem do bezerro durante o parto. Também é importante para maior 
largura de úbere e maior produção de leite.
— Largura entre íleos: segue o mesmo objetivo anterior, porém, o ísquio é mais importante.
— Ângulo da garupa: quanto a esta característica, o ideal é valor intermediário, pois uma garupa 
muito inclinada prejudica aprumos e uma reta pode trazer problemas de parto.
• Características de pernas e pés:
— Ângulo dos cascos: o ideal é valor médio (ao redor de 45º), pois o ângulo alto pode acarretar 
em força sobre a articulação e o ângulo baixo força sobre o talão.
— Posição das pernas: o ideal são pernas paralelas, uma vez que pernas muito retas ou curvas 
atrapalham a caminhada, principalmente em modelos extensivos (a pasto).
— Posição do jarrete: o ideal é o intermediário, pois o ganchudo (voltado para dentro) 
atrapalha a caminhada e ocupa espaço de úbere e o arqueado (voltado para fora) atrapalha 
a caminhada.
• Características do sistema mamário:
— Ligamento anterior do úbere: quanto mais forte, melhor.
— Altura do úbere posterior: quanto mais alto o úbere, melhor, ou seja, quanto mais comprido 
(para cima, em direção ao dorso), melhor, pois haverá maior produção de leite; para isso, o 
períneo deve ser o mais curto possível.
— Largura do úbere posterior: quanto mais largo, melhor, pois haverá melhor produção de leite.
— Profundidade do úbere: o ideal é o valor intermediário, pois o raso produz pouco e o profundo 
está sujeito a traumatismos, muitas vezes passando o jarrete.
— Comprimento das tetas: o ideal é o valor intermediário, pois comprida ou curta dificulta a 
mamada do bezerro e também a ordenha mecânica ou manual. Para a raça Gir, a média é de 
aproximadamente 7,5 cm.
— Diâmetrodas tetas: o ideal é o valor intermediário. No caso da raça Gir, esse valor é de 
aproximadamente 3,3 cm, não sendo ideal nem fino e nem grosso para não atrapalhar 
a mamada e a ordenha. Essa característica foi fácil de selecionar, pois apresenta alta 
herdabilidade.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre bovinos leiteiros, leia sobre bovinocultura leiteira no 
site da Embrapa:
EMBRAPA. Gado de leite. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2014.
6 OVINOCULTURA
Figura 41 – Ovinos (Pirassununga‑SP, 2006)
6.1 Introdução
Os ovinos foram uma das primeiras espécies a serem domesticadas pelo ser humano, são difundidos 
pela maior parte das regiões terrestres. São animais destinados para a produção de carne, leite, lã e pele/
couro, produtos estes obtidos por meio de diferentes sistemas de produção com diversos propósitos, sendo 
que cada um tem a sua finalidade. Dessa forma, cada propósito de produção apresenta uma particularidade, 
e assim a adoção de práticas corretas dos manejos nutricionais, sanitários e reprodutivos podem contribuir 
para garantir o sucesso da criação. Com o rápido crescimento populacional do planeta, a demanda por 
produtos de origem animal tem excedido a produção, o que faz com que as melhorias nos sistemas 
de produção animal sejam de fundamental importância não apenas para aumentar a rentabilidade da 
atividade, mas também para suprir a demanda mundial. Assim, diversas metodologias têm sido exploradas.
Por mais que a criação seja especializada em um produto específico, diversos subprodutos são 
gerados. É interessante que esses subprodutos sejam explorados racionalmente, de forma a gerar rendas 
secundárias e também para minimizar impactos ambientais.
Em todo o mundo, o rebanho de ovinos apresenta cerca de 1,9 bilhões de animais. Nos últimos 15 
anos, vem apresentando decréscimo constante, e a principal razão para esse fato está na queda do valor 
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comercial da lã. Em contrapartida, ocorreu um aumento na produção de carne: no início da década 
de 1990, a produção de carne era de aproximadamente sete milhões de toneladas; já em 2006, essa 
produção alcançou a marca de nove milhões de toneladas. Esses dados demonstram que nesses anos 
ocorreu em todo o mundo a especialização do rebanho, sendo priorizados a produção de carne e o 
aumento de produtividade.
No Brasil, estima‑se que o rebanho ovino seja de aproximadamente 17 milhões de cabeças, 60% dos 
quais localizados no Nordeste, seguido de 25% no Sul, 6,4% no Centro Oeste, 4% no Sudeste e 4,6% 
em diversos estados brasileiros.
Rebanho de ovinos (%)
60% Nordeste
25% Sul
6,4% Centro Oeste
4,6% Demais estados
4 % Sudeste
Figura 42 – Mapa do Brasil
Ainda no Brasil, o consumo de carne ovina gira em torno de 130.000 toneladas por ano, 35% das 
quais concentradas no estado de São Paulo – o que equivale a 45 mil toneladas de carne por ano. Na 
capital paulista, o consumo de carne ovina é de 33.750 toneladas aproximadamente, ou seja, 75% do 
mercado estadual e 26,25% do mercado nacional. No Sudeste brasileiro, o consumo por habitante de 
carne ovina é de 1,2 kg/ano, quantidade irrisória quando comparada ao consumo das demais carnes. O 
poder aquisitivo dos consumidores finais é o grande orientador no consumo.
Mesmo sendo tradicional no Sul e no Nordeste brasileiro, a produção da ovinocultura brasileira 
não tem conseguido atender à demanda interna. Somente o manejo reprodutivo e sanitário adequado, 
quando associado aos princípios básicos da criação desses animais, pode possibilitar o uso dos recursos 
forrageiros disponíveis de forma a transformar essa atividade em uma alternativa de renda viável para 
os produtores rurais.
Atualmente, considera‑se como ideal o sistema de produção de carne preconizado de confinamento 
de cordeiros, com dietas de alta proporção de concentrado. Os animais jovens são mais exigentes em 
termos nutricionais, apresentam ganho de peso rápido e eficiente e atingem idade precoce para o 
abate, aumentando a taxa de desfrute do rebanho, o que contribui para um maior giro de capital. 
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Embora o sistema de confinamento e abate precoce seja realizado de forma eficiente, especialmente por 
produtores que atingem nichos de mercado específico, com maior remuneração, a criação de ovinos em 
pastagem de boa qualidade costuma ser a forma mais econômica para produção de carne.
Assim, neste sentido, devem ser estudados e desenvolvidos diferentes sistemas e estratégias de 
produção de carne ovina de forma a se buscar uma maior eficiência econômica e menor custo de 
produção. Isso ocorre devido aos diferentes segmentos de mercado para esse produto, tanto na capital 
do estado de São Paulo, maior consumidor nacional, como nas demais regiões brasileiras.
6.2 Produção de lã
A lã apresenta características especiais de resistência, isolamento térmico e elasticidade, juntamente 
com a capacidade de absorver umidade. Ela é um recurso natural renovável devido à presença de 
pequenas bolsas de ar, sendo conhecida como um isolante do frio e do calor natural. Cada fibra é 
constituída de milhões de moléculas que possuem a capacidade de se esticar e se retrair. Sua estrutura 
permite que a lã mantenha a temperatura corporal constante e confortável, em uma gama de climas e 
temperaturas, podendo ser utilizada sob diversas formas, de acordo com o processamento.
As fibras de origem vegetal possuem suas produções limitadas em determinadas regiões do país. Os 
diversos fatores que afetam a produção de lã, tanto de forma natural como fisiológica, têm sido estudados em 
diversas raças ovinas, em especial no Merino Australiano. Já é conhecido que o crescimento da lã não ocorre 
de maneira uniforme no decorrer do ano e que as variações são decorrentes do ritmo de crescimento, que 
é controlado por meio do fotoperíodo, das condições reprodutivas dos animais e das variações nutricionais.
6.2.1 Tosquia
A retirada da lã, chamada de tosquia, é realizada de forma periódica, em um ciclo de um ano, 
podendo ser feita em um ciclo menor de até duas vezes ao ano em raças que possuem lãs longas. A 
maturação de sementes, que podem aderir à lã, é um dos fatores determinantes da época de tosquia, 
assim como é importante a época de beneficiamento, que costuma ser realizado no período de outubro 
a dezembro, sempre após a secagem do orvalho.
Deve ser realizada em um local que possui o piso cimentado e/ou com gradil de proteção, de forma 
a guardar a lã, sendo normalmente feita por pessoas especializadas na função. Os tipos de lãs devem ser 
separados e identificados em embalagens de 125 a 180 kg cada.
A tosquia pode ser feita com um martelo, com média de 30 ovinos/dia, ou de forma elétrica, com 
média de 80 a 150 ovinos/dia. A idade do animal também é determinante para o tipo de lã produzida: 
animais velhos apresentam lãs mais finas que aqueles mais jovens.
6.2.2 Características da lã
Dentre as características da lã, uma das principais é o diâmetro da fibra, que é um dos maiores 
responsáveis pela estrutura do veio que determina o tipo do produto final. A finura da lã é estimada 
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a partir do número de ondulações por polegadas: quanto maior o número de ondulações, menor será 
o diâmetro da lã. Diversos fatores, ambientais, sanitários, nutricionais e fisiológicos podem afetar 
o diâmetro da fibra. O comprimento da fibra também é de grande importância, pois é a partir do 
comprimento que se determina o tipo de processamento a que a lã será submetida. Fibras de lã curtas 
são eliminadas produzindo um fio suave, que apresenta maior valor comercial.
A lã apresenta a seguintecomposição química: C42H147O15N5S15. Ela possui 52% de carbono, de 22 
a 25% de oxigênio, de 16 a 17% de nitrogênio, 7% de hidrogênio e entre 3 e 4% de enxofre em sua 
composição. Sendo o enxofre responsável pela resistência e elasticidade da lã.
As escamas presentes na cutícula da lã são responsáveis pelo seu brilho. As lãs finas apresentam 
grande número de escamas, o que gera menor brilho; em contrapartida, as lãs grossas possuem pequenas 
quantidades de escamas, gerando um maior brilho.
Quanto à resistência, do ponto de vista têxtil, a lã deve ser a mais resistente possível à tração. Lãs 
fracas se rompem com maior facilidade durante o processo industrial, afetando seu valor comercial. A 
indústria se interessa pela lã lavada, mas a cor de lã suja também é importante para o comprador, pela 
dificuldade de predizer se essa cor desaparecerá ou não após a lavagem industrial. Pelo fato de poderem 
ser tingidas por uma maior variedade de cores, as lãs de cor clara são mais valorizadas, uma vez que as 
podem ser tingidas com uma maior variedade de cores, em comparação às lãs amareladas.
Dentre os defeitos mais comuns na coloração das lãs, podemos citar as fibras pigmentadas, 
característica de alta herdabilidade, e as colorações amareladas, originadas da cor de suarda e causas 
bacterianas.
A lã apresenta diversas propriedades: seu diâmetro médio varia conforme a região do corpo e a 
idade do animal, sendo que as regiões da paleta, costela, anca, quarto e lombo costumam apresentar 
lãs mais finas. O sexo do animal também interfere na questão da finura da lã: as ovelhas possuem lã 
mais fina, seguida dos machos castrados, enquanto os carneiros inteiros (não castrados) possuem lã 
mais grossa. De forma geral, apesar de apresentar uma lã mais grossa, o peso do velo dos machos é 
cerca de 20% superior ao peso do velo das fêmeas. Machos castrados apresentam lãs um pouco mais 
finas que a lã de machos não castrados e peso de velo 12% superior ao de ovelhas na mesma idade. 
Animais de raças puras apresentam lã com mais uniformidade do diâmetro fino. Fibras mais finas são 
também mais curtas.
O comprimento também apresenta variação conforme a raça do animal. O comprimento natural 
(também conhecido como relativo) é o comprimento que a lã apresenta ao ser distendida normalmente; 
já o comprimento absoluto (efetivo) é o apresentado quando as ondulações da lã são distendidas.
A ondulação da lã permite com que seja avaliada a uniformidade e a qualidade da lã; quanto maior 
as ondulações, maior será o comprimento absoluto da lã. No que se refere à terminação, é chamado de 
mecha o conjunto de fibras ligadas entre si e de velo, o conjunto de mechas da lã do corpo que cresceu 
durante o período de um ano; já o conjunto de lã da região das patas e barrigas é chamado de garreio 
e apresenta menor preço no mercado.
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A lã também apresenta elasticidade e brilho. O brilho é causado pelas escamas do material que 
refletem a luz; já a elasticidade é determinada a partir da capacidade do material retornar à sua posição 
inicial após tracionamento. Será considerado mais elástico o material que retornar em menor tempo 
ao seu posicionamento inicial. Assim, lãs finas possuem maiores elasticidades que as lãs mais grossas.
A resistência também é outro fator avaliado na lã. De forma geral, a resistência da lã é menor quando 
comparada com as demais fibras; porém, a lã apresenta boa flexibilidade quando submetida à torção.
Suavidade também é um fator analisado nas lãs. Ela é indicada por meio do tato e depende das 
condições de criação dos animais: as lãs mais ásperas ocorrem em locais que apresentam chuva 
demasiada e campos mais pobres e em animais de raças de corte que apresentam diâmetro reduzido.
O produto das glândulas sudoríparas e sebáceas dos ovinos é conhecido como suarda e ele é 
responsável pela lubrificação e proteção das fibras da lã contra a feltragem. A lanolina é outro produto 
encontrado na lã, sendo sua gordura natural um pigmento da lanaurina.
Outra característica da lã é a higroscopia, ou seja, sua capacidade de absorver água, que deve ser de 
16 a 18% (faixa considerada normal). O excesso de umidade é prejudicial, pois pode causar a presença 
de fungos que destroem a lã e também deixar a lã empastada (aspecto de crosta). A umidade não deve 
chegar a 40% de água na lã; caso haja água em excesso, ela apresenta um aspecto de carbonizada.
Por ser um produto natural de origem animal, a lã pode apresentar naturalmente diversas tonalidades 
de cores – ela é originalmente amarelada e fica branca após o processo de lavagem. As cores preta, 
marrom, cinza, vermelha e rosada dependem do local onde os animais são criados.
Quando criados em regime de pastagem, os ovinos não apresentam um ritmo constante na produção 
de lã, o que ocorre devido às diversas variações na disponibilidade do alimento ao longo do ano. Esse fato 
afeta a resistência e a produção de lã; assim, é importante que ocorra a suplementação alimentar em 
épocas críticas. Durante o período de gestação, a nutrição deficiente, além de prejudicar a produção da 
ovelha, gera uma diminuição definitiva na capacidade de produção de lã da futura cria. A resistência das 
mechas e o peso dos velos das ovelhas também são características influenciadas quando as exigências 
nutricionais não são atendidas durante o período de gestação e lactação. Após o parto e durante a fase 
de aleitamento, há a diminuição do crescimento da lã, que será normalizado após o desmame da cria.
A idade do animal também é um fator importante relacionado ao crescimento da lã e às dimensões 
de suas fibras. Comparando animais do mesmo sexo, com o aumento da sua idade, de forma geral, para 
peso do velo, ocorre um aumento entre os três e os cinco anos de idade, e logo diminui (em torno de 2 
a 4% ao ano). Já o diâmetro da fibra tende a aumentar a partir da primeira tosquia.
A cobertura da lã, juntamente com o seu comprimento e diâmetro, varia de acordo com a raça de 
cada animal. Animais de raças especializadas na produção de lã, altamente selecionados, tendem a 
apresentar velos de muita uniformidade e qualidade. A lã também pode apresentar diversos tipos de 
defeitos; dentre os mais comuns estão a sarna (causada por Psoroptes ovis) e os cruzamentos entre lãs 
finas e grossas.
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Os parasitas intestinais são as maiores causas de enfermidades dos ovinos. Essas infecções são 
responsáveis por reduzirem substancialmente o rendimento da lã, fato que ocorre principalmente em 
ovelhas gestantes e lactantes. Nessas circunstâncias também pode ocorrer a redução no diâmetro e 
resistência das fibras. A infestação de fungos pode deixar a lã com o aspecto de crosta (empastada).
Outro fator importante é a falta de resistência. Carência alimentar, infecções, febre e metrites podem 
causar uma irregularidade na nutrição dos folículos, gerando falhas na constituição das fibras da lã, que, 
mais fracas, se rompem ao serem tracionadas.
A alimentação adequada dos ovinos é importante para a produção de lã, tanto no quesito qualidade 
como em quantidade. O consumo de matéria seca digestível e a produção de lã apresentam uma relação 
de forma linear, sendo o efeito da nutrição evidente ao compararmos os pesos de velos limpos em 
grupos de ovinos similares, mas que possuem idades, tipos de piquetes e tipos de pastagem diferentes. 
Há também diferenças de comprimento, diâmetro e resistência das fibras. Assim, quando se oferece 
uma alimentação adequada, há uma clara melhoria no diâmetro da fibra, que passa a ser igual da 
base à ponta; da mesma forma, uma alimentação deficiente causa redução no diâmetro das fibras, 
de modo que o estrangulamento da fibra corresponderá à época da penúria fisiológica. Quando esta 
é prolongada, ocorre a redução do diâmetro em maior extensão, de forma queideais na vaca leiteira ............... 93
6 OVINOCULTURA ............................................................................................................................................... 95
6.1 Introdução ............................................................................................................................................... 95
6.2 Produção de lã ....................................................................................................................................... 97
6.2.1 Tosquia ........................................................................................................................................................ 97
6.2.2 Características da lã ............................................................................................................................... 97
6.2.3 Processamento da lã ............................................................................................................................100
6.2.4 Classificação das lãs .............................................................................................................................101
6.3 Produção de carne .............................................................................................................................102
6.4 Manejo de crescimento....................................................................................................................104
6.5 Manejo de ovinos em pastagem ..................................................................................................107
6.6 Principais raças ....................................................................................................................................108
6.6.1 Raças lanadas .........................................................................................................................................108
6.6.2 Raças deslanadas .................................................................................................................................. 110
Unidade IV
7 CAPRINOCULTURA ........................................................................................................................................116
7.1 Introdução .............................................................................................................................................116
7.2 Produção de leite ................................................................................................................................117
7.3 Sistemas de produção de leite ......................................................................................................120
7.4 Caprinos de corte ...............................................................................................................................125
8 BUBALINOCULTURA .....................................................................................................................................130
8.1 Introdução .............................................................................................................................................130
8.2 Raças .......................................................................................................................................................131
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8.3 Comparação entre bubalinos e bovinos ....................................................................................131
8.4 Aspectos gerais de criação e manejo: reprodutivo, crescimento e 
terminação de bubalinos ........................................................................................................................132
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APRESENTAÇÃO
Partindo do princípio de que a cadeia produtiva leva em consideração a produção de elementos para 
o consumo humano, desde de seu início até seu destino final (mesa do consumidor), nesta disciplina, 
Cadeias Produtivas I, iremos tratar o início desse aspecto produtivo, ainda no campo, no que se refere à 
produção de forragens e animais de espécies ruminantes.
Inicialmente, iremos tratar a forragicultura. Veremos as principais espécies de plantas forrageiras 
cultivadas em nosso país e as características e vantagens principais de cada uma delas na alimentação 
das espécies animais que serão abordadas no decorrer deste material. Também estudaremos fenação 
e silagem, dois processos de produção alimentar para ruminantes, como formas de estocagem de 
alimentos para épocas de escassez.
Em seguida, serão introduzidos os aspectos produtivos das diferentes espécies de ruminantes. 
Estudaremos a produção de ruminantes relacionada com o agronegócio brasileiro, sendo abordada 
a produção de bovinos, com todas as etapas necessárias para manejá‑los de forma satisfatória, 
e as instalações necessárias, visando à melhor produção possível, assim como características 
principais das raças destinadas à produção de carne e leite e as principais finalidades de cada 
espécie ruminante.
Os ruminantes são os animais que possuem três pré‑estômagos (rúmen, retículo e omaso) e 
um estômago verdadeiro (abomaso). Eles se alimentam exclusivamente de forragens, capins cujo 
desenvolvimento ocorre diretamente no campo ou ainda aquelas forragens “produzidas” para tal 
finalidade, tais como fenação e silagem, conforme veremos no início deste material.
Posteriormente, abordaremos cada aspecto produtivo de diferentes finalidades, como leite, 
carne, lã e couro. Iniciaremos com bovinocultura de corte, momento em que veremos seu 
aspecto produtivo, as principais raças envolvidas e a melhor forma para obtenção de carnes, 
importante fator no agronegócio do país. Na sequência, estudaremos a produção de bovinos 
leiteiros, desde seu manejo geral, sendo estudadas as principais raças, as instalações e as 
principais formas para a obtenção de leite de qualidade, bem como os tipos de produção de 
leite.
Por último, serão abordadas as espécies de pequenos ruminantes (ovinos e caprinos), que apresentam 
fatores importantes na contribuição do agronegócio brasileiro. Essas espécies estão relacionadas com 
a produção de carne, leite e couro (para os ovinos, há ainda a produção de lã) – serão abordadas aqui 
as formas ideais para a produção de cada uma. Também será abordada a produção de búfalos, com 
ênfase na produção de suas principais finalidades, tais como leite e carne, sendo vistas as características 
principais desta espécie e os modos de produção.
Também é importante mencionar que faremos um apanhado das ferramentas utilizadas para 
melhoramento genético, demonstrando as melhores formas atuais na produção animal.
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INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre forragens é de extrema importância para a produção de um alimento 
nutritivo e balanceado para cada tipo de animal, assim como a finalidade de sua criação. Junto a isso, o 
conhecimento sobre o tipo da propriedade também auxilia numa produção mais efetiva.
O alimento pode ser oferecido para o animal na forma de pasto, num sistema extensivo, ou na forma 
de feno ou silagens. Estes são processos de armazenamento de alimento para ser oferecido ao rebanho 
em períodos de escassez de pasto (épocas de estiagem) ou como forma de suplementação, melhorando 
o valor nutricional oferecido. Com isso, a produção animal é melhorada.
Assim como a alimentação oferecida ao rebanho melhora a qualidade da produção final, seja de 
carne, leite, couro ou lã, as instalações e o modelo de criação também são importantes no resultado final 
da produção. Quando é utilizado um modelo de criação apropriado ao tipo e tamanho da propriedade 
e as instalações oferecidas ao rebanho são ideais, a produção pode atingir melhores resultados. Assim, 
o produtor deve ter consciência do que pode oferecer (dentro das suas possibilidades)as fibras apresentem 
diferentes diâmetros em sua extensão.
A lã deve possuir coloração uniforme, alta umidade e calor, presença de lanaurina (pigmento amarelo 
da suarda), resíduo de remédios ou, raramente, presença de bactérias responsáveis por lãs de tonalidade 
verdes e azuis e, mais frequentemente, a utilização inadequada de tintas.
As condições do meio ambiente também influenciam na qualidade da lã produzida, em especial a 
temperatura e a umidade relativa do ar. Altas temperaturas favorecem a congestão da derme, o que pode 
levar à má circulação das camadas mais profundas. Isso se contrapõe à nutrição dos folículos pilosos, 
fazendo com que as fibras se tornem finas e curtas, além do efeito indireto no consumo voluntário. 
Em temperaturas frias constantes, ocorre o efeito inverso, o que torna as fibras mais grossas e longas. 
Temperaturas do ar entre 5 °C e 40 °C são as de maior ocorrência e viabilizam a criação de ovinos 
lanados e deslanados.
Já no que se refere à umidade relativa do ar, quando ela se encontra em torno de 90% (alta), diminui 
a produção de lã – o que afeta as suas propriedades, em especial a sua suavidade ao tato. Nos casos de 
umidade abaixo de 40%, a lã se torna menos elástica e resistente, pela diminuição da suarda. Binômios 
que apresentam altas temperaturas, associadas à alta umidade relativa do ar, são os mais prejudiciais, 
pois provocam a feltragem da lã.
6.2.3 Processamento da lã
A primeira etapa do processamento da lã é a lavagem. Nela, a lã crua é lavada através de uma série 
de tubos contendo solução de água e sabão. Nesse processo, a lanolina (gordura natural) é removida e 
cerca de 40 a 60% de seu peso original pode ser perdido.
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Em seguida há o tingimento, etapa em que as fibras brancas são tingidas de modo uniforme.
O próximo passo é a cardagem, na qual ocorre a mistura de vários comprimentos de fibra, há remoção 
do material vegetal e as fibras são esticadas para que fiquem na mesma direção.
Depois há o pente, que é o processo no qual as fibras curtas são removidas e as mais longas são 
esticadas, formando fios firmemente entrelaçados.
Por último, há a fiação, tecelagem e complemento – combinação de umidade, temperatura, fricção 
e pressão para encolher o material, dando a ele uma aparência mais macia.
6.2.4 Classificação das lãs
Devido à grande variedade de processos de produção e obtenção da lã, foi necessário criar uma 
forma de classificá‑la. Essa classificação está relacionada às exigências do mercado.
A escala Bradford é utilizada de forma a agrupar lãs em classes, que correspondem ao rendimento 
teórico que a lã pode produzir em fio. A classificação se baseia na média da finura do fio e essa escala 
expressa a quantidade das meadas de lã com 560 jardas (o que equivale a 512,064 m em extensão) de fio 
que pode ser obtido a partir de uma libra (0,4537 kg) de lã já lavada. A numeração de Bradford sempre 
é seguida de ’s, significando libra fiada.
Segue uma tabela com a classificação das lãs:
Tabela 2 – Classificação das lãs
Classes de lãs Escala Bradford Finura (micras) Comprimento (m)
Merina > 64’s 20 a 21 5 a 10
Amerinada 60–64’s 22 a 24 Mínimo 6
Prima A 60’s 23 a 24 8 a 18
Prima B 58’s 25 a 26 Mínimo 10
Cruza 1 56’s 27 a 29 Mínimo 10
Cruza 2 54–50’s 30 a 32 Mínimo 12
Cruza 3 48–46’s 32 a 34 Mínimo 13
Cruza 4 44’s 35 a 38 14 a 20
Cruza 5 36–40’s 40 a 42 Mínimo 15
Crioula ‑‑‑‑ 20 a 60 12 a 15
Fonte: Borges; Gonçalves (2002).
Essas classes ainda possuem subdivisões:
• supra: considerada com grau máximo, ocorre com lãs de ovinos que possuem alta pureza racial. 
As lãs supras são provenientes de velos com peso médio elevado;
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• especial: lãs procedentes de rebanhos que possuem grande pureza racial, finura relativa ao 
comprimento e mechas de comprimento e coloração natural;
• boa: lãs que apresentam uma menor uniformidade e boa suavidade, mas coloração irregular, 
tendo comprimento não inferior a ¾ do normal de cada raça;
• corrente: lãs que apresentam grande desuniformidade de fibras, com mechas com metade do 
comprimento normal, falta de resistência e velos com baixo peso;
• mista: considerada refugo, são lãs provenientes de animais velhos e doentes, que não possuem 
nenhuma qualidade e cujas fibras são muito desuniformes, sem resistência. Essas lãs podem ser 
causadas por verminoses e aftosa.
Devemos lembrar que essas subclasses podem estar presentes em todas as classes apresentadas 
anteriormente. Dessa forma, a lã merina, por exemplo, pode apresentar qualquer uma das 
subclasses, como lã merina supra, merina especial e até merina mista, assim como as demais 
classes de lãs.
6.3 Produção de carne
Conforme já citado anteriormente, a ovinocultura, mesmo sendo tradicional no Sul e no Nordeste 
brasileiro, não tem conseguido atender à demanda de carne interna. A carne de cordeiro é a mais apreciada 
no país, porém a sua oferta ocorre de forma sazonal e incipiente. Isso acontece de forma geral, uma vez 
que grande parte do rebanho brasileiro é composta de raças produtoras de lãs, ou raças mistas.
Para que a atividade voltada para a produção de carne se torne um sucesso, é necessário atentar‑se 
ao aumento das taxas de reprodução, ao menor intervalo entre partos, à precocidade sexual e de 
acabamento dos animais, ao rendimento da carcaça e à qualidade da carne. Tradicionalmente, os 
sistemas de produção utilizam‑se de pastagens, nas quais existem limitações nutricionais devido 
à produção forrageira que, se não forem observadas e corrigidas, podem gerar baixos índices de 
produção.
Quando ocorre uma baixa disponibilidade de nutrientes, a eficiência da produção é afetada, além 
de haver diminuição da fertilidade. Até a sobrevivência das crias é afetada, assim como a eficiência 
reprodutiva dos animais, a qual é agravada por fatores como consanguinidade.
A exploração racional envolve as fases de produção, recria e terminação, as quais podem ser realizadas 
em pastejo direto, confinamento ou de forma mista. Cada uma apresenta vantagens e desvantagens.
No Brasil, os animais de abate são divididos de acordo com seus tipos de carcaça e são classificados 
conforme a idade e o sexo. Eles se enquadram nas seguintes categorias:
• Cordeiro: animais entre 4 a 6 meses de idade, com peso vivo entre 15 e 25 kg. Apresentam ossos 
finos, carne rosada e lisa e apresentam cerca de 22% de gordura. Os cordeiros são os animais com 
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maior aceitação no mercado. Eles possuem melhores carcaças e custo‑benefício, sendo assim os 
mais estudados. Devido às suas qualidades, são os principais animais abatidos para a produção de 
carne.
• Borrego: animais com idade entre 12 a 18 meses, com peso vivo entre 30 a 50 kg, apresentam 
uma ossatura mais desenvolvida, o que faz com que o rendimento de sua carcaça seja entre 38 a 
43%. A carne do borrego é mais vermelha comparada à dos cordeiros e possuem mais gordura em 
sua carcaça (cerca de 35%). Por apresentar um maior peso que os cordeiros no abate, os borregos 
também possuem boa aceitação no mercado.
• Capão: são machos adultos. Possuem maior peso vivo, entre 45 a 50 kg, e rendimento de carcaça 
em torno de 41%. Sua carne é vermelha intensa e com a maior quantidade de gordura, que 
chega a ser considerada excessiva. A vantagem dos borregos costuma ser o rendimento de sua 
carcaça, cerca de 44%, embora isso se deva ao grande percentual de gordura apresentado, e é essa 
quantidade de gordura que faz com que a carne do animal capão não tenha tanta aceitação no 
mercado quanto comparada às carnes do cordeiro e do borrego.
• Carneiro: são machos adultos que não podem ser aproveitados para reprodução. Possuem 
musculatura mais escura e ossos pesados, além de excesso de gordura,fato que faz com que sua 
carne apresente um sabor diferenciado. Esse sabor faz com que sua carne seja costumeiramente 
comercializada após ser beneficiada, na forma de embutidos, charque, linguiça ou defumados. 
Assim, a carne de carneiro costuma ter baixo valor comercial.
• Ovelha: geralmente, são animais com idade avançada. Apresentam maior carcaça (com rendimento 
de 40%), com ossos mais pesados, carne com coloração vermelha bastante escura e musculatura 
rígida, para que não tenha muita palatabilidade.
A qualidade da carne ovina e as características de sua carcaça são relacionadas com a gordura 
intramuscular. Isso tem relação direta com a espessura, consistência e textura da carne. De forma 
geral, a qualidade da carne está diretamente relacionada com o diâmetro médio das fibras musculares, 
responsáveis pela maciez, suculência e sabor da carne. Quando há elevado diâmetro das fibras, ocorre 
maior proporção de substância branda em relação ao tecido conjuntivo. Sua produção abrange o 
período entre a concepção e o desmame. Assim, o desempenho da matriz e da cria depende de 
diversos fatores.
A carne ovina apresenta consistência elevada, alta digestibilidade proteica (em torno de 97%) 
e da gordura (próximo a 96%). Apresenta baixo pH, glicogênio residual e pequenas perdas por 
congelamento, além de variações em função da idade, do sexo e do acabamento (teores de gordura 
e água) dos animais.
Considera‑se o fator nutricional de fundamental importância. Ovelhas, quando estão em boas 
condições, possuem maiores taxas de ovulação e geram crias mais pesadas desde seu nascimento até o 
desmame, fato este que eleva a prolificidade e a taxa de sobrevivência das crias.
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6.4 Manejo de crescimento
Quando bem alimentadas e manejadas, as crias mais pesadas apresentam altas taxas de crescimento, 
podendo ser entendidas como maior produção por animal por ano. Entretanto, deve‑se estar atento 
também ao manejo sanitário, principalmente no período pré‑parto e do início de lactação, uma vez que 
nessas épocas as ovelhas estão mais propensas às verminoses e há eliminação de grandes quantidades 
de ovos dos parasitas, o que pode causar problemas para as crias.
Em regiões onde há alta precipitação pluviométrica, a desmama tardia esbarra no grave problema 
das verminoses, o que costuma ser agravado por altas lotações e boas condições de pasto. Desta forma, 
sugere‑se que a desmama seja feita de forma precoce, aos 45 dias de idade, evitando assim que ocorram 
perdas por mortalidade.
A fase de cria caracteriza‑se, a princípio, pela permanência das crias com as ovelhas, em regime de 
pastejo. Para obter maiores pesos ao desmame, é recomendado que ocorra a suplementação alimentar 
com concentrados a partir do sétimo dia de idade; para isso, pode‑se utilizar o alimentador privativo 
(creep feeding), assim o cordeiro já estará adaptado à alimentação sólida após o desmame, evitando o 
estresse e possível perda de peso.
A suplementação alimentar de cordeiros com concentrados em local exclusivo a eles, conhecida 
como creep feeding, deve ser iniciado a partir dos 7 a 10 dias de idade, com os animais ainda em 
fase de amamentação. Essa suplementação torna‑se uma prática viável, pois com ela é possível que 
ocorra o desmame desses animais precocemente com bom peso. Se confinados, os animais já estarão 
acostumados ao tipo de alimento, e assim exige‑se menos das fêmeas lactantes.
O consumo de alimento pelos cordeiros, entre duas e seis semanas de idade, costuma ser 
afetada pela palatabilidade e pelas condições do creep. Ele deve ser de fácil acesso, com boa 
luminosidade e se localizar próximo ao ponto de descanso preferencial do rebanho. Os filhotes 
possuem preferência pela ração farelada até quatro semanas de idade; após quatro a cinco 
semanas, os filhotes passam a aceitar dietas peletizadas, podendo consumir grãos inteiros já a 
partir da quinta semana de idade.
O pico de produção de leite das ovelhas varia de 30 a 40 dias, dependendo da raça de cada animal. 
As raças mais específicas para a produção de leite têm maior persistência de lactação; assim, possuem o 
pico de produção mais tardio (o inverso ocorre com os animais de raças menos especializadas). Devido a 
esta situação fisiológica, a partir desse momento, o cordeiro aumenta de forma drástica o consumo de 
alimentos sólidos, uma vez que o leite já não é mais suficiente para atender a todas as suas necessidades 
nutricionais. Por esse motivo, o creep feeding possibilita um incremento no ganho de peso desses 
animais, pois é nessa fase que o cordeiro apresenta elevado ritmo de crescimento, devido à deposição 
dos tecidos ósseos, do muscular e também do adiposo.
Ainda deve‑se considerar a nutrição dos cordeiros nos seus últimos dois meses de vida intrauterina 
(flushing para ovelha). Geralmente, filhotes nascidos mais pesados apresentam maiores possibilidades 
de sobrevivência durante as primeiras 72 horas de vida.
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 Observação
Para determinar qual a melhor idade para o desmame, é necessário que 
seja levado em consideração qual é o objetivo da criação.
O cordeiro superprecoce apresenta idade de desmame entre 25 e 45 dias. Para o precoce, 
que é utilizado em criações destinadas à produção de carne, sendo o mais comum e indicado no 
Brasil, o desmame se dá entre 45 e 90 dias de idade. O desmame considerado tardio ocorre após 
os 91 dias de idade. Essa situação não é recomendada por ser praticada em rebanhos criados 
de maneira extensiva e não deve ser adotada, uma vez que as propriedades que trabalham com 
manejo extensivo geralmente possuem baixo nível tecnológico e, por consequência, apresentam 
baixa produtividade e rentabilidade.
O período entre o desmame e o peso mínimo que a cria precisa para entrar em reprodução ou 
terminação é chamado de fase de recria. Para animais destinados ao abate, o peso mínimo para entrar 
em confinamento de forma a ser economicamente viável é de 15 kg. Assim, algumas vezes a fase de 
recria poderá ser desnecessária.
Quanto ao ganho de peso (GPD), consideram‑se bons os ganhos entre 130 e 250 gramas por dia para 
as condições do rebanho brasileiro e de 350 gramas por dia para o rebanho europeu. Esses dados podem 
ser utilizados para a avaliação do desempenho produtivo e da eficiência da dieta.
Devido às adversidades encontradas, é necessária a tecnificação dos sistemas de produção, 
principalmente devido à tendência de intensificar o processo de terminação de cordeiros, de modo 
a agilizar os negócios e a produção de carne ovina de qualidade. Nesse aspecto, podemos destacar 
a introdução da desmama precoce associada ao uso do creep feeding, seguida pela terminação dos 
cordeiros em regime de confinamento.
Para que o sistema seja viável economicamente, alguns pontos devem ser analisados. Dentre 
eles, destacamos: salubridade e conforto do ambiente, duração do confinamento, utilização de 
subprodutos e compatibilização do nível nutricional e do potencial genético do animal. Para o sucesso 
do confinamento, também é recomendado fazer previamente uma análise do mercado e da relação 
custo x benefício.
A melhoria no manejo de forma correta das pastagens leva a um melhor nível nutricional do rebanho, 
de modo a gerar maiores taxas de ovulação das ovelhas e maior peso do filhote ao nascer e no período 
de desmame. Essas duas últimas são fundamentais para aumentar a taxa de sobrevivência (com mais kg 
de cordeiro desmamado/ovelha) (SILVEIRA, 1990).
Já a eficiência reprodutiva está ligada ao somatório da fertilidade, prolificidade e sobrevivência dos 
cordeiros e possui grande dependência genética. Já é sabido que a consanguinidade diminui a eficiência 
reprodutiva de forma a prejudicar a produção de carne.
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Unidade IIIA terminação de cordeiros em confinamento para a produção de carne tem se mostrado viável 
economicamente quando comparamos a cordeiros terminados em pastagem, que normalmente 
apresentam maior mortalidade e riscos de infecções por verminoses.
Diversos estudos demonstram que os ovinos apresentam uma característica comportamental 
marcante de seletividade alimentar. Eles ingerem grande proporção de folhas, em detrimento de extratos 
menos nutritivos, como caule e matéria inerte. Dessa forma, infere‑se que cordeiros em pastagens de 
qualidade apresentam menores ganhos, que não são muito distantes daqueles obtidos por cordeiros 
em sistema de confinamento. O sistema de confinamento apresenta como grande vantagem menor 
mortalidade quando comparado aos regimes de pasto, nos quais há infecções endoparasitárias, em 
especial causadas por Haemonchus contortus, uma das principais causas de morte entre ovinos.
Para recuperar os gastos com os custos adicionais das instalações do confinamento, deve‑se buscar 
utilizar animais que possuam alto potencial genético para ganho de peso e boa conversão alimentar e 
que apresente uma deposição de gordura adequada na carcaça.
O ganho de peso é a variável importante para a avaliação do desempenho produtivo e da eficiência 
da dieta. O conhecimento prévio da faixa etária em que ocorre maior taxa de crescimento permite ao 
produtor programar o sistema de terminação dos cordeiros de forma que o abate ocorra na fase em que 
a eficiência de conversão inicie seu decréscimo.
Diversos estudos indicam que a maior taxa de crescimento ocorre entre um e cinco meses de idade, 
atingindo o ponto máximo entre 70 e 90 dias. Sexo e tipo de parto também exercem efeito sobre o ganho 
de peso, de forma que os machos, normalmente, ganham mais peso do que fêmeas, assim como animais 
de gestação única ganham mais peso quando comparados a animais oriundos de gestações múltiplas. 
Utilizando os manejos nutricional, reprodutivo e sanitário adequados e compatíveis, a heterose pode ser 
utilizada para melhorar a eficiência no ganho de peso.
Quando aplicado ao rebanho brasileiro, seu potencial genético pode ser melhorado, o que pode ser 
feito aproveitando as raças existentes, introduzindo raças mais produtivas ou ainda por meio do uso de 
cruzamentos.
Os cruzamentos parecem ser mais viáveis, podendo‑se aproveitar ventres econômicos, mais 
resistentes e adaptados às regiões, cruzados com carneiros de raças produtoras de carne. Há também 
o uso da mestiçagem: primeiro, cruza‑se as ovelhas locais com animais de raças com aptidão leiteira, e 
as fêmeas geradas a partir deste cruzamento devem ser acasaladas com carneiros de raças produtoras 
de carne.
Quando se pretende diminuir os custos com alimentação, mas sem que o desempenho dos animais 
seja afetado, é válida a busca por alimentos alternativos. A alimentação do rebanho é responsável por 
uma grande parcela no custo variável da produção, chegando a 60 a 80% no confinamento de ovinos 
de corte. Com o objetivo de reduzir os custos, a utilização de resíduos de culturas vegetais e animais na 
alimentação dos cordeiros em terminação tem sido uma boa opção, pois além de maximizar os lucros 
do produtor, contribui na redução do impacto ambiental.
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A região Sudeste do Brasil apresenta grande opção de subprodutos, destacando‑se os resíduos de 
panificação, os subprodutos da industrialização do palmito, a polpa cítrica, a atividade pesqueira, nas 
formas de descarte da comercialização e do processamento, a casca de café e os dejetos de suínos. Todas 
essas opções têm proporcionado resultados bem satisfatórios em cordeiros de confinamento.
6.5 Manejo de ovinos em pastagem
A terminação em pastejo pode se apresentar de forma satisfatória quando respeitadas as condições 
técnicas e econômicas locais. No âmbito brasileiro, a estacionalidade na produção das forrageiras é 
um problema para a ovinocultura, pois há alternância entre os períodos de alta e baixa produção de 
forragem e o período de escassez coincide com o frio de inverno. Isso limita a produção do pasto pela 
falta de umidade, causando insuficiência para atender às exigências para a manutenção dos ovinos.
Uma ovinocultura eficiente e viável (economicamente) fica na dependência do crescimento natural 
das forrageiras. Assim, a reserva de alimentos para a suplementação dos animais nos períodos críticos 
deve ser fundamental, com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da escassez de forragem no 
desempenho dos animais.
Para um manejo adequado das pastagens, com o objetivo de serem utilizadas por ovinos, é necessário 
analisar dois aspectos: a obtenção de forragem em níveis elevados, qualitativamente e quantitativamente, 
e a manutenção de um reduzido nível de contaminação por ovos e larvas de helmintos. Para a exploração 
intensiva das áreas disponíveis, deve‑se determinar o número total de matrizes de criação, de forma 
a determinar a carga animal máxima. Para isso, deve‑se ter como base a área de pastagens de fato 
disponível e o potencial de produção anual de MS, da forrageira predominante.
As pastagens devem ser manejadas, sempre, em esquema de rotação, visando principalmente manter 
no menor nível possível a infestação da forragem por larvas de helmintos. Assim, devem‑se evitar os 
períodos de ocupação superiores a cinco ou seis dias, o que minimiza a exposição dos animais às larvas 
infestantes eclodidas durante o mesmo ciclo de pastejo, gerando a autoinfecção. Quando a população 
de larvas se tornar significativa, os animais já não estarão naquela área de pastagem, cuja forragem já 
estará bastante rebaixada, e as larvas ficarão sem hospedeiros e expostas às intempéries climáticas.
O período de repouso da pastagem varia em relação à época do ano, das condições climáticas, da 
forrageira e das condições de fertilidade do solo. De forma geral, considera‑se suficiente um período 
de 35 a 45 dias para que se tenha uma boa recuperação da forrageira, além de uma considerável 
diminuição na quantidade de larvas. Com o uso do pastejo rotacionado, melhora‑se o manejo sanitário, 
além de ocorrer a maximização da utilização do pasto, em especial nas regiões em que o valor das terras 
é alto. As forrageiras mais indicadas são aquelas que suportam o manejo baixo, que possuem intensa 
capacidade de rebrota a partir das gemas basais e que tenham sistema radicular bem desenvolvido, 
garantindo uma boa fixação ao solo.
Dentre as categorias dos ovinos, as ovelhas em final de gestação e início de lactação juntamente com 
os cordeiros a partir do desmame são os animais que estão mais suscetíveis às verminoses, então devem 
ser destinados às pastagens descontaminadas. Caso isso não seja possível, deve‑se dar preferência aos 
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últimos, por serem eles os mais susceptíveis. Para que seja retardada a recontaminação das pastagens, 
é necessário administrar ao rebanho de ovinos um anti‑helmíntico de amplo espectro antes que os 
animais sejam introduzidos nas pastagens.
Alguns aspectos devem ser pensados na produção de carne ovina: o desempenho reprodutivo da 
ovelha, a velocidade de crescimento dos cordeiros e o nível nutricional disponível para os animais são 
de grande importância.
Há algumas formas que podem ser adotadas para melhorar o desempenho na produção de carne 
ovina. Devem ser selecionados animais que apresentem maior fertilidade, taxa alta de natalidade e 
capacidade de produção de leite, de forma que gerem filhotes que apresentem grande eficiência no 
uso do alimento disponível. Também pode‑se usar raças exóticas que apresentem esses atributos, como 
forma de introduzi‑los na genética do grupo (conforme já explicado anteriormente, deve‑se utilizar 
cruzamentos de 1ª e 2ª gerações).
Para programar o sistema de terminação dos cordeiros, é necessário o conhecimento da faixaetária em que ocorre o maior crescimento, de forma que os animais sejam utilizados antes que esse 
crescimento comece a diminuir. Nas condições de produção brasileiras, a faixa para terminação dos 
cordeiros amplia‑se de dois a cinco meses de vida. Conforme já informado anteriormente, o sexo e o 
tipo de parto influenciam no GPD (ganho de peso diário) e animais resultantes de gestação múltipla 
apresentam menor velocidade de ganho de peso quando comparados aos animais de partos simples.
A estrutura de comercialização da carne ovina deveria ser mais atuante, de forma a reverter a baixa 
demanda do produto. Os produtores também devem trabalhar de modo a evitar sazonalidade de produção 
e fazendo a oferta de carcaças heterogêneas diminuir, oferecendo ao mercado um produto de melhor 
qualidade. Também é possível melhorar o mercado oferecendo ao consumidor novos cortes e derivados.
6.6 Principais raças
6.6.1 Raças lanadas
As raças lanadas são aquelas que apresentam lã da testa aos pés.
• Exemplo de raças para lã:
— Merino australiano: é um ovino de grande produção de lã e adaptado ao sistema de criação 
extensiva. A lã é bem suave ao tato e de cor branca característica; basta colorir, enquanto as 
outras precisam ser descoloridas e coloridas novamente. Raça pura para lã, as vísceras têm 
muito peso. São possíveis duas tosquias por ano, com cerca de 2,5 kg cada tosquia.
• Exemplos de raças mistas lã/carne:
— Ideal: também chamada de Polwarth, tem ¾ de sangue Merino Australiano e ¼ Lincoln, com 
60% voltada para lã e 40% para carne. Apresenta lã mais grossa que a Merino.
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— Corriedale: raça de menor porte, possui 50% de sangue Merino e 50% Lincoln.
— Romney Marsh: é uma das poucas raças adaptadas a solos mais úmidos, com 60% voltada para 
carne e 40% para lã.
• Exemplos de raças para carne:
— Ile de France: gigante francês, é um animal de grande porte, com bom desenvolvimento de 
massa muscular nas regiões nobres, como pernil, lombo e paleta.
— Poll Dorset: raça que foi introduzida no Brasil em 1991. Embora de origem australiana, os 
melhores rebanhos são da Nova Zelândia.
Essas duas últimas são de grande porte. Sendo assim, apresentam um pernil grande e o preço é alto.
— Texel: de alta fertilidade, faz cruzamento com a Dorper (rústica), resultando na Dortex. Apesar 
de sua lã ser de coloração branca, ela tem baixa qualidade, pois o animal é do tipo carne. Sua 
carcaça tem baixo teor de gordura.
Figura 43 – Raça Texel (Feinco, 2010)
— Dorper: rústica e de pouca fertilidade, é cara‑preta, mas também pode ser inteira branca, casos 
em que é chamada White Dorper.
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Figura 44 – Raça Dorper (Feinco, 2010)
— Suffolk: pertence aos caras negras. Possui a cara e os membros desprovidos de lã e pelos pretos. 
É um animal precoce que produz carcaça magra e tem boa habilidade materna.
— Hampshire Down: semelhante à Suffolk, é cara negra, mas possui lã na testa. Os membros 
também são pretos, mas não inteiramente, e sim apenas até o jarrete (acima disso é lanado), 
diferindo da Suffolk.
• Exemplos de raças para leite:
— Bergamácia: raça de origem italiana utilizada para produção de leite e queijo (Roquefort). 
Possui o ventre fundo e tem “muita víscera” (muito peso de vísceras). É um animal de grande 
porte, com pelagem branca e lã que geralmente cobre metade do corpo, e possui orelhas longas. 
As ovelhas são muito prolíferas e com boa habilidade materna. Sua lã é ruim, embaraçada, de 
baixíssima qualidade. A lactação dura em média cinco meses.
— Lacaune: raça lanada, está há menos tempo no Brasil.
6.6.2 Raças deslanadas
A seguir, alguns exemplos de raças lanadas:
• Carne, leite e couro (alguns criadores de ovinos preferem adotar o termo “pele”):
— Santa Inês: possui cor mais escura que a morada nova. É uma raça de grande porte que 
produz boas carcaças. O couro é forte e resistente. Pode se reproduzir em qualquer época 
do ano e geralmente apresenta partos duplos (gemelares). Para produzir leite, é necessária a 
suplementação. A pelagem pode ser branca, vermelha, preta, marrom ou pintada.
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Figura 45 – Raça Santa Inês (Feinco, 2010)
• Carne e couro:
— Morada Nova: raça nativa do Nordeste brasileiro, é rústica, menor que a Santa Inês e de cor 
marrom, vermelha ou branca. Pode parir em qualquer época, pois pode entrar em cio durante 
o ano todo.
— Somalis: animal branco, com regiões do corpo pretas, tem reserva de energia na região da cauda.
• Couro:
— Karakul: voltada para produção de couro, apresenta pelagens variadas. Alguns possuem lã, a 
qual é ruim, embaraçada.
*No Brasil, há também animais SRDs (sem raça definida), obtidos de vários cruzamentos.
 Saiba mais
Para saber mais sobre produção de ovinos, informe‑se no site da 
Associação Paulista de Criadores de Ovinos:
.
 Resumo
A pecuária bovina leiteira representa cerca de 20% do segmento 
da pecuária no Brasil, podendo ser realizada em modelo extensivo 
(exclusivamente a pasto) ou com os animais confinados.
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Há diferentes formas de produção de leite: o leite tipo C é 
produzido através de ordenha manual, o tipo B é proveniente de 
ordenha mecânica e destinado ao processamento em laticínio e o 
tipo A é totalmente mecanizado e beneficiado dentro da propriedade 
rural.
De forma geral, podemos dizer que a produção de leite pode ser 
realizada de maneira manual, modo no qual ocorre menor controle sobre 
os animais e em uma produção em menor escala, ou mecanizada, em que 
há maior controle de animais e produção. Nesta, o free stall, na qual há 
uma área de confinamento e um piquete anexo para os animais, aparece 
como instalação principal.
Existem raças bovinas especializadas quase exclusivamente para a 
produção de leite e derivados. Dentre elas, podemos citar as raças Holandesa, 
Jersey e Pardo Suíço, que apresentam menor resistência a agentes de 
doença e ambientes com temperaturas elevadas. Existem também raças 
zebuínas que podem ser utilizadas na produção leiteira; embora sejam 
menos produtivas, elas apresentam maior resistência, tais como as raças 
Gir leiteira e Guzerá.
Assim como nos bovinos de corte, dentre os bovinos leiteiros há raças 
sintéticas. A principal delas é a Girolanda (resultante do cruzamento entre 
animais de raça Gir com raça Holandesa), sendo esta a que apresenta maior 
resistência ao clima tropical e a doenças dentre todas as raças bovinas 
leiteiras existentes no país.
Os ovinos são pequenos ruminantes que têm apresentado amplo 
crescimento no Brasil. Inicialmente, eram manejados exclusivamente 
em pastagens (modelo extensivo); atualmente, há diversos plantéis 
realizados em confinamento (modelo intensivo) e semiconfinados (modelo 
semi‑intensivo).
As finalidades comerciais dessa espécie são produção de carne, lã, 
leite e couro (em nosso país, predomina a produção de carne). Sua 
produção de lã tem apresentado grande crescimento, são fundamentais 
os métodos de manejo para sua obtenção e retirada, sendo a principal 
raça no Brasil voltada para esse fim a Merino Australiano. Já para 
a produção leiteira, que vem crescendo cada vez mais no país, as 
principais raças são a Bergamácia e Lacaune. A produção de couro, 
por sua vez, é relacionada com a raça Karacul. No Brasil, o maior 
predomínio é na produção de carne, havendo inúmeras raças voltadas 
para esse fim.
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Há raças deslanadas (Santa Inês e Morada Nova) e raças lanadas. Vale 
ressaltar que raça lanada não é única e exclusivamente voltada para a 
produção de lã; as principais raças lanadascriadas no país são destinadas à 
produção de carne, sendo as principais as seguintes: Dorper, Suffolk, Texel 
e Ile de France.
 Exercícios
Questão 1. (ENADE, 2013) Atualmente a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) pode ser aplicada 
rotineiramente nas fazendas. Os programas de IATF são desenvolvidos para controlar a função luteínica e 
folicular, permitindo, assim, uma taxa de prenhez satisfatória por inseminação. Esses programas podem 
ser considerados uma importante ferramenta de manejo reprodutivo de bovinos.
Acerca dos benefícios proporcionados por essa técnica, avalie as afirmações que se seguem.
I – A redução do manejo de observação de cios juntamente com a possibilidade de maior uniformização 
dos lotes estão entre as maiores vantagens da técnica.
II – A IATF em comparação com a inseminação artificial convencional proporciona a obtenção de 
animais com valor genético superior.
III – A utilização de touros com altos valores genéticos na IATF reduzirá o intervalo de gerações da 
população, permitindo, assim, maior ganho genético.
IV – O protocolo hormonal utilizado na IATF proporciona superovulação e, assim, permite inseminação 
de todos os animais em horário preestabelecido, o que facilita o manejo.
V – A técnica permite a inseminação de um grande número de animais em curto período de tempo, 
possibilitando, assim, a obtenção de maiores índices de prenhez no início da estação de monta.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I.
B) I e V.
C) II e III.
D) IV e V.
E) II, III e IV
Resposta correta: alternativa B.
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Unidade III
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta. 
Justificativa: são muitos os benefícios proporcionados pela implantação de um programa de 
inseminação artificial em tempo fixo (diminuição do intervalo entre partos, melhoramento genético, 
ganho de eficiência reprodutiva, nascimentos concentrados, homogeneidade de bezerros), que apesar 
de ser uma tecnologia relativamente nova, tem sido cada vez mais adotada nos rebanhos bovinos em 
todo o Brasil. 
II – Afirmativa incorreta. 
Justificativa: a diferença de animais nascidos em diversos meses do ano dificulta, inclusive, o controle 
zootécnico do rebanho. Os desníveis de peso e idade prejudicam o manejo dos animais e afetam a seleção 
dos melhores espécimes ao final da desmama. Para evitar que isso ocorra, os pecuaristas utilizam a 
inseminação artificial em tempo fixo para uniformizar as características dos bezerros e ainda aproveitar 
o período das chuvas para que a pastagem esteja adequada na época do nascimento. 
III – Afirmativa incorreta. 
Justificativa: podem‑se considerar outros fatores que colocam a IATF como um procedimento 
vantajoso para os produtores. No desmame, as crias têm 10 kg a mais quando comparadas com os filhos 
da monta natural; a concepção é antecipada em 20 dias; e há redução de 1/3 no número de touros de 
repasse necessários.
IV – Afirmativa incorreta. 
Justificativa: as vacas tratadas com protocolos de IATF que não se tornaram gestantes na primeira 
tentativa tendem a apresentar maior taxa de prenhez na estação de monta em relação às não tratadas, 
em função da indução de ciclicidade promovida pelo tratamento hormonal. Isso aumenta a eficiência 
reprodutiva do rebanho.
V – Afirmativa correta. 
Justificativa: essa tecnologia caracteriza‑se pela sincronização do cio e da ovulação em vacas, 
eliminando a necessidade de detecção de cio e possibilitando a inseminação artificial de uma grande 
quantidade de animais em apenas algumas horas. Com essa inseminação, aproximadamente 50% dos 
animais tornam‑se gestantes. O restante dos animais que não se tornaram gestantes é colocado com 
o touro para monta natural pelo resto da estação reprodutiva ou são submetidos à observação de cio 
para que sejam novamente inseminados. “Uma série de avaliações mostrou que, ao final da estação 
de monta, animais que são tratados para IATF apresentam uma antecipação do momento médio em 
que as gestações ocorrem e um incremento da taxa de prenhez geral ao término da estação de monta, 
aumentando a eficiência reprodutiva desses rebanhos”. 
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Questão 2. (CESGRANRIO, 2013) Na bovinocultura de corte, a taxa de desfrute mede a capacidade 
do rebanho em gerar excedente, ou seja, representa a produção (em arrobas ou cabeças) em um 
determinado espaço de tempo em relação ao rebanho inicial. Essa taxa avalia a relação percentual entre 
o número de animais excedentes e o total do rebanho. 
Nesse sentido, a taxa de desfrute:
A) exclui as vacas descartadas do total do rebanho.
B) exclui os bezerros em aleitamento do total do rebanho.
C) exclui os novilhos em idade de abate dos animais excedentes.
D) é superior à taxa de abate, já que exclui do rebanho excedente animais destinados a outros fins, 
tais como reprodução ou recria.
E) é diferente da taxa de abate, mesmo que todos os animais extraídos do rebanho sejam destinados 
ao abate como acontece em atividades de terminação.
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade IV
7 CAPRINOCULTURA
7.1 Introdução
As cabras foram os primeiros animais a serem domesticados pelo homem, há cerca de 9.500 anos, 
na região conhecida atualmente como Oriente Médio (Síria e Palestina). A intenção era utilizá‑los na 
produção de leite e carne, o que foi de grande importância para a criação dos primeiros núcleos de 
assentamentos da civilização. As cabras são consideradas animais muito dóceis e de fácil manejo, além 
de se adaptarem com extrema facilidade às diversas condições climáticas e tipos de terrenos, fatores 
estes que auxiliaram na expansão da criação dos caprinos pelo mundo. No Brasil, os caprinos foram 
introduzidos junto aos primeiros colonos portugueses, que os trouxeram no início da colonização como 
uma importante fonte de suprimentos (leite, carne e pele).
Segundo dados da FAO, estima‑se que o rebanho mundial de caprinos seja de 880 milhões de 
animais. Esses rebanhos apresentam‑se em forte concentração em países em desenvolvimento e 
subdesenvolvidos, sendo a China o país que possui o maior rebanho, com quase 152 milhões de cabeças.
De forma geral, quase todo o leite produzido nos países em desenvolvimento é destinado à própria 
subsistência das famílias ou grupos familiares ligados a essa produção, fazendo que o consumo seja 
feito próximo aos locais de produção.
Tabela 3 – Maiores rebanhos caprinos do mundo
1 China 152.499.101 17,3%
2 Índia 126.009.000 14,3%
3 Bangladesh 60.600.000 6,9%
4 Paquistão 58.279.000 6,6%
5 Nigéria 55.145.400 6,3%
6 Sudão 43.270.000 4,9%
7 Irã 25.500.000 2,9%
8 Etiópia 21.960.700 2,5%
9 Mongólia 19.651.500 2,2%
10 Indonésia 15.768.500 1,8%
17 Brasil 9.164.420 1,0%
Total mundial 879.744.635
Fonte: Caniello (s.d.).
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O Brasil possui um rebanho com cerca de 10 milhões de cabeças (o que representa 1% do total 
mundial), sendo atualmente o 17º produtor mundial em caprinos. Sua criação é realizada mais 
comumente por pequenos produtores, em propriedades com até 100 hectares de extensão, sendo 91% 
da produção concentrados na região Nordeste do país. Os rebanhos geralmente apresentam grande 
número de animais, criados de forma livre, nos pastos. Há no país criações com mais recursos financeiros 
que são especializadas na produção de corte, leite e couro. No Sudeste brasileiro, existem pequenas 
criações voltadas para a produção de leite.
Analisando os dados entre 1974 e 2009, pode‑se verificar que ocorreu muita oscilação na criação 
de caprinos no Brasil. Dentro desse período, houve um grande crescimento no efetivo caprino do país 
entre os anos de 1974 a 1991; já durante os anos de 1992 a 1996,ocorreu grande queda no número de 
animais, que chegou à quantidade próxima ao do ano de 1974. Em seguida, a partir de 1997, verificou‑se 
um novo período de crescimento no número de animais, que chegou a apresentar um efetivo máximo 
no ano de 2006 (passando de 10 milhões de cabeças), mas após esse período houve nova queda e o 
número de animais chegou a algo em torno de 9 milhões em 2009.
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Efetivo caprino (Brasil)
Ca
be
ça
s
Figura 46
Considerando toda a extensão territorial do país, é certo dizer que há potencial para a expansão da 
caprinocultura no Brasil.
Na criação de caprinos, pode‑se aproveitar desde o leite (atividade mais difundida no Brasil) até sua 
carne e couro, sendo assim uma atividade de grande potencial econômico. Uma vez que sua carne não 
apresenta tanto apelo popular – pois as pessoas de maneira geral preferem a carne de origem ovina à 
caprina –, a criação de caprinos no país é voltada para a produção de leite. Mesmo assim, a produção 
de carne e couro vem se desenvolvendo no Brasil, devido à alta adaptação dos animais, em especial no 
semiárido brasileiro, juntamente com o perfil histórico, social e econômico dos criadores dessa atividade 
numa das regiões mais carentes do Brasil.
7.2 Produção de leite
No quesito produção de leite, 67% da produção de leite de cabra são feitos por agricultores familiares, 
taxa que pode chegar a 73% na região Nordeste do Brasil, segundo o último censo agropecuário realizado 
no Brasil, em 2006, publicado em 2009 pelo IBGE (BRASIL, 2006).
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Os caprinos produzem mais leite quando comparados aos ovinos. Uma cabra pode produzir, em 
média, quatro litros de leite por dia, enquanto uma ovelha leiteira produz uma média de 900 ml/dia. De 
uma forma geral, o litro de leite de cabra custa em torno de R$ 2,00; já o leite de origem bovina custa 
cerca de R$ 0,70/litro. Uma vaca produz em média 20 litros/dia de leite, com média de uma UA/ha; já 
uma cabra pode produzir quatro litros/dia, com média de 8 a 10 UA/ha, produzindo, assim, até 40 litros/
dia em uma área determinada. Dessa forma, apresentam um leite que possui valor do litro até três vezes 
maior e com produção que pode chegar a ser duas vezes maior quando comparada à produção de leite 
de origem bovina.
No Brasil, o comércio de leite de cabra é considerado recente. Até 1988, o comércio de leite de cabra 
era feito de forma clandestina e não existia nenhum tipo de comércio legalizado, nem os aspectos 
fiscais e sanitários. Como o rebanho caprino está concentrado na região Nordeste do país, é exatamente 
ali que se iniciou um sistema organizado para aquisição, produção e distribuição de leite, apoiado por 
programas dos governos estaduais. O primeiro desses programas foi iniciado em 1999, no Rio Grande 
do Norte, seguido de forma semelhante por diversos estados, de modo a mobilizar produtores com o 
surgimento de associações. Isso gerou um aumento no volume de renda e resultou numa melhoria tanto 
para os produtores no campo como para a população urbana, que também se beneficiou com sucesso 
por esse tipo de programa institucional do leite.
Conforme citado anteriormente, o Brasil apresenta grande potencial na exploração do rebanho 
existente no Nordeste brasileiro, que ainda tem pequeno aproveitamento no potencial de sua produção 
de leite de cabra e derivados. Ainda existe a necessidade de mais programas governamentais de incentivo 
para que ocorra grande desenvolvimento no setor.
O leite de cabra apresenta 20% mais cálcio e até 30% menos colesterol e possui menor teor de 
açúcar e teores semelhantes de proteínas e vitaminas quando comparado ao leite de vaca. Enquanto 
o leite de vaca demora cerca de duas horas para ser absorvido pelo organismo humano, o leite de 
cabra demora aproximadamente 40 minutos, ou seja, é mais digestivo. Como possui características 
alcalinas, assim como o leite materno (enquanto o leite de vaca é ácido), o leite de cabra é considerado 
um substituto ideal ao leite humano, para lactação infantil, especialmente para as crianças alérgicas à 
lactose (que compõem 6% da população mundial).
É importante destacar que o leite de cabra é único em diversas utilizações, de modo a ser consumido 
em diversas formas, como subsistência, matéria‑prima de queijos (sendo muito apreciado e considerado 
o melhor dentro da Europa, em especial na Espanha e França) e até produção de cosméticos.
Quase metade da produção de leite de cabra produzido no país é usada para consumo próprio das 
famílias produtoras. Mesmo sendo incipiente na indústria e no comércio, o Brasil já consegue apresentar 
todo o potencial que a atividade da caprinocultura pode exercer no país. Suas indústrias nas regiões 
Nordeste e Sudeste compram o leite de cabra para as mais diversas atividades, desde produção de 
leite pasteurizado destinado para programas institucionais, como merenda escolar (nos estados do Rio 
Grande do Norte e da Paraíba), até o leite UHT, leite em pó, congelado, iogurtes e derivados (nos estados 
de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais). Assim, o leite de cabra está conquistando 
de forma crescente o mercado de leite e derivados.
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A industrialização do leite de cabra e seus de derivados também exige que as instalações e os 
equipamentos utilizados sejam adequados e que a empresa responsável por essa industrialização seja 
legalizada e credenciada junto aos Serviços de Inspeção Sanitária (SIF) responsáveis no âmbito federal, 
estadual ou municipal, quando o município possuir legislação específica para produtos de origem 
animal. Por isso, a importância dos programas de incentivo, principalmente aos pequenos produtores.
Há diversos tipos de produtos lácteos originados a partir do leite de cabra. Dentre os industrializados, 
os mais frequentes são:
• Leite de cabra integral (pasteurizado, congelado, esterilizado e também na versão UHT, em 
embalagem do tipo longa vida).
• Leite de cabra em pó: o beneficiamento de leite em pó é uma maneira de regularizar a oferta de 
leite de cabra para o mercado, possibilitando ao produtor um melhor escoamento do produto na 
época de maior produção de leite. Infelizmente, essa prática exige equipamentos e instalações de 
alto custo. Uma parceria do governo do estado do Rio de Janeiro junto à Queijaria Suíça de Nova 
Friburgo criou a instalação da usina de beneficiamento, o que gerou uma imediata crescente 
produção de leite na região serrana do Rio de Janeiro. Além dela, existem no país mais duas 
pequenas unidades, de pequeno porte, capazes de processar o leite de cabra em pó (cerca de 130 
litros/hora): uma no Instituto Cândido Tostes em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e outra no Centro 
Nacional de Pesquisas de Caprinos da Embrapa em Sobral, no Ceará. Junto a elas, a empresa CCA 
Laticínios também processa leite de cabra em pó no município de Macuco, no Rio de Janeiro, além 
de importar da Holanda parte desse tipo de leite.
• Queijo de cabra, de diversos tipos:
— Frescal.
— Boursin, que pode ser natural ou conter especiarias (ervas e alho).
— Moleson, que possui massa tipo semidura.
— Chevrotin, Chabichou, Crottin, Saint Maure, Pirâmide, queijos que possuem massa semimole.
— Gran Caprino, Caprino Serrano e Caprino Esférico (lançados no mercado brasileiro em 2009), 
queijos de massa semidura de coagulação enzimática.
— Iogurte: além de possuir grande aceitação no mercado nacional, sua produção é de baixo 
custo, uma vez que, diferente do leite em pó, não requer equipamentossofisticados, sendo de 
fácil produção.
— Sorvetes: dos mais diversos sabores, têm se mostrado de boa aceitação no mercado, como uma 
nova opção, possuindo potencial ainda a ser explorado.
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— Cosméticos: mesmo utilizando pequena quantidade de leite em suas composições, os cosméticos 
à base de leite de cabra (sabonetes, xampus e cremes hidratantes) atuam como elemento de 
marketing, pois são grandes divulgadores do leite de cabra, e possuem grande mercado, sendo 
uma alternativa para os produtores.
Essa oferta mais variada de produtos exige uma maior eficiência de todo o processo. Assim, dois 
pontos são de fundamental importância: a qualidade e a produtividade.
Tratando‑se de leite, o termo “qualidade” se refere à higiene, composição, volume, sazonalidade, 
nível tecnológico e saúde do rebanho, sendo que a qualidade da matéria‑prima interfere na eficiência 
dos processamentos na indústria, o que é cada vez mais considerado pelos laticínios. A produtividade 
também é outro fator importante a ser considerada e a tendência mundial é que ocorra a redução nos 
lucros das atividades leiteiras.
Os processos de industrialização e distribuição do leite têm volumes crescentes. Desse modo, ao 
apresentar maior produtividade, o capital investido na industrialização do litro de leite diminui, de 
forma a reduzir o custo de sua produção, e consequentemente o lucro da produção aumenta.
O produtor deve buscar se especializar na produção do leite de forma que aumente a produtividade de 
seu rebanho e de seu volume de produção. Para isso, ele pode utilizar tanto animais que apresentem um bom 
potencial genético como técnicas de manejo mais apuradas, o que implica um maior investimento de produção. 
Sua intensificação requer a aplicação de conhecimento técnico que possa gerar mudança nos índices de 
produtividade do rebanho, de forma a tornar sua exploração mais eficiente e econômica para o produtor.
A produção de leite pode ser feita em diferentes tipos de sistemas que costumam ser complexos, 
uma vez que interagem com vários fatores como clima, solo e animal, além dos aspectos humanos, 
como economia e mercado.
7.3 Sistemas de produção de leite
O sistema de produção deve ser escolhido de acordo com os objetivos propostos. Os sistemas de 
produção de leite podem ser classificados como extensivo (a campo) ou intensivo (a campo – pasto –, 
semiconfinado e confinado). Esses critérios apresentam um conjunto de exigências em investimentos, 
além de manejo.
Dentro do sistema extensivo, os animais não são especializados na produção leiteira, sendo mantidos 
em pastagem nativas da região, assim, o rendimento da atividade junto à fertilidade natural da região 
e à produção das pastagens.
Ainda a pasto, pode‑se utilizar o sistema intensivo. Nesse sistema, são utilizados animais de raças 
especializadas na produção de leite ou mestiços, de cruzamentos com essas raças, que são mantidos 
em uma área de pastagem rotativa, com piquetes, que apresentam pastagem cultivada. Essa pastagem 
é responsável por grande parte da matéria seca na dieta dos animais, que pode ser suplementada por 
alimentos volumosos em determinados períodos do ano.
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O sistema intensivo semiconfinado também utiliza animais de raças especializadas na produção 
leiteira ou outros mestiços com essas raças. Nele, os animais ficam confinados em um determinado 
espaço, áreas restritas, que podem até ser galpões. Os animais são conduzidos ao pasto somente durante 
alguns períodos ao longo do dia, sendo o pastejo feito de forma rotacional e em pequenas áreas. Nas 
áreas restritas, os animais têm acesso aos alimentos volumosos e concentrados.
Já no sistema intensivo confinado, usam‑se animais de raças especializadas na produção leiteira. 
Esses animais ficam exclusivamente em áreas restritas ou galpões, de modo que toda sua alimentação 
(baseada em alimentos volumosos e concentrados) esteja disponível em cochos.
É válido dizer que o sistema intensivo para a produção leiteira possui princípios únicos que podem 
ser aplicados a qualquer espécie animal explorada para essa finalidade.
Para o Brasil, devido à sua grande extensão territorial e costumes de cada região, não há um consenso 
sobre qual o melhor sistema para a produção de leite de cabras. O modelo mais correto é aquele que 
melhor se adapta à região e às necessidades do produtor.
Erros na aplicação dos sistemas de produção e sua má administração são considerados os principais 
problemas. Não há como garantir que a produção seja efetiva e lucrativa para o produtor se não for 
executada de maneira correta e eficiente para cada tipo de produtor. Assim, é necessário que haja um 
planejamento prévio para se traçar o perfil mais adequado para qualquer sistema de produção, tendo 
juntamente definido as metas e recursos econômicos e as de mercado, aliados às disponibilidades dos 
recursos naturais da região.
Para a produção intensiva de leite, pode‑se utilizar o modelo de produção a pasto, com pastos 
fertilizados utilizando de manejo rotacionado e o modelo de confinamento. No modelo a pasto, o 
alto potencial da produção de leite por unidade de área de pastagem é enfatizado; já no sistema de 
confinamento, a ênfase ocorre de modo a maximizar a produção individual, além de enfatizar o alto 
volume de produção, de modo que os custos da produção sejam diluídos.
Atualmente, há um maior interesse no uso dos sistemas de confinamento para os animais 
leiteiros, o que ocorre devido às dificuldades no manejo das pastagens. Dentre essas dificuldades, 
citamos o uso de forrageiras inadequadas, o não uso (ou pequeno uso) de fertilizantes, a realização 
do pastejo em horários menos adequados (durante períodos mais quentes do dia), a distribuição 
ineficiente dos bebedouros (quantidade e/ou disposição), a presença de umidade durante vários 
meses do ano, o erro na quantidade de animais por área de pasto, a ausência de áreas sombreadas 
e a distribuição inadequada do tamanho dos piquetes, aumentando a distância a serem percorridas 
pelos animais.
O uso do confinamento permite que sejam realizadas atividades que não podem ser desenvolvidas 
no sistema a pasto. Além disso, o sistema de confinamento racionaliza o espaço físico e a mão de 
obra e protege os animais de intempéries, dentre outras vantagens, de modo a ser indicado para 
esses casos.
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Algumas situações não favorecem o uso do sistema de confinamento, principalmente devido ao 
custo agregado à sua implantação. Rebanhos pequenos, independentemente de sua produtividade, 
rebanhos grandes, mas que possuam baixa produtividade, e regiões que possuam pastagem de alta 
qualidade sem que estejam sujeitas a adversidades climáticas são situações em que o sistema a pasto é 
mais indicado.
De uma forma geral, o sistema de confinamento na atividade leiteira facilita sua produção. Sendo o 
leite um produto perecível que possui alto custo de transporte, uma vez que seu mercado consumidor 
está localizado nos grandes centros urbanos, é de grande importância que sua produção seja otimizada a 
ponto de ser competitiva, para superar suas limitações. Atualmente, é indispensável que o fornecimento 
de leite seja feito de forma uniforme durante todo o ano e até mais concentrado durante os meses em 
que há maior demanda do produto, assim é importante que a sazonalidade seja diminuída. É comum 
a atividade leiteira gerar uma pequena margem de lucro sobre o litro de leite produzido, de modo que 
ocorra uma grande tendência para que o número de animais aumente – o que torna o manejo desses 
animais a pasto mais difícil.
O sistema a pasto possui limitações para ser utilizado na criação de animais leiteiros que possuem 
alta produção. Este sistema faz com que os animaisapresentem maior gasto energético devido às 
distâncias que percorrem durante o pastejo. Também há limites na qualidade das forrageiras (em 
especial com as forrageiras tropicais). O sistema a campo submete os animais a diversas condições 
climáticas, que quando adversas (seja pelo frio ou pelo calor) geram estresse, fazendo com que os 
animais alterem seus hábitos alimentares – o que gera desde queda de produção até alterações 
na composição do produto final. Assim, para que essas adversidades não ocorram, o sistema de 
confinamento é mais indicado, de modo que com o uso possa proporcionar aos animais um maior 
controle ambiental, diminuindo o estresse.
O confinamento gera um aumento significativo nos custos da produção, em especial com 
alimentação e mão de obra, que deve ser mais qualificada para que o manejo reprodutivo, sanitário e 
nutricional seja correto para o rebanho especializado, assim como necessita de maiores investimentos 
em equipamentos e instalações. Para que o confinamento seja eficiente, é necessário um conhecimento 
técnico, juntamente com capacidade de gerenciamento, por ser um sistema que visa que a produtividade 
seja feita ao máximo, de modo que os animais sejam conduzidos ao seu limite biológico.
Estando confinados, a densidade demográfica aumenta, o que aumenta também o risco de estresse 
ambiental e de transmissão de doenças entre os animais. Outro fator importante é o manejo do esterco 
produzido por esses animais, sendo necessário que os processos de coleta, transporte, estocagem e 
aplicação sejam compatíveis com a produção higiênica do leite e com a legislação ambiental.
A alimentação volumosa e concentrada deve estar disponível ao animal durante todo o ano; por isso, 
o sistema de confinamento costuma ser mais complexo, já que o produtor precisa produzir ou comprar 
grandes quantidades desses alimentos, estando mais vulnerável às alterações dos preços relativos de 
produtos e insumos. Mesmo com a atual economia, o Brasil possui um histórico de economia instável, o 
que representa um grande risco ao produtor, pois o sistema de confinamento apresenta um custo muito 
elevado quando comparado ao sistema a pasto.
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O sistema de confinamento necessita de algumas condições, sendo elas essenciais para que sua 
implantação seja viável. Veja:
• Animais: os animais sujeitos ao sistema de confinamento devem ter um alto potencial de produção. 
Devido ao sistema de confinamento ser mais caro ao produtor, não é viável economicamente 
utilizar junto ao sistema animais que apresentem boa produção. São considerados animais 
produtivos aqueles que possuem alta eficiência alimentar, capazes de parir a cada 12 meses e 
produzir grande quantidade de leite durante todo o período de 10 meses de lactação. Apesar da 
escassez de estudos, especialistas concordam que em um sistema de confinamento de caprinos 
leiteiros, para uma boa produção, o animal deve produzir em torno de 600 kg de leite por período 
de lactação. Animais que apresentam baixo rendimento de produção podem acarretar em aumento 
no custo produtivo em sistemas de confinamento.
• Manejo nutricional adequado: animais de alta produção devem produzir grandes quantidades 
de leite com composição de gorduras e proteínas adequadas, de modo a manter suas condições 
corporais ideais para cada fase do ciclo reprodutivo. Assim, é necessária atenção na formulação 
de dietas para estes animais. Como o sistema de confinamento é baseado no fornecimento em 
cocho de uma dieta integral balanceada, é importante que a oferta de alimento volumoso de 
qualidade seja feita constantemente, em quantidade compatível com a exigência nutricional 
do rebanho. Nesses sistemas, o gasto com alimentação representa cerca de 60% do custo total 
da produção leiteira. A produção de leite pode estar vinculada à produção dos volumosos de 
boa qualidade, o que diminui a necessidade de compra de alimento concentrado, sendo uma 
importante ferramenta para a diminuição do custo alimentar por litro de leite produzido. Para que 
o programa nutricional do rebanho apresente resultados satisfatórios, o produtor deve garantir 
que os animais possuam um consumo adequado de alimentos. Para isso, inúmeros fatores estão 
relacionados ao manejo nutricional, muito além de só oferecer uma dieta balanceada, e isso se 
reflete na ingestão de alimentos pelos animais.
• Instalações: a necessidade de oferecer um ambiente adequado é fundamental para que os 
animais possam apresentar bons níveis de desempenho individual. Para que suas características 
genéticas sejam expressas, é necessário, além de uma boa alimentação, um bom ambiente, com 
instalações confortáveis, bem ventiladas e sem umidade. As instalações podem ser simples, mas 
devem estar adaptadas às condições da propriedade (como relevo e clima) e serem construídas 
com materiais adequados, de modo a fornecer proteção contra intempéries climáticas (frio e 
calor excessivo), além de proteção contra umidade e ventos. É importante ressaltar que devem 
ser de fácil manutenção e apresentar dimensões apropriadas, de modo a garantir um ambiente 
controlado, com conforto térmico para os animais e um bom padrão de higiene, facilitando o 
manejo diário de forma a manter tanto a saúde do rebanho como a produção higiênica do leite.
Também é importante que as instalações permitam que os animais sejam separados nas diferentes 
categorias, que haja espaço para se movimentarem livremente e que seja evitado que ocorram 
traumatismos, em especial nos membros e úberes. Diversos fatores são analisados no momento de 
providenciar as instalações. Basicamente, é preciso estar atento a algumas questões entre os seguintes 
sistemas de confinamento de cabras leiteiras:
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Unidade IV
• Regiões que apresentem clima mais seco: no que se refere à declividade do terreno, é necessário 
que os piquetes apresentem rápido escoamento das águas pluviais, podendo ser cobertos por 
capim rasteiro ou grama, e possuam áreas cobertas para os cochos e para descanso dos animais, 
situando‑se preferencialmente na parte mais alta do terreno.
— Instalações totalmente cobertas: é indicado que as instalações possuam piso ripado ou 
suspenso ou que utilizem de cama sobre terra ou areia. Os animais podem permanecer em 
baias individuais ou coletivas e há a possibilidade de acesso a um solário (opcional).
• Mão de obra qualificada: o desempenho econômico de qualquer sistema, juntamente com 
qualquer programa, seja ele sanitário, reprodutivo ou nutricional, está intimamente relacionado 
ao desempenho de seus funcionários, que devem possuir condições adequadas de trabalho e 
de treinamento sobre medidas de higiene, uso racional de equipamentos e instalações, além do 
cuidado com os animais. O uso eficiente de funcionários está diretamente ligado aos custos com 
a produção de leite de cabra; por isso, costuma ser o segundo item no cálculo de custos dessa 
produção.
• Avaliação e registro de dados: é fundamental que o produtor faça um acompanhamento 
contínuo dos índices de performance (fertilidade e produção de leite) de seu rebanho. Com isso, 
é possível que o produtor identifique os problemas que possam estar interferindo na saúde e/ou 
produção de seus animais e assim adotar medidas de modo a sanar ou prevenir esses problemas. 
Os dados coletados devem ser comparados àqueles considerados ideais, como forma de avaliar o 
rebanho. O produtor deve também fazer o acompanhamento dos gastos da produção. Com isso, é 
possível que sejam identificados itens que possam sofrer alterações de modo a serem significantes 
no custo total do leite produzido, evitando que o produtor insista em reduzir custos de itens que 
não apresentam significância no custo final.
Conforme citado anteriormente, o sistema de confinamento, de forma geral, gera mais custos ao 
produtor, pois demandaum aumento nos custos da produção com a implantação de instalações e 
equipamentos, aumento nos custos de alimentação e mão de obra mais qualificada, além da busca por 
animais com maior potencial de produção. Desta forma, o custo médio do litro de leite produzido nessas 
condições tende a ser maior, apesar de estudos dizerem que essa questão de custo é relativa.
O sistema de confinamento exige um investimento de capital, porém com ele o produtor pode aumentar 
sua produção, mesmo em áreas pequenas, de modo que tenha constância em sua produção, o que reduz 
a sazonalidade do produto. A falta de padronização na contabilidade da produção de leite dificulta a 
comparação entre os diferentes sistemas de produção leiteira. Em todo mundo, a produção de leite é uma 
atividade na qual a margem de lucro é baixa. Por esse motivo, para garantir um maior ganho é necessário 
que o produtor apresente um bom volume produtivo, se possível associado ao baixo custo de produção.
Os diferentes sistemas de produção são excelentes ferramentas para o desenvolvimento rural de 
forma sustentável. Com eles é possível compreender como o ambiente está relacionado com as atividades 
socioeconômicas da região, sendo fundamentais tanto na adaptação para cada região como para que 
sejam mais bem aproveitados, de modo a gerar menor impacto ambiental sem afetar a produção.
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Sendo a caprinocultura uma criação considerada recente no país e ainda não totalmente desenvolvida, 
é sensato que no primeiro momento a produção brasileira de leite e derivados de caprinos seja voltada 
para o mercado interno, visto que o mercado brasileiro possui potencial e está em expansão. Uma das 
maiores dificuldades para seu desenvolvimento era a sazonalidade observada nos rebanhos caprinos 
leiteiros. No entanto, a partir de 1991 foi preconizada a utilização de um método de baixo custo e fácil 
aplicação em campo, de sincronização de cio, utilizando‑se iluminação artificial.
Dentre as dificuldades para sua comercialização estão os altos custos na venda de produtos lácteos. 
A produção de queijos a preços mais acessíveis pode ser uma alternativa para expansão do mercado, 
juntamente com uma maior variedade de produtos.
Por apresentar pequenos volumes em coleta, industrialização e comercialização, os custos para a 
produção do leite de cabra e seus derivados costuma ser muito maior comparado a outras atividades 
leiteiras, o que contribui para o alto preço dos produtos finais. No Brasil, o custo do litro de leite de cabra 
chega a ser quase três vezes maior quando comparado ao valor do leite de vaca, e em outros países 
essa diferença chega a ser em torno de 1,5 vez mais alta. Isso faz com que o produto final chegue ao 
consumidor a um preço muito maior, quando comparado aos derivados de leite de vaca, o que diminui 
sua concorrência no mercado interno. Outros fatores também estão relacionados ao elevado custo 
do leite de cabra, dentre eles o baixo nível de produção por animal e o uso excessivo de mão de obra, 
nem sempre qualificada, gerando alto custo comparado ao rendimento de produção no sistema de 
confinamento.
É importante que haja um desenvolvimento no rebanho caprino leiteiro no Brasil, para que se 
aumentem as possibilidades de exploração de subprodutos (carne, pele e esterco) como forma de ampliar 
a renda dos produtores. Também é importante que sejam realizadas pesquisas de campo, de modo que 
descrevam os sistemas utilizados para a produção de leite de cabra em todas as regiões brasileiras, 
possibilitando uma comparação entre a produtividade e os custos dessas produções. As regiões Sul e 
Sudeste não possuem grande mercado para a carne, pois os machos são normalmente abatidos logo 
após o nascimento. Já no Nordeste brasileiro, o macho é aproveitado no mercado de carne caprina, 
como consequência do sistema de cabras leiteiras.
7.4 Caprinos de corte
Os caprinos também podem ser criados com a finalidade do uso de sua carne, apesar dessa criação 
não ter tanto apelo comercial – embora haja maior interesse nos últimos anos.
A carne caprina destaca‑se por sua excelente qualidade nutritiva; ela possui baixos teores de 
colesterol, calorias, gordura intramuscular e cobertura e apresenta um sabor característico, além de 
maciez e suculência quando processadas adequadamente.
Segundo dados da FAO (DEPARTAMENTO DE AGRICULTURA COMERCIO Y PROTECCIÓN AL CONSUMIDOR, 
2012), a carne de origem caprina é pouco consumida (cerca de 0,53 kg/pessoa ao ano); no entanto, outras 
fontes a consideram uma das carnes mais consumidas do mundo. Esses dados opostos são compreensíveis, 
visto que, conforme já citado, a caprinocultura é muito difundida em países subdesenvolvidos ou em 
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desenvolvimento que não possuem bons serviços de informação, além de ser feito o consumo dessa carne 
diretamente nas propriedades que a cria, tornando informal a comercialização de sua carne.
A criação voltada para o corte, atualmente, vem sendo apontada como uma importante fonte de renda, 
de modo a gerar uma grande expectativa sobre a caprinocultura de corte em todo o mundo. É importante 
que seja analisado exatamente o que se pode esperar dessa atividade, principalmente apontando‑a como 
uma boa alternativa econômica, de fato, para algumas regiões, em especial para o Brasil, de modo a se 
evitar que sejam confundidos o real potencial com possíveis modismos para a atividade.
De forma geral, o rebanho mundial de caprinos é o que mais cresce nos últimos anos. Mesmo ainda 
sendo muito menor quando comparado aos bovinos e ovinos, esse crescimento sugere boas perspectivas 
quanto ao crescimento de seu mercado.
A caprinocultura de corte deve ter os mesmos objetivos que as demais atividades pecuaristas, que é 
proporcionar lucro ao produtor. Mesmo que ela esteja associada a muitas questões sociais, o produtor 
deve ter como objetivo apenas a criação e visar a uma produção que lhe dê um retorno econômico 
compatível com sua atividade. Para isso, é necessário que o pecuarista busque animais que apresentem 
características favoráveis à produção de carne e que atendam às exigências do consumidor, tudo isso 
possibilitando à criação apresentar baixo custo e retorno em bons preços de venda.
Todo caprino pode ser considerado um animal de corte, pois pode ter sua carne consumida após o 
abate. Para uma atividade mais especializada, assim como as demais criações voltadas para o consumo 
de carne, deve‑se ter preferência por animais que apresentem um bom rendimento de carcaça e boa 
distribuição de músculos na carcaça, além de boa proporção entre músculos, gordura e ossos. De 
forma geral, é interessante que o animal apresente um bom rendimento de carcaça e apresente um 
excelente volume de músculo com quantidade de gordura suficiente para garantir sua suculência, sendo 
interessante a deposição muscular nos cortes mais nobres.
A qualidade da carne é outro fator de suma importância para garantir o mercado consumidor. 
Entende‑se como qualidade as características nutricionais, visuais e sensoriais. O consumidor deve se 
sentir atraído a comer a carne e é necessário que isso seja mantido também durante o consumo dela, 
ou seja, a carne deve ser atraente também ao paladar.
Assim como as demais criações, é importante que o animal apresente um bom ritmo de crescimento 
e apresente um bom desempenho de peso de abate, conforme as exigências do mercado.
Outro fator importante é buscar animais que não sejam sazonais e que possuam boa fertilidade e 
prolificidade, de forma que tenham um menor intervalo entre partos. Isso faz com que o número de 
partos – e, assim, de crias desmamadas – seja maior, com fêmeas que apresentem habilidade materna 
(preferencialmente, que todas as fêmeas sejam capazes de gerar filhotes).
Também é interessante que esses nascimentos ocorram de forma regulardurante todo o ano, de 
modo a garantir a regularidade de produção. As cabras também devem ser capazes de cuidar bem das 
crias, para que o desmame ocorra em boas condições.
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Sabe‑se que os caprinos se adaptam às diversas adversidades climáticas com certa facilidade, sendo 
este um fator importante, pois assim o animal não tem seu rendimento afetado pelas diversas condições 
climáticas às quais possa ser submetido.
De forma geral, o pecuarista deve buscar animais que se reproduzam com eficiência, de modo a gerar 
um número elevado de filhotes que, por sua vez, devem apresentar um bom rendimento de carcaça, com 
carne que atenda às preferências do consumidor.
Assim que tem o conhecimento de todas as características que são desejáveis aos animais para a 
produção de carne, o produtor deve analisar todas as opções disponíveis (seja de animais regionais ou 
a possibilidade de raças exóticas na região) e também o melhor sistema de criação para se trabalhar.
Analisando uma raça específica para esta finalidade, a Boer costuma ser bastante aceita como uma 
grande produtora de carne. Ela apresenta boas características – dentre elas, excelente carcaça e bom 
desempenho –, mas seria equivocado dizer que a Boer seja a única raça especializada na produção 
voltada para corte. A falta de pesquisas sérias e de informações precisas em fontes confiáveis dificulta 
o acesso a informações, embora essa raça esteja sendo utilizada para o melhoramento dos caprinos 
nordestinos pela Emepa, da Paraíba, em parceria com o governo do estado como forma de melhoria do 
rebanho regional na produção de carne caprina.
Além da raça Boer, há outras que apresentam bom desempenho para a produção de carne. Dentre as 
mais conhecidas, podemos citar a Savana e a Anglo Nubiana, sendo esta última considerada uma raça 
de dupla aptidão.
Figura 47 – Caprino da raça Boer (Feinco, 2006)
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Unidade IV
Figura 48 – Caprinos da raça Anglo Nubiana (Feinco, 2006)
 Lembrete
A raça Boer é a raça que predomina no modelo de corte no Brasil.
Com o conhecimento de todas as características desejáveis no rebanho para a produção de carne 
– já que não há um consenso sobre qual é a melhor raça para essa finalidade –, é importante que o 
produtor avalie os animais, juntamente com os sistemas de produção disponíveis em sua região, e 
decida como trabalhar, compare o desempenho dos animais da região juntamente com as raças que 
podem ser importadas e avalie aqueles originados de um possível cruzamento entre animais locais e 
raças exóticas, para verificar se estes originarão outros com melhores resultados. Com isso, o produtor 
pode se orientar para a necessidade de importação de animais e a respeito de como será sua produção.
No Nordeste brasileiro, a caprinocultura é uma excelente opção, sendo uma alternativa econômica, 
principalmente aos pequenos produtores, pois a caprinocultura faz parte da sua cultura regional. 
Responsável pelo plantel de cerca de 90% de toda a população de caprinos nacional, o Nordeste possui 
potencial para a caprinocultura, que é uma boa alternativa para a economia e o desenvolvimento da 
região.
Apenas de todos os aspectos, o potencial para a exploração de carne de origem caprina ainda é baixo 
no país, inclusive no Nordeste. Além disso, possui baixa produtividade e baixo nível tecnológico utilizado 
nos sistemas de produção. Por isso, algumas pesquisas voltadas para o melhoramento genético desses 
animais têm como objetivo melhorar a produção dos caprinos, de modo a aumentar o consumo de sua 
carne.
A produção nacional de carne caprina está, predominantemente, voltada ao mercado local, na 
maioria dos municípios do interior onde há exploração desse tipo de atividade. O Nordeste brasileiro 
apresenta um volume expressivo no consumo de carne caprina, mas baixo consumo entre as populações 
das capitais e principais cidades brasileiras. Mesmo assim, devido à baixa qualidade, o consumo de carne 
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caprina no Nordeste ainda pode ser classificado como baixo. Isso ocorre pela baixa qualidade e devido 
à falta de critérios para o animal em abate, junto com a falta de organização e higiene no processo de 
estocagem e comercialização. Como forma geral, não há na região inspeção nos locais de venda desse 
tipo de produto e se faz necessária uma maior atuação das autoridades sanitárias deste setor.
Os caprinos, por serem animais de pequeno porte, possuem uma carcaça considerada pequena, 
magra e pouco compacta, que aumenta conforme há um aumento no ganho de peso. Comparados a 
outros animais domésticos, os caprinos não possuem uma boa produção de carcaça, porém apresentam 
alto conteúdo de carne com baixo teor de gordura. Geralmente, os caprinos apresentam um rendimento 
de carcaça em torno de 45 a 52% (relação carne/músculo) de peso de animal vivo, rendimento que 
pode chegar a 66 ou 68%, e o seu desenvolvimento da gordura se dá de maneira tardia, o que resulta 
nas taxas citadas anteriormente. A distribuição da gordura na carcaça e vísceras dos caprinos é bem 
diferente das de outras espécies e ela apresenta alta quantidade de ácidos graxos insaturados. O teor 
dessa gordura varia em função da idade, sexo e castração do animal e a alimentação também exerce 
grande importância na distribuição de gordura pela carcaça e vísceras.
Os produtos de abate incluem a carcaça e as vísceras. A carcaça pode ser comercializada inteira ou 
dividida em bandas e corresponde a até 55% do peso vivo do animal, com peso médio em torno de 14 kg. 
Os cortes costumam variar dependendo da região, predominando o pernil, o lombo, a paleta e a costela. 
Dentre as vísceras, as mais apreciadas nas zonas rurais são o coração, o fígado e os rins. Normalmente, 
o sangue do animal não costuma ser aproveitado, exceto em alguns casos de pratos típicos regionais, 
como “buchada”, onde são misturadas as vísceras.
Diversos fatores podem afetar a carne caprina. Segundo Teixeira et al. (2010), alguns pesquisadores 
defendem que os caprinos machos devem ser castrados para que produzam carcaças mais pesadas e 
maiores, uma vez que, ao chegarem à maturidade sexual (entre seis ou nove meses), seu crescimento 
se reduz. Esses pesquisadores também alegam que ao castrarem os machos, diminui‑se a idade em 
que a gordura se deposita na carcaça do animal, embora alguns pesquisadores digam que a castração 
não apresenta efeitos significativos nas propriedades de carne caprina. No entanto, há a necessidade 
de maiores estudos para se chegar a um consenso e assim melhorar o processo de produção de carne 
caprina.
Com a crescente demanda de carne caprina tanto para o mercado interno como para o mercado 
externo (por exemplo, para os países árabes), é importante que ocorra um melhor preparo técnico 
da caprinocultura no Brasil de modo a aumentar a produtividade, gerando emprego e maior renda 
para a população rural e urbana. Para tanto, é necessário que algumas ações sejam aplicadas, como a 
utilização de sistemas produtivos e a implementação de tecnologia que permita o desenvolvimento da 
caprinocultura de maneira sustentável.
É imprescindível que ocorra um aumento na oferta de alimentos, de forma a manipular a vegetação 
local (como a caatinga), utilizando de subprodutos da agroindústria e métodos de conservação de 
forragem. Também devem ser aumentadas as ações de sanidade de forma a vermifugar o rebanho, assim 
como o controle de parasitas e a utilização de vacinas para raiva e febre aftosa. Por fim, é necessário 
utilizar métodos de melhoramento genético, juntamente com a prática de estação de monta.
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Unidade IV
Também é importante que a região nordestina receba algumaspara melhorar os 
resultados de sua produção, o que geraria um maior valor agregado ao seu produto e, por consequência, 
um lucro maior. É importante lembrar que pequenos produtores podem associar‑se entre si para que 
juntos possam oferecer melhoria para seu rebanho e assim melhorar esses resultados.
Os diferentes tipos de animais ruminantes geram diferentes produtos que preenchem diferentes 
nichos de mercado. Atualmente, por exemplo, há uma maior procura por produtos antes pouco 
consumidos no Brasil, como a carne de ovinos e bubalinos. O aumento na procura e no consumo desses 
produtos abre um novo nicho de mercado que os pequenos produtores, de diferentes regiões brasileiras, 
podem se aproveitar para melhorar sua renda e diversificar sua produção.
O material apresentado a seguir mostra os diferentes processos de armazenamento de alimentos, 
tipos de forragens disponíveis e raças de ruminantes, juntamente com processos e manejos mais 
adequados para suas produções.
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Unidade I
1 FENAÇÃO
1.1 Introdução/definição
Fenação é uma técnica de conservação de plantas forrageiras. Consiste na desidratação dessas 
plantas de forma natural (a campo) ou em secadores artificiais.
O feno é a forragem desidratada de forma a manter o valor nutritivo original da planta forrageira. Ao retirar 
a água da forragem, ela pode ser armazenada por um maior tempo sem que sua qualidade seja comprometida. 
Produzido a partir de forragens verdes desidratadas (de forma a manter menos de 15% da umidade natural), 
o feno de gramíneas pode ser feito no próprio campo, usando como processo de desidratação apenas a 
energia do sol e do vento, sem que haja necessidade de galpões ou máquinas secadoras.
O uso do feno é uma maneira de oferecer alimentação farta e de boa qualidade para o rebanho 
durante o período da seca, evitando que ocorra diminuição de produção durante esse período. Ele 
pode ser utilizado na alimentação do gado de corte e do gado leiteiro de equinos, ovinos, caprinos e 
bubalinos, que também apreciam o feno de boa qualidade.
O processo de fenação ocupa grande importância no manejo das pastagens, pois permite que o 
excesso de forragem (nos períodos de crescimento acelerados) sejam aproveitados, uma vez que o 
controle do consumo de forragem a partir de alterações de carga animal é difícil de ser realizado. 
Quando a forrageira é escolhida, cultivada e estocada de forma adequada, o feno pode possibilitar 
lucros para o produtor, desde que sua produção por área seja elevada.
Algumas gramíneas e leguminosas apresentam sérios problemas para a ensilagem, como baixo teor 
de carboidratos solúveis e excesso de umidade no momento do corte, o que faz da fenação uma boa 
alternativa de conservação de forragem.
Os melhores fenos são produzidos a partir dos capins que possuem uma quantidade de folhas maior 
que a quantidade de talos. Eles também podem ser produzidos a partir de leguminosas, porém para esse 
tipo de forragem deve‑se ter o cuidado de evitar que as folhas se desprendam dos caules, para que não 
se percam durante o processo de fenação.
Dentre os capins, os mais indicados são pangola, pensacola, cynodon, estrela, coast‑cross, tifton, 
rodes e jaraguá; já entre as leguminosas, é costumeiramente utilizada a alfafa.
Sua produção e utilização são feitas, principalmente, para alimentar os rebanhos nos meses em que a 
pastagem não está disponível durante o período de inverno ou em épocas de seca. Podendo ser utilizado 
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durante todo o ano em sistemas de produção em que o pastejo não é praticado, como os sistemas de 
produção de leite semi‑intensivos ou intensivos, nos quais os animais são mantidos em estábulos, o feno 
é um importante e volumoso alimento para o rebanho.
A qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas a serem fenadas, às 
condições climáticas no período da secagem a campo e ao sistema de armazenamento empregado. A 
época de corte também determina a qualidade do feno: a planta forrageira deve ser cotada quando 
estiver apresentando alto valor nutritivo, o que depende das forrageiras cortadas, e boa produção de 
massa verde. Para as gramíneas, a melhor época é antes do início da floração; para as leguminosas, logo 
após o início da floração.
O feno pode ser armazenado em campo ou em galpões. No método a campo, deve‑se fazer de modo 
a diminuir ao máximo a superfície de exposição do feno às intempéries.
Com a rápida desidratação da forragem, a conversação do seu valor nutritivo é possível, já que toda 
a atividade respiratória das plantas, assim como a dos microrganismos, é paralisada.
1.2 Utilização do feno
A composição do feno é principalmente de fibras (entre 40 a 85%) contendo celulose, lignina e 
hemicelulose. Ele é utilizado na alimentação animal para manter a sustentação, a produção de leite e 
carne e também o trabalho, entre outras funções. É considerado um alimento complementar e costuma 
ser ministrado junto com silagem, forragens de corte e farelos, podendo ser também fornecido com 
farelos e concentrados.
Os ruminantes, devido a sua capacidade de digestão, apresentam uma melhor eficiência na utilização 
desse tipo de alimento. Os equinos apresentam um longo ceco e cólon (porção inicial do intestino 
grosso), possuindo função semelhante à do rúmen‑retículo, e dessa forma também podem aproveitar 
desse tipo de alimento.
Observa‑se que, quando fornecidos na proporção de 0,5 a 1,0 kg para cada 100 kg de peso vivo, 
juntamente com silagem à vontade, as vacas em período de lactação ingerem maior quantidade de 
alimentos (matéria seca) e produzem maior quantidade de leite, quando comparadas ao uso apenas de 
silagem como material volumoso.
Para utilização como dieta exclusiva (quando não há utilização de suplementos), o feno deve ser 
fornecido em quantidade que represente cerca de 2,5% do peso vivo do animal.
Com relação ao tipo de alimento volumoso utilizado na alimentação de bezerros, recomenda‑se, de 
forma geral, que bons fenos são melhores que alimentos verdes picados, que por sua vez são melhores 
que boas silagens.
Assim: fenos > alimentos verdes > boas silagens.
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O feno é, assim, um bom negócio para o produtor, pois, se em um hectare de propriedade o pecuarista 
conduzir de forma correta o processo de produção de feno, é possível utilizar a produção da área para 
suplementar a alimentação de até seis vacas adultas durante um período de até quatro meses de seca.
1.3 Problemas na produção de feno
Durante o processo de corte e secagem a campo, o feno, sob condições climáticas adversas 
(principalmente à chuva), torna‑se vulnerável à deterioração. Já durante o processo de fenação, ocorre 
a etapa de eliminação de água intracelular, sendo este o estágio mais difícil de todo o processo, pois a 
água costuma ser retida com força considerável, principalmente nas hastes. Dessa forma, é importante 
que espécies que apresentam características que favoreçam a perda de água de seus tecidos sejam 
identificadas, de forma a aumentar a velocidade no processo de secagem do material.
O tempo de secagem do material é essencial para obter feno de boa qualidade, que apresente teor 
de umidade inferior a 15%, uma vez que fenos que apresentam umidade superior a esta percentagem 
são mais suscetíveis a perdas quantitativas e qualitativas durante o período de armazenamento.
Para as leguminosas, a secagem excessiva é prejudicial, pois, nessas condições, há um intenso 
desprendimento de folhas, o que já não ocorre com as gramíneas; porém, nestas ocorre descoloração, o 
que possui efeitos negativos na aceitabilidade da forragem pelo animal.
1.4 Qualidade do feno
O feno de boa qualidade é aquele proveniente de uma forragem cortada no momento adequado,melhorias para o bem da caprinocultura 
e o desenvolvimento da região. Deve‑se incentivar a instalação de abatedouros, indústrias de 
beneficiamento de insumos e subprodutos que atendam às normas e legislações regionais e nacionais, 
de modo a atender à demanda da produção de carne. São necessários também a padronização nos 
cortes das carnes e o beneficiamento de produtos, usando tecnologia para melhor aproveitamento na 
produção da carne caprina – o que gera empregos e riqueza para a região.
 Observação
Em pequenos ruminantes, o maior foco produtivo no Brasil é a produção 
de carne.
 Saiba mais
Para saber mais sobre criação de caprinos, consulte o documento a 
seguir:
IRPAA. Criação de cabras: convivendo com o semiárido. Juazeiro: 
IRPAA, 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2014.
8 BUBALINOCULTURA
8.1 Introdução
São animais pertencentes à espécie Bubalus bubalis, ainda mais resistentes e rústicos que os 
zebuínos. O búfalo tem muita capacidade de apreensão de alimentos e de reconhecer plantas tóxicas, 
o que não ocorre com o bovino, que perdeu essa facilidade por intervenção humana em nível de 
seleção artificial.
Os bubalinos no Brasil apresentam taxa de crescimento de 12% ao ano, cerca de dois milhões de 
animais segundo a ABCB (Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos). Grande parte está concentrada 
na Ilha de Marajó, no Pará; já no estado de São Paulo, há grande contingente no Vale do Ribeira.
Quando bem manejados, apresentam temperamento dócil – muitas vezes as fêmeas são ordenhadas 
sem peia. Há preconceito por parte dos produtores, que os consideram bravos e feios e acham que eles 
precisam de água, sendo que na realidade esta é necessária apenas para satisfação.
Esses animais possuem 50 cromossomos (apenas a raça Carabao possui 48). No entanto, havendo 
cruzamento de raças que inclua a Carabao, nascem animais menos férteis.
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8.2 Raças
Quanto às raças, existem a Murrah (indiana), com chifre enrolado para dentro, que é utilizada para 
produção de leite; a Mediterrânea (italiana), com chifre em forma de lira e para trás, também utilizada 
para leite; a Jafarabadi (indiana, com o maior porte de todas as raças bubalinas), com chifre em forma 
de J, usada tanto para carne como para leite; e a Carabao (originária das Filipinas), com chifre médio e 
curvado para trás, usada para carne e tração.
Figura 49 – Bubalino da raça Mediterrânea (Feileite, 2010)
Figura 50 – Bubalino da raça Murrah (Feileite, 2010)
 Lembrete
Uma forma prática de diferenciar as raças de bubalinos é a observação do formato dos chifres. De 
forma geral, cada raça apresenta um formato de chifre característico.
8.3 Comparação entre bubalinos e bovinos
Para produzir leite, as fêmeas de bubalinos necessitam de bezerro ao pé. Chama‑se a fêmea por nome 
e ela vai até onde o bezerro está; em bovinos, geralmente é preciso soltar o bezerro para ele ir até a vaca.
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Unidade IV
Os búfalos possuem gordura branca, ao passo que a do bovino é amarela. A gordura de bubalinos é 
branca porque eles transformam todo β caroteno em vitamina A. Já o bovino transforma apenas uma 
parte do β caroteno, que é amarelo, e conserva o restante, por isso a gordura do bovino é dessa cor.
O leite de búfala tem quase o dobro de gordura do leite de bovinos. Para fazer 1 kg de mozarela, são 
necessários cerca de 7 litros de leite de búfala, ao passo que de vaca usam‑se cerca de 11 litros.
Quanto ao corte, a carne de búfalo é menos gordurosa que a de bovinos e tem menor rendimento 
de carcaça, por ter anterior mais pesado e couro também mais grosso; porém, possui precocidade de 
engorda para abate. As vacas têm maior longevidade reprodutiva, chegando tranquilamente aos 20 
anos.
 Observação
Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, os bubalinos são 
animais muito mansos, isso quando manejados de forma adequada.
8.4 Aspectos gerais de criação e manejo: reprodutivo, crescimento e 
terminação de bubalinos
São animais poliéstricos estacionais de dias curtos, assim como os pequenos ruminantes. Sua 
gestação tem duração entre 10 meses e 10 meses e meio.
A estação de monta (período em que as fêmeas são sujeitas à monta natural ou IA) é feita em 
função do ciclo estral. Ela deve acontecer de abril a julho, concentrando os nascimentos de fevereiro a 
maio. O ciclo dura 21 dias e o estro dura de 11 a 58 horas. Para observação de cio, há somente uso de 
rufião – as bubalinas não aceitam a monta de outras fêmeas. O intervalo entre partos fica em torno 
de 14 meses.
As fêmeas devem ser iniciadas para reprodução por volta de dois anos e parir um pouco antes dos 
três anos. A maturidade sexual das novilhas se dá por volta dos 15 meses, exceto para a raça Carabao, 
que ocorre por volta dos 30 meses. Na média, elas têm o seu primeiro parto aos três anos.
Quanto aos bezerros, deve‑se verificar a ingestão de colostro em no máximo três horas e realizar a 
cura de umbigo. A primeira dose de vermifugação pode ser feita entre 10 e 15 dias após o nascimento. 
A mortalidade média é de cerca de 2,5% dos bezerros, sendo a idade crítica até cerca de 4 meses. O 
desmame ocorre por volta dos 8 meses.
No extensivo, a relação touro/vaca utilizada é de algo em torno de 25 vacas/touro. Nunca deve ser 
utilizado mais de um reprodutor por lote, já que são animais de alta libido que brigam até morrer. O ideal 
é utilizar até 25 fêmeas para um touro por piquete. Para os búfalos, a melhor opção é a cerca elétrica, 
pois eles respeitam melhor nessas circunstâncias. Quanto à suplementação mineral, ela deve respeitar a 
relação cálcio e fósforo 2:1.
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A marcação pode ser tanto ser feita com brinco ou tatuagem na orelha como com ferro no chifre 
ou no próprio animal. Pode ser feita a descorna, de preferência antes de um ano de idade, por ser mais 
fácil, porém isso tira a caracterização racial do animal. As instalações para bubalinos são praticamente 
iguais às de bovinos.
No que se refere aos parasitas, os principais que esses animais possuem são o Neoascaris vitulorum, 
o Haematopinus tuberculatus (piolho sugador, que irrita os animais e causa anemia) e o Haematobia 
exigua. A vacinação é feita contra aftosa, carbúnculo sintomático e brucelose nas bezerras de 3 a 8 
meses.
Os animais são abatidos com cerca de 450 kg de peso vivo (por volta de 2,5 anos de idade). Eles 
possuem cerca de 45% de rendimento de carcaça, ao passo que nos bovinos esse valor é de 50%.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a produção de búfalos, consulte a obra a seguir:
ZAVA, M. Produção de búfalos. Campinas: Icea, 1984.
 Resumo
Esta unidade final trata a produção de caprinos e bubalinos. A respeito 
da caprinocultura, a maior parte dos animais existentes no Brasil se encontra 
nas regiões Norte e Nordeste, onde não há praticamente nenhum controle 
sobre eles. No Sul e Sudeste há produções destinadas para leite e carne e 
existe maior controle sobre a criação em si.
Em relação à bubalinocultura, há quatro raças existentes: a Murrah e a 
Mediterrânea são voltadas para a produção leiteira (maior foco da produção 
bubalina no Brasil) e as outras duas são conhecidas como de dupla aptidão 
(possuem duas finalidades concomitantes), sendo a Jafarabadi voltada para 
a produção de carne e leite e a Carabao, para carne e tração (trabalho).
 Exercícios
Questão 1. (ENADE 2013/Zootecnia, questão 23) A caprinocultura no Brasil enfrenta 
diversos desafios sanitários, destacando‑se as verminoses. As pastagens são a principal via 
de contaminação do rebanho por parasitas internos e externos e, em sistemas de produção 
extensivos ou semiextensivos, o contato diário dos animais com os parasitas aumenta as chances 
de contaminaçãoe perpetuação do problema.
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Unidade IV
Para o controle das verminoses em caprinos, entre outros procedimentos, recomenda‑se o manejo 
da pastagem de forma: 
A) contínua, associado à utilização do controle biológico, com o pastoreio em conjunto de caprinos 
com outras espécies.
B) rotacionada, associado à utilização do controle biológico, com o pastoreio alternado entre caprinos 
e outras espécies. 
C) contínua e com alta lotação, visando reduzir a altura da vegetação e, assim, melhorar a insolação 
sobre as plantas e o solo, o que auxilia na redução do número de larvas e de ovos de parasitas. 
D) rotacionada e com alta lotação, visando reduzir a altura da vegetação e, assim, melhorar a insolação 
sobre as plantas e o solo, o que auxilia na redução do número de larvas e de ovos de parasitas. 
E) rotacionada e priorizando a sua utilização nas primeiras horas do dia, quando a pastagem apresenta 
maior teor de umidade, o que auxilia na redução do número de larvas e de ovos de parasitas.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: a separação das categorias é uma prática interessante de manejo, porque cada uma 
delas apresenta uma diferença de susceptibilidade. Quando se deixam todos os animais do rebanho num 
mesmo pasto, a desverminação é feita baseando‑se na necessidade dos mais sensíveis, o que aumenta a 
pressão de seleção de parasitas resistentes. Separar em lotes também oferece a possibilidade de destinar 
os melhores pastos (mais nutritivos ou menos contaminados) para as categorias mais sensíveis (fêmeas 
em lactação e desmamados).
B) Alternativa correta. 
Justificativa: utilizar pastoreio alternado com bovinos ou equinos adultos. Sabe‑se que o uso de 
pastejo concomitante de pequenos ruminantes com bovinos adultos ou equinos é de grande valia no 
controle das parasitoses. Melhor ainda que o pastejo ao mesmo tempo seria utilizar uma área onde 
inicialmente pastejasse o rebanho de ovinos e caprinos e quando a forragem já estivesse novamente 
em ponto de pastejo fosse então destinada aos bovinos ou equinos. Desta forma, em cada pastejo, uma 
espécie animal diferente seria colocada controlando as larvas de parasitas da outra.
C) Alternativa incorreta. 
Justificativa: diminuir a lotação de animais nos pastos quando possível. Nas áreas mais úmidas da 
fazenda ou em locais que sabidamente estão mais contaminados, como uma pastagem da qual o lote 
sempre sai com anemia ou diarreia. 
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D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: escolher forrageiras que possam ser manejadas em pastejo alto, acima de 15 cm 
aproximadamente. Como a maioria das larvas se encontra em até 5 cm do solo, quando se coloca o 
rebanho em pastagens mais altas, diminui‑se o número de larvas ingeridas pelos animais.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: reservar para fenação ou silagem piquetes mais contaminados se possível. Esses 
processos eliminam o oxigênio do ambiente (silagem) ou diminuem muito a umidade (fenação) matando 
a maior parte das larvas de parasitas.
Questão 2. (FCM, 2016) A tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis é uma zoonose de 
evolução crônica que acomete principalmente bovinos e bubalinos. O diagnóstico alérgico‑cutâneo com 
tuberculina é o instrumento básico para programas de controle e de erradicação da tuberculose bovina 
em todo o mundo. No teste da prega caudal, utilizado em bovinos, 
A) em rebanhos de corte, é empregado como teste confirmatório.
B) a tuberculina bovina é inoculada, por via intradérmica, na dosagem de 1 mL, 2 a 4 cm da base da 
cauda, na junção da pele pilosa e da pele glabra. 
C) as tuberculinas deverão ser transportadas e conservadas em temperatura de, no mínimo, ‑5 °C e 
de, no máximo, 5 °C, em frascos transparentes e identificados.
D) qualquer aumento de espessura, na prega inoculada, classificará o animal como reagente e poderá 
ser submetido a teste confirmatório, num intervalo de 60 a 90 dias. 
E) a leitura e a interpretação dos resultados é reavaliada após 48, ± 6 horas da inoculação, comparando‑
se por avaliação visual e por palpação a prega inoculada com a prega do lado oposto.
Resolução desta questão na plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 6
FONTANELI, R. S.; FONTANELI, R. S.; SANTOS, H. P. Morfologia de gramíneas forrageiras. Capítulo 2 – 
ILPF. Disponível em: . Acesso em: 20 
out. 2014. p. 54.
Figura 16
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2006. Brasília, 2006.
Figura 46
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2006. Brasília, 2006.
REFERÊNCIAS
Textuais
ALVIM, M. J. et al. Resposta do coast‑cross (Cynodon dactylon (L.) Pers.) a diferentes doses de 
nitrogênio e intervalos de cortes. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 5, p. 833‑840, 1998.
ARAUJO, F. P.; MENEZES, E. A.; SANTOS, C. A. F. Recomendação de variedade de guandu forrageiro. 
Petrolina: Embrapa Semiárido, 2000.
BORGES, C. H. P.; BRESSLAU, S. Produção de leite de cabra em confinamento. In: VI Simpósio de Pecuária 
do Nordeste – Pecnordeste. III Semana da Caprino‑ovinocultura Brasileira. Anais... Fortaleza, 2002.
BORGES, I.; GONÇALVES, L. C. Manual prático de caprino e ovinocultura. Belo Horizonte: UFMG, 2002. 
Disponível em: . Acesso em: 20 
out. 2014.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2006. Brasília, 2006.
BRONDANI, W. C. Produção de lã. Pelotas: Ufpel, 2013. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
CANIELLO, M. A caprinocultura e o desenvolvimento do semiárido: uma proposta para a UFCG. [s.d.]. 
Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
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CAPIM aruana é destaque no pastejo rotacionado de ovinos. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
CAPIM mombaça: formação e manejo de pastagens no Acre. 2002. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
CARDOSO, E. G. Engorda de bovinos em confinamento: aspectos gerais. Campo Grande: Embrapa, 
1996. Disponível em: . Acesso em: 
20 out. 2014.
CORDEIRO, P. R. C.; CORDEIRO, A. G. P. C. A produção de leite de cabra no Brasil e seu mercado. In: 
Encontro de Caprinocultores de Minas e Média Mogiana, 10, Espírito Santo do Pinhal, maio 2009. p. 1‑7.
CORRÊA, L. A. Características agronômicas das principais plantas forrageiras tropicais. São Carlos: 
Embrapa Pecuária Sudeste, 2002.
DEMARCHI, J. J. A. Apostila de forragicultura. Universidade Pinhal, 1996.
DEPARTAMENTO DE AGRICULTURA COMERCIO Y PROTECCIÓN AL CONSUMIDOR. Producción y Sanidad 
Animal. Consumo de carne. 2012. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2014.
EMBRAPA. Gado de leite. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 
12 nov. 2014.
___. Silagem. [s.d.]. Disponível em: . Acesso 
em: 10 nov. 2014.
ENFARDAMENTO do feno. [s.d.]. Disponível em: . 
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FAO. Perspectivas alimentarias: análisisde los mercados mundiales. 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2014.
FONTANELI, R. S.; FONTANELI, R. S.; SANTOS, H. P. Leguminosas forrageiras perenes de verão. Capítulo 
12 – ILPF. Disponível em: . Acesso 
em: 20 out. 2014.
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FORMENTINI, E. A. Cartilha sobre adubação verde e compostagem. Vitória: 2008. Disponível em: 
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GOTTSCHALL, C. S. Produção de novilhos precoces: nutrição, manejo e custos de produção. 2. ed. 
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IRPAA. Criação de cabras: convivendo com o semiárido. Juazeiro: IRPAA, 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2014.
LIMA, E. H. O. Forragicultura: os tipos de forragem. [s.l.], 2011.
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LOPES, B. A. O capim‑elefante. Viçosa: UFV, 2004.
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MILANI, R. Implantação de pastagens de Tifton. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
NICODEMO, M. L. F. et al. Conciliação entre produção agropecuária e integridade ambiental: o papel 
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OCDE. Perspectivas agrícolas OCDE‑FAO 2005‑2014. Roma, 2005. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2014.
OLIVEIRA, M. C. Leucena: suplemento proteico para a pecuária do semiárido no período seco. Petrolina: 
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O NUTRITIVO cardápio do rebanho. Revista Globo Rural, [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
PEDREIRA, B. C.; CARNEVALLI, R. A. Opções de plantas forrageiras. 2011. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
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PEREIRA, J. M. Utilização de leguminosas forrageiras na alimentação de bovinos. [s.d.]. Disponível em: 
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QUADROS, D. G. Sistema de produção de bovinos de corte. Salvador: Neppa‑Uneb, 2005
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Camélidos Sudamericanos. Buenos Aires, 2000. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
SAVASTANO, S. O que é importante saber sobre fenação. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
SCHLESINGER, S. O gado bovino no Brasil. Rio de Janeiro: Fase, 2009.
SILVEIRA, V. C. P. Influência da nutrição materna e do sexo no tecido adiposo marrom do ovino ao 
nascimento. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul, 1990.
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TEIXEIRA, P. P. M.; SILVA, A. S. L. da; VICENTE, W. R. R. Castração na produção de ovinos e caprinos. 
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n. 14, jan. 2010.
VILELA, D. Intensificação da produção de leite: estabelecimento e utilização de forrageiras do gênero 
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VILELA, H. Série gramíneas tropicais – Gênero Brachiaria (Brachiaria humidicola – Capim). [s.d.]. 
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Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.
ZAVA, M. Produção de búfalos. Campinas: Icea, 1984.
Sites
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Exercícios
Unidade I – Questão 1: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ (IF/CE). 
Concurso público 2017: carreira técnico‑administrativa. Questão 48. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2018.
Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2013: Zootecnia. Questão 
34. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2018.
Unidade II – Questão 1: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ (IF/
CE). Concurso público 2017: carreira técnico‑administrativa. Questão 47. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2018. 
Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2013: Zootecnia. Questão 
28. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2018.
Unidade III – Questão 2: CESGRANRIO. Tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas A I 
2013: análise pecuária. Questão 36. Disponível em: . Acesso em: 18 
out. 2018.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000passando por um processo de secagem bem feito, rápido e sem a ocorrência de chuvas. Deve ser 
proveniente de solo bem adubado e isento de pragas (ervas daninhas e fungos) e doenças.
A velocidade de desidratação da planta forrageira é considerada um dos fatores importantes na 
produção de feno de qualidade. Dependendo das condições climáticas, o feno pode ser produzido em 
um único dia. Para isso, é recomendado que o tempo esteja ensolarado, quente, com vento e baixa 
umidade no ar.
O feno de boa qualidade apresenta excelente aroma, cor verde característica e maciez ao toque.
Há grande diferença de digestibilidade entre fenos colhidos antes e depois da floração. Quando 
colhidas após a floração, as plantas forrageiras tropicais normalmente apresentam baixo valor nutritivo.
A qualidade do feno é determinada pelas características que afetam o consumo e sua utilização pelos 
animais, assim como: estágio de maturidade da planta; espécie forrageira; composição química; relação 
folha‑caule; forma física; impurezas; danos ou deterioração durante o corte e estocagem; presença de 
componentes antinutricionais.
O alto teor de fibras contidas em fenos restringe sua utilização pelos animais. A lignina interfere 
na capacidade das bactérias ruminais em digerir a celulose e a hemicelulose. A capacidade de digestão 
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Unidade I
desses constituintes está altamente relacionada com o grau de lignificação, podendo variar de menos 
de 20 para mais de 80%.
Independentemente de qualquer que seja o cultivo a ser empregado, o corte deve ser realizado 
no momento que a planta alcançar seu máximo teor de nutrientes e proteínas, associado à elevada 
produtividade por hectare e baixo teor de fibra bruta.
Nos capins, esse ponto ocorre com 35 a 45 dias de vegetação, sendo que antes desse tempo não 
possui umidade necessária e após esse tempo a planta encontra‑se excessivamente fibrosa, de forma 
que nessas duas situações a planta não apresenta os valores nutritivos ideais.
1.5 Prado de feno
Por ano, é possível produzir até 4.000 kg de feno por hectare (10.000 m2); para isso, é necessário 
fazer adubações de manutenção a cada corte durante o período de chuvas (período de crescimento 
da forrageira). Pode‑se pastorear o gado na região do prado do feno no período da seca para que seja 
aproveitada a forragem produzida no período, além de aproveitar a urina e as fezes desses animais para 
efetuar a adubação orgânica.
Deve‑se combater plantas invasoras, pois elas dificultam a desidratação da forragem, de forma a 
diminuir o valor nutritivo e comercial do feno. Também é indicado que se evite o rodízio do prado pela 
área ocupada pela pastagem, uma vez que a fenação retira grande quantidade de fertilizantes do solo e 
o rodízio do prado é dificultado, visto serem necessárias a manutenção e a preparação do solo.
1.6 Etapas da fenação
O processo de produção do feno ocorre em três etapas: corte (ceifa), secagem ou enleiramento e 
enfardamento.
Para o processo de produção de uma pequena quantidade, o feno pode ser feito à mão, para isso 
o produtor precisa utilizar algumas ferramentas como o alfanje e o garfo. No armazenamento de 
pequenas quantidades, o produtor pode estocar a produção do feno de forma a granel ou construir, 
com facilidade, uma enfardadeira manual.
Quando a quantidade a ser produzida for muito maior, faz‑se necessária o uso de equipamentos 
próprios, de modo a mecanizar o processo de fenação, implementos que diminuem a mão de obra e o 
tempo de realização.
1.6.1 Corte – utilização da ceifadeira
No momento do corte, a forragem apresenta cerca de 85% de umidade. Com o uso da ceifadeira, 
o corte deve ser realizado no período do amanhecer e em um dia em que não há previsão de chuvas 
(devido à segunda etapa do processo, a secagem, a qual leva de seis a sete horas no mínimo).
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CADEIAS PRODUTIVAS I
Figura 1 – Modelos de ceifadeiras responsáveis pelo corte 
das forragens utilizadas na produção do feno
1.6.2 Secagem
Também chamada de viragem, esta etapa leva cerca de seis a sete horas. Nela, a forragem já cortada 
é submetida a sucessivas viragens e afofamento com o uso do ancinho, de modo a atingir 12 a 15% 
de umidade, atingido o ponto conhecido como “ponto de feno”. O ancinho, além de fazer as viragens 
e afofamento, também é responsável por fazer as leiras (montes) do feno que serão transformadas em 
fardos na próxima etapa do processo.
É possível reconhecer esse ponto torcendo um feixe da forragem (ao torcer, não deve verter água 
nem se quebrar). Outro modo de verificar esse ponto é cravar a unha em um dos nós do talo (de onde 
saem as folhas, o nó não deve ter umidade aparente, e sim uma consistência de farinha). Estando nessas 
condições, pode‑se considerar o feno pronto.
Figura 2 – Modelo de ancinho 
(Feinco – Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, 2008)
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 Lembrete
Fenação é um processo de conservação de alimentos baseado na 
secagem de material vegetal.
1.6.3 Enfardamento
Nesta etapa, a forragem já é considerada feno e apenas está em processo de enfardamento, que 
é a formação dos fardos. Para isso, pode‑se utilizar a enfardadeira, que de forma mecânica compacta 
as leiras de modo a produzir fardos retangulares ou cilíndricos. As enfardadeiras automáticas de fardo 
retangular geralmente produzem fardos entre 10 e 25 kg cada; já as enfardadeiras automáticas de fardo 
cilíndrico costumam produzir fardos maiores, tendo cada fardo por volta de 300 kg.
O processo também pode ser feito de forma manual, para os pequenos produtores. Para isso, 
podem ser utilizadas enfardadeiras simples, construídas de forma a aproveitar os materiais existentes 
na propriedade. O feno pode ser compactado com os pés ou com uma alavanca e o fardo pode ser 
amarrado com uma corda de sisal apropriada ou com arame fino.
Figura 3 – Fardo de feno retangular 
(Feinco – Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, 2008)
 Observação
O processo de fenação é oneroso, pois há um custo muito grande com 
os equipamentos utilizados, que são necessários, para sua produção.
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 Saiba mais
Consulte o site da Embrapa Gado de Leite:
.
2 ENSILAGEM
2.1 Introdução
A história sobre a conservação dos alimentos é bastante antiga. Há indícios da existência de 
alimentos conservados ainda no Egito Antigo (em torno de 1000–1500 a.C.). O processo de ensilagem 
como conservação de alimentos, apesar de antiga, tornou‑se popular no final do século XIX, com a 
publicação de um livro sobre silagem, escrito pelo francês A. Goffart no ano de 1877. Após sua tradução 
para o inglês, a técnica foi amplamente difundida entre os fazendeiros americanos.
O sucesso da ampliação da técnica de ensilagem está relacionado com alguns fatores:
• aumento do conhecimento da microbiologia e dos processos bioquímicos fermentativos;
• expansão do cultivo do milho como forragem;
• desenvolvimento da engenharia agrícola.
É importante que o produtor tenha total domínio da técnica de preservação dos alimentos. Com isso, 
é possível que o cultivo das forragens seja realizado no período mais favorável do ano, de modo que o 
produto possa ser utilizado sob qualquer condição climática, de forma que a época de cultivo, produção 
e utilização da forragem sejam independentes entre si.
2.2 Termos e definições
• Ensilagem: processo de produção da silagem.
• Silagem: produto resultado da fermentação de alguma espécie forrageira que apresenta alto 
percentual de umidade.
• Silo: local onde a silagem é armazenada e conservada.
2.3 Processo de produção da silagem
A produção de silagem envolve, como principais alimentos, milho e sorgo. O animal ingere cercade 25 
kg de silagem de milho/dia e cerca de 35 kg de capim diariamente, embora outras espécies de gramíneas, 
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Unidade I
como cana‑de‑açúcar, Brachiaria brizantha e Panicum maximum (conhecido como capim‑colonião) 
também possam ser utilizadas para produção de silagem.
O processo de ensilagem é uma forma de preservação, por acidificação, de forragens úmidas. Em 
termos gerais, é correto dizer que para produzir silagem é necessário apenas adicionar quantidade 
correta de ácido até que a forragem chegue ao pH desejado, o que também pode ser feito por meio 
da fermentação dessa forragem. Na fermentação, há a estimulação de bactérias anaeróbicas, que na 
ausência de oxigênio convertem o açúcar do material orgânico (forragem) em ácidos orgânicos (como 
o ácido láctico), alterando o seu pH.
Assim, é correto dizer que o processo de ensilagem depende de processos químicos, de forma 
que a composição química da forragem utilizada possui grande influência sobre esse processo, sendo 
fundamental na qualidade do produto final. Dentre os requisitos para a produção de uma boa silagem, 
estão envolvidos o teor de umidade da planta e seu conteúdo proteico, assim como a quantidade e a 
qualidade dos carboidratos presentes na forragem.
As plantas possuem carboidratos, que são importantes para o processo de ensilagem. Os carboidratos 
podem ser estruturais e não estruturais.
Os carboidratos são sintetizados pelas plantas a partir do processo de fotossíntese, quando convertem 
CO2 e água (H2O) em glicose e oxigênio. São moléculas bio‑orgânicas e correspondem por mais de 50% 
do peso seco da biomassa. Apresentando fórmula molecular Cn(H2O)n, os carboidratos estruturais são 
polissacarídeos que participam na formação da estrutura e na sustentação dos vegetais, sendo o mais 
importante deles a celulose. A celulose é um polissacarídeo de cadeia longa que precisa ser hidrolisado 
em cadeias menores para que possa disponibilizar seus sacarídeos mais simples, como a glicose, para 
que estes estejam disponíveis para as bactérias realizarem os processos fermentativos.
Os carboidratos não estruturais são monossacarídeos mais simples, como a glicose, a frutose e a 
sacarose, sendo estes solúveis em água, e são facilmente fermentados pelas bactérias.
O amido também é considerado um carboidrato de reserva dos vegetais, sendo a mistura de dois 
polissacarídeos: a amilose e a amilopectina. Assim como os carboidratos estruturais, as bactérias precisam 
que o amido seja hidrolisado em carboidratos menores até que seus monossacarídeos (açúcares) fiquem 
disponíveis para serem utilizados nos processos fermentativos.
As plantas apresentam uma variada quantidade de carboidratos solúveis em água. Essa variação 
pode ocorrer dependo da espécie e seu estágio de maturidade, assim como com o clima submetido 
e o modo de seu cultivo. Normalmente as gramíneas tropicais possuem baixos níveis desse tipo de 
carboidrato quando comparadas às espécies de clima temperado.
As proteínas são compostos orgânicos de estrutura complexa e massa molar elevada. São sintetizadas 
pelos organismos vivos por meio de ligações peptídicas. Podem apresentar quatro tipos de estrutura, 
dependendo do tipo de aminoácido que possuem, assim como o tamanho de sua cadeia e configuração 
espacial da cadeia polipeptídica. A estrutura primária (dada pela sequência de aminoácidos ao longo da 
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cadeia polipeptídica) de uma proteína é a mais importante, pois dela deriva todo o arranjo espacial da 
sua molécula, sendo determinada geneticamente.
A maior parte do nitrogênio das plantas está na forma de proteína, enquanto na silagem esse 
nitrogênio ocorre na forma de amônia, nitratos, nitritos, aminoácidos livres e peptídeos.
Durante o processo de ensilagem, as paredes celulares da planta são rompidas e com isso as enzimas 
proteases são liberadas. Essas enzimas são responsáveis pela clivagem das proteínas, liberando o 
nitrogênio nas demais formas. A ação dessas enzimas é controlada por fatores de pH e temperatura. 
Em situações de diminuição de pH, elevada quantidade de matéria seca e baixas temperaturas há a 
diminuição da atividade enzimática. Leguminosas normalmente são mais sensíveis a esse processo.
O estágio de crescimento da espécie forrageira costuma ser determinante para seu conteúdo 
proteico, embora a ação de adubos nitrogenados também cause efeito nelas.
Assim como o teor de carboidratos, a quantidade de proteínas tende a ser maior em espécies de 
gramíneas de clima temperado.
A ação enzimática é responsável por diversas mudanças na forragem, que ocorrem quase 
imediatamente após esta ser cortada ou entrar no silo. Podemos citar os processos de respiração celular 
e proteólise como sendo os processos mais importantes e responsáveis por essas mudanças.
A respiração celular é o processo onde ocorre a oxidação da glicose de modo que, com a degradação 
da glicose pela oxidação, ocorra a síntese de energia que será utilizada pelas células. O processo de 
respiração celular na planta após sua colheita continua até houver presença de oxigênio (O2) e substratos 
e enquanto o pH do meio estiver elevado.
A fórmula geral do processo de respiração celular é representada como:
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O + Energia
Outro processo importante que ocorre com a planta logo após sua colheita é a proteólise. Nele 
ocorre a hidrólise das ligações peptídicas que formam as proteínas da planta. Esse processo ocorre de 
forma rápida logo após a colheita da planta. A degradação das proteínas presentes na forragem colhida 
apresenta diversas variantes que dependem da espécie forrageira, variação do pH, porcentagem de 
matéria seca e temperatura do silo, entre outras. Cabe dizer que essas variações podem ser responsáveis 
por até 60% da perda de conteúdo proteico da silagem produzida.
A qualidade da silagem produzida é influenciada por sua composição microbiológica, sendo que as 
plantas forrageiras apresentam inúmeras espécies de microrganismos epífitas. Esse número é variante 
do tipo de forragem, assim como das condições às quais elas podem estar sujeitas, como temperatura, 
umidade, picagem e estágio de maturação, entre outros. Normalmente, o processo de picagem aumenta 
a quantidade dos microrganismos presentes na forragem, de modo que costuma favorecer o aumento 
da população de bactérias que sintetizam ácido láctico quando comparada à cultura em pé. Quando 
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a forragem é colhida junto com resíduos, palhas e até alguma outra espécie de planta invasora, a 
qualidade da silagem produzida tende a ser de qualidade inferior ao desejado. Normalmente, o material 
indesejável apresenta grande quantidade de fungos, que podem prejudicar o processo fermentativo, 
interferindo assim na qualidade do produto final.
É importante que se tenha conhecimento do momento ideal para se realizar o corte da forragem 
para a produção de silagem. O momento ocorre quando a forragem apresenta entre 28 e 32% de 
matéria seca – por exemplo, para silagem de milho, o momento ideal para o corte é quando o milho 
está no ponto de cural (farináceo). Após o corte da forragem, ocorre a picagem (ou trituração), em que 
a forragem é cortada em partículas que devem ser cortadas em pedaços entre 3 e 5 cm, sendo que 
quanto menor a partícula, melhor será a silagem, pois o material se torna mais compactado, o que 
faz com que o meio se torne anaeróbico. Isso é ideal para que o processo fermentativo ocorra, embora 
partículas muito pequenas não sejam interessantes para o processo digestivo do animal, pois fazem com 
que o alimento passe mais rapidamente para o abomaso. Ao picar a forragem, há o rompimento das 
células vegetais de forma que as enzimas sejam liberadas. Dentre as enzimas liberadas estão a amilasee 
a hemicelulase, responsáveis respectivamente pela clivagem do amido e da hemicelulose, e com isso há 
um aumento na quantidade de carboidratos solúveis na silagem. Outras enzimas também são liberadas 
e soltam amônia, aminoácidos e peptídeos na silagem.
Durante o processo de ensilagem, enquanto ainda há grande quantidade de O2, os microrganismos 
aeróbicos (ou facultativos), como as leveduras, fungos e algumas bactérias, são favorecidos e suas 
populações crescem, podendo chegar a altas concentrações. Com o aumento desses microrganismos 
há um aumento do consumo de açúcares que, junto com o processo de respiração celular da forragem, 
pode gerar grande perda dos carboidratos solúveis. Essa perda interfere na preservação da silagem, 
pois afeta a população das bactérias produtoras de ácido láctico, que são fundamentais para a 
preservação do material vegetal ensilado. Além disso, com a diminuição dos carboidratos há redução 
no teor energético e aumento da concentração dos constituintes fibrosos de modo a interferir no 
valor nutricional da silagem.
O aumento da atividade dos microrganismos pode levar a um aumento na temperatura do material 
ensilado; com isso, favorece a quebra das proteínas em compostos nitrogenados solúveis. Sempre que 
há situações de calor excessivo, ocorre a redução da capacidade de digestão dos compostos nutritivos da 
silagem. Junto a isso, pode‑se ter o risco de silagens muito secas entrarem em combustão espontânea.
A fase aeróbica pode gerar inúmeros efeitos negativos na qualidade da silagem produzida. Forragens 
mal compactadas fazem com que haja O2 em seu interior, de modo a permitir os processos aeróbicos que 
costumam ser responsáveis por sua deterioração. Para serem minimizados, é necessário que ocorram de 
forma rápida a compactação, o enchimento e o fechamento do silo. Com a vedação do silo, é impedida 
a entrada de O2.
É recomendado que o silo esteja o mais próximo possível da região de cultivo e do local de fornecimento. 
Após o corte do material vegetal, ele deve ser colocado no silo, onde será compactado (com auxílio de um 
trator) e vedado (com lona) para que esteja exposto à menor quantidade de O2 possível. No silo, o material 
deve ficar armazenado por um mínimo de 21 dias, não podendo ultrapassar um ano.
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Assim que o material ensilado apresenta condições anaeróbicas, diversos processos são iniciados. As 
bactérias produtoras de ácido láctico passam a fermentar (fermentação anaeróbica – com ausência de 
O2) os açúcares liberados, junto com enzimas, com rompimento das células das plantas. Essas enzimas 
degradam as proteínas presentes na forragem em compostos nitrogenados solúveis, mas também 
degradam os polissacarídeos, gerando açúcares que serão utilizados no processo de fermentação pelas 
bactérias. É importante estar atento para o percentual de umidade da forragem ensilada, pois quando 
ela apresenta um excesso de umidade, pode gerar colapso das células, de modo que sejam produzidos 
efluentes que carregam junto a eles grade parte dos compostos da forragem, gerando grande perda 
nutricional para a silagem.
Quando a silagem atinge as condições anaeróbicas, os microrganismos anaeróbicos passam a se 
multiplicar de forma rápida. O ácido láctico é o responsável pela preservação das forragens ensiladas, de 
modo que as bactérias produtoras de ácido láctico são consideradas as mais importantes do processo 
de ensilagem. Estas, por meio do processo de fermentação anaeróbica, utilizam carboidratos solúveis 
para sintetizar o ácido láctico. Junto com ele, essas bactérias podem produzir, em menor quantidade, 
outros produtos de menor importância para o processo, como CO2, CH3OH (etanol) e CH3COOH (ácido 
acético), entre outros. Estas podem ser divididas em dois grandes grupos: as que sintetizam apenas o 
ácido láctico e as que além do ácido láctico sintetizam os demais produtos citados anteriormente. A 
fermentação que sintetiza apenas o ácido láctico é a mais desejada, pois com ela quase não há perdas 
de energia ou matéria seca, além de preservar os demais componentes da silagem. Isso ocorre porque, 
com a produção de ácido láctico na silagem, o pH é reduzido de forma rápida e com isso há a diminuição 
das enzimas proteolíticas, o que diminui a perda de proteínas da silagem e inibe o crescimento de outros 
microrganismos anaeróbicos menos eficientes.
Há ainda as chamadas enterobactérias, que também são bactérias anaeróbicas, mas que podem se 
desenvolver na presença de O2. Estas têm o ácido acético como seu produto principal de fermentação, 
embora produzam ácido láctico e etanol em quantidades menores. Embora o CH3COOH também faça 
com que o pH diminua, com ele a diminuição do pH ocorre em menor velocidade, o que proporciona uma 
maior perda de matéria seca. Além disso, quando em grande quantidade, é responsável pela diminuição 
do consumo de silagem pelo gado.
Após o período de crescimento das bactérias produtoras de ácido láctico, a silagem entre na fase 
estável. Quando bem vedado, na fase estável ocorre pequena atividade biológica mesmo que, devido 
ao fato de a degradação da hemicelulose ser muito lenta, ocorra liberação de açúcar. Nesta fase, a 
compactação do material vegetal, assim como permeabilidade ao O2 pelo silo, são os fatores que podem 
afetar a qualidade e possíveis perdas da silagem produzida. O silo até pode permitir que ocorra a entrada 
de O2, mas para não causar prejuízo ao produto final o O2 deve entrar no silo de forma muito lenta, de 
modo a se evitar que microrganismos aeróbicos possam se desenvolver na silagem, o que levaria ao 
aquecimento do sistema e à perda de matéria orgânica.
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O processo de ensilagem tem como base a fermentação dos alimentos.
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 Observação
Para obtenção de silagem de qualidade, é ideal o uso de três tratores 
simultâneos, sendo um para o corte do material, outro para o transporte e 
outro para a compactação no silo.
2.4 Tipos de silos
2.4.1 Silo de superfície
Silo mais comum, de fácil execução, em que o material é picado, amontoado e coberto. É feito no 
solo, colocando a lona por cima.
Figura 4 – Silo de superfície (Araçatuba, 2014)
2.4.2 Silo trincheira
Silo mais difundido, possui paredes resistentes em forma de trapézio, o que facilita o descarregamento 
e a compactação do material vegetal. Nele costumam ocorrer poucas perdas (que variam entre 8 e 10%). 
É um silo de fácil manejo e o produtor deve evitar alturas acima de 3 metros.
2.4.3 Silo aéreo em tubo
Apresenta custo elevado e formato cilíndrico. É feito em superfície e protegido por lona cilíndrica. 
Tem dificuldade de descarregamento.
2.4.4 Silo aéreo
Possui custo elevado e dificuldade de descarregamento. Apresenta paredes espessas e formato 
cilíndrico e pode ser feito de alvenaria ou metal (comumente o inox), sendo a desensilagem em faias 
horizontais. Normalmente é utilizado para o armazenamento de grãos.
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Figura 5 – Silo aéreo em inox (Pirassununga, 2006)
2.4.5 Silo subterrâneo (tipo poço)
Também conhecido como cisterna, é de difícil construção e possui características que geram 
silagens ótimas, de carregamento fácil, mas desensilagem trabalhosa, sendo necessário para isso o 
uso de carretilhas. Apresenta dificuldade para o escoamento de líquidos, mas não há grandes perdas 
(entre 8 e 10%).
2.5 Aspectos negativos na ensilagem
O processo de ensilagem pode acarretar em perdas dos nutrientes da forragem. Essa perda pode 
ocorrer por meio do efluente, que escorre de silagens muito úmidas. Para evitar que isso ocorra, é 
importante que a porcentagem mínima de matéria seca seja adequada para o tipo de silo utilizado.
Os efluentes de silagem podem carregar materiais solúveis e gerar grande impactoambiental, pois 
apresentam índices de DBO (demanda biológica por O2) que podem ser até 200 vezes maiores que 
os efluentes domésticos. Quando não se pode evitar sua ocorrência, esse efluente deve ser coletado, 
podendo ser utilizado como fertilizante.
O sucesso da produção de silagem depende de uma sequência de operações que devem ser 
planejadas e executadas de forma correta, de modo que cada etapa do processo seja feita com 
cuidado, em especial aos detalhes de cada etapa, desde a escolha da espécie de forragem até o 
fornecimento aos animais.
A ensilagem pode ser realizada para quase todas as culturas forrageiras. O valor nutricional e a 
adequação ao processo de ensilagem são fatores que influenciam a qualidade da silagem produzida. 
Assim como é possível que forragens de boa qualidade possam perder componentes importantes durante 
o processo de ensilagem por erro de manejo, também é possível produzir silagens de boa qualidade a 
partir de forragens de baixa qualidade.
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2.6 Colheita da matéria‑prima e finalização
Independentemente da espécie forrageira utilizada no processo de ensilagem, é fundamental 
determinar o momento correto da colheita de forma que se garanta um bom processo fermentativo e 
a máxima produção de material digestível por área. O período de colheita costuma ser decidido após a 
avaliação dos seguintes fatores:
• estágio de maturação da espécie;
• clima;
• manejo do rebanho.
Lembrando que a data de plantio também deve ser considerada para decisão de colheita. Como o 
objetivo final é obter o maior rendimento de modo a se obter o maior lucro com a forragem, é necessário 
ter conhecimento da fisiologia de cada tipo de forrageira para que se saiba determinar o momento 
correto da colheita.
A parte inferior das hastes das plantas costuma ser menos digestível; com isso, reduz a qualidade da 
forragem como um todo. Como o processo de ensilagem não se preocupa com a quantidade de material 
vegetal, mas sim com a qualidade, é recomendado que para essa finalidade o corte da forragem seja 
elevado.
Conforme já citado em outras partes deste texto, a porcentagem de matéria seca é importante 
para a produção de uma boa silagem. Para isso, é necessário que as forrageiras sofram um processo de 
pré‑secagem, de modo a serem expostas ao sol logo após o corte, processo que não é obrigatório mas é 
recomendado quando a forragem está muito úmida, por exemplo. Assim como o processo de picagem, 
que afeta diretamente a compactação que o material vegetal pode sofrer dentro do silo, interfere na 
eficiência da fermentação e na qualidade final da silagem, embora necessite de máquinas mais potentes 
para que ocorra a picagem em partículas pequenas.
Como a demora em se preencher os silos aumenta o período em que a forragem está sujeita aos 
processos aeróbicos (que interferem na qualidade e no rendimento da silagem produzida), é importante 
que o produtor opte pelo preenchimento dos silos o mais rápido possível. De forma geral, é importante 
que os processos para a produção de silagem (corte, transporte, enchimento e compactação) sejam 
sincronizados.
Para que ocorra ausência de ar, é preciso que a forragem seja muito bem compactada durante o 
processo de preenchimento do silo, o que costuma ser facilitado em silos aéreos devido ao fator positivo 
exercido pelo peso da forragem. A compactação em silos horizontais pode ser realizada por tratores, 
evitando os tratores de esteira, uma vez que estes costumam distribuir seu peso, o que diminui a pressão 
na superfície da silagem. Como a compactação costuma ser efetiva nos 30 a 50 cm superiores da massa 
total ensilada, é importante que a distribuição desses materiais seja feita em camadas finas e de forma 
ininterrupta, de modo a evitar que se formem bolsões em que a silagem entre em contato com o O
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evitar também que o material sofra ações dos processos aeróbicos, que resultam em perda de material. 
Portanto, o processo de vedação da silagem também é muito importante. Para silos horizontais, esse 
fator apresenta problemas, pois é necessário que uma maior área seja coberta por lonas para que ocorra 
a vedação do material. Recomenda‑se que a silagem possua uma superfície uniforme para facilitar 
o processo de vedação. É importante também que os silos tenham revestimentos especiais em suas 
paredes a fim de evitar que sofram corrosão pela ação dos ácidos produzidos durante o processo de 
ensilagem, que podem até comprometer a estrutura dos silos.
Na fase de descarregamento é importante manter alguns cuidados para evitar que ocorram perdas 
pelo contato da silagem com o ar. Nesta fase, a silagem deve ser manejada com cuidado para minimizar 
as perdas. A retirada da cobertura plástica deve ser feita apenas na área que exponha a quantidade 
necessária de silagem a ser utilizada.
Durante o descarregamento, os microrganismos presentes na silagem têm acesso às quantidades 
de O2, mesmo limitadas, de modo a permitir que os microrganismos aeróbicos se multipliquem 
rapidamente.
Silos horizontais são os mais utilizados para o armazenamento de alimentos, possuem os menores 
custos, embora sua disposição e profundidade permitam que grande parte da silagem esteja exposta as 
intempéries do tempo, o que pode comprometer parte da produção de silagem. Para as condições do 
Brasil (clima tropical), o uso desse tipo de silo costuma resultar em cerca de 15% de perda de material. 
Para que ocorram menores percentuais de perda, podem ser utilizados aditivos na silagem. Esses 
aditivos costumam melhorar a fermentação ou reduzir as perdas, sendo classificados como inibidores 
ou estimuladores de fermentação.
Os aditivos inibidores suprimem o crescimento dos microrganismos aeróbicos, assim como a ação 
enzimática das forragens. Os aditivos estimuladores costumam melhorar a eficiência da fermentação, 
sendo compostos de fontes de substratos (como melaço, soro de leite e sacarose), culturas vivas 
de bactérias produtoras de ácido láctico (dos gêneros Lactobacillus, Pediococcus, Lactococcus e 
Enterococcus) e enzimas, como amilase e xilanase.
Grãos e farelos de cereais também costumam ser considerados aditivos, pois podem ser adicionados 
em silagens que apresentam alto teor de umidade de forma a aumentar a quantidade de matéria seca, 
favorecendo o processo de ensilagem.
Também há a possibilidade de adição de amônia e ureia, que podem ser acrescidas às forragens 
como uma forma de aumentar o teor de proteína bruta na silagem. A adição de amônia interfere no pH, 
elevando‑o.
Esse processo possui duas facetas: a faceta negativa é que com a elevação do pH, os microrganismos 
atuam por um período mais longo no material vegetal, aumentando o consumo dos açúcares; por 
outro lado, a amônia inibe a degradação de proteínas entres outros componentes da parede celular das 
forragens, o que faz com que a silagem produzida apresente maior digestibilidade.
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A ureia possui efeito na silagem similar à amônia, pois é degradada em amônia e água, porém essa 
degradação ocorre de forma lenta e assim o efeito da amônia a partir da degradação de ureia costuma 
ser mais devagar.
A avaliação visual pode ser utilizada como controle de qualidade de forragens frescas e conservadas, 
de modo que a partir de algumas alíquotas tem‑se uma amostra de todo processo.
 Saiba mais
Para conhecer melhor sobre ensilagem, consulte o site a seguir:
EMBRAPA. Silagem. [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2014.
 Resumo
Conforme visto nesta unidade, fenação é um processo de conservação 
de alimentos para herbívoros (ruminantes e não ruminantes) baseado na 
secagem de material vegetal.
Devido à necessidade do uso de equipamentos,como ceifadeira, ancinho 
e enfardadeira, podemos considerá‑lo um processo que apresenta custo 
relativamente alto, sendo, portanto, utilizado na alimentação de animais 
considerados de elite, ou seja, animais de exposição que possuem alto valor 
de mercado.
Por ser um processo baseado na secagem de material, faz‑se necessário 
que o procedimento seja realizado em um dia sem previsão de chuvas, pois 
após o corte da forragem utilizada, a próxima etapa é a secagem do material.
A matéria‑prima utilizada são forragens do grupo das gramíneas, com 
crescimento estolonífero, ou seja, rente ao chão, como coast cross, tifton 
e estrela – a fenação é um processo utilizado também para a conservação 
de leguminosas, como a alfafa. Diferentemente do processo de fenação, 
o processo de ensilagem, para produção de silagem, é um procedimento 
baseado na fermentação do material vegetal. Os grãos em geral – por 
exemplo, milho e soja –, juntamente com alguns tipos de forragens, são as 
matérias‑primas básicas da silagem.
É imprescindível o corte do material em partículas com tamanho 
aproximado entre 3 e 5 cm, pois partículas muito grandes dificultam o 
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processo de compactação do material, assim como partículas menores de 3 
cm compromotem a digestão, fazendo o alimento passar mais rápido para 
o abomaso.
O processo de ensilagem não necessita de muitos equipamentos; 
portanto, é um procedimento mais econômico para o produtor rural no 
armazenamento de alimentos para os animais. O material fica conservado 
em locais chamados de silos. Há diversos tipos de silos – por exemplo, de 
aço inox, superfícies (utilização de lonas para cobrição), silo tipo poço, 
trincheira e banker.
 Exercícios
Questão 1. (IF/CE, 2017) A conservação de forragem compreende práticas que possibilitam o produtor 
a armazenar alimento volumoso produzido em épocas de chuvas, preservando suas características 
nutricionais, para que este seja fornecido aos rebanhos na época seca do ano. As duas principais técnicas 
empregadas são a ensilagem e a fenação, de acordo com os preceitos contidos na prática destas, é 
correto dizer‑se que:
A) as forrageiras indicadas para ensilagem devem apresentar boa produção de massa verde, boa 
resistência a cortes frequentes, caules finos e muitas folhas, fácil cultivo e adaptação ao solo e 
clima da região.
B) na segunda fase de secagem no processo de fenação, após o fechamento dos estômatos, a perda 
de água acontece via evaporação cuticular. Assim, a estrutura das folhas, as características da 
cutícula e a estrutura da planta afetam a duração desta fase de secagem. 
C) a ensilagem é um método de conservação de forragem que, além de conservar, pode melhorar o 
valor nutritivo da forragem.
D) feno de boa qualidade está associado ao baixo pH, variando entre 3,8 e 4,2 para feno de capim 
Tifton 85 e entre 4,0 e 4,8 para feno de Brachiaria.
E) silagem de boa qualidade deve apresentar umidade adequada em torno de 13% e homogênea, 
coloração esverdeada (verde‑claro), maciez ao tato e alta produção de folhas em relação ao colmo.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: atualmente, é possível fenar todo tipo de forrageira, bastando para isso utilizar métodos 
e equipamentos adequados ao processamento das plantas, embora devamos reconhecer que algumas 
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espécies forrageiras apresentam maior facilidade, principalmente no que diz respeito à velocidade 
de desidratação, atingindo o ponto de feno mais adequado ao processo de fenação. As principais 
características de uma planta para produção de feno são a boa quantidade das folhas, a boa composição 
bromatológica, os talos finos e pequenos, a desidratação rápida após o corte, a grande capacidade de 
produção e a resistência a cortes frequentes.
B) Alternativa correta. 
Justificativa: numa segunda fase de secagem, após o fechamento dos estômatos, a perda de 
água acontece via evaporação cuticular. Assim, a estrutura das folhas, as características da cutícula 
e a estrutura da planta afetam a duração desta fase de secagem. A resistência cuticular e a da 
camada limítrofe do tecido vegetal com o ambiente tornam‑se as principais barreiras a perda de 
água. Após o fechamento dos estômatos, 70 a 80% da água deverá ser perdida via cutícula, cuja 
função é de prevenir a perda de compostos da planta pôr lixiviação, de proteção contra a abrasão 
e dos efeitos da geada e da radiação.
C) Alternativa incorreta. 
Justificativa: ensilagem é um método de produção da silagem que se baseia na conservação de 
forragem para alimentação animal baseado na fermentação láctica da matéria vegetal durante a qual 
são produzidos ácido láctico e outros ácidos orgânicos, o que causa a diminuição do pH até valores 
inferiores a 5 e a criação de anaerobiose.
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: o feno de boa qualidade é aquele proveniente de uma forragem cortada no momento 
adequado. A qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas a serem fenadas, 
a condições climáticas durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado. O feno de boa 
qualidade apresenta cor verde característica, maciez ao tato e aroma característico.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: silagem de boa qualidade deve apresentar cor clara, variando do verde ao amarelo, e 
pH na faixa de 3,7 a 4,2.
Questão 2. (ENADE 2013) O capim‑elefante (Pennisetum purpureum), assim como as demais 
gramíneas forrageiras tropicais, utiliza a via C4 da fotossíntese e, por isso, apresenta elevada produção 
de biomassa. Porém, grande parte da produção anual concentra‑se na época de chuvas. Por isso, uma 
opção é conservar parte dessa produção na forma de silagem a fim de utilizá‑la na alimentação animal 
durante a época seca. O capim elefante tem razoável valor nutritivo, mas apresenta inconvenientes para 
ensilagem: alto teor de umidade e baixos teores de carboidratos solúveis. Nesse caso, recomenda‑se a 
utilização de aditivos para melhorar a qualidade da silagem. Pesquisadores realizaram um experimento 
para avaliar a qualidade de silagem de capim elefante (Pennisetum hybridum cv. Paraíso), com e sem 
a presença de aditivos. Aos 100 dias de idade, o capim foi cortado e ensilado conforme os seguintes 
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tratamentos: silagem de capim paraíso sem aditivo (CP); CP + 5% de polpa cítrica; CP + 10% de polpa 
cítrica; CP + 1% de óxido de cálcio; CP + aditivo comercial, composto de Lactobacillus plantarum e 
Pediococcus pentosaceus. 
A tabela abaixo apresenta os valores médios de pH, percentuais de matéria seca (MS), nitrogênio 
amoniacal em relação ao nitrogênio total (NH3/NT), ácido lático (LAT), ácido acético (ACE) e ácido 
butírico (BUT) obtidos nesse experimento.
Considerando os tratamentos experimentais e a análise da tabela apresentada, conclui‑se que: 
A) a adição da polpa cítrica não alterou o pH nem o percentual de matéria seca da silagem quando 
comparado ao tratamento sem aditivo.
B) a adição de 10% de polpa cítrica promoveu uma silagem rica em matéria seca e com padrão 
fermentativo adequado para uma silagem de boa qualidade.
C) o aditivo comercial propiciou efeitos similares aos tratamentos com polpa cítrica no que se refere 
aos percentuais de matéria seca e padrão fermentativo da silagem.
D) a adição de óxido de cálcio proporcionou silagem de boa qualidade, considerando‑se as 
concentrações de nitrogênio amoniacal e de ácido lático.
E) o óxido de cálcio elevou significativamente o pH da silagem e o teor de nitrogênio amoniacal 
em relação ao nitrogênio total, o que promoveu uma silagem de melhor qualidade nutricional 
e mais estável. 
Resolução desta questão na plataforma.
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