A vida em laboratório, a produção de fatos científicos. Bruno Latour

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Universidade Estadual do
Centro-Oeste
DISCIPLINA:
Sociologia do 
Conhecimento
ACADÊMICOS:
Jean Brozoski
Sobre os autores...
• Sociólogo, antropólogo e filósofo da
ciência.
• Processos de pesquisa científica, dentro da
perspectiva pós-construtivista que
privilegia a interação entre o discurso
científico e a sociedade.
• Investigação Sobre os Modos de
Existência: Uma Antropologia dos
Modernos.
• Estudo sobre Louis Pasteur e as
controvérsias em torno de suas pesquisas
na França no século XIX.
• Acompanhamento do estudo da
primatóloga Shirley Strum sobre os
babuínos na África.
• Mapeamento de controvérsias científicas.
Bruno Latour
(Beaune, França, 
1947)
Steve Woolgar
(Londres, Reino Unido, 
1950)
• Sociólogo.
• Importante contribuinte nas
áreas de conhecimento de
sociologia científica, ciência e
tecnologia, especialmente em
sociologia das máquinas.
• Em 2008, recebeu o Prêmio
John Desmond Bernal concedido
pela Sociedade de Estudos
Sociais da Ciência.
• Trabalhou em estreita
colaboração com Bruno Latour,
com quem escreveu A Vida de
Laboratório: A Construção Social
dos Fatos Científicos.
A Vida de Laboratório 
• Laboratório de Neuroendocrinologia do Instituto Salk, na 
Califórnia.
“Somos cobaias”
“Mais informados do que eu, eles calculavam
mentalmente suas taxas de adrenalina e a baixa do ácido
ascórbico provocadas pela tensão. Era neles, e não nos ratos,
que se faziam experiências sobre hormônios.” (LATOUR, 1997)
Produção social do objeto 
científico
• Em nenhum momento efetua-se a união entre o conteúdo
científico e o contexto social.
• “Como se o contexto e conteúdo fossem dois líquidos que
podemos fingir misturar pela agitação, mas que se
sedimentam tão logo deixados em repouso.”
• História das ciências: laço entre a prática dos pesquisadores e
os objetos que eles produzem.
CONTEÚDO 
CIENTÍFICO
CONTEXTO 
SOCIAL
HISTÓRIA 
SOCIAL E 
SOCIOLOGIA
A questão do observador
• Quem fala de ciências conhecendo-as em detalhe e de
primeira mão? Os próprios cientistas.
• “Para falar das ciências é preciso ser especialista.”
• Bom emprego da ignorância e da desconfiança respeitosa
diante do informante, contornando a filosofia dos cientistas.
• Familiarizar-se com um campo, permanecendo independente
dele e à distância.
“Desvendar às apalpadelas a selva dos fatos, 
sem possuir mapa ou bússola”
Visita de um antropólogo ao 
laboratório
Um universo absurdo
• Os animais estão sendo preparados para serem comidos?
• Trata-se de algum ritual de adivinhação durante o qual
inspecionam-se as entranhas dos ratos?
• Os indivíduos que passam horas discutindo diante de
papéis rabiscados com anotações e números são
advogados?
• São caçadores de um tipo especial que, depois de horas
imobilizados diante de um espectrógrafo, farejam uma
pista como cães de caça?
A inscrição literária
• Os “inscritores” são aqueles que transformam matéria
em escrita.
• O laboratório é um sistema de inscrição literária.
• Onipresença da literatura, da qual apenas uma pequena
parte irá surgir sob forma de publicação.
Documentos e fatos
• “Quando nosso observador comparou o laboratório a uma
tribo de leitores e de autores que passam dois terços de seu
tempo trabalhando em grandes inscritores, ele começou a
formar um sentido sobre o laboratório.”
• “Essa tribo dá a impressão de ter desenvolvido habilidades
consideráveis, tanto na arte de construir dispositivos capazes
de definir figuras, traços ou inscrições fugidias - no que se
refere ao aspecto material - quanto na arte da persuasão.”
• Finalidade: produção de artigos.
Os pesquisadores
• Manipulação de enunciados, que integra-se ao estoque das 
aquisições científicas.
• Bons cientistas --- > lógica do raciocínio.
• Cientistas são escritores e leitores que buscam se convencer e 
convencer os outros.
• Possuidores de uma teimosia imperturbável.
• Permanece aberta a possibilidade de uma futura reavaliação 
dos enunciados.
A construção de um fato
• A construção de um fato a partir da 
pesquisa do isolamento e 
caracterização do hormônio TR
• A partir da Instrumental e Reflexiva
• A duvida da aplicação ao “macro” a 
partir do “micro”
A construção de um fato
• A ciência é construtiva.
• A concepção da virtude de enfrentar problemas “macros” a 
partir de “micro” materiais.
• Para a estrapolação dos dados, deve se ter uma concepção 
que vá além da instrumental adotando a análise reflexiva.
A construção de um fato
• A briga de pesquisadores com a 
mesmas linhas de pesquisa, porem 
com abordagens diferentes.
• Entre: 
• 1. isolamento, determinação da 
estrutura e funções
• 2. Isolamento e determinação das 
funções a partir da quantidade.
A construção de um fato
• Porem a ciência por mais que seja construtiva, porem tem a 
capacidade de apagar traços dessa própria construção.
• Quando através da analise a partir dos “inscritores”, muitos 
cientistas descartam do procedimento estabelecido, 
justificando a obtenção dos dados como “pura técnica”
Enunciados
• Através dos “inscritores” os cientistas elaboram seus 
“enunciados” referente aos dados coletados. 
• O cientista usa de diversas estratégias discursivas para 
aumentar o grau da “faticidade” de seus estudos.
• É uma luta constante para a aceitação de certos tipos de 
enunciados
• O que pode mudar o rumo na construção de fato
Enunciados
• Os pesquisadores apontam que os enunciados passam a se 
tornar fatos científicos a partir do momento em que o 
enunciado passa a retratar o fato cientifico de forma que ele 
é.
A dualidade científica
• O indivíduo que está na origem da ideia?
ou
• A ideia emana do pensamento do grupo?
O que move o cientista?
• Assim como um investidor capitalista, o cientista espera obter 
um ganho
• Ciclo do capitalista:
Maximizar a lucratividade ⇄ Aumentar a produção
• Ciclo do cientista:
Ganho de credibilidade ⇄ Reinvestimento
• Seus ganhos e investimento são feitos com capital
O ciclo do capitalista
• Há um investimento 
inicial
• Que leva a uma produção
• Gera-se lucro
• Investe-se esse lucro
• Aumentando, assim, a 
produção
• Que leva a mais lucro...
• Aqui, o dinheiro é o meio 
e o fim
• “Capital financeiro”
O ciclo do cientista
• Um mesmo investimento 
inicial
• Gera a produção 
científica
• Se bem sucedida, a 
credibilidade do cientista 
aumenta
• Investe-se essa 
credibilidade a fim de 
continuar o ciclo
• Aqui, a credibilidade é o 
meio e o fim
• “Capital social”
Desigualdade de posição
• Alguns cientistas possuem mais “capital social” que outros
• Condições diferenciadas de ação
A noção de crédito
• “Não é apenas o 
reconhecimento pelos 
pares”
• A rede: atores, 
circunstâncias e interesses 
distribuídos por outros 
espaços e instituições além 
da própria ciência
• É circulando nessa rede 
que o fato científico ganha 
legitimidade social
Construção do conhecimento
• “A construção do conhecimento científico é um processo 
social de argumentação persuasiva”
• O fato científico não dependeria, assim, somente da sua 
racionalidade intrínseca, mas também da força de persuasão 
gerada pelo enunciador
A ordem a partir da desordem
• O demônio de Maxwell
• A ordem é criada, não preexiste
• A ciência cria focos de ordem em meio a desordem