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XIX - MÓDULO DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS - HACKEANDO A PROVA - MÓDULO XIX: DISPNÉIA E DOR TORÁCICA LPI ● Tratamento de Insuficiência cardíaca → Já o tratamento farmacológico vai se dividir de acordo com o MECANISMO da insuficiência: IC por FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA Devemos começar, antes de falar do tratamento propriamente dito, revisitar os mecanismos envolvidos: o coração não consegue colocar o sangue pra frente nesse tipo de insuficiência, já que o mecanismo de formação dessa insuficiência é por redução da fração de ejeção. Daí se tem menos sangue nas artérias, menos sangue é filtrado nos rins, o que promove a ativação do sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona. O que o sistema vai promover é a retenção de água e sódio, o que significa de maneira direta um aumento de volume, da pressão e mais esforço pro coração doente. Além disso, se o paciente tem o volume arterial efetivo diminuído, o sistema adrenérgico é ativado a fim de aumentar a contratilidade cardíaca para aumentar o débito cardíaco e aumentar a resistência vascular periférica, o que aumenta ainda mais a pressão. Para finalizar, esses hormônios envolvidos no processo de agravamento da IC são miotóxicas, ou seja: são prejudiciais às células cardíacas de forma direta! Dessa forma, a soma de todos esses mecanismos gera uma queda de funcionalidade exponencial no contexto da IC, porque a insuficiência cardíaca gera mais e mais insuficiência cardíaca!! E isso vai resultar em duas coisas: CONGESTÃO, com todos os seus sinais e sintomas, e um importante REMODELAMENTO CARDÍACO, com alteração da arquitetura cardíaca, o que vai prejudicar muito a contratilidade cardíaca! O tratamento, portanto, vai agir em dois sentidos diferentes: no sentido de aumentar a sobrevida e diminuir os sintomas. → E de que forma aumenta-se a sobrevida desse paciente? Barrando o remodelamento cardíaco, que é o que agrava a contratilidade e piora ainda mais a IC. Barrar esse remodelamento quimicamente falando significa barrar a resposta neuro-hormonal à doença. Fazemos isso primariamente com 2 medicamentos: A. Inibidores da Enzima conversora de Angiotensina (IECA): - Toda a classe exerce benefícios, então pode usar qualquer um, um muito usado é o Enalapril. Começamos com uma dose baixa e aumentamos até o paciente melhorar, porque vai diminuir a pressão dele. - É ofertado a todos os pacientes com IC. - Efeito a curto prazo: retenção hídrica, tolerância ao esforço, redução da carga sobre o miocárdio decorrente de vasodilatação. - NÃO vamos usar quando o paciente for portador de IR, se tiverem estenose bilateral de A. Renal ou tiver potássio alto (K + > 5,5). B. Betabloqueadores (BB): - Succinato de Metoprolol, Carvedilol, Bisoprolol - É ofertado para todos os pacientes, mesmo assintomáticos. - É usado para barrar a noradrenalina, atuam inibindo o SN simpático, ou seja, efeito inotrópico negativo, vai diminuir a FC, então o paciente pode piorar o quadro clínico no começo do uso dessa medicação. CRISLANE NOGUEIRA VITÓRIA - 7º SEM�TRE XIX - MÓDULO DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS - NÃO vamos usar quando o paciente estiver agudamente descompensado, vamos fazer o IECA e um diurético a fim de estabilizar o paciente e, só depois de compensado, inicia o BB, pra não piorar uma sintomatologia já muito ruim. - A!! Quando começamos a terapêutica do BB, não devemos mais tirar ele. O ideal é esperar o paciente se acostumar com os efeitos. - A!! Se o paciente for asmático podemos tratar com betabloqueador, mas vamos dar preferência aos beta seletivos que é o BISOPROLOL, já que os não seletivos podem promover broncoconstrição!! Se o paciente é total assintomático, fazemos IECA + BB A!! Não iniciamos a terapêutica com os dois juntos, sobretudo nos pacientes sintomáticos, o que fazemos é: iniciar o BB e vamos aumentando até chegar na dose plena e só depois entramos com o IECA. Ou seja: devemos começar devagar porque o início dessas medicações promove a piora da sintomatologia. Podemos começar com IECA também, tanto faz. A!! Não devemos diminuir a dose de jeito nenhum a menos que haja uma condição pra isso, como um choque cardiogênico ou uma arritmia grave. C. Antagonistas da aldosterona/mineralocorticóides: - Espironolactona - É uma droga que bloqueia a aldosterona e, por isso, é poupadora de potássio - Indicado para os pacientes que estão em classe funcional de II a IV + estão fazendo IECA e BB e ainda assim estão fazendo sintoma - NÃO devemos usar quando paciente é portador de IR e se potássio alto (K + > 5,5) D. BRA: - Valsartana - Indicado para pacientes que apresentam intolerância ao IECA por apresentarem angioedema e tosse. Na ausência dessa intolerância é sempre preferível que façamos o IECA. - NÃO vamos usar quando o paciente for portador de IR, se tiverem estenose bilateral de A. Renal ou tiver potássio alto (K + > 5,5). E. Hidralazina + Nitrato: - Não atua na fisiopatologia, mas sim na dinâmica, vejam: vamos dilatar a veia, o que faz chegar menos sangue no coração diminuindo, assim, a pré carga ao mesmo tempo que dilata-se a artéria com esse esquema, o que diminui a resistência vascular periférica, o que diminui a pós carga. Esse esquema faz o sangue fluir melhor e sobrecarregando bem menos esse coração! - É indicado para pacientes que precisam de uma alternativa à IECA e BRA-II, como por exemplo pacientes que têm alto potássio. Indicado também para pacientes sintomáticos que já estão em uso de IECA + BB + Antagonistas da Aldosterona. F. Ivabradina: - Este vai inibir seletivamente a corrente If do nó sinoatrial e, por isso, tem função parecida com o betabloqueador. Enquanto o BB vai inibir o receptor, esse medicamento vai interromper o estímulo, a corrente. Então vai diminuir a contratilidade e frequência cardíaca. - É indicado para paciente em uso de IECA + BB + FC > 70 com ritmo sinusal e que, ainda assim, é sintomático! ENTÃO: - IECA + BB → terapia padrão - intolerância à IECA → BRA - contraindicação à IECA → Hidralazina + Nitrato - IECA + BB não resolveu, então adicionar → Espironolactona → Hidralazina + Nitrato → Ivabradina G. Valsartan (semelhante a um BRA, só que mais forte) + Sacubitril (vasodilatador): - O valsartan é um BRA, e o Sacubitril é um inibidor de Neprilisina. A neprilisina é responsável por degradar vasodilatadores, ou seja: a ação desse inibidor vai promover uma vasodilatação. A combinação desses dois é comparado ao IECA. - É indicado para pacientes que continuam sintomáticos com o uso de IECA! Então às vezes é melhor substituir o IECA por essa medicação do que colocar uma quarta droga no esquema terapêutico do paciente. É necessário suspender o uso de IECA 36 horas antes de iniciar essa nova terapêutica. CRISLANE NOGUEIRA VITÓRIA - 7º SEM�TRE XIX - MÓDULO DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS H. Inibidores da SGLT2: - Dapagliflozina, empagliflozina. - Não se sabe o mecanismo que gera o aumento da sobrevida! Mas o remédio inibe a reabsorção tubular de glicose. - NÃO pode dar para pacientes que têm DM tipo 2. → E de que forma vamos melhorar a sintomatologia do nosso paciente? 1. Diuréticos - Furosemida - Indicado para pacientes sintomáticos 2. Digital - Digoxina - Promove melhora sintomática, reduz risco de internação - Indicado para pacientes refratários - NÃO usar quando insuficiência diastólica pura ou cardiomiopatia hipertrófica E NA PRÁTICA? O que prescrever? A - só fatores de risco sem IC: controle de fatores de risco B - doença estrutural + assintomático: IECA + BB C e D - sintomático e sintomático refratário: Depende da NYHA → Se classificação funcional I: IECA + BB + Se classificação funcional II a IV: IECA + BB + diurético → Se não melhorar, adicionar Espironolactona → Se não melhorar adicionar Hidralazina + nitrato → + Ivabradina → + Glifozina → + Digital A!! Levar em consideração as contraindicações, intolerâncias D - sintomático refratário: (tópico anterior) CRISLANE NOGUEIRA VITÓRIA - 7º SEM�TRE XIX - MÓDULO DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS IC por FRAÇÃO DE EJEÇÃO NORMAL Lembrando que aquio mecanismo é completamente diferente de quando a fração de ejeção é reduzida. O que ocorre aqui é que o coração está “tenso”, não consegue relaxar de forma adequada e, por isso, não consegue acomodar sangue o suficiente. Então o que fazemos para tratar esse paciente é promover o relaxamento da musculatura cardíaca controlam os fatores que prejudicam esse relaxamento, como: - Diminuir a pressão arterial - - Diminuir a frequência cardíaca - - Tratar a coronariopatia (miocárdio isquemiado pode ficar tenso) - - Tratar fibrilação atrial que impede a contração efetiva - Se há congestão e sintomatologia: - Diurético IC DESCOMPENSADA ou AGUDA → Na admissão, devemos nos fazer duas perguntas: 1. Perfusão periférica inadequada? a. NÃO → paciente quente, que consegue nutrir os tecidos b. SIM → paciente frio, que não consegue nutrir os tecidos 2. Tem evidência de congestão? a. NÃO → paciente está seco b. SIM → paciente está úmido → O paciente de pior prognóstico é o FRIO + ÚMIDO. → Pacientes possíveis: A. Quente e seco: avaliar outras causas para os sintomas B. Quente e úmido: diurético + vasodilatadores C. Frio e úmido: ionotrópico + vasodilatadores (PAS > 90) D. Frio e seco: hidratação venosa CRISLANE NOGUEIRA VITÓRIA - 7º SEM�TRE XIX - MÓDULO DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS CRISLANE NOGUEIRA VITÓRIA - 7º SEM�TRE