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Arrhenius

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CARACTERÍSTICAS DE UMA "BOA TEORIA"
Mencionou-se acima a importância das teorias na Ciência. Como porém elas se comportam do ponto de vista do desenvolvimento histórico? A Ciência tem um caráter progressivo e as teorias vão se sucedendo, as "velhas" dando lugar às "novas". Costuma-se dizer que uma teoria ruim é suplantada por uma teoria boa. Como se realiza este processo? Quando uma teoria é aceita por uma comunidade de cientistas? Em outras palavras, quando uma teoria é "boa" ou "ruim"? As características de uma boa teoria é o que se pretende mostrar aqui, neste artigo, e obviamente a teoria que não satisfizer estes critérios será uma teoria ruim.
Pode-se considerar que uma teoria é "boa" quando satisfaz a três características:
C-1. Ordena e explica os fatos de seu domínio. Uma teoria tem dois aspectos. Um deles meio oculto, não explicitado, que considera um conjunto de fatos e não outros. É como se fosse um critério de classificação, separando de todos os acontecimentos que se sucedem, aqueles que vão interessar. Muitas concepções já estão na base deste aspecto, permitindo que um dado fato seja visto de uma determinada maneira e não de outras. O outro aspecto da teoria é o mais explícito, mais evidente, mais racional inclusive, que procura inicialmente classificar, ordenar os fatos de seu domínio (aqueles previamente selecionados), de acordo com critérios definidos, claros, e estes critérios muitas vezes se confundem com um corpo de princípios que compõe a própria teoria. Após deixar bem claro e mapeado o domínio dos fatos tratados, a teoria procura então explicar os fatos através de algum esquema, mecanismo, modelo, metáfora etc. Não vamos detalhar o significado disto, o que não importa no momento. O que importa é que a teoria possa explicar, mostrar racionalmente uma relação de causa e efeito entre as entidades ou conceitos relativos aos fatos que ela ordenou em seu próprio domínio.
C-2. Propõe problemas. Como a Ciência é progressiva, está sempre crescendo, uma boa teoria deve contribuir para isto, alimentando os cientistas com problemas que possam ser resolvidos em seu âmbito. Por exemplo, a teoria atômica proposta por Dalton, considerava que as relações entre as massas dos elementos encontradas na análise química eram também as relações entre os pesos atômicos. A determinação acurada destes foi um dos problema mais importantes na Química do século XIX. Dentre os problemas que uma teoria pode propor, um tipo muito importante são aqueles que estão prevendo fatos novos, no âmbito da própria teoria, é claro. São as chamadas previsões. Estes fatos, quando encontrados, não apenas contribuem para este lado progressivo, mas corroboram, testificam a teoria. Muitos acham que este poder de previsão é uma das maiores forças da Ciência. Por exemplo, quando Mendeleiev apresentou sua Classificação Periódica, ele previu, com base na mesma, a existência de três novos elementos e sua posterior descoberta mostrou a importância e a certeza da Classificação.
C-3. Ser prática, simples, funcional. As teorias são para serem usadas. Se elas não atenderem a estas características não serão usadas para explicar, para resolver problemas, para prever. Elas também devem utilizar conceitos condizentes com sua época. Explicações "avançadas" para o seu tempo não têm utilidade. Por outro lado, muitas teorias já foram abandonadas por não explicarem satisfatoriamente os fatos de seu domínio, porém sua linguagem, seu esquema de raciocínio ainda permanecem em uso devido a esta funcionalidade. Por exemplo, a teoria do calórico, ou seja, a teoria que considera o calor como um fluido imponderável que se transfere para os corpos com diferentes temperaturas, foi abandonada após a primeira metade do século XIX. No entanto as equações de Fourier, concebidas dentro desta teoria e que permitem cálculos de transferência de calor, estão em uso e, em Nutrição, a concepção das "calorias ingeridas nos alimentos, e que são queimadas", ainda é de uso corrente. No vocabulário químico há palavras da época medieval: pureza, sublimação etc. 
Enquanto uma teoria for "boa", ou seja, satisfizer as características acima, ela permanece em uso, podendo ser deixada de lado quando estas características tendem a diminuir. A maneira como uma teoria é apresentada e divulgada é também importante, principalmente por sua presença nos textos didáticos. O "polimento" dado à mesma pelos professores, geralmente contribui para um aumento de C-3. Vale a pena lembrar uma afirmação de Einstein: "A marcha da Ciência é mais determinada pelos autores dos livros didáticos que pelo trabalho daqueles que ganharam o prêmio Nobel"5.
 AS TEORIAS ÁCIDO-BASE: O QUE SIGNIFICAM
Como será visto mais adiante, o que se pode chamar de comportamento ácido-base foi reconhecido há muito tempo. Desde que isto ocorreu os químicos têm elaborado teorias que procuram explicar este comportamento. Essas teorias procuram definir o que seja um ácido e uma base e como reagem, além de outros aspectos que podem ser considerados secundários. O interessante é que atualmente, segundo algumas teorias, grande parte das substâncias conhecidas apresentam este comportamento, o que torna o tema interessante e fundamental também para o estudo da Química. Do ponto de vista histórico este tema, a nosso ver, apresenta as seguintes vantagens:
As partes de seu desenvolvimento, que serão destacadas, ocorreram neste século, o que traz menos dificuldades no que se refere ao entendimento do contexto cultural da época.
Tem um desenvolvimento praticamente linear com o tempo (caso raro), o que facilita muito o seu entendimento.
Pode ser correlacionada facilmente com a parte química propriamente dita, inclusive na parte experimental.
Permite mostrar que a Química é a associação de uma teoria e uma prática, ou seja, um pensar em termos moleculares e um proceder empírico, fenomenológico, pois um mesmo fato pode ser interpretado de vários pontos de vista.
ORIGENS DE ALGUNS TERMOS E ALGUNS FATOS HISTÓRICOS IMPORTANTES
Alguns dos termos que se utilizam ainda hoje têm sua origem na Antiguidade:
ÁCIDO: do latim acidus, a, um, significando azedo, ácido.
ÁLCALI: do árabe al qaliy, significando cinzas vegetais.
SAL: do latim sal, salis, significando sal marinho. Para Plínio, o Velho (sec. I DC), o sal é o sólido resultante da evaporação da água, o que obviamente inclui o sal marinho, e também outros materiais que podem ser assim obtidos.
BASE: termo mais recente, introduzido pelo francês Duhamel du Monceau em 1736, sendo depois adotado e popularizado por G. F. Rouelle (1754)6.
Como parte de seu Sistema do Oxigênio, que englobava também uma teoria da combustão, A. Lavoisier, em 1789, afirmava que "o oxigênio é o princípio acidificante". Em outras palavras, dizia que todo ácido deveria ter oxigênio. Entretanto, já nesta época, C. Berthollet (1787), e depois H. Davy (1810), descreveram vários ácidos que não apresentavam o oxigênio: HCN, H2S, HCl etc.6.
É interessante destacar aqui duas afirmações feitas no século XIX:
A. Ure, em 1823: "...não há um princípio [elemento] acidificador, nem critério absoluto da escala de força entre os diferentes ácidos ... [acidez e alcalinidade dependem mais] do modo como os constituintes estão combinados que da natureza dos constituintes em si".
J. Liebig, em 1838: "ácidos são compostos de hidrogênio, nos quais o hidrogênio pode ser substituído por metais".
Estas duas posições irão permear as discussões ácido-base no século XX, a de Ure, afirmando que o comportamento ácido-base é algo dependente do modo que os elementos estão combinados, da estrutura, como se diria hoje, e a de Liebig, atribuindo a um dado elemento, o hidrogênio, este comportamento ácido-base.
Estes aspectos da química ácido-base foram apenas para servir de preâmbulo ao que nos interessa. Muitos aspectos históricos e químicos interessantes foram deixados de lado.
ASPECTOS GERAIS DAS TEORIAS ÁCIDO-BASE NO SÉCULO XX
O desenvolvimento das teorias ácido-base, como o das outras teorias, se fez (e se faz) no sentido de procurar sistematizare explicar o maior número possível de fatos químicos, bem como prever novos fatos e resolver outros problemas químicos. A primeira teoria a ser considerada é a teoria de Arrhenius (de 1887)c, que surgiu como parte da Teoria da Dissociação Eletrolítica e que abrangeu um grande número de fatos conhecidos e possibilitou o surgimento de várias linhas de pesquisa. À medida que estes novos resultados foram se acumulando, a teoria foi se mostrando incapaz de dar conta dos mesmos
Esta teoria foi muito importante, pois além de dar conta de um grande número de fenômenos já conhecidos, provocou o desenvolvimento de várias linhas de pesquisa, inclusive contribuiu muito para se estabelecer as bases científicas da Química Analítica. Mencionemos alguns fatos: aplicação da lei de ação das massas a equilíbrios iônicos e a obtenção da lei de diluição de Ostwald (Ostwald, 1887); a equação de Nernst, que relaciona a força eletromotriz das pilhas com a concentração dos íons (Nernst, 1888-9); o eletrodo de hidrogênio e a determinação da concentração de íons H+ (Le Blanc, 1893); o efeito tampão (Fernbach, 1900); o primeiro estudo quantitativo de um indicador (Friedenthal, 1904); determinação da constante de dissociação da água (Heydweller, 1909); o conceito de pH (Sørensen, 1909); extensão da teoria para a amônia líquida (Franklin, 1905) etc.. Apesar de todos estes avanços, desde o início a teoria mostrou-se restrita à água, sendo que em alguns casos foi possível estendê-la a outros solventes (como a amônia líquida), porém em outros não. Em sistemas sólidos, como sílica, argilas, etc., não havia possibilidade de se aplicá-la6,10,11.
O conhecimento da química em solução aquosa na segunda metade do século XIX
Na segunda metade do século XIX, muitos conceitos físicoquímicos estavam sendo estabelecidos1-5. Na década de 1860, Cato M. Guldberg (1836-1902) e Peter Waage (1833-1900) formularam a lei da ação das massas. Em 1877, Wilhelm Pfeffer (1845-1920) produziu a primeira membrana semipermeável, com a qual descobriu a proporcionalidade entre pressão osmótica e concentração da solução. François-Marie Raoult (1830-1901) publicou em 1883 seus estudos sobre abaixamento do ponto de congelamento e elevação do ponto de ebulição. Esse trabalho serviu de base para os trabalhos de Jacobus H. Van’t Hoff (1852-1911) na sua lei de solução diluída, em 1886. Entretanto, as soluções de saisinorgânicos não obedeciam a essa lei e Van’t Hoff introduziu o fator de correção i(chamado coeficiente de Van’t Hoff, que indica o número médio de partículas formadas por molécula. Ele é associado ao grau de dissociação da mesma6). Até aquele momento não havia nenhuma explicação para este fato.
 
Nessa mesma época, uma outra frente de estudos a respeito da pilha voltaica e descobertas relacionadas se estabeleceu. O conceito de íon foi introduzido por Michael Faraday (1791-1867), em 1833, a partir de seus estudos de eletrólise1,4,5. Em 1853, Johann W. Hittorf (1824-1914) descobriu que os íons se moviam sob a ação de uma corrente, e que isso variava de espécie para espécie2,3. Em 1876, Friederich W. G. Kohlrausch (1840-1910) desenvolveu um novo método para determinar a condutividade, e com isso estabeleceu a lei da migração independente dos íons1-3.
 
Svante August Arrhenius (1859-1927) 
Aos 17 anos, ingressou na Universidade de Uppsala para estudar matemática, física e química e cinco anos mais tarde, foi para Estocolmo, onde cursou o doutorado e estudou na Academia das Ciências com o professor Erik Edlund, responsável pela orientação de Arrhenius no estudo das descargas elétricas através dos gases. 
Partindo da teoria do físico alemão Clausius, que admitira que um eletrólito contém íons separados em quantidades muito pequenas, Arrhenius chegou à conclusão de que, na realidade, o número de moléculas dissociadas poderia ser uma fração tão grande do número de moléculas dissolvidas que se igualaria à unidade, em casos especiais de soluções bastante diluídas.
Fracasso 
Durante suas pesquisas de doutorado, Arrhenius observou anomalias nas propriedades das soluções de eletrólitos pela ação da eletricidade. Foi a partir daí que desenvolveu sua teoria da dissociação eletrolítica, afirmando que as soluções aquosas contêm partículas carregadas, os íons.
Em 1884, na defesa de sua tese, no Instituto de Física de Estocolmo, apresentou a teoria para a comunidade científica. Muitos rejeitaram suas ideias, considerando-as erradas; a teoria de Arrhenius contradizia o Modelo Atômico de Dalton (partículas neutras indivisíveis), aceito na época. Por esta razão, foi aprovado com nota mínima e recebeu várias críticas. 
Sucesso 
O menosprezo por parte de alguns acadêmicos não desanimou o jovem cientista. Parecendo pressentir que sua pesquisa representaria uma mudança significativa na ciência, Arrhenius decidiu se dedicar com exclusividade aos estudos dos eletrólitos. 
A certeza vinha do trabalho árduo. O pesquisador já havia realizado inúmeras experiências relacionadas a passagem de eletricidade através de soluções aquosas e era dono de valiosos dados sobre soluções e concentrações. 
Com convicção, enviou cópias de sua tese a cientistas estrangeiros e recebeu o apoio de muitos, entre eles, William Ostwald, Ludwig Boltzmann e Jacobus van′t Hoff. Animado, foi estudar na Alemanha e na Holanda e em 1889, publicou seu trabalho chamado “Sobre a Dissociação das Substâncias em Meio Aquoso”. 
Definitivamente se tornou o criador da teoria da ionização dos eletrólitos (1887), ao aperfeiçoar o enunciado de sua teoria. Sua conclusão era que os eletrólitos em solução dissociavam-se em partículas carregadas eletricamente e que a soma das cargas positivas e negativas era igual, sendo a solução, portanto, eletricamente neutra. Essas partículas carregadas, denominadas ânions, quando negativas, e cátions, quando positivas, se formavam a partir das estruturas químicas das substâncias solubilizadas; mantendo a hipótese de que o grau de dissociação aumenta com o grau de diluição da solução, o que se verificou ser válido apenas para os eletrólitos fracos. Acreditando que a teoria estava errada, a sua tese foi aprovada com a qualificação mínima possível.
Svante Arrhenius (1859-1927) percebeu em sua teoria de dissociação eletrolítica (1887) que a lei da ação das massas podia ser aplicada às reações iônicas3-5. Supôs que algumas das moléculas de um eletrólito eram dissociadas em seus íons que, por serem partículas carregadas, eram passíveis de movimento independente sob ação de um campo elétrico. Assim, calculou a pressão osmótica pela lei de Van’t Hoff, elucidando o fator i. Além disso, também determinou a constante de dissociação dos ácidos e das bases, relacionando a magnitude dessa dissociação com a força do ácido ou da base. Segundo Arrhenius, ácidos são substâncias que produzem, em solução aquosa, íons hidrogênio; analogamente, bases produzem íons hidroxila em solução.
O tempo lhe deu razão. Sua teoria foi, finalmente, aceita por todos e tornou-se um dos fundamentos da eletroquímica e, portanto, um dos pilares da físico-química. 
O reconhecimento máximo aconteceu em 1903, quando recebeu o Prêmio Nobel de Química “em reconhecimento dos extraordinários serviços prestados ao avanço da química através de sua teoria da dissociação eletrolítica”. 
Arrhenius explicava a eletrólise como uma dupla circulação de íons entre os elétrodos. Os íons, em contato com o elétrodo, perdem sua carga e adquirem, simultaneamente, novas propriedades, que se manifestam pelo depósito de um metal, pelo desprendimento de um gás, ou por outros fenômenos secundários.
A Teoria da Dissociação Eletrolítica 
Durante o século XIX, muitos cientistas procuravam explicações para o fato de algumas soluções conduzirem corrente elétrica e outras, não. 
Foi Arrhenius quem encontrou a resposta ao afirmar que uma substância ao ser dissolvida em água se divide em partículas menores. Em alguns casos, essa divisão para nas moléculas e a solução não conduz corrente elétrica. Porém, há vezes em que a divisão vai além de moléculas e estas sedividem em micro partículas com carga elétrica que são denominadas íons. Aí sim, a solução conduz corrente elétrica. 
Quando Arrhenius publicou sua teoria, ainda não eram conhecidos os prótons, elétrons e nêutrons e não se distinguia substância molecular de substância iônica. Ele concluiu que os eletrólitos em solução dissociavam-se em partículas carregadas eletricamente e que a soma das cargas positivas e negativas era igual, sendo a solução, portanto, eletricamente neutra. 
Arrhenius percebeu também que quanto maiores as concentrações dos íons na solução e maior a velocidade com que se deslocam, maior é a quantidade de eletricidade passando através da solução, portanto, maior é sua condutividade elétrica. 
Arrhenius descobriu que uma ligação covalente de hidrogênio e cloro, formando ácido clorídrico, também conduzia eletricidade em meio aquoso. Ele concluiu que pelo fato do HCl possuir uma ligação covalente, formam-se íons por meio da quebra dessas moléculas por água, dando origem a uma solução iônica. Este fenômeno recebeu o nome de ionização. 
Ficou provado, ainda, que a dissociação é um processo reversível e o seu grau varia de acordo com o grau de diluição. A dissociação dos eletrólitos é praticamente completa em diluições muito grandes. 
Wilhelm Ostwald formulou uma lei, conhecida como Lei da Diluição de Ostwald, que trata esta questão. 
Na continuidade de seus estudos, Arrhenius identificou os íons presentes nas soluções e criou a definição de ácidos, bases e sais. Mais tarde, outros conceitos mais completos foram formulados (Lei de Brönsted-Lowry e Lei de Lewis), mas até hoje o conceito de Arrhenius é utilizado no ensino básico da química. 
A teoria de Arrhenius. 
A Teoria de Dissolução Iônica foi apresentada em 1887 pelo físico-químico e explica a condutividade elétrica de certas soluções. Através dessa teoria Arrhenius estabeleceu a seguinte definição para ácidos e bases:
“Ácido é toda substância que, em solução aquosa, se dissocia, fornecendo íons H+, como único tipo de cátion”. 
Outros exemplos de ácidos: HNO3, HCl, H2SO4, H3C — COOH
Se um ácido só pode perder um ião hidrogénio designa-se por monoácido; se pode perder dois iões hidrogénio,chama-se diácido. Os iões hidrogénio não ficam isolados depois da dissociação, unem-se a moléculas de água e formam o ião hidrónio ou também designado por ião hidroxónio (H3O+).
“Base é toda substância que, dissolvida em água, se dissocia, fornecendo OH (hidróxido), como unido tipo de ânion.” 
Outros exemplos de bases: KOH, Ba(OH)2, etc.
O processo de neutralização consiste na união dos íons hidrogênio e hidroxila para formação de água. 
H+ + OH‐    → H2O
		Teoria de Arrhenius
	
 Trabalhando na Universidade de Upsala Arrhenius realizou numerosas experiências com a passagem de corrente elétrica através de solução aquosa, e formulou a hipótese de que algumas substâncias continham partículas carregadas, os iões.
De Acordo com Arrhenius, determinadas substâncias quando dissolvidas em meio aquoso sofriam separação de iões preexistentes, o que tornava a substância condutora de eletricidade. Um exemplo clássico é o do sal de cozinha (NaCl) ou da soda cáustica (NaOH):
Quando um composto molecular era dissolvido em meio aquoso, não conduzia eletricidade pois não formava iões, o resultado era uma solução molecular; um bom exemplo é a dissolução do amoníaco.
Porém, Arrhenius observou que uma ligação covalente de hidrogénio e cloro, de modo a formar ácido clorídrico também conduzia eletricidade em meio aquoso. A conclusão foi que, como o HCl contém uma ligação covalente, os iões são formados por meio da quebra dessas moléculas por água, o que origina uma solução iónica. Esse fenómeno foi denominado ionização.
De facto, estas equações são uma representação simplificada. O fenómeno da ionização ocorre pela reação entre o ácido clorídrico e as moléculas de água
Normalmente, omitimos a participação da água.
  
		Equação de Arrhenius
	
 
 A Equação de Arrhenius permite calcular a variação da constante de velocidade de uma reação química com a temperatura. É uma equação bastante utilizada na cinética química, onde é utilizada também para a determinação da energia de ativação de reações. A Equação de Arrhenius é determinada por:
Onde:
k = constante de velocidade;
A = constante pré-exponencial (depende da área de contacto entre outros fatores);
Ea = Energia de ativação;
R = constante dos gases;
T = Temperatura;
Problemas da Teoria
Apesar de ter sido amplamente aceite e usada pelos químicos, a teoria de Arrhenius sofreu sérias restrições por não conseguir explicar certas observações experimentais. Uma das mais notáveis foi a de compostos derivados da piridina possuírem acentuado carácter básico e era portanto óbvio que o carácter básico de um composto não poderia estar ligado ao seu poder de libertar iões hidróxido, uma vez que a piridina não os possui.
Outra limitação da teoria de Arrhenius é não poder explicar a neutralização dos ácidos em solventes não aquosos.
As Críticas de Werner
No período de 1895 a 1911, Alfred Werner, o fundador da Química de Coordenação, teceu uma série de críticas às teorias ácido base: a de Liebig, ainda em uso corrente e a de Arrhenius. Esta última, fora do contexto da dissociação eletrolítica, poderia ser considerada igual à definição de Liebig. Werner chamava a atenção para a semelhança funcional da neutralização com outras reações:
BF3 + KF = KBF4 (4)
PtCl4 + 2 KCl = K2PtCl6 (5)
SO3 + K2O = K2SO4 (6)
CO2 + Na2O = Na2CO3 (7)
Werner reinterpretou o processo de neutralização, não como uma simples reação de adição, mas como uma reação de transferência, levando à formação de espécies coordenadas. As reações acima poderiam ser equacionadas como6:
BF3 + KF = K+ + [BF4]- (8)
PtCl4 + 2 KCl = 2 K+ + [PtCl6]2- (9)
SO3 + K2O = 2 K+ + [SO4]2- (10)
CO2 + H2O = 2 H+ + [CO3]2- (11)
Outro aspecto interessante é o formalismo químico associado a cada uma das definições de neutralização. Na teoria de Arrhenius e na dos sistemas solventes, a neutralização é uma reação de síntese ou adição (eqs. 3, 12 - 16). Na teoria protônica, na de Lux e na ionotrópica, a neutralização é uma reação de dupla troca ou de transferência de alguma espécie química (eqs. 17 - 24). Na teoria eletrônica inicialmente a neutralização pode ser vista como uma síntese (eq. 25), porém nos exemplos citados o par eletrônico pode ser compartilhado (síntese, eqs. 26, 35) ou transferido (eqs. 27 - 29), conforme a estrutura eletrônica (ligação química) do produto resultante, superando a aparente oposição entre os dois esquemas formais.
Outros Trabalhos 
Arrhenius acabou aventurando-se em outros ramos da física e da química. Foi assim que descobriu que a velocidade das reações químicas aumenta com a temperatura numa relação proporcional com a concentração de moléculas existentes. 
Foi, também, o formulador de uma teoria sobre as caudas dos cometas com fundamento na pressão de radiação. 
Em 1896, estudando a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, concluiu que isto aumentaria a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, aumentando a temperatura de todo o planeta. Foi então que criou a expressão até hoje utilizada em todo o mundo: efeito estufa.
Carreira e Família 
Durante a Primeira Guerra Mundial, Arrhenius não mediu esforços para libertar e repatriar cientistas austríacos e alemães que haviam se tornado prisioneiros de guerra. 
Até sua morte, aos 68 anos, continuou realizando pesquisas e trabalhando incansavelmente pela ciência. Suas ideias, tão importantes para o desenvolvimento das teorias eletrônicas da matéria foram reconhecidas não apenas por seu brilhantismo, mas também, graças a sua determinação e autoconfiança.

Outros materiais