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Formas Farmacêuticas Sólidas: Pós e Grânulos Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências da Saúde – CCS Departamento de Ciências Farmacêuticas Disciplina de Produção e Controle de Medicamentos I 2021.2 Professora Dra. Cinira Fandaruff Laboratório de Farmacotécnica e Cosmetologia DEFINIÇÃO PÓS Preparações farmacêuticas destinadas ao uso interno ou externo, cujos componentes encontram-se pulverizados, fazendo parte de misturas ou não, com ou sem adjuvantes/ excipientes. Podem ser utilizados como forma intermediária na preparação de soluções e suspensões. GRÂNULOS Preparações farmacêuticas cujas partículas sofreram um processo de agregação de pós para obtenção de partículas de maior tamanho que os pós originais, destinadas ao uso interno. Podem ser utilizados como forma intermediária na preparação de comprimidos e cápsulas. *pellets: granulados refinados, esféricos, distribuição granulométrica, uniforme, destinados à liberação controlada de fármacos. *Termo pó possui mais de uma conotação em farmácia PONTOS-CHAVE • PÓS e GRÂNULOS (como FF) são administrados para fármacos de baixa potência • PÓS são comumente produtos INTERMEDIÁRIOS da fabricação de outras formas farmacêuticas, administradas como solução ou suspensão em um veículo aquoso • GRÂNULOS são comumente produtos INTERMEDIÁRIOS na fabricação de formas farmacêuticas comprimidos (principalmente) ou cápsulas de gelatina dura • PÓS também são usados para inalação (pulmonar ou nasal) e para uso externo (pó para polvilhamento) • PÓS são transformados em GRÂNULOS por várias razões – prevenir a segregação dos constituintes da mistura de pós, melhorar as propriedades de fluxo da mistura e aprimorar as características de compactação da mistura • Processos de GRANULAÇÃO – granulação a seco (compactação por cilindro) e granulação úmida (granulação em leito fluidizado, extrusão/ esferonização, granulação high-shear) • O MECANISMO DE FORMAÇÃO DE GRÂNULOS a partir de partículas de pó influencia a estrutura dos grânulos, e, portanto, as suas propriedades (Aulton, 2016, Parte 5, Cap. 28) Como são dispensados? Uso interno: PÓS OU GRÂNULOS NÃO DIVISOS (frascos de dose múltipla) PÓS OU GRÂNULOS DIVISOS (preparações unitarizadas) Uso externo: FRASCOS DE DOSE MÚLTIPLA INSUFLAÇÕES (auricular, nasal, garganta) Para reconstituição antes do uso ANTIBIÓTICOS INJETÁVEIS PÓS SECOS utilizados em inaladores (micronizados) VANTAGENS E DESVANTAGENS Estabilidade química, física e microbiológica Dispensação de altas doses de fármaco Melhor dissolução na comparação com outras FF sólidas – absorção mais rápida Rápida extração (ex: fitoterápicos) Fácil deglutição/ administração Flexibilidade na prescrição Vantagens VANTAGENS E DESVANTAGENS Maior volume quando comparado às cápsulas e aos comprimidos Baixa precisão na dosagem Substâncias com sabor/ odor desagradável Inadequados para pequenas doses de fármacos potentes Substâncias eflorescentes, deliquescentes ou higroscópicas Degradação favorecida em função da maior área superficial Desvantagens EFLORESCÊNCIA Consiste na perda de água de cristalização. Substâncias eflorescentes são substâncias cristalinas hidratadas que ao serem pulverizadas liberam água de cristalização ou de hidratação. Ácido cítrico Cafeína Codeína Fosfato de codeína Sulfato de codeína Sulfato ferroso Correção: substituir sal hidratado pelo sal anidro HIGROSCOPICIDADE/ DELIQUESCÊNCIA* *Atenuadas com controle de umidade relativa, uso de desumidificadores. *UR – 30 a 45% é adequada para manipulação de pós. *Substâncias absorventes – óxido magnésio, dióxido silício coloidal. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS Perda de água de cristalização (altas temperaturas, baixa umidade) Fenômeno de sorção: adsorção e absorção (umidade elevada) Formação de aglomerados • Higroscopicidade • Fenômenos eletrostáticos (baixa umidade e atrito) Ex: celulose microcristalina PROPRIEDADES REOLÓGICAS FLUXO DOS PÓS (escoamento) importante na mistura, preenchimento de cápsulas e obtenção de comprimidos Comportamento influenciado pela — forma e tamanho das partículas (melhor fluxo para partículas maiores e mais arredondadas) — força de coesão entre as partículas (mais lisa, menos coesão, maior o fluxo) — formação de películas na superfície (ex: água – dificulta o fluxo) Preparação de FF PÓS Operações PRELIMINARES Trituração/ moagem, tamisação triagem, divisão grosseira, estabilização e secagem (drogas vegetais) Operações PRINCIPAIS Mistura pulverização/ trituração Operações ACESSÓRIAS Tamisação e Acondicionamento PÓS/ GRÂNULOS de uso oral antiácidos e suplementos alimentares Pós finamente divididos o Dissolução ou Suspensão em água o Mistura com alimentos Pós/ Grânulos efervescentes (CO2) fármaco + mistura de ácidos orgânicos e bases carbonadas o Mascarar sabor desagradável o Facilita a dissolução do fármaco Pós/ Grânulos efervescentes fármaco + mistura de ácidos orgânicos e bases carbonadas Preparações Líquidas Extemporâneas (no momento da administração) Prazo de validade após reconstituição com água (solução ou suspensão): 1 a 2 semanas, em temperatura ambiente (15 – 30 °C) Pó: Amoxacilina suspensão oral Frasco contendo Pó para preparo da suspensão + 1 copo dosador Medicamento administrado após reconstituição com água Grânulo: Nimorazol xarope Frasco contendo Grânulo para preparo do xarope + frasco contendo XAROPE + copo dosador Medicamento administrado após reconstituição com o xarope PÓS para INJETÁVIES – Extemporâneos Quando o pó é instável em solução, deve ser preparado imediatamente antes do uso, sendo comercializado como pó estéril em ampolas ou frascos Uma segunda ampola contém um diluente estéril apropriado (ex: água para injetáveis) * O pó pode conter adjuvantes para tornar o produto final isotônico PÓS para AEROSSÓIS Administrados por inalação – partículas micronizadas liberadas em quantidades dosificadas. Tratamento asma ou outras desordens – penetração profunda do medicamento nos pulmões. Tamanho de partícula: 1 a 6 µm. Alfa lactose monoidratada cristalina – fluxo; uniformidade de dose; proteção contra a umidade. Rapidamente absorvidos. Tamanho de partícula adequado (micronização). PÓS para USO EXTERNO Adsorvente Refrescante Antisséptico Cosmético SOMENTE PARA USO EXTERNO PÓS para USO EXTERNO REQUISITOS Ausência de efeito irritante Tamanho de partícula < 100 µm (muito fino) pH levemente ácido ( ~ pH da pele) Boa aparência e dispersibilidade Quimicamente inerte Sem desagregação/ dissolução Capacidade de adsorção de líquidos Matérias-primas para uso tópico • INORGÂNICAS: boa conservação talco, óxido de zinco, óxido de titânio, dióxido de silício, dióxido de silício finamente dividido (coloidal - Aerosil®) • ORGÂNICO-INORGÂNICAS Sais metálicos de elevado número de carbonos ex: estearatos • ORGÂNICAS: baixa conservação Amido, lactose Preparações de PÓS de uso tópico • Pós refrescantes Extraem calor da pele e exercem efeito refrescante devido a sua boa condutibilidade térmica (amido, estearatos) • Pós adstringentes (fechamento dos poros) Substâncias adstringentes (taninos, sais de bismuto) são misturados a bases para pós (talco, amido, caolim) • Pós de enxofre Efeito queratolítico devido ao pH alcalino (8,5 – 9,0) do enxofre coloidal (até 30%) (bases: óxido de zinco, talco) • Pós antipruriginosos Produzem sensação de frio sobre a pele e acalmam o prurido (mentol 1 – 2%) Incompatibilidades• MISTURAS EUTÉTICAS Fenol, cânfora, mentol, timol, antipirina, fenacetina, acetanilida, aspirina • SUBSTÂNCIAS EFLORESCENTES • SUBSTÂNCIAS DELIQUESCENTES/ HIGROSCÓPICAS Análise granulométrica Análise da forma e superfície Capacidade de fluxo Densidade e Volume aparente Porosidade Superfície específica Friabilidade Umidade residual Desintegração Dissolução Capacidade de compressão Análises Tamanho de Partícula x Capacidade de Fluxo Tamanho das partículas Capacidade de fluxo > 300 µm Livre 50 – 300 µm Inibição do fluxo < 50 µm Sem fluxo *Outros inibidores de fluxo: umidade excessiva e carga eletrostática **cuidado com a micronização Métodos de determinação do Fluxo ((Fluxo médio – dm/dt)/ Fluxo médio)*100 Ângulo repouso e fluxo de bulks Métodos de determinação do Ângulo de Repouso Calculado a partir de uma pilha cônica do pó formada pela passagem das partículas por um funil Existe uma relação entre o ângulo de repouso e o fluxo Pós com ângulo < 30°: bom fluxo Pós com ângulo > 40°: fluxo ruim; necessita agente deslizante (Aerosil®) Pós com ângulo de repouso baixo fluem livremente Tamanho e forma das partículas determinam a fluidez dos pós Partículas esféricas maiores (250 - 2000µm)-pó grosso-escoa facilmente Ângulo de repouso como indicação das propriedades de fluxo Ângulo (graus) Tipo de fluxo α < 30 Excelente α = 31 – 35 Bom α = 36 – 45 Razoável a tolerável* α = 46 – 65 Fraco a muito fraco α > 66 Extremamente fraco *pode ser melhorado mediante a adição de um deslizante. Ex: Aerosil®0,2% Densidade bruta (aparente) e densidade compactada 500 + 1250 batidas Razão de Hausner (fluxo) Índice de Carr (compressibilidade) • Razão de Hausner = densidade de compactação densidade bruta (= aparente) • Índice de Carr = densidade de compactação – densidade bruta densidade de compactação X 100 Relação entre fluxibilidade de um pó e o percentual da compressibilidade e a razão de Hausner Índice de Carr (%) Tipo de fluxo Razão de Hausner 1 – 10 Excelente 1,00 – 1,11 11 – 15 Bom 1,12 – 1,18 16 – 20 Razoável* 1,19 – 1,25 21 – 31 Fraco* 1,26 – 1,45 32 – 37 Muito fraco** 1,46 – 1,59 > 38 Extremamente fraco** > 1,60 * pode ser melhorado mediante o emprego de um deslizante como Aerosil ®0,2%. **deve-se transformar o pó em granulado para melhorar o fluxo. Escala para a avaliação do fluxo do pó de acordo com a USP 30 2007 e a Farmacopeia Britânica 2007 AULTON, M. E. & TAYLOR, K.M.G. Delineamento de formas farmacêuticas. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.Cap. 30. ALLEN, L.V; POPOVICH, N.G; ANSEL, H.C. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 8ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. WADE, A. & WELLER, P.J. Handbook of pharmaceutical excipients. 2. ed. London: The Pharmaceutical Press, 2000. Bibliografia
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