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Thaiane Barros – Medicina P2 1 Tutor: Ana Claudia Relator: Giovana Coordenador: Ana Cecilia PASSO 5- LISTANDO OS OBJETIVOS: 1♡- Conhecer as principais causas da diarreia na infância; 2♡- elucidar os tipos de diarreia; 3♡- Diferenciar os quadros clínicos diarreicos (agudo x crônico); 4♡- Definir os planos do MS para o manejo do paciente com diarreia. PASSO 6- DESCREVENDO OS OBJETIVOS: 1 Conhecer as principais causas da diarreia na infância; CONCEITO: Diarreia é uma alteração do hábito intestinal com diminuição da consistência das fezes, que podem ser amolecidas ou até mesmo líquidas, acompanhada na maioria das vezes do aumento da frequência de dejeções diárias (≥ 2 por dia) e aumento do volume fecal. DIARREIA AGUDA tem duração < 2 semanas DIARREIA PERSISTENTE tem duração entre 3-4 semanas DIARREIA CRÔNICA > 4 semanas Causas: Os germes causadores da diarréia costumam chegar ao ser humano através da boca, podendo estar na água ou alimentos contaminados. A maioria das diarréias é causada por vírus, bactérias ou parasitas. Os parasitas são comuns em locais com condições precárias de higiene sanitária. As causas de diarreia na criança são: Causas infecciosas: A) Bacterianas: Salmonella, Shigella, Campylobacter, Yersinia, Escherichia coli. B) Virais: Rotavírus, Norovírus, Adenovírus. C) Protozoários: ameba, Giárdia lamblia, Cryptosporidium. Causas dietéticas: sorbitol, glutamato monossódico, frutose, intolerâncias alimentares (à lactose, sacarose, feijão, frutas, pimenta, etc.). Causadas por medicações: antibióticos, laxativos. Causas alérgicas: alergia à proteína do leite de vaca, da soja ou de outros alimentos. Causas funcionais: diarreia funcional do lactente e pré-escolar, síndrome do intestino irritável. Causas inflamatórias: doenças auto- imunes: doença de Crohn, colite ulcerativa. Thaiane Barros – Medicina P2 1 Outras causas: doença celíaca, fibrose cística (mucoviscidose), enteropatia ambiental, intoxicação por metais pesados, doenças genéticas raras. 2 elucidar os tipos de diarreia; CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DURAÇÃO: DIARREIA AGUDA É definida como diarreia que pode durar até 14 dias e determina a perda de volumes e fluídos, podendo levar à desidratação. Pode ser causada por bactérias, protozoários ou, na maioria das vezes, vírus, com má absorção e, ou secreção de água e eletrólitos. Grande parte dos casos tem evolução autolimitada e benigna. DIARREIA AGUDA COM SANGUE – DISENTERIA É caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Representa lesão na mucosa intestinal e pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. Bactérias do gênero Shigella são os principais agentes etiológicos. DIARREIA PERSISTENTE É definida como aquela que se origina de episódio de diarreia aguda, de etiologia presumivelmente infecciosa, prolongando-se por mais de 14 dias, levando à instabilidade hidroeletrolítica e ao comprometimento do estado geral e nutricional, principalmente em lactentes. DIARREIA CRÔNICA É a diarreia com duração superior a 30 dias ou a ocorrência de três episódios no período de 60 dias, consequente ao maior conteúdo de água fecal, associada ou não à síndrome de má absorção. CLASSIFICAÇÃO QUANTO O MECANISMO FISIOPATOLÓGICO: DIARREIA OSMÓTICA: Predomina nos quadros virais. O Rotavírus causa lesões focais, com infecção das células vilositárias apicais, que concentram as dissacaridases, principalmente a enzima lactase. Com a destruição desses enterócitos e a reposição por células imaturas, há diminuição da atividade enzimática, reduzindo a absorção dos carboidratos, com ênfase na lactose. Os açúcares não absorvidos aumentam a pressão osmótica na luz intestinal, o que determina a maior passagem de água e eletrólitos para o espaço intraluminal para manter o equilíbrio osmótico. Esse tipo de diarreia caracteriza-se pela eliminação de fezes líquidas e volumosas, amareladas, com caráter explosivo e com grande perda hidreletrolítica. Os vômitos são frequentes e precoces, em 80 a 90% dos casos, precedendo a diarreia e causando a desidratação, principalmente nos lactentes, faixa etária em que se concentram os quadros mais graves. A febre, geralmente alta, ocorre em aproximadamente metade dos casos. DIARREIA SECRETORA: Caracteriza-se por perda de grande volume de água e de eletrólitos, por ação de enterotoxinas que estimulam os mediadores da secreção, a adenosina monofosfato cíclico (AMPc), guanosina monofosfato cíclico (GMPc) e o cálcio (Ca2+), levando à diminuição da absorção de água e íons e à secreção ativa pela criptas. Nesse tipo de diarreia, há poucos sintomas sistêmicos, a febre está ausente ou é baixa e os vômitos surgem com a desidratação, que é a principal complicação pela perda rápida e volumosa de água e eletrólitos pelas fezes. Thaiane Barros – Medicina P2 1 DIARREIA INFLAMATÓRIA: Causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou grosso, ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria. O quadro clínico caracteriza-se por febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e diarreia disentérica, com fezes contendo sangue, muco e leucócitos. Os sintomas sistêmicos serão tão mais intensos quanto maior for o potencial invasivo do patógeno. DIARREIA FUNCIONAL: Nesse tipo de diarreia, a absorção e secreção estão normais, porém não há tempo suficiente para ocorrer a absorção desses nutrientes corretamente. É um diagnóstico de exclusão, ou seja, quando ausência de doença orgânica justificável. Ocorre por hipermotilidade intestinal. Exemplos: síndrome do intestino irritável e diarreia diabética (neuropatia autonômica). DIARREIA DISABSORTIVA / ESTEATORREIA: Também conhecido como esteatorreia. A causa dessa diarreia está associada a baixa absorção dos lipídios no intestino delgado, ou seja, pode ser causada também por uma síndrome de má absorção ou por uma síndrome de má digestão. Por exemplo doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, estrongiloidíase e linfoma intestinal, Insuficiência exócrina do pâncreas, isquemia mesentérica. A principal complicação da diarreia aguda é a desidratação, que nos casos de maior gravidade pode levar a distúrbio hidreletrolítico e acidobásico, choque hipovolêmico e até morte. As crianças menores de 1 ano são as mais vulneráveis. Nas populações mais carentes, a diarreia aguda pode ser um fator determinante ou agravante da desnutrição, que por sua vez aumenta a predisposição à infecção, além de uso prévio recente de antibióticos. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS DAS DEJEÇÕES E FREQUÊNCIA POR DIA, podemos classificar como alta ou baixa e se possui características inflamatórias: DIARREIA ALTA: poucas dejeções ao dia, fezes volumosas, presença de restos alimentares e ausência de muco. Geralmente acompanhada de cólicas abdominais. DIARREIA BAIXA: múltiplas dejeções ao dia, pouco volumosas, sem restos alimentares e com presença de muco, pus e pode conter sangue. Geralmente acompanhadas de urgência e tenesmo. DIARREIA NÃO INFLAMATÓRIA: fezes aquosas, volumosas, sem sangue muco ou pus, geralmente sem febre. DIARREIA INFLAMATÓRIA - evacuações frequentes, pequenovolume, com muco ou pus, algumas com sangue. É comum febre, toxemia, dor abdominal intensa, tenesmo e leucocitose associada. Quando acompanhada de náuseas, vômitos e dor abdominal difusa, a diarreia aguda compõe a síndrome de gastroenterite aguda, uma condição habitualmente causada por infecções virais ou intoxicação alimentar. Thaiane Barros – Medicina P2 1 *** DESINTERIA: Nos casos em que há sangue concomitante, se constitui como um quadro de disenteria e está mais associada a infecções por bactérias, como Shigella e Salmonella. DIARREIA DO VIAJANTE Caracteriza-se por diarreia, náusea e vômito que costumam aparecer em pessoas que viajam para locais do mundo com tratamento de água deficiente. A diarreia do viajante pode ser causada por bactérias, parasitas ou vírus. Os organismos que causam a doença são geralmente adquiridos em alimentos ou água, especialmente em países em desenvolvimento, em que o tratamento da água é deficiente. Náusea, vômito, cólica abdominal e diarreia podem ocorrer com qualquer grau de gravidade. O diagnóstico costuma se basear na avaliação médica, mas, às vezes, são realizados exames de fezes para detectar a presença de organismos. Medidas preventivas incluem beber apenas bebidas gaseificadas engarrafadas, evitar vegetais ou frutas cruas, não usar cubos de gelo e usar água engarrafada para escovar os dentes. diarreia do viajante ocorre quando as pessoas são expostas a bactérias ou, com menor frequência, a vírus ou parasitas contra os quais não desenvolveram imunidade porque nunca tiveram contato com eles. Os organismos são normalmente adquiridos por alimentos ou água (inclusive a água utilizada para lavar alimentos). A diarreia do viajante geralmente ocorre em países em desenvolvimento, em que o tratamento da água é deficiente. A bactéria Escherichia coli (E. coli) é o organismo que mais tem mais probabilidade de causar a diarreia do viajante, sobretudo os tipos de E. coli que produzem determinadas toxinas e alguns tipos de vírus como, por exemplo, o norovírus, que tem sido particularmente um problema em alguns navios de cruzeiro. 3 Diferenciar os quadros clínicos diarreicos (agudo x crônico); Na investigação clínica, é preciso atentar para algumas informações que irão guiar o raciocínio clínico: Quanto tempo do início do quadro Quantidade e volume das dejeções Presença de sinais de gravidade ou comorbidades associ adas (Insuficiência cardíaca, Doença renal crônica, câncer) Sintomas associados: febre, anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal Característica das fezes: líquida, pastosa, presença ou ausência de alimentos, muco ou sangue Medicamentos em uso Condições socioeconômicas e de saneamento básico; AS DIARREIAS AGUDAS estão mais associadas a gastroenterites virais, como o rotavírus, bacterianas, como E. coli, Shigella, Campylobacter, Cólera, ou parasitarias, helmintos e protozoários. DIARREIAS CRÔNICAS, estão mais associadas a parasitoses não tratadas, doença inflamatória intestinal e Thaiane Barros – Medicina P2 1 intolerâncias alimentares à lactose ou glúten, por exemplo. DIARREIA AGUDA- QUADRO CLÍNICO As diarreias bacterianas seguem padrão semelhante entre si, com febre, vômitos, toxemia e distensão abdominal; em alguns casos, as fezes apresentam muco e sangue e são acompanhadas de cólicas intensas que melhoram com a evacuação. O aspecto comum à diarreia aguda, não importando o agente, é o seu risco potencial de causar desidratação e distúrbios eletrolíticos, um dos principais fatores determinantes da morbimortalidade. A diarreia causada pelo rotavírus apresenta pródromo de cerca de 1 a 3 dias de febre, de sintomas gripais e vômitos frequentes e volumosos que, por si só, causam desidratação. Em seguida, instala-se quadro de diarreia aquosa, profusa, com vários episódios ao dia, muitas vezes com caráter explosivo, devido à fermentação de açúcares. O estado do paciente permanece preservado, sem quadro toxêmico, exceto quando há desidratação ou distúrbios eletrolíticos; DIARREIA CRÔNICA- QUADRO CLÍNICO 3 Definir os planos do OMS para o manejo do paciente com diarreia. INTRODUÇÃO: Para hidratar, é necessário conhecimento dos sinais clínicos de desidratação e da sua gravidade, sem se preocupar se o tipo de desidratação é isotônica, hipertônica ou hipotônica. Por isso, a OMS recomenda o tratamento por meio de planos A, B e C baseados na gravidade do quadro clínico. Plano A – CRIANÇA SEM SINAIS DE DESIDRATAÇÃO: - Aumentar a oferta de líquidos como água e sucos, evitando refrigerantes, sucos artificiais e soro de hidratação para atletas, que contém elevada quantidade de açúcar acarretando aumento dos vômitos. -Devem-se corrigir os eventuais erros dietéticos e oferecer o soro de reidratação oral (SRO) de acordo com a aceitação do paciente, após cada evacuação ou vômito. Thaiane Barros – Medicina P2 1 Plano B: FASE DE REPARAÇÃO: - Também conhecida como fase de “reparação”. Nas crianças com desidratação, leve ou moderada, avaliadas por sinais clínicos, é DESNECESSÁRIO O CONHECIMENTO DO PESO ANTERIOR, mas a partir do início da hidratação, a criança deve ser pesada, o que ajuda na avaliação da HO. - Avalia-se o paciente pelo menos a cada hora, com base no desaparecimento dos sinais de hidratação, elevação do peso e na presença da diurese. - Deve ser oferecido o SRO sem cálculos prévios respeitando a sede e aceitação da criança, usando copo, colher ou mamadeira e obedecendo seu hábito. De preferência, deve-se fazer a hidratação em ambiente específico ou sala de HO para o melhor controle da hidratação. É importante considerar que a criança deve ser hidratada dentro das 6 horas; se não houver sinais de melhora dentro de 3 horas, dificilmente irá hidratar nesse tempo estabelecido. **** Nessas situações, está indicada a administração do SRO por sonda nasogástrica ou mesmo iniciar soroterapia venosa. A presença de vômitos não é limitadora do uso da HO, pois mesmo sem o uso de antieméticos, o uso do SRO pode reduzir a êmese. - Em situações especiais, o antiemético pode ser usado em dose única, podendo, assim, evitar a hidratação venosa (HV). - A criança hidratada após uso da HO deve receber solução de manutenção e a dieta habitual da criança. O aleitamento materno não deve ser interrompido nem na reparação oral. - Apesar do uso mais frequente de HV no nosso meio, a grande maioria das crianças com desidratação leve e moderada deveriam ser tratadas com HO. Além da eficácia semelhante da terapêutica de reidratação oral (TRO) em relação à terapêutica HV, nesta são realizados procedimentos não invasivos, realimentação mais rápida e menor permanência hospitalar. Menos leitos de urgência são ocupados, especialmente porque a TRO também pode ser realizada nas unidades básicas. **** Para maior efetividade, é ideal que a TRO e a HV sejam realizadas em salas específicas e sob supervisão de profissionais de saúde treinados e habilitados. Plano C: indicada a HV, nas SITUAÇÕES EM QUE ESTÁ INVIABILIZADA A VIAORAL: 1) ALTERAÇÃO DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA, ÍLEO PARALÍTICO, DESIDRATAÇÃO GRAVE OU CHOQUE. Nesse caso, é necessária a infusão rápida de soluções hidreletrolíticas em duas fases: reparação ou expansão rápida e manutenção mais reposição.
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