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Resumos do livro: "Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais" Autor: Paulo Dalgalarrondo Definição de psicopatologia e ordenação dos seus fenômenos (Capítulo 02) Definição de psicopatologia A psicopatologia pode ser definida como o conhecimento científico, portanto livre de dogmas e verdades a priori, que estuda os fenômenos humanos em suas possíveis manifestações, as quais são denominadas patológicas em determinados contextos. O estudo permite o esclarecimento e a desmistificação acerca do fenômeno. Objeto de estudo O objeto de estudo da psicopatologia é o ser humano total que possui como possibilidade de manifestação a doença mental, o sofrimento diante de determinada condição. Pode- se especificar o tema, que é o adoecimento, mas não se pode reduzir o indivíduo a tal condição. Abordagens As ciências médicas e naturais, bem como as ciências psicológicas e filosóficas contribuem com seus conhecimentos para o desenvolvimento da psicopatologia que enquanto ciência pode ser considerada autônoma de tais vertentes. Dimensões de estudo O estudo dos sintomas psicopatológicos embasa-se em dois aspectos: a patogênese que equivale a forma dos sintomas, que por sua vez é de caráter universal como delírio, fobia, obsessão e a patoplastia que se refere ao conteúdo da experiência do indivíduo portador dos sintomas como significado religioso e ideia de perseguição, por exemplo. Ainda que os conteúdos sejam singulares, existem temas centrais singulares a condição humana, como morte e sexualidade. Ordem de estudos da ciência psicopatológica Os fenômenos humanos são ordenados na organização apresentada a seguir. I. Fenômenos semelhantes em todas ou quase todas as pessoas: vivencias de fome, sede e medo, por exemplo. II. Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes: a tristeza, por exemplo, é vivenciada por todos, mas de forma particular em vivencias psicopatológicas como a depressão, por exemplo. III. Fenômenos qualitativamente novos: vivencias psicopatológicas como psicose e demência. Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico (Capítulo 7) Perspectivas sobre o diagnóstico Identificam-se duas perspectivas opostas com relação ao diagnóstico em psicopatologia. Uma posiciona- se contra o diagnóstico, explicando que este só rotula a pessoa e legitima o poder médico. É perfeitamente válida em regimes totalitários. Outra perspectiva é a favor do diagnóstico em saúde mental, pois seria este o elemento principal na prática psiquiátrica, assim como nas demais áreas médicas. Pode- se dizer que, embora não se possa reduzir vivencias subjetivas a categorias universais e gerais como o diagnóstico, este pode ser usado como ferramenta facilitadora da compreensão dos casos singulares no sentido de esclarecimento e planejamento de intervenções adequadas. O diagnóstico psiquiátrico possibilita: aprofundar o conhecimento, contribuir com a ciência, antever um prognóstico, estabelecer intervenções eficazes e comunicação entre profissionais. Três fenômenos e sua possibilidade de classificação: 1. Aspectos presentes em todos os seres humanos são uma categoria muito ampla para que haja classificação. 2. Aspectos encontrados em algumas pessoas são classificáveis, como os sintomas de transtornos em psicopatologia. 3. Aspectos relativos a um ser humano são muito singulares para ser classificados, sendo interessante para compreender o sujeito nas dimensões existenciais e antropológicas. Distinguindo-se dos demais diagnósticos, em psicopatologia existem algumas especificidades: 1. Embora diversos exames e testes contribuam para um diagnóstico psiquiátrico, este se realiza principalmente pela coleta de dados clínicos e pela realização do exame do estado mental, interpretando com habilidade as informações. 2. Em psicopatologia o diagnóstico não se baseia em pressupostos etiológicos. Deve- se ater a mecanismos etiológicos sempre simultaneamente ao raciocínio diagnóstico que encofa na manifestação atual e evolutiva dos sintomas, priorizando estes. 3. O diagnóstico de transtornos mentais baseia- se na totalidade clínica, uma vez que não existem sintomas específico de transtorno determinado. 4. O diagnóstico costuma ser reformulado no curso do transtorno. 5. O diagnóstico psiquiátrico é pluridimensional. Fatores clínicos e psicossociais devem ser considerados para a formulação completa. 6. O diagnóstico necessita de confiabilidade( reprodutibilidade), validade( capacidade de acessar o que se propõe a acessar), sensibilidade( detectar casos verdadeiros) e especificidade( identificar fenômenos que não são os casos que visam ser identificados). 7. O ideal de um procedimento diagnóstico é que ele seja confiável (reprodutível), válido (o mais próximo possível da “verdade” diagnóstica) e com alta sensibilidade e especificidade. Referências: DALGALARRONDO, P. Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico. In: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 3 ed., 2019. DALGALARRONDO, P. Definição de psicopatologia e ordenação dos seus fenômenos. In: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 3 ed., 2019.
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