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1 Criatividade e Inovação 2 Criatividade e Inovação Gestão da Educação a Distância Cidade Universitária – Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 Todos os direitos desta edição ficam reservados ao Unis – MG. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume (ou parte do mesmo), sob qualquer meio, sem autorização expressa da instituição. 3 Criatividade e Inovação Graduação em Engenharia Química. Mestrado em Biotecnologia. Doutor em Educação. Professor de Química e de Criatividade e Inovação no Centro Universitário do Sul de Minas. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8364814324205994 Autoria GUEDES, Luiz Carlos Vieira. Guia de Estudo – Gestão da Criatividade e Inovação. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2017. 80 p. 1. Criatividade 2. Inovação Prof. Dr. Luiz Carlos Vieira Guedes http://lattes.cnpq.br/8364814324205994 4 Criatividade e Inovação Prezado (a) aluno (a), É com grande satisfação que apresento o nosso guia acadêmico, que tem como objetivo auxiliá-lo nos estudos da disciplina. Lembrando que ele é um documento introdutório para seus estudos e, sempre que possível, consulte também os livros da bibliografia básica de seu curso. Neste guia você vai encontrar alguns assuntos introdutórios sobre Criatividade e Inovação que poderão iniciar-lhe neste fascinante mundo, o qual você já faz parte, porém ainda não tem consciência disso. Nosso objetivo é incentivá-lo a tornar-se mais criativo do que realmente pensa ser. Abraços. 5 Criatividade e Inovação Conceitos e abordagens teóricas sobre criatividade. Atributos pessoais que se associam à criatividade. Ferramentas de geração de ideias e desenvolvimento da criatividade. A relação entre a criatividade e o processo de aprendizagem organizacional. Conceitos básicos de inovação. Tipos de inovação. Cultura de inovação. Gestão da inovação e mudanças. A gestão do conhecimento e a inovação nas organizações. Barreiras à criatividade e inovação no ambiente de trabalho. Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no Ambiente Virtual. Criatividade. Inovação. Ementa Orientações Palavras-chave 6 Criatividade e Inovação EMENTA ____________________________________________________________________ 5 ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________ 5 PALAVRAS-CHAVE ___________________________________________________________ 5 UNIDADE I – INTRODUÇÃO À CRIATIVIDADE ____________________________________ 8 1.1 CONCEITOS E ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE CRIATIVIDADE ____________________________ 9 UNIDADE II – FERRAMENTAS PARA GERAÇÃO DE IDEIAS E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL __________________________________________ 20 2.1 FERRAMENTAS PARA GERAÇÃO DE IDEIAS _________________________________________ 21 2.2 A RELAÇÃO ENTRE A CRIATIVIDADE E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL. _____ 32 UNIDADE III – ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS E TIPOS DE INOVAÇÃO. ________________ 38 3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE INOVAÇÃO ____________________________________________ 39 3.2 TIPOS DE INOVAÇÃO _______________________________________________________ 44 UNIDADE IV – CULTURA E GESTÃO DA INOVAÇÃO ______________________________ 52 4.1 CULTURA DE INOVAÇÃO ____________________________________________________ 53 4.2 GESTÃO DA INOVAÇÃO E MUDANÇAS. __________________________________________ 58 UNIDADE V – GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS BARREIRAS À CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ________________________________________________________________ 68 5.1 CULTURA DE INOVAÇÃO ____________________________________________________ 69 5.2 BARREIRAS À CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO. ___________________ 73 REFRÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ___________________________________________________ 74 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154081 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154082 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154083 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154084 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154086 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154086 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154090 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154093 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154096 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154096 file://///linguado/pubgead/D.E/Módulos%202017/2017-01/1.%20DISCIPLINAS/Criatividade%20e%20Inovação/Guia%20de%20Estudos/Finalizado/Criatividade%20e%20Inovação.docx%23_Toc474154099 7 Criatividade e Inovação 8 Criatividade e Inovação Conhecer os conceitos sobre criatividade e entender os atributos pessoais relacionados ao assunto. Ciclo 01 Atividade Exercício Individual Título: Introdução à Criatividade Unidade I – Introdução à Criatividade Objetivos da Unidade Plano de Estudos I 9 Criatividade e Inovação Nesta unidade definiremos Criatividade e conheceremos quais são os atributos pessoais de uma pessoa criativa. Nossos questionamentos são no sentido de entender se somos ou não criativos, nos questionando a todo o momento sobre a máxima: a Criatividade é somente para alguns iluminados ou todos podem ser criativos? 1.1 Conceitos e abordagens teóricas sobre criatividade Você deve estar se perguntando... Afinal de contas, o que é Criatividade? Neste capítulo tentarei sanar sua dúvida com relação ao termo e como ele é encarado. Vários conceitos são dados à Criatividade, facilmente encontraremos definições que vão desde o campo da Psicologia, até o campo da Administração; ou mesmo pragmáticas como as de dicionários. Cada uma das definições acaba puxando para a sua área de atuação. Com isso, torna-se muito complexo chegar a uma definição única que possa abranger todas as áreas envolvidas. Várias são as definições de Criatividade. Etimologicamente, a palavra vem do verbo creare, que significa originar, gerar, ou seja, sua essência está na transformação, no nascimento de algo. Outras também podem ser acrescentadas, como as citadas no livro “Criativamente”, de Marcelo Galvão (1992): Platão classifica Criatividade como uma forma de loucura, e Sócrates associa o ato de criar a uma iluminação espiritual. Na área da psicologia, “a criatividade nasce de um impulso do Id visando a solucionar umconflito". O indivíduo criativo sabe afrouxar o ego, fazendo com que os impulsos cheguem aos umbrais da consciência, elaborada por Freud. “Processo natural que abastece a leis imprevisíveis”, do filósofo alemão Immanuel Kant. “Atividade mental organizada, visando obter soluções originais para satisfação de necessidades e desejos” do psicólogo americano Abraham Maslow. “É o processo de produção, pelo qual uma pessoa produz um maior número de ideias, pontos de Unidade I DIANA Realce 10 Criatividade e Inovação vista, hipóteses, soluções, opiniões originais e eficazes do que as demais pessoas, num espaço mais curto de tempo”, de acordo com Alex F. Osborn, o inventor do brainstorming. Vejamos mais uma definição, agora de Sakamoto (2000), que enxerga a criatividade como uma expressão humana: Criatividade, em nossa maneira de ver, em primeira instância, é manifestação do “potencial” ou da “capacidade” criativa, já que de imediato, podemos dizer, que ela é uma ação ou expressão humana. Sendo “atividade”, portanto, nos parece inadequada uma referência costumeira encontrada na literatura do assunto, que evidencia o ‘uso da criatividade’. Nestas oportunidades, nos parece mais indicado dizer que “nós realizamos a ação criadora” e sendo assim, podemos ainda, melhor qualificar os fundamentos da atividade criativa e resgatar a dimensão de “realização” associada à criatividade humana. Outra questão importante, apontada pela mesma autora, é sobre a associação da atividade criadora ser própria da natureza humana: É indispensável expressar ainda, quando se trata do estudo da atividade criadora, que este tema nos coloca em contato com interessantes compreensões sobre a natureza humana, uma vez que, através da criatividade, o ser humano realiza a construção de seu destino e do próprio mundo. Devemos acrescentar a isto, que através da atividade criativa, os seres humanos alcançam uma consciência sobre suas potencialidades, desvendam a condição genuína de sua liberdade pessoal e edificam sua autonomia, uma vez que através da criatividade, o homem existe e evolui, se expressa e modela parcelas de realidade do universo das infinitas possibilidades humanas. Será que é somente em algumas áreas (por exemplo, nas artes) que existem pessoas criativas? Unidade I 11 Criatividade e Inovação A Criatividade, sendo própria da atividade humana, não existe somente em algumas áreas, ela se manifesta das mais variadas formas, como constata Becker (2001): Há criatividade na música, literatura e artes, que são as áreas onde tradicionalmente se aplica o conceito, mas também existe a criatividade científica, a criatividade tecnológica e diversas outras formas de pensamento original. Já as instâncias, onde diferentes abordagens são utilizadas para se estudar a criatividade, conseguem ser tão ou mais variadas do que as múltiplas esferas de aplicação da palavra. Para Marcos Gurgel (2006), hoje em dia, o conceito mais utilizado é de que a criatividade é um fenômeno multifatorial e multidimensional, que não leva em consideração apenas os aspectos individuais e cognitivos, mas também os psicossociais, como as influências ambientais sobre o conjunto de relações implicadas no processo de criar. Alencar (2008) acrescenta sobre a necessidade da Criatividade no ambiente institucional: Entre os requisitos desejáveis para o profissional de áreas diversas, a criatividade está necessariamente presente. Ser flexível e saber trabalhar em equipe, além de pensar de forma criativa e independente, são atributos apontados no perfil do profissional bem-sucedido. Definições a parte, o importante é que ser criativo é uma qualidade essencial para qualquer profissional, em qualquer ramo de atividade, porém em algumas profissões essa característica parece ser mais evidente. Solucionar problemas de projetos é, sem a menor dúvida, um ofício eminentemente criativo. É uma atitude humana e racional, que nem todos os avanços tecnológicos juntos podem substituir. Quando se pensa em Criatividade somos induzidos a acreditar que pessoas criativas são aquelas que ficam aquém da realidade, vivem no mundo das nuvens. Como citado por Cavalcante (2006): Unidade I DIANA Realce 12 Criatividade e Inovação [...] fantasiam e imaginam a realidade, mas que concretamente não “servem” às finalidades do mundo contemporâneo, tão profundamente mergulhado na sacralização da coisa. Todos nós somos mais criativos do que acreditamos ser. O fato é que grande parte das pessoas não sabe ou não assume isso e, dessa forma, passa pela vida sem sequer ter consciência do seu potencial e sem ser encorajado a despertá-lo e desenvolvê-lo. Alencar (2008), sobre Criatividade, acrescenta que é um fenômeno complexo, dinâmico, multifacetado e plurideterminado, além de identificar que: Contribuem para sua expressão, além de atributos pessoais, elementos do ambiente mais próximo ao indivíduo, como aqueles presentes nas instituições de ensino e/ou no local de trabalho, além de outros de natureza sócio-histórico-cultural. Mas afinal de contas, como deve ser uma pessoa criativa? Uma pessoa criativa é aquela que assimila mais rapidamente os conflitos e problemas que precisam ser solucionados e vai de encontro às soluções para essas situações. Existem alguns mitos relacionados à criatividade, apontados por Scott Isaksen - especialista em criatividade. Dentre os mitos apontados, podemos destacar dois, são eles: - a crença de que a criatividade é um fenômeno mágico, estudar esse fenômeno seria quebrar seu encanto. - para ser criativo é preciso ser louco ou psicologicamente desequilibrado, a ideia de cientista maluco com cabelos arrepiados imerso em laboratório e totalmente alheio à realidade. A criatividade como uma coisa de excêntricos, algo a ser evitado por pessoas normais. Unidade I 13 Criatividade e Inovação Os mitos devem ser combatidos a fim de evitar distorções no ambiente favorável à criatividade. José Predebon, em seu livro “Criatividade: abrindo o lado inovador da mente” (2013), comenta sobre alguns aspectos da criatividade. Para ele, pode-se afirmar que a espécie humana tem capacidade inata e exclusiva de raciocinar construtivamente. Essa capacidade produz o que tranquilamente pode ser chamado de criatividade. Capacidade inata é o potencial que nos é próprio. O autor De Oliveira (2010) enfatiza que toda pessoa tem potencial para ser criativa, mas nem todos realizam esse potencial, por não terem oportunidades de desenvolvê-lo. É necessário que a criatividade seja exercitada com persistência. Você se lembra do seriado “O Mundo de Beakman”? Será que para sermos criativos precisamos ser como ele? Figura 01: O mundo de Beakman Fonte: http://www.gcn.net.br/noticia/ PENSE! Para ser criativos precisamos ser meio loucos ou aloprados? Unidade I 14 Criatividade e Inovação Guaracy Silva (2010), no guia de Criatividade e Inovação, constata que, durante muitos anos, a criatividade foi tratada como um dom supremo concedido a alguns poucos privilegiados. Multidões que até então, em suas vidas, não tinham registros de insights significativos estariam condenadas ao ostracismo intelectual e à reprodução de ações e ideias de alguns poucos iluminados. Com o advento da competitividade entre empresas de forma global, as organizações e os indivíduos que nelas trabalhavam passaram a entender a criatividade como uma necessidade estratégica, como um diferencial competitivo, e não mais como algo “concedido” a alguns em detrimento de alguns poucos “escolhidos”. Na ciência, a criatividade e a inovação estavam a cargo da psicologia, mais recentemente, mais precisamente a partir do lançamento do termo EconomiaEmpreendedora pelo estudioso Peter Drucker, os conceitos ganharam relevo e passaram a ser “alvo” de pesquisadores de todas as ciências. Este contorno multidisciplinar fez com que o resultado das ações criativas fosse exponencial. Segundo muitos teóricos, os avanços no bem-estar social e na economia são decorrentes desta extrapolação do conceito de criatividade e de sua relação com as demais disciplinas e áreas do saber. Para o filósofo e sociólogo alemão Erich Fronm ao criar, a pessoa encontra seu eu, seu mundo, seu Deus. Partindo do seu pensamento estudaremos, neste guia, a criatividade através da ótica da realização pessoal. O comportamento criativo é produto de uma visão de vida, de um estado permanente de espírito, de uma verdadeira opção pessoal de como desempenhar um papel no mundo. De acordo com Predebon (2013), o desenvolvimento do comportamento criativo também se estabelece quando os estímulos circunstanciais são “necessidade de solução”. Essa vertente é a mais comum no campo profissional. PESQUISE alguma outra definição de Criatividade para acrescentar aos seus estudos! Unidade I 15 Criatividade e Inovação O processo criativo passa pela disposição favorável e pela não neutralidade frente às manifestações de criatividade. Prática engajada que vem com a adoção de uma abordagem ou técnica específica. A pessoa com atitude criativa reage ativamente e com prazer ao desafio de achar um novo caminho para atingir um objetivo. O autoconhecimento é extremamente valioso para o desenvolvimento da capacidade criativa e pode ser uma meta consciente da pessoa que deseja aperfeiçoar-se no campo da criatividade. Todas as pessoas são criativas em diferentes níveis; o que difere é que algumas pessoas agem segundo suas ideias e outras, simplesmente, as ignoram (até por medo de serem vistos como loucos, inconsequentes, “viajados” etc.). Esse é o principal propósito de se treinar a criatividade: desenvolver a habilidade de se gerar e implementar novas ideias! Muitas vezes as pessoas se intitulam “não criativas” por se basearem em uma ou outra aptidão (ou talento) que não possuem, por exemplo, não “saber” desenhar; isso não significa que não possa ser criativo, tão ou mais até, se fosse um exímio desenhista. A criatividade é uma habilidade humana básica e cada um de nós pode ser criativo (ou mais criativo) se reconhecermos nossos talentos únicos e os desenvolvermos. Na revista VOCÊ S/A, de março de 2012, Amanda Kamanchek aponta que os CEOs (diretor geral ou Chefe Executivo de Ofício) de empresas acreditam que a Criatividade é o principal atributo para a liderança, segundo pesquisa realizada pela IBM, que ouviu mais de 1800 CEOs de 60 países. E ainda constatam que, apesar de ser muito valorizada, é muito difícil de ser encontrada. De acordo com o mesmo artigo da revista, o Creative Education Foundation constata que crianças de até 3 anos de idade costumam usar 98% de sua capacidade criativa, enquanto adultos, acima de 30 anos, costumam usar somente 2%. As pessoas se tolhem com medo do bloqueio emocional, medo de se exporem e de serem ridicularizadas. Ainda no artigo relacionado, alguns artistas e especialistas dão conselhos para aumentar a Criatividade, são eles: Unidade I 16 Criatividade e Inovação - Quebre regras: é importante quebrar algumas regras e tentar fazer coisas que nunca foram tentadas. Ao ter uma ideia, pesquise e veja se alguém já fez aquilo da maneira como pensou. - Não tenha medo de errar: assuma riscos, não tente ser perfeito o tempo todo. Criatividade serve para explorar o desconhecido, e para isso, precisamos ter em mente que frequentemente vamos errar. E um dos pontos básicos para aumentar nosso potencial criativo é reconsiderar nosso medo de errar, talvez transformando a palavra em “testar”. Não existe resposta certa ou errada. O que existe são possibilidades diferentes. Figura 02: Frase de Michael Jordan Fonte: Design Unis EaD - Tenha um caderno amigo: leve um caderno com você a todos os lugares. Caso tenha uma ideia, anote-a e tente desenvolvê-la. - Fuja do computador: tente passar algum momento longe do computador (esqueça também o celular). Envolva-se com atividades como ler um livro, ouvir música, desenhar ou passear por um lugar onde nunca tenha ido. “Para ser criativo, é essencial deixar a mente fluir, sem ser distraído por estímulos externos irrelevantes”, diz Sergio Navega. E, principalmente, durante o dia no trabalho, busque momentos de isolamento e de tranquilidade para deixar a mente vagar e Unidade I 17 Criatividade e Inovação explorar regiões incomuns, esqueça por um tempo do Facebook, do Twitter e dos chats em geral. - Experimente o diferente: é importante viver experiências diferentes, como viajar para lugares desconhecidos, como algo exótico, ler um livro que não tenha nada a ver com seu trabalho, conhecer pessoas com vidas diferentes da sua. - Descanse: relaxe, férias são fundamentais para que você repense o significado de sua vida e de seus sonhos pessoais. - Rebele-se: ouça seu lado rebelde. Internamente, de forma subjetiva, não pública, podemos questionar tudo o que está sendo feito e proposto em nossa vida pessoal e profissional, não apenas por nós mesmos, mas por todos à nossa volta. O objetivo é buscar maneiras diferentes de pensar e associar ideias e agir. - Insista: esgote todas as possibilidades de um mesmo assunto. Não pare na primeira ideia. - Busque várias alternativas: não existe resposta certa ou errada. O que existe são possibilidades diferentes. É necessário gerar muitas possibilidades antes de achar algo que realmente faça sentido. Nosso cérebro odeia ambiguidades, por isso pula muito rápido para as soluções. Então busque umas 30 ou 50 alternativas antes de começar a pensar numa escolha. - Agir é importante: aja, pratique a ação. Uma ideia já é um projeto de ação. Experimente em pequena e em grande escala. Mesmo na fase de planejamento, transforme-o em uma ação. - Misture: toda coragem para experimentar novas combinações, coisas que não pareciam combinar a princípio. - Faça pausa: conheça seu ritmo. Reserve um horário para pensar livremente, enquanto você anda ou caminha, por exemplo. PENSE! Qual dessas doze maneiras de aumentar a criatividade você utiliza em seu cotidiano? Unidade I 18 Criatividade e Inovação Ainda no artigo da revista VOCÊ S/A, Tereza Amabile, uma das mais renomadas estudiosas sobre Criatividade nos Estados Unidos, professora da Harvard Business School, descreve sobre um estudo realizado na Xerox, onde aponta duas características dos cientistas dessa empresa. Uma delas é que, além de ter um profundo conhecimento em alguma área, os cientistas eram capazes de falar com propriedade de coisas diferentes de seu campo de atuação. A segunda característica é a voracidade por aprender coisas novas. Amabile aponta ainda outra característica importante para inventores: a paixão pelo que fazem. As pessoas são mais criativas quando fazem o que amam. Outro fator importante apontado por Tereza Amabile é a motivação intrínseca, impulso de fazer algo por simples prazer e não pela troca de elogios ou recompensas. Figura 03: Tereza Amabile Fonte: http://www.hbs.edu/ Unidade I 19 Criatividade e Inovação CONCLUSÃO. Várias são as definições de Criatividade, cada uma de acordo com sua área de estudo. Todos são criativos, isso não é exclusividade de alguns privilegiados. Precisamos despertar a criatividade e deixar que ela se desenvolva. Unidade I 20 Criatividade e Inovação Compreender quais seriam as ferramentas para a geração de uma ideia criativa e qual suarelação com o processo de aprendizagem organizacional. Ciclo 02 Atividade Teste Título: Ferramentas para Geração de Ideias e sua Relação com a Aprendizagem Organizacional Unidade II – Ferramentas para Geração de Ideias e sua Relação com a Aprendizagem Organizacional Objetivos da Unidade Plano de Estudos II 21 Criatividade e Inovação Na unidade 2 compreenderemos como acontece a geração de ideias e qual, ou quais, seriam as suas relações com a aprendizagem organizacional. Será que existe alguma sequência lógica do pensamento criativo? 2.1 Ferramentas para geração de ideias Benny Golson, músico e compositor de jazz, ao comentar sobre criatividade acrescenta que as pessoas criativas aceitam o risco. “ Um homem criativo dá dois passos na escuridão. Os verdadeiros heróis, mergulham na escuridão do desconhecido”. Figura 01: Benny Golson Fonte: http://jazzpages.com/Schelpmeier/bennygolson.htm Unidade II Pesquise na internet Benny Golson tocando Killer Joe, você não se arrependerá. DIANA Realce DIANA Realce 22 Criatividade e Inovação Alguns psicólogos tentaram elaborar –alguns elaboraram– sequências que podem nos ser úteis. O primeiro, ou um dos primeiros, a elaborar uma sequência para o pensamento criativo foi o inglês Graham Wallas em 1928, para ele o processo criativo passa por quatro etapas, são elas: preparação, incubação, iluminação e verificação. A primeira etapa é a Preparação, que é o momento inicial do processo de elaboração de um pensamento criativo, acontece quando nos deparamos com um problema e coletamos o número maior de informações sobre ele, nada pode passar despercebido. Após a coleta de informações deve-se refletir baseando-se nas informações coletadas. Momento de definir a questão chave do problema. Na segunda etapa nos encontramos na fase de Incubação, momento de se afastar do problema, deixando-o de lado por um tempo. Mas claro que o problema não foi resolvido. Na terceira fase se encontra a Iluminação, ela ocorre em momentos inesperados, de forma repentina em nosso cotidiano. Os pensamentos começam a fazer sentido e a pessoa consegue solucionar o problema, mas ainda no campo das ideias. Na quarta fase, agora de forma consciente e racional pode-se chegar a solução do problema. Neste momento a ajuda com outras opiniões podem ser úteis. Um outro autor, Daniel Goleman em seu livro o Espirito Criativo propõe algo parecido com Graham Wallas com algumas modificações. - Preparação: momento em que se mergulha no problema e investiga qualquer dado que possa ser relevante. A ideia é reunir uma ampla série de dados, de modo que elementos inusitados e improváveis comecem a justapor-se entre si. Unidade II Criar é caminhar no desconhecido, mas será que existe uma sequência lógica para elaboração de um pensamento criativo? Você consegue sequenciar o pensamento criativo? DIANA Realce DIANA Realce DIANA Realce DIANA Realce DIANA Realce DIANA Realce 23 Criatividade e Inovação Nossa grande dificuldade nesta fase é que somos induzidos a ficarmos somente na superfície, o que dificulta aprofundar nas várias facetas de um problema. As pessoas muitas vezes fracassam não porque os problemas sejam insolúveis, mas porque elas desistem antes do tempo. - Incubação: etapa na qual se deve digerir o que reuniu na fase de preparação. Esta fase é mais de um trabalho na fase mais passiva, boa parte pode acontecer fora de sua consciência atenta, acontece no inconsciente. Como se estivesse dormindo sobre o problema. A resposta a algum questionamento pode chegar em sonho, no momento de sonolência que antecede o sono profundo, ou quando se desperta pela manhã. - Devaneios: são sonhos acordados que ajudam o pensamento criativo. Todo momento de devaneio é útil para o processo criativo, um banho, uma longa viagem de carro, um passeio tranquilo. Após passar pelas duas fases anteriores, no momento em que está dormindo sobre o problema, os devaneios podem ser excelentes na elaboração da solução de algum problema. Alguns exemplos com o Grant Wood, pintor que dizia: “Todas as ideias realmente boas que tive me vieram quando eu estava ordenhando vaca”. Figura 02: Pintura de Grant Wood Fonte: http://www.nunet.com.mx Unidade II http://www.nunet.com.mx/nunet/articulo/mostrar_articulo_t/grant-wood-de-estados-unidos/1859/ DIANA Realce DIANA Realce 24 Criatividade e Inovação A todo momento nossa mente está ocupada e controlada pelos outros. Na escola, no trabalho, diante do televisor, há sempre uma mente alheia vigiando nossos pensamentos. Sair disto é importante. Figura 03: Friedrich Kekulé Fonte: http://www.brasilescola.com Unidade II Outro exemplo de devaneio foi o caso de Friedrich Kekulé para descobrir a estrutura do benzeno, maior lacuna que existia na química orgânica, contou que após passar o dia todo pensando sobre o assunto, decidiu relaxar em frente a uma lareira. Caiu em devaneio e meio adormecido começou a ver as fagulhas serpenteando no ar. De repente elas formavam um círculo que girava, como uma cobra que mordia sua própria cauda. Acordou com uma imagem nova e precisa da estrutura do benzeno. http://www.brasilescola.com/ 25 Criatividade e Inovação - Iluminação: a imersão e o devaneio conduzem a iluminação que seria a solução do problema. Fase que merece toda glória e atenção. É o momento longamente desejado e ardentemente perseguido, a sensação do “é isto”. “Eureka” de Arquimedes. Figura 04: “ Eureka” de Arquimedes Fonte: http://curiosidades.batanga.com - Tradução: o ato criativo só se concretiza quando pegamos a ideia e a transformamos em ação. Traduzir a iluminação em realidade torna a ideia muito mais que um pensamento fugaz, torna-a útil para nós e para os outros. Para Thomas Alvas Edison, inventor da lâmpada elétrica, um inventor talvez descubra que a maior parte de seu trabalho é gasta na preparação e execução, 99% de um gênio são transpiração e não inspiração. Unidade II 26 Criatividade e Inovação Figura 05: Thomas Alvas Edison Fonte: www.biography.com Após as fases do desenvolvimento do pensamento criativo, Goleman identifica as múltiplas fases da criatividade, que para ela são as seguintes: - Ideias revolucionárias: conceito de engenharia genética, teoria da relatividade. - Gestos criativos: assistência aos portadores do vírus da AIDS e usuários de drogas, a estratégia de não violência de Gandhi. Unidade II PENSE. Na solução de seus problemas você segue alguma das sequências apresentadas? 27 Criatividade e Inovação Figura 06: Gandhi Fonte: http://www.history.com - Grandes visões de esperança que apontam para o caminho para os outros, como a declaração dos Direitos do Homem, o sermão “ Eu tenho um sonho” de Martin Luther King. Figura 07: Martin Luther King Fonte: http://www.biography.com/ - Ideias brilhantes que nos tiram de problemas, como um horário para fazer uma atividade física, ou se alimentar melhor no nosso dia a dia. Unidade II Unidade II 28 Criatividade e Inovação De um modo geral ser criativo significa fazer uma coisa antes de tudo incomum. Muito da criatividade ocorre de forma anonimamente, nos momentos de privacidade. Todo ato criativo destinado a causar maior impacto precisa de um público apropriado. Ao discutirmos criatividade uma questão recorrente é a da buscade oportunidades inovadoras, para muitos dos estudiosos a criatividade é consequência da inquietação humana, é decorrente da busca pelo progresso econômico e bem- estar social. Vários exemplos podem elucidar essas teorias apresentadas. Exemplos de pessoas que simplesmente conseguem fazer diferente. Tentando elucidar sobre este assunto encontrei um artigo de 2012 sobre uma inovação social da Samarco, lembram-se daquela mineradora que teve uma represa rompida? O artigo se intitula “Taboa Lagoa: um Caso de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Samarco Mineração S. a”, ou seja, um trabalho social que a empresa executava. E, anos depois, a mesma empresa causa um acidente ambiental sem precedentes. Seria o reverso da moeda, fica aí uma questão a ser pensada. Mas neste caso de uma inovação que trate do bem-estar da população seria uma inovação social. No site da 3M tem uma definição de inovação social, vamos a ela: São estratégias, conceitos e ideias que atendem às necessidades sociais e fortalecem a sociedade civil. De acordo com a Stanford Social Innovation Review, uma das publicações mais conhecidas sobre o tema, "Inovação Social é uma nova solução para um antigo problema social. Uma solução mais efetiva, eficiente, sustentável ou justa que as soluções existentes, e que, prioritariamente, possa gerar valor para a sociedade como um todo ao invés de beneficiar Unidade II PENSE. Quais ideias brilhantes você teve nestes últimos meses para melhorar seu cotidiano? 29 Criatividade e Inovação apenas alguns indivíduos". Junto com as iniciativas dos empreendedores sociais, muitas empresas também buscam evoluir suas relações com seus clientes, desenvolvendo estratégias mais inclusivas e criando inovações que permitem oferecer Valor para públicos que antes não tinham acesso a certos produtos e serviços. Em certos casos, conseguem ir além, gerando renda nas comunidades e permitindo o empoderamento de públicos dentro da cadeia de vendas diretas, na oferta de microcrédito, entre outros. Vamos a um exemplo, como o caso do indiano Arunachalam Muruganantham que criou uma fábrica de absorventes higiênicos mais baratos. Arunachalam para desenvolver sua invenção teve grande custo pessoal, ele quase perdeu sua mulher, sua mãe e chegou a ser expulso de onde vivia. "Tudo começou com a minha mulher", diz. Em 1998, ele era recém-casado e seu mundo girava em torno de sua esposa, Shanthi, e sua mãe viúva. Um dia ele viu que Shanthi estava escondendo alguma coisa dele. Ficou chocado ao descobrir o que eram - "trapos asquerosos" que ela usava durante a menstruação. Quando ele perguntou por que ela não usava absorventes higiênicos, ela disse que não sobrariam recursos para comprar o leite. Muruganantham descobriu, então, que quase nenhuma mulher nas aldeias vizinhas usava absorventes, menos de uma em cada 10. Sua descoberta foi comprovada por uma pesquisa realizada em 2011 pela AC Nielsen, encomendada pelo governo indiano, que constatou que apenas 12% das mulheres em toda a Índia usavam o produto. Aproximadamente 70% de todas as doenças reprodutivas na Índia são causadas por falta de higiene menstrual - que também pode influenciar a mortalidade materna. O objetivo da Muruganantham era criar uma tecnologia amigável, fácil de usar. O objetivo não era apenas aumentar o uso de absorventes higiênicos, mas também o de criar empregos para as mulheres na área rural - mulheres como sua mãe. Unidade II 30 Criatividade e Inovação Ele conseguiu seu objetivo e sua esposa ainda diz que ela não estava completamente surpresa com o sucesso de seu marido. "Toda vez que conhece algo novo, quer saber tudo sobre", diz ela. "E então quer fazer algo que ninguém mais fez antes." Figura 08: Muruganantham Fonte: http://noticias.uol.com.br Um outro caso interessante, agora no Brasil, foi o caso do brasileiro que inventou uma lâmpada com garrafa pet. Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo. Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de 'eureka' quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia. Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro. Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a 'luz engarrafada'. O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro. Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia. Unidade II 31 Criatividade e Inovação "Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser. Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade. Figura 09: Moser Fonte: http://www.bbc.co.uk Citamos dois exemplos de pessoas preocupadas em criar para melhorar a vida das pessoas, independente do retorno que possam ou não ter. Mas nem sempre esta atitude é a que prevalece, o bem-estar da população. Unidade II PENSE. Será que toda criatividade e inovação é utilizada para o bem-estar da população? 32 Criatividade e Inovação 2.2 A relação entre a criatividade e o processo de aprendizagem organizacional. Agora vamos dar uma olhada em três autores e suas considerações sobre Criatividade e Inovação, são eles Peter Drucker, Krishnarao Prahalad e José Cláudio Cyrineu Terra. Drucker falando sobre a Criatividade e Inovação como uma nova tecnologia, Prahalad sobre a necessidade de questionar as tendências do mercado e Terra sobre o recurso do conhecimento. A “Nova Tecnologia” não é a Eletrônica, a Genética ou os novos materiais, é na verdade a Administração Empreendedora de acordo com Drucker (1987). Para muitos economistas o “empreender” é algo que influencia profundamente a economia, mas sem fazer parte dela. Já para outros estudiosos, principalmente os oriundos das ciências comportamentais, as razões do “empreender” estariam nas mudanças em valores, percepções, atitudes, na demografia, nas organizações e, nos processos de educação. Na Administração Empreendedora o melhor instrumento a ser usado é Inovação, que tem como conceito o meio pelo qual os empreendedores exploram as mudanças como oportunidades. Ela pode ser apreendida e praticada. Figura 10: Drucker Fonte: https://www.sbcoaching.com.br Unidade II 33 Criatividade e Inovação A prática do empreendedorismo está lastreada numa teoria da economia e da sociedade. Esta teoria considera as mudanças como necessárias e saudáveis, ou seja, a prática do empreendedorismo é uma forma de dissensão, que considera que o empreendedor perturba e desorganiza. Joseph Schumpeter reforça esta tese quando da criação do conceito de “destruição criativa”. De acordo com Diercio Ferreira do portal “Consultoria Econômica”: Sem dúvidas que Joseph Schumpeter foi dos maiores Economistas e pensadores políticos do século 20. Joseph Schumpeter é muito reconhecido por sua teoria que visa explicar as atividades que levam aos ciclos de expansão e retração do sistema Capitalista. A Teoria Schumpeteriana derivada dos ciclos longos de Kondratieff e tem como foco as inovações empresariais e seu papelcomo o principal indutor do crescimento econômico. É próprio do sistema capitalista destruir incessantemente velhos modelos e substituí-los por novos. Esse ininterrupto processo constitui o que Schumpeter chama de destruição criativa. Quando as inovações são mais intensas em determinado setor, ele se torna o setor líder da economia. Figura 11: Schumpeter Fonte: http://abdet.com.br Unidade II http://peritiaeconomica.com.br/crowdsourcing-principal-ferramenta-inovacao/ 34 Criatividade e Inovação Desfrutará de um período de prosperidade, até que sua proeminência seja destruída e conquistada por outro. Tal movimento contínuo gera os chamados ciclos econômicos, longas ondas de prosperidade em que o capitalismo atinge seu pico. As ondas são seguidas de vales de estagnação e recessão. Figura 12: Ciclos ou ondas de negócios Fonte: Livro Criatividade e Inovação Na figura acima estão ilustradas as ondas de negócios apontadas por Schumpeter. No seu modelo, para sua época, existiam somente três ondas, o físico e escritor Clemente Nóbrega prolongou suas ondas até nossa época. Uma invenção é uma ideia, esboço ou modelo para um novo ou melhorado artefato, produto, processo ou sistema. Uma inovação, no sentido econômico, somente é completa quando há uma transação comercial envolvendo uma invenção e assim gerando riqueza. A inovação, não precisa ser técnica, não precisa sequer ser uma “coisa”. Poucas inovações técnicas podem competir, em termos de impacto, com inovações sociais, como o jornal, os seguros e os sites de busca como o Google. Inovação, portanto, é um termo que se relaciona à economia ou sociedade. Unidade II 35 Criatividade e Inovação Alguns exemplos de destruição criativa apontados pela revista Ensino Superior, ano 19, número 212 de setembro de 2016: Não faz tanto tempo assim, o lugar ideal para a compra de livros novos era exclusivamente a livraria. Até surgir a Amazon. Quem precisava se deslocar com automóvel particular terceirizado tinha como principal opção o taxi. Até aparecer o Uber. A vontade de assistir a um filme na hora em que se desejasse era saciada por meio de aluguéis nas vídeolocadoras. Até o advento do Netflix. A hospedagem em viagens remetia quase que automaticamente aos quartos de hotéis. E eis que criam a Airbnb. O segundo pensador que estaremos discutindo é Krishnarao Prahalad um influente pensador do mundo dos negócios. De origem indiana que estudou e morou nos Estados Unidos, porém nunca se desligou da Índia e tomando seus pais como exemplo acreditava erradicar a pobreza através de estratégias de negócios. Ele costumava dizer que a Índia conseguiria ganhar sua liberdade, através do empreendedorismo. Figura 13: Krishnarao Prahalad Fonte: nestgenerationbop.com Unidade II IMPORTANTE. A destruição criativa está mais presente em nossa vida do que imaginamos. Unidade II 36 Criatividade e Inovação Prahalad (1995) afirma existir uma verdade substancial: o futuro pertence não aos que possuem uma bola de cristal, mas sim aos que estão dispostos a questionar as tendências e os preconceitos do “deixa estar, para ver como é que fica”. O futuro pertence mais aos heterodoxos do que aos prognosticadores, mais ao movimento do que ao irrealismo. A meta não é prever o futuro, mas sim, imaginar um futuro possibilitado pelas mudanças na tecnologia, no estilo de vida, no estilo de trabalho, nas regulamentações, na geopolítica global e em outras áreas. E existem tantos outros futuros viáveis quanto existem empresas inovadoras capazes de entender profundamente a dinâmica em ação atualmente, e que oferecem oportunidades de se tornarem criadoras do novo. Pois o futuro não é o que acontecerá, é o que está acontecendo. Prahalad, considera que as bases para o sucesso obtido no passado foram abaladas e fragmentadas quando, na maioria dos casos, a topografia do setor mudou mais rápido do que a capacidade da alta gerência de reformular suas crenças e premissas básicas sobre que mercados deveria servir, que tecnologias deveria dominar, que clientes deveria atender e como obter o melhor desempenho dos funcionários. José Cláudio Cyrineu Terra (2000), nosso terceiro autor estudado, afirma que o recurso “conhecimento” precisa ser constantemente realimentado, renovado e reinventado. Caso contrário, posições e vantagens adquiridas são rapidamente perdidas para novos e velhos competidores mais inovadores, criativos e eficientes. A gestão do conhecimento está, dessa maneira, intrinsecamente ligada à capacidade de empresas em utilizarem e combinarem várias fontes e tipos de conhecimento organizacional para desenvolverem competências específicas e capacidade inovadora, que se traduzem, permanentemente, em novos produtos, processos, sistemas gerenciais e liderança de mercado. Esse novo paradigma, porém, esbarra em uma visão bastante conservadora do empresariado brasileiro. Esta cultura se manifesta no baixo investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), no pequeno número de patentes e na importação de máquinas e tecnologia. A vantagem sustentável de longo prazo ocorre quando a empresa tem a capacidade de inovar. Porém, a inovação não é fácil, pois o seu sucesso não é garantido e há a necessidade de aprendizado organizacional. Unidade II 37 Criatividade e Inovação Algumas barreiras à inovação em empresas e organizações são bem conhecidas: falta de competências, existência de processos arraigados, falta de disciplina, excesso de trabalho e ausência de recursos. Figura 14: Jose Claudio Cyrineu Terra Fonte: http://www.rioinfo.com.br Unidade II CONCLUSÃO. O pensamento criativo tem uma sequência lógica para se formar e não surge do nada, como um estalo momentâneo. 38 Criatividade e Inovação Analisar o que significa Inovação e quais são seus tipos. Ciclo 03 Atividade Teste Título: Cultura e Gestão da Inovação Unidade III – Análise dos significados e tipos de Inovação. Objetivos da Unidade Plano de Estudos III 39 Criatividade e Inovação 3.1 Conceitos básicos de inovação O site Blog de Impacto nos dá uma ideia da resposta ao questionamento: Criatividade está relacionada com o nosso potencial de gerar novas ideias. Ideias podem se apresentar de diversas formas, podem ser apenas o pensamento na cabeça de uma pessoa, podem ser verbalizadas, escritas, podem ser tangibilizadas em coisas que podemos tocar e experimentar. Porém, criatividade é algo subjetivo, e portanto, difícil de ser mensurado. Já a inovação é totalmente mensurável. Há quem diga que: “Inovação é quando a criatividade emite nota fiscal.” Nós preferimos a definição de que inovação é quando a criatividade gera valor, pois a palavra valor possui um significado mais amplo, podendo estar relacionada com qualquer tipo de resultado positivo, fruto de uma inovação. (disponível: http://blog.impacthub.com.br/qual-e-a-diferenca-entre-criatividade-e-inovacao/ acesso em: 25_10_2016) O conceito de inovação é bastante variado, a grande maioria das definições estão ligadas a área de negócios. A inovação pode ser pessoal, em grupo, isto é, um processo social, mas com destino a desenvolver novos produtos ou mesmo processos de produção. Um primeiro conceito é o do site “Inventta Where Innovation Lives”, que considera que a inovação é a exploração com sucesso de novas ideias. O sucesso para as empresas, significa aumento de faturamento acesso a novos mercados, aumento das margens de lucro entre outros benefícios. PENSE. Será que Criatividade e Inovação são sinônimos? Unidade III http://blog.impacthub.com.br/qual-e-a-diferenca-entre-criatividade-e-inovacao/40 Criatividade e Inovação Partindo do dicionário temos que inovação é o ato ou efeito de inovar. Inovar é introduzir novidade, introduzir novos processos, conceitos e métodos. Do ponto de vista legal, a Lei de Inovação (Lei Federal 10.973/2002) define inovação como: "introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços" (art. 2o. inc. IV) [2] Fuck (2011) citando Schumpeter, acrescenta: “o impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre de novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria” Nova ideia, método ou dispositivo. Obviamente a ideia de introduzir algo novo é vital para que se dê a inovação, mas que pode ser inédito ou não. Para o governo inglês a inovação é definida como uma exploração bem- sucedida de ideias novas. Uma nova ideia só se torna inovação quando sua aplicação é bem-sucedida. David Archibald explica o que é inovação e o que é criatividade através de fórmulas, onde criatividade é: Nesse primeiro momento a ideia é somente um começo do trabalho criativo. Existe a necessidade da ação para que se torne uma inovação. Criatividade = ideia + ação Inovação = criatividade + produtividade Unidade III 41 Criatividade e Inovação Uma vez que a ideia se torna uma inovação é necessário que ela se torne produtiva, através da persistência. Introduzindo novos produtos e processos. Isso tudo com eficiência. A inovação precisa ser útil. É a introdução dessa nova ideia e sua utilidade que definirá se é uma inovação ou não. Para o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística define inovação como implementação de produtos, bens e serviços, ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. A implementação ocorre quando o produto é introduzido no mercado ou quando passa a ser operado por uma empresa. Novamente constatando a existência da implementação para que possa ser uma inovação. Uma nova definição é a que destaca inovação como sendo a conversão de um novo conhecimento em benefícios econômicos e sociais. O conhecimento deve vir “ a priori” para que haja uma inovação, como um pré-requisito para transformar uma ideia em uma inovação. Lembrando que o termo social aqui citado não está desvinculado da questão financeira. Figura 01: Criatividade e Inovação Fonte: Design Unis EaD Inovação = ideia + ação + produtividade Unidade III 42 Criatividade e Inovação Somente concluindo, a inovação está associada à aplicação da criatividade nos processos industriais e mesmo sociais. A invenção é a criação do novo. Pode ser um novo produto ou uma nova forma de produzir. Nem sempre uma invenção será posta em uso, pois ela deve ser submetida ao econômico. Uma inovação é a aplicação de uma invenção que seja economicamente viável. Um questionamento que se faz nas organizações e para nós brasileiros de um modo geral. Somos sempre identificados como criativos, o bom jeitinho, me refiro ao bom e não ao “levar vantagem em tudo”. Mas esse bom jeitinho que consegue solucionar problemas o tempo todo, isso nos faz muito criativos, mas quando se fala em inovação a situação muda. Como citado no site Blog de Impacto: Nas palavras de Theodore Levitt: “O que normalmente falta nas organizações não é a criatividade, do ponto de vista de geração de ideias, mas sim a inovação, do ponto de vista de ação e produção, isto é, colocar as ideias para trabalhar.” PENSE. Será que nós brasileiros somos criativos ou inovadores? EXEMPLO. Segue um exemplo de uma pessoa criativa e inovadora. http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,E MI306627-17770,00- MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QU E+IDENTIFICA+O+CANCER.html Unidade III http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI306627-17770,00-MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QUE+IDENTIFICA+O+CANCER.html http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI306627-17770,00-MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QUE+IDENTIFICA+O+CANCER.html http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI306627-17770,00-MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QUE+IDENTIFICA+O+CANCER.html http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI306627-17770,00-MENINO+DE+ANOS+CRIA+UM+SENSOR+QUE+IDENTIFICA+O+CANCER.html 43 Criatividade e Inovação Um exemplo, retirado da Revista Galileu de inovação que pode trazer bem- estar social é a inovação criada por um jovem de 15 anos, ele criou um teste que detecta três tipos de câncer em cinco minutos. Apesar de jovem ele tem muito a ensinar, Jack Andraka é responsável pela invenção de um detector de câncer. O sensor é feito de papel e identifica três tipos de câncer: pâncreas, ovário e pulmão. O método descobre o câncer de pâncreas de forma até 168 vezes mais rápida que os aparelhos usados atualmente. Além disso, fornece resultados 90% mais precisos, 400 vezes mais sensíveis e 26 mil vezes mais baratos do que os métodos atuais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado chega em menos de cinco minutos. O sensor criado pelo adolescente pode testar urina ou sangue e, se o resultado for positivo para a proteína mesotelina, indica que o paciente tem câncer no pâncreas. A tira de papel utilizada, muda conforme a quantidade da proteína no sangue e isso pode, de acordo com Andraka, detectar o câncer antes mesmo dele se tornar invasivo. Ele foi o ganhador da edição do ano de 2012 do Prêmio Gordon E. Moore, o maior da Intel Internacional Science and Engineering Fair. Andraka foi premiado com $70.000. Ele pretende estudar para se tornar um patologista. Enquanto isso, ele planeja iniciar testes clínicos com o sensor e colocá-lo no mercado em dez anos. Figura 02: Jack Andraka Fonte: http://revistagalileu.globo.com Unidade III https://pt.wikipedia.org/wiki/Gordon_E._Moore https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Intel_Internacional_Science_and_Engineering_Fair&action=edit&redlink=1 44 Criatividade e Inovação 3.2 Tipos de inovação Após enunciarmos a definição de inovação, nos vem à mente um questionamento. Será que toda inovação é igual? existem critérios de identificação de inovações? Vamos tentar sanar estas dúvidas com relação a inovação. Várias são as formas de classificar as inovações de acordo com o grau de impacto que provocam. A primeira classificação é aquela de acordo com a área do negócio impactado, podendo ser inovação tecnológica e não tecnológica. Essa classificação foi realizada no livro Criatividade e Inovação (2011) e baseada a partir do Manual Oslo, uma Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, cujo objetivo é orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países industrializados. Figura 03: Manual Oslo Fonte: http://www.keepeek.com Unidade III http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo http://pt.wikipedia.org/wiki/Indicador http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Industria&action=edit&redlink=1 45 Criatividade e Inovação A inovação tecnológica é formada pela inovação de produto, que é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado levando em consideração suas características e usos. E inovação de processo com a introdução de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Fuck (2011) identifica inovação tecnológica como: Considera-se que uma inovação tecnológica de produto/serviço ou processo tenha sido implementada se a mesma tiversido introduzida no mercado (inovação de produto), ou utilizada no processo de produção (inovação de processo). Dentro desta concepção poderíamos citar uma inovação tecnológica, na categoria inovação de produto o jato ERJ 145 da empresa Embraer, cuja capacidade é de 50 lugares. Figura 04: Jato ERJ I 145 Fonte: http://www.centrohistoricoembraer.com.br Unidade III 46 Criatividade e Inovação De acordo com citação do próprio site da empresa o sucesso da aeronave transformou o ERJ 145 em símbolo de uma nova Embraer, pautada pela gestão integrada de inteligência de mercado, projeto, produção e suporte pós-venda, o que a recolocou entre as principais indústrias mundiais do setor. Outra forma de inovação tecnológica é a inovação de processo, como destaque podemos citar a presença da robotização na linha de fabricação de automóveis. Muitas evoluções ocorreram nestas linhas, desde o fordismo Quem não se lembra dos Tempos Modernos de Charles Chaplin? Figura 04: Tempos Modernos Fonte: Domínio Público PENSE. Será que as empresas mudaram muito com a robotização, e os empregos são os mesmos de antes dela? Unidade III 47 Criatividade e Inovação Inovação não tecnológica formada pela inovação de marketing, com a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção de produto ou na sua embalagem, no posicionamento de seu produto, na sua promoção ou na fixação de seu preço. Inovação organizacional com a implementação de novos métodos organizacionais nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas. Visando as melhorias do desempenho da empresa. Em alguns locais essa inovação é conhecida como inovação de negócio. EXEMPLO. Um exemplo mais clássico de inovação não tecnológica está o caso das sandálias havaianas. Veja com Fuck(2011) coloca esse caso. As inovações mercadológicas (também chamadas de marketing) envolvem a implementação de um novo método de marketing, com mudanças significativas na aparência do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços (OECD, 2006). Um bom exemplo que ilustra uma típica inovação de natureza mercadológica é o das sandálias Havaianas, produzidas pela empresa Alpargatas. De produto originalmente concebido para o mercado de baixo preço, a empresa passou a desenvolver um posicionamento diferenciado do produto no mercado associando as sandálias a artigo de moda utilizado por celebridades. Atualmente a sandália Havaiana é reconhecida como uma marca premium por seu estilo e qualidade, embora a empresa também mantenha sua linha tradicional de sandálias. Ou seja, estratégias inovadoras podem andar “lado a lado” com estratégias convencionais. Nas inovações de processo, destacamos a presença da robotização na linha de fabricação de automóveis. Aliás, a evolução histórica da indústria automobilística é intensiva em exemplos de inovações de processo, com destaque para as linhas de produção características do fordismo desenvolvidas nas primeiras décadas do início do século XX. Unidade III 48 Criatividade e Inovação Figura 05: Empreendedores Fonte: http://www.empreendedoresweb.com.br Segundo site EmpreendedoresWeb, acessado em 16 de outubro de 2016, o investimento inicial de uma franquia das havaianas é de: O capital para abrir uma loja varia entre 250 mil a 400 mil, dependendo da localização e do modelo de negócio que você deseja montar. Já para a opção do quiosque, o investimento necessário gira em torno de 50 mil reais. Além desse investimento em estrutura, o franqueado Havaianas também deverá pagar a taxa de franquia para usar a marca, que tem um custo de 40 mil. Ainda utilizando a classificação do livro Criatividade e Inovação (2011) outra forma de classificar as inovações são através do impacto provocado. Sendo dividida em inovação incremental e radical. Quem cunhou esses termos foi Schumpeter em seu libro Business Cycles de 1939, no qual diferenciava os termos inovação incremental e radical. O intuito da definição era explicar como tecnologias podem criar ou destruir as ondas de prosperidade de um determinado setor. Unidade III http://www.empreendedoresweb.com.br/o-que-e-taxa-de-franquia/ 49 Criatividade e Inovação A inovação incremental se caracteriza por introduzir aperfeiçoamentos graduais, em um produto, processo, ou prática de gestão. Também conhecida como melhoria contínua dos processos e produtos. O site Na Pratica da Fundação Estudar, define da seguinte forma: A inovação incremental é uma melhoria em cima de outra inovação. Também pode ser chamada de “inovação marginal” ou “inovação de sustentação”. Para entender onde está a inovação incremental, é só pensar nas diferenças entre um Ford T de 1908 e o modelo mais recente da Lamborghini. A principal tecnologia por trás dos dois carros é essencialmente a mesma: um veículo com um motor de combustão interna que pode ser dirigido por aí. O resto é inovação incremental. A inovação radical é a responsável pela introdução de novos produtos ou serviços, processos ou práticas de gestão. Recorrendo novamente ao site Na Pratica da Fundação Estudar, a definição de inovação radical, fica da seguinte forma: Algo que é novo para o mercado e que traz uma grande mudança tecnológica, estrutural ou operacional. Para o instituto americano Radical Inovation Group, referência mundial no assunto, a definição de inovação radical é a seguinte: a criação de uma nova linha de negócios, tanto para a firma quanto para o mercado, que ofereça de 5 a 10 vezes mais melhorias na performance ou de 30% a 50% (ou mais) de redução nos custos Unidade III http://www.rinnovationgroup.com/ 50 Criatividade e Inovação Segue um pequeno comparativo entre os dois tipos de inovação. Inovações Incrementais Inovações Radicais Motor 1.6 Motor comum Motor 2.0 Motor flex Videocassete de 4 cabeças Videocassete De 5 cabeças DVD player Hambúrguer Lanchonete comum Hambúrguer com queijo Delivery Fonte: Adaptado Criatividade e Inovação (2011) Vamos para uma última forma de classificar as inovações, desta vez feita baseada no material sobre Criatividade e Inovação da Universidade Interativa no qual a inovação é classificada em radicais, incrementais, genéricas e pervagantes. As inovações radicais são as que provocam mudanças de forma pronta e imediata, representando uma ruptura na estrutura anterior. Elas provocam forte impacto na sociedade e econômicas. Como exemplo a ser citado temos a máquina a vapor ou o computador. Inovações incrementais que produzem mudanças progressivas. Formas de mudar sem alterar a estrutura, pressionadas, geralmente, por ações do mercado. Enquadram-se nesse tipo de inovação as otimizações de processos. Inovações genéricas são caracterizadas pela fusão de inovações radicais com incrementais, como mudança de processos com o surgimento de novos setores. Inovações pervagantes são as que reúnem características das três anteriores, com uma ampla gama de aplicações. Para terminar este capítulo deixo uma citação do dramaturgo, romancista, contista, ensaísta e jornalista irlandês. Bernard Shaw: Unidade III 51 Criatividade e Inovação PENSE. “O homem razoável, adapta-se ao mundo como ele é. O homem não razoável procura transformar o mundo naquilo que ele acha que o mundo deveria ser. Logo, todo o progresso depende do homem não razoável” CONCLUSÃO. O sucesso da inovação estáintimamente relacionado com o desempenho financeiro. A inovação é o motor do crescimento econômico. Também acarreta alargados benefícios para a sociedade. Unidade III 52 Criatividade e Inovação Compreender a necessidade do desenvolvimento da cultura de inovação nos ambientes. Ciclo 04 Atividade Teste Título: Cultura e Gestão da Inovação Unidade IV – Cultura e Gestão da Inovação Objetivos da Unidade Plano de Estudos IV 53 Criatividade e Inovação 4.1 Cultura de inovação Parece ser consenso da necessidade de se desenvolver uma cultura de inovação no país e nas empresas. Porém, ainda restam dúvidas do que afinal seja cultura de inovação. Neste capítulo será descrito este assunto levando em consideração o aspecto interno e externo de uma organização. Vamos começar nosso estudo pelo norte americano Edgar H. Schein, um teórico sobre gestão, pioneiro no estudo sobre organizações e a cultura organizacional: ...conceitua cultura como: Um padrão de premissas básicas compartilhadas que o grupo aprendeu à medida que resolvia seus problemas de adaptação externa e integração interna, que funcionou suficientemente bem para ser considerada válida e, portanto, para ser ensinada aos novos membros como o meio correto de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas. (Schein, 1992) Figura 01: Edgar H. Schein Fonte: www.strategy-business.com Unidade IV 54 Criatividade e Inovação Para ele a cultura interna é o nome dado aos padrões de comportamento explícitos e implícitos desenvolvidos ao longo do tempo. Para ele os elementos da cultura organizacional são os comportamentos revelados no comportamento e na interação entre as pessoas como padrões de linguagem, de tratamento e formação de grupo. As normas que regem o grupo de trabalho. Os valores que regem a organização, confiança e responsabilidade. A filosofia que embasa as políticas organizacionais relacionadas a funcionários, cliente, acionistas etc. As regras de comportamento para novos funcionários e as regras para galgar postos na organização. O clima organizacional e a percepção que todos têm do ambiente de trabalho. Case IBM A IBM é uma multinacional focada na área de informática. Em 1991, adotou uma postura “Market Driven Quality”, ou seja, seu objetivo principal era atender ao mercado de maneira eficiente e com muita qualidade. Os colaboradores “vestiram a camisa” e contribuíram para que a ação fosse um sucesso. Para a elaboração do case, três princípios foram fundamentais: o respeito, a melhoria no serviço prestado e a busca da excelência. Para motivar os funcionários, cada vez que eles demonstrassem interesse, não só pela empresa, mas pela área em que atuavam, eram elogiados em público. A partir disso, a empresa deu um passo a uma nova fase, denominada “Nova IBM”. EXEMPLO. Segue alguns exemplos de cases de cultura organizacional retirados do site Comunicando cultura organizacional, acesso em 19/10/2016 Unidade IV 55 Criatividade e Inovação Case GE A General Electric – GE tem como princípios a melhora da qualidade de vida por meio da inovação tecnológica, a honestidade e a integridade. Nota-se, então, a necessidade de se adequar aos moldes de um mundo globalizado, sem que a empresa perdesse sua ideologia central. Alguns novos valores, como sair da zona de conforto – local em que a empresa se encontrava havia anos, a aceitação e aplicação de boas ideias, a qualidade da prestação de serviços, a cooperação entre as pessoas, a superação de obstáculos e barreiras encontradas e ser pioneira no setor em que atua, foram implantados na GE. Para alcançar os resultados esperados, investiu-se na gestão de talentos, no treinamento e desenvolvimento de pessoas, em reuniões para gerenciamento de crises e soluções estratégicas. Todo o processo foi divulgado aos funcionários e aos públicos por meio de ações da área de comunicação. Case Ambev A Ambev é a Companhia de Bebidas das Américas. Ocupa a liderança no mercado cervejeiro da América Latina. Após ser julgada e condenada por práticas pouco ortodoxas de gestão de pessoas, em 2006, a empresa, além de melhorar as práticas de gestão de pessoas, também captou novos talentos e valorizou os já antigos. Foi criado o "Programa de Sucessores" para preparar pessoas para determinados cargos, antes mesmo de assumi-los. Em 2007 foi criada a Universidade Ambev, responsável pelo treinamento de 18 mil pessoas. Para que todos as pessoas envolvidas com a Ambev pudessem se beneficiar das ações, estabeleceram-se três princípios: um sonho para guiar e motivar a equipe em um caminho único, a atração de novos talentos - e recursos para mantê-los na empresa - e criando líderes. A Ambev foi eleita a melhor companhia no quesito desenvolvimento e liderança apenas dois anos após a crise de 2006. PESQUISE. Veja se encontra mais algum case de empresas e suas culturas organizacionais Unidade IV 56 Criatividade e Inovação Segundo o portal da Educação, a cultura interna, ou cultura da organização, é o sistema de valores existente em uma empresa e que influi sobre toda a sua vida, inclusive as relações pessoais, marketing, atendimentos, sistemas administrativos, controles, produção, etc. A cultura interna serve para mediar a adesão dos funcionários, seu comprometimento e sua participação, subjetiva e objetiva, nos processos necessários para que a empresa atinja as metas a que se propõe. Por essas características e por sua amplitude, pode até mesmo ser considerada como fazendo parte do marketing. Após definirmos cultura interna, quais seriam os passos para criar um ambiente inovador em uma determinada instituição? Para o diretor da Siemens Ronald Dauscha a cultura da inovação é caracterizada como a “ausência de comportamentos, regras e ambientes que impeçam o desenvolvimento do ímpeto natural das pessoas em sugerir melhorias e inovações, aliada a um conjunto de visões, procedimentos e recursos que potencializem estas iniciativas”. Uma cultura da inovação só terá terreno fértil para estabelecer processos alinhados, focados e contínuos se não existirem obstáculos internos – muitas vezes ocultos - que possam barrar, de saída, fantásticas ideias ou sofisticadas visões estratégicas. - Seja intencional com intenção de inovar: qualquer ambiente de verdadeira inovação deverá ter como objetivo primário a definição do que se pretende mudar. É necessário a intenção e consciência das pretensões, e se essas pretensões passam pela inovação, então que se crie uma missão e visão de acordo com essa vontade. - Crie uma estrutura para o tempo não estruturado: a inovação necessita de tempo para seu desenvolvimento, porém apagando fogo não se tem tempo para EXEMPLO. O portal mexxer.com publicou em junho de 2013, de autoria de Hugo Sousa, seis formas de criar uma cultura de inovação. São elas: Unidade IV 57 Criatividade e Inovação inovar ou pensar no futuro. No sentido inverso deste panorama surgem empresas como a 3M e a Google que dão aos colaboradores cerca de 10% do seu tempo de trabalho para estes experimentarem novas ideias. - Entre em cena e saia quando não for necessário: Um bom exemplo desta prática é o tal tempo livre dado aos colaboradores de uma empresa. A sua entrada em cena é representada pelo tempo livre que permite ao colaborador. A sua saída é quando o funcionário decide o que vai fazer com esse tempo. De uma forma mais generalista, esta ideia passa por dotar os seus colegas das melhores ferramentas, aquelas que lhes permitam experimentar novas tecnologias, produtos e até processos. É uma boa política. Agora saia decena. Todos os envolvidos num processo de inovação (atenção, um processo de inovação pode levar anos, décadas) deverão ter uma estrutura e apoio suficiente que os ajude “a navegar na incerta e explorar o processo criativo sem o sufocar,” diz Soren Kaplan, diretor da consultoria InnovationPoint. - Meça o que tem verdadeiro significado: Para muitas organizações, o problema não passa por surgir com novas ideias. De fato, até podem ter uma mão cheia delas. O problema surge quando se trata de medir o valor dessas ideias. O grande desafio da inovação não é somente inovar – é inovar para criar impacto. A questão é: que métricas deverão ser medidas? - Dê recompensas que valham a pena e tenham valor: Para Kaplah, reconhecer o sucesso é crítico, mas a maioria das empresas param por aí. Um prêmio anual para o mais inovador não é suficiente para catalisar uma cultura de inovação. As recompensas formais são boas a curto-prazo – mas não mantém as pessoas altamente motivadas. - Crie símbolos: “Os símbolos representam os valores fundamentais de uma organização e eles surgem sobre muitas formas – declarações de valores, prêmios, história de sucesso, flyers nos corredores, frases etc. Aqueles que criam símbolos de inovação nas suas empresas estão a criar a cultura de inovação,” diz Kaplan. Unidade IV 58 Criatividade e Inovação De acordo com Priscila Zuini, no portal Exame.com, implantar uma coisa nova na empresa não significa que ela seja inovadora. “Inovação é diferente de novidade. As pequenas empresas têm muita sede de buscar coisas novas. Inovação é fruto de processos e nessas empresas eles nem sempre estão bem definidos”. Para não confundir, lembre-se que inovação parte do princípio de que existe um objetivo a ser alcançado. Para isso, existe um cronograma e pontos de checagem, que definem a direção e a velocidade certas para chegar ao resultado esperado. 4.2 Gestão da inovação e mudanças. Drucker apresenta as possíveis fontes de inovação em sua obra Inovação e Espírito Empreendedor (1987). Figura 02: Drucker Fonte: www.admeorg.com CONCLUSÃO. É necessário se ter em mente que a inovação não é mais do que ir buscar em vez de esperar. Se as organizações não têm histórias que transmitam os seus valores, então comecem a busca voluntária e criem os seus próprios valores. Unidade IV 59 Criatividade e Inovação O autor cita a existência de sete diferentes fontes de inovação e, aborda detalhadamente a origem de cada uma delas. Das sete fontes, as primeiras quatro estão dentro das organizações (sejam elas públicas ou privadas). Elas são visíveis e sintomáticas. Porém, elas são indicadores bastante confiáveis de mudanças que já ocorreram ou que podem ser provocadas com um pequeno esforço. Essas quatro fontes são: o inesperado, a incongruência, a inovação baseada na necessidade do processo e mudança na estrutura do setor industrial ou na estrutura do mercado que apanham a todos desprevenidos. O segundo grupo de fontes para a oportunidade inovadora, um conjunto de três delas, implica mudanças fora da empresa ou do setor, são elas: as mudanças demográficas, mudanças em percepção, disposição e significado e conhecimento novo, tanto científico como não científico. 1- A primeira fonte de inovação: O inesperado Esta fonte de inovação tende a ser relegada a segundo plano nas organizações, porém é uma rica oportunidade. Sucesso inesperado: é um desafio para o julgamento das organizações, para explorá-lo requer análises. Ele pode estar relacionado com comportamentos, expectativas, e valores de um número substancial de consumidores. O sucesso “inesperado” força as organizações aos questionamentos: “Que mudanças básicas são apropriadas para definirmos nossos negócios? Nossos Mercados?” Se estes questionamentos puderem ser respondidos pelas organizações, provavelmente oportunidades recompensadoras e menos arriscadas serão geradas. O sucesso inesperado é uma grande oportunidade, mas ele exige ser levado a sério pelas organizações, exige seriedade e recursos. Um exemplo desta situação é o caso da DuPont, que por 30 anos, se restringiu a produzir munição e explosivos. Na década de 20 ela organizou seus primeiros esforços de P&D em outras áreas, uma delas a de química de polímeros, que foi impulsionada por um acidente ocorrido em um de seus laboratórios. A partir daí a vocação para a produção de itens no mercado bélico perdeu importância para os produtos químicos. Unidade IV 60 Criatividade e Inovação Figura 03: DuPont Fonte: http://www.logweb.com.br/dupont-anuncia-novo-presidente-para-america-latina/ Fracasso inesperado: raramente são percebidos com sintomas de oportunidades. Um considerável número de fracassos são, naturalmente, nada mais que erros, são resultados de participação irrefletida ou incompetência, no projeto ou na execução. Porém, se algo falha a despeito de ser cuidadosamente planejado, cuidadosamente desenhado e conscienciosamente executado, o fracasso resultante, muitas vezes revela oportunidades. Evento externo inesperado: são eventos que acontecem fora da organização que podem se tornar uma fonte de inovação. Uma condição para explorar o sucesso do evento inesperado externo é que ele se enquadre no conhecimento e capacitação do próprio negócio. O evento inesperado externo pode ser uma oportunidade para aplicar a competência especializada já existente na empresa para uma nova aplicação, uma que não altere a natureza do negócio. Um exemplo de inesperado é apontado no site Endeavor Brasil, escrito por André Rezende, acesso em 20 de outubro de 2016: Tenho um exemplo na minha própria empresa para apresentar: a Prática fabrica equipamentos para cozinhas profissionais e de um certo tempo para cá vimos percebendo Unidade IV 61 Criatividade e Inovação uma venda cada vez maior para residências de alto padrão. Este fato foi identificado como oportunidade e agora cuidamos de adaptar produtos, serviços e canais de distribuição para este novo grupo de clientes alvo. O fracasso inesperado da instituição, ou de preferência do concorrente, é um motivador para ir ao mercado, escutar e buscar entender se há aí uma oportunidade escondida. O sucesso das megalivrarias no Brasil, considerado um país de poucos leitores, é um evento inesperado – será que estamos fazendo as suposições certas sobre o nosso mercado e nossos clientes? 2 - A segunda fonte de inovação: A incongruência Uma incongruência é a mesma coisa que uma discrepância, uma dissonância, entre o que é e o que “deveria ser” e entre o que é e o que é percebido pelos outros. Ainda assim, uma incongruência é um sintoma de uma oportunidade para inovar. Ela aponta uma “falha” latente. Esta incongruência gera instabilidade capaz de despertar esforços de pequena monta que poderão mover grandes massas e talvez ocasionar uma reestruturação da configuração econômica ou social. A incongruência é claramente perceptível às pessoas de dentro ou ligadas ao setor, mercado ou processo. Como exemplo de incongruência temos realidades econômicas incongruentes. Se a demanda por um produto ou serviço está crescendo em ritmo acelerado, seu desempenho econômico deverá acompanhar o mesmo ritmo. No entanto, em função de fatores macroeconômicos isto pode não ocorrer. Uma política de taxação, uma barreira fitossanitária, entre outras ações, são exemplos de fatos geradores de oportunidades de inovação. Sempre que indivíduos ou organizações interpretam mal a realidade, sempre que eles partem de pressupostos errôneos, seus esforços mostram-se inúteis. Há, então, uma incongruência que, mais uma vez, oferece oportunidade para a inovação bem-sucedida para quem quer que a perceba e a explore. Produtores e fornecedores quase sempre interpretam
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