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Artrite e Artrite Reumatoide Artrite inflamatória Definição Artrite de curta duração (<6 semanas), uma proporção substancial terá resolução espontânea >6 semanas e <12 semanas com ao menos uma articulação dom edema (“mundo ideal”) Artrite indiferenciada (UA): diagnóstico de exclusão Influências: tabagismo, saúde bucal (bactéria comum na boca pode ter a doença ativada) Epidemiologia 200 novos casos/ano: UA: 30% (até 12 semanas) Remissão: aproximadamente 52 semanas UA, AR tardia (30%), PsA, AO, ARe AR inicial: 30% (até 12 semanas) Outros: 40% (até 12 semanas) Janela de oportunidade AI (<12 semanas) entendida como fase imunopatologicamente distinta maturação de auto-anticorpos ocorre na fase inicial O curso da doença é capaz de ser alterado ou mesmo revertido para a completa normalidade Susceptibilidade ao tratamento com redução do seu potencial destrutivo e até mesmo remissão total do quadro Pode ocorrer uma atrofia de metacarpo (casos de sequela, já avançado) Artrite inflamatória x não inflamatória Características clínicas mais comuns: rigidez matinal, fadiga, atividade, repouso, tumefacção, crepitações Anamnese e exame físico Presença de sinais e sintomas (citados anteriormente) Squeeze test: apertar as mãos e/ou pés Manifestações extra-articulares: tendão de aquiles (entesite de calcâneo), dedo em salsicha (dactilite), úlceras, psoríase cutânea, nódulos subcutâneos Exames complementares Todos os pacientes com AI: Hemograma completo VHS, PCR Hepatograma (TGO, TGP, fosfatase alcalina, GGT/gama GT) Medicamentos são metabolizados no fígado, então é necessário saber como estão as enzimas hepáticas para o controle Função renal (creatinina, ureia) Muitas vezes o medicamento é excretado pelo rim, o que é necessário saber TSH Parte tireoidiana é importante pois tireoidite de Hashimoto ou hipertireoidismo pode ter início e manifestar com dor articular Elementos anormais do sedimento (EAS) Sorologias virais: HIV, HBV, HCV VDRL (sífilis secundária é muito comum) FR/anti CCP Radiografias das mãos e pés Pode inicialmente ser normal. Necessário pedir para saber se tem erosão, o que significaria se está evoluindo de forma pior (pois seria uma artrite mais agressiva/erosiva) FAN e HLA-N27 (se FAN for positivo: ampliar investigação) Classificação da AR: 2010 ACR/EULAR: critérios classificatórios para AR Entesite: paciente relata muita dor pois ocorre uma inflamação no osso (dor muito pontual) Tendinite: dor é mais durante o movimento Não é muito simples diferenciar as duas, sendo a imagem mais fácil de diferenciar ≥ 6: AR definida Pequenas articulações: MCFs, IFPs, punhos e MTFs (segunda a quinta) Principais articulações acometidas Grandes articulações: ombros, cotovelos, quadris, joelhos, tornozelos Conclusões: Pacientes com artrite inflamatória devem ser referenciados ao especialista tão logo possível (<3 meses) A maioria dos casos será classificada como uma condição reumática específica, embora um número considerável de casos permaneça com UA Necessidade de modelos preditores de AI (critérios hemogêneos) que estabeleçam número considerável de casos permanece com UA Estabelecimento desenvolvimento de ferramenta de triagem eficaz para a AI Artrite reumatoide Definição Doença inflamatória sistêmica, crônica, autoimune e progressiva Possui etiologia desconhecida Manifestação: sinais cardinais de inflamação e seu substrato anatômico mais característico está sediado na membrana sinovial Caráter sistêmico, apesar de intenso acometimento articular (pode acometer pleura, pulmões, coração, vasos, entre outros órgãos) Acomete a membrana sinovial das articulações destruição óssea e cartilaginosa deformidades fixas Artropatia de Jaccoud: comum no lúpus (mas já foi descrita na febre reumática). Há anticorpos contra o ligamento, então há afrouxidão ligamentar, ou seja, quando olha a mão do doente, ela é “deformada”, pois os ligamentos são frouxos, mas na superfície reta ela fica “normal”. Porém, a artrite reumatoide a deformidade é fixa, ou seja, não é como a artropatia de Jaccoud pois mesmo na superfície plana a mão não fica “corrigida” diagnóstico diferencial Possui causa desconhecida, apesar de alguns fatores serem conhecidos: Predisposição genética Fator ambiental Associação de determinados alelos (HLA-DRA4) com maior risco de AR Componente hormonal (associação com pílulas anticoncepcionais) Tabagismo e substâncias irritativas para tecido pulmonar resultando na citrulinação de proteínas da mucosa e exposição de patógenos (Epstein-barr, parvovírus B-19, M. tuberculosis, E. coli e P. mirabilis) o contato com os patógenos pode induzir à formação de complexos imunes, que desencadeiam a produção do fator reumatoide AR inicial: primeiros 12 meses de sintomas da doença Muito inicial: até 12 semanas (ideal) Inicial tardia: 12 semanas – 12 meses Epidemiologia Maior prevalência em adultos de 30-50 anos 1% da população em geral, sendo mais predominante em mulheres Alguns grupos étnicos e geográficos podem ser menos ou mais afetados pela AR; Atenção: devido ao caráter autoimune, é frequente que portadores da AR desenvolvam outras doenças autoimunes (LES, tireoidite de Hashimoto esclerose sistêmica, etc) Fisiopatologia O desequilíbrio entre citonas pró-inflamatória e anti-inflamatórias leva a um status pró- inflamatório, contribuindo para manutenção da autoimunidade e destruição articular O alvo primário da AR é a membrana sinovial, formada por tecido conjuntivo frouxo e camadas de células internas. Sendo que esse ataque às células sinoviais as torna mais espessas por proliferação celular de sinoviócitos e invasão de células do sistema linfo-hematopoietico. Na região da membrana sinovial há a formação de um tecido granulomatoso com células gigantes, fibroblastos e macrófagos, chamado pannus, que pode invadir e induzir a degradação do tecido conjuntivo, além de erosões ósseas, líquido sinovial e aumento de volume e celularidade Quadro clínico Principalmente: artrite simétrica e aditiva das articulações periféricas (frequentemente há sinais flogísticos) Rigidez matinal prolongada: pela manhã logo ao acordar e após longos períodos de inatividade (duram 1h, aproximadamente) duração está relacionada com o grau de inflamação articular Osteoartrite: um dos diagnósticos diferenciais de AR, porém não tem rigidez matinal Mãos: geralmente punhos são afetados, MCF, IFP (raramente envolve IFD, sendo o diagnóstico diferencial artrite psoríaca), MTF Qualquer articulação sinovial (diartrodial) pode ser afetada: joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris, ombros Há uma atrofia da musculatura interóssea por desuso da articulação da mão, aumento das metacarpofalangeanas, deformidades das interfalangeanas proximais Deformidades podem ser conhecidas como: dedos em corpo de cisne e dedo em martelo Pele: comum a presença de nódulos subcutâneos (quase exclusivamente naqueles com FR positivo) Critérios diagnósticos American College Rheumatology (ACR) 1987 e 2010 ACR 1987: critério para paciente com diagnóstico já estabelecido ACR 2010: critério para o diagnóstico precoce (que é o desejado) Anticorpos presentes da AR Fator reumatoide (FR) Presente em doenças reumatológicas e não reumatológicas (anticorpo naturalmente produzido pelo organismo mas faz depressão do mesmo, mas na AR há uma produção exagerada, levando ao quadro clínico e ao diagnóstico de AR) É uma IgM contra porção Fc de uma IgG Vários métodos – nefelometria Principais doenças: Sjogren e AR AR soronegativa: pesquisar anti-CCP (pacientesem que o resultado do FR deu negativo mas há praticamente certeza, devido à clínica, de que é AR, deve-se fazer anti-CCP) Não deve ser usado como screening Quanto maior o título, mais chance de ser doença reumática Atenção: se o título é alto, é um fator de mal prognóstico, porém, o prognóstico não é acompanhado pelo título. Quando o resultado é, pelo menos, 3x o valor de referência (geralmente é 20), significa valor de pior prognostico, sendo caracterizada como doença mais agressiva e erosiva AR soro positiva: mais agressiva, doença erosiva e manifestações extra-articulares FR geralmente (+): (+) em 5% da população e até 25% em idosos FR geralmente (+) na doença: presente em cerca de 90%, pior prognóstico, doença extra- articular ACPAs – principal é o anti-CCP Anti-CCP S: 50-75%; E: 90-95%: Ac dirigidos contra antígenos do sistema filagrina-citrulina Mais específico que FR, sendo importante no diagnóstico Assim como FR, pacientes com alto título têm pior prognóstico (porém, não é pedido para acompanhamento) VHS e PCR elevadas: atividade de doença (VHS e PCR são os exames solicitados para acompanhamento da doença de AR + clínica do paciente) Diagnóstico Clínica + Laboratório + imagem (lab e imagem são exames complementares) Importante: no intervalo de tempo entre o paciente procurar ajuda e esperar o resultado do laboratório, deixar o paciente com analgésico (dipirona, paracetamol, tramal) – evitar fazer anti-inflamatório hormonal ou não hormonal (mascara o laboratório, abaixando VHS e PCR, pois faz parte do tratamento). Caso o paciente já tome anti-inflamatório, é necessário suspender o uso (1-2 semanas) para colher os exames Fase precoce Tumefação simétrica de tecidos moles peri-articulares (aumento das partes moles simetricamente) Osteopenia peri-articular Erosões sub-articulares (mais raro) Fase tardia Diminuição do espaço articular Luxações e sub-luxações Rarefacção óssea difusa Anquilose (fusão dos ossos, principalmente dos ossos do carpo, por isso fica tudo duro, não tem movimentação) – fase muito tardia Imagem: RX, USG, RM RX pode estar normal, mas é possível ver aumento de partes moles (característico da fase inicial) RM é examinador-interpretador (muito cara no SUS): ajuda nos casos iniciais da artrite Edema ósseo na RM: erosão (descontinuidade da cartilagem: prevenção que vai ter erosão) USG é examinador-dependente (feita por um bom radiologista é tão bom quanto RM) Sinovite no USG: erosão Tratamento Primeira linha de tratamento Metotrexato/MTX (antimetabólito): base do tratamento na artrite inicial Ou, se alergia/não responder: Leflunomida (anti-reumático) Ou se não responder em 3 meses: associar outro DMAD (droga modificadora da atividade e doença) Anti-inflamatório não hormonal para paciente sem comorbidade Prednisona (corticoide no lugar do anti-inflamatório não hormonal para paciente com comorbidade – dose depende do peso) Segunda linha de tratamento A segunda linha é a terapia biológica: medicamentos contra citocinas inflamatórias (citocinas que estão muito alteradas na AR) Abatacept (Anti-TNF moduladores/co-estimuladores de linfócitos T) Ou Tocilizumabe (bloqueadores de receptor AIL6) Ou Baricitinibe (inibidor da janus quinase – usado como alternativa entre a 1ª e 2ª linha de tratamento, antes de começar a terapia biológica/2ª linha, ou na falha de biológicos) Terceira linha de tratamento Quando paciente não tem resposta à segunda linha de tratamento, então é necessário ir mudando a medicação até responder, como por exemplo, anti-IL6