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Anestesia: condição de ter a sensibilidade bloqueada ou temporariamente removida; Anestésicos: perda da sensibilidade de uma região circunscrita do corpo, podendo ser causada pela depressão da excitação nas terminações nervosas ou pela inibição da condução nos nervos periféricos, sem induzir estado de inconsciência; Geral: receptores gabaérgicos, promove coma induzido no paciente pois ele perde os reflexos protetores; Local: receptores de canais de sódio; Anestesia epidural é uma forma de controle da dor baseado na administração de substâncias por via epidural (peridural), mais frequentemente anestésicos locais em baixas concentrações e analgésicos da classe dos opióides; Anestesia troncular: tipo de anestesia de determinada região injetando o anestésico no tronco nervoso que a inerva. Epidural x Raquidiana: Epidural: bloqueia a dor e as sensações de apenas uma região do corpo, geralmente da cintura para baixo. O anestésico é administrado no espaço vertebral para atingir os nervos da região, tendo uma ação temporária; Raquidiana: administrada dentro da coluna espinhal, de uma vez só e em menor quantidade. A diferença entre a anestesia raquidiana e peridural é que na raquidiana o anestésico é aplicado no líquido que envolve a espinha, enquanto que, na peridural, a agulha não atinge o espaço em que está o líquido. Geral: inalatória, intravenosa e combinada; Regional: peridural, raquidiana e bloqueio de plexos nervosos; Combinada: geral e regional; Local. Substâncias que bloqueiam de forma reversível a ativação dos canais de sódio dependentes de voltagem dos axônios, impedindo a gênese e propagação do potencial de ação nos axônios; Uma célula em repouso em -70mv (carga positiva no meio extra, negativa no meio intra). Para gerar um potencial de ação, é preciso um influxo de sódio para o meio intracelular (a partir de um estímulo), rolando uma inversão da carga (negativa meio extra, positiva no meio intra) indo para +120mv. Quando a célula chega na sua potência máxima, ocorre despolarização da membrana (inversão de cargas), permitindo condução do impulso nervoso. Para ter o estímulo em todos os momentos, é preciso que ocorra repolarização da membrana. Quando o canal de potássio se abre, ela sai do meio intra para o extra, diminuindo carga positiva do meio intra. Isso vai ativar bomba de sódio e potássio ATPase (sódio para meio extra e potássio para meio intra), repolarizando a membrana, voltando pro estado de repouso, não permitindo propagação do impulso nervoso (perda de sensibilidade local); Mecanismos: manter célula em potencial de repouso (perda da sensibilidade local); Eles precisam agir sem nada que impeça sua ação, porém tem fatores que acabam impedindo isso e faz com que gerem efeitos adversos. Por isso, eles precisam ter características específicas: Tamanho da molécula do fármaco -> moléculas menores se dissociam mais facilmente do canal (menor duração do efeito); Peso molecular baixo -> se for muito baixo, ele acaba se ligando ao canal de sódio no meio intra, porém, ela se desloca com muita facilidade, perdendo o efeito farmacológico; Forma não ionizada -> com carga, ela não passaria pela dupla camada fosfolipídica; Solubilidade lipídica (lipofílicos) -> atravessam mais facilmente a membrana e bainha de mielina (por conta do bloqueio ser no meio intracelular, por baixo -> princípio da via glicolítica, segurando a glicose molécula por mais tempo no meio intracelular por conta da polarização da molécula, para dar sequência no processo de respiração celular; Diâmetro e mielinização das fibras; pH do meio -> forma hidrossolúvel x lipossolúvel; Concentração do anestésico; Associação com vasoconstrictores (prolongamento do efeito); Inflamação local impede ação do anestésico -> alteração da hemostasia que diminui o pH do meio (aumento do H+ - pH ácido). Todo anestésico tem pKa acima de 7, ou seja, é uma base fraca. Se eu jogo ela no meio ácido, ela ioniza, logo, ela não atravessa a bicamada (uso de anti-inflamatório para reestabelecer o pH). Sequência de bloqueio em fibras neuronais: Dor -> frio -> calor -> tato e compressão profunda -> função motora. Química dos anestésicos locais: Grupo hidrofílico: parte ionizável. Combinação com receptor celular; Grupo lipofílico: necessário para ultrapassar a membrana celular; Éster ou amida: relação com a duração de efeito e risco de reações alérgicas -> ésteres apresentam alta instabilidade plasmática, pois são degradados por esterases, a exemplo da butirilcolinesterase (pseudocolinesterase). Classe dos anestésicos locais: Ésteres -> Procaína, Cloroprocaína, Tetracaína, Benzocaína, Cocaína; Não metabolizados pelo fígado; Metabolizados pelas colinesterases plasmáticas (mais rapidamente) < duração do efeito; Maior potencial alérgico; Menor risco de toxicidade (inativação + veloz). Amidas -> Lidocaína, Bupivacaína, Levobupivacaína, Ropivacaína, Mepivacaína, Etidocaína, Prilocaína, Artacaína; Metabolizadas pelo fígado (maior duração de efeito); Menor risco de reações alérgicas; Maior risco de toxicidade devido sua inativação mais lenta. éster mão tem vogal i; amida tem vogal i. Todos terminam com caína (o que indica que é anestésico). Todos os prefixos dos ésteres não tem vogal i, enquanto os prefixos das amidas tem vogal i. OBS: efeito do pH. Quando pKa do fármaco = pH = 7,4 -> 50% das moléculas estão na forma ionizada e 50% estão na forma não ionizada (depende da concentração administrada); Lidocaína é mais alcalina -> 79% da molécula está na forma ionizada e 21% está na forma livre, significando que eu tenho essa concentração para ele ter efeito anestésico (pode ser suficiente, depende da concentração administrada); Durante o processo inflamatório, o pH abaixa e eu esperava 21% da Lidocaína na forma livre porém eu tenho 2% só, reduzindo o efeito farmacológico dela. Duração do efeito local: Curta duração (30-60 min): Procaína e Cloroprocaína; Duração intermediária (45-120 min): Lidocaína, Mepivacaína e Prilocaína; Longa duração (120-240 min): Tetracaína, Ropivacaína, Bupivacaína e Etidocaína. Propriedade físico-química: Anestésico local padrão (1948); Anestésico tipo amida de duração intermediária; Agente de escolha nos casos de reação alérgica a anestésicos tipo éster; Ação como antiarrítmico (efeito vasodilatador). Mepivacaína: Não é efetiva topicamente (1957); Amida de ação intermediária; Utilizada em anestesia infiltrativa e bloqueios; Menor vasodilatação que lidocaína, portanto é utilizada sem vasoconstritor para procedimentos curtos; Mais tóxica que a lidocaína para neonatos. Prilocaína: Uso amplo em odontologia; Amida de ação intermediária; Utilizada principalmente nos casos de contraindicações a vasoconstritores do tipo adrenérgicos, por ser único e associação com felipressina no Brasil; Pode causar metahemoglobinemia (gestante e neonatos); Felipressina ou octapressin, é uma análoga sintética da vasopressina, hormônio produzido pela neurohipófise. Bupivacaína: Amida de duração prolongada; Procedimentos odontológicos de maior duração ou naqueles em que se deseja uma analgesia pós-operatória mais prolongada; Início de efeito mais tardio que a lidocaína, com duração duas vezes maior. Comparação entre os anestésicos locais: Anestésicos associados com vasoconstritores: Com exceção da cocaína, e atualmente da Ropivacaína, todos A.L causam vasodilatação, por relaxamento musculatura lisa; Epinefrina, norepinefrina e felipressina são associados aos anestésicos locais, para causarem vasoconstricção; Minimizam perda sanguínea; Mantem campo operatório limpo; Aumentamduração anestésico; toxicidade sistêmica por absorção; Reduz dose necessária A.L. em até 50%; Risco de efeitos adversos. Uso durante a gestação: Cuidado com qual anestésico usar (Prilocaína não é indicado, Lidocaína pode ser usada -> pode afetar hemodinâmica da mãe e do bebê. Uso em hepatopatas: Uso de anestésicos tipos ésteres são preferíveis, porém se o paciente tiver alergia, faz uso de amidas (ficar de olho no paciente); Diabéticos: prestar atenção na dose de insulina aplicada pelo paciente. Uso em renal crônico: Tem associada cardiopatia ou diabetes. Um agente anestésico ideal deverá apresentar as seguintes características: Ser de efeito reversível, não irritante aos tecidos; Não causar lesão permanente às estruturas nervosas; Ter baixa toxicidade; Início rápido de ação, e duração de ação suficiente para a realização do procedimento proposto. Toxicidade: O risco para desenvolvimento de toxicidade é baixo, porém quando ocorre, o risco de dano ao paciente é grande; Toxicidade ocorre quando as concentrações sanguíneas do A.L. atingem um nível que leva a efeitos adversos no SNC; A toxicidade geralmente ocorre na hora da administração, sendo que raramente ocorre após o procedimento ter sido completado; Dilalia: perturbação na articulação de palavras por lesão de algum dos órgãos fonadores; Fatores que influenciam a toxicidade: Rota de má administração (IV ou IA); Sítio de injeção (mais ou menos vascularizado); Agente anestésico (de ação mais longa, necessitam de maior tempo de reanimação); Saúde geral do paciente. Sinais de intoxicação: Iniciais - gosto metálico, parestesias periorais, apreensão, dormência na língua, náuseas, borramento de visão, cefaleia; Intermediários – agitação ou lentidão de movimentos, comportamento irracional, tremores, calafrios; Avançados – convulsões, vômitos, paralisia muscular e coma. Tratamento da intoxicação: Preventivo: respeitar as doses máximas recomendadas, aspiração antes e durante a injeção para evitar injeção intravascular, acesso venoso, equipamento para assistência respiratória e circulatória; Imediato: oxigenação e assistência ventilatória, convulsão tônica- clônica -> Diazepam, colapso circulatório -> Efedrina, dopamina, parada cardíaca (a Bupivacaína leva a depressão cardíaca grave de difícil reversão) -> massagem – desfibrilação. Uso clínico: Anestesia tópica; Anestesia infiltrativa; Procaína (ação curta, baixa potência). Bloqueio de ramo; Anestesia regional intravenosa; Anestesia peridural; Raquianestesia O objetivo da anestesia é criar um estado em que haja total ausência de dor durante um ato operatório, exame ou curativo. A anestesia pode ser geral, na qual o paciente dorme durante todo o procedimento, ou regional, na qual apenas uma parte do corpo é anestesiada, podendo o paciente dormir ou não; Estágios de Guedel: Estágio I (fase de analgesia): administração anestésico até perda de consciência; Estágio II (fase de excitação): perda de consciência ao início padrão respiratório rítmico; Estágio III (anestesia cirúrgica): quando realiza o processo cirúrgico; Estágio IV (fase de parada respiratória): não é desejada; A ideia é manter na fase III -> após processo cirúrgico, os médicos voltam o paciente para o estágio I; Indução -> manutenção -> aprofundar -> superficializar -> monitorar o estágio -> despertar e monitorar. Mecanismo de ação: os anestésicos venosos, em sua maioria, agem por meio da modulação do sistema GABA, o principal sistema inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), mais especificamente agem sobre o receptor GABA-A, com inibição da condução da corrente nervosa -> íon cloreto gera hiperpolarização da célula, mudando voltagem para negativa, fazendo uma depressão local; Inalatórios -> éteres halogenados, óxido nitroso, xenômio (alvéolos -> sangue - > cérebro); São líquidos, não inflamáveis à temperatura ambiente; Atualmente, os agentes inalatórios halogenados em uso são: sevofluorano, isofluorano e o desfluorano; O óxido nitroso, N2O, é um gás inorgânico, não volátil e de baixa potência, utilizado em conjunto com os anestésicos inalatórios halogenados visando a diminuição da concentração destes; São administrados e com concentração ajustada pelo vaporizador. A concentração é monitorizada pela concentração expirada do anestésico; Podem ser utilizados para indução inalatória, principalmente em pediatria, como para manutenção da anestesia juntamente com agentes endovenosos; Farmacocinética dos inalatórios: Absorção dos alvéolos para os capilares pulmonares, distribuição entre os diversos tecidos do organismo, metabolização e eliminação, particularmente pela via pulmonar; A captação e destruição dos agentes inalatórios depende, inicialmente, do gradiente de pressão parcial que é criado entre o sistema ventilatório da máquina de anestesia e alvéolo, sangue e tecidos; índice de profundidade anestésica, recuperação da anestesia e potência anestésica, descrita pelo CAM (concentração alveolar mínima) -> medir o índice de profundidade anestésica (quanto maior o índice, mais perigoso ele pode ser). Quanto maior o CAM, menor potente será o anestésico -> quanto maior a solubilidade, maior será o coeficiente de participação, maior potência do óleo/gás, menor será o CAM (CAM é inversamente proporcional à potência anestésica. Halotano: Potente agente hipnótico; Perda de consciência suave e rápida; Não aumenta secreções. Odor agradável; Relaxamento muscular (ação central); Indução relativamente lenta e despertar precoce; Potente broncodilatador (asmáticos); Hipotensivo, depressor miocárdico, pode causar arritmias; Hepatite necrótica fulminante (raro). Enflurano: Semelhante ao Halotano; Menor incidência de arritmias, náuseas, vômitos e tremores pós- operatórios; Desvantagem: causa crises semelhantes a epilepsia; Contraindicado: pacientes com história de convulsão; Semelhante aos anteriores; Menor risco de toxicidade (como Enflurano), por menor metabolismo que o Halotano; Maior segurança cardíaca, por diminuir a PA; Não é epileptogênico; Menor fluxo cerebral, menor metabolismo cerebral, utilizado em neurocirurgia. Intravenosos: hipnóticos, Benzodiazepínicos, opióides, relaxantes musculares; Induz rápida perda de consciência; Tempo de circulação braço-cérebro é de 20 segundos; Duração de ação curta quando dada em bolus -> administrada em minutos; Em 5-10 min o paciente desperta em baixas doses; OBS: Uso de doses menores em relação aos inalatórios. Tiopental: Barbitúrico de alta lipossolubilidade; Rápida ação, por transferência através BHE; Curta duração (5 min) decorrente de redistribuição, pp/p/músculos; Lenta metabolização, acumula-se no tecido adiposo, podendo causar efeito prolongado se utilizado repetidamente (efeito ressaca); Ausência de efeito analgésico; Estreita margem de segurança entre a dose anestésica e a que causa depressão. Etomidato: Semelhante tiopental, com metabolização mais rápida; Menor risco de depressão cardiovascular; Pode causar movimentos involuntários durante indução; Grande capacidade hipnótica; Início rápido e curta duração (3-5 min); Recuperação mais lenta da função psicomotora. Propofol: Semelhante tiopental; Atualmente, o agente mais empregado para indução anestésica; Recuperação dose única e rápido (5 min); Antiemético / antipruriginoso; Sem alteração da musculatura lisa brônquica; Não produz analgesia; Proteção cerebral semelhante ao tiopental (diminui taxa metabólica, menor necessidade de O2); Alto clearance, pouca “ressaca”; SNC:hipnótico sem propriedades analgésicas. Reduz o fluxo sanguíneo cerebral com redução do PIC e pressão intra-ocular; SCV: produz a maior queda de pressão entre os agentes indutores, por promover intensa vasodilatação, tanto venosa quanto arterial e depressão direta sobre o miocárdio; SR: é depressor respiratório potente, promovendo apneia após dose de indução. Ketamina: Analgesia superficial; Aumento tônus muscular esquelético; Estímulo cardiovascular ( PA, FC); Catalepsia -> estado no qual o paciente conserva seus membros em uma posição que lhe foi dada por terceiros; Hipnose, analgesia, amnésia; Ilusões e alucinações podem causar pouca aceitação pelo paciente (menor incidência em crianças); Potente broncodilatador; Contraindicado: angina instável, IAM, ICC e HAS não controladas. Não induz hipotensão ou cardio depressão e pouca depressão respiratória; OBS: Produz analgesia em doses menores que as necessárias para hipnose, permanecendo após o despertar do paciente. Efeitos gerais: dilatação pupilar, nistagmo (movimento involuntário dos olhos que pode fazer o olho mover-se rapidamente de um lado para outro, para cima e para baixo ou em um círculo, podendo borrar ligeiramente a visão) e lacrimejamento; S. vascular: causa liberação sistêmica de catecolaminas. Assim, aumenta a PA, FC e DC e o consumo de oxigênio pelo miocárdio. Tem ação cardiodepressora direta e efeito inotrópico negativo, contra balançado pelo efeito estimulador indireto do sistema nervoso simpático.
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