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EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO 1- EEM (Exame do estado mental); 2- Nervos cranianos; 3- Equilíbrio e marcha; 4- Exame da motricidade; 5- Exame da sensibilidade. Obs: pode ser adaptado conforme às queixas/limitações do paciente. Exame do Estado Mental (EEM) Avalia as funções corticais superiores: Orientação (nível de consciência? Vigília? Sono? Torpor? Comatoso?); Comportamento (cooperativo? Ansioso? irritado? Agressivo? Apático?, desinibido?); Domínios cognitivos: o Atenção e concentração: paciente mantém o foco na tarefa? Consegue alternar os focos das tarefas? Sustenta, seleciona e divide o foco da atenção? o Memória: recente e antiga; o Linguagem e cálculo: fala espontânea? Consegue nomear e repetir? Consegue ler? Compreende? Escreve? Consegue calcular? Afasias: motora (compreende, mas não consegue falar); sensorial (não compreende, mas consegue falar fluentemente); condução (alteração na repetição de palavras); transcortical motora (compreende e repete frases, mas o discurso é pobre e monossilábico); transcortical sensitiva (fala normal ou ecolalia - “fala do cebolinha”; compreensão e leitura anormal). o Funções executivas: consegue planejar/ executar? o Funções visuoespaciais: consegue localizar objetos no ambiente? o Pensamento abstrato: paciente consegue explicar a frase “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”? o Autopercepção e juízo crítico: paciente tem consciencia dos seus atos? Consegue tomar decisões? MEEM (MINI EXAME DO ESTADO MENTAL): MOCA: TESTE DO RELÓGIO: Exame dos pares cranianos I- OLFATÓRIO: Geralmente, testado apenas se o paciente possui alguma queixa; inspeção/ectoscopia; testar uma narina de cada vez com odores voláteis (café, hortelã, cravo, canela); anosmia? Hiposmia? Cacosmia? - Teste com amônia: se o paciente não sente nenhum odor volátil, mas sente o cheiro da amônia, indica lesão verdadeira (obs: o próprio epitélio nasal consegue “sentir” o odor da amônia). Se o paciente não sente nenhum odor volátil, e nem o cheiro da amônia, o exame é incongruente. II - ÓPTICO: Avaliação de 5 parâmetros = reflexos (pupilar, acomodação, consensual); fundoscopia; acuidade visual; campimetria por confrontação. - Reflexo pupilar: direto (luz na pupila = miose ipsilateral); indireto/consensual (luz na pupila, com a mão do examinador em forma de obstáculo entre os 2 olhos do paciente = miose contralateral). Via aferente n. II; via eferente n. III. Lesão: anisocoria (diferença do diâmetro pupilar >2mm). - Reflexo de acomodação: pede ao paciente para fixar o olhar em algum alvo (ex: dedo do examinador) e aproxima-se o alvo e se observa miose e convergência dos olhos. Via aferente n. II; via eferente n. III. - Fundoscopia: com o oftalmoscópio no olho do examinador, observa-se o mesmo olho do paciente. Estruturas a serem vistas = veia, artéria, mácula e fóvea, disco óptico com o n. II. Alterações = edema ou atrofia de papilas; retina (hemorragias, exsudatos, alterações da pigmentação); alterações nas artérias e veias com sinais de hipertensão e diabetes. - Acuidade visual: avaliada em cada olho individualmente, com oclusão do olho contralateral - Painel de Snellen: colocado a uma distância de 6m ou 20 pés; visão 20/20 é normal; ex: visão 20/40 = paciente enxerga a uma distância de 20 pés o que deveria enxergar a 40 pés. - Cartão de Rosenbaum: 36cm ou 14polegadas; - Campo visual: avaliado pelo teste da campimetria por confrontação = de frente para o paciente o examinador tampa seu próprio olho e o paciente tampa o olho contralateral, o examinador mostra os dedos em números nos diferentes quadrantes visuais (QTS, QTI, QNS, QNI); após isso, troca-se o olho a ser avaliado. Alterações possíveis: III – OCULOMOTOR IV – TROCLEAR VI - ABDUSCENTE 1) Pedir ao paciente para acompanhar com os olhos os movimentos dos dedos do examinador (realiza uma “cruz”); 2) Deve-se avaliar os 2 olhos juntos e depois individualmente. - Oculomotor: inerva m. reto superior (move olho para cima), reto inferior (move o olho para baixo), reto medial (adução do olho), oblíquo inferior (move o olho para cima e para o exterior); inerva o m. esfíncter da pupila (constrição/miose da pupila). Lesão no reto medial = estrabismo divergente. Paralisia COMPLETA do n. III = ptose palpebral + midríase (reflexo fotomotor ausente). - Troclear: inerva o m. oblíquo superior (move o olho para baixo e para fora) - Abduscente: inerva o m. reto lateral (abdução do olho). Lesão = estrabismo convergente. Motricidade ocular extrínseca (MOE) V – TRIGÊMEO: Avaliação dos 3 ramos (V1 – oftálmico, V2 – maxilar, V3 – mandibular); função sensitiva da face e motricidade do m. masseter. - Teste da sensibilidade da face: com uma mecha de algodão, o examinador avalia cada hemiface ou ramo do nervo. Também pode-se utilizar objetos pontiagudos e tubos de ensaio com água fria e quente. Alterações = hipoestesia, anestesia, hiperestesia; neuralgia do n. V). - Teste da musculatura da mastigação: pedir ao paciente para morder/dentes cerrados e abrir a boca, realiza-se a palpação nesses momentos. - Teste do reflexo corneopalpebral: com um fiapo de algodão encosta-se na córnea e observa-se o piscamento bilateral dos olhos; via aferente n. V, via eferente n. VII. VII – FACIAL: Também possui um ramo sensitivo (gustação dos 2/3 anteriores da língua) e um motor (motricidade da face). - Teste da sensibilidade gustativa: só é realizada se o paciente possui alguma queixa; seca a língua do paciente e oferece doce e salgado. - Teste da motricidade facial: inspeção; avaliação da mímica facial (pede ao paciente para sorrir mostrando os dentes, fechar os olhos, levantar o supercílio, franzir a testa e encher a bochecha com ar. - Paralisia facial: Central = acomete ¼ inferior da face contralateral às fibras do n. VII (ex: ¼ inferior da hemiface “D” paralisada, indica lesão do n. VII “E”). Periférica = acomete toda a hemiface ipsilateral às fibras do n. VII (ex: ½ da iface “D” paralisada, indica lesão do n. VII “D”). VIII – VESTIBULOCOCLEAR: Função auditiva (coclear), no equilíbrio e orientação no espaço (vestibular). - Testes para a avaliação da função coclear: Se o paciente possuir alguma queixa auditiva, deve-se realizar a otoscopia para verificar a membrana timpânica. Acuidade auditiva = esfregar o polegar contra o indicador em cada ouvido do paciente e verificar se o paciente escutou; comparar bilateralmente. Rinne = o diapasão ativado é colocado no processo mastoide, solicitar que o paciente diga quando o som findar, coloca-se o diabasão lateral à orelha e se ele continuar a ouvir o som é normal (teste positvo – normal – duração do som pelo mesmo tempo bilateralmente). Weber = o diapasão ativado é colocado no vértice do crânio, e o paciente deve ouvir o som igual bilateralmente (teste normal). Perda auditiva de condução ouve-se melhor o lado RUIM; Perda auditiva neurossensorial ouve-se melhor o lado BOM. *A CA (condução aérea) do som é melhor que a CO (condução óssea). - Testes para a avaliação da função vestibular: Reflexo vestíbulo-ocular (RVO): com o paciente sentado na maca, o examinador vira a cabeça do mesmo para o lado a ser avaliado; após isso, deita o paciente bruscamente, deixando a cabeça pender para fora da maca; observar o surgimento do nistagmo (olhos se movimentam contralateral ao movimento da cabeça). Via aferente n. VIII; via eferente n. III, IV, VI. Provas calóricas: inserção de água no ouvido do paciente. O normal é o nistagmo “fugir” da água fria, e “aproximar” da água quente. No estado comatoso ocorre o oposto.IX – GLOSSOFARÍNGEO X – VAGO Responsáveis pela motricidade faríngea, reflexo nauseoso e sensibilidade de 1/3 posterior da língua. A avaliação é feita solicitando que o paciente abra a boca e diga “aaaa”, inspecionar a úvula e o palato. - Teste do reflexo nauseoso com o auxílio de um palito. - Lesões: disartria, disfagia, disfonia. XI – ACESSÓRIO: Inerva o m. trapézio e o m. esternocleidomastóideo. - Avaliação: rotação da cabeça e elevação de ombros – o examinador realiza resistência contra os movimentos. XII – HIPOGLOSSO: Responsável pela motricidade da língua. - Avaliação: inspeção; força da língua (paciente faz oposição contra a resistência do examinador através da bochecha). EF pares cranianos normal: paciente com olfato preservado, pupilas isocóricas e fotorreagentes, acuidade visual preservada, campimetria visual preservada, fundoscopia sem alterações, MOE preservada, mímica e sensibilidade facial preservadas, paciente sem déficit auditivo, e sem alterações no equilíbrio (Romberg negativo, RVO normal, ausência de nistagmos, úvula centrada e elevação simétrica do palato, motricidade normais do mm. esternocleidomastoideo e trapézio, trofismo e força da língua sem alterações. Exame do equilíbrio e marcha EQUILÍBRIO ESTÁTICO: Paciente em posição ortostática com os braços pendentes ao lado, com os pés juntos e descalços, avalia-se equilíbrio com os olhos abertos e fechados (durante 1 min). Pode-se sensibilizar o teste dando um leve empurrão no paciente a fim de verificar a capacidade de manter o equilíbrio. Também pode solicitar ao paciente para inclinar o corpo para frente e para os lados para o teste da coordenação entre tronco e membros. - Sinal de Romberg: paciente consegue manter o equilíbrio com os olhos abertos, mas apresenta oscilações importantes (pendendo para o lado ipsilateral à lesão) quando os olhos fechados. Indica alteração na propriocepção. MARCHA E EQUILÍBRIO DINÂMICO: Observar o caminhar natural do paciente: simetria das passadas, velocidade, agilidade, balanço e movimento dos braços. Solicitar que o paciente caminhe na ponta dos pés e com os calcanhares. Solicitar que o paciente ande pé-ante-pé (marcha tandem). - Alterações na marcha: parkinsoniana, hemiplégica, miopática, atáxica, cerebelar (ebriosa), em tesoura (paraparética), apráxica, antálgica, ortopédica, inconsistente. Exame da motricidade Exame dos seguintes parâmetros: tônus, trofismo, força, reflexos (superficial e profundo), coordenação e movimentos involuntários. TÔNUS E TROFISMO MUSCULAR: Realizar inspeção e palpação dos músculos e movimentação passiva das articulações. Tônus: Observar a tensão no músculo relaxado e contraído. Algumas alterações podem estar presentes: - Hipotonia, hipertonia, fenômeno miotônico (contração persistente por um certo tempo). Trofismo: Observar volume e contorno dos músculos (eventualmente medida dos mesmos). Atentar para deformidades esqueléticas associadas. Algumas alterações podem estar presentes: - Atrofia, hipotrofia, hipertrofia. FORÇA MUSCULAR: Avalia-se através dos testes: - Oposição de forças = o examinador realiza resistência contra os movimentos do paciente. Testar os principais grupamentos musculares dos MMSS e MMII, sempre no sentido de proximal para distal. Solicita-se que o paciente realize flexão/extensão/adução/abdução dos membros, elevação de ombros; teste da resistência dos dedos das mãos; pedir ao paciente para apertar as mãos do examinador. - Manobras deficitárias (provas paréticas): Manobra de Mingazzini = MMSS elevados à 90º e o paciente deve conseguir sustentá-los por 2 min. Paciente em decúbito dorsal com os MMII também à 90º deve conseguir manter por 2 min. Manobra de Barré = Paciente em decúbito ventral com os MMII à 90º, deve conseguir manter por 2 min. - Graduação da força muscular: REFLEXOS: Profundos (osteotendíneos): - Bicipital = paciente deitado com MS relaxado e semi fletido; polpa digital do examinador na cabeça do bíceps, e realização da percussão com o martelo. (Testa nervo musculocutâneo e raiz nervosa de C7). - Tricipital = paciente deitado com MS relaxado e fletido apoiado no braço do examinador; o examinador localiza o tendão do bíceps e realiza percussão com o martelo. Espera-se uma extensão de cotovelo (Testa nervo radial e raiz nervosa de C6). - Estilorradial = paciente deitado com MS relaxado e semi fletido; o examinador realiza percussão com o martelo em punho lateral. Espera-se uma flexão do cotovelo (Testa nervo radial e raiz nervosa de C6). - Patelar = paciente deitado com MI relaxado e semi fletido (ou sentado com os pés pendentes); o examinador realiza percussão com o martelo no tendão patelar (abaixo da patela). Espera-se uma extensão do joelho. (Testa nervo femoral e raiz nervosa de L2-L4). - Aquileu = paciente deitado com MI relaxado e 1 membro semi fletido (formando um “4”); o examinador segura o pé do paciente com a mão apoiada na outra perna e realiza percussão com o martelo no tendão de Aquiles. Espera-se uma flexão plantar. (Testa nervo isquiático e raiz nervosa de sacral). - Graduação dos reflexos osteotendinosos: Superficiais (cutâneos): - Cutâneos abdominais = realiza-se estímulos no abdome do paciente (ao redor da cicatriz umbilical) e espera-se pequenas contrações musculares do grupamento circunscrito. (Testa nervos cutâneos abdominais). - Cutaneoplantar = realiza-se estímulo com objeto de ponta romba na planta do pé, em sentido posteroanterior. Respostas possíveis: - Normal é a flexão do hálux e demais dedos. - Sinal de Babinski é anormal e corresponde a uma extensão do hálux. COORDENAÇÃO: - Coordenação entre troncos e membros já foi testada durante o exame do equilíbrio. Teste do tronco = com o paciente deitado solicita que o mesmo levante e sente com os braços cruzados e mãos nos ombros. - Coordenação apendicular: Teste index-nariz = solicita-se que o paciente toque o seu próprio nariz com seu dedo indicador e toque o dedo indicador do examinador. Realizar também o teste com os olhos fechados. Teste do calcanhar-joelho = com o paciente deitado, solicita-se que ele toque com o calcanhar o joelho contralateral e deslize pela crista tibial até o maléolo medial. Realizar com o membro contralateral também. Teste do rechaço =o examinador realiza manobra de oposição de força com o paciente e retira a resistência subitamente. - Alterações possíveis: dismetria, disdiadococinesia, ataxia truncal, ausência do rechaço. MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS/ANORMAIS: - Acatisia: sensação de inquietação; - Atetose: movimentos desproporcionados lentos/sinuosos, contorção; - Coreia: movimentos desproporcionados, rápidos, bruscos, persistentes; - Discinesia tardia: movimentos desproporcionados devido ao uso de neurolépticos; - Distonia: contração de mm. agonistas e antagonistas; posturas bizarras, hipertonia exacerbada; - Hemibalismo: movimentos rápidos desproporcionados apenas de uma parte do corpo; - Mioclonias: movimentos rápidos, fugazes, contrações rápidas; positiva (aumento do tônus) ou negativa; - Tremor: movimento hipercinético e rítmico; essencial ou em repouso; - Tiques: movimentos involuntários súbitos, breves, intermitentes, motores ou vocais. Exame da sensibilidade Avaliação dos dois tipos de sensibilidade: superficial e profunda. Testar sempre de distal para proximal e comparar ipsi e bilateralmente. Sempre com o paciente de olhos fechados. Avaliação dos principais dermátomos: C4 (fúrcula esternal); T4 (região maxilar); T10 (região umbilical); L1 (parte lateral da cintura); L2 (região medial da coxa); L3 (região lateral da coxa, à nível do joelho); L4(região medial da panturrilha); L5 (região lateral da panturrilha); S1 (região plantar); S5 (região do glúteo). SENSIBILIDADE SUPERFICIAL: - Dolorosa = teste com materiais pontiagudos descartáveis; - Tátil = teste com mecha de algodão, gaze; - Térmica = teste com tubos de ensaio com água quente e fria. Alterações possíveis: - Anestesia; - Hiper/hipoestesia; - Parestesia; - Alodínea; - Hiper/hipoalgesia. SENSIBILIDADE PROFUNDA: - Vibratória = teste com o diapasão ativado nas proeminências ósseas, o paciente deve avisar quando parar de sentir a vibração. Redução da sensibilidade vibratória é chamada de hipopalestesia. - Cinético-postural (propriocepção) = com o paciente deitado e de olhos fechados realiza-se o pinçamento de articulações e o mesmo deve falar onde o examinador está avaliando. - Tato epicrítico = o paciente deve ser capaz de discriminar dois pontos (ex: compasso na palma da mão); teste da estereognosia (paciente deve dizer qual objeto foi colocado em sua mão); teste da grafoestesia (paciente deve dizer qual número ou letra foi escrita na palma de sua mão). SINAIS MENÍNGEOS: Em caso de suspeita de meningite, realiza-se os testes para averiguar a sensibilidade meníngea. Obs: não são necessariamente positivos em todos os casos de meningite. Sinal de Brudzinski: o examinador realiza flexão passiva do pescoço do paciente (que está em decúbito dorsal com a cervical relaxada) de forma súbita. O sinal é positivo se ele não conseguir encostar o mento no tórax e ocorrer uma flexão espontânea do quadril durante o movimento. Sinal de Kernig: paciente em decúbito dorsal, examinador segura a coxa do paciente, fletindo- a sobre o quadril e depois esticando-a para cima, enquanto a perna contralateral se mantém esticada. Realizar o mesmo com a outra perna. O sinal é positivo se durante o movimento ocorrer a flexão involuntária da cabeça ou o paciente sentir dor ou limitações.
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