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Regulação Ácido-Base Introdução • O paciente em acidose ou alcalose está em um quadro considerado grave, apresentando maiores chances de ir rapidamente ao óbito; • O pH dos líquidos extracelulares, princi- palmente sangue, é importante para deter- minar o estado do indivíduo, com valores entre 7,35-7,45 (levemente alcalino); - Acidose: pH abaixo de 7,35 (ainda que acima de 7, ou seja, alcalino, porém está mais ácido que o normal); - Alcalose: pH acima de 7,45; • Ácido é qualquer substância que libera H+ e base é a substância que recebe H+/doa OH-; • Potencial hidrogênio (pH): medida para calcular a concentração de H+ de uma solu- ção, ou seja, a mensuração da concentração de H+ em qualquer solução permite identifi- car se é ácida, básica ou neutra. Se ela tiver muito H+ é ácida, se tiver pouco H+ é básica e, por fim, se tiver valores iguais de H+ e OH- tem uma concentração neutra; • O sangue apresenta uma concentração de cerca de 0,00004 mEq de H+, com cerca de 136mEq de sódio e entre 22-26mEq de bi- carbonato. Ou seja, o sódio está cerca de 3,5x106 mais concentrado no sangue que o H+, e o bicarbonato é presente em uma con- centração cerca de 600.000x maior (6x105); • A dosagem de H+ na água pura está na con- centração de 1 H+:107 moléculas de água pura. Para facilitar o trabalho do número, foi usada a escala logarítmica, ou seja, a quan- tidade de H+ da água pura foi de 1/107 para 10-7. Por fim, colocando em logaritmo: pH da água pura = log10-7 = -7 (para não traba- lhar com número negativo, coloca na fór- mula em negativa, deixando o pH positivo); • A escala de pH é limitada entre 0-14 (na água pura a quantidade de H+ é a mesma que OH-, assim, soma 7 do H+ com o 7 do OH- = 14); • Uma solução ácida é aquela que tem uma grande quantidade de H-, de forma que, quanto maior sua concentração, menor será o número (pelo negativo da fórmula), por isso, os ácidos têm pH menor que 7; • A solução básica é aquela que tem pouco H+, com isso, quanto menor o número da concentração de H+, maior será o valor final, tendo pH maior que 7; • Na escala de pH, cada unidade de pH re- presenta uma diferença de 10x na concen- tração de H+; Ex: o pH 6 é 10x mais ácido que o 7, en- quanto o pH 5 é 100x mais ácido que o pH 7 • A média do pH do sangue é de 7,4. Caso atingir valores de 6,9, houve uma diferença de 0,5 e, com isso, o sangue ficou 5x mais ácido, valores em que o paciente geralmente está em coma; Marianne Barone (15A) Morfofisiologia Aplicada II – Prof. Allysson C. Sampaio • Considerando que o pH do sangue é 7 e o pH do estômago é 1, o órgão é 1x106 (1 mi- lhão de vezes) mais ácido que o sangue, já urina pode ter pH de até 4,5, portanto, é cerca de 1000x (103) mais ácida que o san- gue. Eles podem ter um pH tão baixo por estarem no meio externo, ou seja, por esta- rem no lúmen das estruturas, e não no inte- rior delas, podem ter valores menores; • Num geral, o pH da urina varia entre 4,5 a 8,5 dependendo da necessidade do corpo de excretar H+ ou HCO3-; • A concentração de H+ é precisamente re- gulada. Uma tarefa fundamental do corpo é regular o equilíbrio ácido-base. em que, per- turbações no equilíbrio ácido-base estão en- tre os problemas mais importantes que os médicos enfrentam em um ambiente hospi- talar; • Lembrar que: - pH normal do plasma = 7,35 a 7,45; - Acidose: pH < 7,35; - Alcalose: pH > 7,45; • O limite mínimo de pH, no qual uma pes- soa pode viver é em torno de 6,8, e o limite superior, em torno de 7,8; • O pH extracelular normalmente reflete o pH intracelular, e vice-versa. Alterações no pH → • As mudanças no pH podem desnaturar proteínas. Algumas proteínas importantes que podem ser afetadas: enzimas, hemoglo- bina, proteínas canais, transportadores e bombas da membrana neuronal; • A função dessas proteínas depende da sua forma tridimensional, esta que depende da sequência de aminoácidos (possuem cargas diferentes entre si, dando uma conformação de acordo com a interação entre as cargas positivas e negativas). A alteração do pH causa mudança na carga dos aminoácidos, fazendo com que eles percam sua forma, tendo a desnaturação proteica; • As proteínas intracelulares, como enzimas e canais de membrana, são particularmente sensíveis ao pH; • O tecido nervoso tem uma dependência imensa dos milhares de canais de proteína distribuídos por sua membrana, podendo haver uma desnaturação que altera o trans- porte de íons, podendo ter uma hiperexci- tabilidade ou hipoexcitabilidade, desta forma, um dos primeiros sintomas do paci- ente em acidose ou alcalose são os sintomas neurológicos; - Acidose: neurônios menos excitáveis, re- sultando numa depressão do SNC (confuso, desorientado, comatoso), com uma possível inibição do centro respiratório e causa morte. Tem hipercalemia (alto K+); - Alcalose: neurônios hiperexcitáveis, com alterações sensoriais (falta de sensibi- lidade, formigamento, abalos musculares), causando tetania, paralisia dos músculos respiratórios. Tem hipocalemia (baixo K+). → • Os distúrbios do equilíbrio acidobásico es- tão associados com distúrbios no equilíbrio do potássio, que ocorre, parcialmente, de- vido ao transporte renal que desloca os íons K+ e H+ em um antiporte; • Na acidose, os rins excretam H+ e reabsor- vem K+ utilizando uma H+-K+-ATPase (hi- percalemia); • Na alcalose, os rins reabsorvem H+ e ex- cretam K+ (hipocalemia); • O desequilíbrio do K+ geralmente se mani- festa como distúrbios em tecidos excitáveis, principalmente no coração. Produção de ácido e base • Ácidos e bases no corpo são provenientes de várias fontes. Diariamente, o corpo é desafiado por uma maior ingestão e produ- ção de ácidos que de bases; • A metabolização de carboidrato gera CO2 e H2O, que se combinam e formam ácido carbônico. Os mecanismos anaeróbicos for- mam ácido lático através da glicose; • O indivíduo diabético apresenta hipergli- cemia por não ter insulina (tipo 1) ou não ter transportadores (tipo 2), sem colocar gli- cose para o interior da célula; • Os diabéticos não controlados e sem uso de medicação, não tem um uso adequado da glicose, realizando processos de lipólise para produção de ATP, independendo da in- sulina ou das vias de insulina para entrar na célula, gerando corpos cetônicos (ácidos), que no início tem tampões suficientes, po- dendo entrar em cetoacidose com o passar do tempo, apresentando hiperventilação como tentativa de liberar CO2 e interromper a formação de ácido carbônico, também com aumento da secreção de H+ pelos rins; • O mecanismo de tampão tem ação imedi- ata após o contato com o ácido. Os pulmões dão início a hiperventilação após sinaliza- ção feita com a percepção do aumento de H+ nos quimiorreceptores (periféricos: ca- rótida e aorta; centrais: tronco cerebral). → • O equilíbrio do pH é alcançado pelas ações conjuntas dos pulmões e dos rins. Os pulmões excretam ácidos voláteis (H2CO3, o qual é expirado como CO2) e os rins excretam ácido não volátil (formado por qualquer outra coisa); • Ingestão: a maior parte da “ingestão” diá- ria de ácido (em torno de 15 a 22 mol) é for- mada como resultado do metabolismo de carboidratos. Uma quantidade adicional de 70 a 100 mmol/dia de ácidos não voláteis (ácidos nítrico, sulfúrico e fosfórico) é ge- rada pela quebra de aminoácidos e compos- tos fosfatados; • Saída: a maior parte do CO2 gerada du- rante o metabolismo e convertida em H+ e HCO3 - para o transporte sanguíneo é subse- quentemente excretada pelos pulmões; - Uma pequena quantidade de ácido volátil permanece presa no corpo, quando o HCO3 - é perdido nas fezes, e deve ser excretada pe- los rins como ácido não volátil; - O ácido não volátil é excretado principal- mentecomo ácido titulável e íon amônio (NH4 +). → Ácido carbônico: voláteis: • Tem-se uma produção diária de ácidos; • Maior fonte diária de ácidos é a produção de CO2 durante a respiração aeróbica; • O CO2 do metabolismo em repouso pro- duz cerca de 14.000 mEq de H+ a cada dia. Esse CO2 é originado a partir do metabo- lismo completo de gordura e carboidrato; • A combinação de CO2 com água, catali- sado pela anidrase carbônica, forma o ácido carbônico (H2CO3); • Os mecanismos homeostáticos normal- mente previnem o acúmulo de CO2 em nosso organismo, podendo ser eliminado, por exemplo, pela hiperventilação como mecanismo de defesa (pode gerar síncope por deixar o sangue mais alcalino, pela eli- minação de CO2); • O aumento da ingestão de alimento esti- mula uma maior produção de ácido pelas células estomacais, retirando cloreto do san- gue e devolvendo bicarbonato, causando a maré alcalina (sangue mais alcalino) que gera uma resposta no sistema nervoso pelos quimiorreceptores, deprimindo o sistema respiratório, causando hipoventilação e, consequentemente, acumulando CO2 e ge- rando ácido carbônico, voltando ao pH nor- mal. Ácidos não carbônicos: não voláteis: • Na ausência de oxigênio e insulina, ocorre a formação de ácido lático, que não pode ser eliminado pelos pulmões, desta forma, ocorre a eliminação renal; • Alguns outros ácidos são formados com a ingestão de alimentos, como pela metaboli- zação de ácidos nucleicos, gerando: • O metabolismo anaeróbico pode formar ácido lático e cetoácidos, com metaboliza- ção incompleta de ácidos orgânicos • Ocorre a eliminação desses ácidos por meio dos rins. → • A produção líquida de base ocorre princi- palmente como resultado da absorção de ânions orgânicos e aminoácidos aniônicos (glutamato e aspartato) da dieta. Além disso, o citrato ou lactato gerado durante o meta- bolismo dos carboidratos produz HCO3 -; • Os ânions orgânicos são fornecidos prin- cipalmente por alimentos vegetais, como sais de K parcialmente neutralizados com: citrato de potássio, malato de potássio e, em menor extensão, sais de oxalato ou tartarato. • O metabolismo dos sais de potássio encon- trados em frutas e vegetais, incluindo citrato e malato, leva ao consumo de íons hidrogê- nio e, consequentemente, a um efeito alca- linizante; • Portanto, essas dietas geram mais bases que ácidos. Em geral, a produção de ácido excede a de base em uma pessoa que ingere uma dieta típica Ocidental; • A fisiologia ácido-base concentra-se no ácido por boas razões: - Primeiro, nossa dieta e nosso metabo- lismo têm poucas fontes significativas de bases. Algumas frutas e vegetais contêm ânions que são metabolizados a HCO3 -, mas a influência desses alimentos é superada de longe por uma dieta que possui ganho lí- quido de ácidos; - Segundo, os desequilíbrios acidobásicos decorrentes do excesso de ácido são mais comuns do que os que ocorrem por excesso de base; • A dieta ocidental tem um maior ganho de ácidos que de bases; • O ácido da dieta é medido geralmente cal- culando uma pontuação para os alimentos e adicionando-os à carga total de ácido. O es- core de potencial de carga ácida renal (PRAL) dos alimentos é usado como um in- dicador da carga ácido-base na dieta, que é então avaliada em pacientes com Doença Renal Crônica e usada como guia ao adotar uma dieta pobre em ácido; • O cálculo para a pontuação PRAL leva em consideração a proteína da dieta, fósforo, potássio, cálcio e magnésio e é calculado usando a seguinte fórmula: Carga potencial de ácido renal (PRAL) = 0,4888 × proteína dietética (g) + 0,0366 × fósforo dietético (mg) - 0,0205 × potás- sio dietético (mg) - 0,0125 × cálcio (mg) - 0,0263 × magnésio (mg) - Valores positivos de PRAL: indicam alimentos que contêm ácido; - Valores negativos de PRAL: indicam alimentos alcalinos. • Em média, os alimentos à base de plantas têm uma pontuação PRAL mais baixa do que os alimentos à base de animais e, quando consumidos, podem diminuir os ní- veis séricos de creatinina e, portanto, retar- dar a progressão da doença renal crônica. Defesa do pH sanguíneo • A homeostasia do pH depende de tampões dos pulmões e dos rins; • Tripé do EAB: - Sistema tampão: tampão químico intra e extracelular (bicarbonato, proteínas, fos- fato, hemoglobina e os carbonatos ósseos); - Pulmões: controle da PaCO2 no sangue por meio de alterações na frequência respi- ratória; - Rins: controle na concentração de bicar- bonato plasmático por meio de alterações na excreção renal de íons H+; • Para manter o equilíbrio ácido-base, os ácidos ingeridos e produzidos endogena- mente são neutralizados no corpo por siste- mas tampão ou eliminados do corpo através do sistema respiratório (excreção de ácido volátil na forma de CO2) e urinário (excre- ção de ácidos fixos e H+ restante). → • É a primeira linha de defesa é a utilização de tampões intra e extracelulares (bicarbo- nato, fosfato e proteínas) para evitar altera- ções no pH do fluido corporal; • Possuem ação instantânea; • Sempre presentes e esperando para impe- dir grandes oscilações do pH; • Um tampão (buffer) é qualquer substân- cia que possa ligar reversivelmente ao H+, atenuando as alterações bruscas de pH, não deixando esse H+ livre; • Quando a concentração de H+ aumenta, a reação é deslocada para a direita e mais H+ se liga ao tampão, desde que esteja disponí- vel; • Por outro lado, quando a concentração de H+ diminui, a reação muda para a esquerda e o H+ é liberado do tampão. Dessa forma, as alterações na concentração de H+ são mi- nimizadas (não fica livre); • Principais tampões do organismo - Tampões intracelulares: bicarbonato, fosfatos inorgânicos, fosfatos orgânicos, proteínas intracelulares, hemoglobina; - Tampões extracelulares: ácido carbô- nico/bicarbonato, fosfatos inorgânicos, fos- fatos orgânicos, proteínas séricas (albu- mina), amônia (túbulos renais). Sistema-tampão bicarbonato: • As células geram o CO2, que é difundido para o sangue, com uma pequena parte di- fundindo livremente (baixa solubulidade); • Pode ocorrer a ligação com a hemoglobina, formando a carboxihemoglobina. A maior parte combina com água e forma o ácido carbônico, visto que, a hemácia é rica em anidrase carbônica; • Tem a dissociação do ácido carbônico, de forma que, a hemoglobina nos eritrócitos tampona o H+ produzido pela reação do CO2 com a H2O, sobrando HCO3 -. O íon bicar- bonato deixa o eritrócito em troca por um íon Cl- plasmático; • As grandes quantidades plasmáticas de bi- carbonato produzido a partir do metabo- lismo do CO2 representam o sistema tampão mais importante do líquido extracelular; • O HCO3 - plasmático está, então, disponí- vel para o tamponamento do H+ oriundo de fontes não respiratórias, como o metabo- lismo; • Embora o H+ e o HCO3 - sejam produzidos em uma relação 1:1 a partir de CO2 e H2O, o tamponamento intracelular do H+ pela hemoglobina é a principal razão pela qual os dois íons não aparecem no plasma na mesma concentração; • A concentração plasmática de HCO3 - é de, em média, 24 mEq/L, o que é aproximadamente 600 mil vezes maior do que a concentração plasmática de H+; • A maior parte do CO2 é convertido em bicarbonato. Cerca de 7% estão dissolvi- dos no plasma e apenas 27% está na hemo- globina. Tamponamento de H+ nos fluidos corporais: • A importância dos tampões de fluidos cor- porais pode ser rapidamente percebida se considerarmos a baixa concentração de H+ nos fluidos corporais e as quantidades rela- tivamente grandes de ácidos produzidos pelo corpo todos os dias; • Cerca de 70-100 mEq de H+ são ingeridos ou produzidos diariamente pelo metabo- lismo, enquanto a concentração de H+ nos fluidos corporais normalmente são deape- nas 0,00004 mEq/L; • A quantidade ingerida/produzida é 2 mi- lhões de vezes maior; • Sem tamponamento, a produção diária e a ingestão de ácidos causariam alterações le- tais na concentração de H+ no fluido corpo- ral. → • Atua regulando a remoção do CO2 produ- zido metabolicamente. É uma resposta rá- pida, em minutos, regulada reflexamente que pode controlar cerca de 75% dos distúr- bios do pH; • A ventilação pulmonar normalmente eli- mina os 14000 mmol de CO2 produzidos diariamente pelos processos metabólicos de oxidação celular e mantém a pressão arterial de CO2 (PaCO2) em torno de 40 mmHg; • Normalmente, com aumento (ou diminui- ção) na produção de CO2, a ventilação alve- olar aumenta (ou diminui) para manter a PCO2 e o pH constantes; • A ventilação pode controlar cerca de 75% dos distúrbios do pH; • A ventilação alveolar é controlada pelas células quimiorreceptoras localizadas na medula oblonga (e, em menor grau, nas do corpo carotídeo), sensíveis ao pH e à PCO2. Pequenos aumentos no CO2 plasmático, que diminuem o pH, resultarão em estimulação da ventilação, que normalmente retornará rapidamente a PCO2 ao normal; • Efeito do pH do sangue na taxa de ven- tilação alveolar: a taxa de ventilação alve- olar aumenta quatro a cinco vezes o normal, à medida que o pH diminui do valor normal de 7,4 para o valor fortemente ácido de 7,0. Por outro lado, um aumento no pH plasmá- tico acima de 7,4 causa uma diminuição na taxa de ventilação; • Em caso de mudanças na PCO2 que alte- ram a quantidade de H+ e HCO3 - adiciona- dos ou diminuídos no plasma, apenas a [H+] tem importância; - HCO3 - é 600 mil vezes mais concentrado no plasma do que o H+; - Se tanto o H+ quanto o HCO3 -são adicio- nados ao plasma, pode-se observar mudan- ças no pH, mas não na concentração de HCO3 -, uma vez que ela já era muito alta inicialmente; - Tanto o H+ quanto o HCO3 - sofrem um aumento absoluto na sua concentração, mas devido à concentração de HCO3 - já ser na- turalmente elevada, o aumento relativo nos níveis de HCO3 - passa despercebido. → • Excreção de HCO3 - ou H+ por meio dos rins, reajustando a [H+] do fluido extracelu- lar, este que é liberado a partir da dissocia- ção de ácidos orgânicos (produzidos na quantidade de cerca de 50-100mEq/dia); • É o mais lento dos mecanismos, com um curso de horas ou dias. Embora mais lentos, são muito eficientes ao enfrentar qualquer distúrbio de pH restante, sob condições nor- mais; • Excreção de ácidos: - <1% H+ livre; - 30% titulado c/ tampão fosfato e outros; - 70% como amônio (NH4 +); • Os rins regulam a concentração do H+ do fluido extracelular através de três mecanis- mos fundamentais: - Secreção de H+; - Reabsorção de virtualmente todo o HCO3 - filtrado; - Produção de novo HCO3 -, através da ex- creção de ácidos, para substituir todo o HCO3 - consumido por ácidos normais (carga diária) ou patológicos; • Deste novo HCO3-: - Aproximadamente 1/3 é produzido com a excreção de ácidos tituláveis, como o HPO4 2-; - Cerca de 2/3 é produzido com a excreção de amônio (NH4 +); • Os íons H+ são secretados nos túbulos renais ou por transporte ativo secundário no TCP e segmento ascendente espesso da AH ou por transporte ativo primário nas células intercalares tipo A do néfron distal (TCD2, TC e ducto coletor). Um total de 4400 mEq de H+ é secretado por dia nos tú- bulos renais; • Os rins filtram cerca de 180L/dia de san- gue; - Ao longo do dia, o bicarbonato foi fil- trado cerca de 4320 mEq/dia de HCO3 - (180 L/dia x 24 mEq/L). São produzidos por dia cerca de 4320mEq de H+; - A passagem do sangue no glomérulo re- aliza a filtração do bicarbonato, este que não pode ser excretado e, para ser reabsorvido, deve-se ligar ao H+, pois a membrana apical dos túbulos é impermeável, formando H2CO3 (tem na membrana a anidrase carbô- nica para acelerar a reação), que é dissoci- ado em H2O e CO2 (passa pela membrana e entra na célula); - No interior da célula também é presente uma anidrase carbônica, que une H2O e CO2, gerando H2CO3, que se dissocia em H + e HCO3 -. Na membrana basolateral tem trans- portador de bicarbonato, permitindo a passagem para o sangue, enquanto o H+ é li- berado no lúmen; • Todo o bicarbonato é recuperado pelo H+, considerando que, existem cerca de 4400mEq de H+ para 4320mEq/dia de bi- carbonato que é filtrado pelos rins; • Com isso, utiliza-se 4320mEq de H+ para a reabsorção de bicarbonato, e sobram 80mEq livre (seria necessário 2667L de urina para eliminar toda essa quantidade, considerando que, o pH mínimo da urina é 4,5 = 0,03 mEq/L). Por esse motivo, uma boa parte do H+ é combinado com um tam- pão: - Fosfato: 30 a 40 mEq/dia; - Amônia: 40 a 50 mEq /dia em condições normais até 500 mEq/dia na acidose crônica. Ocorre a amoniagênese renal para secretar amônia no lúmen, combinar com H+ e poder secretar para fora do corpo. Ela é gerada a partir da glutamina (aminoácido), que é re- absorvido no túbulo proximal, metaboli- zando na célula mesmo, gerando bicarbo- nato ao mesmo tempo; • O H+ é secretado com duas funções: recu- perar o bicarbonato e excretar para evi- tar a acidose, ocorrendo de duas formas: - Néfron proximal (túbulo proximal, alça de Henle (espesso ascendente) e TCD1): H+ é secretado por transporte ativo secundário via NHE (trocador de Na+ e H+), em contra-transporte com sódio; - Néfron distal (TCD2, túbulo coletor, ducto coletor cortical (DCC), ducto cole- tor medular externo): H+ é secretado por transporte ativo primário pelas células inter- calares tipo A via H+-ATPase ou H+-K+- ATPase; • Virtualmente todo o bicarbonato é reab- sorvido nos túbulos renais (80% nos túbulos proximais), conservando o sistema tampão primário do organismo; • Reabsorção de HCO3- acoplada à secre- ção de H+: - 80% Túbulo proximal via NHE; - 15% Alça de Henle (ramo espesso ascen- dente) via NHE; - 5% TCD2, ductos coletores via H+ATPase ou H+/K+ ATPase • O néfron proximal (TCP, ramo ascen- dente espesso da alça de Henle): apresenta alguns mecanismos celulares para: - Secreção ativa de H+ no túbulo renal; - Reabsorção tubular de HCO3 - por combi- nação com H+ para formar ácido carbônico, que se dissocia para formar CO2 e H2O; - Reabsorção de íon sódio em troca de H+ secretado; • O bicarbonato filtrado não permeia a membrana; • A secreção ativa primária de H+ nas cé- lulas intercaladas do néfron distal (TCD2, TC, DCC) inicia-se no final dos túbulos distais (TCD2) e prosseguindo o restante do sistema tubular, o epitélio tubular secreta H+ por transporte ativo primário pelas células intercalares. O HCO3 - é absorvido para cada H+ secretado, e um íon cloreto épassiva- mente secretado com o H+; • O transporte de HCO3- através da mem- brana basolateral é facilitado por dois mecanismos: - Cotransporte Na+/HCO3 - nos túbulos pro- ximais; - Trocador de Cl-/HCO3 - nos segmentos tardios do túbulo proximal, ramo ascen- dente espesso da alça de Henle e nos túbulos e ductos coletores; • Assim, toda vez que um H+ é secretado pe- las células epiteliais tubulares, um HCO3 - também é formado e liberado de volta ao sangue. O efeito líquido dessas reações é a "reabsorção" do HCO3 - dos túbulos, embora o HCO3 - que realmente entra no fluido ex- tracelular não seja o mesmo que o filtrado nos túbulos; • A reabsorção do HCO3 - filtrado não resulta em secreção líquida de H+ porque o H+ se- cretado se combina com o HCO3 - filtrado e é, portanto, não excretado; • Sob condições normais, a taxa de secreção tubular de H+ é de cerca de 4400 mEq/dia, e a taxa de filtração de HCO3 - é de cerca de 4320 mEq/dia. Assim, as quantidades des- ses dois íons que entrando nos túbulos são quaseiguais e se combinam para formar CO2 e H2O; • Portanto, diz-se que o HCO3 - e o H+ nor- malmente "titulam" um ao outro nos túbulos; • O processo de titulação não é muito exato porque geralmente há um leve excesso de H+ nos túbulos a serem excretados na urina; • Esse excesso de H+ (cerca de 80 mEq / dia) livra o corpo de ácidos não voláteis produ- zidos pelo metabolismo. O HCO3 - é “titu- lado” contra o H+ nos túbulos; • A maior parte desse H+ não é excretada como H+ livre, mas em combinação com ou- tros tampões urinários, especialmente fos- fato e amônia. Quando a quantidade de H+ secretada no fluido tubular é maior que a quantidade de HCO3 - filtrado, apenas uma pequena parte do excesso de H+ pode ser ex- cretada na forma iônica (H+) na urina; • Assim, para cada litro de urina formado: um máximo de apenas cerca de 0,03 mEq de H+ livre pode ser excretado, porque o pH mínimo da urina é de cerca de 4,5, corres- pondendo a uma concentração de H+ de 104,5 mEq/L ou 0,03 mEq/L; • Para excretar os 80 mEq de ácido não vo- látil formado pelo metabolismo todos os dias cerca de 2667 litros de urina precisa- riam ser excretados se o H+ permanecesse livre em solução; • A única maneira de eliminar os 80 mEq de H+ de ácidos não-voláteis ingeridos ou pro- duzidos diariamente pelo metabolismo é através da excreção renal combinando-se com um tampão; • A excreção de grandes quantidades de H+ (às vezes, de 500 mEq/d) na urina é feita, basicamente, combinando-se o H+ com tampões no líquido tubular; • Os tampões mais importantes são fosfato e amônia. Existem outros tampões mais fracos (urato e citrato), mas são menos im- portantes; • A combinação do excesso de H+ com tampões fosfato e amônia no túbulo gera “novo” HCO3-; • Quando o H+ é titulado no fluido tubular com HCO3 -, isso leva à reabsorção de um HCO3 - para cada H+ secretado, conforme discutido anteriormente; • No entanto, quando há excesso de H+ no fluido tubular, ele se combina com outros tampões que não o HCO3 -, e isso leva à ge- ração de novo HCO3 - que também podem entrar no sangue; • Assim, quando há excesso de H+ no fluido extracelular, os rins não apenas reabsorvem todo o HCO3 - filtrado, mas também geram novo HCO3 -, ajudando assim a repor o HCO3 - perdido do líquido extracelular na acidose; • O H+ em excesso deve-se combinar com tampões no fluido tubular: - Quando H+ no fluido tubular combina com HCO3-: o HCO3 - gerado substitui o que combina com H+; - Quando H+ no fluido tubular combina com outro tampão: gera novo HCO3 -, po- dendo o H+ se ligar ao fosfato (30-40mEq/d) ou o H+ se ligar a amônia (40-50 mEq/d. Pode até 500 mEq/d, sendo o mecanismo dominante para eliminar ácidos). • Sistema tampão fosfato transporta o ex- cesso de H+ para a urina e gera “novo” HCO3 - e um novo HCO3 -, é devolvido ao sangue para cada NaHPO4 que reage com um H+ secretado; • Portanto, sempre que um H+ secretado no lúmen tubular se combina com um tampão diferente de HCO3 -, o efeito final é a adição de um novo HCO3 - ao sangue. Esse pro- cesso demonstra um dos mecanismos pelos quais os rins são capazes de reabastecer os estoques extracelulares de HCO3 -; • Sob condições normais, grande parte do fosfato filtrado é reabsorvida e apenas cerca de 30 a 40 mEq/d ficam disponíveis para tamponar H+; • Desta forma, grande parte do tampona- mento de H+ em excesso no líquido tubular durante a acidose se dá por meio do sistema tampão amônia, mais importante em termos quantitativos; • Em uma dieta com carga ácida em excesso: quase não muda excreção de fosfato, mas a de amônia aumenta significativamente; • A combinação do excesso de H+ com tampão amônia no túbulo gera “novo” HCO3-; • O íon amônio (NH4 +) é sintetizado à partir da glutamina, que se origina basicamente do metabolismo de aminoácidos no fígado. A glutamina liberada para os rins é transpor- tada pelas células epiteliais dos túbulos pro- ximais, onde é metabolizada em uma série de reações que resultam em dois NH4 + e dois HCO3 -; • O NH4 + é secretado para o lúmen por con- tra-transporte com sódio, que é reabsorvido. O HCO3 - é transportado através da mem- brana basolateral em conjunto com o sódio reabsorvido para os capilares peritubulares; • Assim, para cada molécula de glutamina metabolizada no túbulo proximal, dois NH4 + são secretados na urina e dois HCO3 - são reabsorvidos no sangue; • Nos túbulos coletores, a adição de NH4+ ao líquido tubular ocorre de maneira di- ferente; • O H+ é secretado pela membrana tubular luminal, onde se combina com NH3 para formar NH4 +, que é excretado. Para cada NH4 + excretado, novo HCO3 - é gerado e adi- cionado ao sangue; • Os ductos coletores são permeáveis ao NH3, que consegue se difundir facilmente para o lúmen tubular. Entretanto, a mem- brana luminal desta parte dos túbulos é bem menos permeável ao NH4+, por conse- guinte, uma vez o H+ tenha reagido com NH3 para formar NH4 +, o NH4 + fica no lú- men e é eliminado na urina; • A acidose crônica aumenta a excreção de NH4+; - Uma das características mais importantes do sistema tampão amônio-amônia renal é que ele está sujeito a controle fisiológico; - Um aumento na concentração de H+ no líquido extracelular estimula o metabolismo renal da glutamina e, portanto, aumenta a formação de NH4 + e novo HCO3 - a ser usado no tamponamento do H+; uma diminuição na concentração de H+ tem o efeito oposto; - Sob condições normais, a quantidade de H+ eliminada pelo sistema tampão amônia representa cerca de 50% do ácido excretado e 50% do novo HCO3 - gerado pelos rins. No entanto, na acidose crônica, a taxa de excre- ção de NH4 + pode aumentar para até 500 mEq/dia; - Portanto, na acidose crônica, o meca- nismo dominante pelo qual o ácido é elimi- nado é a excreção de NH4 +. Esse processo também fornece o mecanismo mais impor- tante para gerar novo bicarbonato durante a acidose crônica.