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INTRODUÇÃO pH do sangue arterial sistêmico entre 7,35 e 7,45 1.Sistemas tampão. Os tampões agem rapidamente para ligar temporariamente o H+, removendo o excesso altamente reativo de H+ da solução. Assim, os tampões aumentam o pH dos líquidos corporais, porém não removem o H+ do sangue. 2.Expiração de dióxido de carbono. Aumentando a frequência e a profundidade respiratórias, mais dióxido de carbono pode ser exalado. Em alguns minutos isso reduz os níveis de ácido carbônico no sangue, o que eleva o pH sanguíneo (reduz os níveis sanguíneos de H+). 3.Excreção renal de H+. O mecanismo mais lento, porém o único modo de eliminar outros ácidos além do ácido carbônico, é por sua excreção pela urina. Ações dos sistemas tampão um ácido fraco e o sal daquele ácido, que funciona como uma base fraca. Os tampões evitam modificações rápidas e drásticas no pH dos líquidos corporais por converterem ácidos e bases fortes em ácidos e bases fracos em frações de segundo. Os ácidos fortes diminuem o pH mais acentuadamente do que os ácidos fracos porque os ácidos fortes liberam H+ mais rapidamente e, desse modo, fornecem mais íons hidrogênio livres. Uma base forte eleva o pH mais acentuadamente do que as fracas. Sistema tampão proteico Tampão mais abundante no LIC e no plasma sanguíneo. Por exemplo, a proteína hemoglobina é um tampão especialmente bom dentro dos eritrócitos e a albumina é a principal proteína de tamponamento no plasma sanguíneo. As proteínas são compostas por aminoácidos, moléculas orgânicas que contêm pelo menos um grupo carboxila (–COOH) e pelo menos um grupo amino (– NH2); esses grupos são os componentes funcionais do sistema tampão proteico. O grupo carboxílico livre em uma extremidade de uma proteína age como um ácido liberando H+ quando o pH se eleva; ele se dissocia: O H+ é então capaz de reagir com qualquer OH– em excesso na solução, formando água. O grupo amino livre na outra extremidade da proteína pode agir como uma base por se combinar com o H+ quando o pH diminui: Desse modo, as proteínas podem tamponar tanto ácidos quanto bases. Além do terminal carboxílico e do grupo amino, cadeias laterais que podem tamponar H+ estão presentes em 7 dos 20 aminoácidos. A proteína hemoglobina é um tampão importante de H+ nas hemácias. Conforme o sangue flui através dos capilares sistêmicos, o dióxido de carbono (CO2) passa das células teciduais para as hemácias, onde ele se combina com a água (H2O), formando ácido carbônico (H2CO3). Uma vez formado, o H2CO3 se dissocia em H+ e HCO3. Ao mesmo tempo que o CO2 entra nas hemácias, a oxiemoglobina (Hb–O2) doa seu oxigênio para as células teciduais. A hemoglobina reduzida (desoxiemoglobina) capta a maior parte do H+. Por esse motivo, a hemoglobina reduzida é em geral escrita como Hb–H. Sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato Se baseia no íon bicarbonato (HCO3–), que pode agir como uma base fraca, e no ácido carbônico (H2CO3), que pode agir como um ácido fraco. O HCO3– é um ânion importante tanto no LEC quanto no LIC Como os rins também sintetizam HCO3– novo e reabsorvem o HCO3– filtrado, esse tampão importante não é perdido na urina. Se houver um excesso de H+, o HCO3– pode agir como uma base fraca e remover o excesso de H+ Em seguida, o H2CO3 se dissocia em água e dióxido de carbono e o CO2 é exalado pelos pulmões. Ao contrário, se houver falta de H+, o H2CO3 pode agir como um ácido fraco e fornecer H+ No pH 7,4, a concentração de HCO3– é de cerca de 24 mEq/litro e a concentração de H2CO3 é de cerca de 1,2 mmol/litro, sendo assim, os íons bicarbonato superam numericamente as moléculas de ácido carbônico na proporção de 20 para 1. Como CO2 e H2O se combinam para formar H2CO3, esse sistema tampão não consegue proteger contra mudanças no pH causadas por problemas respiratórios em que há excesso ou falta de CO2. Sistema tampão do fosfato Age por intermédio de um mecanismo semelhante do sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato. Os componentes do sistema tampão do fosfato são os íons fosfato de di-hidrogênio (H2 PO4–) e fosfato de mono-hidrogênio (HPO42–). Os fosfatos são os principais ânions no líquido intracelular e menos importantes nos líquidos extracelulares O íon fosfato de di-hidrogênio age como um ácido fraco e é capaz de tamponar bases fortes como OH– O íon fosfato de mono-hidrogênio consegue tamponar o H+ liberado por um ácido forte como o ácido clorídrico (HCl), atuando como uma base fraca: Como a concentração de fosfatos é maior no líquido intracelular, o sistema tampão de fosfato é um regulador importante do pH no citosol. Ele também age em um grau menor nos líquidos extracelulares e tampona ácidos na urina. O H2 PO4– é formado quando excesso de H+ no líquido dos túbulos renais se combina com HPO42– O H+ que se torna parte do H2PO4– passa para a urina. Essa reação é um modo pelo qual os rins ajudam a manter o pH sanguíneo pela excreção de H+ na urina. Expiração de dióxido de carbono O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) nos líquidos corporais eleva a concentração de H+ e, desse modo, diminui o pH Como H2CO3 pode ser eliminado na forma de CO2, ele é chamado de ácido volátil. Por outro lado, a diminuição da concentração de CO2 nos líquidos corporais eleva o pH Mudanças na frequência e na intensidade respiratórias podem alterar o pH dos líquidos corporais em poucos minutos. Com o aumento da ventilação, mais CO2 é exalado. Quando os níveis de CO2 diminuem, a reação é deslocada para a esquerda a concentração de H+ cai e o pH sanguíneo aumenta. Se a ventilação for mais lenta do que o normal, menos dióxido de carbono é exalado. Quando os níveis de CO2 aumentam, a reação é deslocada para a direita a concentração de H+ aumenta e o pH sanguíneo diminui. O pH dos líquidos corporais e a frequência e a intensidade respiratórias interagem através de uma alça de feedback negativo Quando a acidez sanguínea aumenta, a diminuição do pH (aumento da concentração de H+) é detectada por quimiorreceptores centrais no bulbo e por quimiorreceptores periféricos nos glomos para- aórticos e caróticos e ambos estimulam o grupo respiratório dorsal no bulbo. Como resultado, o diafragma e outros músculos respiratórios se contraem com mais força e de modo mais frequente, de modo que mais CO2 é exalado. Conforme menos H2CO3 se forma e há menos H+, o pH sanguíneo aumenta. Quando a resposta normaliza o pH sanguíneo (concentração de H+), ocorre um retorno ao equilíbrio acidobásico. A mesma alça de feedback negativo atua se o nível sanguíneo de CO2 aumentar. A ventilação aumenta, o que remove mais CO2, reduzindo a concentração de H+ e elevando o pH sanguíneo. Ao contrário, se o pH do sangue se elevar, o centro respiratório é inibido e a frequência e a intensidade respiratórias diminuem. A diminuição da concentração sanguínea de CO2 apresenta o mesmo efeito. Quando a respiração diminui, o CO2 se acumula no sangue de modo que a concentração de H+ aumenta. Excreção renal de H+ As reações metabólicas produzem ácidos não voláteis O único modo de eliminar essa enorme carga ácida é pela excreção de H+ na urina. As células tanto dos túbulos contorcidos proximais (TCP) quanto nos ductos coletores dos rins secretam íons hidrogênio no líquido tubular. Nos TCP, contratransportadores Na+-H+ secretam H+ conforme reabsorvem Na+ Entretanto, ainda mais importante para a regulação do pH dos líquidos corporais são as células intercaladas do ducto coletor. As membranas apicais de algumas células intercaladas possuem bombas de próton (H+ ATPases) que secretam H+ no líquido tubular As células intercaladas podem secretar H+ contra um gradiente de concentração de modo que a urina podeser até mil vezes (3 unidades de pH) mais ácida do que o sangue. O HCO3– produzido pela dissociação do H2CO3 dentro das células intercaladas atravessa a membrana basolateral por intermédio de contratransportadores Cl–-HCO3– e, então, se difunde para os capilares peritubulares O HCO3– que entra no sangue desse modo é novo (não filtrado). Por esse motivo, o sangue que deixa o rim na veia renal pode ter uma concentração de HCO3– mais alta do que o sangue que entra no rim pela artéria renal. Um segundo tipo de células intercaladas possui bombas de prótons em sua membrana basolateral e contratransportadores Cl–-HCO3– em sua membrana apical. Essas células intercaladas secretam HCO3– e reabsorvem H+. Assim, os dois tipos de células intercaladas ajudam a manter o pH dos líquidos corporais de dois modos – por excretar o excesso de H+ quando o pH dos líquidos corporais é muito baixo e por excretar o excesso de HCO3– quando o pH é muito alto. Parte do H+ secretado no líquido tubular do ducto coletor é tamponada, mas não por HCO3–, cuja maioria foi filtrada e reabsorvida. Outros dois tampões se combinam com o H+ no ducto coletor. O tampão mais abundante no líquido tubular do ducto coletor é o HPO42– (íon mono-hidrogeno fosfato). Além disso, existe uma pequena quantidade de NH3 (amônia). O H+ se combina com o HPO42– formando H2PO4– (íon di-hidrogeno fosfato) e com o NH3, formando NH4+ (íon amônio). Como esses íons não conseguem se difundir de volta para as células tubulares, eles são excretados na urina. Alterações do equilíbrio ácidobásico A acidose pH sanguíneo se encontra abaixo de 7,35; a alcalose pH sanguíneo se encontra acima de 7,45. O principal efeito fisiológico da acidose é a depressão do SNC causada pela depressão da transmissão sináptica. Um efeito importante da alcalose é a excitabilidade excessiva tanto do SNC quanto dos nervos periféricos. Se um indivíduo apresentar alterações no pH sanguíneo por causas metabólicas, a hiperventilação ou a hipoventilação podem ajudar a retornar o pH para a faixa da normalidade; esse tipo de compensação, chamada de compensação respiratória Entretanto, se um indivíduo apresentar alteração do pH sanguíneo por causas respiratórias, então a compensação renal – modificações na secreção de H+ e na reabsorção de HCO3– pelos túbulos renais – pode ajudar a reverter a mudança. Tanto a acidose respiratória quanto a alcalose respiratória resultam da alteração na pressão parcial de CO2 (PCO2) no sangue arterial sistêmico (a faixa de normalidade é de 35 a 45 mmHg). Ao contrário, tanto a acidose metabólica quanto a alcalose metabólica são distúrbios resultantes de modificações na concentração de HCO3– (a faixa de normalidade é de 22 a 26 mEq/litro) Acidose respiratória A característica da acidose respiratória é uma PCO2 anormalmente alta no sangue arterial sistêmico – acima de 45 mmHg. A expiração inadequada de CO2 faz com que o pH sanguíneo diminua. Qualquer condição que diminua o movimento de CO2 do sangue para os alvéolos pulmonares e, então, para a atmosfera causa o acúmulo de CO2, de H2CO3 e de H+. Essas condições incluem enfisema, edema pulmonar, lesão ao centro respiratório no bulbo, obstrução das vias respiratórias ou distúrbios nos músculos envolvidos com a respiração. Se o problema respiratório não for muito grave, os rins podem ajudar a elevar o pH sanguíneo de volta à faixa de normalidade pelo aumento da excreção de H+ e da reabsorção de HCO3– (compensação renal). O objetivo aumentar a exalação de CO2 Alcalose respiratória Na alcalose respiratória, a PCO2 do sangue arterial sistêmico alcança níveis menores de 35 mmHg. A causa na queda da PCO2 e o aumento resultante no pH é a hiperventilação, que ocorre em condições que estimulam o grupo respiratório dorsal no tronco encefálico. Essas condições incluem deficiência de oxigênio por causa de grandes altitudes ou de doença pulmonar, acidentes vasculares cerebrais ou ansiedade grave. Novamente, a compensação renal pode levar o pH de volta para a faixa de normalidade se os rins forem capazes de diminuir a excreção de H+ e a reabsorção de HCO3–. O objetivo aumentar os níveis de CO2 no sangue. Indivíduo inale e exale em um saco de papel por um período curto; como resultado, o indivíduo inalará uma concentração de CO2 acima do normal. Acidose metabólica Na acidose metabólica, os níveis de HCO3– no sangue arterial sistêmico diminuem para valores abaixo de 22 mEq/litro. Tal tipo de declínio nesse importante sistema tampão faz com que o pH do sangue diminua. Três situações podem diminuir os níveis sanguíneos de HCO3–: (1) perda real de HCO3–, como pode ocorrer na diarreia grave ou na disfunção renal; (2) acúmulo de um ácido diferente do ácido carbônico, como pode ocorrer na cetose ou (3) falha na excreção de H+ proveniente do metabolismo das proteínas da dieta pelos rins. Se o problema não for muito grave, a hiperventilação pode devolver o pH sanguíneo à faixa da normalidade (compensação respiratória). Alcalose metabólica Na alcalose metabólica, a concentração de HCO3– no sangue arterial sistêmico se encontra acima de 26 mEq/litro. Uma perda não respiratória de ácido ou uma ingestão excessiva de fármacos alcalinos faz com que o pH sanguíneo aumente até níveis acima de 7,45. Excesso de vômito do conteúdo gástrico, que resulta em uma perda substancial de ácido clorídrico, provavelmente é a causa mais frequente de alcalose metabólica. Outras causas incluem aspiração gástrica, o uso de determinados diuréticos, distúrbios endócrinos, ingestão excessiva de fármacos alcalinos (antiácidos) e desidratação grave. A compensação respiratória por intermédio da hipoventilação pode retornar o pH sanguíneo à faixa da normalidade.
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