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TCC pedagogia

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2
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
PEDAGOGIA
JANE RAMOS DA SILVA LUIZ
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
	
 (
Rio de Janeiro
2019
)
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto de Ensino apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagoga.
 Orientador: Prof. Natalia Gomes dos Santos
Tutor à distância: Marcia de Souza Quadros
Tutor de Sala: Tatiane de Souza Cardia
Rio de Janeiro
2019
Luiz, Jane Ramos da Silva. A Importância do Brincar na Educação Infantil. 2019. 31 folhas. TCC (Graduação em Pedagogia) – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. Universidade Norte do Paraná, Rio de Janeiro, 2019.
RESUMO
O brincar é atividade fundamental para crianças pequenas, é brincando que elas descobrem o mundo, se comunicam e se inserem em um contexto social. Brincar é um direito da criança, além de ser de suma importância para seu desenvolvimento, e, por isso as escolas de ensino infantil devem dar a devida atenção a essa atividade. 
Propõe-se neste texto, discutir a presença do brincar no contexto da educação infantil, primeira fase do ensino fundamental. As diferentes formas de mediação da professora, os materiais, brinquedos e organização dos ambientes têm grande influência no bom aproveitamento do brincar pelas crianças, pensando na aprendizagem decorrente dele. Não basta só brincar, é preciso que seja com qualidade, e para isso é importante prestar atenção aos agentes mediadores da atividade. 
Por meio de pesquisa qualitativa de caráter descritivo, refletimos a respeito da forma como a escola está organizada e como a professora coloca o brincar no seu cotidiano. A observação de uma turma de uma escola de educação infantil da rede municipal de ensino de São Paulo no período de dois meses nos deu subsídios para essa reflexão. Percebemos, na escola, que o brincar está presente, existe um tempo dedicado a ele, mas falta a preocupação com as formas em que ele acontece e dos materiais disponíveis para isso, como se simplesmente deixar as crianças brincarem por um tempo diário determinado fosse suficiente. Observamos a importância do contexto da escola estar organizado de forma a incentivar a imaginação e as brincadeiras, assim como da professora se colocar como também organizadora de um ambiente rico para brincadeiras. 
Palavras-chave: Brincar. Mediação. Educação infantil.
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA	6
2.1. INFÂNCIA E SEUS SIGNIFICADOS..................................................7
2.2 O BRINCAR......................................................................................10 
2.3. ESCOLA: ENTRE O REAL E O IDEAL...........................................12 
2.4. O BRINCAR, A CRIANÇA E O ESPAÇO........................................13 
2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................18 
3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO	19
3.1TEMA E LINHA DE PESQUISA.........................................................19
3.2 JUSTIFICATIVA................................................................................19
3.3 PROBLEMATIZAÇÃO......................................................................20
3.4 OBJETIVOS......................................................................................22
3.5 CONTEÚDOS...................................................................................22
3.6 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO...........................................23
3.7 TEMPO PARA A REALIZAÇÃO DO PROJETO...............................24
3.8 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS...........................................24
3.9 AVALIAÇÃO.....................................................................................25
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
REFERÊNCIAS	28
1.INTRODUÇÃO
Tem-se falado e estudado muito o fenômeno do brincar, da importância de as crianças brincarem para ajudar em seu desenvolvimento. Fala-se também sobre a brincadeira dentro da escola, principalmente de educação infantil. 
É importante entender do que se fala quando se fala em brincar e perceber a relevância de um tempo no cotidiano das crianças destinado a um brincar de qualidade, em um espaço adequado, com materiais interessantes para as crianças e que estimulem a criatividade. A mediação de um adulto, de outras crianças, ou dos próprios objetos que se encontram a 2124 disposição da criança faz a diferença nas brincadeiras. Não basta deixar brincar, aos adultos é preciso olhar um pouquinho mais para as crianças, perceber suas necessidades e assim tentar entender e estimular a brincadeira. 
Grandes mudanças ocorreram na sociedade atual nas últimas décadas. A família passou de um pai que trabalha, uma mãe que fica em casa com as crianças em uma casa grande com jardim e crianças que vão para a escola em apenas um período, tendo o restante do dia para brincar, para pai e mãe trabalhando, crianças desde muito novas em creches e escolas durante o dia inteiro enquanto os pais trabalham. 
O brincar e a própria infância assumem novos contornos, assim como a escola está tendo que se adaptar a essas mudanças. Para Kishimoto (2001), a urbanização, a industrialização e os novos modos de vida fizeram com que a criança fosse esquecida e que a infância se encerrasse, transformando a criança em um precoce aprendiz. A criança deve aprender tudo o que conseguir, frequentar todas as aulas que seus pais possam pagar, procurando um futuro bom, uma profissão interessante e lucrativa. Isso sem pensar naqueles que, desde muito cedo, trabalham nas ruas para ajudar no orçamento de casa. O tempo é todo preenchido em favor do futuro, e não do presente, não se pensa na infância como tempo da vida que tem suas características próprias. É necessário, é importante ser criança, ter tempo para brincar, socializar, olhar para o mundo com o olhar da criança, sem tantas pressões e responsabilidades. 
As mães saírem para trabalhar foi uma das mudanças mais importantes da sociedade atual e com isso a educação infantil começa a tomar espaço, o reconhecimento dessa fase do ensino aumenta, a escola para as crianças pequenas passa a ser vista como mais do que um ambiente para deixar as crianças enquanto as mães trabalham. Algumas crianças passam boa parte do seu dia na escola e esse ambiente deve pensar nas suas necessidades, realizar atividades que respeitem a infância, além daquelas de necessidade básica, como comer, dormir ou tomar banho. Brincar é um direito da criança, é, segundo Leontiev (2006), a principal atividade das crianças pequenas, pois é ela que vai impulsionar a criança para outro nível de desenvolvimento. 
Brincar é preciso, é por meio dele que as crianças descobrem o mundo, se comunicam e se inserem em um contexto social. A brincadeira, segundo Brougère (2001), supõe contexto social e cultural, sendo um processo de relações interindividuais, de cultura. Mediante o ato 2125 de brincar, a criança explora o mundo e suas possibilidades, e se insere nele, de maneira espontânea e divertida, desenvolvendo assim suas capacidades cognitivas, motoras e afetivas. 
Se o brincar é social, a criança não brinca sozinha, ela tem um brinquedo, um ambiente, uma história, um colega, um professor que media essa relação e que faz do brincar algo criativo e estimulante, ou seja, a forma como o brincar é mediado pelo contexto da escola é importante para que seja de qualidade e realmente ofereça a oportunidade de diferentes aprendizagens para a criança. 
Entendendo isso, as instituições de educação infantil que respeitam os direitos e as necessidades das crianças não podem deixar de incluir o brincar em seu currículo, com planejamento, materiais adequados, espaço próprio e incentivo por parte da direção e da professora. 
Como o brincar vem sendo tratado no interior das escolas de educação infantil, o incentivo, os espaços e as mediações que têm acontecido nessas instituições e a importância disso tudopara a aprendizagem e desenvolvimento da criança são os focos de discussão do presente texto.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O BRINCAR, A CRIANÇA E O ESPAÇO ESCOLAR
A importância de compreender o brincar das crianças surge no momento em que a infância vem sofrendo grandes transformações, com a precocidade de sua duração. As crianças têm antecipado sua adolescência cada vez mais cedo, com isso, o brincar também passa a ter diferentes significados para a sociedade atual. Nesse sentido, ao entender as manifestações lúdicas, compreendemos, em parte, o que vem ocorrendo com a infância. Crianças brincam na maior parte do seu tempo, estejam elas onde estiverem, seja na escola, na rua ou em casa. Vivemos imersos em uma cultura de imobilização, devemos andar devagar, falar baixo e, se possível, permanecer sentados na maioria dos ambientes em que frequentamos. 
Em nossos estudos verificamos que são poucos os ambientes em que adultos aceitam e estimulam o brincar infantil, sem encará-lo como “negativo”. Quando observamos alguns espaços públicos onde há crianças brincando, é muito comum ouvirmos frases como: “Fiquem quietos!”, “Não corram muito!”, “Não faça bagunça!”, “Parem de brincar!”, “Menino(a) danado(a)!”. Em Sayão (2002, p. 57–58) podemos constatar essa dominação: 
[...] a cultura “adultocêntrica” leva-nos a uma espécie de esquecimento do tempo de infância. Esquecemos gradativamente como, enquanto crianças, construímos um sistema de comunicação com o meio social que, necessariamente, integra o movimento como expressão. Com esse esquecimento, passamos, então, a cobrar das crianças uma postura de seriedade, imobilidade e linearidade, matando pouco a pouco aquilo que elas possuem de mais autêntico – sua espontaneidade, criatividade, ousadia, sensibilidade e capacidade de multiplicar linguagens que são expressas em seus gestos e movimentos. Os adultos tendem a exercer uma espécie de dominação constante sobre as crianças, desconhecendo-as como sujeito de direitos, até mesmo não reconhecendo o direito de movimentarem-se. 
O brincar não é apenas necessidade, é direito das crianças. A escola precisa organizar seus ambientes de acordo com as características das crianças e valorizar o brincar em seus espaços e tempos. O valor do lúdico para as crianças na escola dependerá muito de como elas serão encaradas, nesse contexto, pelos adultos que a frequentam. As diferentes mediações educativas realizadas pelo educador, a organização dos espaços e tempos da escola e dos jogos, brincadeiras, brinquedos e materiais lúdicos que se encontram ao alcance das crianças durante o ato lúdico, são atitudes que podem fazer a diferença no brincar da escola e na ampliação do repertório lúdico delas. 
O presente artigo tem como intenção refletir sobre a questão do brincar na escola, dos espaços lúdicos escolares, e como as diferentes formas de mediação do educador têm influência na intensidade e qualidade lúdica do brincar infantil, enfocando com o ambiente da escola pode ser apropriado ludicamente por todos. É importante colocar que o tripé brincar-criança-escola não somente é possível como também desejável!
2.1. INFÂNCIA E SEUS SIGNIFICADOS 
De acordo com Debertoli (2008), a infância como construção social e cultural talvez seja na atualidade uma análise compartilhada por todos. A criança não é uma ideia abstrata, muito menos natural, menos ainda neutra. Para esse autor tal entendimento, 
Reforça uma concepção de que o estatuto e os papéis sociais que são atribuídos à infância mudam com as formas sociais das quais as crianças são sujeito e objeto de variação e de mudança em função de dimensões sociais, como classe, contextos culturais e relações de gênero, entre outros. (DEBERTOLI, 2008, p. 71).
Até hoje o conhecimento institucionalizado dominante dos adultos da interpretação da realidade e dos significados sociais e culturais, condicionando olhares, atitudes e práticas dos adultos com relação às crianças, isso contribui, de forma decisiva, para produção da realidade social das crianças. De acordo com as reflexões de Dornelles e Bujes (2012, p. 4), 
Pensar a infância como uma invenção, nos permite entender não apenas como e por que mudam as suas concepções, mas também como são diferentes, de uma época para outra, as próprias crianças, [...] Assim, compreender que a infância tem um significado diferente, sendo marcada em cada sociedade e em cada época por sinais próprios, possibilitou que se atribua a esse conceito o caráter de uma construção social e se ponha em questão a sua universalidade. 
Os autores também afirmam que pensar a infância, 
Como um “dado natural” é esquecer que ela é produto da invenção da escola, de mudanças na família, das condições de vida na sociedade, dos jogos e passatempos inventados para elas, das relações das crianças com os adultos e com 42 a criança e o brincar nos tempos e espaços da escola outras crianças. Mas ela resulta também de tudo que se tem pensado, discutido e escrito ou produzido sobre e para as crianças: as ideias pedagógicas, as reflexões filosóficas, os livros de etiqueta, as pinturas, as esculturas, as fotografias, os documentos escolares, a literatura infantil, as produções midiáticas, o brincar e os brinquedos.
É importante assinalar alguns fatores, indicadores e diagnósticos a partir dos quais surge a proposta do referido trabalho. No campo de estudo, como em qualquer outro campo social, é preciso pontuar a história, “a memória” das crianças na participação da construção da cultura e na organização dos sistemas sociais. Conforme Castro (2001) citado por (DEBORTOLI et al., 2008, p. 44): 
Desfocar o debate sobre uma suposta inferioridade ou incompetência da criança em relação ao adulto, para colocá-la em termos processuais e relacionais, buscando os significados que emergem na ação e da ação das crianças, mesmo ainda mergulhadas em relações desiguais de poder e saber. [...] O conhecimento da infância se revela na capacidade de reconhecer as várias e surpreendentes formas de expressar sua “voz” e de agir no mundo.
 
Para Lleixà et. al. (2004), a escola é um contexto educativo que consiste na ação intencional e sistemática de uns membros sobre os outros, para assegurar a transmissão da cultura e potencializar o aperfeiçoamento e o desenvolvimento humano. Podemos deduzir rapidamente que os conteúdos e a organização social das atividades educativas na Educação Infantil irão variar de acordo com cada contexto educativo social e cultural em que ela está inserida. O processo educativo deve ser visto como uma condição de a criança estabelecer ponte entre o que ela já é para o que ela pode ser. 
Temos que reconhecer a importância das crianças como sujeitos singulares em direitos, práticas sociais e culturais diferenciadas. Para nós, a visibilidade social e cultural das crianças como sujeitos começará a partir do momento em que encararmos as desigualdades existentes e a precariedade de relações que envolvem adultos e crianças. Segundo Almeida e Lima (2015), essas imagens e olhares contraditórios deixarão de existir quando forem percebidas e trouxerem para discussão e reflexão dos direitos sociais e culturais do coletivo infantil. A história da criança como sujeitos é responsabilidade do mundo; temos que aprender a compartilhar esse cuidado com todos. Como lembra Todorov, citado por Debertoli (2008), o isolamento dos sujeitos constitui uma das primeiras formas de renúncia à autonomia. 
Para Almeida (2014), a escola deve ter em sua proposta a preocupação da linguagem do lúdico e da construção de espaços para possibilitar as diferentes manifestações do brincar, como: a linguagem motriz, corporal, cognitiva e estética sobre os produtos e materiais lúdicos (jogos, brinquedos e brincadeiras) e no desenvolvimento do simbolismo infantil.
2.2 O Brincar 
O brincar foi focalizado como aquele que não tem hora para acontecer e nem regras pré-estabelecidas, mas aquele que “[...] é inerente às crianças e que delas emana, seja o que for que elas estejam fazendo.” (NUNES, 2002, p. 69). Brougère(1997) afirma que precisamos refletir sobre o que é a brincadeira, caracterizada principalmente pela possibilidade de a criança ser um sujeito ativo, numa situação sem consequências e resultados imediatos. 
Vasconcellos (2005) também aponta algumas características da brincadeira, entre elas, o seu caráter não produtivo. O brincar pode ou não produzir uma construção mais humana e completa. Isso dependerá da atitude do sujeito envolvido na ação lúdica. No brincar a criança pode aprender e se desenvolver em sua linguagem, no seu conhecimento, em seus valores e na sua subjetividade. A não obrigatoriedade com a produção (o resultado) é o que difere profundamente do trabalho produtivo (no qual busca um resultado). Segundo a autora, “[...] brincar por brincar, simplesmente isso! Viver o jogo, participar da brincadeira e experimentar os brinquedos já justificam sua importância na vida da criança.” (VASCONCELLOS, 2005, p. 107). Todas as maneiras de brincar podem ser transformadas na forma e conteúdo no sentido de atender às necessidades dos sujeitos que brincam. 
Estudar sobre o brincar representa grandes possibilidades investigativas e que podem trazer contribuições surpreendentes ao entendimento de crianças em diferentes contextos sociais. Além disso, estudos suscitam novas discussões, rompendo com a ideia de que a criança não faz nada enquanto brinca ou como se o brincar não fosse um momento importante que merece a atenção dos pesquisadores (NUNES, 2002). Nesse sentido, compartilhamos com Neto (2003), ao afirmar que a preservação da cultura infantil e em especial a cultura lúdica, deve ser uma preocupação constante para os pesquisadores que estudam o brincar. 
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras como elementos constitutivos de um repertório cultural produzido na infância instigam inúmeras interpretações e contribuem na construção de um olhar mais sensível. “A brincadeira, quando em ambiente adequado e situação aceitável, trabalha com a inquietação, com a dinamicidade, com a incerteza, com tempos elásticos, com o compartilhar, que vêm acompanhados de diversão e prazer.” (MÜLLER et al., 2007, p. 5). 
É no brincar que a criança apreende e incorpora muitos aspectos do seu mundo. Devido a isso precisamos pensar na criança como criança, com seu modo de pensar, agir e brincar. Conhecer e compreender melhor o universo infantil nos aproxima mais do que é próprio das crianças, da cultura que lhes é peculiar. A compreensão contemporânea de infância como produtora de culturas, portanto, instiga novos olhares para o campo da educação no sentido de passarmos a entender a brincadeira não como atividade imposta ou interventiva, e sim como legítima linguagem infantil. 
Além disso, segundo Müller et. al. (2007), para brincar é necessário muito mais do que a natureza biológica; é preciso que os adultos permitam e ofereçam às crianças condições para que elas brinquem. Afirmam as autoras que 
Na escola não brincam, e se brincam, é rapidamente no recreio. De alguma forma, a criança acaba brincando, mas o tempo e o espaço estão restritos e, a parte de transmissão de cultura lúdica que devia passar de adulto para criança está praticamente desaparecida pela falta de convivência dos pais e mães com os seus filhos e, por outro lado, porque os espaços institucionais de frequência das crianças não potencializam o mundo da brincadeira e dos brinquedos. (MÜLLER et. al., 2007, p. 3). 
Reforçando a necessidade de brincar na escola, Almeida e Siebra (2015) colocam que os espaços da escola podem funcionar como palco do desenvolvimento de ações lúdicas coletivas e/ou individuais e como expressão de uma cultura geracional, intergeracional e intercultural específica. Sabemos que o ser humano é o único animal com capacidade de construir cultura. A nossa forma de brincar é influenciada pela cultura onde vivemos. 
Para nós, o lúdico é uma manifestação e expressão da cultura. Cada sociedade tem sua herança e história cultural. Cada sociedade, cada local, cada comunidade constrói sua própria cultura. O lúdico é um patrimônio cultural da humanidade. A demanda lúdica gerada pelo próprio brincar (jogo, o brinquedo e a brincadeira) possibilita o surgimento da cultura lúdica. Concluindo, a cultura lúdica é o resultado das manifestações lúdicas da própria cultura do brincar (BROUGÈRE, 1997, 1998).
2.3. ESCOLA: ENTRE O REAL E O IDEAL 
Começaremos dialogando sobre a escola real que são instituições compostas por um público alvo, em sua maioria, com baixas condições financeiras, e que apresentam dificuldades para assimilar o conhecimento transmitido. Dotadas de espaços físicos sucateados, pois apresentam baixo orçamento para sua manutenção, o que acarreta na falta de atratividade em permanecer em seus espaços por todos que compõem comunidade escolar. 
Já os docentes, são profissionais que carregam um sentimento de desvalorização de suas funções, seja por receberem salários inferiores, atribuído às atividades desempenhadas, ou porque muitos culpam-se pelo fracasso escolar. E com relação aos alunos, em sua maioria, estão na escola só para concluir os estudos, pois muitas vezes se deparam em situações desafiadoras que os estudos proporcionam, e acabam achando que “dá muito trabalho” estudar e, por isso, desejam logo adentrar no mercado do trabalho. 
A escola idealizada por muitos, que compõem a comunidade escolar, é uma instituição de ensino que possibilita adquirir o conhecimento por meio de práticas “inovadoras”, que se moderniza a cada dia, de acordo com as mudanças sociais e principalmente com os avanços tecnológicos. Assim, os conteúdos adquiridos devem ser repassados de forma atrativa e contextualizada para que possam fazer sentido aos discentes. Para Almeida (2014, p. 22), 
Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar a consciência de si mesma, do outro e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar.
Acreditamos que uma metodologia não anula a outra, mas as pessoas precisam conhecer e experimentar todas as possibilidades, para que com o tempo possam ser capazes de fazer suas próprias escolhas. No livro Brincar, amar e viver, publicado no ano de 2014, Porto enfatiza a relevância da criatividade na formação do educador: 
Para que os docentes possam desenvolver teoria críticas e lúdicas na prática pedagógica, é necessário, sobretudo, que sejam ativos e criativos. Para que sejam ativos e criativos em suas salas de aula é preciso que se sintam capazes e queiram agir e criar com autonomia. (PORTO, 2014, p. 143). 
A ludicidade sempre aparece ligada às práticas pedagógicas que utilizam os jogos como ferramenta educativa, mas não podemos esquecer que tal termo refere-se a algo intrínseco da pessoa. É como ela sente-se diante de determinadas atividades, tidas como lúdicas. 
Na verdade, se o professor tiver aversão ao conhecimento adquirido por meio de práticas inovadoras e também não vivenciá-las antes de sua utilização com seus alunos pode estar prestes a perceber que fez uma escolha de profissão, mas nunca se sentirá realizado profissionalmente. 
Contudo, o professor deve sempre ter o bom-senso e ser sensível em sua autoavaliação, para que possa criar estratégias que fomentem a práxis educativa, pois o conhecimento adquirido em sua formação acadêmica deve estar atrelado à rotina escolar e social de seus alunos. 
2.4. O BRINCAR, A CRIANÇA E O ESPAÇO 
É fundamental criar novas situações de discussão e reflexão sobre os espaços lúdicos para que a criança brinque. Em uma época em que a urbanização é crescente, há uma organização social cada vez mais complexa que coloca o ser humano em um universo espacial pequeno e restrito. Essa problemática torna-se mais grave para as crianças que têm dificuldade de encontrar espaços, meios,profissionais e companheiros com iguais interesses para cumprir seus objetivos lúdicos. A criança hoje está inserida em uma sociedade multicultural geradora de contradições e conflitos, industrializada, informatizada, eletrônica, individualista, emergencial e materialista, orientada para competir e para o consumir. Cada vez mais o mundo do brincar se torna sofisticado e caro (ALMEIDA, 2015a). 
As mudanças urbanísticas, sociais, educacionais, econômicas e políticas ocorridas no passado até hoje alteram significativamente a estrutura de vida familiar. Nesse sentido, a prática lúdica das crianças precisa ser ampliada nos espaços da escola, promovendo uma relação entre pares e a apropriação de espaços possíveis para brincar. O lúdico não pode se restringir a somente os espaços já institucionalizados como o espaço de casa, do público ou outros ambientes. 
A escola ocupa um espaço importante na memória de cada um de nós, resgatando momentos, afetos, lembranças e interação. Os espaços da escola se modificaram com o passar dos anos e com a evolução das cidades e das demandas geradas pela sociedade e as crianças. Elas mudaram de forma, de tamanho, mas continuam a existir agregando valores, significados e sentimentos. Seria possível imaginar uma escola sem espaços lúdicos? Como seria o brincar na escola, sem os espaços para os jogos e para as brincadeiras? Como seriam organizados os espaços dos jogos, dos brinquedos e dos materiais lúdicos na escola? Quais jogos, brinquedos e materiais lúdicos mais apropriados nos ambientes escolares? No espaço de brincar na escola necessitamos da mediação do adulto? Impossível pensar numa escola, sem falar dos ambientes que a formam. Sempre existem aqueles pontos de referência marcados por esses espaços escolares. E o espaço para brincar, seria um deles.
Tudo acontece nos espaços da escola. Os espaços da escola são lugares de realizações sociais, de acontecimentos cotidianos e históricos, enfim, é onde a vida acontece de forma mais intensa e dinâmica, onde as pessoas se encontram e se reconhecem como parte integrante daquele espaço. Em seu percurso histórico, a escola passou por inúmeras e profundas transformações no que se refere à sua forma e construção, bem como na sua representação política e social. 
Para Almeida e Lima (2015) os espaços das escolas não são mais os mesmos, os hábitos cotidianos na vida da criança mudaram radicalmente os ritmos e as rotinas do seu dia a dia. Brincar na escola pode ser uma ação em vias de extinção. O tempo espontâneo, do imprevisível, da aventura, do risco, do confronto com o espaço físico natural, deu lugar ao tempo organizado, planejado, uniformizado e sincronizado. O brincar na escola ficou resumido ao tempo do recreio. Isso, quando esse tempo acontece ou é permitido. Na realidade podemos verificar três tempos possíveis nos quais diferentes manifestações acontecem em especial as manifestações lúdicas: Tempo 1 – chegada na escola; Tempo 2 – Recreio e Tempo 3 – o término da aula. Nesses momentos são podemos perceber e evidenciar o ato lúdico por meio do brincar espontâneo. Sabemos também que o brincar na escola é geralmente desenvolvido como apoio pedagógico das disciplinas, como atividades para preencher lacunas de tempo livre, como momento disciplinar para aquietar os corpos, ou ainda é utilizado em situações de eventos culturais, artísticos e comemorativos em festas escolares. 
Do estímulo ocasional se passou a uma hegemonia do estímulo organizado, tendo como consequência a diminuição do nível de autonomia das crianças, com implicações graves na esfera do desenvolvimento motriz, emocional e social. Sem a imunidade que lhe é conferida pelo brincar espontâneo, pelo encontro com outras crianças em um espaço livre, onde se brinca com a terra, se inventam jogos e brincadeiras, se vivem aventuras emocionantes, a criança vai hoje tendo menos capacidade de defesa e adaptabilidade às novas circunstâncias do mundo cotidiano no que diz respeito ao lúdico. 
De acordo com Almeida (2015a), hoje as possibilidades de ação lúdica da criança diminuem drasticamente como consequência de um estilo de vida padronizado. Os espaços na escola devem ser: espaços de encontro, de convivência, de descoberta e até mesmo de desordem. Tudo isso é importante para crescer e evoluir. O estímulo do lúdico na vida escolar deveria constituir-se como um dos elementos decisivos de qualidade de vida. Os estudos desenvolvidos sobre o brincar, movimento e espaço, necessitam ser revisitados, melhorando os métodos investigativos de observação e sempre com um olhar atento à diversidade e à pluralidade dos contextos da ação, no sentido de analisar os obstáculos que surgem na prática do brincar espontâneo na criança. 
Os espaços da escola tornam-se o palco do desenvolvimento de ações lúdicas coletivas e/ou individuais, expressão de uma cultura geracional, intergeracional e intercultural específicas. Nesse sentido, os espaços da escola, objeto deste estudo, assumem ou deveriam assumir um significado de iniciação da criança na vida social. A escola afirma-se com um espaço de transição e de conexão entre os espaços privados domésticos representados pela casa, e pela cidade, com características mais amplas de espaços e uma esfera pública por excelência. 
Quando está na escola, a criança ultrapassa os limites do espaço doméstico (a casa), onde a autoridade “o adulto” se faz onipresente, ela transgride relações hierárquicas, pois em algumas situações nos tempos possíveis, as crianças experimentam uma homogeneização geracional e uma diluição do poder do adulto. Segundo Almeida e Lima (2015), é no brincar espontâneo e livre, e especialmente em espaços da escola, que a criança vivencia os conflitos, atos de solidariedade, de inclusão, de amizade e rompimento, dominação, autoridade e transgressão nas relações com os seus pares lúdicos. As crianças buscam entender e significar a ordem social dos adultos, representando seu mundo por meio do brincar. É na praça e na rua que o lúdico torna possível o convívio com o outro e com os demais existindo o encontro e o confronto no brincar. 
Sendo assim, o brincar assume papel importante para as crianças “[...] por ser um espaço privilegiado de observação de uma variedade de fatores, contextualizados, das culturas infantis e de interação com as crianças.” (TOMÁS, 2006, p. 55). Para Nascimento (2008), o brincar não pode ser um simples jogo de imitação das crianças, uma vez que elas apreendem de forma criativa informações do universo adulto para produzir suas culturas. Durante o brincar, a criança constrói, destrói e reconstrói o mundo a sua volta, de forma ressignificada. Pensando da mesma forma, Coelho (2007) investigou os espaços para brincar das crianças que moram em favelas. O estudo apontou que a criança, como habitante de um determinado lugar, se identifica ou não com esse ambiente, podendo construir sua identidade nele. Segundo Coelho (2007), um dos elementos encontrados pelas crianças para se identificar com o espaço foi o brincar. 
O espaço, como um dos agentes construtores, contribui nesse processo com as diversas possibilidades de apropriação vividas em brincadeiras, e que são despertadas no imaginário infantil. Criança e espaço unem-se no brincar para a construção de suas identidades. (COELHO, 2007, p. 178). 
Segundo Retondar (2007), toda ação lúdica deve criar um espaço próprio, isto é, criar um espaço para brincar. Esse espaço pode ser dentro de casa, na rua, na praça, terrenos baldios, escola, quadra esportiva, praia, piscina, mesa, jogo de tabuleiro, etc. O brincar acontece em um espaço singular e próprio. O mesmo autor pontua que todo e qualquer espaço físico ocupado remete a sentidos simbólicos específicos. 
Com a manifestação lúdica não seria diferente, no lúdico podemos criar e limitar o espaço físico e geográfico onde acontece o brincar infantil, seja com materiais lúdicos estruturados ou não estruturados em suas diferentes manifestações. Para que essa ação lúdica nesse espaço aconteça, ou seja, para que seja aceita enquanto umadelimitação de jogo ou brincadeira, tem que ser significado como tal pelos sujeitos implicados nessa ação. Um espaço físico e geométrico demarcado pelos jogadores, onde nesses limites seja viável fazer valer as possibilidades imediatas das pessoas que brincam quanto o próprio brincar (ALMEIDA, 2015b).
Para Almeida e Siebra (2015), nessas manifestações lúdicas existentes nos espaços possíveis elas podem assumir o sentimento de amor, de ódio, de justiça, de injustiça, de alegria, de tristeza, de sorte, de azar, de dor, de prazer, de competência, de incompetência etc. No espaço físico do brincar, as coisas materiais e imateriais são transformadas em representações de sentimentos genuínos e profundos, onde desejos e emoções escondidos ou guardados se desvelam, personalidades e atitudes que se manifestam em diferentes possibilidades humanas. Dessa forma percebemos a relevância e importância dos espaços que são construídos e legitimados pelos seus interlocutores lúdicos. “Assim, o espaço do jogo é antes de tudo um espaço de criação simbólica. Um espaço de significado. A representação do lugar onde determinados sentimentos estão autorizados a vigorar sem causar qualquer constrangimento para os sujeitos envolvidos.” (RETONDAR, 2007, p. 30).
2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Sabemos que em nossa sociedade, mais especificamente, sobre a condição do brincar dentro da escola, entendendo o brincar no seu sentido amplo, como uma ação/manifestação/necessidade humana e um direito social da criança. É necessário rever o papel social, cultural e político da escola na nossa sociedade e reconstruí-la como um espaço privilegiado da infância e da cultura lúdica. 
O novo modelo econômico do mundo globalizado, a perda dos recursos financeiros e o empobrecimento das famílias levaram cada vez mais as crianças ao mundo laboral precoce, mudando seus jogos e brinquedos por elementos de trabalho ou assumindo responsabilidades próprias do adulto. Assim vai sendo diluindo em um país, em uma cidade, em um lar e em uma sociedade o mundo infantil dentro do mundo adulto, e especialmente vai sendo perdido o brincar espontâneo e livre. 
É importante estimular estudos sobre o brincar na escola ou em qualquer outro espaço que permita observar que o jogo espontâneo é uma investigação de suma importância que possibilitará a exploração científica do lúdico em todos os âmbitos na vida da criança. 
Será que existe uma escola ideal? O que seria uma escola ideal? É um fato que a escola ideal é uma referência que não podemos deixar de buscar como parâmetro de reflexão analítica e sintética. As escolas utópicas são importantes, elas servem para dizer que devemos persegui-las, embora sejam difíceis de serem descobertas. Quanto mais rica seja a experiência ou vivência lúdica, maiores serão os caminhos, possibilidades e alternativas que a criança terá para estruturar seu pensamento, criar estratégias de ação, potencializar seus recursos motrizes, alcançar objetivos e fortalecer vínculos afetivos e sociais enriquecedores e saudáveis. 
O brincar é uma das interações habituais da infância que transforma por meio da imaginação o espaço vivido como espaço afetivo. Vigotsky (2002, p. 122−123) afirma que no brincar a criança cria uma situação imaginária que “[...] está presente no consciente, e como todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação com o outro”. Imaginar o espaço ideal para brincar no lugar onde vivemos, seja ele na cidade, na escola ou em nossa própria casa, o lugar perfeito para viver momentos únicos de alegria, emoção, euforia e prazer é uma ideia que sempre dominou o simbolismo de cada criança.
3 Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino
3.1Tema e linha de pesquisa
	Tema: Sobre o Brincar
	Linha de pesquisa: Docência Educação Infantil
3.2 Justificativa
Brincar são momentos fundamentais para a criança, pois possibilita ao sujeito, a desenvoltura de sua criatividade no seu contexto social. Portanto, oportunizar as vivências lúdicas a fim de criar possibilidade de encantamento, que o criar, o imaginar e o fantasiar esteja presente no seu cotidiano.
 
O brincar na educação infantil entende-se como forma de representação corporal, que expõem a criatividade, a coordenação motora, o lúdico, a imaginação que estão para dar lugar a uma manifestação no processo progressivo do desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança. Pois, "aprender a brincar de forma simbólica, representando a realidade onde vive, resgatando suas lembranças e valores, regras e fantasias, faz parte do desenvolvimento humano das crianças de hoje e sempre" (OLIVEIRA, 2000: 105).
 
Sendo o brincar um ato espontâneo da criança e importante nessa fase, percebemos que a habilidade de criar de cada sujeito está muito entrelaçada nos momentos de brincadeiras livres. A autora Buitoni nos traz melhor a importância do brincar: "Brincadeira é o "trabalho" da criança, é a forma através da qual ela se conhece e conhece o mundo. Não separadas em classes e ao ar livre na maior parte do tempo, as crianças vão desenvolvendo sua sensibilidade em contato com os materiais os mais diversos, com predominância dos naturais" (p. 52).
Contudo, o brincar permite a criação realizada pelo sujeito, dando vida ou transformando o objeto em algo importante em sua brincadeira. Este tema acreditamos ser importante focar em nosso texto fotográfico.
3.3 Problematização
É comum ouvirmos queixas de pais, mães e educadores, falando que as crianças hoje em dia não sabem brincar. Dizem que na hora do recreio, principalmente, só correm e brigam. Pergunto: quem que para e brinca hoje com as crianças? Quem as ensina a brincar? Quais os profissionais que atuam em creches e pré-escolas têm formação na área de educação infantil?
Antigamente tínhamos a rua, os irmãos mais velhos, os primos, os tios, os avós que nos ensinavam as brincadeiras do seu tempo de criança. Hoje, na correria do cotidiano, quem para e brinca com as crianças? Isso não é nostalgia de um tempo feliz que vivi, mas constatação que faço na convivência com crianças e educadores.
Muitas vezes, sem nos darmos conta disso, deixamos as crianças o dia inteiro em frente à TV ou vídeo, entramos nas escolas de educação infantil (creches e pré-escolas) e no deparamos com as crianças assistindo a TV na hora do recreio. Não seria legal convidarmos as crianças para entrarem num mundo “mágico”, sentar-se com elas num canto da sala e ouvir história e lendas, canções e poemas, ou quem sabe, sentar num canto da sala e confeccionarmos dobraduras de barcos, contar história com fantoches...
Muitas vezes, porém, deixamos por conta das apresentadoras de TV o ensinamento de canções, danças, confecção de brinquedos... Por outro lado, quantas crianças deste país tem nas ruas de seu bairro um espaço rico de atividades, brincadeira e jogos que não podem ser usados na sala de aula? Quantas parlendas, atividades, danças e canções as crianças aprendem na rua e não podem realizá-las no espaço escolar?
Por isso os educadores que atuam com crianças das creches e pré- escolas tem que ser um profissional com uma formação especifica na área, um pedagogo ou um professor compromissado, pesquisador e reflexivo para que ele possa criar uma dinâmica de planejamento para que suas aulas sejam prazerosas, que essas crianças aprendam socialização e interajam umas com as outras.
O professor deverá abrir a sala de aula para as brincadeiras do folclore, que temos em cada uma das diferentes regiões de nosso país. É um passo importante para entendermos as diferentes concepções de sujeito/criança que estão presentes no cotidiano de cada um desses lugares. Entender essas concepções é possibilitar que vivam intensamente o seu modo de ser criança. É compreender sua cultura, seus valores, desejos e, principalmente, as necessidades que têm de compreender a realidade que as cerca através do brinquedo.
Entender suas brincadeiras é possibilitar que representem os papéis que escolheram para brincar independente do sexo. Que elas e eles possam brincar de casinha, boneca oupanelinhas, jogar futebol, saltar, correr, pular e subir em árvores. Brincar de herói ou bandido, recriando os heróis que fazem parte do seu cotidiano, de sua sociedade. Recriando seu mundo e o mundo que veem representado pela TV, pelas histórias de vida, passeios, por isso, educadores de crianças pequenas, precisam reaprender a brincar com as crianças que conosco convivem.
Seria interessante recriar espaços para jogos espontâneos como: canto de boneca, biblioteca, teatro, blocos de madeira, blocos de encaixe.
Levar as crianças pequenas a curtir jogos e brincadeiras de pátio como; boliche, corrida de saco, corrida com colher, com limite de espaço e tempo, cantigas de rodas etc. ou seja, milhares de outras brincadeiras que fazíamos quando éramos pequenas e que as crianças recriam com a cara de seu tempo.
Assim os educadores levarão as crianças ao mundo das brincadeiras, garanto que todos brincam se você brinca com elas.
3.4 Objetivos
Proporcionar situações onde a criança possa explorar e observar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se como integrante ao mesmo tempo dependente de seus pares e agentes de transformação do seu meio.
Objetivos específicos:
Estabelecer vínculos afetivos, ampliando as possibilidades de comunicação e socialização infantil.
Estimular para que a criança utilize as linguagens, seja corporal, musical, plástica, oral e escrita ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendida, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avanços no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez sua capacidade expressiva.
Levar a criança a conhecer diferentes manifestações culturais, considerando as atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas, bem como de valorização da diversidade.
3.5 Conteúdos
· Linguagem
· Oralidade
· Músicas popular
· Teatro
· Jogos e brincadeiras
· Contar histórias
· Movimento, ações básicas (pressupostos do movimento)
· Movimento dirigidos
· Movimento com matérias
· Trabalhos com bolas
· Trabalhos com sacos de areia
· Trabalhos com cordas
· Trabalhos com argolas
· Dança e jogos
· Cantigas de roda
· Jogos de construção
· Coordenação motora fina
· Coordenação ampla
· Lateralidade
· Organização e orientação espacial
3.6 Processo de desenvolvimento
Na primeira etapa deste projeto irei alencar as atividades, brincadeiras livres e dirigidas serão realizadas no pátio interno e externo da creche.
A brincadeira livre levará brinquedos diversos para as crianças brincarem no pátio da creche como bonecas, carrinhos, bolas, sempre com observação das educadoras.
Brincadeiras livres levam a criança usar a imaginação, o faz de contas, sociabilidade, e interação entre elas.
Essas brincadeiras deverão ser organizadas pelas educadoras da sala, com crianças de três e quatro anos.
O planejamento das brincadeiras livres será organizado de acordo com o cronograma de atividades da instituição. Podendo usar músicas como por exemplo CD da Xuxa, músicas infantis variadas etc.
Nas brincadeiras dirigidas terão cantigas de rodas, danças da cadeira, pular cordas, brincar com bambolê, sempre com auxílio das educadoras nesse processo.
Na segunda etapa deste projeto de ensino as atividades deverão ser organizadas dentro do espaço da sala de aula.
Com contação de histórias, o educador deverá criar cantinhos para que as crianças brinquem, por exemplo, cantinho da beleza, cantinho das fantasias, cantinho dos livros.
Essas brincadeiras livres e dirigidas leva a criança desenvolver várias habilidades como:
· Estimula o equilíbrio
· Agilidade
· Socialização
· Lateralidade
· Ritmo
· Criatividade
· Linguagem
· Atenção
· Concentração
· Coordenação motora
· Estratégia
· Organização e orientação espacial
3.7 Tempo para a realização do projeto
	O projeto terá duração de uma semana com brincadeiras e atividades diárias, para assim, observar o desempenho dos educandos.
3.8 Recursos humanos e materiais
· Brinquedos
· Recursos humanos
· Livros de histórias
· Cordas
· Cadeiras
· CDS
· Rádio
· Bolas
· Bambolê
· Saco
3.9 Avaliação
	A avaliação será contínua através da observação no desempenho de suas atividades, do relacionamento com os colegas e com a professora, da participação, interesse e execução das atividades propostas, verificação de aprendizagem: leitura e oralidade.
4 Considerações finais
Com essas observações e reflexões foi possível perceber que a rotina, o ambiente físico, os materiais, além da professora também são fortes mediadores do brincar na escola, e muitos deles dependem de um incentivo maior. Maior que a professora, que muitas vezes não tem outras possibilidades. Maior que a escola que recebe uma verba mensal insuficiente para proporcionar equipamentos melhores e mais adequados para as crianças e para a professora. Todo um sistema escolar está em falta com a brincadeira infantil. 
Pensamos no que resta para a professora de educação infantil, que tem uma profissão pouco valorizada socialmente, a estrutura física das escolas não está adequadamente pensada para as crianças, tem uma formação que, segundo Kramer (2006), muitas vezes deixa a desejar, e ainda deve seguir a rotina determinada pela escola, deixando sempre, ao término de seu período de trabalho, a sala arrumada para que a professora do próximo turno não reclame. 
A formação dos professores não dá conta de ensinar o fenômeno brincar e sua importância. A boa vontade da professora foi sentida, e a falta de conhecimento teórico que a faça defender e justificar a brincadeira na escola, e colocá-la em seu planejamento. Situações e mediações interessantes aconteceram, mas ainda temos aquele sentimento de uma escola de crianças feita por adultos. Adultos que deveriam se colocar mais no lugar das crianças para construir suas práticas. 
O aprendizado decorrente das brincadeiras infantis fica debilitado. A teoria ajudaria muito na prática da professora. Entender a organização do contexto como forma de mediação importante para o brincar, perceber a brincadeira como atividade que tem um fim em si mesma e que é importante para a criança apenas brincar, sem se preocupar com objetivos maiores, assim como afirmou Sayão (2008) seria muito relevante para a prática da professora. 
As atividades de brincadeiras conduzidas pela professora, ou aquelas em que ela estava presente dando sugestões e brincando junto mostram a boa vontade da professora. Ela tem consciência da importância que as brincadeiras e de sua mediação para as crianças. Ao mesmo tempo, algumas falas dela, expressões que utiliza e práticas a respeito da brincadeira como alternativa para dias de chuva ou para quando as crianças já acabaram a lição mais importante, mostram que falta algum conhecimento maior no entendimento do fenômeno do brincar. 
Realizando essa pesquisa percebemos a importância do contexto, da estrutura física, dos materiais e da forma como eles são organizados para as crianças. Um contexto bem organizado pela professora é capaz de estimular uma criança como mais nada o faria. Brougère (2001) afirma que é justamente essa a função da professora durante a brincadeira na educação infantil. Muitas vezes, só são vistas como atividades que ajudam no desenvolvimento da criança e realmente importantes no contexto da escola, atividades dirigidas pela professora. A preparação do ambiente, a forma como são colocados os 2136 brinquedos e os móveis na sala são ações da professora também muito importantes, principalmente quando se fala de brincar. O contexto educa, a criança aprende por meio dos estímulos que lhes são ofertados em seu dia-a-dia. Profissionais que trabalham nas instituições de educação infantil deveriam dar mais valor à forma como o contexto da escola é organizado, tanto as salas como o parque, como qualquer outro ambiente. 
A criança tem direito de brincar, entendê-la como sujeito de direitos é proporcionar um brincar de qualidade para ela. Isso inclui tempo, espaço, materiais, formação de professores e, principalmente, incentivo.REFERÊNCIAS
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