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Digestão, mobilização e transporte de gorduras ● Os ácidos graxos dos triacilgliceróis fornecem uma grande fração da energia oxidativa nos animais. ● Os triacilgliceróis da dieta são emulsificados no intestino delgado por sais biliares, hidrolisados pelas lipases intestinais, absorvidos pelas células epiteliais intestinais, reconvertidos em triacilgliceróis, e então transformados em quilimícrons pela combinação com apolipoproteínas específicas. ● Os quilomícrons distribuem os triacilgliceróis aos tecidos, onde a lipase lipoproteica libera ácidos graxos livres para a entrada nas células. ● Os triacilgliceróis armazenados no tecido adiposo são mobilizados por uma lipase de triacilglicerol sensível a hormônio. ● Os ácidos graxos liberados se ligam à albumina sérica e são transportados no sangue para o coração, para musculatura esquelética e outros tecidos que utilizam ácidos graxos como combustíveis. ● Uma vez dentro das células, os ácidos graxos são ativados na membrana mitocondrial externa pela conversão em tioésteres de acil-CoA graxos. ● A acil-CoA graxo que será oxidada entra na mitocôndria em três passos, pelo ciclo da carnitina. Oxidação dos ácidos graxos ● Na primeira etapa da b-oxidação, quatro reações retiram cada unidade de acetil-Coa da extremidade carboxila de um acil-CoA graxo saturado: 1. Desidrogenação dos carbonos a e b (C-2 e C-3) pelas acil-CoA-desidrogenases ligadas à FAD, 2. Hidratação da dupla ligação trans-D2 resultante pela enoil-CoA-hidratase, 3. Desidrogenação do L-b-hidroxiacil-CoA resultante pela b-hidroxiacil-CoA- desidrogenase ligada à NAD 4. Clivagem por CoA do b-cetoacil-CoA resultante pela tiolase, para formar acetil-CoA e um acil-CoA graxo encurtado em dois carbonos. O acil-CoA graxo encurtado entra de novo na sequência de reações. ● Na segunda etapa da oxidação dos ácidos graxos, o acetil-Coa é oxidado a CO2 no ciclo do ácido cítrico. ● Uma grande fração do rendimento teórico de energia livre da oxidação dos ácidos graxos é recuperada como ATP pela fosforilação oxidativa, a etapa final da via oxidativa ● Malonil-CoA, intermediário inicial na síntese de ácidos graxos, inibe a carnitina- aciltransferase I, prevenindo a entrada dos ácidos graxos na mitocôndria. ● Isso bloqueia a degradação dos ácidos graxos enquanto ocorre a síntese. ● Defeitos genéticos na acil-CoA-desidrogenase de cadeia média resulta em doenças humanas graves, assim como mutações em outros componentes do sistema de b-oxidação. ● A oxidação de ácidos graxos insaturados requer duas enzimas adicionais: a enoil-CoA- isomerase e a 2,4-dienoil-CoA-redutase. ● Ácidos graxos de número ímpar são oxidados pela via de b-oxidação gerando acetil-Coa e uma molécula de propionil-CoA. ● Esta é carboxilada a metilmalonil-CoA, que é isomerizada a succinil-CoA em uma reação catalisada pela metilmalonil-CoA mutase, enzima que necessita de coenzima B12. ● Os peroxissomos vegetais e animais, e os glioxissomos vegetais fazem b-oxidação em quatro etapas semelhantes àquelas da via mitocondrial em animais. ● A primeira etapa de oxidação, no entanto, transfere elétrons diretamente ao O2, gerando H2O2. ● Os peroxissomos dos tecidos animais se especializam na oxidação de ácidos graxos de cadeia muito longa e em ácidos graxos ramificados. ● Nos glioxissomos, das sementes em germinação, a b-oxidação é um passo na conversão de lipídeos estocados em uma variedade de intermediários e produtos. ● As reações da v-oxidação, que ocorrem no retículo endoplasmático, produz intermediários acil-graxo dicarboxílicos, que podem sofrer b- oxidação em qualquer uma das extremidades para gerar ácidos dicarboxílicos curtos como o succinato. ● As reações da a-oxidação degradam ácidos graxos ramificados, tal como o ácido fitânico. Corpos Cetônicos ● A acetil-CoA formado no fígado durante a oxidação dos ácidos graxos pode entrar no ciclo do ácido cítrico ou sofrer conversão a “corpos cetônicos”, acetona, acetoacetato e D-b- hidroxibutirato, para exportação a outros tecidos. ● A acetona, produzida em menor quantidade do que os outros corpos cetônicos, é exalada. ● O acetoacetato e o D-b- -hidroxibutirato são transportados pelo sangue para outros tecidos que não o fígado (tecidos extra-hepáticos), onde são convertidos a acetil-CoA e oxidados no ciclo do ácido cítrico ● Fornecendo muito da energia necessária para tecidos como o músculo esquelético e cardíaco e o córtex renal ● O cérebro, que usa preferencialmente glicose como combustível, pode se adaptar ao uso de acetoacetato ou D-b-hidroxibutirato em condições de jejum prolongado, quando a glicose não está disponível. ● A produção e exportação dos corpos cetônicos do fígado para tecidos extra- -hepáticos permite a oxidação contínua de ácidos graxos no fígado quando acetil-CoA não está sendo oxidada no ciclo do ácido cítrico Os corpos cetônicos formados no fígado são exportados para outros órgãos como combustível. ● A primeira etapa na formação de acetoacetato , que ocorre no fígado é a condensação enzimática de duas moléculas de acetl-CoA, catalisada pela tiolase ● Essa reação é simplesmente o inverso da última etapa da b-oxidação. ● O acetoacetil-CoA então se condensa com acetil-Coa formando b-hidroxi-b-metilglutaril- CoA (HMG-CoA) , clivado a acetoacetato livre e acetil-Coa ● O acetoacetato é reversivelmente reduzido pela D-b-hidroxibutirato-desidrogenase a D-b- -hidroxibutirato . ● Essa enzima é específica para o estereoisômero D; ela não atua sobre L-b-hidroxiacil-CoAs e não deve ser confundida com a L-b-hidroxiacil-CoA-desidrogenase da via de b-oxidação ● A acetona é formada em quantidade muito pequena a partir de acetoacetato, que é facilmente descarboxilado espontaneamente ou pela ação da acetoacetato-descarboxilase ● Como pessoas com diabetes não tratado produzem grandes quantidades de acetoacetato, seu sangue contém quantidades significativas de acetona, que é tóxica. ● A acetona é volátil e provoca um odor característico ao hálito, que algumas vezes é útil no diagnóstico da diabetes ● Acetoacetato oxidado em D-b- Hidroxibutirato pela ação da enzima D-bhidroxibutirato-desidrogenase. ● O acetoacetato é ativado ao seu éster de coenzima A pela transferência da CoA do succinil-CoA, intermediário do ciclo do ácido cítrico em uma reação catalisada pela b-cetoacil-CoA-transferase, também chamada tioforase. ● O acetoacetil-CoA é então clivado pela tiolase gerando dois acetil-CoAs, que entram no ciclo do ácido cítrico. ● Assim, os corpos cetônicos são usados como combustível em todos os tecidos, exceto o fígado, que carece de tioforase. ● O fígado é, consequentemente, um produtor de corpos cetônicos para os outros tecidos, mas não um consumidor. ● A produção e exportação dos corpos cetônicos pelo fígado permite a oxidação contínua de ácidos graxos com mínima oxidação de acetil- CoA. ● Quando os intermediários do ciclo do ácido cítrico são desviados para a síntese de glicose pela gliconeogênese, por exemplo, a oxidação dos intermediários do ciclo desacelera – bem como a oxidação de acetil-CoA. ● Além disso, o fígado contém apenas uma quantidade limitada de coenzima A, e quando a maior parte está comprometida com acetil-CoA, a b-oxidação desacelera esperando por coenzima livre. ● A produção e a exportação de corpos cetônicos liberam a coenzima A, permitindo a contínua oxidação dos ácidos graxos. Os corpos cetônicos são produzidos em excesso no diabetes e durante o jejum ● Jejum e diabetes melito não tratado leva à superprodução de corpos cetônicos, com vários problemas médicos associados. ● Durante o jejum, a gliconeogênese consome os intermediários do ciclo do ácido cítrico, desviando acetil-CoApara a produção de corpos cetônicos. ● No diabetes não tratado, quando o nível de insulina é insuficiente, os tecidos extra- hepáticos não podem captar a glicose do sangue de maneira eficiente, para combustível ou para conservação como gordura. ● Nessas condições, os níveis de malonil-CoA (o material de início para a síntese de ácidos graxos) caem, a inibição da carnitina- aciltransferase I é aliviada, e os ácidos graxos entram na mitocôndria para ser degradado a acetil-CoA – que não pode passar pelo ciclo do ácido cítrico, já que os intermediários do ciclo foram drenados para uso como substrato na gliconeogênese. ● O acúmulo resultante de acetil-CoA acelera a formação de corpos cetônicos além da capacidade de oxidação dos tecidos extra- hepáticos. ● O aumento dos níveis sanguíneos de acetoacetato e D-b-hidroxibutirato diminui o pH do sangue, causando a condição conhecida como acidose . ● A acidose extrema pode levar ao coma e em alguns casos à morte. ● Os corpos cetônicos no sangue e na urina de indivíduos com diabetes não tratado pode alcançar níveis extraordinários – uma concentração sanguínea de 90 mg/mL (comparado com o nível normal de , 3 mg/100 mL) e excreção urinária de 5.000 mg/24h (comparado com uma taxa normal de #125 mg/24h). ● Essa condição é chamada cetose . ● Indivíduos em dietas hipocalóricas, utilizando as gorduras armazenadas no tecido adiposo como sua principal fonte de energia, também têm níveis elevados de corpos cetônicos no sangue e na urina. ● Esses níveis devem ser monitorados para evitar os riscos da acidose e da cetose (cetoacidose).
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