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Questão Social - aula 4

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INTRODUÇÃO À QUESTÃO SOCIAL
A COMPLEXIFICAÇÃO DA QUESTÃO 
SOCIAL NA SUBJETIVIDADE DA CLASSE 
TRABALHADORA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar e discutir o novo conceito da pobreza enquanto ‘questão social’ e suas diferentes compreensões, suas
refrações sob a ótica do desenvolvimento de produção e reprodução das relações sociais e de trabalho
relacionado à gênese das desigualdades sociais;
2. Identificar os elementos indispensáveis para o conhecimento e a análise das expressões contemporâneas da
questão social na sociedade brasileira;
3. Relacionar a questão social e condição de vulnerabilidade no mundo do trabalho;
4. Correlacionar criticamente a compreensão teórica da questão social e desigualdades sociais com a prática
profissional consonante com orientação ético-política da profissão.
A história do Serviço Social está solidamente vinculada à temática da questão social, compreendida aqui
enquanto o conjunto de problemas políticos, econômicos, sociais e econômicos advindos do processo de
desenvolvimento de produção e conflito entre capital e o trabalho.
O tema da questão social contemporânea tem despertado interesse crescente para compreensão dos processos
históricos que desenham e redesenham a pobreza e as desigualdades sociais que se configuram crescentes
globalmente e, em particular, no Brasil.
O estudo e debate sobre a complexificação da questão social instrumentaliza o profissional de forma crítica e
propositiva na formulação e implementação de políticas sociais de intervenção na realidade social objetivando
seu enfrentamento, seja no setor público, privado, em organizações não governamentais ou movimentos sociais.
A história do Serviço Social tem relação intrínseca com a questão social, até poucas décadas tratada, de forma
generalizada, como pobreza. Esta, comumente naturalizada, é fruto de um processo político e histórico de
conflito entre relações de capital e trabalho.
A questão social constitui-se substrato do Serviço Social. Questão social entendida como conjunto das expressões
das desigualdades da sociedade capitalista resultante de uma produção social que é cada vez mais coletiva,
enquanto a apropriação dos seus frutos, mantém-se privada. Os assistentes sociais trabalham com a questão
social nas suas mais variadas expressões, na família, na saúde, na assistência, com as crianças, os adolescentes e
os idosos.
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O processo de profissionalização do Serviço Social surge a partir da transição do capitalismo concorrencial para
o capitalismo monopolista (NETTO, 1992), através do qual o assistente social passa a constituir-se como um
agente mediador da progressiva intervenção do Estado nos processos de regulação social (NETTO, 1992).
As particularidades desse processo no Brasil ocorrem a partir do significado que o serviço social assume como
um dos recursos mobilizados pelo Estado e pelo empresariado, com o suporte da Igreja Católica, quando a
intensidade e manifestações das questões sociais adquirem expressão política (CEAD, 1999).
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Durante o período Vargas, o Estado passa a se revelar para a sociedade através de um conjunto de leis e
instituições assistenciais, apresentadas como “outorga generosa” (WEFFORT, 2006), preocupado com a questão
da pobreza no Brasil.
Assim, o processo de institucionalização do Serviço Social, como profissão reconhecida na divisão social do
trabalho, está vinculado à criação das grandes instituições assistenciais, estatais, especialmente na década de 40.
O Serviço Social deixa de ser um mecanismo de distribuição de caridade privada das classes dominantes para se
transformar em uma das engrenagens da execução das políticas sociais do estado e setores empresariais, que se
tornam seus maiores empregadores.
Conforme Iamamoto (2004), a questão social passa a ser tratada através da articulação entre repressão e
assistência. Observa-se um esvaziamento dos canais de participação dos trabalhadores, há uma intensificação
dos programas de cunho assistencial. As medidas assistenciais ingressam como um dos componentes das
relações autoritárias imprimidas à sociedade, passando a articular-se às estratégias das relações do estado com
as classes trabalhadoras, como uma das áreas instrumentais do intervencionismo crescente do Estado na
sociedade civil. O padrão intervencionista do Estado Brasileiro, que surge no pós 30, se intensifica com a
ideologia da integração e do desenvolvimento com a instituição do AI - 5.
Através da manipulação política é oferecido à sociedade o modelo do “milagre econômico”, que só é possível
mediante a repressão das tensões sociais que permite o estabelecimento de medidas importantes nas
transformações das relações do trabalho, tais como: a nova política de arrocho salarial e a substituição do
sistema de estabilidade no emprego pela Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), sendo abolido, na
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prática, o direito de greve (SILVA E SILVA, 2007). Nesse contexto, à política social se atribuiu a função de atenuar
as sequelas do capitalismo monopolista marcado pela forte concentração de renda e super exploração do
trabalho.
Hoje, com a subalternização do trabalho, a lógica do mercado, observamos que à questão social se somam novas
expressões, entre as quais destacamos a vulnerabilidade da inserção no mundo do trabalho, a exploração dos
trabalhadores, aumento do desemprego; a falta de moradias; violência urbana e outras tantas questões
presentes cotidianamente no espaços sócio-ocupacionais.
O Serviço Social será condicionado ao processo contraditório em que se inserem as relações sociais, na medida
em que os profissionais recebem um mandato das classes dominantes para atuarem junto à classe de
trabalhadores. Isto é, as primeiras contratam e remuneram e a segunda recebe os serviços, reforçando a
separação entre o polo contratante e o polo demandante dos serviços (SILVA E SILVA, 2007).
O assistente social, afirma Iamamoto (1998), se vê diante da especialização do trabalho coletivo, novas
demandas e competências e desafios ao lado de velhas práticas que ainda persistem na contemporaneidade. Em
meio a esse novo cenário, o assistente social tem se confrontado com as novas demandas postas pela pobreza,
desigualdades sociais e vulnerabilidades decorrentes destas. O assistente social constitui-se naquele profissional
que tem como um dos maiores desafios desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas
de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir das demandas emergentes no cotidiano
(IAMAMOTO, 1998).
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Assim, apreender as possibilidades de atuação do Serviço Social num contexto marcado pela exclusão e pobreza
nos remete à necessidade de propostas alternativas para construção de políticas sociais que garantam os
serviços socioassistenciais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu sobre o fenômeno da questão social e suas refrações na ótica do desenvolvimento de 
produção e reprodução das relações sociais;
• Conheceu os novos desafios colocados aos profissionais de Serviço Social para formulação e 
implementação de propostas para seu enfrentamento.
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	Olá!
	
	CONCLUSÃO

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