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1 Aline David – ATM 2025/B PATOLOGIA II – AULA 10 ANATOMIA/HISTOLOGIA ❖ Peso normal ~ 1,4 - 1,6 kg ❖ Vascularização: 60 - 70% fluxo da veia porta; 30 - 40% da artéria hepática – hilo hepático. - Vascularização mista com predomínio de vascularização venosa. - Veia, artéria e ducto biliar andam paralelamente formando os tratos portais, no interior do fígado. ❖ Modelo lobular – lóbulos (hexágonos) organizados ao redor de ramos venosos portais afluentes (veias hepáticas terminais / centrolobulares), com tratos portais na sua periferia (veia hepática, artéria hepática e ducto biliar). - Hepatócitos centrolobulares / periportais (estão em todo a superfície hepática). ❖ Sinusoides possuem camada de células endoteliais, fazem o trânsito de sangue das veias e artérias portais até as veias hepáticas terminais, por entre os hepatócitos ❖ Células de Kupffer são os macrófagos do parênquima hepático ❖ Espaço de Disse fica entre os hepatócitos e os epitélio dos sinusoides ❖ Coloração pardacenta, cápsula fibrosa, superfície lisa - 1,5Kg, coloração pardacenta com uma capa fibrosa ao redor, bastante vascularização. A superfície normal é lisa. - Cor diferente indica a cápsula fibrosa. É esta cápsula que dói, pois é a parte que é inervada. ❖ Superfície de corte lisa, brilhante, com diversos vasos - Estrutura em lóbulos hexagonais. Hepatócitos ficam em torno de uma veia central que é a ramo da veia porta. Os septos entre os lóbulos não são sempre bem definidos. Nesses septos correm os tratos portais (azul). - Veia maior e mais fininha (núcleos menores com luz mais alargada), ducto (células mais cuboidal) e artéria (tem uma camada muscular. - Veia portal com sinusoides ao redor (branco) e hepatócitos rosinha. - Veia epitélio com uma camada de células e núcleo menos. 2 Aline David – ATM 2025/B - Veia (luz mais alargada com células menores e mais achatadas). - Ducto (células redondinhas com camada única) - Artéria (células epiteliais com rosa mais intenso que é de camada epitelial). - Tratos portais (acompanhados) e veia central (únicas). - Zona 3: é a primeira a ser acometida nos distúrbios vasculares. Isso ocorre porque a vascularização central do fígado (e principal) é feito pela veia porta, logo, os vasos periféricos conseguem suprir um pouco mais a zona 2 e a 1. Isso também é o motivo de as doenças hepáticas darem pouco sintomas, por ser um órgão de grande regeneração e de suprir vascularização faltantes. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO FÍGADO ❖ - Participa de várias rotas metabólicas no nosso corpo. ❖ Integridade dos hepatócitos → transaminases que ficam dentro dos hepatócitos. Aumentam se tem lesões de células do fígado. - Alanina aminotransferase (ALT ou TGP) - Aspartato aminotransferase (AST ou TGO) ❖ Função excretora hepática - Bilirrubina total/bilirrubina conjugada (direta) → entra no fígado pelo sangue, é conjugada no fígado, sai pelos ductos biliares para o colédoco e é eliminada no intestino. Qualquer doença de obstrução de colédoco (colestase) ou lesões de hepatócitos também vai acontecer aumento de bilirrubinas. - Gama glutamil transpeptidase (gama-GT) → próprias de canalículos de vias biliares. Aumenta quando tem lesão canalicular. - Fosfatase alcalina → próprias de canalículos de vias biliares. Aumenta quando tem lesão canalicular. Tem uma porção óssea também. ❖ Função sintética - Albumina → proiteína - Fatores de coagulação: tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial (pode não refletir aquele período de doença, além de ter outros fatores envolvidos como nutricionais), fatores V, VII, IX e X, fibrinogênio e as plaquetas. 3 Aline David – ATM 2025/B ❖ Quando o fígado chega a ponto de perder função, a lesão já está muito avançada. ❖ Transplante hepático não tem mais ALT e AST funcionando, não adianta dosar. Marcadores para definir transplante: encefalopatia, INr e bilirrubinas. MECANISMOS DE DOENÇA E REPARO ❖ Fígado possui reserva funcional grande, fazendo com que lesões hepáticas leves não possuam repercussão clínica. ❖ Tem células de capacidade de divisão celular como as células tronco. ❖ Exceto na insuficiência hepática aguda (de uma hora para a outra – evolução rápida), em geral danos ao fígado são processos insidiosos (sinais e sintomas inespecíficos). ❖ Lesão hepática leve muitas vezes é detectada apenas por exames laboratoriais. ❖ Processo de cicatrização também pode ser subclínico – crônico ❖ 2 processos principais de morte no fígado: necrose/apoptose ❖ Zonas de perda de parênquima se transformam em septos fibrosos(cicatrização). ❖ - O processo de cicatrização do fígado é bem peculiar, existem células estreladas que são células inativadas que quando o fígado começa a sofrer lesões elas viram miofibroblastos que fazem a cicatrização de maneira bem-organizada e bem própria. Começa de uma maneira e pode ser regenerado (tem volta – dependendo do nível que se encontra). NECROSE ❖ Tumefação dos hepatócitos, com aumento do fluído intracelular e rompimento de membrana. - Hepatócitos: citoplasma grande e mais hialino. As vezes fica tão cheio de líquido que explode (local onde ficam as transaminases) que caem na corrente sanguínea e são o primeiro ponto encontrado nos exames laboratoriais. - Rosas: macrófagos. APOPTOSE ❖ Encolhimento dos hepatócitos, condensação nuclear (picnose), fragmentação nuclear (cariorrexe), fragmentação celular em corpos apoptóticos acidófilos - Núcleos de hepatócitos que sofrem picnose (núcleo roxo) e cariorrexe (fragmentação do núcleo). - Corpos acidófilos: acumulados que ficam bem eosinofílicos. Também são sinais de apoptose. ❖ Regeneração ocorre por mitose de hepatócitos adjacentes –se assemelham a células-tronco na capacidade de continuar a replicar mesmo após anos de lesão crônica ❖ Cicatrização se dá por ativação de células estreladas em miofibroblastos - No espaço de disse ficam as células estreladas. Dentro dos sinusoides ficam as células de Kupfer (macrófagos apresenteadores de antígenos). Apresentam, liberam fatores inflamatórios que ativam as células estreladas, transformando-as em miofibroblastos e ao mesmo tempo ativam os mecanismos de lesão dos hepatócitos: apoptose ou necrose. Os miofibroblastos começam a produzir colágeno que vai fazer o processo de cicatrização, em geral, começa peri espaço portal (dentro para fora) e se encontram na fibrose porta-porta. Quando a agressão para os hepatócitos normais tem capacidade de se redividir para ir aos pouquinhos regenerando os hepatócitos. As células de Kupfer podem desfazer a fibrose, dependendo do estágio em que se encontram. Ao mesmo tempo em que tem áreas sofrendo o dano, tem áreas que já sofreram e que estão se regenerando. - Vários fatores inflamatórios estão envolvidos. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA ❖ Consequência clínica mais severa de doenças hepáticas (final de todas as doenças do fígado – geralmente). Pode ser aguda ou crônica (mais comum). ❖ Para que ocorra, fígado precisa perder 80-90% de sua capacidade funcional. ❖ Mortalidade em torno de 80% → transplante hepático é indicado (fígado não consegue regenerar a ponto de retomar a função que seja compatível com a vida). AGUDA 4 Aline David – ATM 2025/B ❖ Doença hepática que se instala, em aproximadamente 6 meses. ❖ Acúmulo de amônia (encefalopatia), redução da capacidade excretora, diminuição da capacidade de síntese do fígado (sangramento e redução de fatores de coagulação – plaquetopenia e INR aumentado), icterícia importante (elevada bilirrubina). ❖ Destruição hepática súbita e maciça (necrose). ❖ Fígado que não tem outra doença hepática prévia/pré- existente. É sempre um processo em um fígado que antes era normal. ❖ Antes chamada de “fulminante”. ❖ Doença hepática aguda associada a encefalopatia e coagulopatia que ocorre dentro de 26 semanas após a lesão hepática inicial, na ausênciade doença hepática preexistente. ❖ Na maioria das vezes é ocasionada por toxinas ou medicações. ❖ Macroscopia: fígado pequeno, encolhido, contendo necrose hepática maciça, com amplas regiões de perda do parênquima, em torno de ilhas de hepatócitos em regeneração ❖ Microscopia: proeminência da cicatrização depende da natureza e da duração da agressão - Áreas com cor de parênquima normal mescladas com áreas amarelas (necróticas), principalmente ao redor dos vasos (periportal), mas se distribui em toda a superfície. O tamanho geralmente não altera, mas pode diminuir, tendo nódulos se formando no processo crônico. - Paracetamol em níveis tóxicos faz uma insuficiência hepática aguda que em geral evolui para transplante. Flecha aponta uma área de necrose (perda de estrutura). Ao lado tem uma parte de parênquima normal. Gera dor. O aspecto de vacuolização é o acúmulo intracelular de líquido (edema) que indica lesão celular. ❖ Quadro clínico se inicia com náuseas, vômitos e icterícia (acúmulo de bilirrubina – pode fazer prurido), com surgimento posterior de encefalopatia potencialmente grave e alterações na coagulação. - Inicialmente ocorre hepatomegalia (mais comum na crônica) por tumefação dos hepatócitos, inflamação, edema → conforme destruição parenquimatosa evolui, fígado vai reduzindo de volume drasticamente - Laboratorialmente, transaminases séricas são muito elevadas inicialmente e reduzem gradativamente (não quer dizer melhora, ainda mais se acompanhada de aumento de bilirrubina e de TP → sinal de perda de parênquima → sinal de lesão mais grave! • Se a queda de transaminases é acompanhada por queda de bilirrubina e por queda de TP, daí sim a lesão está melhorando. - Icterícia faz parte de quadro colestático - Encefalopatia pode se apresentar em diversos graus (somente asterix até coma profundo) –amônia sérica elevada - Muitos fatores de coagulação são produzidos no fígado - Pode ocorrer hipertensão portal com ascite (mais comum na insuficiência crônica) → extravasamento de líquido por congestão (a perda de proteínas não é tão acentuada). CRÔNICA ❖ Lesão crônica progressiva do fígado, que se desenvolve após anos ou décadas de doença. ❖ Não é sinônimo de cirrose. Mais comum que a cirrose evolua para um processo de insuficiência hepática, mas a cirrose tem reversão (na maior parte das vezes) e na insuficiência o tratamento é transplante. ❖ Mais frequente do que aguda. ❖ Maior causa de mortes relacionadas a doenças hepáticas nos EUA. ❖ Principais causas: hepatites B e C crônicas, doença hepática gordurosa não alcoólica e doença hepática alcoólica ❖ Crônica agudizada: evento final de um paciente hepatopata crônico. Lesão aguda não relacionada se sobrepõe à doença de base crônica bem compensada (fígado doente), ou a própria doença se reativa repentinamente, levando à insuficiência hepática, podendo evoluir à óbito. ❖ Muito associada à cirrose: transformação difusa do parênquima hepático em nódulos de regeneração circundados por septos fibrosos cicatriciais, com graus variados de shunts vasculares. Processos de cicatrização e de regeneração acontecendo juntos. A fibrose reduz o parênquima (puxa um espaço portal ao outro) e no meio dos septos fibrosos tem nódulos de regeneração que são hepatócitos normais que estão tentando remover o tecido cicatricial. 5 Aline David – ATM 2025/B - Nem toda cirrose leva a insuficiência hepática crônica e nem toda doença hepática terminal leva à cirrose! - Cirrose não é sinônimo de doença hepática terminal – dependendo do grau de acometimento, pode regredir - Child-Pugh: classificação em A (bem compensada), B (parcialmente descompensada) e C (descompensada), que se correlaciona histologicamente com diferentes características morfológicas –ajuda a monitorar a evolução para a insuficiência hepática crônica ❖ Child-Pughé classificação prognóstica, que se correlaciona bem com achados histológicos, conforme a evolução da cirrose - Não tem AST e ALT porque elas não se correlacionam bem com o aumento de lesão do fígado, porque elas começam a descer → tem que medir a função do fígado para a classificação prognóstica. - A→ 5 – 6 → cirrose leve bem compensada. - B → 7 – 9 → cirrose moderadamente compensada. - C → 10 ou mais → cirrose descompensada. - Também se correlaciona com mortalidade. A (90-100% vivos em 2 anos); classe B (60% vivos), classe C (30% vivos) → bem correlacionado também com mortalidade. ❖ Macroscopia: nódulos parenquimatosos cercados por faixas densas de cicatrização –grau de lesões varia muito. - Fígado pequeno com nódulos de regeneração e zonas de necrose. Cirrose micro nodular. - Paciente que tem mais ou menos nódulos não está correlacionado com o grau de cirrose que ele tem. O sinal clínico mais sensível é a encefalopatia (quanto mais amônia acumulada pior será a encefalopatia). ❖ Microscopia: nódulos cirróticos circundados por faixas de colágeno espessas, que podem regredir (tornar-se mais finas, mais compactadas e, eventualmente, fragmentar); fígado não deixa de ser cirrótico, mas pode ter componentes de fibrose e de regressão concomitantes, se fator etiológico for tratado - Cirrose muito avançada. Nódulos de hepatócitos normais com depósito de colágeno muito importante no meio do parênquima. Processo que pode regredir, como na imagem seguinte. Cessa o fator agressor, reestabelece o parênquima, mas fica algumas sequelas (regride em uma parte). - Septos mais espessos indicam processos de doença. ❖ Quadro clínico geralmente assintomático (40%) até estágios mais avançados de doença. ❖ Quando sintomático, apresentam desde manifestações inespecíficas como anorexia, emagrecimento, fraqueza até sinais de insuficiência hepática. ❖ Cirrose e insuficiência hepática crônica tem mais tempo para manifestações clínicas evoluírem. ❖ Icterícia pode levar a prurido grave –prurigonodularis ❖ Alterações no metabolismo do estrogênio levam a hiperestrogenismo e consequente eritema palmar, aranhas vasculares cutâneas, hipogonadismo e ginecomastia (homens) - Como tem capacidade de regeneração hormonal, a degradação de estrogênio depende muito do fígado, tendo consequências por hiperestrogenismo: aumento de propensão a trombose, ginecomastia proeminente (homens), eritema palmar, telangiectasias, hipogonadismo (redução testicular e atrofia de ovários – estéril), vários nódulos em consequência de coçaduras (prurido nodulares), hipertensão portal muito proeminente gerando muita ascite. ❖ Hipertensão portal com suas principais consequências é muito associada à cirrose–ascite, esplenomegalia congestiva, varizes esofágicas e anais (hemorroidas), formação de derivações portos sistêmicas. 6 Aline David – ATM 2025/B - Cabeça de medusa → veia epigástrica superior se superdilata para compensar a falta da porta. Dilatação de vasos esofágicos e dilatação de vasos na região perianal (hemorroidas). Varizes de MMII também, mas não tem tanta repercussão clínica. - Baço aumenta de tamanho compensatoriamente à hipertensão portal. - Desnutrição por perda de albumina, pois o fígado é o principal produtor de síntese proteica. QUESTÕES Um homem de 60 anos de idade com histórico de 30 anos de consumo excessivo de álcool procurou seu médico por causa de hematêmese no dia anterior. No exame, ele apresentava ascite, icterícia leve e baço aumentado. Ele apresentava ginecomastia, telangiectasias cutâneas e atrofia testicular. O exame retal indicou hemorroidas proeminentes e próstata de tamanho normal. A endoscopia superior revelou vasos submucosos dilatados no esôfago. Foi realizada escleroterapia para controlar o sangramento. As análises laboratoriais indicaram proteína total de 5,8 g/dL; albumina de 3,4 g/dL; AST de 137 U/L; ALT de 108 U/L; fosfatase alcalina de 181 U/L; bilirrubina total de 5,4 mg/L; bilirrubina direta de 3 mg/dL; tempo de protrombinade 20 segundos (normal – não tem insuficiência hepática proeminente); amônia de 76 (xmol/dL; e hematócrito de 25%. Qual dos seguintes achados é a característica proeminente mais provável nesse fígado? a) Colestase b) Cirrose c) Hepatite d) Esteatose e) Nível de bilirrubina indireta significativamente elevado - Hematêmese (ruptura de vasos esofágicos). é uma das principais causas de descompensação de cirrose e de mortalidade. Uma mulher de 36 anos de idade permaneceu com icterícia durante 1 mês. Nos últimos 3 anos, ela manifestou vários episódios de cólica e dor abdominal leve. No exame físico, ela apresentava icterícia generalizada e da esclera. Havia sensibilidade no quadrante superior direito e as dimensões do fígado estavam normais. Foi realizada uma biópsia hepática; o exame microscópico do espécime exibiu proliferação de duetos biliares e estase intracanalicular de bile, mas nenhuma inflamação ou necrose de hepatócitos. Qual dos seguintes achados laboratoriais mais provavelmente está presente nessa paciente? a) Anticorpos antimitocondriais significativamente elevados b) Anticorpo para a hepatite C positivo c) Nível de bilirrubina indireta significativamente elevado d) Nível de fosfatase alcalina elevado e) Nível de amônia sanguínea elevado - Lesão de canalículo: fosfatase alcalina e gama-GT. HEPATITES VIRAIS ❖ O termo “hepatite” nem sempre se refere às hepatites virais, cuidado! - Corresponde também ao padrão histológico de lesão hepática neste e em outros distúrbios. HEPATITE A (HAV) ❖ Doença benigna, muito comum em crianças (transmissão fecal-oral). Adultos geralmente pegam por alimentos e água contaminados. É autolimitada, com período de incubação de 2 a 6 semanas – taxa de fatalidade 0,1-0,3%; não causa insuficiência hepática aguda (mais comum que crônica) nem hepatite crônica. ❖ Ocorre em todo o mundo, prevalente em regiões com condições de saneamento precárias, onde muitas pessoas possuem anticorpos anti-HAV detectáveis até os 10 anos de idade. - Em países desenvolvidos, soropositividade aumenta conforme a idade (50% aos 50 anos nos EUA) → metade da população com menos de 50 anos já desenvolveu anticorpos e em algum momento teve contato. ❖ Vírus de RNA envelopado; possui vacina eficaz para controle de surtos (contra capsídeos da proteína do envelope). Vacina dentro do quadro vacinal de infância. ❖ Transmissão fecal-oral (soro e saliva pouco): ingerido por água e alimentos contaminados, eliminado nas fezes por 2-3 semanas antes do quadro de icterícia até 1 semana após ❖ Quadro clínico geralmente leve ou assintomático, muito mais comum em crianças; em adultos, pode causar quadro febril inespecífico, com fadiga e icterícia súbita e autolimitada associados. - Raramente precisa internar. ❖ Anticorpos IgM anti-HAV surgem com o início dos sintomas –bom marcador de infecção aguda 7 Aline David – ATM 2025/B - Período de incubação: HAV nas férias. - Doença aguda: reduz HAV nas fezes. Aumenta anti-HAV IgM → doença aguda. - A partir de um momento para de ter produção de IgM e passa a ter IgG que permanecem para o resto da vida. HEPATITE B (HBV) ❖ A grande maioria tem um quadro agudo, benigno e autolimitado. No entanto, a porcentagem de pacientes que adquirem insuficiência crônica é mais comum do que nas demais, principalmente casos verticais. Existe vacina eficaz efetiva no calendário vacinal. Recebe a primeira dose no dia do nascimento. ❖ OMS estimou em 2015 que 1/3 da população mundial tenham evidência de infecção passada (AntiHBC +) ou presente de infecção pelo HBV; 257 milhões de portadores (HbSAg +). ❖ Região das américas é a de menor prevalência (0,4-1,6%); na África, chega a 4,6 - 8,5%. ❖ Modo de transmissão e prevalência de infectados varia geograficamente: - Regiões com alta prevalência: 90% dos casos são de transmissão perinatal - Regiões com prevalência intermediária: transmissão horizontal (especialmente na infância), através de pequenas lacerações de pele ou contato de mucosas - Regiões com baixa prevalência (Américas em geral): transmissão sexual (Brasil) e uso de drogas injetáveis (EUA). ❖ Vacinação induz resposta protetora em 95% dos casos → mais do que o suficiente para reduzir muito a taxa de transmissão do vírus. ❖ Período de incubação prolongado (1 a 4 meses); 70% dos adultos infectados são assintomáticos ou apresentam hepatite sem icterícia → aumento de transaminases transitório, sem repercutir na função do fígado (Sem aumento de bilirrubinas e sem icterícia) → (quadro leve). - 30% apresentam quadro inespecífico de fadiga, anorexia, dor em hipocôndrio direito e icterícia ❖ Infecção aguda é autolimitada na maior parte, cede sem tratamento; doença crônica ocorre em 5-10% dos infectados; insuficiência hepática aguda é rara (0,1-0,5%). ❖ Curso clínicos possíveis (frequências baseadas nos EUA): - Doença subclínica: sem sintomas (uma pequena taxa desses pacientes desenvolve doença crônica, logo, 99,7% se recuperam). - Hepatite aguda com repercução clínica (99,1 se recuperam e menos de 1% desenvolvem hepatite fulminante). - Hepatite crônica: pouquíssimos se recuperam (pode ter clareamento de HbSAg). 20-30% evoluem para cirrose e 2-3% faz carcinoma hepatocelular com ou sem o desenvolvimento de cirrose. Pacientes com cirrose e hepatocarcinoma evoluem para morte ou transplante hepático (insuficiência hepática). * pode aparecer carcinoma hepatocelular sem cirrose. ❖ Infecções perinatais tornam-se crônicas em 90% dos casos; infecções na infância (2-5 anos), 20-50%; infecções em adultos, <5%. ❖ Vírus de DNA dupla-hélice com envelope superficial externo, que codifica: - Proteína central do núcleo capsídeo (HBcAg, antígeno central da hepatite B → presente toda vez que o vírus está presente, a não ser que seja mutante pré-cor) e outra mais longa com porções central e pré-central (HBeAg, antígeno “e” da hepatite B → toda vez que tem replicação viral) - Glicoproteínas do envelope (HBsAg, antígeno de superfície da hepatite B), que é sintetizado e secretado também por hepatócitos infectados (vírus entra na célula e a célula produz HbSAg também → fica positivo logo). - Doença que recupera: fica positivo Anti-HBc total (IgG) e Anti-HBs. - Doença crônica: o vírus não sai do corpo, logo vai ter aumento de IgM, IgG até um certo ponto que não é suficiente para eliminar o vírus). Continua produzindo HBsAg, HBV-DNA e HBeAG. Pode existir Anti-HBe. - Exceção: Anti-HBs + e HbSAg +: infecção tão aguda que já começou a produzir Anti-HBS e os títulos de HBSAG caindo, mas não zeraram. Ou pode ser infecção crônica que tem HBSAG por muito tempo, tem anti-HBS, mas não são suficientes para eliminar o vírus do corpo. ❖ Resultado da infecção depende principalmente da resposta imune do hospedeiro –resposta celular linfocitária (linfócitos T CD4+ e CD8+) - HBV não causa lesão hepatocitária direta, lesão ocorre por linfócitos T CD8+ ❖ Cronicidade depende principalmente da idade no momento da infecção aguda (indiretamente proporcional) 8 Aline David – ATM 2025/B - Paciente que suspeita hepatite e não tem outras opções, mas tem anti-HBS positivo e HBSAG -, tem que pesquisar mutante pré-cor. Fazer PCR de vírus B e vem positivo. Paciente não expressão anticorpo de superfície, apenas contra o núcleo. HEPATITE C (HCV) ❖ Importante causa de doença hepática no mundo, com aproximadamente 170 milhões de pessoas infectadas no mundo (menos do que HBV). Importante causa de cirrose. ❖ Transmissão principal por agulhas contaminadas –risco é quase 6x maior do que transmissão de HIV. ❖ Em crianças, principal transmissão é perinatal; ainda assim é muito menor do que transmissão de HBV ❖ Vírus de RNA fita simples, envelopado, instável (possui vários genótipos e subtipos) - Instabilidade dificulta criação de vacinas eficazes; próprio anti-HCV IgG não confere imunidade efetiva. - Infecção crônica pode ser reativada tambémpor surgimento de nova cepa endógena → hepatite C é um dos critérios de não indicação de transplante. ❖ Período de incubação de 4 a 26 semanas. ❖ 85% dos indivíduos têm infecção aguda assintomática, curso clínico é mais brando do que na hepatite B e raramente evoluem com quadros indistinguíveis de HAV ou HBV. ❖ Não se sabe por que apenas uma pequena minoria das pessoas é capaz de curar-se da infecção pelo HCV; infecção persistente e hepatite crônica são mais comuns (80-90%; 20% evoluem para cirrose) ❖ Em mais de 90% dos casos o vírus continua circulando nos pacientes, a despeito da presença de anticorpos anti- HCV, sendo necessária sua detecção direta por PCR ❖ Podem ocorrer reativações com graus variados de lesão hepática e aumento de transaminases transitórios ❖ Tratamentos são potencialmente curáveis, dependendo do genótipo da doença - O anti-HCV vai caindo ao longo dos anos, sem conferir imunidade. Está curado desse genótipo, mas pode ser reinfectável. - Na doença crônica o RNA do vírus vai ser detectável a longo prazo. Pode sofrer mutação dentro do próprio corpo do paciente. HEPATITE D (HDV OU DELTA) ❖ Depende do HBV para seu ciclo de vida → África, Ásia. ❖ Menos comum do que anteriores, prevalência estimada em 15 milhões de pessoas no mundo. - Prevalência não é associada aos locais de maior prevalência do HBV. ❖ Infecção pode ocorrer de duas maneiras: - Coinfecção com HBV, quando a exposição é concomitante → história natural é semelhante à da hepatite B, com a maioria evoluindo para cura, mas existe uma maior taxa de insuficiência hepática aguda em usuários de drogas. - Superinfecção, quando um indivíduo portador crônico de HBV é exposto ao HDV → doença surge geralmente em 30 a 50 dias, com hepatite aguda grave e cronificação do HDV. ❖ Vírus de RNA muito pequeno (menor de todos que infecta humanos), fita simples, duplamente revestido. - HBsAg envolve unidade chamada de antígeno delta (HDAg), única proteína produzida pelo vírus. ❖ RNA do HDV é detectável no sangue e no fígado desde momentos antes até os primeiros dias de sintomas da doença aguda → depois é facilmente eliminado. - Anticorpo anti-HDV IgM é o mais confiável de exposição recente. HEPATITE E (HEV) ❖ Transmissão pela água, principalmente em jovens e adultos de meia-idade. ❖ Doença zoonótica, hospedeiros como porcos, gatos, cães, macacos. ❖ Epidemias relatadas na Ásia, subcontinente indiano, África subsaariana, Oriente Médio, China e México – muito incomum a ocorrência de casos esporádicos em outras localizações. ❖ Alta taxa de mortalidade quando acomete gestantes (20%). - Raramente acontece insuficiência hepática aguda por HEV, mas pode ocorrer em gestantes. ❖ Doença autolimitada na maior parte dos casos, não cronifica em indivíduos imunocompetentes. ❖ Vírus de RNA fita simples, não envelopado ❖ Sintomas começam simultaneamente ao aumento de anticorpos anti-HEV IgM - Vírus é eliminado nas fezes durante a fase aguda da infecção, mesmo um pouco antes de manifestações - Manifestações cedem em 2 a 4 semanas e anticorpos são substituídos por anti-HEV IgG persistentes ❖ Após exposição ao vírus da hepatite (qualquer) pode ocorrer: - Infecção aguda assintomática com recuperação (cura) → mais comum de todas. - Hepatite sintomática aguda com recuperação (cura), ictérica (perde função e recuperar depois) ou não (não perde função). - Hepatite crônica, com ou sem progressão para cirrose. - Insuficiência hepática aguda com necrose maciça ou submaciça. 9 Aline David – ATM 2025/B ❖ Principais diagnósticos diferenciais de hepatites virais: outras infecções bacterianas, parasitoses, vírus não hepatotrópicos (CMV, HIV), hepatite autoimune, hepatite medicamentosa. ❖ Achados macro e microscópicos dos diferentes vírus das hepatites se sobrepõem, na maioria das vezes; hepatite medicamentosa e autoimune podem imitar. O que diferencia é se é aguda ou crônica. HEPATITE AGUDA ❖ Macroscopia: hepatites agudas leves podem ser normais; necrose hepática maciça leva a redução acentuada do tamanho do órgão. ❖ Microscopia: infiltrado linfoplasmocitário (mononuclear) muito mais proeminente na infecção crônica, padrão de hepatite lobular (lesão difusa), padrões de necrose e apoptose (já vistos) - Na hepatite aguda grave ocorre necrose confluente ao redor das veias centrais, onde permanecem restos celulares, sinais de inflamação local – casos mais graves podem exibir necrose em ponte central-portal (vai da veia central até a tríade portal), com colapso parenquimatoso ainda maior. - Eventualmente hepatite aguda grave não leva à morte ou à necessidade de transplante –fígado sobrevive com extensas cicatrizes, desenvolvendo cirrose pós-hepatite rapidamente - Fígado pequeno; Parênquima normal com alguns risquinhos no meio. 10 Aline David – ATM 2025/B - Hepatite aguda com bastante necrose. - Citoplasma gigante, com bastante infiltrado linfocitário e corpos acidófilos. Os hepatócitos bem aumentados são chamados de hepatócitos em balão. - Bastante necrose. Região bem rosa → corpos acidófilos com tanta necrose que se transformaram em necrose submaciça. HEPATITE CRÔNICA ❖ Macroscopia: fígado inicialmente aumentado de tamanho, posteriormente bastante reduzido, nodular ❖ Microscopia: característica marcante é infiltrado mononuclear periportal, que pode variar de grau de um espaço portal a outro; ocorre também hepatite lobular e hepatite de interface (mais localizado no espaço ao redor das veias). - Cicatrização aparece com a progressão da doença, inicialmente nos tratos portais, posteriormente ligando uns aos outros → fazendo linhas de septos fibrosos. Pode reverter se o paciente se recuperar. - Concomitantemente, acontece o aumento da reação ductular - Micronódulos. ❖ Algumas características são específicas de alguns vírus: hepatite B crônica faz hepatócitos com aspecto “em vidro fosco”, células com retículo endoplasmático preenchidos por HBsAg - Hepatite C normalmente mostra agregados ou folículos linfoides totalmente formados (semelhante a linfoma MALT); pode também mostrar esteatose (particularmente genótipo 3) e lesão de ducto biliar proeminente 11 Aline David – ATM 2025/B - Padrão de hepatite crônica para vírus de hepatite B (imuno- histoquímica). Aspecto do citoplasma das células que fica em padrão vidro fosco manchado, diferente do normal que é pontilhado. Não é patognomônico, mas é bem sugestivo. Hepatite autoimune e algumas toxinas podem fazer um padrão parecido. - Folículo linfoide de uma biópsia de hepatite C crônica. Vários linfócitos pequenos formando um nódulo no meio de um parênquima hepático quase normal. Não é patognomônico, mas é bem característico. - Núcleos linfoides, com esteatose (vacuolizações). Nas hepatites virais é bem específico de hepatite C. - Padrão de cirrose com hepatite C crônica (sabe por que tá na lâmina), septos de fibrose, dividindo os septos nodulação. - Um septo conectando uma veia a outra. Hepatite C por conta da esteatose. - Tem infiltrado nuclear no espaço porta, mas não tanto quanto na hepatite crônica. - Menos padrão de colestase do que a hepatite crônica. 12 Aline David – ATM 2025/B - Infiltrado mononuclear ao redor do espaço porta que é importante para o processo de fibrose centrolobular. - Muito mais padrão de colestase do que a hepatite aguda. QUESTÕES Uma mulher de 58 anos de idade apresentou mal-estar, icterícia da esclera e perda de apetite crescentes nos últimos 6 meses. No exame físico, ela manifestava icterícia generalizada e da esclera. Ela apresentava uma sensibilidade leve no quadrante superior direito; o fígado estava com tamanho normal. Os exames laboratoriais mostraram bilirrubina sérica de 7,8 mg/dL, AST de 190 U/L, ALT de 220 U/L e fosfatase alcalina de 26 U/L. Uma biópsia hepática foi realizada, e o exame microscópicoda amostra revelou necrose em "saca-bocado" (também é característico de hepatite crônica em geral) dos hepatócitos nas imediações da placa limitante, com fibrose em "ponte" (septal) e infiltrado mononuclear no trato portal. Esses achados são próprios de qual das seguintes condições? a) Infecção por HAV b) Carcinoma de mama metastático c)Infecção por HCV d) Hemocromatose e) Insuficiência cardíaca congestiva (padrão de congestão, não por fibrose e necrose – sem padrão de hepatite crônica). Após sentir mal-estar e apresentar icterícia crescente por 6 semanas, um homem de 42 anos de idade procurou seu médico. No exame físico, foi detectada icterícia, mas não havia outro achado significativo. O resultado dos testes sorológicos foi positivos para HBsAg e IgM anti-HBc. Qual das seguintes afirmações é a mais provável de ser aplicada à doença desse paciente? a) A fonte da infecção foi uma transfusão de sangue feita há 1 mês b) A recuperação completa sem sequelas é mais provável c) Há um risco significativo de desenvolvimento de hepatite fulminante d) Há um risco significativo de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular e) Os resultados de todos os testes sorológicos serão negativos no período de 1 ano DOENÇA HEPATICA ALCOÓLICA ❖ Consumo excessivo de álcool é a principal causa de doença hepática na maioria dos países ocidentais. ❖ Álcool é responsável por 3,8% das mortes em todo o mundo (oitavo maior fator de risco para morte). ❖ Consumo de álcool que aumenta risco geral de saúde, segundo a NIAAA (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism): - Homens < 65 anos → mais de 14 doses por semana em média, mais de 4 doses em qualquer dia - Mulheres e adultos>65 anos → mais de 7 doses por semana em média, mais de 3 doses em qualquer dia → mulheres tem mais propensão a efeitos prejudiciais por álcool do que homens. - DOSE: cerveja (5%) = 350ml, uísque/vodka (40%) = 45ml, cachaça (50%) = 35ml, vinho (12%) = 150ml ❖ 3 formas de lesão hepática alcoólica: esteatose hepatocelular, hepatite alcoólica (esteato-hepatite) e esteato fibrose, que se soma à cirrose nos estágios tardios da doença - Cirrose se desenvolve somente em alguns etilistas crônicos, por motivos desconhecidos - Pode ter diversos estágios de lesão, mas é levado em consideração a apresentação de maior gravidade para classificar. - Esteatose: processo inicial, bastante reversível e bastante comum. Conforme entra em abstinência volta em arquitetura normal. Final de semana de abuso já é o suficiente para o fígado fazer um grau de esteatose, mas que se reverte com a abstinência. Processo mais comum em pacientes etilistas crônicos (todos os dias têm acúmulo de gordura que não chega a fazer inflamação → hepatite). Eventualmente se o paciente que já tem acúmulo abusar da bebida, pode ter um quadro de hepatite nos hepatócitos, destruindo mais uma parte (se parar de beber o fígado volta ao normal e se continuar bebendo pode levar a cirrose ou esteatose). - Hepatite: processo mais danoso para o fígado, tem reversão mas pode ficar graus de sequelas, visto que pode haver necrose junto. Aumento de bilirrubinas e de icterícia. Alterações com corpúsculo de Malory + alteração gordurosa. - Tanto a esteatose quanto a hepatite podem levar a esteatofibrose (cirrose). Quando chega nesse estágio não volta mais a ser esteatose ou hepatite, pode regredir, mas não reverte completamente → nunca vai deixar de ser um fígado cirrótico. - Não ocorre apenas por álcool. - Não é apenas etilista crônico que vai fazer cirrose. São pouco os pacientes que bebem todos os dias que vão fazer processo de cirrose (fatores genéticos e exposicionais do paciente que predispõe a fibrose). - Hepatite alcoólica faz hepatomegalia súbita e pode ser dolorosa. ESTEATOSE HEPÁTICA 13 Aline David – ATM 2025/B ❖ Após consumo moderado a severo de álcool ocorre o acúmulo de gotículas lipídicas nos hepatócitos, que aumentam gradualmente com a quantidade e a cronicidade da ingestão de álcool ❖ Alterações gordurosas são completamente reversíveis se houver abstinência alcoólica ❖ Macroscopia: fígado gorduroso em etilistas crônicos é grande e macio (podendo pesar até 4-6kg), amarelo, com aspecto lubrificado ❖ Microscopia: gotas de lipídio começam pequenas e coalescem, distendendo o hepatócito e empurrando o núcleo para a periferia - Veia central, hepatócitos ao redor com muita gordura. Pretinho na periferia dos vacúolos (núcleo bem achatado). HEPATITE ALCOÓLICA (ESTEATO -HEPATITE) ❖ Focos de tumefação (resultando de acúmulo de água, gordura e proteínas → lesão inflamatória) e necrose de hepatócitos. ❖ Corpos de Mallory-Denk: material eosinofílico, amorfo, acumulado em hepatócitos balonizados, compostos por filamentos intermediários, como queratina 8 e 18. ❖ Não são específicas, podem aparecer na doença hepática gordurosa não alcoólica, Doença de Wilson, etc. ❖ Reação neutrofílica: neutrófilos se acumulam ao redor dos hepatócitos em degeneração, particularmente os que possuem corpos de Mallory-Denk - Os hepatócitos vão necrosar → citoplasma e núcleo aumentado e mais pigmentado. - Acúmulos de gordura, mas com resquícios de citoplasma junto (corpúsculo de Mallory). Queratina fazem com que eles fiquem aglomerados. ESTEATOFIBROSE ALCOÓLICA ❖ Ativação de células estreladas dos sinusoides e fibroblastos portais → fibrose ❖ Processo inicia ao redor das veias centrais, se espalhando pelo espaço de Disse, formando padrão de “cerca de tela de arame” ❖ Teias de fibrose chegam até espaço portal e inicia o processo de condensação dos septos fibrosos centrais- portais ❖ Com a formação de nódulos, está estabelecida a cirrose → cirrose micronodular ❖ Estágios iniciais de cicatrização podem regredir com a abstinência alcoólica, mas fibrose estabelecida em fígado já cirrótico com comprometimento vascular não é capaz de restauração completa - Superfície brilhante e amarelado. - Ativação de células estreladas que vão fazer o depósito de fibrose. Rosinha são nódulos de regeneração → “cerca de tela de arame”. ❖ Ingestão de aproximadamente 80g de álcool durante um a vários dias geralmente leva a esteatose hepática leve e reversível. 14 Aline David – ATM 2025/B ❖ Apenas 10-15% dos etilistas crônicos desenvolvem cirrose. - Fatores como genética, sexo feminino, etnia afrodescendente, comorbidades tem papel importante. ❖ Quadro clínico: - AST (TGO) > ALT (TGP) na proporção 2:1 ou maior → marca bem sugestiva de etilismo. Hepatites virais tem aumento semelhante das duas ou TGP aumenta mais do que TGO. - Esteatose pode levar a hepatomegalia, incomum levar a disfunção severa - Hepatite alcoólica tende a se apresentar de maneira aguda, geralmente após episódio de ingesta intensa de álcool • Manifestações podem ser mínimas até se assemelhar às da insuficiência hepática aguda, geralmente apresentando mal-estar, hepatomegalia dolorosa, hiperbilirrubinemia • Prognóstico imprevisível, cada surto acarreta um risco de morte de ~10-20% - Cirrose alcoólica tem manifestações semelhantes às outras formas de cirrose. DOENÇA HEPÁTICA METABÓLICA ❖ Doenças hereditárias e adquiridas diversas ❖ Hereditárias: hemocromatose (ferro), doença de Wilson (cobre), deficiência de α1-antitripsina (mesma que aumenta o risco de fazer enfisema pulmonar) e outras. Para diferenciar uma da outra na patologia é feito colorações diferentes. DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA OU NAFLD) ❖ Espectro de distúrbios que possuem esteatose hepática em comum, sem consumo de álcool prejudicial associado (<20g/semana) → se tiver consumo de 20g por semana não vai ser atribuído a outros motivos e sim ao álcool. ❖ Causa mais comum de hepatopatia crônica nos EUA. ❖ Síndrome metabólica é uma síndrome clínica que caracteriza paciente obeso, diabético e que tem uma disfunção orgânica que propicia acúmulo de gordura no corpo. Esteatose entraentre essas doenças. Síndrome metabólica é um conjunto de fatores de risco. ❖ Esteato-hepatite não alcoólica (EHNA ou NASH) é usado para denominar alterações histológicas → não é a doença em si. ❖ Esteatose patológica é definida como a que acomete mais de 5% dos hepatócitos ❖ Ocorre acúmulo de gotas lipídicas, especialmente triglicerídeos, semelhante à doença alcoólica ❖ AST e ALT estão persistentemente pouco elevadas (casa dos 100 sempre). - Paciente obeso que dosa TGO e TGP e está aumentado, tem que pedir exame de imagem, pois pode estar com esteato-hepatite. ❖ EHNA se assemelha à hepatite alcoólica em suas características histológicas, exceto pela predominância de infiltrado mononuclear (ao invés de neutrófilos) e corpos de Mallory-Denk menos proeminentes ❖ Progressão é semelhante à da doença alcoólica, com fibrose portal mais proeminente ❖ Cirrose pode ser subclínica inicialmente, com desenvolvimento de sintomas tardios - Vacúolos bem grandes que empurram os núcleos para a periferia. O principal componente dessa gordura é triglicerídeo. - Grau de fibrose periportal, com grau de septo fibroso, que é a evolução caso o paciente não tenha mudança de estilo de vida. ❖ Maioria dos pacientes com esteatose simples é assintomática → síndrome metabólica, DM. ❖ Exames de imagem (US de abdome) podem demonstrar acúmulo de gordura no fígado, mas somente biópsia pode confirmar diagnóstico e identificar grau de cicatrização. ❖ Tratamento visa reverter esteatose e prevenir cirrose. 15 Aline David – ATM 2025/B NÓDULOS E TUMORES ❖ Hiperplasias nodulares (mais comum – difusa) e hiperplasias inflamatórias. HIPERPLASIA NODULAR FOCAL ❖ Nódulo solitário em fígados não cirróticos, mais comum em adultos jovens ou de meia-idade. ❖ Alteração focal sanguínea com obliteração de ramos da veia porta e aumento compensatório do suprimento arterial. A obstrução parcial de vascularização, faz um processo cicatricacial isolado ao redor do ramo da veia porta e tem um aumento de vascularização de outros vasos. Essa cicatriz é muito vascularizada por vasos arteriais (sangra). ❖ Macroscopia: nódulo bem demarcado, mal encapsulado, que pode chegar até vários centímetros de diâmetro, mais clara em relação ao parênquima hepático adjacente (pode ser amarelada, indicando esteatose), com cicatriz estrelada central, cinza esbranquiçada, deprimida, com septos fibrosos centrífugos ❖ Microscopia: cicatriz contendo grandes vasos, em geral arteriais, com hiperplasia fibromuscular; septos irradiantes com reações ductularesvariáveis, com parênquima entremeado normal - Nódulo bem delimitado em formato estrelado, podendo variar de tamanho, sendo em geral 1-2cm, bem clarinho e com septos fibrosos centrífugos (saem de dentro para fora). -Aspecto de cicatriz com vários vasos. Com alguns septos irradiantes. TUMORES BENIGNOS HEMANGIOMAS ❖ Cavernosos são os tumores benignos mais comuns do fígado. ❖ Principal importância clínica é diagnóstico diferencial com metástases – podem ser confundidos radiologicamente, necessitam acompanhamento. ADENOMAS ❖ Neoplasias benignas desenvolvidas a partir de hepatócitos. ❖ Tem 3 tipos, sendo que dois deles são mais propensos de acontecer. Se aumentar de tamanho deve ser tirado. ❖ Uso de anticoncepcionais orais (prolongado, ricos em estrogênio) e esteroides anabolizantes são fatores de risco. - Se tumor irressecável ou cirurgia não for recomendada, interrupção na exposição hormonal leva à regressão. - Geralmente o adenoma regride, mas a principal preocupação é o sangramento. - Adenoma em mulher que usa estrogênio e que pretende engravidar, sempre deve ser pensado em remoção. ❖ Podem ser achados ocasional de exames de imagem, podem causar dor abdominal por crescimento rápido, comprimindo a cápsula do fígado ❖ Lesões podem romper, causando hemorragia intra- abdominal → emergência cirúrgica! - Em gestantes, adenomas subcapsulares tendem a romper ❖ 3 subtipos, cada um com risco diferente de malignização 16 Aline David – ATM 2025/B - Arquitetura semelhante com arquitetura normal, só com hiperplasia de vasos, mas sem grandes alterações de arquitetura. TUMORES MALIGNOS ❖ Maioria é metástase (cólon, mama, pulmão, pâncreas) → pode vir de qualquer porque o fígado faz todo o retorno intra-abdominal de todos os órgãos do corpo. ❖ Entre os primários do fígado, carcinoma originado nos hepatócitos (hepatocelular) é o mais comum; originado nos ductos biliares (colangiocarcinoma) é muito menos comum. ❖ Hepatoblastoma: lesão maligna mais comum em crianças, primário do fígado. CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) ❖ Neoplasia maligna primária mais comum do fígado ❖ Mais de 85% dos casos no mundo estão associados a países com altas taxas de infecção pelo HBV (Ásia e África subsaariana, onde HBV é transmitido verticalmente); nem sempre associado a cirrose. - Em países ocidentais está mais associado à infecção pelo HCV, raramente antes dos 60 anos, 90% dos casos já com cirrose estabelecida. ❖ Em termos de comparação o HBV leva a muito mais carcinoma pela prevalência. ❖ Mais comum em homens ❖ Doenças hepáticas crônicas já estão frequentemente estabelecidas em pacientes que desenvolvem CHC, embora cirrose não seja lesão pré-maligna e não seja necessária para carcinogênese ❖ Fatores mais envolvidos na carcinogênese são as infecções virais e as lesões tóxicas (álcool) ❖ Existem algumas lesões precursoras → não é o mais comum. ❖ Podem ocorrer metástases intra-hepáticas, quando nódulo primário atinge >3cm ❖ Pode gerar metástases à distância (hematogênicas) principalmente em pulmões. - Hematogênicas são mais comuns do que linfáticas. ❖ Quadro clínico: em geral é inespecífico (dor abdominal, fadiga, perda de peso), paciente já apresenta sintomas decorrentes de hepatopatia crônica na maioria das vezes. ❖ Nódulos suspeitos tem características específicas em exames de imagem → TC e RM com wash out → fase arterial tem grande influxo e na fase venosa é o primeiro a perder o contraste. ❖ Macroscopia: 3 formas de apresentação principais – massa unifocal (geralmente grande), nódulos multifocais de tamanho variado, câncer difusamente infiltrativo ❖ Hepatomegalia ocorre em geral, tumores geralmente tem coloração pálida, amarelada ou esverdeada ❖ Microscopia: podem ser lesões bem diferenciadas até completamente anaplásicas; quando bem diferenciados, podem exibir alterações apenas estruturais - Lesão grande e expansiva com coloração mais amarelada em relação ao parênquima normal, sendo ela única (mais comum), mas pode ser múltiplas nódulos ou infiltração difusa sem nodulação. Pode fazer hepatomegalia, mas por metástases a hepatomegalia é mais importante. 17 Aline David – ATM 2025/B - Tumores bem diferenciados, com hepatócitos normais, mas perde a arquitetura de sinusoides. QUESTÕES Após um episódio de consumo exagerado de bebidas alcoólicas em um fim de semana, um homem de 38 anos de idade sentia-se enjoado com náusea, dor abdominal superior e icterícia. No exame físico, havia sensibilidade no quadrante superior direito. As análises laboratoriais indicaram contagem de leucócitos total de 16.120/mm3, com 82% de neutrófilos segmentados, 8% de bastonetes, 8% de linfócitos e 2% de monócitos. A bilirrubina total sérica era de 4,9 mg/dL; AST de 542 U/L; ALT de 550 U/L; e fosfatase alcalina de 118 U/L. Foi realizada uma biópsia hepática; o aspecto microscópico da amostra é exibido na figura. Qual dos seguintes termos melhor descreve tais achados? a) Apoptose b) Congestão centrolobular c) Carcinoma hepatocelular d) Corpos de Mallory e) Deposição de hemossiderina Um homem de 61 anos de idade apresentou ascite no último ano. Após uma paracentese com remoção de 1 L de um líquido serossanguinolento, levemente turvo, o exame físico exibiu ofígado firme e nodular. Os resultados das análises laboratoriais foram positivos para HBsAg sérico e anti-HBc. Ele apresentava nível elevado de alfafetoproteína sérica (marcador que pode elevar em hepatocarcinoma – não é utilizada como rastreamento, pois é pequena a porcentagem de tumores que vão aumentar ela, mas é utilizada como prognóstico. Se for baixa não serve muito, mas se for alta serve para monitorar o tratamento – ao retirar o tumor e fazer quimio espera-se que ela baixe gradualmente. Se ela baixar e subir pode ter recidiva ou metástases). Qual das seguintes lesões hepáticas mais provavelmente está presente? a) Carcinoma hepatocelular b) Necrose significativa dos hepatócitos c) Esteatose acentuada d) Doença de Wilson e) Hepatite autoimune Uma mulher previamente saudável de 41 anos de idade sofria com desconforto abdominal há 1 mês. No exame físico, ela estava febril. Suas fezes não apresentavam sangue oculto. As análises laboratoriais indicaram resultado normal para proteína sérica total, albumina, AST, ALT e bilirrubina, mas níveis elevados de fosfatase alcalina. Os testes sorológicos para as hepatites virais A, B e C foram negativos. A TC abdominal evidenciou uma massa de 9cm no lobo hepático direito com bordas irregulares. A lesão foi retirada e exibiu uma cicatriz central grosseira em forma de estrela com septos fibrosos que se irradiavam no parênquima hepático circundante. No exame microscópico, a massa apresentava artérias proeminentes em um tecido conjuntivo denso juntamente com infiltrado linfocíticoe proliferação de ductos biliares. Qual é o diagnóstico mais provável? a) Colangiocarcinoma b) Hiperplasia nodular focal c) Adenoma hepático d) Carcinoma hepatocelular e) Cirrose macronodular
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