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APG 12 - 4º PERÍODO 1 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 APG 12 – CIRROSE HEPÁTICA Objetivo 1 – Estudar a etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico e diagnóstico da Cirrose Hepática: INTRODUÇÃO: ▪ A cirrose representa um estágio tardio de fibrose hepática progressiva caracterizada pela distorção da arquitetura hepática normal e a formação de nódulos regenerativos circundado por tecido conjuntivo. Geralmente é considerado irreversível em seus estágios avançados, quando a única opção de tratamento pode ser o transplante de fígado. No entanto, a reversão da cirrose (em seus estágios iniciais) foi documentada em várias formas de doença hepática após o tratamento da causa subjacente. Pacientes com cirrose são suscetíveis a uma variedade de complicações e sua expectativa de vida é significativamente reduzida. ▪ Ela é considerada o estágio final (complicação) comum de uma grande variedade de doenças, de causas variadas, sobretudo alcoolismo e hepatites virais e autoimune, além de lesões de natureza metabólica, vascular ou biliar. Avanços recentes no diagnóstico e no tratamento de diversas hepatopatias crônicas mudaram substancialmente a sua história natural. Hoje, muitas lesões que antes evoluíam para quadros mais graves podem não seguir seu curso natural até cirrose. Com os novos agentes antivirais disponíveis, por exemplo, é possível em vários casos redução sensível da fibrose em hepatites virais e, até mesmo em cirroses, quando o dano vascular não é muito avançado, principalmente nas lesões causadas pelo VHC. Por esse motivo, tem-se necessidade cada vez mais evidente de que o diagnóstico das lesões que precedem a cirrose seja, sempre que possível, acompanhado de informações sobre a sua etiologia. ETIOLOGIA: ▪ Existem inúmeras causas de doença hepática que podem resultar em cirrose, seja por causar inflamação hepática crônica ou colestase (diminuição ou interrupção do fluxo biliar). As causas mais comuns de cirrose nos Estados Unidos são hepatite C, doença hepática alcoólica e doença hepática não alcoólica, que juntas representaram aproximadamente 80% dos pacientes na lista de espera para transplante de fígado entre 2004 e 2013. ▪ Em países desenvolvidos, as causas comuns de cirrose incluem: → Hepatite viral crônica (B e C); → Doença Hepática Alcoólica (lesão hepática provocada por consumo de muita bebida alcoólica por um período prolongado de tempo, sendo que à medida que o álcool é metabolizado, são produzidas substâncias que podem lesionar o fígado); → Hemocromatose (doença genética em que há excesso de ferro no organismo); → Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica. APG 12 - 4º PERÍODO 2 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ▪ As causas menos comuns incluem: → Hepatite autoimune; → Cirrose Biliar Primária e Secundária; → Colangite Esclerosante Primária (inflamação e fibrose de ductos biliares intra e extra-hepáticos); → Medicamentos (ex: Metotrexato, usado no tratamento de certos tumores e Isoniazida, usada no tratamento de tuberculose); → Doença de Wilson (doença hereditária que provoca um acúmulo excessivo de cobre nos órgãos); → Deficiência de alfa-1-antitripsina (inibidor de enzimas que digerem proteínas no sangue produzido principalmente pelo fígado); → Doença Celíaca (reação imunológica à ingestão de glúten, uma proteína encontrada no trigo, na cevada e no centeio); → Dutopenia Idiopática da idade adulta (redução do número de ductos em um órgão, em particular a ausência de ductos biliares do tamanho esperado no trato portal do fígado); → Doença Granulomatosa Hepática (distúrbio de imunodeficiência primária que envolve defeitos nas células fagocíticas e na produção de compostos pelos leucócitos, o que não destrói microorganismos, favorecendo a formação de granulomas); → Fibrose Portal Idiopática (lesão que provoca a hipertensão dentro do sistema venoso portal); → Doença Policística do Fígado (múltiplas lesões císticas do fígado); → Infecção (ex: brucelose, sífilis, equinococose); → Insuficiência Cardíaca Direita (disfunção do ventrículo direito que aumenta a pressão venosa sistêmica, causando extravasamento de líquido e edema, principalmente nos tecidos dependentes, pés e tornozelos, e nas vísceras abdominais); → Telangiectasia Hemorrágica (pequenos vasos dilatados na pele); → Doença veno-oclusiva (lesão endotelial que gera oclusão não trombótica das vênulas hepáticas terminais e sinusoides hepáticos, mas não das veias hepáticas ou da veia cava inferior). CLASSIFICAÇÃO: ▪ A cirrose foi historicamente classificada morfologicamente como micronodular (nódulos menores que 3 mm de diâmetro), macronodular (vários tamanhos maiores que 3 mm) ou mista. Acredita-se que a cirrose micronodular seja causada por álcool, hemocromatose, causas colestáticas de cirrose e obstrução do fluxo venoso hepático, enquanto a cirrose macronodular seja secundária à hepatite viral crônica. De qualquer modo, sabe-se que a macronodular é a forma final de todos os tipos morfológicos de cirrose, independentemente de sua etiologia (viral, alcoólica, biliar, pigmentar etc.). ▪ Embora importante de uma perspectiva histórica, o sistema de classificação morfológica tem uma série de limitações e, portanto, foi amplamente abandonado. Primeiro, é relativamente inespecífico no que diz respeito à etiologia. Em segundo lugar, a aparência morfológica do fígado pode mudar à medida que a doença hepática progride, sendo que a cirrose micronodular geralmente progride para a macronodular. Terceiro, os marcadores sorológicos disponíveis hoje são mais específicos do que a aparência morfológica do fígado para determinar a etiologia da cirrose. E, por fim, a avaliação precisa da morfologia do fígado só pode ser obtida na cirurgia, laparoscopia APG 12 - 4º PERÍODO 3 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ou autópsia, enquanto na prática clínica de hoje existem meios menos invasivos para fazer um diagnóstico etiológico. ▪ Assim, o critério de classificação das cirroses mais adequado é o etiológico, definido por marcadores clínicos, bioquímicos, virológicos e imunológicos. Para esse fim, o patologista também tem importante contribuição. Embora em muitos casos a etiologia não possa ser definida em base morfológica, alguns achados podem sugerir a causa do processo. Nas cirroses biliares, por exemplo, antes da fase terminal em que se formam macro e micronódulos, o padrão é de um quebra-cabeça, em que porções do parênquima hepático esboçando nódulos parcialmente circundados por tecido fibroso representam as peças do jogo, que se encaixam umas nas outras. Ductopenia é importante marcador de origem biliar. Esteatose com infiltrado neutrofílico e hialino de Mallory-Denk sugere etiologia alcoólica. Por outro lado, os mesmos marcadores utilizados nas hepatites crônicas também servem para o diagnóstico das cirroses, como os indicadores histológicos do VHB, glóbulos de α1-antitripsina, deposição de ferro na hemocromatose e de cobre na doença de Wilson. Em muitos casos, porém, a soma das informações clínicas, laboratoriais, radiológicas e anatomopatológicas não consegue definir a etiologia do processo, caracterizando-se, então, a cirrose como criptogenética. Com o aprofundamento dos conhecimentos e o aparecimento de novos marcadores séricos e teciduais, o percentual dessa categoria tem se reduzido. ▪ Ademais, tem-se utilizado 2 classificações funcionais: Child-Pugh (Child-Turcotte-Pugh), mais utilizada e MELD, utilizada mais em casos avançados. A classificação de Child-Pugh é usada para avaliar o prognóstico da doença hepática crônica, principalmente da cirrose. Os parâmetros utilizados nela são o grau de encefalopatia, grau de ascite, quantidade de bilirrubina, quantidade de albumina e o prolongamento de tempo de protrombina. Cada critério é pontuado entre 1 a 3, com 3 indicandoa condição mais severa. Assim, soma-se a pontuação e classifica-se a doença hepática crônica em Child-Pugh classes A a C. Uma pontuação de 5 ou 6 classifica-se como A (cirrose bem compensada), 7 a 9 classifica-se em B (comprometimento funcional significativo) e 10 a 15 classifica-se em C (cirrose descompensada). EPIDEMIOLOGIA: ▪ Cirrose é uma das principais causas de morte no mundo ocidental, contabilizando-se 31.903 mortes nos EUA em 2010, o que corresponde à 12ª principal causa de morte naquele país. Em 2002, no Estado de São Paulo registrou-se mortalidade de 10,31 por 100.000 habitantes, chegando-se a 48,3 óbitos por 100.000 habitantes na faixa de 65 a 69 anos. No Serviço de Verificação de Óbitos da Capital – São Paulo, cirrose hepática foi diagnosticada em 7,1% das necrópsias realizadas em 2003. Em revisão de dados oficiais do DATASUS, no período de 2001 a 2009 ocorreram 9.237.149 mortes no Brasil. Destas, 308.290 o foram por doenças hepáticas, 128.988 das quais atribuídas a cirrose. FISIOPATOLOGIA: ▪ O conceito de cirrose hepática baseia-se em 3 lesões fundamentais: (1) neoformação conjuntiva em todo o órgão, a qual insula partes do parênquima hepático; (2) formação de nódulos de parênquima hepático circundados por fibrose, em geral com regeneração hepatocitária; (3) subversão da arquitetura lobular. Tal conceito comporta algumas considerações: (a) a substituição da arquitetura lobular por nódulos é a base das alterações no funcionamento do órgão e no fluxo sanguíneo hepático; (b) a delimitação dos nódulos de parênquima por septos fibrosos é também indispensável, uma vez que na hiperplasia nodular regenerativa pode haver formação difusa de nódulos sem septos fibrosos circunjacentes; (c) na hiperplasia nodular focal também se APG 12 - 4º PERÍODO 4 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 encontram nódulos parenquimatosos circundados por fibrose, porém este processo hamartomatoso é localizado e atinge apenas pequena porção do fígado. ▪ A patogênese da cirrose depende da inter-relação de três elementos fundamentais: necrose hepatocelular, proliferação de componentes estromais (fibrose e neoformação de vasos) e regeneração hepatocitária. A primeira é desencadeada por agressões hepatocelulares de grande porte, como as causadas por mecanismos imunitários, por vírus hepatotrópicos ou por agentes químicos (p. ex., álcool). A extensão dessas lesões leva ao comprometimento da arquitetura hepática e resulta em fibroplasia iniciada por colapso da trama reticulínica e, depois, por neoformação de fibras colágenas. A neoformação conjuntiva sistematizada em todo o órgão que insula partes do parênquima é componente essencial da cirrose. A associação de cirrose com nódulos de regeneração é clássica. Embora cirroses “inativas” possam corresponder a processos cicatriciais relativamente estáveis, regeneração hepatocelular é marcante nos casos de cirrose “ativa”. Em espécimes de explante hepático, a taxa de proliferação de hepatócitos na cirrose supera a média detectada em hepatites crônicas e é muito superior à do fígado normal. Como nas hepatites crônicas, também nas cirroses há indicação formal de biópsia hepática, que serve para estadiamento da doença, para determinação do grau de atividade e, sempre que possível, para estabelecimento da sua causa. ▪ O fígado cirrótico sofre grande variação no volume e no peso. Na cirrose associada a esteato- hepatites, o fígado pode atingir mais de 2 kg, enquanto nas fases terminais do processo o órgão pode ficar reduzido a 600 a 800 g. Os achados macroscópicos podem sugerir a causa, como na cirrose clássica de Laennec, na qual a coloração amarelada dá nome ao processo (do grego kirrhós = amarelado) e define a etiologia alcoólica, associada a esteatose acentuada. A coloração verde caracteriza a cirrose biliar, enquanto a tonalidade castanho-avermelhada brilhante, por deposição de ferro, sugere hemocromatose. Na cirrose por bloqueio da drenagem venosa, aparece o padrão de noz-moscada. ▪ Na superfície de corte, o aspecto dominante é a subversão da arquitetura por fibrose, que forma nódulos de insulamento do parênquima. Na cirrose micronodular, os septos colágenos que envolvem os nódulos apresentam espessura uniforme, o que dá à superfície de corte aspecto regular. Na cirrose macronodular, o tamanho e a forma dos nódulos são muito diferentes, a superfície de corte é irregular e o tecido conjuntivo que envolve os nódulos varia de septos delgados a cicatrizes grosseiras. Além desses, existem os nódulos de regeneração do parênquima, que são brancacentos ou branco-amarelados, friáveis, ficam contidos sob pressão e, quando cortados, fazem saliência na superfície. A cirrose septal incompleta, na qual existem nódulos volumosos e de contornos precisos, é incluída entre as cirroses macronodulares. Como o infiltrado inflamatório e a atividade regenerativa são escassos, ela pode passar despercebida tanto macroscópica como microscopicamente. APG 12 - 4º PERÍODO 5 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ▪ Histologicamente, encontram-se nódulos de parênquima hepático, de tamanhos diversos, circundados por septos de tecido conjuntivo. Com isso, ocorre subversão da arquitetura lobular e, em consequência, surgem transtornos na circulação sanguínea (há interrupção no fluxo regular do sangue portal para as vênulas hepáticas terminais e destas para as supra-hepáticas) e na drenagem da bile. No interior dos nódulos, os hepatócitos apresentam degenerações e, às vezes, necrose. Por isso mesmo, na cirrose são frequentes manifestações clínicas ligadas à insuficiência funcional dos hepatócitos, caracterizando insuficiência hepática. Nos septos conjuntivos e nos espaços portais, há infiltrado de mononucleares de intensidade variada e, às vezes, proliferação ductal. Colestase é frequente nas fases avançadas. Dada a maior importância da fibrose, da regeneração hepatocitária e das alterações vasculares na cirrose, estas são mais detalhadas. Aspecto microscópico da cirrose: nódulos de hepatócitos de tamanhos variados envolvidos por septos fibrovasculares de espessura diversa. ▪ Alterações do leito vascular: Com a subversão da arquitetura lobular, forma-se uma nova rede vascular na qual os sinusoides sofrem processo de capilarização, fenômeno que, somado à pressão exercida pelos nódulos sobre o sistema venoso eferente, resulta em hipertensão portal. Ao lado disso, formam-se anastomoses (comunicação entre 2 vasos ou canais) nos septos fibrosos intralobulares, o fluxo arterial aumenta, e a fibrose portal obstrui os ramos venosos, contribuindo para agravar a hipertensão portal. Esta leva à formação de curtos-circuitos portossistêmicos extra e intra-hepáticos. Os intra-hepáticos formam-se principalmente ao longo das pontes originadas pela necrose hepatocelular ligando espaços portais a veias centrolobulares, permitindo a passagem do sangue diretamente do sistema portal para o supra-hepático, sem perfundir a rede sinusoidal. Com isso, nutrientes importantes deixam de ser oferecidos aos hepatócitos, além de não haver exclusão de substâncias tóxicas e antigênicas vindas do intestino; partículas que normalmente são captadas pelas células de Kupffer passam à circulação sistêmica e provocam resposta antigênica, o que possivelmente explica os níveis elevados de gamaglobulinas encontrados nos cirróticos. Parece que as células de Kupffer têm função reduzida na cirrose. ▪ Neoformação conjuntiva: Apesar de algumas agressões hepáticas causarem fibrose desde o início (p. ex., etilismo, hipervitaminose A), neoformação conjuntiva na cirrose em geral é concomitante ou posterior à necrose dos hepatócitos. Na cirrose, encontram-se aumentados os vários tipos de colágeno, pelo menos duas vezes seus níveis teciduais normais, sendo mais elevados os colágenos tipos I, III, IV e V. Estes são formados no parênquima e, especialmente,nos espaços de Disse, caracterizando o chamado processo de capilarização dos sinusoides, muitas vezes acompanhando-se de proliferação do endotélio, que passa a ser contínuo. Não há relação entre o tipo de colágeno neoformado e a etiologia da cirrose. In vitro, numerosas células podem sintetizar pró-colágeno, mas no fígado humano tem-se atribuído importância particular às células estreladas. Ativadas por diversos fatores, muitos dos quais relacionados com mediadores inflamatórios, as células estreladas transformam-se em miofibroblastos, em torno dos quais se demonstram colágenos tipos I e III. É indiscutível que produtos da necrose hepatocelular desempenham papel fundamental, mas outros fatores (p. ex., citocinas, hormônios etc.) também participam do processo. Algumas vezes, o próprio agente etiológico da cirrose pode estimular a fibrogênese diretamente, como é o caso do álcool. APG 12 - 4º PERÍODO 6 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ▪ No ciclo biológico do colágeno, é preciso considerar também a sua degradação, que ocorre tanto dentro das células que o produzem como na matriz extracelular. A degradação é feita por várias proteases, especialmente colagenases, que atuam sobre proteoglicanos, colágeno e proteínas a ele associadas, como a fibronectina. É possível que os miofibroblastos sejam responsáveis também pela secreção de colagenases e, portanto, pela regulação da fibrogênese. A reversibilidade do processo é tema de grande interesse. Nas fases precoces e intermediárias das hepatites crônicas e das esteato-hepatites, com o tratamento pode haver reabsorção do colágeno, havendo relatos de marcada redução da fibrose em fígado com cirrose. O aspecto mais relevante para a evolução do paciente parece ser o grau de neoformação de vasos e a consequente rede de anastomoses e curtos-circuitos entre os territórios pré e pós-sinusoidais. ▪ Regeneração: A população de hepatócitos no fígado normal é estável. Alguns metabólitos e substâncias trazidas pelo sangue portal ou produzidas pelas próprias células hepáticas parecem ter papel na regeneração hepatocitária. Além de nutrientes, proteínas e matéria-prima para a reposição de estruturas celulares, a insulina e o glucagon parecem ser os fatores mais importantes na regeneração hepática. O encontro de grupos de hepatócitos com grande atividade regenerativa, levando à chamada regeneração patológica, é considerada importante fator de risco de carcinoma hepatocelular. Tais alterações podem ser detectadas pela fração de hepatócitos no ciclo celular, medida pela imunoexpressão de Ki-67 ou PCNA. QUADRO CLÍNICO: ▪ As manifestações clínicas da cirrose podem incluir sintomas inespecíficos quando se trata de uma cirrose compensada (anorexia, perda de peso, fraqueza, fadiga) ou sinais e sintomas de descompensação hepática, como icterícia, prurido, sinais de sangramento gastrointestinal superior (hematêmese, melena, hematoquezia), distensão abdominal por ascite e confusão devido a encefalopatia hepática. Pacientes com cirrose tb podem apresentar cãibras musculares, que podem ser graves (não se sabe direito a causa, mas pode estar relacionada com a redução do volume plasmático efetivo circulante). ▪ Em mulheres, a anovulação crônica é comum, que pode se manifestar como amenorreia ou sangramento menstrual irregular. Algumas das anormalidades podem ser devidas a variações nos níveis de testosterona, estradiol, prolactina e hormônio luteinizante. ▪ Homens com cirrose podem desenvolver hipogonadismo. Ela se manifesta por impotência, infertilidade, perda do impulso sexual e atrofia testicular. É uma característica observada predominantemente em pacientes com cirrose alcoólica e hemocromatose. ▪ À medida que a cirrose progride, os pacientes frequentemente apresentam uma diminuição da pressão arterial média. Pacientes que eram hipertensos anteriormente podem se tornar normotensos ou hipotensos. ▪ Ao exame físico pode-se ser percebido icterícia, angioma/ telangiectasias aranha (lesões vasculares que consistem em uma arteríola central cercada por muitos vasos menores; acredita-se que eles resultem de alterações no metabolismo dos hormônios sexuais; não são específicos para cirrose), ginecomastia (crescimento de mamas em homens, possivelmente causado pelo aumento da produção de androstenediona pelas suprarrenais, aumento da aromatização da androstenediona APG 12 - 4º PERÍODO 7 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 em estrona e aumento da conversão de estrona em estradiol), ascite (acúmulo de líquido na cavidade peritoneal que causa distensão abdominal, uma onda de fluido e embotamento do flanco à percussão), esplenomegalia (comum, especialmente em pacientes com cirrose de etiologia não alcoólica, sendo causada, possivelmente, pela congestão da polpa vermelha resultante da hipertensão portal), eritema palmar (exagero das manchas normais da palma da mão e acredita-se que seja causado por alterações no metabolismo do hormônio sexual), baqueteamento digital (inchaço da ponta dos dedos e alterações na unha) e asterixia (agitação das mãos). ▪ Tb tem-se hepatomegalia. Em pessoas saudáveis, o fígado geralmente não é palpável porque fica posterior à caixa torácica, mas um fígado aumentado frequentemente pode ser palpado abaixo da margem costal. Quando palpável, o fígado cirrótico tem consistência firme e nodular. O comprimento do fígado pode ser estimado usando técnicas de percussão ou o teste de raspagem. O teste de arranhão usa ausculta enquanto coça levemente a pele. A intensidade do som de coçar aumenta quando o fígado é encontrado com o dedo coçando. ▪ Os achados de cabeça e pescoço em pacientes com cirrose podem incluir: Aumento da glândula parótida (tipicamente observado em pacientes com doença hepática alcoólica provavelmente devido ao álcool, não à cirrose em si; é secundário à infiltração gordurosa, fibrose e edema, e não a uma glândula hiperfuncionante) e Fetor hepaticus (se refere a um cheiro doce e pungente no hálito de um paciente com cirrose; é causada por concentrações aumentadas de sulfeto de dimetila, cuja presença sugere desvio portal-sistêmico grave). ▪ O sopro de Cruveilhier-Baumgarten é um zumbido venoso que pode ser auscultado em pacientes com hipertensão portal. Resulta de conexões colaterais entre o sistema porta e o remanescente da veia umbilical. É melhor apreciado quando o estetoscópio é colocado sobre o epigástrio. O sopro é potencializado por manobras que aumentam a pressão intra-abdominal, como a manobra de Valsalva, e diminuído pela aplicação de pressão na pele acima do umbigo. DIAGNÓSTICO: ▪ As medidas laboratoriais mais comuns classificadas como testes da função hepática incluem os testes enzimáticos, principalmente as aminotransferases séricas (AST > ALT), fosfatase alcalina e gama-glutamil transpeptidase, a bilirrubina sérica e testes de função sintética (principalmente a concentração de albumina sérica e o tempo de protrombina). ▪ Anormalidades comuns incluem bilirrubina sérica elevada, aminotransferases anormais, fosfatase alcalina / gama-glutamil transpeptidase elevada, tempo de protrombina prolongado / razão normalizada internacional elevada (INR), hiponatremia e trombocitopenia. ▪ Pacientes com cirrose geralmente apresentam uma série de anormalidades hematológicas, incluindo vários graus de citopenia. A trombocitopenia (causada principalmente por hipertensão portal com esplenomegalia congestiva associada) é a anormalidade hematológica mais comum, enquanto a leucopenia e a anemia se desenvolvem posteriormente no curso da doença. A leucopenia e a neutropenia são devidas ao hiperesplenismo (condição médica em que, pelo aumento do volume do baço, a sua capacidade de reter e armazenar células sanguíneas aumenta). ▪ Vários testes não invasivos para o diagnóstico de cirrose foram propostos, mas nenhum ainda surgiu como padrão.Os exemplos incluem o índice de proporção de plaquetas para AST e FibroTest / FibroSure. APG 12 - 4º PERÍODO 8 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ▪ Estudos de imagem: além de avaliar o fígado, a imagem abdominal pode revelar carcinoma hepatocelular ou achados extra-hepáticos sugestivos de cirrose, como ascite, varizes, esplenomegalia e trombose hepática ou da veia porta. ▪ A ultrassonografia abdominal é normalmente o primeiro estudo radiológico obtido porque está prontamente disponível, fornece informações sobre a aparência do fígado e do fluxo sanguíneo na circulação portal, é menos dispendiosa do que outras modalidades de imagem e não expõe os pacientes a contraste intravenoso ou radiação. ▪ A TC não é usada rotineiramente no diagnóstico e avaliação da cirrose. Ele fornece informações semelhantes à ultrassonografia, mas às custas da radiação e da exposição ao contraste. Os achados da TC de nodularidade hepática, atrofia do lobo direito e hipertrofia dos lobos caudados ou esquerdos, ascite ou varizes sugerem a presença de cirrose, mas não são diagnósticos. A desobstrução da veia porta pode ser demonstrada com imagens da fase portal da TC, mas a direção do fluxo sanguíneo não pode ser determinada. ▪ O papel da imagem por ressonância magnética (RM) no diagnóstico da cirrose não é claro. Apesar do grande entusiasmo sobre o potencial da RM na avaliação de pacientes com cirrose, seu uso é limitado pelos custos, pouca tolerância do exame por parte de alguns pacientes e pela capacidade de obter informações fornecidas pela RM por outros meios. ▪ Em casos raros, os achados radiográficos sugerem a etiologia da cirrose. Um lobo caudado hipertrofiado descoberto na tomografia computadorizada (TC), por exemplo, sugere a síndrome de Budd-Chiari. A diminuição da intensidade do sinal na ressonância magnética pode indicar sobrecarga de ferro de hemocromatose hereditária. ▪ Elastografia: O aumento da cicatrização do fígado está associado ao aumento da "rigidez" do tecido. Vários métodos foram desenvolvidos para avaliar a rigidez do fígado. ▪ Estudos nucleares: o teste com radionuclídeos pode ser útil para sugerir o diagnóstico de cirrose. O coloide de enxofre 99mTc é normalmente absorvido pelas células do sistema reticuloendotelial. Em pacientes com cirrose, pode haver heterogeneidade na captação do colóide de enxofre 99mTc pelo fígado e aumento da captação pelo baço e medula óssea. Devido ao amplo uso de outras modalidades de imagem, esse teste raramente é realizado na prática clínica. ▪ Biópsia Hepática: o padrão ouro para o diagnóstico de cirrose é o exame de um fígado explantado, seja na autópsia ou após o transplante de fígado, porque a arquitetura de todo o fígado pode ser apreciada, mas na prática clínica, a cirrose é diagnosticada com uma biópsia do fígado, durante o qual uma amostra do fígado é obtida por abordagem percutânea, transjugular, laparoscópica ou com agulha fina guiada por radiografia. O método para obter a biópsia dependerá do ambiente clínico. A sensibilidade de uma biópsia do fígado para cirrose está na faixa de 80 a 100%. APG 12 - 4º PERÍODO 9 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 COMPLICAÇÕES: ▪ Por determinar profundas modificações no funcionamento do órgão e na sua circulação, a cirrose hepática tem duas repercussões principais: insuficiência hepática e hipertensão portal. Além dessas, existe também risco aumentado de carcinoma hepatocelular. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA: incapacidade do fígado de cumprir suas inúmeras funções ▪ A falência hepática pode ocorrer de 2 formas: → Aguda: quando há necrose extensa do fígado, por ingestão de drogas/medicamentos (acetaminofeno, isoniazida, halotano etc.), hepatites virais (A, B e E) e hepatite autoimune. Algumas vezes, no entanto, não há destruição considerável de hepatócitos, mas apenas estastose microgoticular, como acontece na esteatose aguda da gravidez, na síndrome de Reye e no uso de tetraciclina. → Crônica: que é a mais frequente e que surge em inúmeras situações, cujo exemplo mais notório é justamente o da cirrose. Outras causas incluem hepatites virais (VHB, VHC) e esteato- hepatites alcoólica e não alcoólica. ▪ As principais repercussões da insuficiência hepática aguda ou crônica são icterícia, diminuição na síntese de algumas proteínas e fatores de coagulação, redução na metabolização de várias substâncias, inclusive hormônios, disfunção renal e encefalopatia hepática. ▪ Síndrome hepatorrenal consiste em falência renal sem lesões aparentes nos rins em indivíduos com hepatopatia grave. A patogênese da síndrome não é bem conhecida, parecendo dever-se a alterações hemodinâmicas nos rins que levam a redução na filtração glomerular e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Nesses casos, insuficiência renal aguda pode ser precipitada por infecções ou hemorragias. ▪ A encefalopatia hepática caracteriza-se por um conjunto de manifestações neuropsíquicas (alterações de personalidade, da capacidade intelectual e da consciência, tremores musculares e, nos casos graves, coma) provocadas por distúrbios metabólicos no cérebro. Estes decorrem de: (1) falência do fígado em metabolizar certas substâncias consideradas tóxicas para o sistema nervoso; (2) desvio do sangue portal para o sistema cava, sem passar pelo fígado; neste último caso, é preferível a expressão encefalopatia portossistêmica, pois os distúrbios cerebrais ocorrem em condições em que existe curto-circuito do sangue portal para a circulação sistêmica através de colaterais neoformadas ou de anastomoses cirúrgicas feitas entre os dois sistemas. Essa distinção é importante porque a passagem do sangue portal para a circulação sistêmica pode ocorrer em fígado funcionalmente preservado, como acontece, por exemplo, na anastomose esplenorrenal usada no tratamento da hipertensão portal esquistossomótica. Na cirrose hepática, a desestruturação vascular do fígado leva à formação de shunts portossistêmicos intra-hepáticos, sendo difícil distinguir o papel desempenhado pelo curto-circuito daquele atribuível à falência hepatocelular. HIPERTENSÃO PORTAL: ▪ Consiste no aumento da pressão hidrostática no interior do sistema portal. Este se origina nos capilares dos intestinos e nos sinusoides da polpa esplênica, sendo a veia porta formada pela confluência da veia esplênica com as veias mesentéricas superior e inferior. Dois terços do fluxo hepático de 1.500 mL de sangue por minuto são fornecidos pelo sistema portal, enquanto a artéria hepática é responsável por metade do fornecimento de oxigênio ao fígado. APG 12 - 4º PERÍODO 10 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 ▪ A rede sinusoidal hepática oferece baixa resistência ao fluxo sanguíneo, sendo sua pressão menos de 7 mmHg acima daquela da veia cava inferior. Pressões acima de 17 mmHg no tronco da veia porta caracterizam HP; quando a pressão de oclusão é superior a 8 mmHg, trata-se de hipertensão pós-sinusoidal. A pressão de oclusão é obtida pela cateterização das veias supra- hepáticas até o momento em que o cateter oclui um ramo de igual calibre, acreditando-se que seja essa a medida da pressão sinusoidal. O aumento da resistência ao fluxo sanguíneo em qualquer ponto do sistema portal leva a HP. ▪ A HP pode ser: → Pré-sinusoidal: o Pré-hepática: trombose ou invasão neoplásica do tronco da veia porta e/ou esplênica, esplenomegalia com aumento do fluxo esplênico. o Hepática: fibrose portal esquistossomótica, fibrose hepática congênita, sarcoidose, toxinas, esclerose hepatoportal, hepatite crônica ativa. → Sinusoidal: o Cirrose hepática (que tem também componente pós-sinusoidal), hepatite alcoólica, substâncias citotóxicas, intoxicação pela vitamina A. → Pós-sinusoidal: o Hepática: cirrose, doença veno-oclusiva e esclerose hialina centrolobular das esteato-hepatites o Pós-hepática: síndrome de Budd-Chiari,compressão ou membranas nas veias hepáticas, obstrução da veia cava inferior (trombose, invasão neoplásica, membranas), doenças cardíacas (defeitos da valva tricúspide, pericardite constritiva). ▪ O estado hipertensivo deve-se a vários fatores: (1) incremento do fluxo sanguíneo portal, por alterações na circulação esplâncnica (vasodilatação arterial, com aumento do sangue venoso); (2) aumento da resistência ao fluxo sanguíneo nos sinusoides hepáticos, por compressão destes por nódulos e fibrose, contração da musculatura dos vasos por liberação de fatores vasoconstritores (endotelina, angiotensina), contração de miofibroblastos e redução na síntese de óxido nítrico; (3) anastomoses arteriovenosas (shunts portais), situação em que o sangue arterial, com pressão elevada, é lançado diretamente no sistema venoso. ▪ As manifestações clínicas da HP resultam das alterações hemodinâmicas e se expressam por: → Esplenomegalia (consequência importante desse quadro é o estado de hiperesplenismo, que se manifesta por plaquetopenia ou pancitopenia); → Formação de colaterais portossistêmicas: se formam em razão do desvio do sangue portal, cuja chegada ao sistema cava é bloqueada por obstrução em vários nívei s. Com isso, formam- se colaterais através das veias esofagocardiotuberositárias, o que resulta em varizes do esôfago, cujo sangramento é manifestação clássica da HP. A expressão clínica mais evidente desse quadro é hematêmese, que pode levar a choque hipovolêmico, podendo o sangramento manifestar-se também por melena ou anemia progressiva. O shunt portossistêmico pode se fazer também através dos plexos hemorroidários, sendo a HP uma das causas pouco comuns a serem lembradas no diagnóstico diferencial de hemorroidas. Outra manifestação de circulação colateral é a cabeça de medusa, na região umbilical. Consequência importante do shunt portossistêmico é a encefalopatia portossistêmica. Caput medusa: Quando a hipertensão portal ocorre como resultado de cirrose, a veia umbilical, normalmente obliterada no início da vida, pode abrir. O sangue do sistema venoso portal pode ser desviado através das veias periumbilicais para a veia umbilical e, APG 12 - 4º PERÍODO 11 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 finalmente, para as veias da parede abdominal, tornando-as proeminentes. Diz-se que essa aparência lembra a cabeça (caput) da mítica Górgona Medusa. → Ascite: nos cirróticos, além da hipoalbuminemia por comprometimento funcional dos hepatócitos, há maior retenção de sódio pelos rins, por ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona, o que realimenta a ascite. O líquido ascítico é um transudato cujo baixo nível proteico (< 3mg/dL) favorece, pela falta de opsoninas, o surgimento de infecção por bactérias Gram-negativas, que podem provocar peritonite bacteriana espontânea, que é grave se não tratada precocemente; a cultura do líquido ascítico nem sempre é positiva. A confirmação desse diagnóstico é feita por exame citológico do líquido ascítico, que mostra neutrófilos em número superior a 250 a 500/mm3. A citologia desse líquido serve também para o diagnóstico diferencial de outras causas de ascite e, eventualmente, para identificar transformação maligna de nódulo cirrótico. Objetivo 2 – Relação do alcoolismo com a cirrose hepática e as neoplasia hepáticas: ▪ O etanol é absorvido rapidamente no trato gastrointestinal e distribuído aos tecidos. Como menos de 10% são eliminados pelos pulmões e pelos rins, todo o restante é oxidado predominantemente no fígado, o que explica em parte por que este órgão é tão afetado. Três são as vias de metabolismo do álcool no fígado, todas elas levando à formação de acetaldeído: (1) via da álcool desidrogenase (ADH), que ocorre no citosol, em que o hidrogênio é transferido do etanol para o cofator nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD, convertendo-o em NADH – forma reduzida). O NAD é necessário para a oxidação de ácidos graxos e para a conversão do lactato em piruvato; (2) sistema microssomal de oxidação no retículo endoplasmático, por meio do citocromo P-450, que envolve principalmente o citocromo P-450 2E1 (CYP2E1). Aumento de atividade da CYP2E1 pode ser induzido por maior consumo do álcool, o que explica a tolerância que se desenvolve em alcoolistas crônicos. Também estão envolvidas CYP1A1, CYP3A e CYP4A. A ação da CYP2E1 sobre o etanol gera radicais livres de O2; (3) via da catalase, que se faz nos peroxissomos, menos importante e responsável por apenas 10% do metabolismo do álcool. Em alcoolistas, no entanto, há aumento do metabolismo do álcool nos peroxissomos. Nas mitocôndrias, o acetaldeído é convertido em acetato e acetil CoA pela enzima aldeído desidrogenase (ALDH), reação que também consome NAD. Nesse complexo processo metabólico, ocorrem: → Redução na relação NADH/NAD, que leva a: (a) aumento na síntese e esterificação de ácidos graxos; (b) redução na oxidação de ácidos graxos; (c) acúmulo de ácido lático e acidose → Geração de acetaldeído, que tem vários efeitos nas células. De um lado, seu metabolismo aumenta a acetil CoA, o que favorece a síntese de ácidos graxos. De outro, promove peroxidação lipídica e formação de adutos (produto de adição) com proteínas e DNA. A peroxidação de lipídeos interfere com membranas celulares, microtúbulos e microfilamentos APG 12 - 4º PERÍODO 12 RAYNARA ALMEIDA – TURMA 4 → Produção de radicais livres, que interagem com proteínas, alteram a integridade de membranas celulares e induzem a liberação de citocinas, sobretudo TNF (fator de necrose tumoral). → Lesão mitocondrial, que reduz a oxidação de ácidos graxos. ▪ O conjunto dessas alterações metabólicas converge para várias modificações nos hepatócitos. No início, a lesão mais evidente é esteatose (acúmulo de ácidos graxos). A persistência da agressão acompanha-se da liberação de citocinas, o que leva a uma reação inflamatória (hepatite). Destruição hepatocitária induz regeneração hepática e neoformação conjuntiva, o que pode, em certo número de pacientes, evoluir para cirrose e neoplasia.
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