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9 MARCAS DE UMA IGREJA SAUDÁVEL - EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA - VINICIUS MUSSELMAN

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Copyright © 2020,
Editora Cristã Evangélica
Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição
reservados.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em
qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia,
gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco
de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica
(lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com
indicação da fontes
As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e
Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto
indicações de outras versões.
Editora filiada à
Associação de Editores Cristãos
Diretor
Abimael de Souza
Consultor
John D. Barnett
Editor-Chefe
André de Souza Lima
Editor da Série
Vinícius Musselman Pimentel
Autor das lições
Vinícius Musselman Pimentel
Assistente Editorial
Isabel Cristina D. Costa
Capa | Projeto Gráfico e Diagramação
Henrique Martins Carvalho
Programação
André de Sousa Borovina
 
Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial
12235-625 São José dos Campos-SP
comercial@editoracristaevangelica.com.br
www.editoracristaevangelica.com.br
Telefax: (12) 3202-1700
mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br
http://www.editoracristaevangelica.com.br/
Ainda me lembro do impacto que o Intensivo de 9Marcas causou
em minha vida pessoal e na minha visão de igreja. 
Cheguei com a expectativa de aprender alguma coisa a mais
sobre crescimento de igreja e entendi que deveria começar de
um ponto mais básico:
revendo o que é igreja.
Naqueles dias, fui edificado por pregações expositivas; ouvi
crentes falando de teologia bíblica nos grupos de estudo bíblico;
percebi uma forte convicção do evangelho no testemunho de
cada batizando; nas discussões dos presbíteros sobre os novos
membros, compreendi o entendimento bíblico que eles têm da
conversão, da evangelização e da membresia na igreja. Ainda
me lembro do seminário sobre disciplina. Quão intrigantes
foram as perguntas, e como Dever respondeu que antes de
aplicar esse entendimento na igreja, você deveria pregar sobre
o tema por quatro ou cinco anos! Nos corredores, nas
conversas, nos testemunhos, vi também que a ideia de
discipulado está presente e que desenvolvimento de liderança é
algo que faz parte do dia a dia, e não é um evento.
Uma inquietação paira na mente de todos os que participam, e
a pergunta é inevitável: o que fazer quando voltar para casa? O
que mudar? Como viver a vida cristã de maneira a demonstrar
essa visão mais simples de uma igreja cuja estrutura é
submetida às convicções bíblicas?
Enviado pela Editora Cristã Evangélica, nossa resposta não
podia ser outra: produzir algo que aumente o compartilhamento
dessas verdades fundamentais para a vida de uma igreja
frutífera. Oramos para que estas lições sejam instrumento de
Deus a fim de ajudar você a desenvolver uma visão bíblica de
igreja, uma experiência bíblica do evangelho de Cristo e o que
ele faz na vida do pecador.
Leia as lições, promova estudos em grupos, aprofunde-se nos
livros indicados, discuta, aplique e promova saúde na sua igreja
local por meio de meditar nessas verdades bíblicas
fundamentais.
André de Souza Lima
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– Sumário –
O que é uma igreja saudável?
A igreja do Deus trino
Marca 1: Pregação expositiva
Marca 2: Teologia bíblica
Marca 3: Evangelho
Marca 4: Conversão
Marca 5: Evangelização
Marca 6: Membresia
Marca 7: Disciplina
Marca 8: Discipulado
Marca 9: Liderança
A igreja é o evangelho visível
Cristo planejou que Seus discípulos vivessem em
uma comunidade 
de outros discípulos que iriam lhes ensinar a
obedecer a tudo quanto Ele ordenara.
INTRODUÇÃO
Vivemos hoje em uma sociedade que trocou a definição bíblica de
amor por uma visão marcada de individualismo e consumismo, com
fobia a comprometimentos e instituições. Jonathan Leeman, em seu
livro A Regra do Amor (2019), aponta que o imaginário amoroso
propagado no Romantismo do séc. XVIII era de casais
perdidamente apaixonados que se colocavam contra todas as
estruturas, hierarquias e tradições do passado em prol do que
queriam e sentiam.
Assim, a autorrealização e a autoexpressão foram exaltadas como
as marcas fundamentais do amor. Em vez de autonegação, as
pessoas buscam alguém que as aceite como elas são. Em vez de
altruísmo, desejam alguém que as complete, que as faça felizes e
realizadas. Quando, porém, valorizamos o “eu” acima dos outros,
passamos de uma troca relacional para o consumismo, no qual
usamos coisas e pessoas para nosso próprio proveito. Dentro dessa
visão, comprometer-se com algo é restringir possibilidades de
felicidade.
Discuta 
1. Como homens e mulheres influenciados pelo individualismo e pelo
consumismo veem a igreja?
2. Como pessoas influenciadas pela fobia por comprometimentos e
instituições veem a igreja?
3. Você já percebeu algo assim em seu comportamento? E em sua igreja,
vê algum sinal disso?
1. IGREJA: O PLANO DE JESUS
“A igreja não é um acessório; é a forma de seguir a Jesus.” (Dever, 2018,
p.16)
Mateus é o único que registra a palavra “igreja” nos lábios de Jesus
(Mt 16.18; 18.17). É claro que, para o evangelista, a vida cristã deve
ser vivida em comunidade. Na Grande Comissão, Jesus orientou os
apóstolos sobre o que fazer após Sua partida. Eles deviam fazer
discípulos. Deviam proclamar o evangelho e batizar aqueles que
recebessem a Palavra, submetendo-se à suprema autoridade do
Rei Jesus. Entretanto, a comissão não para por aí. O Senhor
orientou os novos discípulos a não viverem desraigados, e sim
debaixo do ensino apostólico, aprendendo a obedecer a tudo quanto
o Mestre ordenara.
Discípulos que fazem novos discípulos, que vivem na
comunidade dos santos, aprendendo a viver seu discipulado e
a fazer novos discípulos.
E é justamente isso que os apóstolos fizeram. Quando lemos Atos,
vemos que, de forma geral, os apóstolos não foram evangelizando
pessoas e deixando-as dispersas, mas plantando igrejas e reunindo
os novos discípulos nessas comunidades.
Discuta 
1. Diante do padrão do Novo Testamento, é normal um cristão não se unir a
uma igreja local?
2. O que Hebreus 10.24-25 nos ensina sobre a vida comunitária do cristão?
3. Observe o contexto de Hebreus 10.19-27. Por que o mandamento de
não deixar de congregar é importante?
2. O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL?
Se é importante que o cristão viva unido a uma igreja, precisamos
então entender o que ela é e o que ela não é. Hoje, diversas
rejeições à igreja se devem por auditórios que podem até ter placa
com a inscrição “igreja”, porém, como Jesus mesmo disse, são
sinagogas de Satanás (Ap 3.9).
Quando sondamos o Novo Testamento, percebemos que há
momentos em que o termo “igreja” é usado no singular e outras
vezes, no plural. Hebreus 12.22-23 trata sobre a “assembleia
universal e igreja dos primogênitos arrolados nos céus”. É isso que
os teólogos costumam chamar de “igreja universal”. O texto nos diz
de uma única igreja, que é universal e cujo rol de membros está nos
céus. A igreja universal é composta de todos os eleitos, de todos os
tempos e de todos os lugares. Só Deus sabe quem está arrolado
nessa bendita assembleia.
No entanto, o uso da palavra no Novo Testamento parece ser não
no sentido universal, mas sim no sentido local — uma assembleia
que se reúne em determinado local e tempo, cujos membros estão
arrolados na terra (as sete igrejas em Apocalipse 1-3; as igrejas da
região da Galácia e da Judeia, em Gálatas 1.2,22).
Os usos, porém, nem sempre são tão nítidos e distintos quanto
gostaríamos. Um dos assuntos que a Epístola aos Efésios trabalha
é a unidade entre judeus e gentios na igreja local, porém, Paulo
constantemente fundamenta isso na unidade de um só corpo (Ef
4.4), porque a “união universal [de um crente com Cristo e com
todos os crentes] precisa ter uma existência viva e atuante em uma
igreja local”. (Dever, 2018, p.34)
Além de universal e local, a Reforma Protestante trouxe outra
distinção importante: verdadeira e falsa. Nem tudo aquilo que se diz
igreja é, de fato, umacongregação de Cristo. Então, como
diferenciar? Na teologia católica romana, a estrutura hierárquica
visível é o fator diferenciador, porém, a Reforma colocou o
evangelho como critério de identificação. Onde o evangelho é
puramente pregado, e a ceia e o batismo são corretamente
administrados (sem macular o evangelho), aí se tem uma igreja
verdadeira.
Os herdeiros da Reforma perceberam que além da distinção entre
verdadeira e falsa, outra era útil: distinguir entre igrejas mais ou
menos puras — o que hoje chamamos de saudável. Há igrejas mais
puras ou saudáveis e igrejas menos puras ou menos saudáveis, ou
mais doentes. Infelizmente, algumas igrejas se degeneraram tanto
que são igrejas mortas ou sinagogas de Satanás. Um lugar onde a
Palavra não é exposta e o evangelho de Cristo não é pregado não é
uma igreja verdadeira, mesmo que repita milhares de vezes o nome
de Jesus.
Discuta 
1. Por que é importante fazer essas distinções entre igreja universal e local,
falsa e verdadeira, doente e saudável?
2. O que é uma igreja saudável para você? Liste marcas importantes que
uma igreja ideal deveria ter.
3. Em qual ordem você colocaria essas marcas?
3. O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL
PARA DEUS?
Por mais que as perguntas anteriores sejam importantes, a mais
importante que devemos fazer é: o que é uma igreja saudável para
Deus? Como Mark Dever coloca:
“Deus criou a igreja, e isso implica que ele possui toda a
autoridade na igreja.
Deus nos diz o que a igreja é e como ela deve funcionar.”
(Dever, 2015, p.30)
Nossa lista demonstra o que é mais importante para nós, porém, ela
precisa se conformar às prioridades do Rei. Cristo fundou a igreja e
a comprou com Seu sangue, para apresentá-la perfeita (Mt 16.18; At
20.28; Ef 5.25-27). Seria pretensão nossa, que nem mesmo
conseguimos respirar sem Cristo, achar que podemos definir como
a assembleia de Jesus deve se organizar e se comportar, ou pensar
que nossos métodos são melhores que os planos Daquele que sabe
todas as coisas, o princípio e o fim, e que enviou Seu Espírito para
operar poderosamente na igreja com os meios que Ele prescreveu.
Nas últimas décadas, muitos experts em igreja, prometendo
crescimento numérico, ano após ano, trouxeram novas modas que
iriam “revolucionar” a igreja. Isso sem contar aqueles que pretensa e
arrogantemente afirmavam ter achado o segredo para o sucesso da
igreja — insinuando que Jesus deixou Sua amada igreja dois mil
anos sem informação tão importante.
Se há um expert em igreja, alguém que a conhece nos mínimos
detalhes, que sabe com perfeição o que lhe fará bem ou mal, esse é
Quem é mais sábio que Salomão. Jonathan Edwards expressou de
forma belíssima:
“Quaisquer que sejam as maneiras de se constituir a igreja que
nos pareçam oportunas, adequadas e razoáveis, a questão é,
não qual constituição da igreja de Cristo parece conveniente
para a sabedoria humana, mas qual constituição foi realmente
estabelecida pela infinita sabedoria de Cristo.” (Edwards citado
por Dever, 2001, p.305)
Não importa o que parece certo para nós, importa o que Jesus
ordenou. Ele governa Sua igreja por meio do cetro da Escritura.
Essa verdade traz imensa liberdade a pastores e igrejas. Isso
porque não mais precisam se exaurir tentando surfar a última
tendência. Eles podem ser ativamente fiéis, plantando e regando,
confiando que é Deus que dá o crescimento (1Co 3.6-7), podem
focar mais em ser fiéis do que bem-sucedidos ao olhos do mundo
(1Co 4.1-5).
Discuta 
1. Você já ouviu alguma proposta de crescimento de igreja? Qual a última
tendência na sua região?
2. Qual seria a lista de Deus para uma igreja saudável?
3. Qual você imagina que seria a ordem de prioridade de Deus?
CONCLUSÃO
Conforme avançamos para refletir sobre as nove marcas de uma
igreja saudável, como propostas pelo Pr. Mark Dever, é importante
fazer algumas observações que o próprio autor destaca no prefácio
de seu livro. Estas não são todas as marcas possíveis de uma igreja
saudável, nem é um inventário completo de todos os sinais de
saúde da igreja. Talvez você sinta falta de alguma que considera
crucial. Dever e o ministério 9Marks, porém, entenderam que é
estratégico, fiel e correto continuar focalizando a atenção dos
cristãos nestes assuntos específicos. As nove marcas são:
Marca 1: Pregação Expositiva
Marca 2: Teologia Bíblica
Marca 3: O Evangelho
Marca 4: Um Entendimento Bíblico da Conversão
Marca 5: Um Entendimento Bíblico da Evangelização
Marca 6: Um Entendimento Bíblico da Membresia na Igreja
Marca 7: Disciplina Bíblica na Igreja
Marca 8: Interesse pelo Discipulado e Crescimento
Marca 9: Liderança Bíblica na Igreja
Cabe ressaltar também que há uma sequência lógica entre elas.
Conforme a Palavra é exposta, a igreja desenvolve uma teologia
que é saturada pela Bíblia e aprende com maior clareza o
evangelho. Isso fará com que saiba diferenciar as evidências do
arrependimento e da fé que seguem um entendimento bíblico da
conversão, e assim poderá evangelizar de forma mais bíblica. À
medida que as pessoas se convertem, elas devem unir-se a uma
igreja local, a qual precisa ter seu cercado bem delimitado pela
membresia e pela disciplina bíblica. Dentro desse cercado, um pasto
verdejante de vida cristã e discipulado vai levar a igreja a crescer e
formar líderes que vão pregar fielmente a Palavra — e voltamos ao
princípio.
Por fim, se essas marcas não são uma nova tendência, mas
resumos dos ensinos bíblicos sobre a igreja, então elas não são
opcionais. Se expressam aquilo que Jesus quer em todos os tempos
para Seu povo, então não podemos escolher qual marca preferimos,
mas precisamos buscar ter todas em nossas igrejas. Não podemos
achar que eram para outros tempos, mas precisamos compreender
que são também para o nosso século.
Certamente, o tempo e o modo como serão implantadas vão
depender da prudência pastoral e de caso a caso; bem como a
forma e o tempero de como cada marca se mostrará. Entretanto,
uma coisa é certa: quanto mais significativas e intencionais essas
marcas forem, mais encontraremos uma igreja saudável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Jonathan Leeman, Regra do Amor: Como a Igreja Local Deve Refletir o Amor e a
Autoridade de Deus (São José dos Campos, SP: Fiel, 2019).
Mark Dever (ed.), Polity: Biblical Arguments on How to Conduct Church
Life (Washington D.C.: Center for Church Reform, 2001).
Mark Dever, Nove Marcas de uma Igreja Saudável (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2018).
Mark Dever, Igreja: O Evangelho Visível (São José dos Campos, SP: Fiel, 2015).
MAIS RECURSOS
Mark Dever, O que é uma Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2015).
Thabiti Anyabwile, O que É um Membro de Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José
dos Campos, SP: Fiel, 2016).
O evangelho salva um povo, a igreja, dando--lhe
um novo relacionamento com o Deus Trino.
INTRODUÇÃO
“A igreja é um povo, não um lugar, nem uma estatística.
É um corpo, unido a Cristo, que é a cabeça. É uma família,
unida por adoção por meio de Cristo.” (Dever, 2015. p.47)
Muitos tratam a igreja como se ela fosse algo optativo, pensando
que, se não é necessária para a salvação, então não é importante.
Certamente a salvação é somente por meio da fé em Cristo, porém,
separar a igreja do evangelho, do Deus Trino e dos planos de Deus
é grande erro.
Em Gálatas 1.1-9, Paulo abre a epístola falando do evangelho de
nosso Senhor Jesus Cristo, “o qual entregou a si mesmo pelos
nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso...” (v.4). Esse
evangelho gerou igrejas (v.2). Agora em contrapartida, as igrejas
devem proteger o evangelho das falsificações, mesmo que alguém
chegue com uma carteirinha de apóstolo ou seja um “anjo vindo do
céu” (v. 8-9), se pregar um evangelho falso, a igreja deve rejeitá-lo.
Assim, o evangelho gera a igreja, e a igreja deve promover e
proteger o evangelho. Há uma relação íntima entre o evangelho e a
igreja. Ao desprezar a igreja, menosprezamos aquilo que a obra de
Cristo realizou e como o Senhor planejou que Seu evangelho fosse
protegido e promovido, afinal a igreja do Deus vivoé coluna e
fundamento da verdade (1Tm 3.15).
Mas isso não é tudo. O evangelho concede à cada cristão e à igreja
um novo relacionamento com o Deus Trino. Em Efésios 2.11-22,
Paulo mostra como, “por meio da cruz”, Jesus destruiu a inimizade
entre Deus e os homens, e entre os povos distintos (em Efésios,
Paulo ressalta a parede da separação que havia entre judeus e
gentios). Na cruz, Jesus uniu Seus remidos a Si mesmo, ao Seu
corpo. Agora, todos os salvos são corpo do Filho; e, se estão unidos
com o Filho, são da família do Pai e templo do Espírito, assim como
o Ungido o é. Esse relacionamento não é temporário, é eterno. A
igreja sempre será família do Pai, corpo do Filho e templo do
Espírito.
Se a igreja está tão intimamente relacionada com o Deus Trino e
Seu plano de salvação, não é de estranhar que ela esteja no centro
dos planos de Deus. O Pai eternamente planejou glorificar Seu
Filho, e parte desse propósito envolve colocar “todas as coisas
debaixo dos pés de Cristo e, para [Jesus] ser o cabeça sobre todas
as coisas, o deu à igreja” (Ef 1.22). Cristo é exaltado, e a igreja
exaltada juntamente a Ele. Em contrapartida, o Filho glorifica o Pai,
e se a igreja está unida ao Filho, ela também glorifica o Pai. Veja
como Paulo coloca essa realidade em Efésios 3.21: “a ele seja a
glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo
o sempre. Amém!”
Uma das formas pelas quais o Pai é glorificado por meio da igreja é
quando a “multiforme sabedoria de Deus se torna conhecida dos
principados e das potestades nas regiões celestiais” (Ef 3.10), por
causa do mistério revelado de que “os gentios são coerdeiros,
membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo
Jesus por meio do evangelho” (Ef 3.6).
Assim, o propósito de Deus é que a igreja O glorifique pelo que ela é
e pelo que ela faz. O ministro do século XIX, Charles Bridges,
expressa isso de forma magnífica: “A igreja é o espelho que reflete a
completa fulgência do caráter divino. É o grande cenário, no qual as
perfeições de Jeová são exibidas para o universo.” (Bridges, 1967)
Assim vemos que a igreja está ligada intimamente com as três
verdades preciosas da fé cristã: o evangelho da nossa salvação; o
Deus Trino, que nos salva; e o propósito de Deus em glorificar a Si
mesmo. Ela não é trivial, nem opcional. Ela é amada pelo Deus
Altíssimo, que a comprou com o Seu próprio sangue (At 20.28).
Discuta 
1. Normalmente, pensamos em nosso relacionamento pessoal com Deus.
Você já havia pensado sobre a relação comunitária da igreja com o Deus
Trino?
2. De que formas a igreja traz glória a Deus, pelo que ela é e pelo que ela
faz?
3. Diante do que foi discutido, você acha que a igreja é importante aos
olhos de Deus? Quais são alguns problemas de menosprezarmos a
igreja?
1. FAMÍLIA DO PAI
Um dos maiores privilégios da vida cristã é ser adotado por Deus,
poder chamar o Pai de Cristo de “Pai nosso, que estás nos céus”.
Se estamos unidos com o Filho, compartilhamos das bênçãos da
união e do relacionamento que Ele tem com o Pai.
O Filho é eternamente gerado pelo Pai; e nós, por crermos em
Cristo, somos nascidos de Deus (1Jo 5.1). Por estarmos no Verbo,
fomos gerados pela palavra da verdade de Deus e regenerados
mediante a Sua palavra viva e permanente para uma viva
esperança (Tg 1.18; 1Pe 1.3,23).
Assim como o Pai ama o Filho, somos amados em Deus Pai (Jd 1;
2Ts 2.16). De forma maravilhosa, Jesus nos diz que o Pai nos ama
com o mesmo amor que tem pelo Filho (Jo 17.22). Assim como o
Filho é um com o Pai e desfruta de plena comunhão com Ele, nós
também (Jo 17.20-22; 1Jo 1.3). Nós estávamos longe, mas fomos
aproximados (Ef 2.13).
E se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e
coerdeiros com Cristo de uma herança que não pode ser destruída,
que não fica manchada, que não murcha, que está reservada nos
céus para nós (Rm 8.17; Tt 3.7; 1Pe 1.4). De fato, sermos
chamados filhos de Deus é demonstração maravilhosa do grande
amor que o Pai nos tem concedido (1Jo 3.1).
Assim, como o Pai “nos predestinou para ele, para sermos adotados
como seus filhos”, Ele nos escolheu para sermos santos e
irrepreensíveis (Ef 1.4-5). Tal Pai, tal Filho, tais filhos. Pois nosso Pai
é santo, somos chamados a ser santos em todo o nosso
procedimento, lembrando que nosso Pai julga as obras de cada um
sem acepção de pessoas (1Pe 1.14-17). Deus Se importa tanto com
Sua família que disciplina, em amor, Seus filhos para serem
participantes da Sua santidade (Hb 12.10).
Somos chamados a amar o Pai e o Filho (1Jo 5.1); e somos
chamados ao amor fraternal não fingido — a amar de coração e
ardentemente nossos irmãos, pois fomos regenerados pela semente
do Deus, que é amor (1Pe 1.22-23). A marca dos filhos de Deus é o
amor; e isso é tão crucial que, se alguém afirma amar o Pai, mas
não ama seus irmãos, é considerado mentiroso, pois “quem não
ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não
vê” (1Jo 4.20). Não há como falar que ama a Deus sem amar a
igreja. A família do Pai deve ser um lar de amor.
Discuta 
1. Quais são as implicações práticas de sermos família do Pai para nossa
vida de igreja?
2. Faz sentido alguém dizer que ama o Pai, mas se recusa a amar a família
Dele?
2. CORPO DO FILHO
Uma das mais importantes e negligenciadas doutrinas da salvação é
a união com Cristo. Como vimos, desfrutamos de um novo
relacionamento filial com Deus por estarmos no Filho. Millard
Erickson aponta, em sua Introdução à Teologia Sistemática,
diversas implicações de sermos corpo de Cristo. (Erickson, 1997, p.
441-442)
Primeiro, se somos corpo, Ele é a cabeça. O Pai O exaltou e pôs
todas as coisas debaixo de Seus pés, para que em todas as coisas
o Filho tivesse a primazia (Ef 1.22-23; Cl 1.18). Além disso, como
corpo, estamos unidos à cabeça. A igreja, como noiva de Cristo,
está unida espiritualmente ao Senhor e, assim como o marido é o
cabeça da mulher, “Cristo é o cabeça da igreja, sendo ele próprio o
salvador do corpo”, provendo tudo o que a sua amada precisa para
ser apresentada “gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa
semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.22-33). Cristo supre,
alimenta e cuida do Seu corpo como cuidamos do nosso (Ef 5.29-
30; Cl 2.19). Como esposa de Cristo, a igreja é submissa e sujeita à
piedosa liderança de seu Senhor (Ef 5.24).
Em segundo lugar, se somos corpo de Cristo, somos,
individualmente, membros desse corpo e estamos interligados uns
aos outros (1Co 12.27). Não há como afirmar estar unido com
Cristo, mas não se unir aos outros membros do corpo de Cristo.
Paulo ensina que, quando partimos o pão na ceia simbolizando
nossa comunhão com Cristo, isso invariavelmente também fala
sobre nossa comunhão, porque “nós, embora muitos, somos
unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do
único pão” (1Co 10.17).
As implicações dessa realidade são maravilhosas. Aqui estão
quatro.
a. União: nossa união em Cristo é maior que nossas diferenças
étnicas ou sociais (1Co 12.12-13; Ef 2.11-16; Cl 3.11), por isso
devemos preservar e crescer em unidade de fé (Ef 4.1-4,11-16).
Porque Cristo não está dividido, não deve haver divisões entre nós
(1Co 1.10-13).
b. Interligação: dependemos uns dos outros a ponto de um membro
do corpo não poder dizer que não precisa do outro (1Co 12.15-25).
Os dons e o serviço amoroso de cada membro são necessários
para a edificação do corpo (Rm 12.3-8; 1Co 12; Ef 4.15-16; Cl
2.19).
c. Sintonia: sermos um só corpo significa que “se um membro sofre,
todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros
se alegram com ele” (1Co 12.26). Choramos com os que choram e
nos alegramos com os que se alegram (Rm 12.15).
d. Extensão: quando vivemos esse amor em união, interligação e
sintonia, refletimos o caráter de Cristo em nosso mundo, tornamos
o evangelho visível (Jo 13.35). Como Seu corpo, somos a
extensão de Seu ministério na terra, sendo chamados a continuar
a proclamação do evangelho do Verbo de Deus e a extensão da
compaixão do Supremo Pastor (Mt 28.10-20; Jo 14.12).
Quandobatemos nosso dedinho do pé em um móvel, percebemos
como cada membro do nosso corpo está unido ao todo, como todos
sofremos se o menor de nós sofre, e como cada parte do nosso
corpo é importante para caminharmos em serviço neste mundo.
Discuta 
1. Quais são as implicações práticas de sermos corpo do Filho para a
nossa vida de igreja? Liste pelo menos três.
2. Faz sentido alguém dizer que tem comunhão com Cristo, mas se recusa
a unir-se ao corpo Dele? Por quê?
3. TEMPLO DO ESPÍRITO
No Antigo Testamento, podemos ver que o templo era o foco,
o locus, da glória de Deus na terra, o lugar onde Deus Se
encontrava com Seu povo. No Novo Testamento, porém, Cristo
ensina que Seu corpo era o templo que seria destruído, mas em três
dias seria reconstruído (Jo 2.19-22). Jesus é o templo verdadeiro,
onde a glória de Deus habita e onde nos encontramos com Deus.
Como a igreja está unida com Cristo, ela também é “casa
espiritual” (1Pe 2.4-8), edifício e santuário de Deus (1Co 3.9,16-
17), “... para serem morada de Deus no Espírito” (Ef 2.21-22). Ou
seja, a igreja é o templo onde a glória de Deus habita e onde nos
encontramos com Deus neste mundo. Quando a igreja se reúne
para proclamar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz...” (1Pe 2.9-10), Deus está presente de
forma mais profunda do que quando adoramos sozinhos.
Por ser habitada pelo Espírito (que é) Santo e Deus andar entre nós,
a igreja é chamada a ser santuário dedicado ao Senhor (Ef 2.21-22)
e andar em pureza (2Co 6.14-7.1). Cada crente é uma pedra viva
desse santuário e chamado para ser sacerdócio santo, a fim de
oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de
Jesus Cristo (1Pe 2.4-8).
Como pedra viva, nenhum crente é dispensável. Estarmos juntos,
exercendo nosso papel, é crucial para o edifício crescer. Precisamos
todos desempenhar o papel de sacerdotes reais. O fato de sermos
sacerdotes não significa que vamos a Deus diretamente e não
precisamos de mediadores, assim não precisamos da igreja. De
fato, Cristo é o único mediador, e não precisamos de outros
mediadores humanos. Contudo, não somos sacerdotes para nós
mesmos, mas uns para os outros. Nós ministramos e intercedemos
uns pelos outros para que, por meio do nosso serviço, nossos
irmãos possam se achegar mais perto de Deus.
Discuta 
1. Quais são as implicações práticas de sermos templo do Espírito para
nossa vida de igreja?
2. Faz sentido alguém afirmar ser habitado pelo Espírito, mas achar que
não tem problema ter um buraco com uma pedra a menos no edifício de
Deus?
CONCLUSÃO
[...] cada um de nós que somos discípulos do Senhor Jesus Cristo prestará
contas de haver ou não congregado regularmente na igreja, estimulado a
igreja ao amor e às boas obras e lutado para manter o ensino correto da
esperança do evangelho (Hb 10.23-25). (Dever, 2015, p.23)
Essas três imagens da igreja demonstram a importância de nos
envolvermos com ela. Antes de listar as nove marcas de saúde
propostas pelo Pr. Mark Dever, é importante compreendermos que
todos somos responsáveis para que a igreja seja edificada.
Em Efésios 4, Paulo alerta contra erros doutrinários que podem
minar a unidade que temos em Deus e no evangelho, a qual
precisamos preservar. E para que possamos fugir da imaturidade e
crescer conforme a estatura de Cristo, ao subir aos céus, nosso
Senhor deu dons a todos os santos. Os ministros da Palavra foram
dados a fim de treinarem e aperfeiçoarem os santos para o
desempenho do serviço e ministério dos santos (v.12) — não para
realizar todo o trabalho. E “todo o corpo, bem-ajustado e
consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a
edificação de si mesmo em amor” (v.16).
Faremos bem se nos atentarmos ao aviso de Paulo de não
menosprezarmos “a igreja de Deus” (1Co 11.22).
Discuta 
1. Por que pensamos que só os pastores são responsáveis pela saúde da
igreja?
2. Você sente que tem feito sua parte para a edificação da igreja?
3. Que atitudes práticas você poderia tomar a fim de cooperar para a saúde
da igreja?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Charles Bridges, The Christian Ministry (Carlisle, PA: The Banner of Truth Trust,
1967).
Mark Dever, O que É uma Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2015).
Millard Erickson, Introdução à Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 1997).
MAIS RECURSOS
Mark Dever, Igreja: O Evangelho Visível (São José dos Campos, SP: Fiel, 2011).
Mez McConnell e Mike McKinley, Igreja em Lugares Difíceis: Como a Igreja Local
Traz Vida ao Pobre e Necessitado (São José dos Campos, SP: Fiel, 2016).
A pregação expositiva apresenta a palavra de Deus,
explicando uma passagem da Escritura e aplicando
o seu significado à vida da congregação.
INTRODUÇÃO
“A primeira marca de uma igreja saudável é a pregação expositiva.
Não é somente a primeira marca; é a mais importante de todas as marcas,
porque, se você desenvolvê-la corretamente, todas as outras a seguirão.
Esta é a marca essencial.” (Dever, 2007, p.40)
Se, conforme vimos na primeira lição, a pergunta central é “como é
uma igreja saudável para Deus?”, então precisamos saber o que Ele
deseja para a Sua igreja. E como saberemos isso? Pela Sua
Palavra.
A palavra de Deus deve ser absolutamente central em nossas
igrejas. Em sua primeira carta, Pedro (1Pe 1.23-2.2) ensina que
fomos regenerados “... não de semente corruptível, mas de semente
incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é
permanente...”. Em Tiago 1.18, lemos que Deus “nos gerou pela
palavra da verdade”, e em Romanos 10.17 aprendemos que nossa
fé vem pelo ouvir a pregação da palavra de Cristo. Ou seja, é pela
palavra de Deus que começamos a vida cristã. Sem a Palavra no
poder do Espírito, não há novo nascimento. Assim, o princípio da
vida cristã e o princípio da igreja estão na palavra de Deus.
O apóstolo Pedro continua e instrui seus leitores: “Como crianças
recém-nascidas, desejem o genuíno leite espiritual, para que, por
ele, lhes seja dado crescimento para a salvação” (1Pe 2.2). Ou seja,
a palavra de Deus é crucial em nosso novo nascimento e também
no desenvolvimento da nossa vida cristã. Afinal, Jesus orou para
que fôssemos santificados na verdade da palavra de Deus (Jo
17.17), recebendo consolação e esperança das Escrituras (Rm
15.4). Sem a Palavra no poder do Espírito, sem santificação. Assim,
o crescimento da vida cristã e da igreja estão na palavra de Deus.
Que isso significa para a igreja?
Significa apenas que a pregação da Palavra tem de ser
absolutamente central. Não deve causar surpresa ouvir que
pregação correta e expositiva da Palavra é a fonte de
crescimento da igreja. Estabeleça um bom ministério de
pregação expositiva e veja o que acontece. Esqueça o que
dizem os profissionais de crescimento de igreja. Observe
pessoas famintas terem sua vida transformada, à medida que o
Deus vivo fala com elas, por meio do poder de sua Palavra.”
(Dever, 2007, p.56-57)
Infelizmente, muitas vezes confiamos mais em métodos criados por
homens para ver nossas igrejas crescerem do que no poder da
palavra de Deus, no poder do Espírito, que é capaz de dar vida ao
vale de ossos secos (Ez 37).
Discuta 
1. O que o Salmo 19.7-14 diz sobre a ação e a importância da palavra de
Deus?
2. De que maneira confiamos mais em métodos do que na palavra de
Deus?
1. A NECESSIDADE DA EXPOSIÇÃO
Se a Escritura é central e vital à vida da igreja, se é ela que faz a
igreja crescer, então é ela que deve ser exposta à igreja em todas
as atividades no culto. Os louvores devem ser baseados na Palavra;
as orações devem ser imersas da Bíblia; as pregações devem ser
exposições da Escritura.
A igreja é edificada com a palavra de Deus, e não com opiniões de
homens. Aliás, o Senhor alerta Seu povo a não dar ouvidos àqueles
que trazem mensagens de próprio coração e “não o que vem da
boca do S�����” (Jr 23.16). Assim, os púlpitos devem transbordar
da verdade bíblica, devem expor o que Deus revelou nas Sagradas
Letras, que podemtornar as pessoas sábias para a salvação pela fé
em Cristo Jesus (2Tm 3.15).
Mas então, que é uma pregação expositiva? Certamente, muitas
definições já foram dadas, porém, Mark Dever nos oferece uma
definição simples, abrangente e útil:
“A pregação expositiva é o tipo de pregação que, em termos
bem simples, expõe a Palavra de Deus. Ela toma determinada
passagem da Escritura, explica-a e, em seguida, aplica o
significado da passagem à vida da congregação.” (Dever, 2015,
p.81)
Normalmente, a pregação expositiva é contrastada com a pregação
temática. Na mensagem temática, o pregador escolhe o que vai
falar, depois pensa no texto que se encaixa nesse objetivo. O perigo
desse tipo de abordagem é que pode impor uma ideia ao texto, em
vez de deixar o texto bíblico, com toda a sua riqueza e beleza, ditar
a mensagem do sermão.
Não que, se o sermão não for expositivo, a mensagem não será
bíblica. É possível pregar um conteúdo verdadeiro em um sermão
temático, porém o teor do sermão estará sempre limitado por aquilo
que o mensageiro já sabe. Como o pregador já vem com uma ideia
preconcebida ao texto, ele nunca vai aprofundar-se no rico terreno
da Escritura a fim de encontrar verdadeiras pepitas de glória.
Outro perigo — e este mais grave — é que o texto bíblico funcione
só como um trampolim para que o mensageiro fale o que bem
entender, muitas vezes até alegorizando o texto, em vez de explicar
seu sentido claro. Sendo assim, é essencial para a saúde e
segurança da igreja que a dieta normal do púlpito seja de
mensagens expositivas.
Agora, mensagens expositivas podem variar de estilo. Certa
mensagem pode ter falado muito com você e até ter seu conteúdo
baseado na Bíblia, mas ainda não ser expositiva. Por outro lado, é
necessário esclarecer que a mensagem expositiva não é um
comentário acadêmico frio e maçante. Afinal, para ser expositiva, a
pregação deve buscar aplicar a mensagem do texto bíblico ao
coração da congregação.
Exposições também não significam necessariamente sermões
longos ou que seguem certa metodologia. Não são essas coisas
que conferem piedade à igreja, mas ser impactada e conformar-se
com a palavra de Deus. Uma mensagem devocional de 15 minutos
pode ser expositiva se transmitir e aplicar o que o texto bíblico
ensina. O tempo e o método de um sermão variaram grandemente
durante a história da igreja e dependem de inúmeros fatores
culturais, eclesiásticos e pessoais.
Por fim, cabe ressaltar que um sermão expositivo também não é
uma explicação verso a verso percorrendo um livro inteiro da
Escritura. A escolha do trecho a ser pregado pode variar. É possível
pregar um sermão expositivo usando um verso, um parágrafo, um
capítulo e até mesmo um livro inteiro da Bíblia. Afinal, o princípio
não é o tamanho do texto, mas se a mensagem central daquele
trecho está sendo corretamente exposta.
No final das contas, a pregação expositiva é mais uma postura do
coração do que um método. “Um compromisso com a pregação
expositiva é um compromisso em ouvir a Palavra de Deus — é não
somente uma afirmação de que a Bíblia é a Palavra de Deus, mas
também uma submissão de si mesmo à Palavra.” (Dever, 2007,
p.42) Esse é um compromisso que toda igreja, todo membro e todo
pastor devem ter.
Discuta 
1. Qual é a sua opinião sobre a pregação expositiva?
2. Leia 2Timóteo 3.16-4.4 e responda:
a. De onde procede a Escritura?
b. Para que a Escritura é útil?
c. Qual o clamor que Paulo dá a Timóteo?
d. Com que base Paulo faz esse clamor?
e. Qual a urgência da pregação?
3. Leia Marcos 4.35-41. Qual o ponto principal da passagem bíblica? Para
onde ela está apontando e o que ela quer nos ensinar? Quais
mensagens com base nesse texto você já ouviu que não foram
expositivas?
3. IMPLICAÇÕES PARA A VIDA DA
IGREJA
3.1 Bons ouvintes da Palavra
Precisamos de um coração que se comprometa a ouvir e a
submeter-se à palavra de Deus. Afinal, é para este que o Senhor
olha:“Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a
existir, diz o S�����. ‘Mas eis para quem olharei: para o aflito e
abatido de espírito e que treme diante da minha palavra’” (Is 66.2).
Sendo assim, se, por um lado, pastores precisam aprender a ser
bons expositores; por outro, membros precisam aprender a ser bons
ouvintes de sermões expositivos. Isso significa que precisamos
valorizar o culto dominical. É lá que recebemos a principal refeição
que vai nos suster pelo restante da semana.
No livro O que é um membro de igreja saudável?, Thabiti Anyabwile
sugere seis ideias práticas para que nos tornemos melhores
ouvintes da palavra de Deus:
• medite na passagem bíblica do sermão durante seu tempo de
devoção pessoal;
• compre um boa coleção de comentários bíblicos (peça
recomendações ao seu pastor);
• depois do culto, converse e ore com irmãos sobre o sermão;
• ouça e viva o sermão durante toda a semana;
• desenvolva o hábito de lidar com qualquer problema sobre o
texto bíblico;
• cultive a humildade e não se torne um “ouvinte profissional de
sermões” — que está sempre ouvindo, mas nunca
aprendendo.
3.2 Bons comunicadores da Palavra
Precisamos ser bons ouvintes; ir além, ser mais do que ouvintes.
Precisamos nos tornar “praticantes da palavra e não somente
ouvintes”(Tg 1.22), e “guardar todas as coisas” que Jesus nos
ordenou (Mt 28.20). Parte de obedecer a Jesus significa não deixar
a Palavra estancada em nós.
Em Colossenses 3.16, Paulo instrui a igreja afirmando que a palavra
de Cristo deveria habitar ricamente em todos eles. Contudo, a forma
de acumular o tesouro da Palavra não é por meio de uma poupança
individualista que leva à soberba (1Co 8.1), mas em investimentos
de amor edificante, instruindo e aconselhando outros membros em
toda a sabedoria. É papel de cada um na igreja falar a verdade em
amor para que a igreja seja edificada (Ef 4.15).
Jonathan Leeman, em seu livro A Igreja Centrada na
Palavra (Leeman, 2019), usa uma ilustração muito útil sobre o
ministério da Palavra na igreja. A ideia é que a voz de Deus deve
reverberar na congregação. O pastor ouve e proclama a Escritura
do púlpito; os membros ecoam a Palavra dentro da igreja (em seus
grupos pequenos, discipulados, relacionamentos e família),
testificando do Evangelho fora da igreja (evangelização e missões).
Discuta 
1. Você tem sido bom ouvinte da Palavra? Quais formas você pode
melhorar?
2. Você tem sido bom propagador da Palavra? Quais formas você pode
melhorar?
3. Devemos valorizar o ministério da Palavra em nossa igreja. Quais são
formas práticas que você pode auxiliar e encorajar os pregadores de sua
igreja?
CONCLUSÃO
Todos os grandes avivamentos e as reformas da igreja tiveram a
palavra de Deus, regada de oração e no poder do Espírito, como
fundamento. A Escritura reforma a igreja e a conforma cada vez
mais com o desejo do Senhor. A Escritura aviva a igreja e a vivifica,
pelo poder do Espírito, a refletir melhor a glória de Deus.
Sendo assim, devemos ansiar por aquilo que procede da boca de
Deus mais do que o ouro depurado e mais que o destilar dos favos
(Sl 19.10). Afinal, “qualquer coisa que não esteja arraigada e
estritamente ligada à Palavra de Deus não é pregação, de modo
algum. É apenas um discurso.” (Mark Dever & Greg Gilbert, 2016,
p.56)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E
MAIS RECURSOS
David Helm, Pregação Expositiva: Proclamando a Palavra de Deus Hoje (São
Paulo: Vida Nova, 2016).
Jonathan Leeman, A Igreja Centrada na Palavra: Como as Escrituras Dão Vida e
Crescimento ao Povo de Deus (São Paulo: Vida Nova, 2019).
Mark Dever, Nove Marcas de uma Igreja Saudável (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2007).
Mark Dever, O que É uma Igreja Saudável? (São José dos Campos, SP: Fiel,
2015).Mark Dever & Greg Gilbert, Pregue: Quando a Teologia Encontra-se com
a Prática (São José dos Campos, SP: Fiel, 2016).
A teologia bíblica é uma teologia fiel ao ensino de
toda a Bíblia.
INTRODUÇÃO
Membros de igrejas cristãs continuam a nutrir pensamentos
insignificantes a respeito de Deus e pensamentos elevados sobre o
homem. Esse estado de coisas revela que muitos cristãos têmnegligenciado sua principal vocação: conhecer o seu Deus. Todo cristão
deve ser um teólogo no melhor e mais íntimo sentido da palavra. Se as
igrejas devem ter boa saúde, os seus membros precisam comprometer-se
em ser teólogos de acordo com sua capacidade. Essa é a segunda marca
de um membro de igreja saudável. (Anyabwile, 2016, p.34)
Mais e mais sociólogos e jornalistas têm apontado para a crescente
superficialidade da sociedade. A internet proporciona acesso rápido
à informação, mas estimula a pouca retenção e reflexão. As redes
sociais estão viciando-nos em manchetes bombásticas e conteúdo
curto e raso. Infelizmente, isso traz impactos sobre nossa vida de
igreja. Desde o princípio, porém, a igreja tem sido marcada por
perseverar devotadamente na doutrina dos apóstolos (At 2.42).
Isso significa que todo cristão é teólogo. Como o pastor e teólogo R.
C. Sproul bem nos lembra:
Nenhum cristão pode evitar a teologia. Todo cristão é um
teólogo. Talvez não um teólogo no sentido técnico ou
profissional, mas, ainda assim, um teólogo. A questão para os
cristãos não é se seremos teólogos, mas se seremos bons ou
maus teólogos. Um bom teólogo é aquele que é instruído por
Deus. 
(Sproul, 1977, p.22)
Mas o que é teologia bíblica? Mark Dever afirma que “a teologia
bíblica exata é uma teologia fiel ao ensino de toda a Bíblia. É
confiável e interpreta com exatidão as partes em relação ao todo.”
(Dever, 2015, p.90) Isso significa que precisamos ter entendimento
tanto correto quanto completo da Escritura.
Quando o termo “teologia bíblica” é usado, ele pode ter dois
aspectos. O primeiro seria de uma teologia que é bíblica, que é fiel à
Escritura, que considera o que toda a Bíblia diz sobre determinado
tópico. Isso, dentro do estudo teológico, está normalmente dentro da
matéria de Teologia Sistemática. O segundo aspecto é de uma
teologia que considera a Bíblia como uma grande história divina da
redenção. Sem esses dois aspectos, acabaremos caindo num
grande perigo: impor nossos próprios significados ao texto bíblico.
Discuta 
1. Você se considera um teólogo? Por quê?
2. Que formas cultivamos “pensamentos insignificantes a respeito de Deus
e pensamentos elevados sobre o homem”?
1. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: SÃ
DOUTRINA
“[...] a sã doutrina é um resumo dos ensinos bíblicos que são tanto fiéis à
Bíblia 
quanto úteis à vida.” (Jamieson, 2016, p.21)
Se a Bíblia interpreta a si mesma, então precisamos considerar o
que toda a Escritura diz sobre determinado assunto. Paulo trata
sobre sã doutrina em todas as suas cartas pastorais endereçadas a
Timóteo e a Tito. Sã doutrina significa ter uma teologia confiável,
exata, fiel, íntegra, saudável.
A primeira atitude para sermos fiéis nessa área é mudar a nossa
postura. Não raro, em vez de buscarmos a “sã doutrina”, afirmamos
“somos doutrina”. Ou seja, em vez de buscarmos compreender o
que a Escritura diz, tremendo em humildade diante da santa palavra
de Deus (1Sm 3.10; Is 66.2), inapropriadamente emitimos a nossa
opinião sobre assuntos importantes. Podemos até dizer “em minha
opinião…”, como se fosse uma capa de modéstia, porém, ela
esconde um coração orgulhoso que considera mais sua própria
opinião do que a do Senhor.
Uma área comum em que isso acontece é quando se trata do
conceito que temos de Deus. Talvez você já tenha dito ou ouvido as
seguintes palavras: “Para mim, Deus é assim”. Contudo, não
ganhamos um deus individual. Existe só um Deus que Se revelou na
Palavra encarnada e registrou essa revelação na Palavra escrita.
Então, nossa pergunta deve ser: como o Altíssimo Se revelou nas
Sagradas Letras?
Exemplo comum desse tipo de atitude ruim é quando alguns negam
a ira de Deus, afirmando que “o Deus que Se revelou em Cristo
Jesus é amor, então há algo de errado com o Antigo Testamento”.
Deus, porém, não muda! Os mandamentos de amarmos a Deus e o
próximo estão ambos no Antigo Testamento (Dt 6.5; Lv 19.18).
Muitos ficam chocados com a demonstração do justo juízo de Deus
contra os cananeus, mas se esquecem de que Apocalipse aponta
para um juízo de escala global.
Entendermos o que a Bíblia ensina sobre a natureza trina de nosso
Deus e sobre Seu perfeito caráter, sobre a dupla natureza de Cristo
e Sua obra redentora — ou seja, termos pensamentos grandes
sobre Deus — é crucial para a vida cristã, pois somos
transformados à medida que contemplamos a glória do Senhor (2Co
3.18).
Discuta 
1. Você já se pegou afirmando “sou doutrina” em vez de buscar a “sã
doutrina”?
2. Liste algumas implicações em abandonarmos:
a. a sã doutrina;
b. a inspiração e a autoridade da Escritura;
c. o caráter glorioso de Deus;
d. a condição pecaminosa do homem;
e. a salvação somente pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo
somente.
2. TEOLOGIA BÍBLICA: HISTÓRIA DA
REDENÇÃO
“A teologia bíblica nos ajuda a entender a Bíblia como um grande livro
constituído de vários livros menores que contam uma única grande história.
O herói e ponto central dessa história, de capa a capa, é Jesus Cristo.”
(Roark e Cline, 2018, p.30)
É importante considerarmos o que toda a Escritura diz sobre
determinado tópico, mas podemos cair no perigo de tirar o texto do
seu contexto. Além disso, Deus não nos deu uma enciclopédia
teológica, mas uma Santa Biblioteca que nos conta
progressivamente uma história, do Éden à Nova Jerusalém. Esse é
o papel da teologia bíblica. Nick Roark e Robert Cline definem a
teologia bíblica como:
“[...] um modo de ler a Bíblia como uma única história de um
único autor divino, que culmina em quem Jesus Cristo é e o
que ele fez; então, cada parte da Escritura é entendida em
relação a ele.” (Roark e Cline, 2018, p.30)
Infelizmente, muitos cristãos enxergam a Bíblia como um cordão de
pérolas — uma joia aqui, outra ali, ligadas por textos menos
relevantes. Toda a Escritura, porém, é inspirada e útil. Precisamos
considerar todo texto que lemos, especialmente os do Antigo
Testamento, dentro da história progressiva da Bíblia que culmina em
Cristo. A teologia bíblica nos ajuda a ver Jesus a partir de toda a
Escritura. Ela nos ajuda a sermos cristocêntricos, afinal Jesus
mesmo disse que toda a Escritura aponta para Ele (Lc 24.25-27; Jo
5.39).
Considere, por exemplo, a história de Deuteronômio 11 e 30,
quando o Senhor coloca o povo entre dois montes e pronuncia as
bênçãos para aqueles que obedecem à aliança e as maldições para
quem a quebra. Deus propõe “a vida e a morte, a bênção e a
maldição” e recomenda que escolhamos a vida (Dt 30.19).
Infelizmente, é comum ouvirmos pregações moralistas que dizem
que se obedecermos ao Senhor seremos abençoados. Essa
interpretação legalista, porém, ignora o que o próprio contexto diz
em Deuteronômio 31.16, quando o Senhor diz a Moisés que sabe
que o povo se prostituirá com ídolos e abandonará a aliança. A
pintura se torna ainda mais rica quando enxergamos toda a história
da redenção.
Gênesis 1 relata que Deus criou o mundo, e tudo era perfeita
bênção. Entretanto, com a rebelião de Adão e Eva, a humanidade
foi amaldiçoada. “Por um só ser humano entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado veio a morte” (Rm 5.12). Deus, então, promete
abençoar novamente todas as famílias da terra por meio da família
de Abraão. Mas Israel e Judá acabam exilados por causa de
desobediência, por quebrarem a aliança. Será que a maldição seria
revertida? Será que a promessa de Deus se cumpriria?
É aí que chegamos em Mateus 1 e lemos que Jesus é filho de
Abraão. A obra de Cristo é dupla: Ele tanto nos livra da maldição
como nos traz a bênção de Deus. Por Sua morte, “Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em
nosso lugar” (Gl 3.13) e “já não existe nenhuma condenação para os
que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). E por Sua vida de obediência,
Nele, somos abençoados por Deus “com todas as bênçãos
espirituais nas regiões celestiais” (Ef 1.3). Até que o dia chegará, em
que Cristo voltará e trará com Ele a cidade celestial na qual nunca
mais haverá qualquer maldição (Ap 22.3).
Discuta 
1. Você tem dificuldade de ver a Bíblia como uma grande história?Por
quê?
2. Considere o texto de Davi e Golias em 1Samuel 17 (Roark e Cline, 2018,
p.30):
a. Qual normalmente é a mensagem que ouvimos deste texto? Devemos
ser como quem?
b. Quem normalmente é apresentado como o gigante?
c. Você já ouviu alguma interpretação sobre as cinco pedrinhas de Davi?
d. Se formos sinceros, será que somos mais como Davi ou como o povo
acovardado?
e. Como essa história nos aponta para o Cristo, o filho de Davi?
3. IMPLICAÇÕES PARA A VIDA DA
IGREJA
O que isso significa para a vida igreja? Primeiro, significa que,
como “igreja do Deus vivo”, a igreja é “coluna e fundamento da
verdade”(1Tm 3.15). Ela deve sustentar e exibir em unidade a
verdade da palavra de Deus a todos.
Para isso precisamos nos unir na verdade. Muitos dizem que
doutrina divide, porém, a ênfase de todo o Novo Testamento é que o
erro traz divisão (2Pe 3.17). Quando lemos 1João 4.1-6, fica bem
claro que a verdade vai tornar nítida a separação entre o espírito da
verdade e o espírito do erro.
Assim, como há uma só fé, precisamos preservar a unidade do
Espírito no vínculo da paz (Ef 4.1-6). Isso significa evitar entrar em
disputas desnecessárias com nossos irmãos de igreja. O mote da
igreja primitiva continua verdadeiro: “nas coisas essenciais, unidade;
nas coisas não essenciais, diversidade; em todas as coisas, amor”.
Além de sustentar, a igreja precisa professar também a fé. Uma das
formas que a igreja pode crescer em união doutrinária e exibi-la é
por meio da confissão de fé. Confissões são recursos pedagógicos
úteis que ajudam a igreja a concordar sobre questões importantes
da fé. A igreja também professa a fé todo culto público, ao ler a
Palavra, pregar a Palavra, orar a Palavra, cantar a Palavra, ver a
Palavra (nas ordenanças), (Dever e Alexander, 2015, p.105) ao
ensinar um ao outro mutuamente e ao proclamar o evangelho aos
perdidos.
A segunda implicação da teologia bíblica para a vida da igreja é que
doutrina e vida não devem ser divorciadas. O apóstolo Paulo
entende que o pleno conhecimento da verdade é segundo a piedade
(Tt 1.1). Pedro vai além e diz que o “pleno conhecimento daquele
que nos chamou para a sua própria glória e virtude” é a forma pela
qual nos foram doadas “todas as coisas que conduzem à vida e à
piedade”(2Pe 1.3).
Por fim, a terceira implicação é que toda a igreja é chamada para
rejeitar falsos ensinos. O apóstolo João claramente instrui a igreja
dizendo que “muitos enganadores têm saído pelo mundo afora” e
que a igreja deve se acautelar e não receber “todo aquele que vai
além da doutrina de Cristo” (2Jo 7-10).
Não só pastores são chamados a vigiar contra lobos infiltrados, mas
todos nós somos chamados para batalhar, diligentemente, “pela fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3-4). Todo
membro é responsável por garantir, com seus irmãos, que o púlpito
de sua igreja se mantenha fiel à Escritura, para o benefício de sua
vida, da congregação, e a evangelização do perdido e da próxima
geração.
Discuta 
1. Você já se considerava responsável por manter a sã doutrina em sua
igreja? Quais são passos concretos que você pode dar a fim de melhorar
nesse ministério?
2. O que acontece se uma igreja abandona a sã doutrina?
CONCLUSÃO
Talvez você esteja se sentindo sobrecarregado diante da difícil
tarefa de entender a Escritura e ser bom teólogo bíblico. A boa
notícia é que Cristo capacitou Seu corpo com dons diferentes, para
que irmãos possam ajudar uns aos outros nessa tarefa. No fim das
contas, uma igreja saudável é aquela em que os pastores e os
membros possuem uma visão correta e completa sobre Deus, sobre
o ser humano, sobre a salvação e sobre a Bíblia. Se isso não fosse
importante para a igreja, Deus não teria nos deixado a Escritura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E
MAIS RECURSOS
Bobby Jamieson, Sã Doutrina: Como uma Igreja Cresce no Amor e na Santidade
de Deus (São Paulo: Vida Nova, 2016).
Duncan III (eds.), Give Praise to God: a Vision for Reforming
Worship (Phillipsburg, N.J.: Prebyterian & Reformed, 2003).
Greg Gilbert, Por que Confiar na Bíblia? (São José dos Campos, SP: Fiel, 2016).
Mark Dever, O que É uma Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2015).
Mark Dever e Paul Alexander, Igreja Intencional: Edificando Seu Ministério sobre o
Evangelho, 2ª ed. (São José dos Campos, SP: Fiel, 2015). Apud. Philip Ryken,
Derek Thomas e J. Ligon
Nick Roark e Robert Cline, Teologia Bíblica: Como a Igreja Ensina o Evangelho
Com Fidelidade (São Paulo: Vida Nova, 2018).
R. C. Sproul, Knowing Scripture (Downers Grove: IVP, 1977).
Thabiti Anyabwile, O que É um Membro de Igreja Saudável? (São José dos
Campos, SP: Fiel, 2016).
O evangelho são as boas-novas de que Jesus morreu na cruz como
sacri�cio vicário, em favor dos pecadores, e ressuscitou, estabelecendo
o meio de sermos reconciliados com Deus.
INTRODUÇÃO
Uma igreja saudável é uma igreja em que cada membro, novo ou velho,
maduro ou imaturo, une-se ao redor das maravilhosas boas-novas de
salvação por meio de Jesus Cristo. (Dever, 2015, p.97)
O que você responderia se lhe perguntassem: você pode falar para
mim, em um minuto, o que é o evangelho? E aí, o que você diria?
Certamente não daria para transmitir toda a profundidade das boas-
novas, então quais elementos vitais você incluiria?
Cristo é o centro da mensagem bíblica, e o evangelho é o centro da
mensagem cristã, então, espera-se que todo cristão saiba
compartilhar rapidamente a principal mensagem que carregamos.
Mas infelizmente isso nem sempre é verdade. Imagine um
cardiologista que não sabe o que é um coração, assim é o cristão
que não conhece o cerne da fé. Imagine um carteiro sem a
encomenda, assim é o crente que não carrega as boas-novas.
O problema é que, durante anos, muitos pastores e membros
consideraram conhecer o evangelho, afinal foram evangelizados um
dia. Contudo, não se ouvia mais as boas-novas nos púlpitos, nas
músicas, nas orações e nas conversas dos santos. E o evangelho
que foi presumido logo foi esquecido.
E para piorar, quando o evangelho não preenche a igreja, outras
mensagens começam a se espalhar, e meias verdades começam a
ser declaradas como fato completo. Por exemplo, muitos professam
que o evangelho é que “Deus ajuda quem ajuda a si mesmo”, que
na salvação “Jesus fez a parte dele e precisamos fazer a nossa”. E
isso é uma heresia plena. A mensagem cristã não é mero
moralismo.
Outros mutilam o evangelho e distorcem suas verdades. Alguns,
como Judas, tentam vender a Cristo dizendo “siga Jesus, dê o
dízimo e tudo na sua vida irá bem”, como se o Salvador fosse um
amuleto mágico de saúde e prosperidade. Outros querem
transformar o homem no centro das boas-novas, dizendo que a
mensagem é somente que “Deus nos ama” ou que “Deus tem um
plano para nossa vida” ou que “Jesus quer ser nosso amigo”, porém
deixam de fora qualquer menção sobre o pecado do homem e o
juízo de Deus.
Então, que é o evangelho?
Discuta 
1. Que é o evangelho? Compartilhe em 60 segundos ou menos.
2. Que falsos evangelhos você já ouviu?
1. O EVANGELHO E VOCÊ
Conforme investigamos a Bíblia, embora o evangelho seja de infinita
profundidade, alguns elementos fundamentais se repetem. Mark
Dever os resumiu em: (1) Deus, (2) homem, (3) Cristo e (4)
resposta. (Dever, 2015, p.98)
Começamos com Deus. E devemos tomar cuidado em presumir que
pessoas entendem o mesmo significado quando dizemos a palavra
“Deus”. Alguns pensam que Deus é uma força impessoal, outros
que é o primeiro motor imóvel, ainda outros podem até afirmar o
monoteísmo, mas o concebem como um ser monopessoal (não
trinitário).
Na eternidade, existia um único Deus Trino, três pessoas e uma só
natureza. O Pai, o Filho e o Espírito Santo comungavam em perfeito
relacionamento de amor, alegria e bênção. Deus é espírito imortal,
imutável, eterno, puríssimo, justo, santo, poderoso, sábio, soberano.
Do transbordar de Seu amor, Deus criou o homem à Sua imagem e
semelhança para partilhar de Sua comunhão e bênção. O ser
humano, porém, se rebelou contra Deus e caiu de seu estado
original. O problemafundamental da humanidade é que todos
somos pecadores por natureza e por escolha e, portanto, estamos
sujeitos à ira de Deus, quando Ele julgar vivos e mortos. Somos
culpados e corruptos.
Contudo, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo 3.16). Jesus Cristo encarnou, viveu perfeitamente
entre nós, “foi entregue por causa das nossas transgressões e
ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4.25), subiu aos céus,
sentando à destra do Pai, e voltará para “julgar vivos e mortos, pela
sua manifestação e pelo seu Reino” (2Tm 4.1). O Pai lidou com
nossa culpa, perdoando todos os nossos delitos na cruz de Cristo
(Cl 2.13-14), e com nossa corrupção, “mediante o lavar regenerador
e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).
Esse é o evangelho da nossa salvação (Ef 1.13). Só ouvir, porém,
essa mensagem não é suficiente. Nem é suficiente que
concordemos com ela. Uma resposta é necessária. Jesus, quando
iniciou Seu ministério, pregou o evangelho de Deus, dizendo que o
reino de Deus estava próximo e nos instruiu a nos arrependermos e
crermos no evangelho (Mc 1.14-15).
É importante ressaltar que não somos salvos por nossas obras.
Nada que possamos fazer pode pagar o imensurável preço da
nossa rebeldia contra o Deus, que é infinitamente digno.
Merecíamos morrer. Somos salvos somente pela graça (não por
nenhuma capacidade em nós), mediante a fé somente (não por
obras), em Cristo somente (e não por qualquer outro mérito ou
mediador), como nos ensina Efésios 2.7-8.
Na cruz, Cristo morreu em nosso lugar. A culpa do nosso pecado foi
colocada sobre Ele (expiação substitutiva: Gl 1.4; Ef 5.2; 1Pe 3.18).
Assim, Jesus aplacou a ira de Deus, derrubou a inimizade e Se
tornou propiciação (Rm 3.25-26; Hb 2.17; 1Jo 2.1-3; 4.10). Mais do
que somente perdoados, fomos justificados. Sem qualquer justiça
em nós mesmos, ainda pecadores, fomos cobertos pela justiça
perfeita de Cristo (justificação: Rm 3.24; 5.9; 1Co 1.30; 6.9-11; 2Co
5.21; Fp 3.8-9). Assim, Deus não nos vê como se estivéssemos na
estaca zero, Ele nos vê perfeitos em Cristo.
Nosso glorioso Salvador obteve perdão e reconciliação, vivificação e
adoção, justificação e propiciação para todo aquele que crê. Assim
Paulo resume o evangelho que recebeu: “Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.3-4).
Discuta 
1. Leia Romanos 3.23-28 e responda:
a. Por que é importante entendermos que “todos pecaram” para
compreendermos as boas-novas?
b. O que significa dizer que fomos “justificados”?
c. Por que Paulo é redundante dizendo “gratuitamente, por Sua graça”?
d. Somos salvos por nossas obras ou mediante a fé? O que isso
significa?
e. O que Jesus fez pela nossa salvação?
f. É a nossa fé que salva ou a obra de Cristo?
2. O EVANGELHO E A IGREJA
“Deus, Homem, Cristo, Resposta” resume bem o evangelho em seu
aspecto pessoal, como podemos ser salvos. Seria, porém, errado
assumir que o evangelho é individualista. Afinal, o nome do nosso
Salvador é Jesus, porque Ele salvaria “o seu povo dos pecados
deles”. Cristo não deu Sua vida por crentes isolados, mas por Sua
igreja (Ef 5.25b-27). Assim, precisamos considerar o evangelho em
seu aspecto comunitário, em seu aspecto macro. Para isso,
podemos resumir a apresentação em outros quatro termos: (1)
Criação, (2) Queda, (3) Redenção, (4) Consumação.
Começamos em Deus, o Criador, assim como anteriormente,
afirmando que o Deus Trino criou um mundo bom e abençoado,
umacriação em plena submissão e comunhão consigo mesmo.
Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem, e os colocou como
subgerentes da terra.
Satanás, porém, investiu contra a boa ordem de Deus e levou Adão
e Eva — e a humanidade — à rebelião. Pensávamos que seríamos
livres, mas a queda trouxe escravidão ao pecado, ao mundo e ao
diabo (Jo 8.34; At 26.28; Ef 2.2; 2Co 4.4; 1Jo 5.19). Até a própria
criação foi sujeita por Deus ao cativeiro da corrupção (Rm 8.20-21).
Enquanto a ênfase anterior do problema estava em questões
internas (culpa e corrupção — que, de fato, são a raiz de todos os
problemas), aqui nos deparamos com inimigos externos.
A boa notícia, porém, é que, se o Filho nos libertar, verdadeiramente
seremos livres (Jo 8.36); que Deus amou tanto o mundo, essa
criação caída, que proveu em Cristo redenção. O paralelo bíblico da
redenção é a libertação do Êxodo, das garras de faraó, do cativeiro
no Egito, rumo à terra prometida. Todo aquele que creu no Senhor,
sacrificando o cordeiro, saiu vitorioso da terra da servidão.
Da mesma forma, Cristo humilhou o “faraó” deste mundo,
despojou “os principados e as potestades, publicamente os expôs
ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2.15) e Deus “nos
libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu
Filho amado” (Cl 1.13-14).
Não só o povo de Deus é libertado, mas “a própria criação será
libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos
filhos de Deus” (Rm 8.20-21). Isso ocorrerá quando
a consumação chegar e Cristo vencer o mundo (a grande Babilônia,
Ap 18), o diabo (Ap 20), destruir a morte, o último inimigo (1Co
15.26), julgar vivos e mortos (Ap 20.11-15) e fazer “novas todas as
coisas” (Ap 21.5).
Discuta 
1. Por que precisamos das duas ênfases (macro e micro) no entendimento
do evngelho?
2. Como fazemos para participar da nova criação? É suficiente dizer que
Jesus fará tudo novo e não explicarmos como podemos fazer parte?
3. IMPLICAÇÕES PARA A VIDA DA
IGREJA
Se o evangelho é tão central à nossa vida como cristãos e como
igreja, não é de se assustar em pensar nas gloriosas implicações
que ele tem para nós.
3.1 Preservem o evangelho
A primeira responsabilidade que temos como igreja é de preservar o
evangelho. Sem o evangelho, não mais temos pessoas remidas
pelo Cordeiro, unidas por Cristo em uma igreja, mas religiosos
moralistas que se reúnem regularmente. “Sem o evangelho, a igreja
não tem nada a dizer – ou seja, nada a dizer que não possa ser dito
por qualquer outro instrumento humano.” (Anyabwile, 2016, p.50)
Pastores devem se atentar para os lobos vorazes que buscam
penetrar no meio do aprisco de Cristo (At 20.29-31). E membros
também! Paulo, ao escrever a carta às igrejas na região da Galácia,
repreende todos por estarem passando tão depressa daquele que
os chamou “na graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6-8). Ele
responsabiliza todos os membros daquelas igrejas por preservarem
o evangelho. Mesmo que alguém com carteirinha de apóstolo ou até
mesmo um ser reluzente com asas chegasse com outro evangelho,
eles deveriam dizer: “anátema”.
3.2 Saturarem-se do evangelho
O evangelho distingue a igreja do mundo, define a mensagem
e a missão da igreja no mundo e protege o povo de Deus
contra os dardos inflamados do Maligno e dos falsos encantos
do pecado. O evangelho é absolutamente vital para uma igreja
cristã e um cristão saudável, vibrante, alegre, perseverante e
esperançoso. O evangelho é tão essencial à vida cristã que
precisamos saturar-nos com ele para sermos membros de
igreja saudáveis. (Anyabwile, 2016, p.50)
Para preservarmos o evangelho, precisamos estar saturados dele,
pois o evangelho que é presumido, logo é esquecido!
Se um judeu entrasse em sua igreja, ele se sentiria à vontade com o
que é cantado ou seria confrontado com a gloriosa verdade do Deus
encarnado? Se um fariseu legalista chegasse ao culto em sua
igreja, ele se sentiria à vontade com o que é pregado ou ficaria
incomodado por ouvir sobre a graça de Deus?
Será que nossas orações, canções e pregações estão
transbordando do evangelho? Será que nossos grupos pequenos,
nossos discipulados, nossos ministérios estão centrados nas boas-
novas? Ou será que imaginamos que o evangelho é algo só para o
começo da vida cristã? Ou que podemos crescer em santidade por
meio de mensagens moralistas e de nossos próprios esforços?
Se removermos a cruz do centro do evangelho, se a movermos para
o canto ou a substituirmoscom qualquer outra verdade “como o
centro, o âmago e a fonte das boas-novas”, então vamos
“apresentar ao mundo algo que não salva e, portanto, não é,
realmente, boas-novas” (Greg, 2011, p.149).
Discuta 
1. Você entende sua responsabilidade de preservar o evangelho em sua
igreja?
2. Como você e sua igreja podem se saturar do evangelho?
CONCLUSÃO
Como vimos na primeira lição, sem o evangelho não temos uma
igreja verdadeira. Podemos ter um clube religioso, mas não a igreja
de Cristo. Sendo assim, precisamos conhecer, preservar e
proclamar o evangelho.
E aí, o que você vai responder se alguém lhe perguntar: que é o
evangelho, em um minuto?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Greg Gilbert, O que É o Evangelho? (São José dos Campos, SP: Fiel, 2011).
Mark Dever, O que É uma Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2015).
Thabiti Anyabwile, O que É um Membro de Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José
dos Campos, SP: Fiel, 2016).
MAIS RECURSOS
Greg Gilbert, Quem É Jesus Cristo? (São José dos Campos, SP: Fiel, 2015).
Ray Ortlund, O Evangelho: Como a Igreja Reflete a Beleza de Cristo (São Paulo:
Vida Nova, 2016).
Pela obra regeneradora do Espírito, o pecador
nasce de novo e responde em arrependimento e
fé, convertendo-se, com toda a sua vida, da
autojustificação para a justificação de Cristo, do
domínio do “ego” para o governo de Deus, da
adoração de ídolos para a adoração a Deus.
stevanovicigor / iStockPhoto
INTRODUÇÃO
Não foi por acidente que a natureza da verdadeira conversão começou a
ser esclarecida ao mesmo tempo que o evangelho da justificação somente
pela fé iniciou a sua restauração. Antes da Reforma, muitos se declaravam
cristãos apenas para afirmar o nome da família, da paróquia, da cidade e
até da nação à qual pertenciam. A Reforma levou a uma reapreciação da
natureza radical da conversão cristã. A conversão não resultava de um
rito de infância ou de membresia numa entidade política específica.
Resultava de uma profissão de fé autoconsciente na obra justificadora de
Deus em Cristo. (Dever, 2011, p.152)
Qual é a diferença entre o cristão e o incrédulo? Infelizmente, às
vezes, parece que muitos que professam a fé cristã vivem nos
mesmos pecados que as pessoas do mundo. Grande parte do
problema é que há pastores e igrejas que se esqueceram da
importância da conversão. Buscando crescer em números e
desejando não parecer desamoroso, muitas igrejas receberam
pessoas que afirmavam crer em Cristo sem considerarem o que isso
realmente significava.
Os padrões bíblicos da conversão foram substituídos por rituais
externos, como: repetir uma oração, ir à frente ou levantar uma das
mãos para aceitar Jesus. O problema em si não são essas ações
externas, mas entender que elas representam a mudança interna
que a Bíblia ensina sobre conversão.
Mas, então, o que é conversão? Será que é afirmar crer em Deus?
Tiago afirma que não, que até os demônios fazem isso — e vão
além: tremem (Tg 2.19). Será que é só concordar mentalmente com
a mensagem cristã e afirmar que Cristo é o Senhor? Jesus diz que
não, que muitos naquele dia hão de dizer “Senhor, Senhor”, mas
que Ele nunca os conheceu (Mt 7.21-23). Será que é ser membro de
uma igreja? Não, pois Paulo fala sobre falsos irmãos (2Co 11.26).
Então, quais são as marcas de um cristão? Que acontece na
conversão?
Discuta 
1. Quais diferenças você acredita que deveriam haver entre o cristão e o
incrédulo?
2. Que seria um falso convertido?
1. CONVERSÃO: NOVO NASCIMENTO
A conversão é uma mudança tão dramática que exige a intervenção de
Deus,
o Espírito Santo. Na conversão, o Espírito de Deus outorga as duas graças
gêmeas –
o arrependimento e a fé – a pecadores que se voltam do pecado para Deus
por meio da fé em Jesus Cristo. (Anyabwile, 2016, p.65)
Para compreendermos corretamente a conversão, precisamos
entender primeiro o que a Escritura diz sobre o homem caído. Por
causa da queda de Adão, os homens “se tornaram
pecadores” e “veio o juízo sobre todos os seres humanos para
condenação” (Rm 5.18-19) — corrompido e culpado. Fomos
concebidos em iniquidade e nascidos em pecado (Sl 51.5). Estamos
mortos em delitos e pecados, andando segundo o curso deste
mundo, o diabo, a inclinação da carne e dos pensamentos caídos
(Ef 2.1-3). Nosso coração é duro, resistente a Deus, extremamente
enganoso e desesperadamente corrupto (Ef 4.18; Jr 17.9). Nossa
mente está obscurecida de entendimento e insensível (Ef 4.18-19),
cegada pelo diabo (2Co 4.4) e incapaz de aceitar as coisas do
Espírito de Deus (1Co 2.14). Amamos as trevas porque nossas
obras são más (Jo 3.19). Somos escravos voluntários do pecado (Jo
8.34). Romanos 8.7 inclusive diz que a inclinação da carne é
inimizade contra Deus, pois não está sujeita “à lei de Deus, nem
mesmo pode estar”.
“Nem mesmo pode estar.” Que palavras duras! Não há condição
daqueles que estão na carne saírem por si mesmos dessa
inclinação de inimizade contra Deus. Isso mostra que, se algo vai
mudar, então a iniciativa não poderá vir do ser humano. A mente do
homem caído rejeita a Cristo, seu coração ama o pecado e
despreza a Deus. Não é uma simples decisão ou um esforço da
carne que vai mudar essa situação.
Deus precisa agir poderosamente! Se o que nasce da carne é
carne, então precisamos nascer do alto, nascer do Espírito, nascer
de novo (Jo 3.1-15). Enquanto estávamos “mortos em nossas
transgressões, [Deus] nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2.5).
Esse novo nascimento não vem de nós, mas é pela graça que
somos salvos, pelo movimento soberano do vento do Espírito. “...
não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua
misericórdia. Ele [Deus] nos salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente,
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.5-6).
Nessa obra de salvação da nova aliança, Deus concede novo
coração sensível e não mais resistente (Ez 36.26), com a lei
gravada dentro dele (Jr 31.33), e resplandece sobre ele a Sua luz,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de
Cristo (2Co 4.6). Deus nos dá coração para entender, olhos para ver
e ouvidos para ouvir as maravilhas da salvação (Dt 29.4). Deus nos
faz de novo, nos cria em Cristo Jesus, para andarmos agora não
segundo a carne, o mundo e o diabo, mas no caminho das boas
obras que Ele nos preparou de antemão (Ef 2.10).
É com o entendimento dessa gloriosa obra divina que Jeremias
clama: “Converte-nos a ti, S�����, e seremos convertidos” (Lm
5.21). Jeremias reconhece que a verdadeira conversão é obra
sobrenatural de Deus, que, apesar de sermos nós que nos
convertemos, é Deus quem nos concede a conversão. É o Senhor
que concede arrependimento para a vida (At 11.18) e a fé em Cristo
(Fp 1.29; Ef 2.8). De fato, nascemos da vontade de Deus e não da
vontade do homem (Jo 1.13).
Discuta 
1. É possível o homem ir a Cristo pelos próprios esforços?
2. Pedro diz que somos regenerados mediante a palavra de Deus, como
semente que gera vida (1Pe 1.23-24). Se é Deus que nos concede a
conversão e se Ele faz isso por meio da palavra que é evangelizada,
devemos ter mais ou menos confiança ao anunciarmos as boas-novas?
2. CONVERSÃO: ARREPENDIMENTO
E FÉ
Quando Deus realiza sua maravilhosa obra de regeneração em uma pessoa
espiritualmente morta, isso sempre gera resultados. [...]
A Bíblia chama esse resultado de “conversão.” (McKinley, 2012, p.43)
Enquanto Jeremias apontou para a obra de Deus na conversão,
Paulo ressalta que também fazemos algo. Ele diz que os crentes de
Tessalônica, quando ouviram a Palavra, deixaram os ídolos e se
converteram a Deus, para servirem ao Deus vivo e verdadeiro (1Ts
1.8-9). É Deus que concede o arrependimento e a fé, mas Deus não
se converte por nós. Somos nós que nos arrependemos para com
Deus e exercemos a fé no Senhor Jesus (At 20.21). Somos nós que
rejeitamos o senhorio dos ídolos e passamos a servir ao Deus vivo e
verdadeiro. Nossas ações, porém, são o fruto (e não a razão) da
ação de Deus.
O que acontece de nossa parte na conversão? Como devemos
responderao ouvir as boas-novas? Jesus deixa isso bem claro:
devemos nos arrepender e crer no evangelho (Mc 1.14-15). Esse é
o resumo que Marcos dá a respeito da pregação de Cristo. Em Atos
e nas epístolas, vemos a presença: arrependimento de obras mortas
e fé em Deus (Hb 6.1).
Assim, que são arrependimento e fé? O verdadeiro arrependimento
consiste em reconhecer, com tristeza, o horror e a culpa de suas
transgressões, e voltar-se do pecado para Deus. A fé salvífica
envolve conhecer, concordar e, principalmente, confiar em Cristo e
Sua obra redentora.
É bom lembrar que arrependimento e fé são graças inseparáveis.
Ninguém pode virar as costas para o pecado sem voltar-se para
Deus em fé, e não pode voltar-se para Deus em fé sem virar as
costas para o pecado. Se alguém rejeita o pecado, mas não recebe
a Cristo, cai em outro pecado. Se alguém recebe a Cristo e não se
arrepende do pecado, não recebeu o Senhor.
É bom também lembrar que arrependimento e fé são posturas do
coração. Sendo assim, é problemático igualarmos essas mudanças
internas a ritos externos, como repetir uma oração, levantar uma
das mãos ou ir até à frente. Essas coisas podem ou não
acompanhar a conversão, mas elas não são sinônimos de
arrependimento e fé genuínos.
Além disso, a verdadeira conversão pode ou não envolver uma
experiência emocionalmente intensa. Contudo, ela se evidenciará
em seus frutos. O arrependimento do coração vai se externar na
busca visível da santidade; e a fé do coração vai se externar em
confissão pública (batismo), de Jesus como Senhor (At 2.38; 18.8;
26.19-20; Rm 10.9; Ap 2.16). A evidência da genuína conversão é a
perseverança em guardar “os mandamentos de Deus e a fé em
Jesus” (Ap 14.12; Mt 24.13).
Discuta 
1. É possível alguém afirmar que crê em Cristo como Salvador, mas não
estar disposto a recebê-Lo como Senhor e arrepender-se dos seus
pecados?
2. Qual o perigo de associarmos certos ritos externos à conversão do
coração?
3. IMPLICAÇÕES PARA A VIDA DA
IGREJA
“Um entendimento correto da conversão se expressará nas expectativas da
igreja quanto aos novos membros.” (Dever, 2015, p.111)
Diante de tudo isso, a conclusão é que, sem conversão, sem igreja.
Sem um povo convertido, que nasceu de novo pelo poder do
Espírito e respondeu em arrependimento e fé, não há uma
congregação do Messias, mas uma assembleia religiosa.
Sendo assim, devemos esperar como algo normal que aqueles que
se dizem cristãos pelo menos se arrependam do pecado e creiam
em Cristo. Conversão não significa perfeição, mas significa uma
vida de arrependimento e fé. Como bem colocou o reformador
Martinho Lutero na primeira de suas 95 teses: “Dizendo nosso
Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos..., certamente quer
que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo
arrependimento.”
É certo que cristãos podem ficar endurecidos por um tempo, sendo
necessário admoestá-los (Gl 6.1). Contudo, alguém que
prolongadamente não dá evidência de fé e arrependimento não
deve ser considerado integrante do povo de Cristo — e, portanto,
não deve ser recebido ou mantido na membresia de nossas igrejas.
Devemos resistir ao impulso do crescimento numérico vazio. Nosso
alvo é ver mais pessoas na glória; e receber em membresia pessoas
não convertidas não vai aumentar esse número, só vai inchar nossa
igreja com bodes que não amam a Deus e Seus filhos, não estimam
a Cristo e Seu evangelho e não desejam a santificação e a obra do
Espírito. É impossível pastorear lobos.
Discuta 
1. Ouça a pregação e discuta: Mark Dever chama falsas conversões de “o
suicídio da igreja”. Você concorda com essa afirmação? Por quê?
Acesse www.ensinodinamico.com e veja séries especiais: Marcas de
uma Igreja Saudável; o sermão Falsas Conversões: o Suicídio da Igreja.
2. Qual será a consequência de um entendimento errado do evangelho e
da conversão em nossa evangelização?
CONCLUSÃO
Compreender corretamente a doutrina da conversão é essencial
para o entendimento da natureza da igreja e também de sua
missão. É só quando as primeiras quatro marcas estão em seu
devido lugar que podemos seguir para as próximas. É só pela
exposição da Escritura e de sua sã doutrina, tendo entendimento
correto do evangelho e da conversão, que podemos proclamar com
fidelidade a mensagem cristã para o mundo. E é sobre isso que
veremos na próxima aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E
MAIS RECURSOS
Mark Dever, Igreja: O Evangelho Visível (São José dos Campos, SP: Fiel, 2011).
Mark Dever, O que É uma Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José dos Campos, SP:
Fiel, 2015).
Mark Dever, Falsas Conversões: O Suicídio da Igreja – Mark Dever (Pregação
Completa), Voltemos ao Evangelho, 20 nov 2015.
Michael Lawrence, Conversão: Como Deus Cria um Povo (São Paulo: Vida Nova,
2017).
Mike McKinley, Eu Sou mesmo um Cristão? (São José dos Campos, SP: Fiel,
2012).
Thabiti Anyabwile, O que É um Membro de Igreja Saudável?, 2ª ed. (São José
http://www.ensinodinamico.com/
dos Campos, SP: Fiel, 2016).
Evangelização é o ensino do evangelho com o
objetivo de persuadir.INTRODUÇÃO
Sem um entendimento bíblico da conversão e da evangelização,
um membro de igreja será inútil em completar a missão da igreja em fazer
discípulos. (Anyabwile, 2016, p.74)
Antes de subir aos céus, Cristo deixou uma comissão a Seus
apóstolos. Assim como o Pai O enviou, Ele os enviaria no poder do
Espírito (Jo 20.21-23) para pregarem o evangelho a toda criatura
(Mc 16.15) e serem testemunhas até os confins da terra (At 1.8).
Debaixo da autoridade do nome do Messias ressurreto, deveriam ir,
pregar arrependimento para remissão de pecados (Lc 24.47), fazer
discípulos, batizando no nome Trino e ensinando a guardar todas as
coisas que Cristo tinha ordenado (Mt 28.18-20).
Essa comissão de proclamar o evangelho é passada dos apóstolos
a toda a igreja, já que a presença de Cristo acompanha a
comissão“todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Apóstolos,
evangelistas e pastores possuem encargo especial em proclamar as
boas-novas (At 4.29; 2Tm 4.1-5), porém, seria errado pensar que a
ordem evangelística foi dada somente a eles.
Em Atos 8.1-4 e 11.19-21, podemos ler que, após grande
perseguição, todos, exceto os apóstolos, foram dispersos, e que os
que foram dispersos iam por toda parte proclamando as boas-novas
da Palavra, o evangelho do Senhor Jesus. Eles ativamente
evangelizavam, mesmo diante do perigo da perseguição, bem como
estavam sempre prontos para santificar “a Cristo, como Senhor, no
seu coração, estando sempre preparados para responder a todo
aquele que pedir razão da esperança” que neles havia (1Pe 3.15-
16).
Discuta 
1. Você acha que é possível ser obediente a Cristo e afirmar que não
precisa anunciar o evangelho?
2. Liste alguns motivos por que devemos evangelizar.
1. POR QUE DEVEMOS
EVANGELIZAR? E POR QUE NÃO O
FAZEMOS?
Primeiro, por amor a Deus, desejamos ser obedientes à Grande
Comissão que Cristo nos deixou. Ao guardarmos os mandamentos
de Cristo e darmos muito fruto, o Pai é glorificado (Jo 15.8-11). É a
alegria do cristão e sua oração que o nome de Deus seja santificado
neste mundo (Lc 11.2).
Em segundo lugar, é amor ao próximo. Será que podemos
realmente dizer que amamos o próximo como a nós mesmos se nos
recusamos a dizer a mensagem que pode livrá-los da perdição
eterna? Jesus Se compadeceu da multidão aflita, exausta e perdida
(Mt 9.36). Paulo desejava e suplicava pela salvação dos perdidos
(Rm 10.1; cf. 9.1-5). Ele procurava não o seu próprio interesse, mas
o de muitos, para que fossem salvos — e ele nos exorta a ser seus
imitadores, como também ele é de Cristo (1Co 10.32-11.1).
Contudo, muitas vezes, somos omissos em nosso papel. É normal
ouvir as seguintes desculpas:
a. Vai causar problemas: Racionalizamos dizendo que, se
proclamarmos o evangelho aos nossos familiares, amigos ou
colegas de trabalho, causaremos algum problema ou
desentendimento. No fim, tentamos preservar nossa reputação à
custa do destino eterno do nosso próximo. Precisamos entender
que o sofrimento pelo nome de Cristo é algo normal na vida cristã

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