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Fármacos que modificam a função gastrointestinal e metabólica

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DEFINIÇÃO
Farmacologia do tratamento das doenças relacionada à acidez gástrica. Farmacologia dos distúrbios da motilidade intestinal e do fluxo de
água. Farmacologia dos medicamentos que alteram a atividade metabólica.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos fisiológicos e as implicações na farmacologia dos distúrbios gastrointestinais e nos mecanismos de controle da
glicemia é fundamental para o desenvolvimento da análise de casos e das proposições de intervenções terapêuticas e clínicas por
profissionais de saúde. 
OBJETIVOS
MÓDULO 1
 
Descrever a fisiologia dos eventos gastrointestinais e suas implicações no tratamento farmacológico de doenças e agravos, destacando as
propriedades dos fármacos que auxiliam no controle da secreção ácida gástrica 
MÓDULO 2
 
Identificar a farmacologia dos antieméticos, antidiarreicos, laxativos 
MÓDULO 3
 
Reconhecer a farmacologia dos fármacos que alteram a atividade metabólica: euglicemiantes, insulina e hipoglicemiantes orais 
APRESENTAÇÃO
Estudar esta grande classe de fármacos é de extrema importância do ponto de vista clínico. É sabido por nós que muitas doenças e diversos
agravos podem levar ao desenvolvimento de algum sintoma gastrointestinal, como náusea e vômito, constipação, diarreia, desconforto
gástrico. Sob outro olhar, podemos observar também descompensações metabólicas, que podem alterar a absorção de diversos nutrientes
e provocar aumento da glicemia – mais à frente, discutiremos sobre o diabetes. 
Este grupo de fármacos pode, inclusive, ser utilizado para o tratamento de reações adversas de outros fármacos, como os quimioterápicos,
por exemplo, utilizados no tratamento do câncer. 
De forma didática, dividiremos nosso estudo de acordo com as muitas classes terapêuticas em que os fármacos estão organizados. 
FÁRMACOS QUE MODULAM A SECREÇÃO ÁCIDA ESTOMACAL
Pensando no estômago, nós nos lembramos da fisiologia básica que nos orienta sobre a acidez local, necessária para o processo de
digestão. Em condições fisiológicas normais, o ácido gástrico e a pepsina produzidos não estão relacionados à produção de danos ou
sintomas de doenças pépticas ácidas, devido aos mecanismos naturais de defesa. Entretanto, em condições patológicas, a mucosa gástrica
pode perder sua capacidade de se defender frente tamanha acidez e iniciar processo inflamatório, que nós conhecemos como gastrite e
úlceras. 
 
Fonte:Shutterstock
NESTE CENÁRIO DE AGRESSÃO À MUCOSA GÁSTRICA, FAZ-SE NECESSÁRIO O
TRATAMENTO COM FÁRMACOS QUE LEVEM À DIMINUIÇÃO DA ACIDEZ E FORTALEÇAM AS
DEFESAS DESTA MUCOSA TÃO IMPORTANTE PARA O FUNCIONAMENTO PLENO DO
ORGANISMO HUMANO.
Para entender melhor como esses fármacos atuam, precisamos retornar brevemente ao mecanismo fisiológico que leva à produção de
secreção gástrica ácida. 
AFINAL, O QUE É SECREÇÃO ÁCIDA? 
 
Fonte:Shutterstock
A secreção ácida é um processo complexo que envolve a liberação neuronal de acetilcolina, a liberação parácrina de histamina e endócrina
de gastrina, que, em conjunto, regulam a secreção de prótons (íons H+) pelas células parietais no estômago. A concentração de H+ é
responsável pela regulação do pH, sendo uma solução dita ácida aquela que possui alta concentração deste íon em dispersão. 
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DA SECREÇÃO ÁCIDA NO
ESTÔMAGO? 
 
Fonte:Shutterstock
É importante para a digestão de macromoléculas, como as proteínas, além de auxiliar na absorção de ferro, cálcio e vitamina B12. Além
dessa questão, podemos destacar também suas ações protetivas contra microrganismos advindos da alimentação, que, por ora, possam
tentar colonizar nosso tubo gastrointestinal, como a conhecida bactéria Helicobacter pylori , bastante associada a problemas gástricos. 
O QUE PODE SER CAUSADO POR DESCOMPENSAÇÕES NOS
NÍVEIS DE ACIDEZ?
 
Fonte:Shutterstock
De forma geral, descompensações nos níveis de acidez podem causar ulcerações quando exacerbadas, ou até mesmo impactar na absorção
de nutrientes e reduzir defesas, quando diminuídas. 
AGORA, VEREMOS COMO ACONTECE O PROCESSO DE REGULAÇÃO
FISIOLÓGICA E FARMACOLÓGICA DA SECREÇÃO GÁSTRICA. 
Como observaremos na imagem mais adiante, a célula parietal apresenta três receptores estimuladores em sua membrana basolateral: 
 
RECEPTORES MUSCARÍNICOS DO TIPO M3 
 
HISTAMÍNICOS H2 
 
RECEPTORES DE GASTRINA (DO TIPO COLECISTOCININA B OU 2 – CCK2) 
Os receptores muscarínicos, quando estimulados pela acetilcolina, levam ao aumento de cálcio intracelular, semelhante aos receptores de
gastrina, os quais levam ao mesmo evento intracelular. Quanto à origem dos estímulos, a acetilcolina vem do estímulo das fibras dos nervos
parassimpáticos, e a gastrina é produzida pelas células G, presentes na mucosa antral gástrica e, em pequena proporção, na mucosa do
duodeno. 
Devemos destacar também a ação da gastrina sobre as células enterocromoafins (ECL), célula produtora de histamina, que modula, de
forma parácrina, os receptores H2 na célula parietal, levando ao aumento do AMP cíclico (cAMP) intracelular. A ação em conjuntos destes
receptores, via os eventos intracelulares mencionados, resulta em estímulo à bomba de próton potássio ATPase (H+/K+/ATPase) , levando à
liberação de prótons (H+) no lúmen estomacal, que promove a acidificação da secreção gástrica. 
Esse processo está ilustrado a seguir: 
 
Fonte: GOODMAN & GILMAN
 Regulação fisiológica e farmacológica da secreção gástrica. Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2012. 
O conhecimento da fisiologia envolvida na secreção gástrica ácida, com a elucidação dos receptores e seus ligantes estimulantes, são a base
das abordagens farmacológicas que temos disponíveis no momento para o tratamento de distúrbios relacionados à acidez em excesso. Os
fármacos utilizados pertencem a classes diferentes de acordo os receptores ou com a via fisiológica que inibem, como os antagonistas H2
(receptores de histamina), os inibidores debomba de próton potássio ATPase (H+/K+/ATPase) , os fármacos antiácidos e os protetores
de mucosa. Veremos à frente seus principais representantes e suas características farmacológicas. 
No entanto, antes de entrarmos na farmacodinâmica dos fármacos utilizados na diminuição da secreção ácida, precisamos dar destaque ao
intenso trabalho do estômago e do esôfago para se proteger dessa acidez. Sabemos quão importante ela é para os processos fisiológicos,
mas precisamos nos atentar para o fato de que possui potencial para lesar os epitélios destes órgãos. O esôfago, via seu esfíncter esofágico
inferior, evita o refluxo do conteúdo ácido estomacal. Já o estômago se protege do seu próprio conteúdo ácido via produção de uma camada
de muco, que mantida próximo das células epiteliais gástricas, secretam bicarbonato, para proteger este grupo de células. Além disso, o
muco se torna importante barreira contra a difusão de íons e demais lesões do epitélio gástrico. 
ESSE CENÁRIO NOS LEVA À COMPREENSÃO DA IMPORTÂNCIA DE UTILIZAÇÃO DE
FÁRMACOS PROTETORES DA MUCOSA GÁSTRICA, QUE TAMBÉM SERÃO DISCUTIDOS.
FÁRMACOS INIBIDORES DE BOMBAS DE PRÓTON 
Os inibidores de bomba de próton são atualmente os fármacos mais importantes e utilizados como supressores (diminuidores) da secreção
ácida gástrica, sendo o omeprazol pioneiro nesta classe. São outros inibidores de bombas de próton: 

Esomeprazol 

Lansoprazol 

Dexlansoprazol 

Rabeprazol

Pantoprazol 

Esomeprazol 

Lansoprazol 

Dexlansoprazol 

Rabeprazol

Pantoprazol 
As modificações estruturais apresentadas por esses fármacos são importantes e garantem modificações da farmacocinética, com pequenas
diferenças no tempo de meia-vida, que promove melhores condições posológicas para os pacientes que os utilizem. Os principais parâmetros
farmacocinéticos estão descritos na tabela a seguir: 
Esses medicamentos são pró-fármacos, que, após absorção sistêmica, devem chegar intactos às células parietais, onde se difundem e são
ativados por secreção ácida nas membranas dos canalículos secretores.Essa ativação promove modificação no fármaco que impede sua
saída do local de ação. O fármaco ativo se liga covalentemente à bomba de H+/K+/ATPase, inativando-a de forma irreversível. Porém, o
estômago renova a secreção ácida produzindo novas moléculas de bomba H+/K+/ATPase, que serão inseridas na membrana luminal para
reestabelecer esse processo fisiológico, levando de 24 a 48 horas para reversão. 
INDEPENDENTEMENTE DO CURTO TEMPO DE MEIA-VIDA, ESSES MEDICAMENTOS
APRESENTAM SEUS EFEITOS TERAPÊUTICOS EM RAZÃO DA IRREVERSIBILIDADE DE
LIGAÇÃO COM SEU ALVO.
SE OS FÁRMACOS CHEGAREM AO ESTÔMAGO, APÓS
UTILIZAÇÃO POR VIA ORAL E ENCONTRAREM AMBIENTE
ÁCIDO SEM A DEVIDA PROTEÇÃO PELOS EXCIPIENTES DA
FORMULAÇÃO, TERÍAMOS O EFEITO FARMACOLÓGICO
ESPERADO? 
 
Fonte:Shutterstock
Não. Eles precisam estar vinculados a formulações gastrorresistentes, a fim de que driblem a acidez estomacal e ganhem o intestino para
que sejam absorvidos, como, por exemplo, as cápsulas gelatinosas de revestimento entérico (para omeprazol, esomeprazol e lansoprazol),
comprimidos de revestimento entérico (omeprazol, pantoprazol e rabeprazol) e a combinação de omeprazol com bicarbonato, em cápsulas ou
suspensões. 
Quanto à alimentação, o raciocínio é o mesmo. Sabemos que a ingestão de alimentos estimula fisiologicamente a secreção gástrica para
recebê-los e iniciar o processo digestivo. Por esta razão, é necessário um intervalo de pelo menos 30 minutos entre a utilização dos
medicamentos e a alimentação, para que não haja exacerbação da acidez estomacal, capaz de comprometer o tratamento e reduzir a
biodisponibilidade oral dos fármacos. 
 
Fonte: Shutterstock
 ATENÇÃO
Para os pacientes que necessitam de ação imediata, encontram-se disponíveis para administração intravenosa os fármacos omeprazol,
esomeprazol, lansoprazol e pantoprazol. 
Esses fármacos sofrem rápida absorção no intestino após uso oral, ligam-se a proteínas e são metabolizados no fígado por enzimas do
Citocromo P450. Por serem biotransformados dessa forma, uma gama de interações medicamentosas pode ser observada, resultando em
alterações na farmacocinética de outros fármacos que competem por essa forma de metabolização. 
Fica também ressaltada a importância especial aos pacientes que apresentam doença hepática, com recomendação de redução de doses.
Além das questões de biotransformação, outro grupo de interações medicamentosas que pode ser observado são aqueles oriundos do efeito
terapêutico. Após redução da acidez do conteúdo gástrico, outros fármacos e substâncias podem ter sua absorção debilitadas, como o
cetoconazol (antifúngico), a ampicilina (antibiótico), alguns sais de ferro e a vitamina B12. 
 
Fonte:Shutterstock
O uso clínico dos inibidores das bombas de próton mais importantes objetivam promover benefícios no tratamento de gastrites, úlceras
gástricas e duodenais, doença do refluxo gastroesofágico, azias, doença de Zollinger-Ellison (distúrbio hipersecretor patológico). 
EFEITOS ADVERSOS 
Dentre os principais efeitos adversos desta classe, podemos destacar náusea, dor abdominal, aumento do risco de fraturas ósseas e a
hipergastrinemia (secreção aumentada de gastrina para tentar compensar a redução da secreção ácida estomacal) e aumento da
possibilidade de desenvolvimento de tumores gástricos. 
 
Fonte:Shutterstock
FÁRMACOS ANTAGONISTAS H2 
Outra classe importante de fármacos que modulam a acidez estomacal são os antagonistas seletivos dos receptores de histamina H2, que
atuam competindo de forma reversível com a histamina pela ligação em seu receptor na membrana basolateral das células parietais. Dentre
os fármacos representantes deste grupo, estão: 

Ranitidina

Cimetidina

Famotidina

Nizatidina

Ranitidina

Cimetidina

Famotidina

Nizatidina
Esses medicamentos estão disponíveis em formulações orais e parenterais, que reduzem em aproximadamente 70% a secreção de
ácido gástrico durante 24 horas.
Semelhante aos inibidores de bombas de próton discutidos anteriormente, os antagonistas H2 também são absorvidos rapidamente após
administração oral, atingindo máximas concentrações plasmáticas entre 1-3 horas. Como principais diferenças, esses fármacos podem ter: 
 
Fonte: Shutterstock
Absorção beneficiada pela presença de alimentos. 
 
Fonte: Shutterstock
Absorção diminuída em virtude do uso de antiácidos locais. 
Os fármacos antagonistas H2 ainda apresentam diferença na metabolização, onde ocorre pouca ligação com as proteínas, com pequena
biotransformação hepática, e isso não culmina na necessidade de ajuste em vigência de doença hepática prévia. Além disso, poucas
interações medicamentosas são esperadas com o uso dos antagonistas H2, sendo os poucos relatos associados ao uso da cimetidina e
ranitidina. 
Neste aspecto, a nizatidina e famotidina são consideradas mais seguras. Por se tratar de um fármaco de eliminação na urina, paciente
nefropatas demandam reduções de doses desses antagonistas. 
Esses fármacos são utilizados no tratamento de ulcerações gástricas e duodenais, doença do refluxo gastroesofágico e para evitar a
ocorrência de úlceras relacionadas ao estresse. 
EFEITOS ADVERSOS 
Trata-se de fármacos com poucos efeitos adversos e bem tolerados pelos usuários. Dentre os relatos mais comuns, estão diarreia, cefaleia,
sonolência, fadiga e dor muscular e constipação. 
 
Fonte:Shutterstock
 SAIBA MAIS
Uma questão especial, que demanda atenção dos prescritores e demais profissionais é a utilização destes medicamentos por grávidas e
lactentes. Estes fármacos são capazes de ultrapassar a barreira placentária e ser excretados pelo leite materno, entretanto até o momento
não foi relatado pela literatura científica teratogenicidade para esta classe. Um fato interessante sobre estes fármacos é a inibição
predominantemente da secreção ácida basal, mais bem evidenciada durante a noite. Por esta razão, para úlceras duodenais o tratamento
indicado consiste em administração noturna de antagonistas H2 como principal abordagem farmacoterapêutica. 
Com a diminuição da acidez gástrica, é possível ser evidenciada também com esta classe de fármacos a hipergastrinemia, que estimula as
células enterocromoafins a liberarem histamina, o agonista natural dos receptores H2. Com isso, ajustes de dose podem ser necessários
para compensar possíveis falhas terapêuticas. Também é preciso atenção ao descontinuar o tratamento, pela possibilidade de efeito rebote. 
 
Fonte:Shutterstock
Hipergastrinemia: distúrbio endócrino caracterizado por níveis aumentados do hormônio gastrina, fazendo com que o estômago produza
ácido gástrico em excesso. 
EFEITO REBOTE
javascript:void(0)
Trata-se de uma produção rápida de efeitos opostos aumentados após a retirada do estímulo que a causava; neste caso, os
medicamentos. A finalização abrupta do uso de um fármaco pode gerar tal efeito. 
FÁRMACOS PROTETORES DE MUCOSAS 
Visto que a produção de acidez, em determinadas ocasiões, é prejudicial às mucosas gástricas e esofagianas, alguns fármacos podem ser
utilizados para aumentar os mecanismos fisiológicos de proteção da mucosa ou agir como barreira física sobre a superfície lesionada pelo
excesso de acidez.
A mucosa gástrica sintetiza as prostaglandinas E2 (PGE2) e a prostaciclina (PGI2) que atuam nos receptores EP3 das células parietais,
reduzindo a concentração de cAMP intracelular, que levaria ao aumento da secreção ácida, realizando, dessa forma, um efeito protetor frente
à acidez. 
 
fonte: Shutterstock
Estrutura molecular da prostaglandinas E2 (PGE2) 
 
fonte: Shutterstock
Estrutura molecular da prostaciclina (PGI2) 
 ATENÇÃO
Fármacos como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) diminuem a síntese de prostaglandinas pela inibição das enzimas ciclo-
oxigenases, trazendo como efeito adverso o aumento da acidez estomacal, que pode levar ao desenvolvimento de quadros ulcerosos. 
MISOPROSTOL
O fármaco misoprostol é um análogo sintético da prostaglandinaE1, que, quando administrado por via oral, é capaz de atuar tanto em
células parietais quanto nas células enterocromoafins, inibindo a secreção basal ácida, bem como estimulando a circulação sanguínea local,
aumentando a secreção de muco e bicarbonato. Após absorção oral, o fármaco é transformado em seu metabólito ativo nas células parietais.
 
Seu uso no tratamento de úlceras gástricas tem sido descontinuado ao longo dos anos em razão da sua toxicidade. O misoprostol está
associado a quadros diarreicos e dores abdominais em 30% dos pacientes, além de ser contraindicado para indivíduos com doenças
inflamatórias intestinais e, principalmente, para gestantes, em razão de seu estímulo a contratilidade da musculatura uterina. Atualmente,
existem disponíveis protocolos de utilização do medicamento na indução de partos, sobretudo com administração de preparações para uso
intravaginal. 
 
Fonte:Shutterstock
 Misoprostol
SUCRALFATO
Em lesões causadas pela acidez, algumas proteínas da mucosa gástrica são hidrolisadas por estímulo da pepsina, ocasionando erosão e
ulcerações dessa mucosa. O sucralfato, outro fármaco de enorme importância clínica, é capaz de atuar como protetor gástrico neste
aspecto. Seu efeito gastroprotetor é extenso e envolve, em primeiro plano, a formação de um polímero complexo com o muco produzido
pelas células em um ambiente ácido, o que dificulta a sua degradação e impede a dispersão dos íons H+ nesse novo fluido. Em segundo
plano, estimula a produção de muco, bicarbonato e prostaglandinas estomacais, além de inibir a ação da pepsina. 
Para ser utilizado, é preciso que o paciente o faça uma hora antes da alimentação, a fim de que o ambiente ácido seja propício para sua
interação e polimerização, como o muco. Quanto aos efeitos adversos, o perfil de segurança do fármaco é favorável, representando apenas
risco de constipação intestinal e diminuição da absorção de outros fármacos, o que pode ser atenuado com a ingestão do sucralfato cerca de
duas horas após a administração dessa medicação. 
 
Fonte:Shutterstock
ALÉM DE SUA UTILIZAÇÃO FRENTE À DESREGULAÇÃO DA SECREÇÃO ÁCIDA
ESTOMACAL, ESSE FÁRMACO TAMBÉM É UTILIZADO POR PACIENTES COM SÍNDROMES
DE ESOFAGITE OU GASTRITE BILIAR, POR TAMBÉM SE CONJUGAR A ÁCIDOS BILIARES.
FÁRMACOS ANTIÁCIDOS 
Você deve conhecer uma gama de produtos comercializados como antiácidos, o que sugere, anteriormente ao estudo da farmacologia, que o
controle da acidez estomacal é fundamental para combate ao desconforto gástrico. 
 
Fonte: Shutterstock
O USO DE ANTIÁCIDOS É A FORMA MAIS SIMPLES DE TRATAMENTO DA SECREÇÃO ÁCIDA
EXCESSIVA. ENTRETANTO, PODEMOS DIZER QUE É A MANEIRA MENOS EFICIENTE DE
TRATAR ÚLCERAS GÁSTRICAS, TENDO MAIOR UTILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DAS
DUODENAIS. 
A maioria dos antiácidos disponíveis corresponde aos sais de magnésio e alumínio. 
 
Fonte: Shutterstock
HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO
Reage com a acidez estomacal, formando cloreto de magnésio no estômago. 
 
Fonte: Shutterstock
HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO
Reage formando cloreto de alumínio.
Estes sais exercem seu efeito gastroprotetor ao elevar o pH estomacal e adsorver a pepsina, resultando em breve atenuação do desconforto
causado pela acidez do conteúdo gástrico. 
HIDROTALCITA
Preparações como a hidrotalcita, contêm misturas de sais de alumínio e magnésio, e tendem a manter capacidade de neutralização mais
prolongada e efetiva, além de atenuar a possiblidade de efeitos adversos individuais, uma vez que a utilização medicamentosa de alumínio
tende a propiciar constipação e o uso de magnésio pode causar diarreia. 
 
Fonte: Shutterstock
BICARBONATO DE SÓDIO E CARBONATO DE CÁLCIO 
Outros sais que podem ser utilizados são o bicarbonato de sódio e o carbonato de cálcio, que auxiliam na neutralização do pH gástrico,
embora estejam associados a quadros de eructações, náusea, desconforto abdominal e flatulências, mediante formação de CO2 (gás
carbônico) no estômago e nos intestinos. 
Para paciente com insuficiência renal, é necessário acompanhamento minucioso do uso desses medicamentos, em razão da possibilidade de
acúmulo prejudicial de alumínio e magnésio, que pode propiciar alguns agravos clínicos, como osteoporose, encefalopatia e miopatia. Com
relação ao cálcio, aquele absorvido por via oral após o uso de bicarbonato de cálcio e carbonato de cálcio, pode causar hipercalcemia
transitória, condição problemática em pacientes renais crônicos, pela possibilidade de precipitação de sais de cálcio nos rins, podendo levar à
insuficiência renal. 
 
Fonte:Shutterstock
EM GERAL, OS ANTIÁCIDOS DEVEM SER ADMINISTRADOS EM FORMA DE SUSPENSÃO OU
EM OUTRA FORMA FARMACÊUTICA CAPAZ DE ACELERAR A SUA AÇÃO NEUTRALIZANTE,
COMO EM COMPRIMIDOS MASTIGÁVEIS, POR EXEMPLO. 
ESTUDO DE CASO 
Veja o estudo de caso envolvendo os fármacos abordados neste módulo. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A MANUTENÇÃO DA ACIDEZ DO CONTEÚDO ESTOMACAL É FUNDAMENTAL PARA A PRESERVAÇÃO DE
MUITOS EVENTOS FISIOLÓGICOS E FUNCIONAIS PARA O ORGANISMO HUMANO. AS OPÇÕES ABAIXO
APRESENTAM BENEFÍCIOS DA SECREÇÃO ÁCIDA, EXCETO: 
A) Auxílio na absorção de ferro e vitamina B12. 
B) Auxílio na absorção de cálcio 
C) Ação protetiva contra micro-organismos. 
D) Auxílio na absorção de todos os fármacos utilizados por via oral. 
2. O TRATAMENTO DAS ÚLCERAS GÁSTRICAS E DUODENAIS ENVOLVE A UTILIZAÇÃO DE FÁRMACOS DE
DIFERENTES CLASSES TERAPÊUTICAS, COMO OS INIBIDORES DE BOMBAS DE PRÓTON, ANTAGONISTAS
DE RECEPTORES H2 E ANTIÁCIDOS. ASSINALE O ITEM QUE APRESENTA UM REPRESENTANTE DE CADA
CLASSE TERAPÊUTICA. 
A) Omeprazol, ranitidina e sucralfato. 
B) Pantoprazol, famotidina e misoprostol. 
C) Lansoprazol, hidróxido de magnésio e hidróxido de alumínio. 
D) Omeprazol, ranitidina e hidróxido de alumínio. 
GABARITO
1. A manutenção da acidez do conteúdo estomacal é fundamental para a preservação de muitos eventos fisiológicos e funcionais
para o organismo humano. As opções abaixo apresentam benefícios da secreção ácida, exceto: 
A alternativa "D " está correta.
 
Fármacos como cetoconazol, ampicilina, alguns sais e vitaminas podem ter sua absorção diminuída após redução da acidez gástrica. 
2. O tratamento das úlceras gástricas e duodenais envolve a utilização de fármacos de diferentes classes terapêuticas, como os
inibidores de bombas de próton, antagonistas de receptores H2 e antiácidos. Assinale o item que apresenta um representante de
cada classe terapêutica. 
A alternativa "D " está correta.
 
Representam a classe dos fármacos inibidores de bombas de próton os fármacos omeprazol, esomeprazol, dexlansoprazol, lansoprazol e
pantoprazol. A classe dos fármacos antagonistas de receptor H2 é composta de: ranitidina, cimetidina, famotidina e nizatidina. Já a classe
dos fármacos antiácidos é formada por: hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio e
hidrotalcita. 
 
Fonte: Shutterstock
FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS 
Esta classe de fármacos é fundamental no manejo de náuseas e vômitos que possam acometer diferentes tipos de pacientes e condições,
como aqueles que passam por tratamento quimioterápico e apresentam náuseas e vômitos como efeito adverso, ou aqueles com algum tipo
de distúrbio fisiológico capaz de induzir essa sintomatologia tão desagradável. Entretanto, é preciso sinalizar que o vômito é a ejeção abrupta
do conteúdo estomacal, que pode exercer efeito protetivo ao auxiliar na eliminação de toxinas e impedir sua ingestão subsequente.
Porém, antes de apresentarmos os fármacos, é preciso conhecer o mecanismo fisiológico que leva a esses processos. 
Você já sentiu aquele popular “frio na barriga” durante um movimento brusco ou susto? 
 
 
Fonte: Shutterstock
Lembra-se de já ter apresentado náusea após alimentação em excesso ou depois de comer algum alimento de procedência duvidosa? 
 
Fonte: Shutterstock
Todos esses quadros podem ter sido traduzidos em náusea ou levado ao ápice da sensação de desconforto, ovômito. Fisiologicamente,
podemos explicar náusea e vômito a partir de duas estruturas distintas: 
 
VIA ESTIMULAÇÃO DO CENTRO EMÉTICO OU CENTRO DO VÔMITO 
 
VISUALIZAR
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VIA SISTEMA VESTIBULAR 
 
 
VISUALIZAR
VIA ESTIMULAÇÃO DO CENTRO EMÉTICO OU CENTRO DO VÔMITO 
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O centro do vômito (localizado no sistema nervoso central) é a região que, quando estimulada, leva ao processo emético, via resposta
eferente aos órgãos da periferia do organismo – os do sistema gastrointestinal. Trata-se de uma estrutura localizada na medula que
recebe comunicação de outras estruturas próximas, como a zona de gatilho quimiorreceptora (ZGQ), região que recebe estímulos do
sistema vestibular e dos nervos aferentes vagais, aqueles que transmitem os sinais vindos do intestino para o tronco cerebral. 
Pensemos agora na forma aferente, ou seja, o envio de respostas do sistema gastrointestinal para o sistema nervoso central – muitas
condições podem levar à resposta emética. As alterações do trânsito intestinal, a plenitude gástrica, as perdas de motilidade, os
estímulos do álcool e alguns fármacos (os quimioterápicos, por exemplo) são capazes de estimular o centro emético, desencadeando o
vômito. 
VIA SISTEMA VESTIBULAR 
O sistema vestibular é um sistema complexo localizado no ouvido interno, onde temos o labirinto, canais semicirculares permeados pela
endolinfa. Este sistema faz comunicação com o cerebelo, órgão do SNC que garante o equilíbrio. Processos inflamatórios ou outras
alterações neste sistema estimulam o cerebelo a enviar sinal ao centro emético, que, em linhas gerais, pode estimular o processo de
vômito. 
Doenças neste sistema, como a labirintite, além de dificuldades motoras relacionadas ao equilíbrio, podem gerar náusea e vômito. O
mesmo quadro podemos esperar de movimentos bruscos ou movimentos suaves repetitivos, como uma montanha-russa ou um passeio
de barco, respectivamente. Muitos indivíduos traduzem essas alterações do sistema vestibular em estímulos eméticos. Chamamos esse
processo de distúrbios vestibulares de cinetose, e os fármacos relacionados ao controle desta sintomatologia são os pró-cinéticos. 
Precisamos destacar que estímulos visuais, dores, odores repulsivos e fatores emocionais também são capazes de estimular o centro
emético, o que explica muitas situações cotidianas que levam os indivíduos ao vômito, sem que haja relação com os órgãos da periferia. 
Os fármacos em especial, após serem absorvidos na corrente sanguínea, são capazes de ser detectados na ZGQ, uma vez que essa região
da barreira hematoencefálica apresenta certa facilidade de permeabilidade. Tal evento fisiológico explica o fato de a ZGQ ser o local de ação
dos fármacos que induzem o vômito, mas também ser o local de ação da maioria dos fármacos antieméticos. 
Para compreensão do quadro geral, observe a imagem a seguir. 
 
Fonte: Regulação fisiológica do vômito. Fonte: RANG; DALE; RITTER 2016.
 Legenda: Regulação fisiológica do vômito. Fonte: RANG; DALE; RITTER 2016. 
Esse processo de comunicação com o centro do vômito se dá via neurotransmissores, como a acetilcolina, histamina, serotonina, dopamina,
substância P, além das encefalinas e dos endocanabinoides. Neste contexto, o uso de fármacos antagonistas dos receptores desses
neurotransmissores constitui a atividade antiemética esperada para os fármacos que veremos a seguir. 
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H1 
Os fármacos antagonistas dos receptores H1 exercem seu efeito através da competição de ligação pela histamina. Fazem parte dessa classe
os fármacos: 
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Ciclizina
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Hidroxizina

Prometazina

Difenidramina

Cinarizina

Ciclizina
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Hidroxizina

Prometazina

Difenidramina

Cinarizina
São eficazes no controle de náuseas e vômitos de diferentes origens, incluindo quadros de cinetose e náuseas da gravidez e do viajante. 
EFEITOS ADVERSOS 
Em geral, são fármacos bem tolerados, mas seu uso está associado a efeitos sedativos, como sonolência, e deve ser monitorado a fim de
evitar complicações. 
 
Fonte:Shutterstock
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS 
Nesta classe terapêutica, destacamos o uso da escopolamina (ou hioscina), fármaco utilizado principalmente em quadros de cinetose, mas
com pouca atividade frente ao uso de substâncias irritantes ao sistema gastrointestinal, como os quimioterápicos, por exemplo. 
EFEITOS ADVERSOS 
Dentre os efeitos adversos mais comuns, destacam-se aqueles sabidamente oriundos do bloqueio colinérgico, como boca seca, visão
embaçada, constipação, entre outros. 
 
Fonte:Shutterstock
BLOQUEIO COLINÉRGICO
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O bloqueio colinérgico refere-se a ações de antagonistas de receptores de acetilcolina, um importante neurotransmissor do sistema
nervoso autônomo. Dentre muitas funções no organismo humano, este neurotransmissor favorece as atividades normais do tubo
gastrointestinal. Quando ocorre bloqueio colinérgico, essas ações fisiológicas da acetilcolina são interrompidas, levando a
complicações, como boca seca e constipação, por exemplo, que atrapalham os processos digestivos.
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES D2
Grande parte da utilização de antagonistas de receptores de dopamina se dá pela gastroparesia, ou seja, a redução acentuada da
motilidade gastrointestinal, por redução da sinalização colinérgica. Essa redução colinérgica se dá por um freio efetuado por neurônios
dopaminérgicos, que apresentam receptores D2 responsivos à dopamina. 
Em quadros de gastroparesia, os enterócitos liberam dopamina em excesso, que é inibitória para as fibras colinérgicas, diminuindo o tônus
colinérgico. Este sinal é enviado ao centro do vômito, que acentua a possibilidade de ocorrência de náusea e o vômito. Os fármacos
utilizados como antagonistas dopaminérgicos, sem que haja intento antipsicótico, não atuam diretamente no centro do vômito, sendo o seu
efeito antiemético esperado com o reestabelecimento da motilidade, sendo assim chamados de pró-cinéticos. 
 SAIBA MAIS
Fármacos antipsicóticos como os fenotiazínicos (clorpromazina, perfenazina, proclorperazina) já tiveram seus efeitos antieméticos
descritos, mas também apresentam efeito de bloqueio sobre os receptores de histamina e muscarínicos. Como efeitos adversos principais,
apresentam sedação, hipotensão, sintomas extrapiramidais, além de distonias (ao afetarem contrações musculares) e discinesias (distúrbios
da atividade motora). Outros fármacos antipsicóticos, como o haloperidol, droperidol e levomepromazina, também já foram utilizados para
esta finalidade. 
A bromoprida e domperidona são destaques como pró-cinético, pelo fato de atuarem como antagonistas de receptores D2, com menores
efeitos sobre o SNC. Já outro pró-cinético conhecido, a metoclopramida, atua na ZGQ e sobre a motilidade do esôfago, estômago e
intestino, sendo inclusive utilizada no tratamento de algumas doenças, como o refluxo. Em razão de seus efeitos a nível de SNC, são
esperados para este fármaco consequências adversas, como distúrbios do movimento, cansaço e síndrome extrapiramidal. 
SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL 
Quando o bloqueio dos receptores dopaminérgicos é intenso, o freio, que anteriormente controlava o estímulo colinérgico, é perdido, e a
acetilcolina atua de forma exacerbada, levando a contrações musculares involuntárias na periferia (tremores, contrações e até
espasmos), o que é chamado de efeito extrapiramidal, efeito adverso observado com frequência após utilização dessa classe de
fármacos, sobretudo por via intravenosa.
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Molécula da bromoprida 
Molécula da domperidona 
Molécula da metoclopramida. 
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 5-HT3 
A serotonina, nosso famoso neurotransmissor relacionado às emoções e à felicidade, é também um neurotransmissor liberado pelas células
enterocromoafins (ECL) do intestino delgado, em resposta às substâncias potencialmente tóxicas, como os quimioterápicos e algumas
toxinas, por exemplo. Os seusreceptores do tipo 5-HT3 estão localizados tanto na periferia do organismo (nos nervos aferentes vagais)
quanto no SNC (na zona de gatilho quimiorreceptora e no núcleo do trato solitário), onde se encontram em concentrações mais altas. Essa
classe terapêutica compreende os fármacos: 
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Ondansetrona ((protótipo do grupo))
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Granisetrona

Tropisetrona

Dolasetrona

Palonosetrona

Ondansetrona ((protótipo do grupo))
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Granisetrona
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Tropisetrona

Dolasetrona

Palonosetrona
ESSES FÁRMACOS SÃO BEM ABSORVIDOS PELO TUBO GASTROINTESTINAL (TGI), E SEUS
EFEITOS PERSISTEM, MESMO APÓS DESAPARECIMENTO DA CIRCULAÇÃO, O QUE
SUGERE INTENSA INTERAÇÃO COM SEUS RECEPTORES. 
São fármacos eficazes no tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia (NVIQ) e náuseas secundárias à irradiação do
abdome superior, bem como nas náuseas gestacionais e pós-operatórias. Sua utilização no tratamento de náuseas tardias está relacionada
aos diferentes parâmetros farmacocinéticos, como demonstrado na tabela a seguir. 
FÁRMACO VIA DE
ADMINISTRAÇÃO 
MEIA-VIDA
(H) 
APROVAÇÃO PARA
USO 
Dolasetrona VO 7,3 1997 
Granisetrona IV 9 1993
Granisetrona VO 6,26 2001
Granisetrona SC LP 26,15 – 28,8 2016
Granisetrona TD - 2008
Ondansetrona IV 3,5 – 3,5 1991
Ondansetrona VO 3,1 – 6,2 1992 
Palonosetrona IV 40 2003
Palonosetrona/
Netupitanto 
VO 90 2017
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Legenda: IV (intravenoso), SC LP (subcutâneo de liberação prolongada), TD (transdérmico), VO (via oral). Fonte: Traduzido de GILMORE
et al . (2018) 
EFEITOS ADVERSOS 
Em geral, poucos efeitos adversos são esperados com a utilização desses fármacos, sendo as mais comuns constipações (principal queixa
dos usuários), diarreia, cefaleia e tontura.
 
Fonte:Shutterstock
ANTAGONISTAS DO RECEPTOR NK1
O tratamento da NVIQ é complexo e de extrema importância clínica. Os fármacos quimioterápicos, em geral, irritam as células intestinais e
causam intenso quadro emético, o que sugere abordagem farmacológica ampla com a utilização combinada de fármacos de diferentes
classes, como os fármacos apresentados anteriormente, e pelos inibidores de substância P, que veremos a seguir (NAVARI; AAPRO, 2016). 
 Aspectos fisiopatológicos das náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia. Fonte: NAVARI; SCHWARTZBERG (2018)
Muitas substâncias tóxicas, principalmente os fármacos quimioterápicos utilizados no tratamento contra o câncer, estimulam a liberação da
substância P. Esses neuromoduladores neuropeptídios (substância P) são moléculas liberadas pelos nervos aferentes vagais
gastrointestinais e pelo próprio centro do vômito, os quais interagem com receptores do tipo NK1, encontrados no centro do vômito e na ZGQ.
Quando esses receptores são ativados por seu ligante endógeno, o processo emético é deflagrado, estimulando o vômito. 
Os fármacos pertencentes a essa classe, como o aprepitanto, fosaprepitanto, netupitanto e rolapitanto, são fármacos utilizados no
tratamento de náusea tardia, o que lhes confere superioridade no tratamento de NVIQ quando comparados com os antagonistas dos
receptores 5-HT3, que discutimos anteriormente. Sua utilização no tratamento de náuseas tardias se deve ao extenso tempo de meia-vida
que esses fármacos apresentam, com taxa de ocupação dos receptores de cerca de 24h. Os dados farmacocinéticos dos fármacos dessa
classe estão descritos na tabela a seguir. 
FÁRMACO VIA DE
ADMINISTRAÇÃO 
MEIA-
VIDA
(H) 
TEMPO PARA PICO
PLASMÁTICO (H)
APROVAÇÃO
PARA USO 
Aprepitanto VO 9,13 4 2003
Aprepitanto IV 9,13 0,5 2017
Fosaprepitanto IV 9,13 < 0,5 2008
Netupitanto /
Palonosetrona 
VO 96 5 2014
Netupitanto /
Palonosetrona 
IV 144 0,5 2018
Rolapitanto VO 169 – 183 3 – 4 2015
Rolapitanto IV 169 – 183 0,5 2017
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Legenda: IV (intravenoso), VO (via oral). Fonte: Traduzido de NAVARI; SCHWARTZBERG (2018) 
EFEITOS ADVERSOS 
Em geral, os antagonistas de receptores NK1 são bem tolerados e não estão associados a efeitos adversos. Poucos relatos sugerem fadiga,
cefaleia e constipação. 
 
Fonte:Shutterstock
CANABINOIDES
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CANABINOIDES
Receptores canabinoides, do tipo CB1, são encontrados nas vias eméticas tanto centrais quanto periféricas, sendo majoritariamente achados
nas proximidades do centro do vômito e na ZGQ. Quando estimulados por canabinoides endógenos, promovem a supressão do estímulo
emético por suprimir a liberação de serotonina pelas células enterocromoafins e diminuir a liberação de substância P. O uso de canabinoides
como antieméticos vem demonstrado benefícios em estudos clínicos com pacientes em tratamento quimioterápico, entretanto outra indicação
do uso destes fármacos é como estimulante do apetite em pacientes com quadros de caquexia ou síndromes do tipo anorexígeno. 
Como antiemético, os canabinoides são efetivos contra náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia (NVIQ), isolados ou em combinação
com outros fármacos. Destacam-se nesta classe os fármacos dronabinol (canabinoide natural), levonantradol, nabiximols e derivados de
extratos de Cannabis sativa. A nabilona é um derivado sintético que age de forma semelhante aos demais fármacos. 
Trata-se de fármacos altamente lipossolúveis, com extensa metabolização e ligação com as proteínas plasmáticas, o que lhes confere
intensa distribuição e duração de efeito terapêutico. Seu uso clínico ainda depende de aprovação por legislação em virtude de ser derivado
de substância proscrita, e em razão de seus efeitos adversos. Atualmente, esses fármacos são prescritos para pacientes que não
responderam a nenhuma das opções terapêuticas disponíveis para controle de náusea e vômito. 
O uso desses fármacos pode induzir em alguns pacientes a síndrome da hiperêmese canabinoide, após uso diário ou abusivo, por
mecanismos ainda não muito bem esclarecidos. Destaca-se também a possibilidade de desordens neuropsiquiátricas, como alucinações, uso
abusivo do medicamento, síndromes de ansiedade, além de sonolência e boca seca. 
FÁRMACOS LAXATIVOS 
Os fármacos antidiarreicos e os laxativos são classes de fármacos muito importantes na prevenção de agravos e na restauração da
qualidade de vida dos pacientes que, porventura, faça uso deles. É sabido que o perfeito funcionamento do trânsito intestinal, com
eliminações frequentes e dentro de condições de normalidade, implica em acréscimo de qualidade de vida. 
A perfeita absorção dos nutrientes e da água ingerida depende, dentre muitos fatores, do tempo de permanência dos alimentos nos intestinos
delgado e grosso. Problemas relacionados às alterações do trânsito intestinal podem gerar carência de nutrientes, desidratação, doenças
inflamatórias, perda da microbiota intestinal, desconforto e dores abdominais, flatulências, inflamações, sangramentos, além de favorecer o
surgimento de tumores. 
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Fonte:Shutterstock
FLUXO DE ÁGUA E NUTRIENTES NO INTESTINO
Muitos fármacos são dedicados a agilizar o trânsito dos alimentos através do intestino, como os fármacos laxativos, emolientes fecais e
os purgativos estimulantes. Porém, antes de falarmos sobre os fármacos, precisamos compreender a importância do fluxo de água e
sais minerais pelo TGI, uma vez que esse fluxo determina o volume e a consistência das fezes. O perfeito funcionamento do organismo
depende do balanço excreção/absorção de água que vem da alimentação e da hidratação oral. Essa absorção se dá majoritariamente
no intestino delgado e é finalizada no intestino grosso, onde, aproximadamente, 100mL de água é perdido diariamente pela excreção
fetal. Essa razão explica em parte o risco de desidratação que pode ser observada em pacientes diarreicos. 
Algumas condições, como mecanismos neuro-hormonais, infecção por patógenos, alguns fármacos e distúrbios da motilidade em geral
podem alterar o balanço absorção/excreção de água, levando à constipação.A redução da motilidade intestinal faz com que os
alimentos fiquem mais tempo no intestino, e isso causa a remoção excessiva de líquidos, levando ao endurecimento das fezes e
dificultando sua eliminação. 
A constipação pode ser definida, em linhas gerais, como a redução do número de evacuações para menos de três vezes por semana, pela
dificuldade em iniciar o processo de evacuar e a eliminação incompleta das fezes. Neste momento, nosso foco é a abordagem farmacológica
dessa condição, mas é preciso ter em mente que a alimentação e a ingestão hídrica também exercem enorme importância. Para facilitar a
compreensão, dividiremos didaticamente os fármacos laxativos em grupos, como a seguir: 
MODULADORES DA MOTILIDADE INTESTINAL 
A motilidade do intestino grosso é fundamental para absorção de água e propulsão do bolo fecal dos segmentos proximais aos segmentos
distais. A motilidade reduzida ou a motilidade intensa, mas não propulsora, dificultam a eliminação das fezes. Neste cenário, é necessário a
utilização de fármacos laxantes que promovam a inibição de contrações segmentares (não propulsoras) e estimulem as contrações
propulsoras. 
Fármacos pró-cinéticos (discutidos anteriormente) podem ser utilizados por atuarem justamente na regulação da motilidade gastrointestinal,
além do misoprostol. Outros fármacos recém-utilizados são os agonistas seletivos de receptores serotoninérgicos 5-HT4, como a
prucaloprida. Este fármaco, após se ligar ao seu receptor, induz a motilidade gastrointestinal, sendo eficaz no tratamento da constipação,
apresentando poucos efeitos adversos, como diarreia e cefaleia em número reduzido de pacientes (BLACK; FORD, 2018). 
AGENTES OSMÓTICOS 
Uma grande estratégia para atenuar processos de constipação é a utilização de laxantes osmóticos, aqueles que promovem o aumento de
líquidos no intestino. Chamamos de laxantes salinos aqueles sais que, por osmose, promovem a retenção de água no intestino grosso, e isso
estimula a peristalse (movimentos naturais do intestino). 
Como destaques para esse grupo, temos os sais sulfato de magnésio, hidróxido de alumínio, citrato de magnésio e fosfato de sódio.
Seu uso farmacológico deve ser controlado, em razão da possibilidade de efeitos adversos. Destacam-se a indução da liberação de
mediadores inflamatórios e de náuseas, em razão de baixa palatabilidade. Além disso, a disposição de íons destes sais pode gerar
descompensações renais e da pressão arterial. 
Outro grupo de fármacos osmóticos envolve os açúcares e álcoois indigeríveis. Esses açúcares são hidrolisados no intestino grosso em
ácidos graxos de cadeia curta, que atraem água por osmose para o lúmen do intestino e estimulam a motilidade propulsora do cólon. São
exemplos desta classe a lactulose, o sorbitol e manitol. 
Neste mesmo racional de tratamento, destaca-se o uso de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol (PEG) de cadeia longa, como o
macrogol, que não são bem absorvidas e ficam retidas no lúmen intestinal e atuam estimulando a peristalse. Esses fármacos são, em geral,
bem tolerados por serem pouco absorvidos. Entretanto, o uso em excesso pode gerar flatulência, diarreia, cólicas abdominais e distúrbios
eletrolíticos. 
FÁRMACOS UMECTANTES E EMOLIENTES FECAIS 
Fármacos como o docusato sódico ou o docusato cálcico são surfactantes iônicos e agem de forma semelhante a um detergente
tensoativo, facilitando a mistura de substâncias aquosas e gordurosas no lúmen do intestino. Essas substâncias atuam fazendo com que as
fezes assumam forma amolecida, promovendo a evacuação mais facilmente. Também nesta classe estão os laxativos óleo mineral (mistura
de hidrocarbonetos alifáticos) e óleo de amendoim, que são indigeríveis e quase não são absorvidos. Apesar de bastante seguros, seu uso
pode levar ao desenvolvimento de reações inflamatórias por parte das células intestinais (pelo fato de serem substâncias atípicas), além de
distúrbios na absorção de vitaminas e eletrólitos. 
FÁRMACOS LAXANTES ESTIMULANTES OU IRRITANTES 
Ainda no estímulo à evacuação, encontramos os fármacos estimulantes e/ou irritantes, que levam ao aumento da secreção de eletrólitos e
água pela mucosa, além de aumentarem a peristalse. É sabido que esses fármacos exercem seus efeitos diretamente nos enterócitos, nos
neurônios intestinais e na musculatura lisa do TGI. Seu principal representante, o bisacodil, pode ser utilizado por via oral ou retal, além de
outros fármacos derivados das antraquinonas (sene, cáscara-sagrada, aloé) e o ácido ricinoleico (óleo de rícino). 
Dentre os principais efeitos adversos, destacam-se as cólicas abdominais e os distúrbios eletrolíticos, além do risco de lesão das mucosas e
respostas inflamatórias sustentadas e duradouras. Tais fármacos não devem ser utilizados em quadros de obstrução intestinal, de quaisquer
origens, diante dos riscos de sangramentos ou rompimento de estruturas. Seu uso exagerado pode causar atonia do cólon e gerar
dependência, o que sugere a necessidade de doses cada vez maiores para manutenção do efeito esperado.
FÁRMACOS ANTIDIARREICOS 
Semelhante ao que estudamos para os fármacos laxativos, chegamos agora ao estudo dos distúrbios da absorção de água e de eletrólitos,
que podem ocasionar a perda abrupta desses elementos e estimular a evacuação em excesso, seja em número de eventos, seja na
quantidade deles – o que conhecemos como diarreia. 
 
Fonte:Shutterstock
PROCESSO DIARREICO 
PROCESSO DIARREICO 
Esse fenômeno é complexo e possui muitas etiologias, e o entendimento desses processos facilita o racional de tratamento eficaz.
Inicialmente, a sobrecarga osmótica, tão objetivada pelos fármacos laxativos, pode ser exagerada e ocasionar a aceleração do trânsito
intestinal, levando à eliminação das fezes antes que estas sejam moldadas, favorecendo quadros diarreicos. Em geral, esses quadros são
autolimitados e se resolvem sem a necessidade de intervenção medicamentosa. Entretanto, casos mais graves requerem atenção em virtude
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das complicações que podem ser evidenciadas, como risco de desidratação e desnutrição, o que pode acelerar processos de caquexia,
especialmente importante em pacientes idosos e pediátricos. Uma ação importante não farmacológica no controle dos processos diarreicos é
a reidratação oral. 
Já o tratamento farmacológico deve ser indicado aos pacientes que apresentam quadros mais intensos, persistentes e não autolimitados. Seu
principal objetivo é promover alívio sintomático nos quadros de diarreia aguda, principalmente por diminuição da motilidade intestinal. Vale
ressaltar que é muito importante avaliar criticamente a utilização de um fármaco antidiarreico, sobretudo quando a diarreia é originada de um
processo infeccioso. Neste caso, o estímulo à evacuação é importante na eliminação de possíveis microrganismos potencialmente
patogênicos. 
VEJA ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA CONTROLE DA DIARREIA:
 
COLOIDES OU POLÍMEROS HIDROFÍLICOS 
Uma estratégia eficiente é o uso de coloides ou polímeros hidrofílicos, como a carboximetilcelulose. Esta substância absorve água e
aumenta o volume, a viscosidade e consistência do bolo fecal, diminuindo a fluidez das fezes. 
 
FÁRMACOS QUE SE LIGAM A ÁCIDOS BILIARES E A TOXINAS BACTERIANAS 
O excesso de sais biliares no intestino grosso e a presença de toxinas podem elevar a osmolaridade no lúmen, favorecendo quadros
diarreicos. Seu uso deve ser utilizado com critério, em razão da possibilidade de redução da eliminação de patógenos, caso haja infecção.
Ex.: colestiramina, colestipol e o colesevalam 
 
FÁRMACOS OPIOIDES 
Quando o tratamento da diarreia requer abordagem mais incisiva, são utilizados fármacos opioides, que atuam por diferentes mecanismos
através dos receptores opioides do tipo µ (relacionados à motilidade intestinal e absorção) e receptores δ (secreção intestinal e absorção). 
LEIA MAIS 
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FÁRMACOS OPIOIDES 
Estes receptores estão localizados nos nervos entéricos, nascélulas epiteliais e nos músculos, favorecendo sua utilização como
antidiarreicos. São representantes desta classe os fármacos que atuam principalmente nos receptores opioides µ: difenoxilato e
difenoxina – derivados da petidina – e a loperamida, principal fármaco utilizado desta classe, que, além de excelente antidiarreico,
oferece pouca ação no SNC. A loperamida age aumentando o tempo de trânsito ao longo de todo o TGI, além de aumentar o tônus do
esfíncter anal, o que facilita o controle sobre a evacuação. Outros opioides também podem ser utilizados, como a codeína e os
compostos que possam conter opioides, como o elixir paregórico. 
As encefalinas são opioides endógenos que atuam como neurotransmissores entéricos; suas ações envolvem a inibição da secreção
intestinal sem alterações da motilidade. O uso do racecadotrila, fármaco inibidor da encefalinase (enzima que degrada esses
neurotransmissores), reforça o efeito das encefalinas endógenas e reduz a secreção intestinal em excesso, exercendo, assim, efeito
antidiarreico. 
ESTUDO DE CASO 
Veja o estudo de caso envolvendo os fármacos abordados neste módulo. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MARQUE A ALTERNATIVA INCORRETA SOBRE OS FÁRMACOS LAXATIVOS: 
A) A redução da motilidade intestinal exerce efeito laxativo, sendo os fármacos pró-cinéticos redutores de motilidade.
B) Fármacos osmóticos, como a lactulose, exercem seus efeitos estimulando a migração de água para o lúmen intestinal.
C) Fármacos emolientes, como o óleo mineral, facilitam a mistura de água e gorduras no bolo fecal. 
D) O uso de fármacos laxativo está associado a dores abdominais, flatulências e distúrbios eletrolíticos. 
2. MARQUE A OPÇÃO QUE APRESENTA CORRESPONDÊNCIA ENTRE O MECANISMO E O FÁRMACO
UTILIZADO NO TRATAMENTO DE DISTÚRBIOS DIARREICOS: 
A) Atuação em receptores opioides µ - racecadotrila. 
B) Coloides ou polímeros hidrofílicos – petidina. 
C) Atuação em receptores opioides µ – loperamida. 
D) Inibidor de encefalinases gastrointestinais – colestiramina. 
GABARITO
1. Marque a alternativa incorreta sobre os fármacos laxativos: 
A alternativa "A " está correta.
 
O uso de moduladores da motilidade intestinal é fundamental para absorção de água e propulsão do bolo fecal. A motilidade reduzida ou a
motilidade intensa, mas não propulsora, dificulta a eliminação das fezes. São exemplos desta classe os pró-cinéticos, que favorecem a
eliminação das fezes ao regular a motilidade. Todas as demais opções estão corretas.
2. Marque a opção que apresenta correspondência entre o mecanismo e o fármaco utilizado no tratamento de distúrbios diarreicos: 
A alternativa "C " está correta.
 
Para controle da diarreia, é farmacologicamente viável a utilização de coloides ou polímeros hidrofílicos (carboximetilcelulose), fármacos
ligantes de ácidos biliares e toxinas bacterianas (colestiramina, colestipol e colesevalam), fármacos que atuam principalmente nos receptores
opioides µ: (difenoxilato, difenoxina, codeína e elixir paregórico) e fármacos inibidores da encefalinase (racecadotrila). 
 
Fonte: Shutterstock
FÁRMACOS QUE ALTERAM A ATIVIDADE METABÓLICA 
Antes de entrarmos no mundo dos fármacos utilizados para redução da glicemia, precisamos resumir um fenômeno fisiológico
supercomplexo, que é a homeostase da glicose. Trata-se de um processo altamente estruturado que necessita do envolvimento de diferentes
órgãos e de suas comunicações. Temos aqui um enorme destaque da insulina (hormônio produzido nas células β-pancreáticas), que tem a
sua secreção milimetricamente organizada para promover o balanço de glicose no organismo, seja após as refeições, seja nos períodos de
jejum prolongado. 
Vale ressaltar que o organismo em jejum é capaz de adquirir glicose por outras vias, como a glicogenólise, a β-oxidação de ácidos graxos e a
gliconeogênese, com destaque para o metabolismo hepático, estimulado por outro hormônio, o glucagon, que tende a manter os níveis de
glicose no sangue nos períodos de jejum. Observe esse processo fisiológico, a seguir. 
ESTADO DE JEJUM 
Nos seres humanos sadios, o nível plasmático de glicose é mantido em uma faixa de 4,4-5 mM, enquanto os ácidos graxos são mantidos em
níveis próximos de 400 µM. Na ausência de absorção de nutrientes pelo trato GI, a glicose é suprida principalmente pelo fígado, e os ácidos
graxos, pelo tecido adiposo. Durante o jejum, os níveis plasmáticos de insulina estão baixos, enquanto os de glucagon estão elevados,
contribuindo para o aumento de glicogenólise e da gliconeogênese hepáticas; a insulina em baixos níveis também libera os adipócitos de sua
inibição, permitindo um aumento da lipogênese. A maioria dos tecidos oxida, principalmente, ácidos graxos durante o jejum, preservando a
glicose para uso pelo SNC (GOODMAN & GILMAN, 2012). 
Fonte: GOODMAN & GILMAN
 Regulação da glicemia via insulina - Estado de jejum. Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2012. 
Fonte: GOODMAN & GILMAN
 Regulação da glicemia via insulina - Estado prandial. Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2012. 
ESTADO PRANDIAL 
Durante a alimentação, a absorção de nutrientes produz uma elevação da glicose plasmática, resultando na liberação intestinal de incretinas
e em estímulos neurais que promovem a secreção de insulina. Sob o controle da insulina, o fígado, o músculo esquelético e o tecido adiposo
captam ativamente a glicose. Tanto a produção de glicose hepática quanto a lipólise são inibidas, e a oxidação corporal total da glicose. O
encéfalo detecta as concentrações plasmáticas de glicose e fornece impulsos aferentes reguladores que contribuem para a homeostasia
energética. A espessura das setas reflete a intensidade relativa de ação, enquanto as linhas tracejadas indicam pouca ou nenhuma atividade
(GOODMAN & GILMAN, 2012). 
 VOCÊ SABIA
Muitas vezes, nós nos alimentamos e ingerimos uma quantidade de carboidratos muito maior que a necessária para o nosso balanço
energético. Este processo é um desafio para o organismo regular a homeostase de glicose, uma vez que parte dessa glicose deve ser
consumida dentro das células (via glicólise), parte deve ser biotransformada em glicogênio e outra parte, eliminada. Quem promove a
regulação desse processo é a insulina, hormônio que tem sua secreção estimulada pela ingestão de alimentos, absorção de nutrientes e
aumento da glicemia. O aumento exagerado da glicemia, processo que chamamos de diabetes, está associado às anormalidades na
secreção deste hormônio. 
A célula β-pancreática é estimulada a disponibilizar insulina durante todo o processo de digestão, até que a glicemia seja normalizada.
Existem também estímulos neurais que promovem a liberação de insulina, além da liberação de peptídeos insulinotrópicos por células
intestinais mediante a chegada do alimento. Esses peptídeos, que podem ser chamados de amplificadores da secreção de insulina ou
incretinas (guarde este nome!), são secretados em quantidades variadas de acordo com a porção de alimento ingerida e enviam respostas à
célula β-pancreática, para estimular a produção de insulina. Aqui, está o principal desafio da insulinoterapia: fazer o papel da insulina natural,
mimetizando o complexo fenômeno natural. 
Veja a figura a seguir para melhor compreensão desses processos. 
 
Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2012.
 Regulação da glicemia via insulina - Estado prandial. Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2012. 
A célula β do pâncreas no estado de repouso (nível de glicemia em jejum) encontra-se hiperpolarizada. A glicose, que entra por intermédio
dos transportadores GLUT (principalmente o GLUT1 nos seres humanos e o GLUT2 em roedores), é metabolizada e eleva o nível de ATP,
que inibe a entrada do K+ através do canal de KATP. A condutância diminuída do K+ resulta em despolarização, levando à exocitose da
insulina armazenada dependente de Ca2+. O canal de KATP, que na realidade é um hetero-octâmero composto das subunidades SUR1 e Kir
6.2, constitui o local de ação de várias classes de fármacos: 
● O ATP liga-se ao Kir6.2 e o inibe; 
● A sulfonilureias e meglitinidas ligam-se ao SUR1 e o inibem.
Por conseguinte, todos os três agentes promovem a secreção de insulina. O diazóxido ao ADP-Mg2+ (baixo nível de ATP) ligam-se ao SUR1
e o ativam, inibindo consequentemente a secreção de insulina. As incretinas intensificam a secreção de insulina (GOODMAN & GILMAN,
2012). 
O QUE É INSULINA?
Para entendermos a insulinoterapia, precisamos compreender brevemente o hormônio natural. A insulina é produzida e liberada pelas ilhotas
pancreáticas, que representam cerca de 2% do pâncreas. Essas ilhotas possuem função endócrina, sendo responsáveis pela liberação de
diferentes hormônios, como glucagon (células α), insulina (células β), somatostatina (células δ) e a grelina (células ε). A insulina que será
exocitada pelas células β-pancreáticas passa por uma série de modificações no seu local de produção e, ao ser liberada, possui curto tempo
de meia-vida, de 5-6 minutos. Como já mencionamos, esse processo de liberação é um evento fisiológico coordenado por nutrientes
(destaque para a glicose), hormônios gastrointestinais e pancreáticos e neurotransmissores. A glicose é o principal secretagogo (aquele que
estimula a liberação) de insulina. Mais à frente, discutiremos sobre fármacos secretagogos, ou seja, aqueles que estimulam a secreção de
insulina para controlar a glicemia. 
De forma bem resumida e simplória, altas concentrações de insulina reduzem a glicemia, ao inibir a produção de glicose pelo fígado, a
degradação de gorduras e a degradação de músculos, que levaria à oferta de glicose. Além disso, o hormônio estimula a captação da glicose
ingerida, através dos músculos e do tecido adiposo, via expressão de receptores próprios (GLUT). 
Então, depois de toda explicação fisiológica, chamamos de diabetes o quadro clínico onde há hiperglicemia associada à deficiência de
insulina. Essa deficiência pode ser: 
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AUSÊNCIA DE PRODUÇÃO 
GLICOSE ELEVADA NO SANGUE DURANTE A GRAVIDEZ 
AÇÃO EQUIVOCADA (DIMINUÍDA) DO HORMÔNIO
O DIAGNÓSTICO DA DIABETES DEPENDE DE EXAMES CLÍNICOS E LABORATORIAIS
(GLICEMIA DE JEJUM, HEMOGLOBINA GLICADA E GLICEMIA PÓS-PRANDIAL). 
 É sabido que essa condição pode ter origens genéticas, hereditárias, relação com hábitos e estilos de vida, doenças que acometam o
pâncreas endócrino (como o câncer), infecções e até a utilização de fármacos capazes de aumentar a glicemia. Para os pacientes que
apresentam o diabetes tipo I, o tratamento farmacoterapêutico é baseado na insulinoterapia (administração de insulina exógena), com a
intenção de mimetizar o processo natural que o organismo não é capaz de produzir. Já para os pacientes que apresentam o diabetes tipo II, o
racional farmacológico é auxiliar o controle da glicemia diante da incapacidade do organismo de liberar insulina corretamente. Vamos
começar nosso estudo farmacológico pela utilização da insulina como fármaco, a insulinoterapia.
 
Fonte:Shutterstock
INSULINOTERAPIA 
A insulina humana é um hormônio peptídeo formado por duas cadeias (A e B) interligadas por ligações de sulfeto. Inicialmente, a insulina
exógena era extraída do pâncreas de porcos e bovinos; portanto, imagine a série de reações alérgicas que isso causava. Porém, os avanços
da biologia molecular permitiram modificações estruturais, trazendo ganhos de farmacocinética e muitas melhorias para os pacientes que não
produzem o hormônio e precisam utilizá-lo. 
O PRINCIPAL OBJETIVO DAS DIFERENTES FORMULAÇÕES DISPONÍVEIS NO MERCADO
FARMACÊUTICO É SIMULAR A AÇÃO DO HORMÔNIO HUMANO, APÓS ADMINISTRAÇÃO
POR VIA SUBCUTÂNEA. 
É exatamente a via subcutânea que possibilita formulações de insulina com tempos de ação diferentes, ditando o quanto da insulina é
absorvida e quão rápido esse processo será. As diferenças de absorção e formulação das variadas apresentações das insulinas exógenas
podem ser vistas a seguir. 
 
Fonte: Traduzido e adaptado de MATHIEU (2017) 
 Panorama resumido das insulinas exógenas Fonte: Traduzido e adaptado de MATHIEU et al . (2017) 
A insulina humana é produzida em estruturas complexas (dímeros, trímeros e tetrâmeros) coordenadas por átomos de zinco. Entretanto,
quando liberadas na corrente sanguínea, elas adquirem formas monoméricas, sendo capazes de sinalizar os receptores. O conhecimento da
insulina humana possibilitou o desenho de moléculas novas, com outras formas de agregação e diferentes perfis de dissociação. Neste
sentido, as insulinas monoméricas agem mais rápido, comparadas àquelas mais estruturadas, por não necessitarem se dissociar. 
 VOCÊ SABIA
Em geral, as insulinas de ação rápida são eficientes após a alimentação, mas não conferem ação prolongada. Para longas ações, a primeira
insulina exógena utilizada foi a insulina NPH, conjugada com a protamina, uma proteína que a mantém em estrutura hexamérica complexa,
tornando ua absorção e o início de ação mais prolongados. 
Veja a seguir, de forma esquemática, os picos de concentração plasmática e a duração do efeito. 
 
Fonte: Traduzido e adaptado de MATHIEU (2017) 
 Níveis plasmáticos de diferentes tipos de insulina Fonte: Traduzido de MATHIEU et al . (2017) 
As insulinas de ação rápida atingem seu pico plasmático mais rapidamente, entretanto seus efeitos são mais curtos. Já as insulinas de ação
mais lenta demoram mais tempo para atingir seu pico plasmático, ou não o atingem, mantendo seu tempo de ação mais duradouro. Esse fato
explica o racional de uso das insulinas atualmente, uma combinação entre as duas modalidades, sendo as insulinas de ação rápida utilizadas
após mensuração da glicemia capilar (verificação doméstica), com dose proporcional ao resultado do teste. 
 ATENÇÃO
O uso de insulinas exógenas está associado ao risco de hipoglicemia, lipodistrofia e incômodos relacionados à administração parenteral, e,
por isso, deve ser prescrito de forma racional por profissional endocrinologista, e o paciente deve manter acompanhamento com outros
profissionais constantemente. 
 
Fonte: Shutterstock
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA HIPERGLICEMIA 
Agora que conhecemos as diferentes preparações de insulina utilizadas de forma endógena, vamos nos aprofundar sobre a farmacologia dos
fármacos euglicemiantes e dos fármacos secretagogos da insulina. Esses fármacos são excelentes alternativas farmacológicas no
tratamento do diabetes mellitus tipo II, com ótimos perfis de segurança e eficácia. Para melhor compreensão, vamos dividir os fármacos de
acordo com suas classes terapêuticas: 
FÁRMACOS SECRETAGOGOS DA INSULINA
Fármacos que estimulam a liberação de insulina pela célula beta pancreática .
SULFONILUREIAS MODULADORES DOS CANAIS DE K/ATP 
Estes fármacos hipoglicemiantes têm como principais representantes a glibenclamida, glipizida e glimepirida e agem estimulando a
liberação de insulina pela sua ligação inibitória do canal de K/ATP da célula β-pancreática. Como já discutimos, essa inibição leva à liberação
de insulina por esse tipo celular. Esses fármacos também inibem a eliminação da insulina pelo fígado, o que a deixa mais disponível para
reduzir a glicemia. São fármacos bem absorvidos pelo tubo gastrointestinal, embora esse processo possa ser dificultado pela presença de
alimento. 
Seus efeitos terapêuticos ficam evidentes entre 12-24h, fazendo com que sejam utilizados uma vez ao dia. Após metabolização pelo fígado,
são eliminados pela urina. 
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Assim como outros fármacos utilizados para a mesma finalidade, eles podem causar hipoglicemia, ganho de peso e, em menor frequência,
náuseas, vômitos, icterícia, anemias e reações de hipersensibilidade. Seu uso não é indicado no tratamento de diabetes tipo I, na gravidez e
lactação, e deve ser monitorado em pacientes com doença renal crônica e com algum grau de insuficiência hepática. 
NÃO SULFONILUREIAS MODULADORES DOS CANAIS DE K/ATP 
Aqui, vamos falar dos fármacos repaglinida, nateglinida, fármacos pertencentes à classe da meglitinida. Assim comoas sulfonilureias
que acabamos de estudar, tais fármacos exercem os seus efeitos pela inibição dos mesmos canais de K/ATP, mas a sua farmacocinética
(meia-vida de aproximadamente 1h) faz com que sejam utilizados apenas antes da alimentação. 
São metabolizados pelo fígado e pelos rins e compartilham com as sulfonilureias a contraindicação de uso pelos pacientes renais crônicos e
doença hepática. Essas duas classes de medicamentos se ligam a proteínas plasmáticas, o que sugere um risco aumentado de interações
medicamentosas. 
BIGUANIDAS
Chegamos ao fármaco que a grande maioria das pessoas deve conhecer: a metformina, único fármaco desta classe utilizado atualmente.
Porém, engana-se quem acha que este fármaco é simples. Inúmeros mecanismos já foram descritos, e este se enquadra como fármaco
euglicemiante ou anti-hiperglicemiante, já que não tem ação sobre a secreção de insulina pelas células β-pancreáticas. Seu efeito
farmacológico pode ser resumido em redução da gliconeogênese hepática e renal, ou seja, formação de novas moléculas de glicose. Tal
processo acontece pelo estímulo à oxidação de ácidos graxos, captação da glicose e a seu metabolismo não oxidativo. 
A metformina leva ao aumento da captação da glicose pelo músculo esquelético, principalmente por induzir o aumento da quantidade de
receptores de glicose (do tipo GLUT-4), diminuindo a oferta deste nutriente na circulação sanguínea. Quanto ao metabolismo, é também
atribuído ao fármaco o aumento da expressão de enzimas da via glicolítica (faz com que a glicose seja consumida para obtenção de energia).
Destaca-se também efeito na inibição da secreção do hormônio glucagon e redução do apetite (fazendo com que muitos pacientes utilizem
esse fármaco para este fim). 
Olhando pelo lado molecular, ele interfere na respiração celular mitocondrial e causa diminuição do ATP intracelular e aumento de AMP. Esse
fenômeno ocasiona o aumento da atividade da proteína quinase dependente de AMP (AMPK), enzima responsável por grande parte dos
efeitos farmacológicos desta molécula. 
Esse fármaco é eliminado de forma inalterada pela urina, e não se liga a proteínas plasmáticas. É utilizado como primeira linha de tratamento
do diabetes tipo 2, ou em sua profilaxia (evitar que ela aconteça). Pode ser utilizado em monoterapia ou conjugado com outros fármacos (em
especial, os secretagogos). Seus efeitos adversos mais observados incluem descompensações gastrointestinais, náuseas, cólicas e perda
abrupta do apetite. 
TIAZOLIDINEDIONAS OU GLITAZONAS 
Vamos falar agora de um grupo de fármacos que são ligantes do PPAR γ (receptor gama ativado por proliferação peroxissomal), um tipo de
receptor hormonal nuclear relacionado ao metabolismo de glicose e de lipídios. São representantes desta classe a rosiglitazona,
pioglitazona e a troglitazona (uso questionável em razão dos efeitos adversos). Esses receptores estão expressos principalmente no tecido
adiposo, mas também são visualizados no músculo cardíaco, esquelético e liso, nos macrófagos, nas células do endotélio vascular e nas
células β-pancreáticas. 
Quando ativados pelos ligantes endógenos, eles formam duplas e estimulam a diferenciação do adipócito, a captação dos ácidos graxos
circulantes no tecido adiposo e o aumento da sensibilidade dos tecidos pela insulina, sendo essa a principal ação farmacológica esperada
para esses fármacos. Além disso, estimulam a inserção do transportador de glicose (GLUT-4) no tecido adiposo e no músculo esquelético,
aumentando a captação de glicose, estimulando seu consumo (via glicolítica) e inibindo a gliconeogênese no fígado. 
Esses fármacos promovem ações semelhantes às da insulina e são capazes de potencializar a sinalização celular da insulina nos tecidos-
alvo (fígado, tecido adiposo e músculos), sendo chamados de sensibilizadores. Por esta razão, podem ser utilizados em quadros de
resistência à insulina. 
As tiazolidinedionas necessitam da insulina para sua atividade, sendo utilizada exclusivamente dessa forma no tratamento de pacientes com
diabetes tipo II, geralmente associados a metformina. Seu uso está relacionado a efeitos adversos, e o ganho de peso (por estímulo a
lipogênese e inibição da lipólise) é o mais evidente. Além deste, alguns pacientes cursam com edema de mácula, insuficiência cardíaca e
demais riscos cardiovasculares (mais preocupantes). 
AGONISTAS DE RECEPTOR GLP-1 
Como mencionamos anteriormente, as incretinas são peptídeos liberados após as refeições, sendo o GLP-1 seu principal representante.
Esse peptídeo estimula a liberação de insulina, inibe a liberação de glucagon, retarda o esvaziamento do conteúdo estomacal e promove a
redução da glicemia. O peptídeo GLP-1 pode ser administrado por via intravenosa, mas é rapidamente inativado pela enzima DDP-4
(dipeptidil peptidase IV), não sendo eficiente para ser utilizado como fármaco. Sendo assim, duas estratégias são uteis no tratamento do
diabetes tipo II: o uso de agonistas do receptor GLP-1 resistentes à inativação e inibidores da DDP-4, que discutiremos no próximo tópico. 
Atualmente, temos disponíveis os fármacos exenatida, liraglutida, albiglutida, dulaglutida, lixisenatida. Todos eles são agonistas dos
receptores GLP-1, que felizmente não são inibidos pela DDP-4, e utilizados por via subcutânea (já que peptídeos seriam facilmente
destruídos por via oral). Esses fármacos estimulam a síntese e a liberação (exocitose) da insulina produzida pela célula β-pancreática após a
alimentação. A ativação desses receptores no sistema nervoso central leva os pacientes a apresentar náuseas e vômitos, sendo essa a
principal queixa, além dos riscos de hipoglicemia. 
INIBIDORES DA ENZIMA DDP-4 
A DDP-4 é uma enzima distribuída em todo o organismo, com múltiplas utilizações, incluindo a inibição do GLP-1. Neste sentido, o bloqueio
dessa enzima aumenta a disponibilidade do GLP-1 após a alimentação e, com isso, estimula a liberação de insulina. Destacam-se, nesta
classe, a sitagliptina, saxagliptina, linagliptina, alogliptina e vildagliptina, que inibem de diferentes formas a enzima DDP-4 por cerca de
12h, elevando consideravelmente a disponibilidade do GLP-1. 
Não estão associadas a esses fármacos as alterações do apetite e as motilidades gastrointestinal e de peso. São fármacos facilmente
absorvidos por via oral, sendo metabolizados pelo fígado, aumentando os riscos de interações medicamentosas. São em geral fármacos bem
tolerados, não associados a efeitos adversos. 
INIBIDORES DA Α-GLICOSIDADE 
Constitui abordagem interessante na redução da glicemia a inibição da enzima intestinal α-glicosidase, envolvida no processo de absorção de
monossacarídeos. Representam essa classe os fármacos acarbose, miglitol e voglibose, que impedem a absorção intestinal de glicose
após a alimentação. Por esta razão, são utilizados no tratamento do diabetes tipo II, sem alterar o processo de secreção da insulina. 
Seus efeitos adversos mais expressivos são justamente ocasionados pela presença do açúcar no lúmen intestinal, como flatulências,
desconforto abdominal e diarreia. Alguns pacientes apresentam reações cutâneas de hipersensibilidade, além de hipoglicemia, quando o uso
está conjugado com outros fármacos, como a metformina e alguns fármacos secretagogos da insulina. Vale mencionar que esses fármacos
são contraindicados em pacientes com insuficiência renal grave.
Sabemos que a hipoglicemia pode se dar tanto pelo tratamento do diabetes como pela presença de tumor pancreático com hipersecreção de
insulina. Em geral, os fármacos utilizados no controle da glicemia também representam risco de hipoglicemia, o que seria o efeito exagerado
deles. Quando relacionada ao tratamento, a hipoglicemia é mais expressiva nas insulinoterapias. Dentre os principais sintomas, destacam-se
sudorese, fome, parestesias, palpitações, confusão mental, fraqueza, tontura, visão turva e perda da consciência, e, em casos mais graves,
óbito. 
ESTUDO DE CASO 
Veja o estudo de caso envolvendoos fármacos abordados neste módulo. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A INSULINOTERAPIA, JULGUE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: 
I – O OBJETIVO PRINCIPAL DO TRATAMENTO COM INSULINAS EXÓGENAS É MIMETIZAR O EFEITO DO
HORMÔNIO NATURAL. 
II – AS MODIFICAÇÕES PRESENTES NAS DIFERENTES PREPARAÇÕES DE INSULINAS VISAM GANHOS NA
FARMACOCINÉTICA E BENEFÍCIOS NA POSOLOGIA. 
III – NO GERAL, TODAS AS INSULINAS EXÓGENAS DISPONÍVEIS APRESENTAM O MESMO PICO DE
CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA. 
A) Apenas I. 
B) Apenas II. 
C) Apenas I e II. 
D) Apenas I e III.
2. OS FÁRMACOS ANTIDIABÉTICOS PODEM SER DO TIPO SECRETAGOGOS, EUGLICEMIANTES OU
HIPOGLICEMIANTES. SOBRE OS SECRETAGOGOS, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) São fármacos que não interferem na liberação de insulina pela célula β-pancreática. 
B) A metformina é um fármaco secretagogo. 
C) As sulfonilureias, como a acarbose, são secretagogos. 
D) Os antagonistas dos receptores de GLP-1, como a liraglutida, são secretagogos. 
GABARITO
1. Sobre a insulinoterapia, julgue as afirmativas a seguir: 
I – O objetivo principal do tratamento com insulinas exógenas é mimetizar o efeito do hormônio natural. 
II – As modificações presentes nas diferentes preparações de insulinas visam ganhos na farmacocinética e benefícios na posologia.
 
III – No geral, todas as insulinas exógenas disponíveis apresentam o mesmo pico de concentração plasmática. 
A alternativa "C " está correta.
 
Como vimos ao longo do tema, as diferentes formulações disponíveis no mercado farmacêutico objetivam simular a ação do hormônio
humano, após administração por via subcutânea. É exatamente a via subcutânea que possibilita formulações de insulina com tempos de
ação diferentes, ditando o quanto da insulina é absorvida e o quão rápido esse processo será. 
2. Os fármacos antidiabéticos podem ser do tipo secretagogos, euglicemiantes ou hipoglicemiantes. Sobre os secretagogos, é
correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
São considerados secretagogos de insulina as classes de fármacos sulfonilureias moduladores dos canais de K/ATP (glibenclamida, glipizida
e glimepirida), não sulfonilureias moduladores dos canais de K/ATP (repaglinida e nateglinida), os agonistas de receptor GLP-1 (exenatida,
liraglutida, albiglutida, dulaglutida, lixisenatida) e os inibidores da enzima DDP-4 (sitagliptina, saxagliptina, linagliptina, alogliptina e
vildagliptina). 
CONCLUSÃO
AVALIAÇÃO DO TEMA:
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Pesquise os artigos do II Consenso brasileiro sobre Helicobacter pylori que aborda o tratamento da infecção pela bactéria
Helicobacter pylori . 
CONTEUDISTA
João Raphael Leite Castello Branco Maia
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