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formas farmacueticas, vias etc

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Objetivos do Caso 
● Conceituar, classificar quanto ao estado físico e diferenciar 
as principais formas farmacêuticas. 
● Conhecer as vias de administração destacando suas 
principais características, vantagens e desvantagens 
● Calcular, com precisão, a quantidade de medicamento a 
ser administrada, a partir de uma dose recomendada. 
● Conceituar os processos farmacocinéticos (absorção, 
distribuição, metabolização e excreção) e correlacionar com 
os fatores que interferem nestas etapas. 
Aula 1 
Introdução 
Termos Importantes 
A farmacologia é o estudo de fármacos e como eles 
interagem com os organismos vivos. Essa ciência é dividida 
em farmacocinética (o que o organismo faz com o fármaco) 
e farmacodinâmica (o que o fármaco faz com o organismo). 
O fármaco é qualquer substância química que não seja um 
nutriente que, quando administrado em um organismo, 
produz um efeito biológico. O fármaco e a droga são, em 
um contexto geral, sinônimos. 
História da Farmacologia 
A partir do desenvolvimento da química e ciências 
biomédicas pôde se desenvolver estruturas químicas que 
pudessem ser utilizadas na farmacologia. Com base nisso, 
percebe-se que a farmacologia não é uma disciplina isolada, 
ela requer conhecimentos de outras disciplinas como a 
fisiologia, biologia molecular, bioquímica e outras. 
Evolução da Terapêutica 
Momentos importantes na história da terapêutica são o início 
do tratamento da asma com a utilização de cigarros de 
plantas ricas em alcaloides, a descoberta da cocaína que foi 
uma droga de grande destaque por curar diversas doenças 
(deixou de ter esse destaque quando se descobriu a 
dependência que ela criava e os malefícios ao SN), e a 
descoberta dos benefícios do canabidiol, componente da 
cannabis, que é importante antipsicótico e anticonvulsivante. 
Conclusão 
A farmacologia deve sempre ser associada a outras áreas 
para que seja o mais completa possível. Áreas possíveis de 
se mencionar são a farmacologia clínica, farmacogenética, 
farmacoepidemiologia, psicofarmacologia, farmacologia 
veterinária, farmacotécnica, toxicologia, química médica e 
outras. 
Noções de Farmacotécnica 
A farmacotécnica é a ciência estudada pelos farmacêuticos 
que lida com a manipulação dos princípios ativos para a 
fabricação de medicamentos. A farmacotécnica transforma 
as drogas nas diversas formas farmacêuticas. 
Prazo de Validade 
O medicamento perde sua validade quando seu princípio 
ativo é perdido em mais de 10 ou 15%. O uso do 
medicamento depois de atingido o prazo de validade pode 
amplificar seus efeitos colaterais. 
Forma X Fórmula 
A fórmula farmacêutica é o conjunto de todas as substâncias 
que constituem o medicamento, já a forma farmacêutica é 
a maneira de apresentação do medicamento, como em 
xarope, cápsula, drágea, pomada, spray e comprimidos. 
Princípio Ativo X Excipiente 
Tanto o princípio ativo (PA) quanto o excipiente (ou veículo) 
são componentes da fórmula farmacêutica. O princípio ativo 
é o principal componente da fórmula pois é o elemento 
responsável pelo efeito farmacológico desejado. 
*Um mesmo PA pode ser apresentado sob diversos nomes 
comerciais. Um medicamento pode ter mais de um PA 
**Medicamentos genéricos já possuem o PA na caixa, não 
apresentando um nome comercial. 
O excipiente, por outro lado, é uma substância inerte (sem 
efeito farmacológico) adicionada à formulação com a 
finalidade de diluir, aromatizar ou corar o PA. O excipiente 
tem funções importantes, porém nunca farmacológicas. 
.
Remédio, Medicamento e Placebo 
Um remédio é um meio usado para prevenir, melhorar ou 
curar doenças, é representado por medicamentos, 
exercícios físicos, tratamentos psicológicos e outros. Um 
medicamento é um produto farmacêutico, obtido/ elaborado 
tecnicamente, que apresenta uma finalidade profilática, 
curativa, paliativa ou diagnóstica. O placebo é um remédio 
(não um medicamento) desprovido de PA com efeito 
psicológico, muito usado em pesquisas. 
O medicamento pode ser alopático, quando provoca efeito 
contrário ao sintoma que está sendo tratado, ou 
homeopático, quando reproduz o sintoma que está sendo 
tratado e é extremamente diluído. 
*Todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é 
um medicamento. 
Classificação dos Medicamentos 
Quanto a forma de preparação, o medicamento pode ser 
oficinal, preparado de acordo com fórmulas inscritas nas 
farmacopéias (códigos oficiais de fórmulas para uso dos 
farmacêuticos), magistral, de autoria médica e que obedece 
às exigências do paciente, ou de especialidade farmacêutica, 
quando é uma preparação que se encontra pronta na 
farmácia com embalagens uniformes e nomes comerciais. 
Quanto ao estado físico, pode-se classificar os medicamentos 
em líquidos, sólidos, semi-sólidos e em aerossol (ou spray). 
Líquidos 
Os medicamentos líquidos podem ser apresentados na 
forma de soluções injetáveis ou para uso oral, emulsão, 
suspensão, xarope infuso, tintura, elixir, linimento, loção, 
enema, clister e lavagem. 
A solução oral é totalmente homogênea, de fácil 
administração, muito usada na prática clínica e pediátrica. A 
solução injetável é característica por se apresentar na forma 
de líquido estéril (pois será administrada por via parenteral). 
O xarope é uma solução líquida e homogênea de água quase 
saturada com sacarose, dessa forma, o açúcar é o principal 
veículo do xarope cuja função é conservar e estabilizar o 
PA e sua formulação. O elixir é um medicamento líquido e 
homogêneo cujo conservante e estabilizador é o álcool. 
*Xarope tem contraindicação absoluta para diabéticos 
A suspensão, inicialmente, é apresentada na forma de pó, 
porém para ser administrada deve-se adicionar água 
(preferencialmente filtrada) nesse pó, o que o torna um 
medicamento líquido que, ao contrário dos anteriores, não é 
homogêneo (pois é formada por um sólido não solúvel em 
água), o que requer agitação do frasco antes da 
administração. Pode ser administrada por via oral, parenteral 
ou tópica. 
*A suspensão geralmente é conservada em geladeira e pode já 
vir preparada, mas isso não elimina a necessidade de agitação 
antes do uso. 
A emulsão é uma solução heterogênea de dois líquidos 
imiscíveis (que não se misturam), por isso também deve ser 
agitada antes do uso. Apresenta uma parte hidrossolúvel e 
uma lipossolúvel. 
O infuso é um medicamento líquido obtido por meio da 
extração de PA através da infusão, sendo os chás os 
principais exemplos. wOs decoctos são medicamentos 
líquidos obtidos por meio do cozimento, isto é, a droga deve 
ser associada a água fervente por alguns minutos para que 
se obtenha o PA. 
O linimento é um medicamento líquido que deve ser aplicado 
na pele com fricção. A loção é um medicamento líquido, que 
é menos irritante, de fácil remoção e que deve ser aplicada 
sobre a pele sem fricção. 
O enema, o clister e a lavagem são medicamentos líquidos 
usados por via retal recomendados para desencadear 
evacuação, geralmente quase imediata. O enema deve ter 
até 500 ml, o clister até 1000 ml e a lavagem até 2500 ml. 
Sólidos 
Os principais tipos de medicamentos sólidos são pós, 
cápsulas, granulados, comprimidos, drágeas, pílulas, 
supositórios e óvulos. 
Os pós são medicamentos formados por um conjunto de 
partículas sólidas que pode ser utilizado para preparação de 
outras formas farmacêuticas. 
A cápsula é um medicamento sólido que tem um invólucro 
gelatinoso ou de amido, cuja função é mascarar o sabor do 
medicamento contido em seu interior, que pode se 
apresentar na forma líquida ou sólida (pó ou grânulos). O 
problema da cápsula é seu tamanho, o que geralmente 
dificulta a deglutição. 
As pílulas são medicamentos sólidos que tem tamanhos 
reduzidos para facilitar a deglutição. Os granulados são 
formas farmacêuticas formadas por açúcar associado ao PA 
que pode ser usado por via oral ou para preparar 
comprimidos. 
As drágeas possuem um revestimento externo que 
geralmente resiste aos sucos gástricos, sendo absorvida no 
intestino. As drágeas não devem ser partidas para que não 
se comprometaa sua absorção intestinal. 
.
Os comprimidos são preparações sólidas obtidas a partir da 
compressão de substâncias secas. Eles têm tamanhos 
variados e não é recomendado partir eles pois dificilmente 
se obtêm partes iguais. Um comprimido só deve ser partido 
quando vier sulcado. 
O supositório é uma forma farmacêutica sólida destinada à 
administração retal, onde é desagregado e absorvido. Os 
óvulos são semelhantes aos supositórios, eles apresentam 
forma ovoide, são absorvidos pela vagina e devem se 
desintegrar à temperatura do ambiente. 
Semi-sólidos 
Os principais exemplos são os unguentos, pomadas e 
cremes, sendo que a diferença entre eles está nas 
proporções de água e óleo. O Unguento e a pomada são 
ricos em óleo, sendo o unguento mais oleoso que a pomada 
e destinado a ser adstringente, antisséptico e protetor. O 
creme tem uma proporção semelhante de óleo e água e 
apresenta a substância terapêutica dissolvida ou emulsificada. 
Aerossol 
É uma suspensão de finas partículas, sólidas ou líquidas, 
dispersas em um gás e que são conservadas em um 
recipiente que permite a aplicação cutânea, inalatória ou em 
mucosas. 
Aula Prática 
Cálculo de Dosagem 
O cálculo de dosagem é importante e deve ser feito com 
precisão para que se determine a quantidade de 
medicamento exata que deve ser administrada a partir de 
uma dose recomendada. Para se estabelecer a posologia de 
um tratamento, deve-se conhecer a concentração das 
formas farmacêuticas, as doses e o tempo de duração do 
tratamento para que seja feito corretamente. 
Exemplo 
Qual o volume em mL de solução de um fármaco a 
4,5mg/mL a ser administrado num animal de 30 g, na dose 
de 30 mg/kg? 
Exemplo 
Qual o volume em mL de solução de um fármaco a 2% a 
ser administrado num animal de 500 g, na dose de 50 
mg/kg? 
*Quando a concentração é dada em porcentagem, deve-se 
atentar pois 2% significa 2g/ 100 mL. 
Aula 2 
Introdução 
As vias de administração de fármacos podem ser abordadas 
de diversas maneiras, tais como a técnica de administração, 
o volume a ser administrado, a anatomia sobre os locais onde 
se administra e também qual o efeito da utilização de 
determinada via sobre a ação farmacológica do fármaco, que 
é a abordagem da farmacologia. 
A farmacocinética vai ser a ciência que vai explicar todo o 
mecanismo de absorção, distribuição, metabolismo e 
excreção de fármacos. A princípio, deve-se entender que 
as vias de administração exercem grande efeito na 
farmacocinética, assim como a posologia, a forma 
farmacêutica, a dose indicada e o intervalo entres as doses 
também exercem esse efeito. 
.
As vias enterais são aquelas que utilizam o trato 
gastrointestinal como meio de entrada do fármaco no 
organismo. Os exemplos são a via oral, bucal, sublingual e 
retal. Através dessas vias vai se alcançar, por meios 
diferentes, a corrente sanguínea. 
Via Oral 
Vantagens 
É a via enteral mais importante e utilizada por vários fatores. 
É a via mais econômica na produção, é de fácil 
autoadministração, é segura e oferece menores efeitos 
tóxicos, podendo ser reversíveis (em casos de 
superdosagem, dependendo do tempo, pode-se utilizar a 
lavagem gástrica e o uso de carvão ativado para neutralizar 
o medicamento). 
Desvantagens 
As desvantagens da via oral são a inativação do fármaco 
pelo suco gástrico, o efeito lento para emergências, a 
influência de alimentos, enzimas digestivas e outros fármacos 
(grande parte das interações medicamentosas acontecem 
pela via oral), mesmo antes da chegada dos fármacos na 
corrente sanguínea, a metabolização deles já começou a 
acontecer pela microbiota intestinal (muitos fármacos já tem 
sua estrutura modificada ou inativada pela microbiota), o 
efeito de primeira passagem pelo fígado (já sofrerão uma 
metabolização inicial) e a biodisponibilidade errática (pela via 
oral, não se pode garantir que a dose administrada chegará 
à corrente sanguínea). 
Órgãos componentes 
O estômago apresenta uma pequena área de absorção 
comparado com o intestino e ele apresenta uma grande 
quantidade de muco protetor (dificulta a absorção de 
fármacos nessa região). Não se pode esquecer também da 
taxa de esvaziamento gástrico pois qualquer fator que 
acelere ou retarde essa taxa vai influenciar diretamente na 
velocidade de absorção do fármaco. 
O intestino, por outro lado, apresenta uma grande área de 
absorção para fármacos pela presença de microvilosidades, 
além de ter uma alta vascularização. 
Preparações 
As preparações usadas por via oral podem ser na forma 
líquida ou sólida (precisa ser dissolvida para depois absorvida), 
o que vai influenciar na velocidade de absorção do fármaco. 
Existem as preparações de liberação imediata e as 
preparações de liberação prolongada/ controlada, fator esse 
que interfere no efeito final do fármaco. 
Preparações de liberação imediata fornecem picos de efeitos 
farmacológicos que têm uma duração limitada, enquanto as 
preparações de liberação prolongada vão oferecer um 
efeito bem mais duradouro e contínuo. 
Via Sublingual e Bucal 
A via sublingual é uma via de absorção rápida pois o 
medicamento será dissolvido debaixo de língua e já 
absorvido pelas veias locais. Essa via é vantajosa por não 
sofrer metabolismo intestinal ou efeito de primeira passagem. 
As desvantagens incluem a existência de poucas drogas 
nessa forma farmacêutica e também a dificuldade de 
manutenção do comprimido na área sublingual. 
A via bucal é usada quando se busca uma ação local na boca, 
e a administração pode ser feita por fricção ou bochecho. 
Via Retal 
Considerada interessante em situações como inconsciência, 
pacientes pediátricos e pacientes com náuseas (não 
recebem medicações via oral), essa via tem como vantagens 
sofrer pouca inativação pelo trato gastrointestinal e uma 
menor inativação pelo fígado (50%) do que a da via oral. As 
medicações seguem pelas veias hemorroidárias superiores, 
depois para a veia porta e depois ao fígado. As desvantagens 
dessa via são a administração incômoda, a absorção irregular, 
diarreia e a irritação da mucosa retal. 
Via Intravenosa 
É uma via de efeito imediato que não requer absorção, com 
isso há uma biodisponibilidade de 100% do fármaco, além 
disso essa via permite a utilização de soluções irritantes 
(depois de uma diluição). É muito usada em emergências 
médicas e doenças graves. As desvantagens são a 
necessidade de esterilidade, a forma farmacêutica sempre 
deve ser uma solução aquosa e ainda existe a possível 
toxicidade de difícil reversão. 
Via Intramuscular 
Muito flexível e utilizada, é mais segura que a endovenosa, 
permite a administração de várias formas farmacêuticas 
como aquosa, oleosa e suspensões. A toxicidade é de 
reversão mais fácil que a da endovenosa. Essa via é mais 
rápida que a via oral e oferece como desvantagens limitação 
do volume da administração (5 ml), dor, desconforto, 
hematomas, abscessos, não é recomendada para 
administração de substâncias irritantes e oferece absorção 
errática para substâncias de baixa solubilidade 
.
Via Subcutânea e Intradérmica 
A via subcutânea é a via cuja administração é feita no tecido 
adiposo, o que proporciona uma absorção bem lenta. É a 
mais usada em vacinas e medicações de pequenos volumes 
(0.5-2 ml) como a insulina. As desvantagens são dor, 
desconforto, abscessos, fibroses, lipodistrofias e a limitação 
do volume do fármaco. A via intradérmica é de rara 
utilização, sendo mais usada em testes diagnósticos e vacinas 
até 0,5 ml. Essa via oferece uma absorção mais lenta que a 
via subcutânea. 
Curvas de biodisponibilidade segundo cada via 
Outras Vias 
Via Cutânea 
É a via que oferece tanto efeitos tópicos quanto sistêmicos, 
sendo que sua absorção vai depender da área de exposição, 
da lipossolubilidade do fármaco, da temperatura e hidratação 
da pele. 
Via Transdérmica 
*São os “adesivos”, como os de nicotina e escopolamina 
Usada para manutenção dos níveis plasmáticos terapêuticos, 
oferece menores efeitos adversos e evita efeito de primeira 
passagem. É uma via deadministração lenta e contínua. 
Via Respiratória 
A absorção pode ser feita desde a mucosa nasal até os 
alvéolos pulmonares, os efeitos podem ser locais ou 
sistêmicos, a administração é feita por inalação de algum gás 
e permite a administração de pequenas doses com ação 
terapêutica rápida. As vantagens são o rápido início da ação 
e uma menor quantidade de efeitos adversos. As 
desvantagens são a dificuldade de adesão, a biodisponibilidade 
variável e a limitação de pacientes com doenças pulmonares 
em inalar o gás. 
Via Conjuntival e Vaginal 
São vias que oferecem efeitos locais. Deve-se lembrar da 
alta vascularização da conjuntiva que vai oferecer uma rápida 
absorção e possíveis efeitos sistêmicos. 
Observação 
Aula 3: Absorção e Distribuição 
Introdução 
A farmacocinética é o estudo do movimento das drogas no 
organismo em função de um determinado tempo, além de 
estudar o que o organismo faz com a droga (e não o que a 
droga faz com o organismo). Esse movimento inclui a 
absorção, distribuição, metabolismo e excreção. 
Absorção de Drogas 
A absorção é simplesmente a passagem da droga do local 
de administração para a corrente sanguínea, processo esse 
que obedece às leis de difusão. É importante ter um bom 
entendimento das vias de administração de fármacos para 
que se entenda a absorção das drogas com maior facilidade. 
Note que na via endovenosa NÃO existe absorção do 
fármaco pois ele foi administrado diretamente na corrente 
sanguínea. A farmacocinética dessa via se inicia na 
distribuição, diferentemente das outras vias. 
A absorção das drogas envolve a passagem delas por uma 
barreira, sendo que a barreira comum para todas as drogas 
são as membranas celulares. Na via oral por exemplo, 
inicialmente a droga deve atravessar o epitélio do trato 
digestivo e depois a parede dos vasos sanguíneos, já na via 
muscular a droga deve atravessar apenas a parede dos 
vasos. Quanto mais membranas a droga tiver que atravessar, 
mais demorada é a absorção. 
Transporte de drogas através de membranas 
As drogas utilizam os mesmos meios de transporte (ativos 
e passivos) que os nutrientes para entrarem nas células, 
sendo que o principal meio é a difusão passiva. Os exemplos 
de meios que as drogas entram nas células são a difusão 
através de lipídios, difusão através de poros aquosos, através 
de transportadores e por endocitose. 
.
Fatores da droga que influenciam na absorção 
Existem fatores que podem retardar ou acelerar a absorção 
das drogas (e esses fatores podem ser do organismo ou da 
droga), dentre os principais relacionados a droga, existe a 
solubilidade (determinada pelo coeficiente de partição óleo/ 
água), o peso molecular da droga, a forma farmacêutica, 
caráter iônico e o pH do meio. 
Quanto a solubilidade, quanto maior o coeficiente de partição, 
mais lipossolúvel é a droga e mais fácil é a difusão lipídica 
dessa droga pela membrana celular. 
O peso molecular nada mais é que o tamanho da molécula 
e ele é importante para drogas mais hidrossolúveis cuja 
passagem pela membrana é pelos poros aquosos, então 
quanto menor o peso, mais fácil é a difusão por esses poros. 
Quanto à forma farmacêutica, ela interfere principalmente na 
velocidade de absorção da droga. Considerando a via oral, 
por exemplo, a solução líquida é a forma mais rápida (pois o 
PA já está solúvel), seguida pela cápsula contendo um pó, 
comprimido e a drágea sendo a forma mais demorada 
administrada via oral. 
Quando se trata do caráter iônico, está se observando o 
fator mais importante. As drogas são apresentadas, 
geralmente, na forma de ácido ou base fraca. Quando se 
coloca um ácido ou base fraca em meio aquoso, ocorre uma 
dissociação, processo esse influenciado pelo pH do meio. 
Uma parte da substância dissociada se apresenta na forma 
molecular, já a outra na forma ionizada. A parte lipossolúvel 
é a molecular (pois íons não são lipossolúveis). A conclusão 
que se chega é que, quanto ao caráter iônico, quanto mais 
substância na forma molecular/ não-ionizada a droga 
apresentar, maior e mais rápida será sua absorção. 
Por fim, quanto ao pH do meio, o valor que será apresentado 
é o pKa da droga que, por exemplo, quando for 3,5, significa 
que em um pH de 3,5, metade da substância está na forma 
ionizada e outra metade não. Dessa forma, quanto menor o 
pH, melhor a absorção dessa droga em específico. Para 
drogas ácidas, quanto menor o pH em relação ao pKa, maior 
a absorção da droga, assim como para drogas básicas, 
quanto maior o pH em relação ao pKa, maior a absorção da 
droga. 
A conclusão que se chega é que uma droga ácida apresenta 
maior absorção em meio ácido pois haverá uma quantidade 
muito maior de substância não ionizada do que ionizada após 
a dissociação, assim como uma droga básica é mais absorvida 
em meio básico pelo mesmo motivo. 
Fatores do organismo que influenciam na absorção 
● Quando se trata da via oral, deve-se considerar a área de 
superfície de absorção, a presença de patologias, alimentos 
e líquidos. Comparando a área de absorção do estômago e 
do intestino, percebe-se que a área intestinal é muito maior 
que a estomacal, graças as vilosidades do intestino. A 
vascularização dos intestinos é muito maior que a do 
estômago. 
Quando se pensa no pH da droga, geralmente se deduz que 
drogas ácidas são melhores absorvidas no estômago assim 
como as básicas são nos intestinos, porém deve-se 
considerar todos os fatores supracitados além da acidez do 
meio duodenal antes de decidir qual órgão propicia uma 
melhor absorção para cada tipo de droga. Com base nisso, 
se conclui que todas as drogas básicas e algumas drogas 
ácidas por via oral são absorvidas pelos intestinos e que 
apenas uma parte das drogas ácidas são absorvidas pelo 
estômago. 
*A camada de muco e a presença de enzimas digestivas 
dificultam a absorção de drogas pelo estômago. 
Quanto a presença de alimentos e líquidos, desde que ela 
não interfira na biodisponibilidade do fármaco, ela é até certo 
ponto irrelevante. Existem medicamentos que não devem 
ser tomados junto de alimentos, já outros não apresentam 
problemas. Quando não souber da interação entre o 
medicamento e alimentos, NÃO recomende ao paciente que 
tome com alimentos, recomende tomar no máximo uma 
hora antes da refeição ou no mínimo duas horas após a 
refeição. 
*A biodisponibilidade é a quantidade de droga disponível no 
sítio de ação para exercer seu efeito, ou ainda pode ser vista 
como a quantidade de droga disponível na circulação 
sistêmica 
Por fim, ainda na via oral, deve-se considerar as patologias do 
s. digestivo que podem afetar a absorção de medicamentos. 
Um paciente com diarreia, por exemplo, apresenta um 
trânsito gastrointestinal aumentado, o que significa que o 
medicamento ficará por menos tempo em contato com a 
mucosa gastrointestinal, o que reduzirá sua absorção. Um 
paciente com vômitos, por exemplo, reduzirá a 
biodisponibilidade da droga por motivos óbvios. Um paciente 
com uma úlcera apresenta o epitélio daquela região 
comprometido, dessa forma, existem menos barreiras para 
a droga atravessar até a corrente sanguínea, o que aumenta 
a velocidade de absorção do fármaco. 
● Quando se analisa a via parenteral, incluindo via 
intramuscular, subcutânea, intradérmica e intravenosa, os 
fatores que interferem na absorção são basicamente dois, a 
forma farmacêutica e a irrigação sanguínea local. Quanto a 
forma farmacêutica, soluções aquosas são absorvidas mais 
rapidamente do que soluções oleosas pois a aquosa se 
difunde mais rapidamente pelos tecidos tendo um contato 
mais rápido com os vasos, enquanto a solução oleosa fica 
ocluída/ depositada e se difunde mais lentamente pelos 
tecidos. 
.
*Não confundir excipiente/ veículo, que é a solução, com 
lipossolubilidade da droga mencionada anteriormente 
A irrigação sanguínea é um importante fator que influencia 
na absorção de drogas considerando a via parenteral. O 
tecido muscular é muito mais irrigado do que o subcutâneo 
e o cutâneo, dessa forma a absorção da droga serámuito 
mais rápida quando ela for administrada pela via intramuscular. 
*Se atentar aqui pois caso seja perguntado qual das vias 
parenterais apresenta absorção mais rápida, NÃO se pode 
responder a via endovenosa, uma vez que, como já foi dito, 
drogas administradas por essa via não são absorvidas. 
Distribuição de Drogas 
É o fornecimento da droga aos tecidos, incluindo o tecido 
alvo, realizado pela corrente sanguínea. Inicialmente, os 
tecidos mais vascularizados receberão uma maior quantidade 
da droga, como o coração, SN, rins, pulmões, fígado, etc. 
Depois, a droga segue para tecidos menos vascularizados até 
que a distribuição se torne uniforme. 
Assim como na absorção, existem fatores que vão interferir 
na distribuição das drogas pelo organismo, são eles: 
propriedades físico-químicas das drogas (os mesmos da 
absorção pois a droga tem novamente membranas para 
serem atravessadas até chegar nos tecidos), ligação da droga 
a proteínas plasmáticas, distribuição seletiva, redistribuição e 
barreiras orgânicas. 
●Quanto a ligação das drogas a proteínas plasmáticas 
(principalmente a albumina), é importante reconhecer que 
várias drogas têm afinidade com as proteínas do plasma, 
com isso, uma parte dessas drogas vai circular ligada a 
proteínas plasmáticas, essa parte é chamada de fração ligada. 
A parte da droga que não se liga a proteínas plasmática é 
chamada de fração livre. 
Apenas a fração livre é farmacologicamente ativa, pois vai 
conseguir sair da circulação e ser encaminhada para os 
tecidos. A fração ligada (pode ser vista como um depósito 
da droga) precisa se desligar das proteínas para se difundir 
para os tecidos. A medida que o organismo consome 
(metaboliza e excreta) a fração livre, parte da fração ligada 
se desliga da proteína (ficando livre) para que possa ser 
utilizada. 
Existem situações patológicas em que os níveis de proteínas 
plasmáticas são aumentados, o que compromete o efeito 
farmacológico da droga. Pacientes desnutridos terão uma 
baixa quantidade de proteínas plasmáticas, com isso, drogas 
com alta taxa de ligação (fator necessário para seu efeito 
terapêutico) terão uma quantidade exagerada na forma livre, 
o que vai aumentar seu efeito farmacológico, podendo o 
tornar tóxico. Pacientes desidratados apresentam uma maior 
concentração de proteína plasmática, com isso, drogas com 
alta taxa de ligação terão uma concentração de droga livre 
menor do que o esperado, o que pode reduzir o efeito 
farmacológico. Nesses casos, é recomendado um reajuste de 
dose 
Interações (do tipo competição) entre drogas nas proteínas 
também influenciam o efeito farmacológico das drogas pois 
algumas drogas que tem mais afinidade pelas proteínas, vão 
acabar liberando as outras drogas na corrente sanguínea na 
forma livre, com isso, o efeito terapêutico que a droga 
ofereceria por um longo período de tempo, não acontecerá. 
Por esse motivo deve-se sempre perguntar ao paciente se 
ele toma alguma medicação antes de prescrever algo para 
ele. 
●Distribuição Seletiva acontece quando algumas drogas 
apresentam afinidade por proteínas de tecidos específicos. 
Dessa forma, a droga não se liga somente a proteínas 
plasmáticas, mas a proteínas de tecidos específicos também. 
O efeito da ligação é o mesmo da proteína plasmática, sendo 
oferecida uma terapêutica mais duradoura ao paciente. 
●A redistribuição é a passagem da droga dos tecidos mais 
irrigados ou tecidos de distribuição seletiva de volta à 
circulação para ser novamente distribuída e ser efetivamente 
utilizada. 
●Para concluir, é importante explicar a importância das 
barreiras orgânicas sendo que as principais são a barreira 
hematoencefálica e a barreira hematoplacentária em 
gestantes. Essas barreiras restringem a passagem de drogas, 
porém, por serem muito particulares, essa restrição pode 
ser seletiva e não total. 
A barreira hematoencefálica existe, pois, a composição dos 
capilares no SNC é diferente (são capilares contínuos com 
um revestimento de células da Glia), o que oferece uma 
restrição a várias drogas, impedindo elas de atuarem no 
tecido nervoso. Só adentram o SNC drogas lipossolúveis, pois 
elas se difundirão pelas membranas celulares mesmo 
existindo uma barreira. Condições patológicas como a 
meningite provocam uma perda da seletividade da barreira, 
com isso, todas as drogas chegarão ao SNC e isso é 
perigoso. 
A barreira hematoplacentária é bem menos seletiva e 
eficiente do que a hematoencefálica. Essa barreira restringe 
a passagem de drogas para o feto, porém a restrição não 
é tão efetiva pois os capilares são fenestrados. Dessa forma, 
drogas lipossolúveis e hidrossolúveis de baixo peso molecular, 
além de metabólitos ativos de drogas podem penetrar pela 
barreira. 
.
Aula 4: Metabolismo e Excreção 
Metabolização de Fármacos 
O organismo apresenta vários locais de metabolização de 
fármacos, sendo os principais o plasma, rins, pulmões, 
paredes intestinais e o fígado, que é o principal metabolizador 
de xenobióticos, que são substâncias exógenas vindas do ar, 
plantas, alimentos, medicamentos e outros. 
Os objetivos gerais da metabolização de fármacos são 
concluir a ação do fármaco inativando compostos ativos, 
facilitar a excreção do fármaco formando produtos mais 
polares e menos lipossolúveis, e por fim, ativar drogas 
inicialmente inativas formando metabólitos ativos. A 
metabolização pode ativar pró-fármacos (são substâncias 
originalmente inativas que, apenas após a metabolização, se 
tornarão fármacos ativos e com efeito farmacológico), gerar 
metabólitos inativos (o que acontece na maioria dos 
fármacos), metabólitos ativos ou metabólitos tóxicos. 
*Pró-fármacos podem melhorar a biodisponibilidade por ex. 
Didaticamente se separa a metabolização em duas fases, 
com enzimas específicas, sendo que os fármacos não 
precisam necessariamente passar por ambas (podem passar 
somente pela fase 1, somente pela fase 2, pelas duas ou por 
nenhuma). A principal consequência da metabolização é o 
efeito de primeira passagem. Uma droga, após passar pela 
metabolização, passa a ser chamada de metabólito. 
Os fármacos que são administrados por via oral, 
obrigatoriamente passam pelo fígado antes de chegarem à 
corrente sanguínea, então obrigatoriamente eles sofrerão 
metabolização. 
Vale lembrar que os fatores que alteram o metabolismo de 
fármacos são a idade (crianças e idosos podem ter 
diminuição da quantidade de enzimas), doenças 
(principalmente hepáticas), genética (graças aos 
polimorfismos e mutações) e alterações ambientais, além da 
nutrição, fumo, uso de álcool e drogas. 
Fase 1 de metabolização 
Nessa fase, existe uma grande família de enzimas 
metabolizadoras de drogas chamada de CYP450 (citocromo 
P450) que representa o principal mecanismo para a 
metabolização de drogas, uma importante fonte de 
variabilidade interindividual no metabolismo das drogas e ainda 
explica os efeitos tóxicos de alguns fármacos. No hepatócito, 
o sítio de metabolismo das drogas pelo CYP450 fica 
principalmente no retículo endoplasmático. 
*Nessa fase acontecem reações de hidrólise, oxidação e redução 
por exemplo 
Quando se tem uma enzima CYP3A4, significa que é da 
família 3, subfamília A e do gene 4. As CYPs são importantes 
para o metabolismo de xenobióticos, síntese de esteroides 
e produção de ácidos biliares. Existem 15 tipos de CYPs, cuja 
expressão é muito variada de indivíduo para indivíduo graças 
à exposição ambiental a indutores, hábitos alimentares e 
variabilidade genética. A CYP1A2 é importante, por exemplo, 
pois ela metaboliza xenobióticos e forma pró-toxinas e pró-
carcinógenos 
*Polimorfismos de CYPs permitem a variabilidade nos metabolismos 
de xenobióticos 
Fase 2 da metabolização 
Nessa fase existem principalmente reações de conjugação, 
como glucoronidação, sulfatação e acetilação, além de 
metilação, conjugação com aminoácidos e glutationa 
(realizada pela enzima GTS) e outras. Muitas enzimas que 
atuam nessa fase apresentam polimorfismos. 
Metabolização intestinal 
Quando se administradrogas via oral, há a penetração da 
droga pela parede das vilosidades intestinais e dentro dos 
enterócitos (células intestinais) existe a enzima CYP3A4 (e 
outras), a qual pode realizar metabolização (mas não será 
chamada de efeito de primeira passagem), o que pode 
alterar a estrutura ou inativar alguns fármacos. 
Indução e inibição enzimática 
A indução enzimática, na farmacologia, é qualquer fator que 
induza a ação das enzimas metabolizadora de fármacos, 
principalmente as do CYP450. Alguns fármacos, por 
exemplo, podem aumentar a expressão ou a atividade de 
enzimas. A indução aumenta/ acelera o metabolismo da 
droga, com isso a meia-vida sérica do fármaco diminui, assim 
como os efeitos farmacológicos caso os metabólitos sejam 
inativos e a toxicidade aumenta se os metabólitos forem 
tóxicos. 
A inibição enzimática será exatamente o processo contrário 
da indução. A inibição enzimática é qualquer fator que iniba 
a ação das enzimas metabolizadoras de fármacos, 
principalmente as do CYP450. A inibição diminui o 
metabolismo da droga, com isso a meia-vida sérica do 
fármaco aumenta, assim como os efeitos farmacológicos 
caso os metabólitos sejam inativos e ainda há a perda do 
efeito caso o metabólito seja ativo ou um pró-fármaco. 
.
Excreção de Fármacos 
A excreção de fármacos pode acontecer em vários tecidos 
do organismo, podendo ser feita pela urina, bile, suor, saliva, 
ar expirado, lágrimas e leite. O principal excretor de fármacos 
é o rim. A excreção renal de fármacos pode ser vista como 
a equação (filtração glomerular + secreção tubular ativa – 
reabsorção passiva) 
.Filtração Glomerular 
A excreção renal depende do fluxo sanguíneo que chega 
ao rim (sendo o normal 1500 mL/ min), com isso qualquer 
fator que afete esse fluxo interfere diretamente na excreção 
de fármacos (fluxo aumentado, excreção aumentada), a 
ligação de drogas com proteínas plasmáticas, vale lembrar 
que somente a droga em sua forma livre pode ser secretada 
(droga ligada a proteína não consegue ser filtrada, por isso 
não pode ser excretada) e taxa de filtração glomerular 
(normal é 120 mL/ min), quanto maior a taxa maior a 
excreção. 
Secreção Tubular Ativa 
A secreção tubular ativa de fármacos é um mecanismo 
dependente de ATP, que independe da ligação da droga 
com proteínas plasmáticas, é um processo saturável 
realizado por transportadores no qual pode haver inibição 
competitiva de fármacos. 
Reabsorção Passiva 
Tudo aquilo que foi filtrado e secretado, pode ser 
reabsorvido nessa etapa. É um processo que depende da 
disponibilidade de transportadores nos túbulos, quanto mais 
transportadores disponíveis maior a reabsorção, do pH da 
urina e pKa da droga, é o mesmo mecanismo da absorção, 
urina com pH mais ácido associada a uma droga de pKa 
ácido haverá maior reabsorção pois a droga ficará mais na 
forma não-ionizada (é mais lipossolúvel) a qual atravessa mais 
facilmente as membranas celulares, sendo o inverso também 
é verdadeiro. 
*No caso de uma intoxicação por droga básica, ao acidificar a urina 
se reduz a reabsorção dela e aumenta a excreção 
Observações 
A via pulmonar é uma importante via de excreção para 
gases e substâncias voláteis, enquanto a via biliar é 
importante para excretar substância aniônicas e catiônicas 
por meio das fezes. O detalhe da via biliar é que no intestino 
as drogas podem ser desligadas da bile e serem reabsorvidas 
novamente, impedindo a excreção, processo esse chamado 
de circulação enterro-hepática. Por fim, o leite materno é 
uma via de excreção que depende da avaliação do risco 
benefício dessa excreção.

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