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Câncer de Bexiga ________________________________________________________________ Carcinoma do Urotélio - Os carcinomas de urotélio podem ser divididos em 3 tipos de neoplasias: 1. Carcinoma de células do epitélio de transição papilar: • Tipo mais frequente • Crescimento principalmente endocavitário (crescimento exofítico para dentro da bexiga, pelve renal ou ureter) • A maioria corresponde a tumores superficiais de baixo grau (não invasivos) • Recorrentes em 50 a 70% dependendo do grau e estadio 2. Carcinoma do urotélio séssil: • Lesão mais sólida e com algum grau de invasão 3. Carcinoma in situ: • Tumor plano (confinado ao urotélio), eritematoso, multifocal e de alto grau (anaplásico) • Possui fácil invasão e mau prognóstico • Alta taxa de recidiva • Progride para tumor infiltrante em 50 a 75% dos casos • Tumor papilar ou séssil invadem ou recidivam mais quando associados ao carcinoma in situ ________________________________________________________________ Fatores de risco - Tabagismo: • É o principal fator de risco para CA vesical • Fumantes têm 3X mais chances de ter CA de bexiga do que aqueles não fumantes • O tabagismo é responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de bexiga - Exposição ocupacional: • Exposição a aminas aromáticas (ex: benzidina e beta-naftilamina) utilizadas na indústria de corantes podem causar CA de bexiga • Trabalhadores com risco aumentado incluem pintores, mecânicos, tipógrafos, cabeleireiros e motoristas de caminhão • Os fumantes que trabalham com os produtos químicos mencionados acima têm altíssimo risco de desenvolver CA de bexiga - Medicamentos ou Suplementos fitoterápicos: • O uso do medicamentos pioglitazona para diabetes por mais de 1 ano pode estar ligado a um risco aumentado de CA de bexiga • Os suplementos dietéticos que contêm ácido aristolóquico também têm sido associados - Arsênico: • Arsênico na água potável tem sido associado a um risco aumentado - Baixa ingesta de líquidos: • Pode aumentar o risco - Raça e Etnia: • Pessoas brancas têm cerca de 2X mais chances de desenvolver CA de bexiga do que as pessoas da raça negra - Idade: • O risco de CA vesical aumenta com a idade • Cerca de 90% das pessoas com CA de bexiga possui mais 55 anos - Gênero: • CA de bexiga é muito mais comum em homens do que mulheres - Irritação crônica e infecções: • Infecções urinárias, cálculos nos rins e bexiga e outras causas de irritação crônica vesical têm sido associadas com câncer • A esquistossomose é também um fator de risco (principalmente em regiões da África e Oriente Médio) - Histórico pessoal: • Os carcinomas uroteliais podem ser formados na bexiga, no rim, ureteres e uretra • Ter um câncer em qualquer parte do revestimento urotelial aumenta a chance de um segundo tumor nessas regiões - Malformações: • Tumores do úraco (órgão vestigial) geralmente são adenocarcinomas, compostos de células glandulares malignas Os cânceres que se iniciam desta forma representam cerca de um terço dos adenocarcinomas da bexiga. • A extrofia de bexiga aumenta o risco de desenvolver câncer de bexiga - Genética e Histórico familiar: • Histórico familiar de câncer de bexiga é um fator de aumento do risco • Alterações genéticas podem estar associadas, por exemplo, mutação do retinoblastoma, doença de Cowden e síndrome de Lynch (câncer colorretal hereditário sem polipose) - Quimioterapia e Radioterapia: • Quimioterapicos como a ciclofosfamida pode irritar a bexiga e aumentam o risco de câncer vesical • Radioterapia na região da pelve também está ligada ao desenvolvimento do câncer na bexiga ________________________________________________________________ Tipos Histológicos - Os tumores de bexiga podem possuir 4 origens histológicas: • Tumor transicional (92%): origem no urotélio (epitélio de transição) • Tumor epidermóide (6%): ligados a fatores irritativos, como litíase • Adenocarcinoma (1%): tumor mais comumente relacionado ao úraco • Tumor não-epitelial (2%) ________________________________________________________________ Formas de Apresentação Inicial (História Natural) - Na maioria das vezes (75%) a apresentação inicial das neoplasias vesicais é uma doença localizada na bexiga, com boa possibilidade de cura - Cerca de 15% dos casos se apresenta como doença regional (doença localmente avançada) - Apenas em 10% dos casos a apresentação inicial se dá por doença metastática ________________________________________________________________ Fatores Prognósticos - Grau de diferenciação celular (quanto mais anaplásico o tumor, pior o prognóstico) - Estadiamento - Nº de lesões - Tamanho das lesões - Presença ou não de câncer in situ - Invasão microvascular (aumento do nº de recidivas) - Ploidia celular (aumenta a progressão) - Alteração do gene p53 ________________________________________________________________ Manifestações Clínicas - A grande maioria dos pacientes se com hematúria (macro ou micro) - Sintomas de irritação vesical - Queixas relacionadas às metástases (ex: dor óssea) ________________________________________________________________ Estudos de Imagem - O diagnóstico depende dos exames de imagem (principalmente US e, eventualmente, urografia excretora) - O estadiamento depende da TC, RM e RX do tórax (para avaliar metástase) - O DX anatomopatológico se dá através da cistoscopia e biópsia da lesão e biópsias randomizadas US mostrando neoplasia vesical TC mostrando neoplasia vesical ________________________________________________________________ Estadiamento (TNM) - É considerado tumor papilífero (superficial/não invasivo) aquele que não ultrapassa a lâmina própria. São eles: carcinoma in situ, Ta e T1 - 70% dos tumores vesicais são superficiais - Tumor que invade lâmina própria é considerado tumor invasivo - Sobrevida em 5 anos de acordo com o estadio: ________________________________________________________________ Tratamento - Como já mencionado, cerca de 70-15% dos pacientes apresentam carcinoma superficial de bexiga (carcinoma in situ, Ta e T1) - Esses pacientes podem evoluir de 2 formas: • Evoluir para recorrência: • 70 a 90% • Ocorre principalmente nos pacientes tabagistas ativos • Evoluir para progressão: • Quando o tumor deixa de ser superficial e se torna invasivo (T2, T3 e T4) • Ocorre em10 a 15% dos casos - Pacientes com tumor superficial (Ta, T1, In situ) podem ser tratados com: • Ressecção transuretral (RTU): • Realizado através de um endoscópio posicionado via uretra • O material é coletado e enviado para análise histopatológica • Complicações da RTU: • Sangramentos • Intoxicação hídrica • Perfurações intra e extraperitoneais • Explosão (devido a corrente elétrica e formação de bolhas) • Espasmos (contração do nervo obturador) • Refluxo (devido a estenose uretral) • Estenose uretral tardia • Quimioterapia: • Tratamento adjuvante • Ex: mitomicina • Imunoterapia: • Tratamento adjuvante a RTU • Utiliza o BCG (o mesmo da vacina) • Promove uma reação imunológica dentro da bexiga, causando descamação do endotélio • Diminui a chance de recidiva • Injeção intravesical de BCG diário por 6 a 8 semanas. Posteriormente, dose de manutenção por 3 semanas a cada 6 meses por até 3 anos • Complicações do BCG tópico: • Cistite (em 90% dos pacientes) • Febre (3%) • Complicações mais graves (raros — menos de 1%): • Pneumonia e hepatite • Artralgia • Hematúria • Epididimite • Bexiga contraída • Abscesso renal • Sepsis • Tratamento das complicações: • Tratamento tríplice clássico de tuberculose: Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida • Cistectomia: • Retirada da bexiga • Realizada apenas em alguns casos que não responderam ao tratamento conservador - Pacientes com tumor invasivo podem ser tratados com: • Cistectomia radical: • Remoção completa da bexiga (incluindo próstata e uretra nos homens) •Na mulheres inclui histerectomia e remoção de metade anterior da vagina • Exige derivação urinária: • Clássicas: para o íleo (cirurgia de Bricker), sigmoide ou ureter • Complicações precoces: • Fístulas urinárias • Íleo paralítico • Re-intervenção • Óbito • Complicações tardias: • Hidronefrose unil ou bilateral • Sangramento da neobexiga • Ruptura da neobexiga ________________________________________________________________ Carcinoma Urotelial T1G3 - Classe especial de tumor vesical - É um transição entre tumor superficial e invasivo - Pode assumir 2 aspectos: • Baixo risco: • Único e papilar • <2cm • Sem Ca in situ • Sem T1G3 na re-RTU (quando o resultado da primeira RTU é um T1G3, uma segunda RTU deve ser realizada) • Tratamento = conservador (deve ser tratado como qualquer tumor superficial) • Alto risco: • Multifocal e séssil • Com Ca in situ • Com invasão da uretra prostática • T1G3 após re-RTU • Tratamento = cistectomia precocedeve ser tratado como qualquer tumor invasivo - Regra dos 30: • 30% nunca recidivam ou progridem • 30% necessitam de cistectomia tardia • 30% morres pelo tumor (independente do tratamento) - Indicativos de progressão: • Tumor multifocal ou tumor > 5cm • Falência ao BCG • Ca in situ concomitante • Muscular da mucosa envolvida ou invasão vascular • Mutação do gene p53 ________________________________________________________________ Seguimento Clínico - Pacientes de baixo grau: • Cistoscopia aos 3 meses • Cistoscopia aos 9 meses • Anualmente durante 5 anos - Pacientes de grau intermediário: • Cistoscopia e citologia seguindo um esquema de acordo com fatores pessoais e subjetivos do médico - Pacientes de alto grau: • Cistoscopia e citologia aos 3 meses • 2º ano: citologia e cistoscopia de 3/3 meses • 3º ano: citologia e cistoscopia de 4/4 meses • 4º ano: citologia e cistoscopia de 6/6 meses • Anos posteriores: anualmente ________________________________________________________________ Tratamento Quimioterápico Sistêmico - Indicações: • Pacientes com recidiva • Doença metastática • Pacientes que não possuem condições cirúrgicas - Opções: • MVAC: • Metotrexato (MTX) + vinblastina + doxorubicina + cisplatina • Resposta de até 70% • Quimioterápicos mais modernos: • Paclitaxel (taxol) • Gemcitabine • Protocolo TIP: taxol + ifosfamida + cisplatina
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