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Anatomia Funcional e Cirúrgica do Sistema Arterial Revisão do Sistema Circulatório - O sistema circulatório humano é fechado, não havendo comunicação com o meio externo, e é composto pelos vasos sanguíneos e pelo coração - A cada sístole ventricular é ejetado para a aorta cerca de 70ml de sangue. Além disso, a sístole ventricular produz uma onda de pressão que irá se propagar até o nível da microcirculação (gerando a nutrição celular) - O nosso sistema circulatório é composto por cerca de 5-6 litros de sangue, sendo que 80% está no sistema venoso e 20% no sistema arterial - Por isso, o sistema venoso é dito de capacitância, ou seja, consegue albergar grande quantidade de sangue - Diferença básica entre o sistema arterial e venoso: • Artérias de grosso calibre —> maior pressão • Veias de menor calibre —> maior pressão Tônus Vascular - Se todo o sistema circulatório fosse dilatado os 5-6 litros de sangue que temos não ocuparia todos os vasos sanguíneos - Desse modo, para manter um equilíbrio entre o continente (vasos) e conteúdo (sangue) temos o tônus vascular (fazendo com que o sangue ocupe todo o sistema circulatório) - Esse tônus é regulado pelo endotélio através de substâncias vasoconstritoras e vasodilatadoras (ex: prostaglandinas) Alça Capilar - A alça capilar é a unidade anátomo-funcional do sistema circulatório, ou seja, é a estrutura responsável por nutrir as células do organismo e retirar os produtos do metabolismo - Ela é formada pelos capilares arteriais e venosos Sístoles e Diástoles - O mecanismo da sístole e diástole faz com que o sangue permaneça em movimento no sistema circulatório, permitindo às trocas de O2 e CO2. - Diástole: • Enchimentos dos átrios • Sistema valvar tricúspide e bicúspide estão abertos • Sistema valvar do tronco pulmonar e aorta estão fechados - Sístole atrial: • Abertura dos orifícios átrio ventriculares • Sistema valvar aorta e tronco estão fechados - Sístole ventricular: • Sistema valvar dos orifícios átrio ventriculares fechados, • Abertura do sistema valvar aorta e tronco pulmonar Sistema Arterial - Sistema de condutos elásticos, avalvulados* e com ramificação divergentes (originam ramos cada vez menores) • *exceção: a aorta e o tronco pulmonar são os únicos locais em que vasos arteriais possuem válvulas - Constituição anatômica da parede arterial: • 3 túnicas: 1. Túnica Externa/Adventícia: constituída por tecido conjuntivo frouxo 2. Membrana limitante elástica externa 3. Túnica Média: sua constituição depende do calibre da artéria, alterando a proporção entre fibras elásticas e fibras musculares lisas 4. Membrana limitante elástica interna 5. Túnica Interna/Íntima: é o endotélio Nutrição Arterial - A nutrição arterial é mista: • A túnica externa e a porção mais externa túnica média são vascularizadas por vasa-vasorum arteriais (originados na própria artéria ou artérias vizinhas) • A porção mais interna da túnica média e a túnica íntima são vascularizado por embebição do próprio sangue circulante - Além disso, existe a vaso-vasorum venosa que irá retirar os produtos do metabolismo da parede arterial Inervação Arterial - As artérias são inervadas pelos nervos vasomotores, originados no sistema nervoso autonômico - Esses nervos vasomotores fazem um plexo na adventícia e forma nervos vasorum (responsáveis pelo envio de sinais sobre vasoconstrição e vasodilatação) Divisão das artérias - Realizada com base na túnica média: • Grosso calibre (elásticas): predominância de fibras elásticas (ex: aorta) • Médio calibre (mistas): proporção semelhante de fibras elásticas e musculares lisas (ex: artéria femoral) • Pequeno calibre (musculares): predominância de musculatura lisa (ex: artérias distribuidoras) • Arteríolas: artérias menores do que 100 micras e são consideradas compostas inteiramente de musculatura. Tipos de Circulação Arterial - Existem 3 tipos de circulação arterial: 1. Troncular: • Equivale a “rua principal” • São avaliadas através dos pulsos • Ex: aorta, ilíacas, femoral, poplítea, carótidas. 2. Colateral: • “Ruas que saem da rua principal, as colaterais” • São pouco utilizada quando a circulação troncular está preservada. • Desenvolve-se quando tem um processo que diminui o fluxo, como oclusões na circulação troncular. • São avaliadas através da temperatura e coloração local • A grande importância da rede colateral é que ela serve para evitar isquemias quando há oclusões na circulação troncular • Existem 2 tipos de circulação colateral: 1. Convergente/Centrípeta: • Composta por muitos vasos estreitos e longos • Em caso da oclusão arterial aguda trombótica esse tipo de circulação é responsável pelo reabite do leito troncular, ou seja, desvia a obstrução voltando para o leito troncular saudável • Nesses casos é possível fazer uma ponte no tratamento da obstrução original. 2. Divergente/Centrífuga: • Composta por muitos vasos, geralmente curtos • São vasos que não reabitam o leito troncular. • É considerado o tipo de circulação colateral mais grave, pois não há opções de tratamento cirúrgico como pontes. 3. Terminal ou capilar: • Possuem fundo cego - “rua sem saída” • Não possuem colaterais • Se ocluídas evoluem para necrose/gangrena • São avaliadas através da temperatura e coloração local Fatores que Influenciam na Nutrição Arterial Celular - Integridade do coração - Elasticidade da parede arterial - Lesões intra e extra-luminares das artérias (até 50% de estenose da luz não costuma apresentar sintomatologia) - Quantidade de circulação colateral (somente é criada em indivíduos que tem doença arterial crônica) - Nível da lesão arterial (quanto mais proximal a lesão arterial, maior o nº de colaterais) Consequências Hemodinâmicas da Estase do Fluxo Arterial - Quando há uma estenose da luz arterial o sangue perde seu fluxo laminar e se torna turbilhonar (após a estenose o fluxo recupera seu aspecto laminar) - Isso é clinicamente denominado de sopro sistólico - É justamente através dessa alteração de fluxo arterial que o EcoDoppler consegue identificar regiões de estenose - Além disso, proximal ao estreitamento irá ocorrer uma dilatação da artéria, devido a hipertensão gerada pelo sangue que não consegue mais passar de forma adequada - Por outro lado, na porção distal ao estreitamento irá ocorrer uma contração da artéria devido a hipotensão gerada pela diminuição de sangue. - O sangue na área de hipertensão (pré-obstrução) tende a sair pelas artérias colaterais - Distalmente temos a diminuição da luz arterial, gerando uma isquemia devido a menor quantidade de nutrição sanguínea local Divisão do Sistema Arterial - Pequena Circulação: • É dita funcional, uma vez que é responsável pelas trocas gasosas • Não nutri o parênquima pulmonar • Trajeto: VD —> tronco pulmonar —> pulmão —> veias pulmonares —> AE - Grande Circulação: • Realiza a nutrição das células • Trajeto: VE —> aorta —> tecidos —> veias cavas —> AD Artéria Aorta Aorta Ascendente: - Trajeto: VE —> lado direito de T3 - Coberta por pericárdio visceral - Ramos colaterais: Artérias coronárias direita e esquerda. Cajado da Aorta: - Trajeto: Lado direito de T3 —> lado esquerdo de T3 - Ramos: Tronco arterial braquiocefálico (A. carótida comum direita e A. subclávia direita), carótida esquerda e subclávia esquerda. - Variações dos troncos supra-aórticos: • Bovino: tronco único que sai da aorta e gera 3 artérias (subclávia direita, carótida comum direita e carótida comum esquerda) • Disfagia lusória: subclávia direita anômala que sai depois da subclávia esquerda, comprimindo o esôfago (passa a linha média entre a coluna e o esôfago) e causando disfagia Aorta Torácica: - Trajeto: Lado esquerdo ao nível de T3 —> linha média ao nível de T8 —> hiato aórtico do diafragma. - Ramos: Intercostais posteriores, Esofágicas mediais, Mediastínicas e BrônquicasAorta Abdominal: - Trajeto: Hiato aórtico —> nível de L4 —> se divide em artéria sacral média e artérias ilíacas comuns - Ramos: • Ramos parietais: A. frênicas inferiores direita e esquerda • 5 pares de artérias lombares • Tronco celíaco: A. esplênica, A. gástrica esquerda e A. hepática comum • A. mesentérica superior (irriga parte do pâncreas, intestino grosso e intestino delgado) • A. mesentérica inferior (parte o intestino grosso e reto) • A. renais • A. gonadais • A. supra-renais Artérias Ilíacas Comum Direita e Esquerda - Divida em externa e interna: • Interna: dentro da cavidade pélvica, vasculariza órgãos da pelve. • Externa: raiz da coxa e vasculariza os MMII. Artéria Carótida Interna - Trajeto: Bordo superior da cartilagem tireóidea —> corre perpendicularmente em direção cranial, ventral aos processos transversos de C1 e C2 —> porção petrosa do osso temporal —> penetra o forame carotídeo —> canal carotídeo —> fossa média da base endocraniana —> percorre o sulco cavernoso. - Porção cervical: Não emite ramos - Porção petrosa: Ramos caroticotimpânica, A. do canal pterigoideo, cavernosos, hipofisários - Porção cavernosa: Ramos ganglionares, meníngea anterior, oftálmica, cerebral anterior, cerebral média - Porção cerebral: Ramos comunicante posterior e carótida anterior - Ramos terminais (ao nível da sela turca): cerebral anterior D e E, comunicante posterior D e E, corotídeos D e E, cerebral média D e E (não são parte do polígono de Willis) Artéria Carótida Externa - Trajeto: Bordo superior da cartilagem tireóidea —> espaço posterior ao colo da mandíbula (superfície externa do crânio). - Ramos colaterais: auricular posterior, facial, occipital, lingual, tireóidea superior e faríngea ascendente. - Ramos terminais: maxilar e temporal superficial Polígono de Willis - Composto por 7 artérias: 1. A. cerebral posterior D (da artéria vertebral) 2. A. cerebral posterior E (da artéria vertebral) 3. A. cerebral anterior D (da carótida interna) 4. A. cerebral anterior E (da carótida interna) 5. A. comunicante posterior D (da carótida interna) 6. A. comunicante posterior E (da carótida interna) 7. A . c o m u n i c a n t e a n t e r i o r (anastomose) Artéria Subclávia - Trajeto: Fim no bordo externo da primeira costela e bordo inferior da clavícula - 1) Porção pré-escalênica: até o músculo escaleno anterior - 2) Porção trans-escalênica: por dentro do trígono intercostoescalênico - 3) Porção pós-escalênica: até o bordo externo da primeira costela e bordo inferior da clavícula. - A. torácica interna (mamária): artéria músculo frênica e epigástrica superior - Tronco tireocervical: origina a dorsal da escápula e a supraescapular - Tronco costocervical: origina a artéria intercostal suprema e dorsal da escápula - A. vertebral: A. cerebral posterior D e E Artéria Axilar: - Trajeto: Fim no bordo lateral do músculo redondo maior (posteriormente) e do músculo peitoral maior (anteriormente) - Porção pré-peitoral: até o bordo medial do peitoral menor - Porção trans-peitoral: do bordo medial até o bordo lateral do peitoral menor - Porção pós-peitoral: do bordo lateral do peitoral menor até o bordo lateral do redondo maior. Artéria Braquial - Ramos: A. colateral ulnar superior (acompanha o nervo ulnar); A. colateral ulnar inferior; A. nutrícea do úmero e A. braquial profunda (artéria colateral média e artéria colateral radial) Artéria Ulnar - Ramos: A. recorrente ulnar anterior e posterior; A. interóssea comum anterior e posterior e A. carpal palmar profunda e dorsal Artéria Radial - Ramos: A. recorrente radial; A. carpal dorsal e A. carpal palmar superficial Arco Periepicôndilo Medial - Anterior: A. recorrente radial + artéria colateral radial - Posterior: A. recorrente interóssea + artéria colateral medial Arco Carpal Dorsal - A. carpal dorsal do rádio + artéria carpal dorsal da ulna - Originam as A. metacarpais dorsais —> A. digitais dorsais Arco Carpal Palmar profundo - A. carpal palmar superficial + A. radial - Se ramifica em A. metacarpais palmares Arco Carpal Palmar Superficial - A. carpal palmar superficial + A. ulnar - Se ramifica em A. digitais palmares comuns —> A. digitais palmares próprias Artéria Ilíaca Externa - Circunflexa profunda do íleo (ramo externo): percorre a crista ilíaca e se anastomosa com ramos lombares - Epigástrica inferior (ramo interno): se anastomosa com a epigástrica superior (comunicação com membro superior) Artéria Ilíaca Interna - Função: Vasculariza as vísceras da cavidade pélvica - Ramos: A. colateral ulnar superior (acompanha o nervo ulnar); A. colateral ulnar inferior; A. nutrícea do úmero e A. braquial profunda (artéria colateral média e artéria colateral radial) Artéria Femoral - Função e trajeto: Irriga a musculatura da coxa. Segue pelo triangulo de Scarpa (junto com a veia safena), transita pelo canal dos adutores/de Hunter e termina no hiato do adutor magno. - Ramos: A. femoral profunda da coxa (ao nível do trígono de Scarpa); A. circunflexa femoral anterior; Ramo ascendente; Ramo transverso (se anastomosa com a circunflexa posterior do fêmur); Ramo descendente (se anastomosa com ramos da artéria poplítea); A. circunflexa femoral posterior; A. perfurantes; A. circunflexa superior do íleo; A. epigástrica superficial e A. pudenda externa inferior e superior Artéria Poplítea - Trajeto: Anel do adutor magno à anel osteofibroso do músculo sóleo - Ramos: A. superficial medial do joelho; A. superficial lateral do joelho; A. medial do joelho; A. inferior medial do joelho; A. inferior lateral do joelho e Ramos gêmeos ou gastronêmeos Artéria Tibial Anterior - Trajeto: Ramo da A. poplítea —> desce pelo compartimento tibial anterior, tendo fim no retináculo dos extensores —> artéria dorsal do pé - Ramos: A. tarsal média; A. tarsal lateral; A. arqueada; A. plantar profunda e 1ª metatarsal dorsal Artéria Tibial Posterior - Trajeto: Anel osteofibroso do músculo sóleo —> corre no compartimento - tibial posterior —> contorna posteriormente o maléolo interno —> se torna plantar à —> retináculo dos flexores —> sulco calcâneo - Ramos: A. Fibular posterior; A. fibular (ramo da tibial posterior); A. Fibular anterior: A. plantar medial (interna), A. plantar lateral (externa) Arco Dorsal do pé - A. tarsal lateral + a. arqueada Arco Plantar do pé - A. plantar externa + a. plantar profunda (ramo da dorsal do pé)
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