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Transcrição da aula 5 – Transtornos do VIII par de NC • Caso 1: ▪ Discussão: ✓ Tontura – dividimos em instabilidade (sensação de que existe um movimento anômalo, mas não rotatório) e vertigem (sensação de que as coisas rodam); instabilidade – pensar em doenças endócrinometabólicas, em especial os transtornos do colesterol, dos TG, do açúcar e da tireoide, doenças cardiovasculares e alguns medicamentos; vertigem – distinguir se é periférica ou central; ✓ No caso clínico, o diagnóstico não pode ser AVC, por exemplo, porque o paciente não apresenta déficits neurológicos focais; é diagnóstico diferencial; ✓ Doença de Menière – paciente apresenta hidropsia endolinfática (aumento da pressão na orelha interna – na cóclea, nos canais semicirculares e na região vestibular) causando problemas no labirinto anterior e posterior (sintomas: perda auditiva, alteração do equilíbrio e zumbido = tríade). Classicamente, a duração dos sintomas da tontura (vertigem) varia de minutos a horas – o paciente do caso clínico apresenta duração de 5 dias do sintoma de vertigem, então excluímos o diagnóstico de Doença de Menière (mas ela é diagnóstico diferencial); ✓ A neurite vestibular – diagnóstico correto desse caso clínico – é uma inflamação do VIII par de NC. O paciente fica por dias com essa inflamação; como o nervo vestibular está associado à orelha interna, o paciente apresenta então tontura e perda auditiva; é uma vertigem súbita (diferentemente da D. de Menière, em que o paciente se queixa cronicamente da tontura, várias vezes no ano, e essa tontura não é tão incapacitante); esse é um quadro comum de neurite vestibular no pronto socorro, no qual, além da queixa de tontura, há também perda auditiva; ✓ No caso clínico, o paciente relata que não há piora ou alívio com mudanças de posição da cabeça – então, excluímos vertigem postural paroxística benigna (principal causa de vertigem periférica). Acontece com o movimento da cabeça, e os sintomas duram sempre minutos (outro fator que também exclui esse diagnóstico no caso clínico); ✓ Diagnósticos diferenciais: Doença de Menière, AVC e VPPB (vertigem postural paroxística benigna). Carlos Alberto Vieira – 7B ✓ O tratamento da neurite – internação, hidratação, benzodiazepínico, dimenidrinato, corticoide e reabilitação precoce. A priori, não necessita de exames de imagem complementares. • Caso 2: ▪ Discussão: ✓ 4 dias de perda auditiva e ao despertar teve uma certa vertigem intensa; quadro é sutilmente diferente do primeiro; ✓ O diagnóstico é surdez súbita. Muitas pessoas se confundiram com doença de Menière, mas o paciente não possui comorbidades, doenças prévias, nem queixas prévias. Além disso, a queixa auditiva na doença de Menière é flutuante; ✓ Diagnóstico audiológico: perda auditiva neurossensorial unilateral esquerda de grau profundo (média tritonal = 100 + 110 + 90 / 3 = 100 – profundo); ✓ RM, otoscopia e laboratório normais – provavelmente surdez súbita; a maioria é idiopática; ✓ Tratamento: corticoide e antiviral (na surdez súbita, existe uma suspeita de associação com herpes-vírus); ✓ Diagnósticos diferenciais: Doença de Menière, VPPB e neurite vestibular. • Caso 3: Carlos Alberto Vieira – 7B ✓ Letra D. • Caso 4: Carlos Alberto Vieira – 7B ✓ Letra C e letra A (também é possível). Doenças da orelha interna ✓ Lembrar que na orelha interna ocorre a transdução de energia mecânica em energia elétrica: o Fisiologia da audição: ondas sonoras → membrana timpânica → movimento do líquido no interior das rampas → deslocamento da membrana basilar → despolarização ou hiperpolarização do nervo → sobe pela cóclea → lemnisco lateral → colículo inferior → n. geniculado medial → córtex auditivo. Então, qualquer alteração nesse trajeto causa perda auditiva neurossensorial. As doenças da cóclea e do nervo são tratáveis com aparelho, porém são irreversíveis. • Etiologia: ✓ Transtorno no desenvolvimento, hereditárias, sindrômicas e não sindrômicas: o Síndrome e Alport, Síndrome de Usher, Síndrome do Arqueduto Vestibular Alargado, Síndrome de Pendred, Síndrome de Treacher-Collins (malformação craniofacial), síndrome de Stickler. ✓ Infecciosos: o Otite média labirintizada (otite média que agravou e internalizou), sífilis, CMV (citomegalovírus), parotidite epidêmica (caxumba). ✓ Toxicidade farmacológica: o Aminoglicosídeos (gentamicina, vancomicina), diuréticos, salicilatos, antimaláricos, cisplatina. ✓ Trauma: o Traumatismo encefálico, induzido por ruído, barotrauma e irradiação. ✓ Doenças de origem neurológica: o Esclerose múltipla. ✓ Doenças vasculares e hematológicas: o Enxaqueca, crioglobulinemia, anemia falciforme, discrasias sanguíneas. ✓ Distúrbios imunes: o Poliarterite nodosa, HIV. ✓ Transtornos ósseos: Carlos Alberto Vieira – 7B o Otoesclerose (se muito avançada; classicamente causa perda condutiva), Doença de Paget, osteossíntese imperfeita, acromegalia. ✓ Neoplasias: o Schwanoma vestibular, meningioma. ✓ Etiologia desconhecida: o Presbiacusia, Doença de Menière, surdez súbita. • Tratamento: ✓ Programa multiprofissional; ✓ AASI (aparelho de amplificação sonoraindividual): o Dispositivos eletrônicos que captam os sons ambientes e os amplificam de maneira que aumentam o sinal sonoro, permitindo sua percepção pelo usuário; o Pode ser retro auricular, intra auricular, mini canal, intra canal e micro canal. ✓ IOM (implantes de orelha média): o Amplificam o sinal sonoro e mantém o CAE livre; o Inseridos cirurgicamente, podem ser totalmente ou parcialmente implantáveis: Vibrant soundbridge, Carina, Esteem; o Perdas neurossensoriais de grau moderado a severo ✓ IC (implante coclear): o As ondas sonoras são captadas e convertidas em um sinal elétrico, transmitido á cóclea por um feixe de eletrodos; o São transmitidos ao nervo auditivo e interpretados como som; o Porção externa – microfone, e porção interna – eletrodos estimulam diretamente a cóclea; o Indicações: perda auditiva neurossensorial severa ou profunda bilateral (porém, se não houver código linguístico bem estabelecido, não há indicação – por exemplo: criança com 5 anos de idade e que nasceu com surdez não deve usar, pois o desenvolvimento da via auditiva cerebral já foi prejudicado de forma irreversível; o ideal é realizar o implante coclear até 2 anos); resultado ≤ 50% de reconhecimento de sentenças em formato aberto com uso de AASI em ambas as orelhas; motivação; ✓ Terapia medicamentosa; ✓ Terapias genéticas e de células tronco. • Prevenção: ✓ Vacinas: H.influenzae e S. pneumoniae (meningite é uma causa de perda auditiva); ✓ Protetores auriculares (EPIs) em atividades de alto risco para PAIR – trabalho com metal, equipamentos elétricos, caça, motores de combustão, motores de POPA, e serras elétricas. • Fisiologia do equilíbrio: ✓ Transformar as forças de aceleração e da gravidade em um sinal biológico; ✓ Informar aos centros nervosos sobre a velocidade e posição no espaço; Carlos Alberto Vieira – 7B ✓ Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da cabeça e do corpo (labirinto). ✓ Informações sensoriais: o Sistema vestibular; o Sistema visual – percepção espacial; o Sistema proprioceptivo. o Qualquer alteração no tripé acima, pode prococar desequilíbrio. ✓ Reflexo vestíbulo-ocular – reflexo de estabilização do olhar; quando caminhamos, conseguimos ler informações, o olho fica estabilizado (não treme) – esse reflexo é realizado pelo labirinto, que mantém essa estabilidade ocular; ✓ Reflexo vestíbulo-espinhal – o ato de ficar em pé e movimentar-se é percebido pela cabeça, sistema vestibular e cerebelo; estabiliza a coluna e o cordão cervical; *ler sobre esses dois reflexos; ✓ Quando pedimos para o paciente fechar os olhos no testede Romberg, por exemplo, retiramos um dos componentes do tripé acima, a propriocepção, tornando o teste mais sensibilizado; ✓ O movimento da cabeça faz com que a otoconia (na região da ampola) se movimente, esticando os estereocilios → influxo de sódio e efluxo de potássio → despolarização do VIII par; ✓ Canais semicirculares (anterior, lateral e posterior) e são responsáveis pela interpretação da posição da cabeça (eles que despolarizam e mandam a informação ao cérebro). Dentro do vestíbulo, existe o utrículo e o sáculo, que são perpendiculares; o utrículo dá informação sobre o deslocamento no plano horizontal (para frente e para trás) e o sáculo dá informação sobre o deslocamento vertical (subir e descer). • Exames auxiliares: ✓ No exame ORL: o Motricidade ocular: III (oculomotor), IV (troclear), VI (abducente) – avaliação de nistagmo; nistagmo de vertigem central é espontâneo e não obedece a um padrão; nistagmo de vertigem periférica é provocado (através de manobras) e acontece dentro de alguns padrões; o Sensibilidade da face: V (trigêmio); o Motricidade da face: VII (facial); o Audiometria. ✓ Exame do equilíbrio: o Estático: Teste de Romberg; o Dinâmico: Teste de Unterberger; o Coordenação: Testes – index-index, index-nariz, index-joelho; o Eletroinstagmografia; Carlos Alberto Vieira – 7B o Provas calóricas; o Provas metabólicas. • Vestibulopatias: ✓ O sistema de equilíbrio utiliza os estímulos sensoriais e as respostas motoras inatas e adquiridas; ✓ Há um equilíbrio entre as respostas labirínticas. Deste modo, as assimetrias serão sempre sentidas como transtorno do equilíbrio; ✓ A compensação central exerce papel importante de modo que a supressão labiríntica, mesmo que terapêutica, pode retardar a melhora (o paciente deve fazer uso de medicamento, mas esse deve ser suspenso após um tempo, pois é necessário que o cérebro aja de maneira a compensar – um lado funcionar mais e o outro menos, p.ex.); ✓ A anamnese e o exame clínico devem estabelecer a hierarquia dos diagnósticos das possíveis localizações das lesões e, em seguida, confirmadas pelas imagens; exame físico e testes auxiliares; ✓ Vertigem: o Origem periférica – labirinto; o Origem central – vias aferentes, nervo vestibular, cerebelo, tálamo, córtex vestibular, vias aferentes, visão, propriocepção e sistema motor. ✓ Paciente com dor de cabeça + vertigem pensar em migrânea vestibular (tontura de origem central); ✓ Paciente com dor de cabeça, perda de consciência + vertigem = avaliação neurológica (não dá, por exemplo pra pensar em doença de Menière); ✓ Teste do oculomotor, abducente e troclear (pedir pro paciente acompanhar o movimento do dedo do examinador) – o olhar com nistagmo espontâneo, pensar em vertigem central; geralmente o nistagmo da vertigem central é espontâneo ou semiespontâneo; o nistagmo da vertigem periférica é provocado (realizar manobras, e o nistagmo possui um padrão); ✓ O objetivo do médico generalista é identificar e diferenciar os comprometimentos centrais (SNC) e periféricos (labirinto); ✓ Duração da vertigem (quanto tempo demora a sensação de rotação): Carlos Alberto Vieira – 7B o Segundos: Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) – relacionada com o movimento da cabeça; o Minutos a hora: Hidropsia endolinfática idiopática (doença de Menière), hidropsia endolinfática secundária (sd. De Menière); o Dias a semanas: Neurite vestibular; o Duração variável: Vestibulopatias metabólicas e hormonais, Físitula de orelha interna, Trauma e outras. • VPPB: ✓ Vertigem provocada pela movimentação da cabeça; ✓ Crises transitórias bruscas; ✓ Associado a nistagmo posicional paroxístico; ✓ Manobra de Dix-Hallpike para diagnóstico (para VPPB do canal semicircular posterior, principalmente); ✓ Manobra de Dix-Hallpike com nistagmo ocular = VPPB; ✓ Manobra de Lampert – reabilitação vestibular do canal lateral; ✓ Manobra de Semont – canal posterior; ✓ Manobra de Brandt Daroff; ✓ Manobra de Epley. *dar uma olhada nessas manobras. • Hidropsia endolinfática – Doença de Menière: ✓ Hipoacusia flutuante; ✓ Vertigem recorrente; ✓ Zumbidos (tinitus) – “pressão no ouvido”, 2ª causa de vertigem; ✓ Atentar-se ao tempo de duração da vertigem; ✓ Hipertensão endolinfática → microrupturas na membrana de Reissner → crises – vertigem, hipoacusia e tinitus (tríade) → cicatrização → hipoacusia flutuante (melhora audição); ✓ Critérios diagnósticos – não precisa saber de um por um (possível, provável, definido, certeza), atentar-se somente aos critérios gerais: vertigem mais ou menos maiores que 20 minutos, perda neurossensorial fixa ou flutuante com desequilíbrio (sem outra causa que justifique), paciente com audiometria comprometida e zumbido e sensação de plenitude presentes. ✓ Tratamento: o Medicamentoso: Crise – internação e uso de depressivos vestibulares; o 1ª linha – baixa ingesta de sal (< 1500 mg/dia) e terapia com betaestatina/diuréticos; o 2ª linha – terapia de ablação química; o 3ª linha – descompressão do saco endolinfático; o 4ª linha – secção do nervo vestibular; o 5ª linha – labirintectomia. Depressores do sistema vestibular mais utilizados para tratamendo da DM Benzodiazepínicos Clonazepan Carlos Alberto Vieira – 7B Diazepan Lorazepan Bloqueadores de canal de cálcio Cinarizina Flumarizina Nimodipina Anti-histamínicos Dimenidrinato Prometazina Anticolinérgico Meclizina Neurolépticos Droperidol • Neurite vestibular: ✓ Vertigem severa de início súbito; ✓ Etiologia: o Vírus Herpes simples (tipo I), borrelia burgdorferi, herpes zoster; o Inflamação do ramo vestibular superior. ✓ Diagnóstico: o Clínico; o Eletroneuromiografia – hiporreflexia ou arreflexia. ✓ Tratamento: o Antieméticos e sedativos; o Labirínticos; o Corticoides (?); o Deambulação precoce. • Outros: ✓ Cinetose: o Alteração no reflexo vestibuloocular – incoordenação entre o que se vê e o que o labirinto registra; o Tratamento – reabilitação. ✓ Metabólicas: o Transtornos dos carboidratos; o Transtornos dos distúrbios hidroeletrolíticos. ✓ Hormonais: o Tireoide. ✓ Infecciosas. Carlos Alberto Vieira – 7B
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