Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM UNIDADE TEMÁTICA I Ms. Magali 2. FÁRMACOS QUE ATUAM NO TRATO RESPIRATÓRIO As principais doenças que afetam o trato respiratório são a asma, a rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) A asma é uma doença crônica caracterizada por vias aéreas hiper-responsivas, que afetam milhões de pacientes A DPOC, que inclui enfisema e bronquite crônica, pode afetar mais de 12 milhões de pessoas no Brasil A rinite alérgica, caracterizada por olhos lacrimejantes, prurido, rinorreia e tosse não produtiva, é uma condição extremamente comum que, segundo os pacientes, diminui a qualidade de vida A tosse é uma defesa respiratória importante contra os agentes irritantes e é citada como a principal razão pela qual os pacientes procuram cuidados médicos • Tosse coercível • Tosse incoercível 2.1 ANTIASMÁTICOS 2.1.1 Asma •É uma doença das vias aéreas caracterizada por episódios de broncoconstrição aguda, causando encurtamento da respiração, tosse, tensão torácica, respiração ruidosa e rápida •Esses sintomas agudos podem ser resolvidos espontaneamente, com exercícios de relaxamento não farmacológico ou com fármacos de “alívio rápido” •É uma doença crônica com fisiopatologia inflamatória subjacente, que, se não tratada, pode evoluir para remodelação das vias aéreas, resultando em agravamento e incidência de exacerbações e/ou morte 2.1 ANTIASMÁTICOS Tratamento •Consiste em dois objetivos: redução do agravamento e redução do risco •Redução do agravamento - significa diminuir a intensidade, a frequência dos sintomas e o grau de limitações que o paciente apresenta devido a esses sintomas •Redução do risco - significa diminuir os resultados adversos associados à asma e ao seu tratamento •As crises de asma - relacionadas a uma exposição recente a alérgenos ou irritantes inalados, levando à hiperatividade brônquica e à inflamação da mucosa das vias aéreas 2.1 ANTIASMÁTICOS A obstrução do fluxo aéreo na asma resulta em broncoconstrição por contração de músculos lisos brônquicos, inflamação da parede brônquica e aumento na secreção de muco 2.1 ANTIASMÁTICOS 2.1.2 Fármacos utilizados no tratamento da asma Os fármacos utilizados no tratamento das doenças respiratórias podem ser aplicados topicamente na mucosa nasal, inalados ou administrados por via oral ou parenteral para a absorção sistêmica Preferidos: aplicação local, como nebulizadores ou inaladores, pois o fármaco atinge o tecido-alvo e minimiza os riscos sistêmicos Objetivo do tratamento: diminuir a intensidade e a frequência dos sintomas e o grau de limitações que o paciente apresenta devido a esses sintomas Todos os pacientes necessitam de medicação de alívio rápido para tratar de sintomas agudos O tratamento farmacológico para controle de longo prazo objetiva reverter e prevenir a inflamação das vias aéreas MODIFICADORES DE LEUCOTRIENO Montelucaste e o zafirlucaste Os leucotrienos são produzidos a partir do ácido araquidônico pela via da 5-lipoxigenase e parte da cascata inflamatória Função: Atuam no recrutamento dos eosinófilos e neutrófilos, contração dos músculos lisos dos bronquíolos e aumentar a permeabilidade endotelial e promover a secreção de muco Mecanismo de ação: atuam como antagonistas seletivos do receptor de leucotrieno Indicação: Prevenir os sintomas da asma; Não devem ser utilizados em situações em que é necessária a broncodilatação imediata Efeitos adversos: Elevação das enzimas hepáticas - monitorização periódica e interrupção do tratamento, Cefaléia e dispepsia CROMOLINA Mecanismo de ação Anti-inflamatório profilático que inibe a desgranulação e a liberação de histaminas dos mastócitos Indicação Tratamento alternativo contra a asma leve persistente Não é útil no manejo dos ataques agudos da asma, pois não é broncodilatador Efeitos adversos Tosse, irritação e gosto desagradável ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS Ipratrópio e o tiotrópio Mecanismo de ação Os anticolinérgicos bloqueiam a contração dos músculos lisos das vias aéreas e a secreção de muco mediadas pelo nervo vago Indicação Pacientes que possuem baixa tolerância a outros broncodilatadores durante os episódios de asma Efeitos adversos Xerostalmia Gosto amargo TEOFILINA • Broncodilatador que promove o alívio das vias aéreas na asma crônica Mecanismo de ação • Foi a base do tratamento da asma, sendo amplamente substituída Indicação • Convulsões e arritmias potencialmente fatais • Desenvolve numerosas interações medicamentosas Efeitos adversos OMALIZUMABE (XOLAIR) É um anticorpo monoclonal que se liga seletivamente à imunoglobulina E (IgE), diminuindo a ligação do IgE ao seu receptor na superfície dos mastócitos e basófilos. A ligação do omalizumabe ao IgE impede a liberação de histamina e de outros mediadores inflamatórios Mecanismo de ação Asma persistente, de moderada a grave Indicação Artralgias e urticárias Efeitos adversos BETA-2 AGONISTAS ADRENÉRGICOS ALÍVIO RÁPIDO Salbutamol e levossalbutamol •Têm rápido início de ação (5 minutos) •Proporcionam alívio durante 4 horas Mecanismo de ação •Promovem broncodilação significativa com poucos efeitos indesejáveis de estimulação dos outros receptores adrenérgicos Indicação •Broncoespasmo •Alívio rápido na broncoconstrição aguda Efeitos adversos •Taquicardia, hiperglicemia, hipotassemia, hipomagnesemia e tremores dos músculos esqueléticos BETA-2 AGONISTAS ADRENÉRGICOS CONTROLE A LONGO PRAZO Efeitos adversos • Taquicardia, hiperglicemia, hipotassemia, hipomagnesemia e tremores dos músculos esqueléticos Indicação • Não devem ser empregados para alívio rápido durante o ataque de asma aguda • Tratamento auxiliar para esse controle Mecanismo de ação • Possuem apenas tempo de meia-vida maior Salmeterol e formoterol Promovem broncodilatação por 12 horas CORTICOSTEROIDES (CSIS) Prednisolona, metilprednisolona, prednisona, beclometasona, budesonida, mometasona e fluticasona São fármacos de escolha para controle de longo prazo em pacientes com algum grau de asma persistente Mecanismo de ação •Inibem a liberação de ácido araquidônico por meio da inibição da fosfolipase A2 , produzindo assim efeito anti-inflamatório direto nas vias aéreas •Os CSIs inalados visam diretamente à inflamação subjacente das vias aéreas, diminuindo a cascata inflamatória, revertendo o edema da mucosa, diminuindo a permeabilidade dos capilares e inibindo a liberação de leucotrienos Indicação •Devem ser usados regularmente para obter a máxima eficácia Efeitos adversos •Candidíase orofarígea e rouquidão •Podem apresentar efeitos sistêmicos 2.2 ANTIALÉRGICOS 2.2.1 Rinite alérgica É um tipo de inflamação no nariz que ocorre quando o sistema imune reage em excesso aos alérgenos Sinais e sintomas: um nariz entupido, espirros, olhos vermelhos, pruridos e inchaço ao redor dos olhos O mecanismo subjacente envolve anticorpos IgE associados ao alérgeno e causa a liberação de substâncias químicas inflamatórias, como a histamina dos mastócitos O diagnóstico geralmente é baseado em uma história médica em combinação com um teste cutâneo ou exames de sangue para anticorpos IgE específicos para alérgenos ANTI-HISTAMÍNICOS Fexofenadina, Loratadina, Desloratadina, Cetirizina E Azelastina •São antagonistas dos receptores H1 de histamina que estão constitutivamente distribuídos pelo organismo. Dessa forma, a histamina liberada pelos mastócitos durante a crise alérgica não produzirá os efeitos histamínicos da inflamação Mecanismo de ação •Rinite alérgica causada pela liberação de histamina (espirros, rinorreia aquosa e prurido nasal e ocular Indicação •Sedação e efeitos anticolinérgico (pupilas dilatadas e sem reflexos, visão borrada, secura na boca e narinas, dificuldade respiratória, aumento do número de batimentos do coração, diminuição de pressão sanguínea, intestino preso e aumento da temperaturacorporal) Efeitos adversos CORTICOSTEROIDES INTRANASAIS BECLOMETASONA, BUDESONIDA, FLUTICASONA, CICLESONIDA, MOMETASONA E TRIANCINOLONA Mecanismo de ação Inibem a liberação de ácido araquidônico por meio da inibição da fosfolipase A2, produzindo assim efeito anti-inflamatório direto nas vias aéreas Indicação Rinite alérgica Efeitos adversos Não aspirar profundamente as soluções - A absorção sistêmica deve ser evitada para não apresentar os efeitos adversos sistêmicos típicos dos corticosteroides As principais reações adversas locais são sangramento, irritação e dor de garganta AGONISTAS ALFA ADRENÉRGICOS Fenilefrina e a oximetazolina Descongestionan tes nasais Administrados como aerossol - apresentam um início de ação rápido e poucos efeitos sistêmicos Mecanismo de ação •alfas agonistas adrenérgicos atuam na contração das arteríolas dilatadas na mucosa nasal e na redução da resistência das vias aéreas Indicação •Rinite alérgica •Classificados como de longa duração (oximetazolina) ou de curta duração (fenilefrina) Efeitos adversos •Não devem ser usadas por mais de três dias devido ao risco de congestão nasal de rebote (rinite medicamentosa) 2.3 ANTITUSSÍGENOS A tosse é um mecanismo de defesa importante do sistema respiratório contra os agentes irritantes e é uma causa comum para a procura por cuidados médicos A tosse incoercível tem diversas etiologias, como resfriado comum, sinusite e/ou doença respiratória crônica subjacente Em alguns casos, a tosse pode ser um reflexo de defesa eficaz contra uma infecção bacteriana e não deve ser suprimida Antes de combater a tosse, é importante identificar suas causas para assegurar que o tratamento antitussivo é apropriado Há dois tipos de tosse: a tosse seca e a tosse produtiva É importante avaliar se a tosse é, realmente, seca ou se a secreção não flui por desidratação ou tratamento incorreto O fumo é a principal causa de tosse, porque aumenta o volume de muco produzido pelos brônquios, causa irritação física e química das mucosas, destrói os cílios que cobrem o revestimento interno dos brônquios e facilita o acúmulo de material estranho às vias aéreas Outras causas importantes são a sinusite, principalmente em crianças, a síndrome do gotejamento pós-nasal, a asma, o refluxo gastroesofágico, as infecções respiratórias, a bronquite crônica e os medicamentos para controle da hipertensão 2.3 ANTITUSSÍGENOS OPIOIDES (CODEÍNA E DEXTROMETORFANO) Mecanismo de ação •A codeína diminui a sensibilidade do centro da tosse no sistema nervoso central aos estímulos periféricos e diminui a secreção da mucosa Indicação •Diminuir os reflexos e estímulos da tosse Efeitos adversos •Constipação, disforia e fadiga •A codeína tem poder de causar dependência 2.3 ANTITUSSÍGENOS Benzonatato • Suprime o reflexo da tosse por ação periférica. Age anestesiando os receptores de estiramento localizados nas passagens respiratórias, nos pulmões e na pleura Mecanismo de ação • É indicado para alívio de tosseIndicação • Tonturas, dormência da língua, da boca e da garganta Efeitos adversos 2.4 TERAPÊUTICA DA DPOC A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um tipo de doença pulmonar obstrutiva caracterizada por fluxo de ar insuficiente a longo prazo Sintomas: falta de ar e tosse com produção de escarro É uma doença progressiva - tipicamente piora ao longo do tempo Eventualmente, as atividades diárias, como subir escadas, tornam-se difíceis Bronquite crônica e enfisema são termos mais antigos usados para diferentes tipos de DPOC Bronquite crônica ainda é usado para definir uma tosse produtiva que está presente há pelo menos três meses por ano por dois anos 2.4 TERAPÊUTICA DA DPOC Causas • Tabagismo é a causa mais comum • Poluição do ar •Genética desempenhando um papel menor A exposição prolongada a estes irritantes fatores provoca uma resposta inflamatória nos pulmões, resultando no estreitamento das pequenas vias aéreas e na lesão do tecido pulmonar O diagnóstico é baseado no fluxo de ar pobre, conforme medido pelos testes de função pulmonar Em contraste com a asma, a redução do fluxo de ar não melhora muito com o uso de um broncodilatador 2.4 TERAPÊUTICA DA DPOC A maioria dos casos de DPOC pode ser prevenida por meio da redução da exposição a fatores de risco. Diminuir as taxas de tabagismo e melhorar a qualidade do ar interior e exterior O tratamento pode retardar a piora - não há cura Tratamento Interrupção do tabagismo, vacinações, reabilitação respiratória Broncodilatadores e esteroides inalatórios Oxigenoterapia a longo prazo ou transplante pulmonar Agravamento agudo - pode ser necessário um aumento no uso de medicamentos e hospitalização BRONCODILATADORES Os broncodilatadores inalatórios são os principais medicamentos utilizados Existem dois tipos principais - β2 agonistas e anticolinérgicos, de ação prolongada e de ação curta Reduzem a falta de ar, a sibilância e a limitação do exercício - resulta em uma melhoria da qualidade de vida Doença leve - fármacos de ação curta são recomendados conforme necessidade Doença mais grave - fármacos recomendados são de ação prolongada •Os fármacos de longa duração funcionam parcialmente, melhorando a hiperinflação •Se os broncodilatadores de ação prolongada são insuficientes, então os corticosteroides inalados são tipicamente adicionados CORTICOSTEROIDES Usados na forma inalada, mas também podem ser usados como comprimidos para tratar e prevenir exacerbações agudas Enquanto os corticosteroides inalados (CSIs) não mostraram benefício para pessoas com DPOC leve, eles diminuem as exacerbações agudas naqueles com doença moderada ou grave OXIGENOTERAPIA Consiste na administração de oxigênio suplementar Mecanismo de ação: a falta do oxigênio em pacientes com DPOC é responsável pelos principais sintomas da patologia e sua reposição melhora os sinais clínicos Indicação: é recomendada naqueles com baixos níveis de oxigênio em repouso - saturações de oxigênio inferior a 88% Efeitos adversos Risco de incêndios - pacientes continuam a fumar Durante exacerbações agudas, muitos requerem oxigenoterapia Altas concentrações de oxigênio sem levar em conta as saturações de oxigênio de uma pessoa pode levar a níveis aumentados de dióxido de carbono e à piora dos resultados