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Aula II - Irrodução ao Direito Processual Civil

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Unidade II: INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL CONCEITO DE 
PROCESSO E DE DIREITO PROCESSUAL, CONSTITUIÇÃO E PROCESSO. O ART. 1º 
DO CPC. FASES METODOLÓGICAS DA CIÊNCIA DO PROCESSO. 
NEOPROCESSUALISMO. PROCESSO E DIREITO MATERIAL. 
INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO. RELAÇÃO ENTRE DIREITO MATERIAL E 
DIREITO PROCESSUAL. TEXTO E NORMA JURÍDICA: DISTINÇÕES NORMA 
MATERIAL E PROCESSUAL. EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO E NO 
ESPAÇO. E INTERPRETAÇÃO.
Prof. Lázaro Pereira Dourado (MSC e ADV)
Unidade II: INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
CONCEITO DE PROCESSO E DE DIREITO PROCESSUAL, 
CONSTITUIÇÃO E PROCESSO. O ART. 1º DO CPC.
• FASES METODOLÓGICAS DA CIÊNCIA DO PROCESSO.
NEOPROCESSUALISMO. PROCESSO E DIREITO MATERIAL.
INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO. RELAÇÃO ENTRE DIREITO
MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL. TEXTO E NORMA JURÍDICA:
DISTINÇÕES NORMA MATERIAL E PROCESSUAL. EFICÁCIA DA NORMA
PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO.E INTERPRETAÇÃO.
• Prof. Lázaro Pereira Dourado (MSC e ADV)
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
CONCEITO DE PROCESSO E DE DIREITO 
PROCESSUAL, CONSTITUIÇÃO E PROCESSO. O ART. 
1º DO CPC.
• 2 Introdução ao Direito Processual Civil
• O Direito Processual Civil é um ramo da Ciência Jurídica que regula o
exercício da jurisdição civil. Possui natureza de Direito Público, pois
ainda que trate de conflito de interesses privados, regula na verdade
o exercício da jurisdição, que é uma função do Estado. Nesse sentido,
o processo é regido por interesses públicos da ordem jurídica
(JÚNIOR, 2015). Nessa perspectiva, é necessário compreender o
conceito de processo e Direito Processual. Ainda, estuda-se a relação
da Constituição com o processo, as fases metodológicas da ciência do
processo e a relação entre Direito Material e Direito Processual.
2.1 Conceito de Processo e de Direito Processual
• Segundo Fredie Didier (2015), o processo pode ser compreendido
simultaneamente como método de criação de normas jurídicas, ato jurídico
complexo e relação jurídica. Como método de criação de normas jurídicas, o
processo tem poder normativo na esfera jurisdicional. Quanto à esfera do ato
jurídico complexo, entende-se o processo como uma sucessão de atos que se
relacionam entre si, que possuem como objeto único a prestação jurisdicional. Já
o processo como relação jurídica, entende-se o processo como um conjunto de
relações que se estabelecem entre os sujeitos processualmente envolvidos (juiz,
autor, réu, Ministério Público, advogados, etc.). Segundo Didier (DIDIER , 2015, p.
32): [...] pode-se afirmar que essas relações jurídicas formam uma única relação
jurídica, que também se chamaria processo. Essa relação jurídica é composta por
um conjunto de situações jurídicas (direitos, deveres, competências, capacidades,
ônus etc.) de que são titulares todos os sujeitos do processo. É por isso que se
costuma afirmar que o processo é uma relação jurídica complexa.
O processo como instrumento...
• Compreende-se, também, o processo como instrumento da
jurisdição, pois não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para se
alcançar a prestação jurisdicional. Esta noção de instrumentalidade se
associa com a ideia de que o processo deve respeitar a forma da lei
processual, resguardando concepções técnicas, éticas, políticas e
sociais para resolver conflitos (GONÇALVES, 2016).
O Direito Processual é uno
• De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2015), o Direito Processual é
uno, só existindo uma função jurisdicional, independentemente do ramo
do Direito Material envolvido (civil, trabalhista, penal etc.). Contudo, por
motivos funcionais, divide-se o Direito Processual em esferas delimitadas,
como processo civil, processo penal e trabalhista. Assim, ganham
individualidade “[...] conforme a natureza das regras aplicáveis à solução
dos conflitos” (JÚNIOR, 2015, p. 52), não sendo possível confundir o Direito
Processual com o Direito Material que se relaciona com este. Tendo em
vista que o Direito Processual não se confunde com o Direito Material,
observa-se que o Direito Processual Civil, foco do objeto de estudo desta
disciplina, não trata apenas de Direito Civil, mas também de Direito Público
não penal, atuando de forma residual em relação às demais esferas
processuais.
Nesse sentido, Theodoro Júnior destaca 
(JÚNIOR, 2015, p. 52):
• Funciona o direito processual civil, então, como principal instrumento
do Estado para o exercício do Poder Jurisdicional. Nele se encontram
as normas e princípios básicos que subsidiam os diversos ramos do
direito processual, como um todo, e sua aplicação faz-se, por
exclusão, a todo e qualquer conflito não abrangido pelos demais
processos, que podem ser considerados especiais, enquanto o civil
seria o geral.
Um conjunto de princípios e regras...
• Por fim, ainda tratando da conceituação de Direito Processual -
especificamente do Direito Processual Civil – destaca-se a
conceituação trazida por Marcus Vinícius Gonçalves (2016), que
define este ramo do Direito como um conjunto de princípios e regras
de jurisdição civil aplicáveis em casos de conflitos de interesses
levados ao Estado-juiz.
2.2 Fases metodológicas da ciência do processo
A ciência do processo pode ser dividida em quatro fases:
• A representação das quatro fases do processo. 
• 1. A primeira é o sincretismo processual (ou praxismo): 
• Primeira fase: Chamada de sincretismo processual, tinha-se a ideia de
que o processo como ciência, não possui autonomia, sendo estudado
dentro do âmbito do Direito Material. Aqui, o processo era visto com
uma mera manifestação do Direito Material que, diante de uma
agressão, reagia, sem possuir regramento próprio.
2. a segunda é o processualismo científico (ou 
fase autonomista):
Segunda fase: Passando para a fase do processualismo científico, o
processo ganha autonomia científica, não só não fazendo parte do
Direito Material, como também não sendo um instrumento deste
(DIDIER, 2015).
3. o terceiro é o instrumentalismo 
• Terceira fase: Na terceira fase, o instrumentalismo, mantém-se a
autonomia científica do processo, mas volta-se a ideia de que este é
instrumento do Direito Material, reaproximando as duas ciências,
mas respeitando a autonomia de ambas.
4. E, por fim, a quarta fase é o neoprocessualismo
(ou formalismo valorativo).
• Quarta fase: Por fim, chega-se a fase atual da ciência do processo, o
neoprocessualismo. Aqui, tem-se o processo como ciência autônoma,
instrumento da jurisdição, com o acréscimo da concepção de jurisdição
constitucionalizada. Mais do que instrumento do Direito Material, o
processo é instrumento imprescindível para a efetivação dos direitos e
garantias constitucionais. É a Constituição que validará, ordenará e
disciplinará as normas processuais (DIDIER, 2015).
• Humberto Theodoro Júnior (2015) destaca que esta fase atual da ciência do
processo traz fortemente a ideia de democratização do processo,
buscando-se uma maior participação das partes no processo judicial
também uma maior participação dos cidadãos no Estado Democrático
como um todo. Busca-se o chamado regime cooperativo entre cidadão e
Estado.
2.3 Constituição e processo: o artigo 1º do 
Código de Processo Civil
• O artigo 1º do Código de Processo Civil preceitua: “O processo civil será
ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.”
• Trata-se da chamada “constitucionalização do direito processual”, que é um dos
grandes marcos do Direito contemporâneo não apenas no Brasil, mas em todo o
mundo. Há uma maior valorização da incorporação das normas constitucionais às
normas processuais, o que gera os chamados direitos fundamentais processuais,
como o direito universal de acesso à Justiça e o direito ao devido processo legal
(DIDIER, 2015).
• Além disso, a constitucionalização do Direito Processual, muito além de
aproximar no campo normativo as normas processuais e as normas
constitucionais, traz a noção do processo comoum meio de concretizar as
previsões constitucionais.
Tendo em vista que todas as normas de um ordenamento jurídico são submissas à 
Constituição, o fenômeno da constitucionalização do Direito Processual pode, à 
primeira vista, parecer redundante. Contudo, Fredie Didier pontua (2015, p. 47):
• Embora se trate de uma obviedade, é pedagógico e oportuno o alerta
de que as normas de direito processual civil não podem ser
compreendidas sem o confronto com o texto constitucional, sobretudo
no caso brasileiro, que possui um vasto sistema de normas
constitucionais processuais, todas orbitando em torno do princípio do
devido processo legal, também de natureza constitucional.
Constituição da República como o mais alto 
guia do ordenamento jurídico
• Nesse sentido, tratar expressamente de normas constitucionais no texto da
lei processual é de suma importância como mecanismo político e ético de
reconhecimento da Constituição da República como o mais alto guia do
ordenamento jurídico. É papel do Direito Processual Civil não apenas
respeitar o diploma constitucional, como também buscar efetiva-lo.
• Finalmente, destaca-se a importância dos direitos fundamentais
processuais, pois estes além de garantirem proteção aos indivíduos que
buscam a tutela jurisdicional para efetivar seus direitos, criam balizar para
a atuação do Estado. Em outras palavras, a Constituição traz garantias aos
indivíduos, ao mesmo tempo em que traça limites para a atuação dos
órgãos jurisdicionais, deslindando suas competências e estrutura (JÚNIOR,
2015).
2.4 Processo e direito material: instrumentalidade do 
processo e relação entre direito material e processual
• Segundo Marcus Vinícius Gonçalves (2016), o Direito Material é um interesse
primário, pois carrega as normas que indicam os direitos de cada pessoa. Por sua
vez, o Direito Processual é um interesse secundário, pois é um instrumento
utilizado quando ocorre desrespeito a um direito material.
• Como foi possível observar no desenvolvimento das fases metodológicas do
processo, a relação entre Direito Material e Direito Processual se alterou ao longo
dos anos, substancialmente. Se inicialmente o Direito Processual era visto como
um apêndice do Direito Material, hoje em ambos os institutos ganham
delimitações claras e autonomia científica, interligando-se por ser o Direito
Processual um instrumento do Direito Material. Se no ponto de vista científico e
didático é imprescindível separar o Direito Processual do Direito Material, a partir
do momento em que se compreende o Direito Processual como instrumento do
Direito Material, evidencia-se que a relação entre estas ciências deve ser íntima.
O Direito Material é objeto do Direito Processual, devendo ser moldado conforme
o primeiro, portanto.
Nesse sentido, o papel fundamental do Direito Processual é concretizar o Direito 
Material. (DIDIER, 2015) Assim, Fredie Didier sintetiza a relação entre Direito 
Material e Processual (DIDIER, 2015, p. 37 e 38):
• O processo é um método de exercício da jurisdição. A jurisdição
caracteriza-se por tutelar situações jurídicas concretamente
afirmadas em um processo. Essas situações jurídicas são situações
substanciais (ativas e passivas, os direitos e deveres, p. ex.) e
correspondem, grosso modo, ao mérito do processo. Não há processo
oco: todo processo traz a afirmação de ao menos uma situação
jurídica carecedora de tutela jurisdicional. Essa situação jurídica
afirmada por ser chamada de direito material processualizado ou
simplesmente direito material.
3 Norma processual civil
• Para compreender o conteúdo e aplicação da norma processual civil,
é necessário pontuar conceitos fundamentais.
• - Primeiro, distingue-se texto e norma jurídica. Depois, separa-se a
norma material da norma processual, para assim compreender a
aplicação da norma processual no tempo e no espaço. Por fim,
analisa-se a interpretação da norma processual civil.
3.1 Texto e norma jurídica: distinções
• O então ministro Eros Grau preceituou em seu voto, em sede da Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental 153, a distinção entre o mero
texto normativo e a norma jurídica. Segundo entendimento do ex-ministro,
os dois termos não se confundem conceitualmente. O texto nada mais é
que uma das dimensões da norma jurídica, sendo que a última
compreende o texto e a realidade. O texto se transforma em norma
quando é interpretado, até então, é obscuro. Nesse sentido, destaca (GRAU
et. al.,2016, p. 22):
• Interpretar o direito é caminhar de um ponto a outro, do universal ao
singular, através do particular, conferindo a carga de contingencialidade
que faltava para tornar plenamente contingencial o singular. As normas
resultam da interpretação e podemos dizer que elas, enquanto textos,
enunciados, disposições, não dizem nada: elas dizem o que os intérpretes
dizem que elas dizem.
Em outras palavras, o texto é o que está escrito, enquanto a norma jurídica se manifesta de maneira 
mais ampla, emergindo interpretativamente por quem tem competência para interpretá-la, pois 
resguarda conexão com a realidade, com o caso concreto. Didier (2015) aponta a existência de 
criação da norma jurídica do caso concreto, que é realizada por um terceiro imparcial competente, 
através da atividade criativa jurisdicional. O doutrinador resume (DIDIER, 2015, p. 157):
• Os textos normativos não determinam completamente as decisões
dos tribunais e somente aos tribunais cabe interpretar, testar e
confirmar ou não a sua consistência. Os problemas jurídicos não
podem ser resolvidos apenas com uma operação dedutiva (geral-
particular). Há uma tarefa na produção jurídica que pertence
exclusivamente aos tribunais: a eles cabe interpretar, construir e,
ainda distinguir os casos, para que possam formular as suas decisões,
confrontando-as com o Direito vigente. Exercem os tribunais papel
singular e único na produção normativa.
A emanação...
• Então, observa-se que a norma jurídica encontra outras fontes formais de
emanação fruto do exercício interpretativo dos tribunais, como é o caso do
uso da analogia, construções doutrinarias, jurisprudenciais, súmulas
vinculantes etc. Aponta-se que esta separação conceitual entre texto e
norma jurídica tem como base a superação do caráter restritivo do
princípio da supremacia da lei, pois há uma valorização da crítica judicial
que se dá através da aplicação da norma ao caso concreto. Nesse sentido, é
papel dos magistrados interpretativamente transformar a norma abstrata
conforme o caso concreto, tendo em vista a Constituição e efetivação dos
direitos fundamentais nela contidos. Nesse sentido, inclusive, tem-se a
importância do sistema de precedentes judiciais para o atual Código de
Processo Civil, a exemplo dos artigos 926 a 928 (DIDIER, 2015).
•
3.2 Fontes do direito processual civil
• Tendo em vista a diferença entre texto e norma jurídica, que é embasada na valorização
dos mecanismos interpretativos adotados pelo ordenamento, estuda-se as fontes do
Direito Processual Civil. São elas: a lei processual; a Constituição da República e tratados
internacionais e a doutrina e jurisprudência (JÚNIOR, 2015). Primeiramente, tem-se a lei
processual como fonte, abrangendo regras de organização, forma e dinâmica do
exercício da jurisdição, além de normas e princípios gerais ou específicos de
interpretação e do próprio exercício da ação.
• Por Lei Processual entende-se não apenas o Código de Processo Civil, como também leis
especiais, a exemplo da Lei nº 11.101/ 2005 (Lei de Falências) e a Lei nº 12.016/2009 (Lei
do Mandado de Segurança). Ainda, existem as leis processuais estaduais, que cuidam da
organização judiciária de cada estado-membro (JÚNIOR, 2015). Quando à Constituição e
os tratos internacionais como fontes do Direito Processual, ressalta-se o fenômeno da
constitucionalização do processo, que trata as normas constitucionais não apenas como
sua base normativa, mas também como viés hermenêutico e objetivos a serem
concretizados através do processo. Finalmente, quanto a doutrina e jurisprudência,percebe-se que estas são importante fonte de elaboração das normas jurídicas,
conforme explicado no tópico anterior.
A incorporação da jurisprudência
• A incorporação da jurisprudência como fonte normativa do processo
civil é uma novidade no ordenamento pátrio, representando um
influxo de elementos típicos do sistema de common law para o Brasil.
Como exemplo, cita-se o artigo 927 do Código de Processo Civil, que
preconiza a observação de súmulas e decisões dos tribunais
superiores. Segundo Fredie Didier (2015), este fenômeno decorre do
fato do Brasil possuir tradição de adotar elementos jurídicos de
diferentes modelos estrangeiros, criando um sistema pátrio único.
3.3 Norma material e norma processual
• Tradicionalmente, define-se norma material como aquela que cuida
da substância de um conflito, que fundamenta a eventual decisão
judicial. Por sua vez, as normas processuais seriam aquelas que
estabelecem critérios de proceder, regendo o caminho para a
produção das decisões judiciais. Então, percebe-se que tal distinção
existe no âmbito das relações jurídicas discutidas no processo
(BRAGA, 2015). Todavia, aponta-se que tal distinção, na prática, não
se opera de maneira nítida porque, por exemplo, é possível que uma
norma processual funcione como norma material em um processo,
como pode ocorrer em uma ação rescisória que tem como
fundamento o impedimento de um juiz (artigo 963, II, CPC) (BRAGA,
2015).
3.4 Eficácia da norma processual no tempo e 
no espaço
• Primeiramente, analisa-se a eficácia da norma processual no espaço. Esta
vale em todo o território nacional, conforme depreende-se da lacônica
redação do artigo 16, do Código de Processo Civil: “A jurisdição civil é
exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional,
conforme as disposições deste Código” (BRASIL, 2015).
• Trata-se da aplicação do princípio da territorialidade, que por sua vez
decorre da função jurisdicional, que está intimamente ligada à soberania
do Estado (Júnior, 2015). Nesse sentido é a redação do artigo 13 do CPC: “A
jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas
as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos
internacionais de que o Brasil seja parte” (BRASIL, 2015).
Reforçando o princípio da territorialidade,
• destaca-se o artigo 13 da Lei nº4.657 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro): “A prova
dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos
meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça” (BRASIL, 1942). Quanto à eficácia da norma processual no espaço, observa-se que a
norma processual se submete às regras comuns da Lei de Introdução às Normas de Direito
Brasileiro:
• art. 1º
• Deve respeitar o período de vacância de 45 dias entre sua publicação e sua entrada em vigor.
• art. 2º
• Permanece em vigência até que outra lei as modifique ou revogue.
• art. 6º
• Deve respeitar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.
Efeito imediato...
• Aponta-se que, no mesmo sentido do artigo 6º do referido diploma legal, tem-se
o artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição da República. Além destas regras não
exclusivas do direito processual cível, o atual Código de Processo Civil, publicado
em 2015 previu, em seu artigo 14, que “A norma processual não retroagirá e será
aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada” (Brasil, 2015). Ainda, em seu artigo 1.046, determinou que deve ser
aplicada a todos os processos pendentes ao tempo de sua entrada em vigor, o
que ocorreu em 18 de março de 2016. Em suma, as normas processuais cíveis
possuem efeito imediato perante os processos pendentes e não possuem efeito
retroativo. Nesse sentido, sua aplicação se dá de forma distinta conforme os
feitos sejam exauridos, pendentes ou futuros. Quanto aos exauridos, não se
aplica o atual Código de Processo Civil. Quanto aos pendentes, aplica-se, mas
respeitam-se os atos praticados na vigência no antigo diploma legal. Quanto aos
feitos futuros, estes se utilizaram no diploma legal que entrou em vigor em 2016
de modo integral. (JÚNIOR, 2015)
3.5 Interpretação da norma processual: 
hermenêutica
• Segundo os ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior (2015), as
normas comuns de hermenêutica jurídica se aplicam também às leis
processuais. Todavia, o autor aponta que aqui, deve-se destacar o
artigo 8º do Código de Processo Civil – que foi embasado no artigo 6º
da Lei de Introdução às Normas Brasileiras – que preceitua: “Ao
aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência” (BRASIL,
2015).
O fim último do processo...
• Trata-se por uma ênfase feita pelo legislador da necessidade de se ter um Direito
Processual Cível mais voltado para a concretização de resultados justos e imparciais, que
efetivem os direitos sociais. O fim último do processo é, afinal, a pacificação social
através do litígio justo. Assim, a interpretação ideal das normas processuais deverá ter
como base os princípios informativos que estruturam o processo (JÚNIOR,
2015). Humberto Theodoro Júnior aponta três princípios que devem reger a
hermenêutica processual (JÚNIOR, 2015, p. 98 e 99):
- a tutela jurisdicional dos direitos subjetivos é normalmente reservada aos órgãos do
Estado; são, pois, excepcionais as hipóteses em que se permite a autotutela privada ou
unilateral;
- o processo deve conceder à parte a mesma utilidade que esta poderia conseguir por
meio da norma substancial; excepcionais são os casos em que a prestação jurisdicional
não coincide com a prestação de direito material;
- o processo de cognição visa a concluir com um pronunciamento de mérito; excepcional é
a hipótese de extinguir-se por inobservância formal de regras procedimentais.
• Noutro giro, tratando da interpretação do Código de Processo Civil,
Fredie Didier (2015) destaca a imprescindibilidade da hermenêutica
voltada para a ideia de unidade do código. Ou seja, o código não pode
ser interpretado isolando-se suas normas; deve-se sempre interpretá-
lo como um organismo uno.
REFERÊNCIAS
• BRAGA, Paula Sarno. Norma de processo e norma de procedimento: o problema da repartição de competência legislativa no direito constitucional brasileiro. 2015. 468 f. Tese 
(Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
• BRASIL. Decreto-Lei n. 4.657. de 4 de setembro de 1942. Institui a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, 9 set. 1942. Disponível em: 
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. Acesso em: 13. Nov. 2019.
• BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
• BRASIL. Lei n. 9.307 de 23 de setembro de 1996. Institui a Lei da Arbitragem. Diário Oficial da União, Brasília, 24 set. 1996. Disponível em: 
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm
• >. Acesso em: 13. Nov. 2019.
• BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 13. Nov. 2019.
• BRASIL. Lei n. 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, 17 mar. 2015. Disponível em: 
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em: 13. Nov. 2019.
• BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 153/DF. Redator para o acórdão: Ministro Eros Grau. Plenário. Revista Trimestral de 
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Brasília, v. 216, abri/jun, 2016. Disponível em: < http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoRTJ/anexo/216_1.pdf>.Acesso em: 
13. Nov. 2019.
• DIDIER, Fredie. Curso de direito processual civil. 17. ed. Salvador: JusPODIVM, 2015. v. 1.
• GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em versão eletrônica <URL.: ISBN 978-85-026-3829-7.
• GRAU et. al. O que é a Filosofia do Direito? São Paulo: Manole, 2013.
• JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. v. 1. Disponível em versão eletrônica <URL.: ISBN 978-85-309-6068-1.
• MARINONI, ARENHART e MITIDEIRO. Curso de processo civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. Disponível em versão eletrônica <URL.: ISBN: 978-85-203-7172-5.
Unidade II: 
1. Com relação aos princípios gerais do direito processual civil, analise as 
afirmativas seguintes:
• I. Os princípios, em relação ao modelo constitucional de processo civil, são mandados de 
otimização do sistema com conteúdo normativo de teor mais aberto se comparados às regras, 
podendo-se afirmar que a coisa julgada é uma regra que densifica, primordialmente, o princípio 
da segurança jurídica. 
• II. O princípio do devido processo legal decorre da norma contida na Constituição, no art. 5º, LIV, 
garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitando os direitos fundamentais. 
• III. No que diz respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição como meio de propiciar o 
amplo e incondicionado exercício ao direito de ação, é perfeitamente exigível o depósito prévio 
como requisito de admissibilidade de ação judicial interposta para discussão da exigibilidade do 
crédito tributário, consagrando-se a regra do solve et repete. 
• IV. Segundo o princípio da congruência, deve o juiz decidir, observados os limites da lide 
estabelecidos pelo pedido do autor, evitando-se decisões extra petita, citra ou infra petita ou ultra 
petita. 
• A partir da análise, conclui-se que estão corretas:
• A) I e III apenas. B) I, II e IV, apenas; C) II e III apenas. D) III e IV apenas.
2. Acerca dos princípios do processo civil, 
assinale a opção correta:
• A) O sistema informal previsto para as ações que tramitam perante os 
Juizados Especiais permitem a adoção, pelo magistrado, do sistema 
do livre convencimento puro;
• B) A Constituição Federal de 1988 consagra o princípio do duplo grau 
de jurisdição em sua acepção clássica;
• C) O princípio dispositivo vincula o julgador no que diz respeito aos 
limites objetivos e subjetivos da lide e aos limites da instrução do 
processo;
• D) O princípio da instrumentalidade das formas torna irrelevante o 
vício, desde que o ato tenha atingido sua finalidade.

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