Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Contracepção Introdução Precisamos entender que antes de prescrever um método contraceptivo, é preciso avaliar o cronograma da gravidez. E essa avaliação é feita com as perguntas: - Você deseja engravidar no futuro? - Se sim, quando quer engravidar? Outras perguntas úteis para compreender as preferências da mulher são: - Preferências: pessoais, incluindo privacidade, tolerância aos efeitos colaterais e velocidade para retorno da fertilidade após interrupção do método; - Padrão menstrual e sangramento; - Padrão de atividade sexual: frequência do sexo, número de parceiros; - Parceiro e família e suas preocupações; - Fatores sociais e culturais; - Capacidade de adquirir e usar o método com sucesso; - Experiências ou preocupações específicas sobre o método; - Tolerância para medicação diária; - Necessidade concomitante de prevenir IST. Tipos de contraceptivos Comportamentais: - Tabelinha: Ogino-Knaus; - Temperatura basal; - Bilings: muco cervical; - Sintotérmico; - Coito interrompido. Barreira: - Preservativo feminino e masculino; - Diafragma; - Espermicida. Dispositivos intrauterinos: - DIU mirena e cobre. Hormonais: - Pílula combinada ou isolada; - Pílula de emergência; - Minipílula; - Adesivo; - Implantes; - Anel vaginal; - Injetável mensal ou trimestral. Definitivos: - Ligadura tubária. Índice de Pearl Esse índice representa a eficácia contraceptiva de um produto ou método é medido pelo número de gestações em 100 mulheres que estão utilizando o método durante um ano. IP= Método x 100/1 ano = número de gravidezes/100 (%). Pode-se afirmar que quanto maior a eficácia do método, menor é o índice e aqueles métodos que possuem maior eficácia possuem IP menor que 1. Nesse contexto, os métodos recomendados pela OMS são aqueles que possuem índice de falha menor que 4 gestações/mulheres/ano. E os critérios de elegibilidade dos contraceptivos são: Contraceptivos Hormonais Anticoncepcionais hormonais combinados: - Benefícios: Reduz fluxo menstrual e dismenorreia; Diminui TPM: estabiliza hormônios; Regularização de ciclos; Reduz incidência de câncer de ovário e endométrio; Reduz gestação ectópica e DIP. - Constituição: Estrogênio: Etinilestradiol (Concentração de 15 a 35 mcg) ou família recente do estrogênio natural (estradiol); Progestágeno: Noretindrona, Noretisterona, Linestrol, Noretinodrel/Levanogestrel, Norgestrel/gestodeno, desogestrel, Norgestimato/drospirenona. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Mecanismo de ação: Estrogênio: Inibe o pico de FSH, evitando a seleção e crescimento do folículo dominante; Estabiliza o endométrio e potencializa a ação da progesterona aumentando os receptores de progesterona intracelular; Aumenta SHBG (globulina carreadora de hormônio sexual), a qual se liga a testosterona, reduzindo a testosterona livre. OBS: O estrogênio é relacionado ao risco trombogênico. Progestágeno: Diminui a secreção da gonotrofina/LH- inibe a ovulação; Espessa o muco cervical; Diminui o efeito proliferativo do endométrio, atrofiando; Diminui a secreção e motilidade das trompas de falópio. - Classificação em geração: Primeira geração: Etinilestradiol > 50 mcg + progestagênio: noretidrona, noretisterona, linestrol ou noretinodrel drogas mais antigas; Segunda geração: Etinilestradiol < 50 mcg + progestagênio: levanogestrel ou norgestrel; Terceira geração: Etinilestradiol < 50 mcg + progestagênio: gestodeno, desogestrel ou norgestimato; Sem classificação: Etinilestradiol < 50 mcg + progestagênio: drospirenona, clormatidona ou ciproterona mais recentes. - Modo de administração: Orais: variam de apresentação, dependendo da quantidade de hormônio em cada comprimido, mas o ciclo varia de 28 (ela não para de tomar, emendando as caixas), 24 (há intervalo de 4 dias entre as caixas), 22 (há intervalo de 6 dias entre as caixas) e 21 ( há intervalo de 7 dias entre as caixas) comprimidos; Injetáveis: Maior dosagem: aplica a primeira injeção no 8-10º dia do ciclo e repete em cada mês; Menor dosagem: aplica a primeira injeção no 1º dia da menstruação e repete a cada mês; Pílula vaginal: menos usada, semelhante ao oral, insere 21 comprimidos; Anel vaginal: insere e deixa por 21 dias e depois tem intervalo de 7 dias; Adesivo: 1 adesivo no primeiro dia da menstruação e usa a cada 7 dias; Regime estendido: uso de 3 cartelas independente do estilo da cartela, interrompendo 1 para menstruar. - Contraindicações: Absolutas: Enxaqueca com aura; Enxaqueca em > 35 anos; Tabagismo e > 35 anos; TVP/TEP prévio; Câncer de mama; HAS; DM e vasculopatia; IAM/AVE; Cirrose descompensada; Tumor hepático; Lúpus; Cirurgia e imobilização; Uso de anticonvulsivantes; Amamentação. Anticoncepcional hormonal só progestagênio: é considerado combinado A pílula isolada de progesterona é de uso diário, sem interrupção. - Benefícios específicos do AC isolado: Menos contraindicações que os combinados; Diminui fluxo menstrual e dismenorreia. - Indicações: Paciente em puerpério; Se há contraindicação para uso de estrogênio; Uso IM trimestral; Uso de implante subdérmico; Uso de DIU. - Efeitos colaterais: Amenorreia; Spotting: pela atrofia endometrial, os vasos ficam mais expostos; Ganho de peso. - Contraindicações absolutas: CA de mama; TEP/TEV atual; Tumor hepático; Lúpus; Cirrose descompensada; IAM/AVE; Enxaqueca + aura. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Via Composição Uso Taxa de falha VO Levonorgestrel Desogestrel Norestisterona Linisterol Diário 0,3 IM Acetato de medroxiprogesterona Trimestral 0,2 Subdérmica Etonogestrel 3 anos 0,05 DIU Levonorgestrel 5 anos 0,2 Dispositivo Intrauterino Quais são: - DIU em T 380 A; - DIU de prata; - DIU de levanorgestrel: DIU Kyleena; DIU Mirena. Efeitos Colaterais Contraindicações COBRE Aumenta dismenorreia; Aumenta sangramento Alteração da cavidade endometrial; DIP Atual; 48 a 4 semanas pós- parto; Sangramento uterino inexplicado. MIRENA Amenorreia; Spotting; Acne; Cistos ovarianos CA mama; TEV/TEP atual; Tumor hepático; Lúpus; Enxaqueca com aura. OBS: Kyleena: Representa um DIU com menor quantidade de hormônio, o que propicia menos efeitos colaterais. Além disso, tem dimensões menores, permitindo o uso por mulheres com útero pequeno. Por fim, possui anel de prata que permite melhor visibilidade na USG. Kyleena Mirena Levanogestrel 19,5 mg 52 mg Uso 5 anos 5 anos Medidas 28 mm x 30 mm 32 mm x 32 mm Tubo de inserção 4,4 mm 3,8 mm Indicação Contracepção Contracepção; Menorragia idiopática; Proteção da hiperplasia endometrial, durante terapia de reposição estrogênica. Mecanismo geral do DIU: - Inibe o transporte de espermatozoide, fecundação e implantação; - Altera o transporte do ovulo; - Altera o muco cervical. Mecanismo do DIU não hormonal: - Promove uma reação inflamatória do endométrio ao corpo estranho devido a inflamação, há formação de espuma biológica na cavidade uterina. Essa espuma provoca: Toxicidade para os espermatozoides e óvulos, alterando a viabilidade, transporte, a capacidade de fertilização, dificultando a implantação. - O DIU de cobre/prata diminui a motilidade e viabilidade do espermatozoide; - Retardo ou aceleração do transporte dos embriões provocando diminuição da implantação e dano ao embrião. Mecanismo de ação do DIU liberador de Levanogestrel (hormonais): - Promove espessamento do muco cervical; - Alta concentração de Levanogestrel no endométrio, impede a resposta ao estradiolcirculante antiproliferativo do endométrio atrofia do endométrio; - Mantém a produção estrogênica, levando a boa lubrificação vaginal; - Não é anovulatório, a ação é apenas local. Inserção: - Realizar uma anamnese e exame físico bem feitos; - USG não é obrigatório; - Avaliar o melhor período: menstrual, pois garante a não gravidez e o colo está mais maleável; - Indicar contracepção de início imediato. Contracepção de emergência Definida como método que oferece às mulheres uma maneira não arriscada de prevenir uma gravidez não planejada até 120 horas da relação sexual. Contudo, importante salientar que a contracepção de emergência vai reduzindo sua eficácia com o uso. Além disso, a contracepção de emergência via comprimido é feita por apenas progesterona. Mecanismo de ação: Não é completamente elucidado, mas de modo geral age impedindo ou atrasando a ovulação. Além disso, altera os niveis hormonais, interferindo no desenvolvimento folicular, na maturação do corpo lúteo e inibindo a fertilização. ACO: - 2 doses/intervalos de 12 horas; - Etinilestradiol 100 mcg + levanogestrel 0,5 mg; - Uso em até 5 dias; - Efeitos colaterais: 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Náuseas; Vômitos; Cefaleias; Alterações de sangramentos. Levanogestrel: - Dose única, 15 mg, VO; - Ideal que seja utilizado até 3 dias; - Funciona por meio da anovulação, alterando a motilidade tubária e espessando o muco. - Efeitos colaterais: Náuseas e vômitos; Cefaleia; Alteração de sangramento. Acetato Ulipristal: - Dose única, 30 mg; - Uso em até 5 dias; - Efeitos colaterais: Náuseas e vômitos; Cefaleia; Alteração de sangramento. DIU em cobre: - Inserção em até 5 dias; - Efeitos colaterais: Dor; Sangramento. Quando iniciar um novo método após uso de anticoncepção de emergência? - Após uso de Levanogestrel ou ACO: Uso de método hormonal oral, injetável, vaginal ou transdérmico imediatamente após; Inserção de DIU cobre imediatamente após afastar gravidez; Se não iniciou método após o uso de anticoncepção de emergência, o anticoncepcional pode ser iniciado a qualquer momento desde que uma gravidez seja afastada. - Após uso de acetato ulipristal: Uso de método hormonal oral, injetável, vaginal ou transdérmico após 5 dias da tomada de acetato de ulipristal; Inserção de DIU cobre imediatamente após afastar gravidez; Se não iniciou método após 5 dias da tomada, poderá principiar a qualquer momento, desde que uma gravidez seja afastada. Quando indicar contracepção de emergência? - Uso isolado de espermicida; - Esquecimento de 2 ou mais pílulas de ACO; - O início do ACO combinado foi adiado em 24 horas ou mais; - Esquecimento ou atraso de 1 ou mais pílulas de progestagênio por mais de 3 horas. Se for desogestrel após atraso de 12 horas; - Atraso de mais de 2 semanas na aplicação do injetável trimestral; - Quando usuário fica mais de 24 horas com método transdérmico descolado ou sem na 1ª semana; - Anel vaginal: expulso ou removido por mais de 3 horas na primeira semana; - Após 5 dias de abortamento, gravidez ectópica ou esvaziamento uterino por gravidez molar; - Após parto se não estiver amamentando (A mulher pós- parto que amamenta, pode iniciar ACO combinado após 6 meses ou inserir o DIU após parto).
Compartilhar