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Caracterização e diagnóstico da barragem Pacajus - CE Atualizado

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Universidade Estadual da Paraíba – Campus VIII – Araruna
Centro de Ciências Tecnologia e Saúde – CCTS
Departamento de Engenharia Civil
Curso: Engenharia Civil
Disciplina: Tópicos especiais em recursos hídricos
Docente: Maria Adriana de Freitas Mágero Ribeiro
Segurança de barragens: Caracterização e diagnóstico da barragem Pacajus - CE e experiência da defesa civil na implantação dos planos de contingência e como melhorar a resposta a acidentes.
Discentes:
Diógenes Nascimento
Igor Matheus
João Vitor Tavares
José Anderson
José Valdines
Setembro de 2019
Araruna – PB
Sumário
1.	Introdução	3
2.	Objetivos	4
3.	Revisão Bibliográfica	4
Segurança de barragens	4
Tipos de barragens	5
Estruturas	7
Ruptura de barragens	7
Escolha do tipo de barragem	8
Cenário atual	9
4.	Diagnóstico e caracterização	10
5.	Atuação da defesa civil – Planos de contingência e melhoramento a resposta aos acidentes	13
6.	Caso Real	18
6.1 Estudo de Caso: Mariana – MG – Rompimento da Barragem Fundão	18
6.2 Cenário de Risco	18
6.3 População Vulnerável	18
6.4 Sistema de Monitoramento e Alerta	19
6.5 Sistemas de Alarme	19
6.6 Rotas de Fuga e Ponto de Encontro	20
6.6 Planejamento das Ações de Resgate, atendimento médico-hospitalar e psicológico, ações de abrigo para as pessoas afetadas.	20
7.	Conclusão	21
8.	Referências	22
1. Introdução
	Barragens são estruturas em um curso permanente ou temporário de água para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas.
	Construídas de forma natural ou artificial sobre córregos, rios ou canais, as barragens de água têm a função de reter e controlar o fluxo de água. Independentemente de sua finalidade e do tipo de funcionamento, elas têm como objetivo principal que em algum ponto do percurso, a água fique retida no reservatório formado pelos suportes construídos.
	De acordo com Fernanda Gouveia, a tipologia da barragem é definida em função de sua forma construtiva e do material utilizado em seu corpo principal e também podem ser constituídas de diversas estruturas funcionais necessárias para a sua estabilidade, funcionamento e manutenção.	
A construção e funcionamento das barragens envolvem riscos de grande potencial que devem ser analisados cuidadosamente. Para isso há uma grande quantidade de procedimentos e leis que devem ser seguidos. O plano de contingência é um dos instrumentos que é de extrema importância para barragens em caso de acidentes.
O Plano de Contingência (PlanCon) estabelece as ações de proteção e defesa civil, elaborado a partir de uma determinada hipótese de desastre, organizando as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. Assim, para cada uma destas ações, haverá responsabilidades específicas, integradas a um sistema de gestão sistêmica e contínua.
Neste trabalho foi feito a caracterização e diagnóstico da barragem Pacajus que está localizada no Estado do Ceará, bem como um breve estudo sobre como a defesa civil age na implementação do plano de contingência para as barragens e quais as medidas utilizadas para reduzir a ocorrência de acidentes com barragens.
2. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo apresentar as características e diagnósticos da barragem Pacajus situada no estado do Ceará, bem como, apresentar a experiência da defesa civil na implantação dos planos de contingencia e quais medidas estão sendo tomadas para reduzir os acidentes com barragens.
3. Revisão Bibliográfica
Segurança de barragens
A especialista Fernanda Gouveia, coordenadora do Laboratório de Engenharia Civil (LEC) e professora do mestrado em Engenharia de Barragens da Universidade Federal do Pará (UFPA), elenca as funções dessas estruturas: “As barragens são utilizadas para o abastecimento de água para consumo humano e de animais; para a irrigação, a recreação e o paisagismo; para o controle da qualidade da água e de enchentes; para a garantia mínima de vazão a jusante; navegação; aquicultura; geração de energia elétrica; e contenção de rejeitos”.
A segurança das barragens é regida pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança de Barragens – SNISB foi criado pela Leio 12.334/2010, a qual define a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). A Lei estabelece que o SNISB deve conter um registro informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território nacional e deve incluir um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de suas informações, contemplando todas as fases de vida da barragem. 
O Art. 14 da mesma Lei, estabelece três princípios básicos para o funcionamento do SNISB: i) descentralização da obtenção e produção de dados e informações; ii) coordenação unificada do sistema e iii) acesso a dados e informações garantido a toda a sociedade.
Em 2012, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) publicou a Resolução nº 144 que estabelece as diretrizes para a implementação da PNSB e define o escopo e os responsáveis diretos pelas informações do SNISB, nomeadamente:
· a ANA, a quem compete, como gestora do SNISB, desenvolver uma plataforma informatizada sobre segurança de barragens, estabelecer mecanismos e coordenar a troca de informações com as demais Entidades Fiscalizadoras, definir as informações que deverão compor o SNISB em articulação com as demais Entidades Fiscalizadoras e disponibilizar o acesso a dados e informações para a sociedade por meio da Rede Mundial de Computadores;
· as Entidades Fiscalizadoras, a quem compete manter um cadastro atualizado das barragens sob sua jurisdição, disponibilizar permanentemente o cadastro e demais informações sobre as barragens em formato que permita sua integração ao SNISB em prazo a ser definido pela ANA em articulação com as Entidades Fiscalizadoras e manter atualizada no SNISB a classificação das barragens sob sua jurisdição por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo seu volume;
· os empreendedores, a quem compete manter atualizadas as informações cadastrais relativas às suas barragens junto à respectiva entidade fiscalizadora, e articular-se com a entidade fiscalizadora, com intuito de permitir um adequado fluxo de informações.
Tipos de barragens
A tipologia da barragem é definida em função de sua forma construtiva e do material utilizado em seu corpo principal. Conheça cada uma:
· Barragem de terra: é a mais comum no Brasil, caracterizada por vales muito largos e ombreiras suaves. Pode ser de terra homogênea, construída com apenas um tipo de material; ou de terra zoneada, aquela que, por falta de área de empréstimo com material argiloso suficiente para a construção de todo o aterro, prioriza o núcleo argiloso, no centro. Por ser uma estrutura menos rígida, permite fundações mais deformáveis, transmitindo esforços baixos para as fundações de qualquer tipo de solo ou rocha.
· Barragem de enrocamento com face de concreto: é constituída de enrocamentos e placas de concreto sobre o talude de montante. Deve ser dada atenção especial à ligação entre as placas de concreto, pois se apoiam em meio deformável, constituído pela camada de enrocamento que pode sofrer recalques significativos no primeiro enchimento. Exige atenção também com a ligação entre a face de concreto e a fundação para garantir a estanqueidade dessa região. Vantagens: construção mais rápida, pois independe do clima; taludes mais íngremes, proporcionando menores volumes de material e maior altura da estrutura. Desvantagem: a fundação deve ser em rocha sã, pois a estrutura não pode sofrer recalques excessivos.
· Barragem de contraforte: é um tipo raramente utilizado no Brasil e em queda no exterior, em favor dos tipos de gravidade aliviados.
· Barragem de gravidade aliviada: é alternativa à barragem de gravidade maciça. Nesta última, o concreto está mal aproveitado porque as solicitações são muito menores que a resistência do concreto. Na comparação, constata-se que a barragem de gravidade aliviada traz economia no volume e diminuição das áreas sobre as quais pode agir a subpressãoe a pressão intersticial.
· Barragem de concreto estrutural com contrafortes: é formada por uma laje impermeável a montante, apoiada em contrafortes verticais, exercendo compressão na fundação, maior do que na barragem de gravidade. A fundação, neste caso, deve ser rocha com elevada rigidez. Se comparada com as barragens de gravidade, as principais vantagens são menor volume e menor subpressão na base. No entanto, as barragens com contrafortes exigem um projeto estrutural mais complexo e o uso de um número maior de fôrmas na execução dos contrafortes.
· Barragens em arco: são particularmente apropriadas para vales estreitos e com boas condições de ombreiras. Essas estruturas tiram partido das propriedades de compressão do concreto, transmitindo os empuxos hidráulicos para as ombreiras. Vantagens: uso de menor quantidade de concreto em comparação com as demais; admitem fundações de pior qualidade em relação às barragens em contrafortes, porque uma menor parte da carga é efetivamente transferida para a fundação. Desvantagens: exigem boas condições e ombreiras (geralmente em rocha), e a concretagem do arco requer tecnologia mais sofisticada de locação, fôrma, armação e aplicação.
Estruturas
As barragens podem ser constituídas de diversas estruturas funcionais necessárias para a sua estabilidade, funcionamento e manutenção. 
Ruptura de barragens
	Ruptura de barragem, segundo Ramose Melo (1994), está associada à ocorrência de três fatores principais: comportamento da barragem, dos órgãos responsáveis pela segurança e o ato exploratório (desvios realizados durante a construção, por exemplo). A possibilidade do colapso da barragem pode estar associada a esses três pilares.
	 De acordo com estudos na área de inspeção e segurança de barragens, baseado na publicação de Deterioration of Damsand Reservoirs (ICOLD1, apudRAMOS e MELO, 1994, p. 5), as principais causas de ruptura envolvendo órgãos de segurança e exploração, são: deficiente comportamento estrutural – questões de percolação e erosão interna nas fundações dessas estruturas, inoperância dos dispositivos de descarga de cheia e questões relacionadas ao incorreto dimensionamento da obra (vazão deficiente, comporta com mal funcionamento). Se levado em consideração fatores de natureza hidrológica, as causas de ruptura de barragens podem ser geradas principalmente por aspectos hidrológicos, como a deficiente avaliação do hidrograma ou escassez de dados hidrológicos (RAMOS eMELO,1994). Outros aspectos como a falta de manutenção e avarias de equipamentos acabam culminando na ruína desse tipo de estrutura.
Escolha do tipo de barragem
A escolha do tipo do barramento é função de uma série de critérios. Frequentemente, uma seleção inicial deve ser reavaliada por meio de anteprojetos que permitam a avaliação técnica e financeira dos arranjos propostos. Entre estes critérios encontramos: a disponibilidade de materiais de construção, as condições das fundações, as condições topográficas, o tipo e localização do vertedouro necessário e a vazão de cheia, que são itens já comentados. Além destes, devemos considerar as condições de acesso, a natureza das obras de desvio necessárias, os volumes das escavações obrigatórias, as condições climáticas que possam interferir no cronograma das obras, os tipos de equipamento e laboratórios disponíveis, o custo da mão de obra e a legislação local referente às questões trabalhistas e à segurança da obra.
Segundo Lança (1997), o perfil adotado é principalmente condicionado por:
· Materiais disponíveis: o tipo, a quantidade e a localização são fatores importantes no projeto de uma barragem. A existência de um único material impermeável terá como solução básica uma barragem homogênea com drenos. Quando o material disponível é permeável (areia, seixo, cascalho), a solução é uma barragem zonada, contendo um núcleo impermeável caso exista algum solo impermeável. Existindo apenas solo permeável, em vez do núcleo será colocada uma cortina impermeável. Caso existam vários solos, será aconselhável a criação de um perfil zonado onde os solos mais permeáveis são colocados no exterior (jusante) com função estabilizadora e os solos menos permeáveis são colocados no interior (montante) com função de estanqueidade;
· A dimensão e a forma do vale: se o vale for largo, não tem muita influência no dimensionamento do perfil. Se o vale for estreito poderá ser necessário ter especial cuidado com a zona de ligação entre o corpo da barragem e o talude natural do vale, pois esta zona é propícia à ocorrência de fendilhamento e consequentes infiltrações produzidas por assentamentos diferenciais;
· Água no subsolo: se o nível freático na zona de encontro da barragem com a fundação for mais elevado do que o nível do leito do rio é um indicio de possíveis fugas do futuro reservatório;
· Atividade sísmica: a atividade sísmica da zona onde está localizada a barragem influencia o projeto da barragem, pois esta terá que estar preparada para suportar as acelerações horizontais dos sismos mais prováveis na respectiva região;
· Condições climáticas: é um fator de primordial importância, especialmente durante a fase da construção, onde os aterros de materiais permeáveis não são prejudicados pela chuva. Pode ser necessário gerenciar o cronograma da obra para a construção do aterro nas melhores condições climáticas. As condições climáticas também influenciam o regime de cheias e, consequentemente, tem repercussões no dimensionamento do corpo e dos órgãos hidráulicos da barragem;
· Desvio do rio: em certos casos será necessário efetuar o desvio do rio, sendo que o modo como esta operação se efetua é condicionado pela forma do vale, o regime de cheias e a vazão do rio. Em vales estreitos normalmente opta-se por um túnel; em vales abertos, por vezes é possível aterrar numa parte enquanto que o rio corre pela outra. Quando se constrói uma ensecadeira, uma parte do reservatório é inundada, sendo necessário verificar se as áreas de empréstimo de material irão ficar disponíveis. Se for necessário construir uma ensecadeira de grandes dimensões, pode ser lucrativo incorporá-la no corpo da barragem. 
Cenário atual 
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), no ano de 2017, o país contava com 31 órgãos efetivamente fiscalizadores de segurança de barragens. Em seus cadastros constam 24.092 barragens para os mais diversos usos, destacando-se irrigação, dessedentação animal e aquicultura. A identificação do empreendedor já foi feita em 97% delas.
Conforme tratado no Relatório de Segurança de Barragens, no 2017 foram realizadas vistorias em 780 barragens espelhadas pelo Brasil, destas 115 estão presentes no estado do Ceará, representando 14,74 % do total fiscalizado (ANA, 2017).
4. Diagnóstico e caracterização
	O açude Pacajus, possui bacia hidrográfica com aproximadamente 4.492,34 km², inserida na bacia hidrográfica do Rio Choró, que integra a rede da Bacia Metropolitana do Estado do Ceará.
Localizada na porção nordeste do Estado, a bacia Metropolitana é limitada ao sul pela bacia do rio Banabuiú, a leste pela bacia do rio Jaguaribe, a oeste pela bacia do rio Curu, e ao norte, pelo Oceano Atlântico.
Saindo de Fortaleza, o acesso se dá pela BR - 116 até a de Pacajus em direção ao centro da cidade, chegando a Rua Expedito Chaves Cavalcante, onde se deve seguir por mais 800 metros.
Figura 1: Barragem Pacajus. Fonte: COGERH.
	O principal rio da bacia, o rio Choró, que na totalidade de seus afluentes, possuem cursos d’água com características intermitentes em médios e baixos cursos, podendo ser perene nos altos cursos.
Os municípios integrantes da bacia hidrográfica do Açude Pacajus são: Horizonte, Pacajus, Chorozinho, Barreira, Acarape, Ocara, Redenção, Acopiara, Pacoti, Baturité, Guaramiranga, Mulungu, Aratuba, Capistrano, Itaúna, Canindé, Choró e Quixadá.
	São dezesseis as sub-bacias hidrográficas dessa região, dentre elas aquelas que possuem rio principal com maior extensão são o Choró, com 200 km; o Pirangi, com 177,5 km; e o Pacoti, com 112,5 km, todosem sentido sudoeste-nordeste (INESP, 2009).
De formato alongado, com índice de compacidade elevado (1,77) e fator de forma de 0,30, a bacia hidrográfica do Açude Pacajus é uma das alternativas para o reforço do sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza.
Figura 2: Bacia Hidrográfica do açude Pacajus. Fonte: Google Earth.
O açude Pacajus, do tipo terra homogênea, com capacidade de 240000000 m3 com sangradouro do tipo cordão de fixação e largura de 867 m, foi construído em 1960 e teve intervenções construtivas em 1993, barrando o Rio Choró, que possui a maior bacia dentro da região metropolitana de Fortaleza, drenando suas porções leste, sul e central. 
Figura 3: Barragem Pacajus. Fonte: COGERH.
Sendo representada pela bacia hidrográfica do rio Choró, a bacia hidrográfica do açude Pacajus ocupa uma área bem estreita, alongada no sentido sudoeste – nordeste, na mesma posição subjacente da falha Sabonete – Inharé.
A barragem possui 2000 m de comprimento de coroamento com largura de 10 m e altura de 42 m.
Figura 4: Barragem Pacajus. Fonte: Google Earth.
Em 18 anos de monitoramento, sangrou em nove. Pode-se verificar, também, uma seca expressiva entre os anos de 1992 e 1994, quando o reservatório ficou praticamente seco. Nos anos de 2000, ficou com menos de 20% de sua capacidade (DADOS - COGERH 2010).
5. Atuação da defesa civil – Planos de contingência e melhoramento a resposta aos acidentes
	A finalidade principal do Plano de Contingência é mitigar os danos humanos num cenário de desastres. Trata‐se de um planejamento para que o maior número possível de pessoas que habitam uma determinada área susceptível as ocorrências de um desastre possam ser alertadas em tempo hábil e saberem o que fazer para se salvar. Adicionalmente devem estar planejadas as ações do poder público que visem ao socorro e ao acolhimento adequado dessa população.
São seis os elementos básicos necessários à elaboração da estrutura principal do Plano:
· Identificação do cenário de risco: A Área de Impacto Potencial é o elemento fundamental do Plano de Contingência, pois é ela que delimita a abrangência do Plano, vindo a ser a área de impacto direto. No caso de barragens, ela é gerada a partir de uma simulação computadorizada de uma ruptura de barragem ou da operação de uma cheia excepcional. Na figura 2, a área de impacto está representada na cor marrom.
Figura 5 - Área de impacto direto.
· Identificação da população vulnerável: É fundamental o mapeamento das ocupações humanas acompanhado de um levantamento cadastral a ser realizado nessas áreas. É muito importante que se tenha o quantitativo populacional que reside na área, bem como identificações de vulnerabilidades sociais, tais como portadores de necessidades especiais, idosos e crianças, dentre outras. Essas limitações devem ser consideradas no planejamento das Rotas de Fuga e Pontos de Encontro.
Figura 6 - População vulnerável.
 
· Definição do sistema de monitoramento e alerta: Para que a população possa vir a ser alertada a tempo, é necessário que a barragem disponha de um sistema de monitoramento que possa detectar, em tempo real, quaisquer sinais que remeta a uma possibilidade de rompimento ou de operação de cheia excepcional.
Figura 7 - Sala de controle e monitoramento.
· Definição de um sistema de alarme: O Sistema de Alarme tem a finalidade de comunicar a População Vulnerável, em uma situação de emergência, sobre a necessidade de se deslocarem para um local seguro. Esse sistema deve estar integrado à estrutura de monitoramento e alerta da barragem.
Figura 8 - Acionamento de sirenes em uma comunidade.
Figura 9 - Raio de alcance de sirenes.
· Estabelecimento de rotas de fuga e de pontos de encontro: Uma vez acionado o Sistema de Alarme, a população precisa saber para onde se deslocar e por onde fazê-lo. Desse modo é fundamental estabelecer para cada comunidade as Rotas de Fuga e o Ponto de Encontro. As Rotas de Fuga devem ser planejadas de modo a permitirem um caminho rápido e seguro até os Pontos de Encontro.
Figura 10 - Rota de fuga e ponto de encontro.
 
 Planejamento de Ações para o Plano de Contingência
· Definição e dimensionamento dos meios de transporte e das rotas para resgate da população nos pontos de encontro; 
· Definição e dimensionamento dos locais de abrigamento, atendimento médico‐hospitalar e psicológico; 
· Definição do plano de acionamento de autoridades e serviços de emergência municipais e/ou estaduais; 
· Definição de responsáveis por cada fase do Plano, com a identificação clara dos recursos disponíveis, instituições envolvidas bem como de seus representantes.
Uma vez construído o Plano, são necessárias duas ações complementares: Realização de Simulados, Realização de Audiências Públicas.
 5 Respostas aos desastres no ciclo de gestão em proteção e defesa civil
Das ações típicas de resposta a desastres, as de socorro e as de assistência humanitária aos afetados são, as primeiras a serem realizadas após a ocorrência do desastre. Seguem-se as de restabelecimento dos serviços essenciais, que garantam condições mínimas de segurança e habitabilidade nas áreas afetadas pelos desastres, que permitam o retorno da normalidade para a população afetada.
Figura 11 - As principais ações das respostas
Dentre as ações de resposta a desastres, as de socorro e de assistência às vítimas, são as primeiras a serem realizadas pelo município após a ocorrência do desastre. Devem ser complementadas com as de restabelecimento dos serviços essenciais, que garantam condições mínimas de segurança e habitabilidade nas áreas atingidas pelos desastres e que permitam o retorno da normalidade para a população afetada. Essas ações de resposta a desastres podem levar horas, dias, semanas e até meses dependendo da intensidade do impacto do desastre e da capacidade local para o enfrentamento do evento, para garantir o atendimento das demandas emergenciais.
 Numa situação de desastre, é importante atentar sobre questões clássicas que sempre geram problemas, mas há importantes recomendações técnicas que são valiosas para os Agentes públicos de Proteção e Defesa Civil, principalmente em nível municipal:
 • Comunicação de riscos e desastres 
 • Acionamento e coordenação dos órgãos envolvidos 
 • Materiais de assistência humanitária – Kits e estoques 
 • Campanhas de arrecadação para ajuda humanitária
 • Gerenciamento de abrigos temporários
 • Ações de atendimento aos afetados de maior vulnerabilidade 
 • Aspectos psicológicos
6. Caso Real
6.1 Estudo de Caso: Mariana – MG – Rompimento da Barragem Fundão
Desastre ocorrido em Mariana – MG, em novembro de2015, apresenta-se a seguir uma sequência de dados técnicos através de imagens por satélite feitas após o rompimento da barragem Fundão. 
6.2 Cenário de Risco
Foi utilizadas imagens de satélite sobre parte da área atingida após a ruptura de Fundão, situada a jusante da barragem. A área afetada pela lama, até o distrito de Bento Rodrigues. Nessa área de impacto foi a partir da observação de uma ruptura real, estando identificada através do traçado de linha vermelha nas bordas de lama.
Figura 11 - Obtenção do Cenário de Risco a partir de mancha de lama deslocada na ruptura da barragem Fundão.
6.3 População Vulnerável
Pela imagem pode ser visto a comunidade inserida dentro da área de impacto direto, visto anteriormente. Desse modo, faz necessário o levantamento cadastral e mapeamento da população, que permitam o planejamento das ações de resgate e abrigo das pessoas.
Figura 12 - Visualização da presença da População Vulnerável inserida dentro do Cenário de Risco.
6.4 Sistema de Monitoramento e Alerta
Uma vez conhecida a população vulnerável, faz-se necessária a implementação de sistemas de monitoramento e alerta. A figura a seguir mostra exemplos de radares e sala de monitoramento instalados no entorno da barragem de Fundão. A sala de monitoramento é possível observar as condições de estabilidade da barragem bem comoacionar os sistemas de alarme.
Figura 13 - Exemplos reais de sistemas de monitoramento, incluindo sala de controle, sensores e sua disposição.
6.5 Sistemas de Alarme
	Existe uma necessidade de o raio de cobertura da sirene abranger a comunidade em toda sua extensão. A seguir a figura mostra imagem da torre de sirenes, a presença de diversas antenas para recepção dos sinais de acionamento.
Figura 14 - Indicação da instalação de sistema de alarmes na comunidade, e imagem real da torre de sirenes.
6.6 Rotas de Fuga e Ponto de Encontro
A existência de um sistema de alarme é fundamental, a comunidade precisa saber por onde e para onde ir numa situação de emergência, quando as sirenes tocarem. Assim, é necessário estudo de rotas de fugas e pontos de encontro. Na figura abaixo, estar indicado na cor amarela as rotas de fuga e na área em verde o ponto de encontro.
Figura 15 - Demonstração de Rotas de Fuga, Ponto de Encontro e placar indicativa de direção a seguir.
6.6 Planejamento das Ações de Resgate, atendimento médico-hospitalar e psicológico, ações de abrigo para as pessoas afetadas.
Cumprindo o estabelecido pelo PAE e no Plano de Contingência, a unidade de monitoramento da barragem aciona a Defesa Civil Municipal, ou órgãos de emergência. Irão executar ações de socorro de vitimas, resgate da população nos pontos de encontro seguindo o planejamento de rotas, planejados no Plano de Contingência. A figura a seguir Indica a rota terrestre entre a cidade de Mariana e o distrito de Bento Rodrigues previsto para ser percorrido pelos veículos de resgate e também acessos aos pontos de abrigo e de atendimento hospitalar.
Figura 15 - Demonstração de Rotas terrestres até o Ponto de Encontro entre a cidade de Mariana e o Distrito de Bento Rodrigues, e demonstração de rotas dentro da cidade de Mariana para Abrigos e Hospitais.
7. Conclusão
	Constata-se a problemática da distribuição de água no Brasil, que mesmo contendo grandes reservas de água comparados a muitos países, possuem regiões marcadas pela indisponibilidade de água. A barragem abordada encontra-se na região Nordeste no estado do Ceará. A barragem veio a auxiliar o abastecimento de água, além de prover disponibilidade para irrigação em localidades próximas a mesma. Tal funcionalidade é de grande importância social e econômica para o desenvolvimento da região, ainda mais por estar locada na região semiárida, marcada pela falta de água, algo que assola todo o estado. Tendo isso em vista a solução de programas impulsionados pela Gestão dos recursos hídricos, para barramento da água e formação de reservatórios tem fundamento e utilidade. Os programas afetam de forma direta a população e o estado, porém há, indiretamente, a melhora e a visualização do estado, mostrando para todo país o avanço da área no Ceará e servindo de espelho para outros estados. A classificação das barragens veio a suprir a necessidade de se manter a qualidade da água e das instalações, de forma a evitar possíveis riscos para a população que circunda a mesma. Os riscos se baseiam no risco da ruptura da mesma, além de riscos biológicos e ambientais, tal qual o desmatamento e poluição dos rios que alimentam a barragem, afetando o ciclo hidrológico e a bacia hidrográfica.
8. Referências
PORTAL HIDROLÓGICO DO CEARÁ. INVENTARIO AMBIENTAL DO AÇUDE PACAJUS, 2011.
Ficha técnica dos açudes. Disponível em: http://portal.cogerh.com.br/pacajus/ Acesso em: 26/09/2019.
Disponível em: https://www.afe.com.br/artigos/projeto-de-uma-barragem-de-terra-a-escolha-do-local. Acesso em: 22/09/2019
Disponível em: https://www.inbs.com.br/o-que-e-barragem/ Acesso em: 22/09/2019
Disponível em: https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/tipos-de-barragens_13731_10_0 Acesso em: 22/09/2019
Disponível em: https://www.abms.com.br/links/ApresentacaoPlanodeContigencia-TenenteCoronelGeraldoPrimo-DEFCIVILTO.pdf Acesso em: 22/09/2019
Disponível em: https://institutominere.com.br/blog/elaboracao-de-planos-de-contigencia-para-barragens. Acesso em: 22/09/2019

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