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Rayane Brasil 5A DISSECÇÃO DE AORTA AGUDO É uma patologia de maior mortalidade entre as síndromes aórticas agudas com inicio súbito de dor torácica, sendo 1% por hora, nas primeiras 48 horas e 75% ao final da segunda semana. Menos de 10% dos pacientes não tratados sobrevivem por um ano. Sua incidência é estimada em 2,6 a 3,5 casos por 100 mil habitantes, sendo mais prevalentes na quinta ou sexta década de vida, com predomínio no gênero masculino. As urgências cardiovasculares necessitam de diagnostico rápido e preciso para imediata intervenção, devido á sua alta prevalência nas unidades de emergência. A dissecção aguda da aorta constitui-se em emergência caracterizada por súbita delaminação da camada média do vaso, levando à infiltração de sangue entre a íntima e adventícia da parede aórtica, determinando uma falsa luz e formação de hematoma. Qual razão acontece, e quais fatores de risco? • Pode ter etiologia degenerativa, pode estar associada as desordens do colágeno geneticamente mediadas (sind. De Marfan, Loeys-Dietz e Ehlers-Danlos). • Síndrome de Mafan foi encontrada em 50% dos pacientes com menos de 40 anos. • Ou estar relacionada a insulto traumático de aceleração, ou de instrumentação iatrogênico. • A presença de valva aórtica bivalvulada confere fator de risco, parece refletir uma desordem genética da parede da aorta. • Aneurisma da aorta prévia também representa fator de risco, sendo de delaminação proporcional ao tamanho do maior diâmetro da aorta. • Cirurgia cardíaca prévia, principalmente as relacionadas à valva aórtica ou à aorta propriamente dita. • Hipertensão arterial- principal fator de predisposição. • História de Cateterismo cardiovascular para exame diagnóstico ou terapêutico. • História Familiar de doença da aorta. • Sind. De Turner e as doenças inflamatórias cursando com vasculite, mais comumente a arterite de células gigantes e a arterite de Takayasu. • A gestação e o parto são fatores de risco independentes par a dissecção da aorta. CLASSIFICAÇÃO ANATOMICA 1)STANFORD Baseada no envolvimento (ou não) da aorta ascendente – independente do ponto de origem: Tipo A: (75% dos casos) Dissecção da aorta ascendente ( tipo I e II De Bakey). Tipo B: (25% dos casos): Dissecção da aorta descendente somente, não compremetendo ascendentemente (tipo III De Bakey). DeBakey Baseada no local de início da dissecção. Tipo I: (70% dos casos): Dissecão em toda aorta. Tipo II: (5% dos casos): Dissecção na aorta ascendente e restringe-se a ela, não ultrapassando a artéria inominada. Tipo III: (25% dos casos): Dissecção da aorta descendente (além da subclávia esquerda). Tipo IIIa: acomete apenas a aorta descendente torácica Tipo IIIb: estende-se para aorta abdominal. Rayane Brasil 5A CLASSIFICAÇÃO TEMPO AGUDA: Período de início de sintomas e apresentação é menor do que 14 dias. SUBAGUDA: Período de início de sintomas e apresentação é entre 2 a 6 semanas. CRONICA: Quando o primeiro sintoma ocorreu há mais de 6 semanas A classificação acurada da dissecção da aorta é de extrema importância para a definição da estratégia de tratamento e do prognóstico. QUADRO CLÍNICO Dor torácica de início súbito, forte intensidade, tipo lancinante “facada” ou “rasgando”; Nos pacientes com dissecção do tipo B, a dor é relatada com maior frequência no dorso, com possível irradiação para a região torácica ou abdominal. Caso esta dissecção estenda-se para o nível das artérias renais, pode leva à hipertensão severa renovascular. Depende da extensão da dissecção e das estruturas acometidas. Pode haver falência cardíaca decorrente de isquemia miocárdica ou tamponamento cardíaco. O déficit neurológico pode ocorrer em virtude da má perfusão cerebral ou medular ou da compressão nervosa extrínseca. Sincope ocorre em 5% a 10% dos pacientes e geralmente indica presença de envolvimento dos ramos supra aórticos ou tamponamento cardíaco. A insuficiência valvar aórtica aguda é a principal complicação cardíaca da dissecção tipo A (acomete cerca de 50 a 60%) dos pacientes. A presença de fluxo diminuído ou ausente nas artérias periféricas se manifesta clinicamente com déficit ou diminuição de pulso. Variação da pressão arterial sistêmica (maior que 20 mmHg), quando comparado com o membro contralateral. Embora seja achado característico, está presente apenas 9% a 30% dos casos. Geralmente hipertenso, mas pode haver hipotensão com instabilidade hemodinâmica -> insuficiência aórtica aguda, tamponamento cardíaco, hemorragia, isquemia miocárdica ou da compressão da luz verdadeira do vaso. Sopro de insuficiência aórtica – sopro diastólico, audível no foco aórtico e aórtico acessório, com irradiação para o ictus. Manifestação Neurológica- Pode ocorrer um AVC quando há acometimento da artéria inominada ou carótida esquerda; ocorre paraplegia ou paraparesia quando compromete a artéria espinal; Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)-Secundário a dissecção proximal que oclui o óstio coronário, mais comumente a artéria coronária direita, acarretando infarto da parede inferior. EXAMES COMPLEMENTARES Anamnese + exame físico bem realizado são fundamentais para guiar seu raciocínio clínico, pensou em dissecção = INVESTIGAÇÃO. Exames laborais podem ajudar nos diagnósticos diferenciais. D-DIMERO – É um indicador não especifico de coagulação intravascular, o mesmo pode elevar-se em outras condições (infarto do miocárdio, tromboembolismo pulmonar). Valor abaixo de 500ng/mL possui alto valor preditivo para a exclusão do diagnóstico. Não é exame para confirmação, D-DIMERO ALTO não é igual a dissecção de aorta. RX: Alargamento de mediastino e a alteração do contorno aórtico são as principais alterações observadas no rx presentes em 80% dos casos. Devido a sua limitada sensibilidade, especialmente para as dissecções do tipo B, exames de imagem adicionais são essenciais para a confirmação do diagnóstico. Rx normal não é exclusão de aorta. AngioTC: Estudo de escolha para paciente hemodinamicamente estáveis. O diagnostico é realizado pela demonstração de um flap no vaso, separando a luz verdadeira da falsa, além de poder exibir complicações associadas. Sensibilidade 83% a 95% e especificidade 87% a 100%. Diagnósticos, classificação, prognostico e planejamento terapêutico. Desvantagens: radiação ionizante, a nefrotoxicidade do contraste e sua inabilidade em avaliar a função da valva aórtica, além da idisponibilidade em alguns lugares. Rayane Brasil 5A RNM: Alternativa a angiotomografia nos pacientes onde o diagnóstico é suspeitado mais tardiamente. Vantagem – sem radiação ionizante e de contraste iodado. Alta Acurácia. Desvantagem: execução demorada e na sua baix disponibilidade nos setores de emergência. ECG: Diagnostico rápido e pode ser facilmente realizado á beira leito no setor de emergência. Sensibilidade 78-100% para DAT tipo A, mas apenas 31-55% para DAT tipo B. ETT negativo não exclui DAT. Capaz de avaliar a função da valva aórtica, derramen pericárdico e anatomia cardíaca. Operador dependente. TRATAMENTO CLINICO CONTROLE DA DOR, FRENQUENCIA CARDIACA E DA PRESSAO ARTERIAL. Controle do Duplo Produto Reduzir FC <60bpm ( Se insuficiência aórtica FC <70- 80) antes de diminuir pressão. Preferir EV e betabloqueadores _ tituláveis. Esmolol: Ataque 0,5 mg-kg EV em 1 min. Manutenção: 50-200 mcg/kg/min. preferencia Metoprolol 5mg EV-5-5-min (mx 15mg) depois fazer 5- 10 mg a cada 4-6 hrs. Opções: Diltiazem e Verapamil Reduzir PA – após controle de fc (PAS 100-120 mmHg ou PAM 70-80mmHg). -Nitroprussiato de Sódio (1° linha) 2ml + 248 ml de SG%5% (200mcg/ml). Inicio 0,5 mcg/kg/min com ajuste (dose max 10mcg/kg/min). -Nitrogliceria(opção e em caso de SCA associada) 10 ml + 240 ml de SG 5% (200mcg/ml). Inicio de 5mcg/min com ajustes (dose max 220cmg/min). A vasodilatação isolada poderá provocar ativação reflexa do sistema nervoso simpático, resultando em aumento da força de contração ventricular e do stress na parede aórtica. Controle da Dor: -Sulfato de Morfina: 10mg/1ml + 9ml de SG 5% ou AD (1mg/ml). Adminstrar 2-4ml – dose máx. 10mg (10ml) Cuidados: Arritmia, Insuficiência Respiratória, Depressão do SNC, Grávidas, Aumento de Pressão Intracraniana, entre outros. Fentanil: 50mcg/ml – 2ml EV em Bolus. Manter medicações sistemáticas prevenindos dor ou aumento de FC e PA. Analgesia, antiemético, proteção gástrica. TRATAMENTO CIRURGICO É abordagem de escolha para as dissecções da aorta ASCENDENTE, em função da alta mortalidade (1% a 2% por hora nas primeiras 24 a 48hrs). Embora a mortalidade operatória ainda seja elevada (7% a 36% nos serviços de referencia), a sobrevida em um mês é de 10% para o tratamento clínico exclusivo e de 70% para submetidos à cirurgia. O principio básico da abordagem cirúrgica é o redirecionamento do sangue para a luz verdadeira, o que é conseguindo pela exclusão do segmento de aorta onde esta localizada a lesão intimal, substituindo-o por um enxerto vascular protético. As dissecções da aorta descentente (tipo B de Stanford) devem receber inicialmente tratamento medicamentoso exclusivo. O tratamento intervencionista imediato com endoprótese reservado para os que apresentem complicações relacionadas à dissecção (dor ou hipertensão refratárias, rápida expansão da aorta, hemorragia ou ruptura contida, isquemia de órgão distal). Em série do IRAD de 384 pacientes com dissecção do tipo B, manejada com tratamento clínico isolado foi demonstrada mortalidade intra-hospitalar de 10% para esse grupo de pacientes. INSTEDAD (INvestigation of STEnt grafts in patients with Aortic Dissection) – 140 pacientes – dissecção tipo B subaguda sem complicações comparando a estratégia endovascular versus a medicamentosa isolada. 2 anos de seguimento, não demonstrou diferença de sobrevida entre os grupos (89% vs. 96%). Em 5 anos de seguimento (INSTEAD-XL), O TRATAMENTO endovascular associou a menor mortalidade relacionada à complicações da aorta compardo tratamento clínico exclusivo. Rayane Brasil 5A
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