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Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 Dor torácica é uma causa frequente de procura dos serviços de emergência. Diante de uma ampla possibilidade de diagnósticos, torna-se importante reconhecer precocemente aqueles pacientes com doenças de maior letalidade, como dissecção de aorta, infarto agudo do miocárdio (IAM) e tromboembolismo pulmonar, pois a alta hospitalar equivocada desse grupo acarreta aumento significativo de morbimortalidade. ocupa o terceiro lugar nas causas de procura ao departamento de emergência, cerca de 10% do total de atendimentos. Por ser um sintoma abrangente e por muitas vezes inespecífico, a dor torácica entra na lista de suspeitas diagnósticas de diversas síndromes e condições, dentre elas a síndrome coronariana aguda (SCA). A SCA é sempre lembrada no diagnóstico diferencial de dor torácica, pq é uma emergência que oferece alto risco, representa cerca de 25% dos diagnósticos relacionados ao desconforto torácico. CAUSAS • SÍNDROME CORONARIANA AGUDA Não existe uma característica da dor torácica que exclua totalmente o diagnóstico de SCA. No entanto, alguns aspectos sugerem mais claramente esse diagnóstico. ■Localização: região retroesternal ■Irradiação: braço esquerdo, ambos os membros superiores ou a mandíbula ■Tipo da dor: geralmente em aperto, mas pode ser em queimação ■Fatores precipitantes: desencadeada ao esforço ou por estresse emocional ■Duração: pode ser de curta duração (2 a 3 min), raramente ultrapassando 10 min nos casos de angina estável. A dor é mais prolongada em casos de angina instável e dura mais que 20 min nos casos de IAM ■Fatores de melhora: alívio com repouso ou uso de nitratos ■Sintomas associados: náuseas, vômitos e sudorese aumentam a probabilidade de a dor ser de origem coronariana. DOR ANGINOSA: ■Dor ou desconforto em qualquer uma das seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores ■Geralmente desencadeada ou agravada pela atividade física ou pelo estresse emocional ■Atenuada com repouso ou uso de nitratos. -Pode-se classificar a angina em típica (apresenta as três características anteriormente citadas), angina atípica (duas características) e dor torácica não cardíaca (uma ou nenhuma característica). Porém, vale lembrar que alguns pacientes, principalmente do sexo feminino, idosos, com diabetes melito ou insuficiência cardíaca e portadores de marca-passo podem apresentar manifestações atípicas de isquemia miocárdica, chamados de equivalentes isquêmicos, como: dispneia, epigastralgia, mal-estar inespecífico e confusão mental. Dor Torácica Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 • DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA Deve-se suspeitá-la em pacientes com dor torácica intensa, “lancinante” ou “rasgando”, súbita, de forte intensidade, frequentemente irradiada para o dorso, com diferenças de pressão arterial ou pulso entre os membros (em 50% dos casos). Outros achados que corroboram com o diagnóstico de dissecção de aorta incluem dor torácica acompanhada de sintomas neurológicos focais, síncope, sopro diastólico por insuficiência aórtica e morte súbita. Os principais fatores de risco são hipertensão arterial sistêmica não controlada, síndrome de Marfan, válvula aórtica bicúspide, dislipidemia, tabagismo, uso de crack e infecção por sífilis em sua forma terciária. • TROMBOEMBOLISMO PULMONAR dispneia súbita acompanhada de dor torácica ventilatório-dependente. Deve-se suspeitá-lo em pacientes com neoplasias, hemoptise, imobilização prolongada, cirurgia recente, trombofilia ou trombose venosa profunda. • PERICARDITE/ DERRAME PERICÁRDICO Dor torácica súbita ou insidiosa, que frequentemente piora com inspiração ou deglutição e melhora com inclinação do tronco para a frente, podendo irradiar para pescoço e ombros. No exame físico, pode haver atrito pericárdico. No ECG em fase aguda, ocorre supradesnivelamento de ST difuso e infradesnivelamento de PR. Pode cursar com derrame pericárdico e achados eletrocardiográficos clássicos de baixa amplitude e/ou alternância elétrica do complexo QRS. • DORES MUSCULOESQUELÉTICAS As dores musculares são mais insidiosas, com duração mais longa e pioram com a movimentação do tronco e/ou dos membros superiores e com a palpação do local, melhorando com o uso de analgésicos comuns e anti-inflamatórios. A costocondrite se caracteriza por dores nas articulações costoesternais acompanhadas de sinais flogísticos, que se acentuam à palpação (sinal de Tietze). Também melhora com o emprego de analgésicos simples e anti-inflamatórios. • DOR ESOFÁGICA A doença do refluxo gastresofágico se caracteriza por desconforto torácico retroesternal, em queimação, com duração variável, que pode piorar com a ingesta de alguns alimentos e com o decúbito dorsal. Em geral, é acompanhada de sensação de refluxo ou regurgitação gastresofágica. Deve ser diferenciada de outros distúrbios de motilidade esofágica, como o espasmo esofágico. • DOR PSICOGÊNICA Ocasionada por várias doenças, como síndrome do pânico, depressão, ansiedade generalizada, hipocondria e fobias. Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 INTRODUÇÃO Aneurisma é definido como uma dilatação focal e permanente da artéria com um aumento de pelo menos 50% do diâmetro normal do vaso. pode ocorrer em qualquer ponto ao longo da aorta, desde o seu segmento ascendente até a sua bifurcação. As doenças da aorta não diagnosticadas apresentam elevada morbimortalidade, mas geralmente são assintomáticas até a fase avançada. Portanto, o reconhecimento de grupos de risco para screening e a identificação da doença na fase pré-clínica devem, idealmente, ocorrer durante avaliações clínicas ou cardiológicas. O aneurisma degenerativo representa a imensa maioria dos aneurismas da aorta torácica descendente e abdominal; esta condição tem como achados histopatológicos e imunobiológicos degradação da elastina e colágeno da parede vascular por metaloproteinases, inflamação mediada por citocinas e infiltração de linfócitos T e B, além de macrófagos. A condição patológica mais comumente associada com os aneurismas degenerativos da aorta é a aterosclerose→ é comum encontrarmos com diversos fatores de risco para a doença aterosclerótica, além de lesões em outros sítios vasculares como carótidas, coronárias e artérias de membros inferiores. A aorta é o vaso mais acometido pelos aneurismas degenerativos. Em seguida, temos as artérias ilíacas, as poplíteas, as femorais, a artéria esplênica, a hepática, a mesentérica superior e a pulmonar. Na aorta, os segmentos mais afetados incluem o abdominal infrarrenal (80%), o torácico ascendente (5,5%) e o torácico descendente (12%). Em 2,5% dos casos, os aneurismas são toracoabdominais. ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL Aumento de 50% no diâmetro da aorta. Podem ser classificados de acordo com a sua anatomia em: -aneurismas fusiformes: exibem uma dilatação circunferencial e delgada. - aneurismas saculares= se apresentam como uma dilatação focalizada da parede arterial e que, justamente por isso, apresentam maior risco de ruptura. FALSOS X VERDADEIROS verdadeiros são aqueles cuja dilatação envolve as três camadas histológicas do vaso. pseudoaneurismas são aqueles nos quais há um defeito arterial focal, com uma coleção de sangue contida pela camada adventícia ou pelo tecido periarterial. RELAÇÃO COM ARTÉRIAS RENAIS Suprarrenal= se desenvolvem acima e abaixo, simultaneamente, dos vasos renais; Pararrenal= desenvolvem englobando a emergência das artérias renais; Justarrenais= se desenvolvem abaixo da emergência dessas artérias; Infrarrenal= tipo mais comum, o qual se desenvolve em um pequeno segmento isolado abaixo da eminência das artérias renais,sendo por sorte, os mais fáceis de tratar por via endovascular Fatores estruturais, como lâmina elástica mais delicada e ausência de vasa vasorum, fatores hemodinâmicos – estresse pulsátil intenso, devido à geometria do segmento – e maior rigidez local→contribuem para a vulnerabilidade deste segmento da aorta Cerca de 40% dos pacientes com AAA apresentam também aneurismas das artérias ilíacas. Em 90% destes, as ilíacas comuns são afetadas, enquanto 10% envolvem as artérias ilíacas internas (hipogástricas). DIÂMETRO NORMAL DOS VASOS EPIDEMIO incidência de 3 a 10%; -H>M -Maior em idosos >50 anos ou 65 anos FR idade avançada, sexo masculino, aneurismas já diagnosticados, história familiar, tabagismo, hipertensão, dislipidemia, doença aterosclerótica, pele caucasiana, Outros aneurismas de artérias periféricas Doença Aneurismática Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 (ilíaca, femoral, poplítea), doença do tecido conjuntivo ((síndromes de Marfan, Ehlers-Danlos e Loeys-Dietz))e altura. Sendo os mais importantes= idade avançada, homem, tabagismo, história familiar. • RISCOS DE RUPTURA DE ANEURISMA -PACIENTE SINTOMÁTICO= é um forte sinal de expansão o desenvolvimento de dor abdominal de início recente, especialmente quando de forte intensidade. Este é um determinante de indicação para correção imediata do aneurisma, com qualquer diâmetro. Em pacientes idosos, dor abdominal crônica por múltiplas causas com frequência dificulta a valorização desse dado clínico. - DIÂMETRO DO ANEURISMA > 5,5 CM (em mulheres >5)= ainda que assintomático, considera-se o limite para tratamento→ a partir desse limite, o risco anual de ruptura supera o risco do tratamento - TAXA DE EXPANSÃO DA AORTA > 1 CM/ANO: deve-se considerar a análise de imagens apropriada, ou seja, mesmo tipo de exame, mesmo segmento por observador experiente. Uma alteração de até 4 mm no diâmetro em imagens tomadas em diferentes momentos pode estar dentro da variação do método. Os principais fatores relacionados a um maior risco de expansão e ruptura do AAA incluem tabagismo, VEF1 reduzido, hipertensão, história de transplante renal ou cardíaco, diâmetro de base aumentado, rápido crescimento e, sexo feminino. - Pode-se ter uma estimativa do risco de ruptura de acordo com o diâmetro axial máximo do aneurisma de aorta do paciente, apesar de que esses números não são cabais, não devendo ser levados ao pé da letra. Diâmetro do aneurisma maior que 6 centímetros no momento do diagnóstico é um fator de risco significante e independente para ruptura. Sexo feminino, tabagismo, hipertensão, taxa de expansão, pico de estresse da parede, aumento rápido do trombo intraluminal, aumento da rigidez da parede do AAA68 e pacientes transplantados são outros fatores preditores de ruptura ETIOLOGIA pode ser traumática, infecciosa ou degenerativa (causa principal)→ os aneurismas que não se encaixam nessa categoria podem ser decorrentes de infecções (aneurismas micóticos), quadros inflamatórios, autoimunes ou decorrentes de doenças do tecido conjuntivo. O alargamento aneurismático do diâmetro aórtico está intimamente relacionado a fatores que promovem o enfraquecimento da parede arterial, bem como o aumento local das forças hemodinâmicas. Dentre tais fatores, temos os hereditários, que incluem a Síndrome de Marfan (predisponente a aneurismas e dissecções de aorta torácica), a doença vascular de Ehlers-Danlos, bem como um histórico familiar de aneurismas, mesmo que com fatores inexplicados para os eventos. Fatores que contribuem para a degradação do colágeno e da elastina também atuam, bem como as complicações pós-dissecção de aorta. A causa mais comum é a degeneração da parede pela doença aterosclerótica e, entre outras causas, incluem-se infecção, necrose cística da túnica média, artrite, trauma, doença do tecido conjuntivo e degeneração anastomótica FISIOPATO Fatores genéticos + imunológicos→ desencadeiam um processo inflamatório na região do vaso aórtico, o qual sofrerá um processo degenerativo de suas fibras elásticas, o que diminuirá a sua complacência e permitirá que ocorra a dilatação. Diante do processo já instalado, fatores biomecânicos, relacionados à hemodinâmica do sangue, tratam de continuar o estresse à parede já acometida, de modo a aumentar a lesão intramural, fazendo com que o aneurisma continue a aumentar o seu tamanho paulatinamente. inflamação, estresse oxidativo, proteólise e estresse biomecânico na parede do vaso são fatores que contribuem para o processo degenerativo que Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 caracteriza estes aneurismas. As alterações descritas são mediadas por linfócitos B e T, macrófagos, citocinas inflamatórias e metaloproteinases da matriz, que degradam colágeno e elastina e alteram a força tênsil, diminuindo a habilidade da aorta em acomodar distensão pulsátil. QUADRO CLÍNICO A evolução natural do AAA é para seu crescimento em diâmetro e culmina com a ruptura parietal. fatores não associados ao crescimento do AAA: doença pulmonar obstrutiva crônica, dislipidemia; peso corporal, antecedente genético, infecção por Chlamydia pneumoniae, índice tornozelo-braquial, histórico de doença vascular periférica, doença cardíaca e outras doenças cardiovasculares, órgão transplantado, extensão do trombo no saco do aneurisma e atividade física, além de uso abusivo de álcool e fármacos (estatinas, AINEs, inibidor do conversor de angiotensina, bloqueador do receptor de angiotensina II, doxiciclina, roxitromicina, esteróides, e quimioterápicos). • SINAIS E SINTOMAS Em geral, os portadores são assintomáticos, sendo que o diagnóstico, por muitas vezes, acaba sendo acidental, por meio de exames de imagem rotineiros ou por uma causa não relacionada à doença aneurismática em si. -Pacientes magro com dilatação expressiva= massa pulsátil no abdome quando da palpação desse durante o exame físico, em região supraumbilical e na linha mediana (aneurismas pequenos) podendo variar de acordo com a tortuosidade do vaso→dilatação difusa ou tortuosa que se estende do abdome superior até abaixo da cicatriz umbilical (grandes aneurismas) -Quando ocorrem sintomas, esses são inespecíficos= desconforto abdominal ou sintomatologia decorrente da compressão de órgãos adjacentes à porção aórtica em que se localiza o aneurisma, como ureteres e vasos adjacentes. Como sintomas compressivos, quadros de saciedade, vômitos, sintomas urinários e trombose de veia cava, essa sendo decorrente da compressão extrínseca do vaso pelo aneurisma, alterando o fluxo venoso correto, gerando turbilhonamento que pode culminar com a formação de um trombo. Geralmente, pacientes que apresentam mais sintoma são os mais jovens, os idosos costumam ter achados incidentais ou são diagnosticado no momento da ruptura. Isquemia distal (extremidades)= causado por acúmulo de trombos na parede aneurismática, por conta da sua irregularidade, o que leva a turbilhonamento de sangue, levando a um ambiente trombogênico, pode ocorrer a embolização de algum trombo do local do aneurisma→ isquemia distal. Pode ter necrose de pododáctilos e até mesmo de partes maiores, a depender do calibre e do vaso acometido pelo trombo. RUPTURA DO ANEURISMA Tríade= dor abdominal e dorsal + hipotensão + massa pulsátil dor súbita dorsal e abdominal, que decorre do estímulo doloroso gerado pela ruptura arterial e pelo sangue em contato com a cavidade peritoneal, podendo ser irradiada para a região inguinal. A hipotensão é decorrente do extravasamento do sangue para o peritônio, diminuindo a quantidade desse no espaço intravascular, de modo a gerar um débito cardíaco menor, podendo culminar no choque cardiogênico, o qual pode se apresentar também por meio de sinais relativos à síncope.Com o hemoperitônio instalado, também é possível a identificação de uma massa pulsátil, muitas vezes apenas na inspeção do abdome do paciente, que pode cursar com alterações dos pulsos em membros inferiores, dado o acometimento da rede arterial que irriga tais regiões. FATORES QUE FAZEM COM NÃO HAJA A TRÍADE= contenção da hemorragia maciça, dado que o coágulo que se forma no local da rotura, aliado à hipotensão gerada pela perda de sangue, propiciam um ambiente que trabalha por meio da vasoconstrição e pela cascata de coagulação para conter o processo hemorrágico. sinal de Grey-Turner, que consiste na presença de equimoses na região dorsal e de flancos, sendo indicativa de sangramento retroperitoneal. Nas fases iniciais da ruptura do AAA para o retroperitônio, o sangramento é contido pelos tecidos periaórticos. Como a perda sanguínea não é de grande vulto, podemos encontrar o paciente ainda hemodinamicamente estável; nesse momento, uma massa abdominal pulsátil e dolorosa pode ser percebida no exame físico (aneurisma em expansão)... A ruptura livre para a cavidade peritoneal é uma condição de extrema gravidade e elevada mortalidade; nesses doentes, observamos dor e massa pulsátil, contudo ocorre choque hipovolêmico hemorrágico de instalação rápida. A ruptura do aneurisma requer intervenção imediata. Na presença de estabilidade hemodinâmica, uma angio-TC helicoidal de aorta pode ser realizada para melhor elucidação do quadro e para definir se a anatomia é favorável ou não a uma abordagem endovascular CONSEQUENCIAS DA ROTURA DE AAA= Ou esse aneurisma não tem a sua hemorragia maciça bloqueada no retroperitônio, de modo que o paciente morra logo em poucos minutos, ou essa hemorragia é contida, conferindo uma janela temporal a mais para que ele possa ser tratado→ o paciente pode chegar ao hospital tanto hemodinamicamente estável como instável, a depender do grau de contenção hemorrágica gerado pelo corpo. Desse modo, deve-se sempre indicar a cirurgia de emergência com Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 expansão volêmica para recuperar o estado do paciente doente. COMPLICAÇÃO= fístula entre a artéria aorta e a veia cava inferior→ altera drasticamente toda a hemodinâmica do paciente, consistindo em um processo de difícil reparo cirúrgico, dada a importância dos vasos envolvidos, bem como pela natureza da lesão vascular gerada. DIAGNOSTICO POR IMAGEM Devido às limitações do exame clínico, os exames de imagem são fundamentais para o rastreamento, diagnóstico e seguimento do AAA. Os mais usados são USG, TC e RM. ***OBS= Tanto a TC como a RNM podem ser utilizadas sem contraste, porém para melhor visualização da luz do aneurisma e sua anatomia usam-se dois tipos de contraste administrados por via endovenosa, o contraste iodado e o gadolíneo. A administração de contraste iodado em pacientes diabéticos que usam (metformina) deve gerar cuidados, pois 90% deste medicamento é excretado pelos rins e portanto acumula-se a no organismo em estados de insuficiência renal. contraste iodado pode desencadear ou agravar uma insuficiência renal, o que por sua vez levaria ao acúmulo de metformina e este ao desenvolvimento de acidose láctica grave, fatal→ recomenda-se que a administração da metformina deva ser interrompida no período de 48 horas antes e 48 horas após o exame contrastado. Sugere-se que o intervalo mínimo entre exames que utilizam contraste iodado é de 48 horas, uma vez que é imprescindível que este tenha sido completamente excretado pelos rins para proceder-se ao exame seguinte. Na RNM o uso do contraste gadolínio em pacientes com taxa de filtração glomerular inferior a 30 ml/kg/min apresenta elevado risco para fibrose nefrogênica sistêmica. O primeiro exame que é realizado e o de mais fácil acesso consiste na ultrassonografia, sendo ele muito bom para confirmar o diagnóstico e para acompanhar os pacientes que ainda não possuem indicação cirúrgica. A angio-TC, consiste no exame que mais proporciona riqueza de detalhes e que possui a melhor relação custo-benefício-tempo, sendo a escolha diante de uma necessidade de intervenção, a fim de planejar o procedimento cirúrgico. Nos casos de rotura, pode-se topografar o local de ruptura, avaliando-se o mecanismo de bloqueio do extravasamento de sangue, como a presença de coágulos ao redor do ponto de ruptura. A angiorressonância magnética pode fornecer quase que as mesmas informações que a angiotomografia computadorizada, com o benefício do não uso de contraste iodado e por não requerer o uso de radiação ionizante →sendo útil assim nos pacientes com alergia a iodo e nefropatia significativa. Porém, consiste em um exame de alto custo e que leva muito tempo para ser realizado, além do fato de não ser capaz de dar tantas informações, como o fato de não ser capaz de identificar calcificações da parede aórtica.. Todavia, o emprego de gadolínio (uma espécie de “meio de contraste” da RM) pode levar doentes renais crônicos a uma síndrome conhecida como fibrose sistêmica nefrogênica. A arteriografia é útil para detectar envolvimento de outras artérias, como as renais e as ilíacas. Entretanto, como o aneurisma possui quantidade variável de trombo, o lúmen aórtico não fica bem determinado. Outras desvantagens incluem nefrotoxicidade pelo contraste e possibilidade de lesão arterial ou embolização durante a punção arterial requerida para o exame. 1. Pacientes assintomáticos com histórico familiar US= é o método diagnóstico por imagem de escolha para o rastreamento do AAA por ser uma técnica não invasiva, apresentar baixo custo, ser de fácil manipulação, não expor o paciente a radiação ionizante, ter alta S e E. consegue-se identificar a presença do aneurisma e estimar o seu diâmetro, com uma baixa margem de erro, que gira em torno de 4mm, além de ser possível verificar a existência de trombos ou não em sua parede. Realizar o rastreamento com USG em homens com mais de 65 anos pode reduzir a mortalidade em 4 por 1.000 a longo prazo. Não há evidência que demonstre esse benefício em mulheres. Recomenda-se para homens fumantes, com idade de 65 a 75 anos, realizar o rastreamento anual do AAA com USG. Para os homens que nunca fumaram deve ser Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 realizado de forma seletiva considerando os demais fatores de risco→ se a 1ª USG mostre aorta abdominal com diâmetro inferior a 2,6 cm, não se recomenda rastreamento anual. não é a mais adequada para o planejamento cirúrgico e nem para os casos de rotura→ não consegue enxergar toda a parede aórtica principalmente a posterior, além de poder ser influenciada pelo estado pós-prandial do paciente, de modo a não conferir um diagnóstico tão fidedigno. O seu uso pode ser limitado pelo biotipo do paciente e pela presença de gases intestinais. TC e RM= apresentam alta acurácia, mas a aplicação desses métodos é reservada para avaliação pré e pós cirúrgico. 2. Pacientes sintomáticos com AAA -USG= alta sensibilidade e especificidade no OS. -TC= mais reprodutível que a USG. O diâmetro dos aneurismas diagnosticados pela TC é geralmente 2 mm maior que o medido pela USG, Tem S e E 90%. Com a TC é possível visibilizar lesões aortoilíacas, incluindo calcificações, porém utiliza radiação ionizante e é necessário o uso de contraste iodado. A TC sem contraste pode ser usada para o diagnóstico de AAA em pacientes que apresentam massa abdominal pulsátil com ou sem suspeita clínica de ruptura. Entretanto, a TC com contraste permite diagnóstico anatômico mais preciso e melhor planejamento pré-cirúrgico, pois define com mais precisão a localização, tamanho, extensão do aneurisma e acometimento dos ramos da aorta. O uso do contraste também permite avaliar se há trombo no interior aneurisma. Empacientes com suspeita de ruptura, a TC, mesmo sem contraste, permite a identificação de hematoma intramural, trombo heterogêneo ou em remodelação e outros sinais consistentes com expansão aguda e ruptura iminente, contida. Na presença de ruptura aórtica, é evidente o extravasamento sanguíneo extra e/ou intraoperitonial, com infiltração dos tecidos adjascentes. -RM= é possível conseguir imagens de qualquer plano ortogonal, visibilização do diâmetro do aneurisma e avaliação precisa da extensão do comprometimento da aorta em casos de aneurismas inflamatórios, porém apresenta algumas desvantagens, entre elas a não visualização de calcificações parietais e as contraindicações de uso descritas anteriormente. , o uso de contraste magnético (gadolíneo) melhora de maneira significativa a qualidade da imagem. 3. Avaliação pré-operatória -TC= é o método de escolha para planejamento pré- operatório, pois demonstra com qualidade de imagem a morfologia do AAA, a presença de artérias renais acessórias ou anormais e a coexistência de doença arterial oclusiva + permite obter reconstrução das imagens em 3D e imagens dinâmicas que trazem informações importantes para o planejamento do reparo endovascular do AAA. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Gastrite aguda; • Apendicite; • Infecção do trato urinário; • Diverticulite; • Pancreatite aguda; • Colelitíase; • Obstrução do intestino grosso; • Infarto do miocárdio; • Úlcera péptica ativa; • Obstrução do intestino delgado. TTO • PERÍODO DE MONITORAMENTO Cessar tabagismo, procurar tratamento apropriado para hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabete e outros fatores de risco da aterosclerose: O tratamento com estatinas deve iniciar-se um mês antes da intervenção cirúrgica para redução da morbidade cardiovascular e devem continuar no período perioperatório, sem duração definida para sua suspensão; Indica-se o uso de betabloqueadores em pacientes com alto risco cardiovascular; O controle da hipertensão arterial sistêmica deve ser iniciado, objetivando a prevenção secundária da morbidade cardiovascular, de preferência com esquema que compreenda IECA; (aspirina) em baixa dose deve ser recomendado para pacientes com AAA e o tratamento deve ser continuado também no período perioperatório. • PACIENTE ASSINTOMÁTICO o tratamento é dependente do diâmetro do aneurisma, assim como da relação risco de ruptura e mortalidade do procedimento de reparo: pacientes com aneurisma fusiforme com diâmetro máximo menor do que 4 cm apresentam baixo risco de ruptura, recomendando-se monitoramento com USG em intervalos regulares; Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 AAA fusiforme entre 4 cm e 5,0 cm de diâmetro máximo= monitoramento periódico com USG é recomendado; Em pacientes em monitoramento, além do diâmetro máximo, o crescimento rápido do aneurisma (> 1cm/ano) e o aparecimento de sintomas são indicativos de necessidade de intervenção cirúrgica aberta ou endovascular. • Pacientes assintomáticos com aneurisma saculares ou excêntricos ( < que 5 cm). Na prática, recomenda-se avaliação de outras variáveis, tais como taxa de crescimento, debilidade da parede (blebs), possibilidade de presença de infecção (aneurisma micótico), localização e, sobretudo, sintomas. • SINTOMÁTICOS O momento para a correção do AAA em pacientes sintomáticos, mas sem ruptura, permanece controverso. Recomenda-se que pacientes com AAA apresentando dor lombar e/ou abdominal devem ser submetidos a TC imediata, para confirmação de ruptura. o reparo de AAA em pacientes sintomáticos deva ser postergado, a fim de otimizar condições médicas associadas, sendo o paciente monitorado em unidade de terapia intensiva e com hemoderivados disponíveis. INDICAÇÃO DE CIRURGIA O principal objetivo do tratamento cirúrgico dos AAA é prevenir sua ruptura; sendo assim, a indicação de intervenção tem como base o risco de ruptura que o paciente apresenta. O tratamento cirúrgico pode ser feito pela via cirúrgica aberta, ou por via endovascular. Sabe-se que os índices de mortalidade e morbidade precoce são menores no reparo endovascular. Porém, quando é feita a comparação tardia, após cerca de dois anos, não é observada diferença estatisticamente significante quanto às duas abordagens. No caso da abordagem convencional, os riscos são maiores quando há a necessidade de clampear a aorta em seu segmento suprarrenal ou supramesentérico. O reparo por cirurgia aberta do aneurisma de aorta abdominal pode ser realizado por via transperitoneal ou retroperitoneal. O acesso transperitoneal se faz através de laparotomia mediana ampla. O cirurgião vascular acessa a aorta por meio da mobilização superior do omento e cólon transverso, somada à retração do delgado para a direita. Durante a exposição do segmento da aorta abdominal infrarrenal, a Artéria Mesentérica Inferior (AMI) se origina a meio caminho entre a emergência das renais e a bifurcação aórtica (a aorta se bifurca em ilíacas comuns). Após o clampeamento das regiões proximal e distal ao aneurisma, o saco aneurismático é aberto e o conteúdo do aneurisma (coágulos e debris ateroscleróticos) é retirado. As principais complicações pós-operatórias do reparo aberto incluem infarto agudo do miocárdio (3,1-16%) e insuficiência renal aguda (6%). A isquemia colônica transmural, principalmente do cólon esquerdo e reto, ocorre em 0,6-2% dos pacientes. A infecção da prótese é uma condição temida cujo tratamento exige antibioticoterapia, nova laparotomia, ressecção da prótese, ligadura da aorta distal e revascularização dos membros inferiores através de derivações extra- anatômicas, como pontes axilobifemorais. O reparo endovascular do aneurisma da aorta abdominal consiste na passagem de uma endoprótese (stent metálico “coberto”) no lúmen da aorta. A principal vantagem do procedimento é evitar o reparo aberto, beneficiando pacientes que apresentam comorbidades e risco cirúrgico elevado. • SEGMENTO PÓS REVA A fim de avaliar o correto posicionamento dos componentes do dispositivo endovascular todos os pacientes devem realizar TC e radiografia simples, com projeções anteroposterior e lateral, após 30 dias do procedimento. Caso seja constatada endofuga ou posicionamento inadequado de algum componente do dispositivo (sobreposição insuficiente entre os módulos, no colo da aorta ou na artéria ilíaca), é recomendado seguimento tomográfico em 6 e 12 meses. Em pacientes sem endofuga precoce e posicionamento adequado dos componentes, uma TC e radiografias simples podem ser realizadas apenas após 12 meses. Em 12 meses, caso não tenha ocorrido endofuga e o AAA permanecer estável ou apresentar diminuição de suas dimensões, recomenda-se seguimento anual com ultrassom Doppler e radiografias simples. • SEGUIMENTO PÓS CIRURGIA ABERTA Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 Recomenda-se controle pós-operatório da cirurgia aberta com USG com Doppler colorido e TC após 5, 10 e 15 anos. • PRESENÇA DE ENDOFUGAS ANEURISMA DE AORTA TORÁCICA se assemelha ao AAA em quase todos os seus aspectos, sendo os fatores de risco os mesmos, bem como a história clínica compatível e o exame físico correspondente. O que vai mudar aqui é que, como se trata de um aumento de massa no tórax, não teremos uma massa pulsátil no abdome. também são assintomáticos e apresentam diagnóstico eventual realizado por exames de imagem com outros objetivos. A concomitância com AAA é elevada e o screening total da aorta deve ser realizado na avaliação inicial. Doença do colágeno, valva aórtica bicúspide ou história familiar de aneurisma identificam subgrupos de risco elevado e rápido crescimento. Os aneurismas degenerativos da aorta torácica se localizam habitualmente no segmento descendente do vaso e, menos comumente, no arco aórtico.Aneurismas toracoabdominais são menos frequentes. Os aneurismas ateroscleróticos de aorta ascendente são raros. Devido à aterosclerose ser uma doença sistêmica, muito frequentemente os pacientes apresentam lesões ateroscleróticas em outros vasos, como artérias renais, mesentéricas, carótidas, coronárias e artérias de membros inferiores. QC A maioria dos pacientes não apresenta sintomas; quando presentes, estes estão correlacionados com a área anatômica acometida ou complicações secundárias, como insuficiência valvar aórtica, compressão de brônquios ou terminais nervosos→dispneia, rouquidão, tosse, hemoptise e insuficiência cardíaca. A apresentação clínica mais grave é o desenvolvimento de dor, sinal de mau prognóstico que pode culminar na ruptura do aneurisma provocando alta taxa de mortalidade. CLASSIFICAÇÃO sistema de Crawford= não trata somente desse tipo de lesões, mas de todo o aneurisma que acomete a aorta toracoabdominal. O tipo I consiste na lesão aneurismática que acomete a aorta torácica, chegando à aorta abdominal, mas somente ao nível suprarrenal. Já o tipo II, consiste em um aneurisma que acomete toda a aorta descendente, desde o seu segmento torácico até o fim do segmento abdominal. O tipo III consiste no acometimento da aorta torácica abaixo da VI costela, acometendo toda a extensão da aorta até o final do vaso. O tipo IV, consiste em um aneurisma que é basicamente de toda a aorta abdominal, acometendo também a região da transição toracoabdominal da artéria aorta. Já o tipo V consiste no aneurisma que comete a aorta abaixo do nível da VI costela, chegando a acometer a aorta abdominal ao nível suprarrenal. OUTRA: DIAGNÓSTICO Faz-se o diagnóstico por meio de exames de imagem. Radiografia de tórax é inespecífica, mostrando um mediastino alargado ou desvio da traqueia. Ecocardiograma transtorácico é empregado como avaliação acessória ou inicial, identificando a porção proximal da aorta torácica (transtorácica) ou descendente (transesofágica). Angiotomografia é o exame de eleição e se reserva a angiorressonância para pacientes com alergia/contraindicação a contrastes iodados. Trata-se Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 dos exames também utilizados para acompanhar a evolução da doença e no controle pós-tratamento. A angiografia não tem papel diagnóstico e somente deve ser realizada quando da necessidade de alguma complementação de imagem específica para planejamento terapêutico. HISTÓRIA NATURAL A velocidade do crescimento aórtico nos aneurismas verdadeiros varia conforme a etiologia (mais acentuado nos aneurismas familiares e colagenoses), a localização (mais rápido na aorta descendente) e as comorbidades (presença de dissecção, hipertensão mal controlada, tabagismo). a velocidade de crescimento é também função do diâmetro do aneurisma, portanto diâmetros maiores exigem vigilância em intervalos menores. Os AAT descendentes crescem mais rapidamente (3 mm/ano) em relação aos ascendentes (1 mm/ano). A partir de 6 cm de diâmetro, com a perda de capacidade elástica da aorta, há uma rápida elevação do risco de ruptura e/ou dissecção, sendo a intervenção indicada em pacientes assintomáticos um pouco antes desse limite. TTO A partir da identificação do aneurisma, deve-se obter uma primeira sequência de imagens com intervalo de 6 meses para certificação de crescimento acelerado (no caso de mudança de diâmetro relevante) ou estabilidade do diâmetro. Controle rígido da pressão arterial, fatores de risco aterosclerótico e aconselhamento para modificação de estilo de vida (tabagismo, em especial) são partes fundamentais do tratamento. Depois, em geral, manter o controle anual por meio de exame de imagem é adequado. O tratamento cirúrgico dos AAT é feito quando o diâmetro máximo desse se encontra acima de 5,5cm, sendo que a intervenção convencional, por cirurgia aberta, consiste em um procedimento em conjunto com a cirurgia cardíaca, necessitando do uso de circulação extracorpórea quando o reparo é realizado próximo à região do arco aórtico. Existe a opção da abordagem endovascular, sendo utilizada para isso, a mesma técnica já mencionada para os AAT, propiciando um bypass entre as regiões saudáveis do vaso por meio da endoprótese. Existe também a opção da realização de uma cirurgia híbrida, na qual uma parte do procedimento é feita de modo aberto e a outra, por via endovascular, como a troca de arco aórtico por via aberta, propiciando um ambiente seguro para a ancoragem da endoprótese que será colocada logo em seguida para corrigir a porção da aorta torácica acometida. O tratamento com stents reduz a mortalidade e a morbidade quando comparado ao tratamento cirúrgico. A evolução tardia é semelhante entre os grupos cirúrgico e endovascular, porém, espera-se um número maior de reintervenções no grupo endovascular. Nos pacientes com colagenose, a indicação cirúrgica ainda é preferencial pela inconsistência dos resultados com stent no seguimento tardio desse subgrupo. DISSECÇÃO DE AORTA A Dissecção Aórtica (DA) é uma condição catastrófica. A mortalidade precoce apresenta números assustadores, sendo de 1% a cada hora de doença não tratada. CLASSIFICAÇÃO pode ser classificada em relação ao sítio envolvido. Em 1965, DeBakey descreveu sua classificação identificando três tipos. Posteriormente, o grupo da Universidade de Stanford (Daily e cols.), em 1970, classificou a dissecção aórtica em tipos A e B. No primeiro caso, existe envolvimento da aorta ascendente; no tipo B, a aorta ascendente não está comprometida, com a dissecção se iniciando no segmento torácico descendente (distal a artéria subclávia esquerda), podendo ou não alcançar a aorta abdominal. F ISIOPATO Laryssa - Med – P7 – Tutoria M2 O evento primário na DA é o surgimento de uma espécie de “rasgo” na íntima da aorta. A degeneração da túnica média, conhecida como necrose cística da média, é um pré-requisito. O sangue, impulsionado pela contratilidade miocárdica, penetra através desse defeito na íntima e ganha a túnica média, promovendo uma fenda longitudinal nesta camada da aorta. Como resultado, temos a formação de um falso lúmen, ou seja, o sangue a cada sístole ventricular “corre” por esta fenda na túnica média. O comprometimento da média leva ao enfraquecimento da parede da aorta, que pode dilatar-se levando ao aneurisma. Sendo assim, teremos dois lúmens na aorta: um verdadeiro e outro falso, sendo este último formado pelo trajeto do sangue no interior da parede da artéria. A lesão da íntima ocorre com maior frequência na parede lateral direita da aorta ascendente, devido à maior força de cisalhamento (tangencial) do sangue ejetado nesse local. Outro sítio comum é a aorta torácica descendente distal ao ligamento arterioso. Com a progressão anterógrada (para frente) do sangue pelo falso lúmen, ramos arteriais importantes da aorta (subclávia, carótida etc.) podem ser comprimidos ou ocluídos. Com a progressão retrógrada da dissecção, as comissuras da valva aórtica podem perder sustentação, o que gera insuficiência valvar aórtica grave. A parede externa no processo de dissecção pode se romper, dando origem a hemopericárdio (tamponamento) e hemotórax. Existem duas variantes patológicas da dissecção, o hematoma intramural sem solução de continuidade da íntima e a úlcera aterosclerótica penetrante. FR O fator predisponente de maior importância para a DA é a hipertensão, presente em 72% dos casos. Aterosclerose é encontrada em 31% dos pacientes. A DA em indivíduos jovens apresenta menor relação com HAS e com aterosclerose. Outros fatores de risco: aneurisma aórtico preexistente, uso de cocaína e crack (picos hipertensivos relacionados à liberação adrenérgica), atividade física extenuante,principalmente aquela envolvendo levantamento de peso, doenças do tecido conjuntivo (síndrome de Marfan, Ehler-Danlos e ectasia anuloaórtica), valva aórtica bicúspide, coarctação da aorta e síndrome de Turner. QC TIPO A início súbito de dor torácica em região anterior do tórax, mais precisamente retroesternal, de grande intensidade, associada a náuseas e sudorese. Após alguns minutos ou horas, a intensidade da dor vai reduzindo-se, dando lugar a uma dor na região dorsal do tórax, devido à extensão da dissecção para a aorta descendente. Se a dissecção continuar até a aorta abdominal, a dor “migra” para a região lombar (47% dos casos), podendo ter irradiação também para o abdome (22% dos casos). O caráter da dor é variável, geralmente descrita como “rasgante” ou “cortante”, mas pode ser idêntica à dor do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ou seja, “em aperto” ou em “queimação”. Contudo, estudos recentes têm relatado que a dor do tipo “pontada” é a mais encontrada. Algumas diferenças que “falam a favor” de dissecção aórtica podem ser: o caráter “migratório” característico da dor e o pico de intensidade da dor ser logo no início (no IAM, geralmente, a intensidade é progressiva). TIPO B súbita dor na região dorsal torácica ou toracolombar. As dores lombar e abdominal são mais observadas neste tipo de dissecção, com incidência de 64 e 43%. Em alguns casos, a evolução pode ser arrastada; sendo assim, muitos autores consideram a DA do tipo B aguda quando os sintomas se desenvolvem em até 14 dias e crônica quando as manifestações ultrapassam este período. COMPLICAÇÕES a paraplegia pode ser outro achado neurológico nesses pacientes. Ocorre por envolvimento da artéria espinhal pela DA. A DA abdominal pode comprometer as artérias renais, ocasionando a hipertensão grave renovascular. O achado de um sopro sistodiastólico abdominal na topografia de uma artéria renal é bastante sugestivo. A dissecção retrógrada pode acometer os óstios coronarianos levando a um real IAM; quando esta condição ocorre, a coronária direita é a mais envolvida e pode haver, raramente, bloqueio atrioventricular total. tamponamento cardíaco, compressão do mediastino (choque com turgência jugular) e choque hemorrágico franco associado à síndrome do derrame pleural (hemotórax) ou ascite (hemoperitônio). O tamponamento cardíaco é a principal causa de óbito nesses pacientes.
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