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9 Processos Fisiológicos do Corpo Humano - Eletrofisiologia e ciclo cardíaco

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Dalton Willians S Arandas – Medicina AULA 9 
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PROCESSOS 
FISIOLÓGICOS DO 
CORPO HUMANO 
ELETROFISIOLOGIA E CICLO CARDÍACO 
 O músculo cardíaco tem um mecanismo elétrico 
espontâneo para determinar a contratilidade. Então 
estímulos hormonais e simpáticos servem como 
moduladores dessa dinâmica. E para compreender esse 
processo que envolve o ciclo cardíaco é necessário conhecer 
os tipos celulares que compõem as paredes cardíacas, que 
são: 
• Células miocárdicas de natureza mecânica: que 
realizam contração (parede dos átrios e dos 
ventrículos); 
• Células miocárdicas de natureza elétrica: que 
geram e espalham sinais elétricos (nodo sinoatrial, 
nodo atrioventricular, feixes intermodais, feixes de 
His e feixes de Purkinje). Essas células trabalham 
para fornecer o sinal para que as células miocárdicas 
de natureza mecânica atuem realizando a contração. 
A bomba cardíaca contém fibras que possuem 
propriedades que permitem a atuação cardíaca adequada, 
tais propriedades são: 
• Automatismo: que é a capacidade do coração gerar 
estímulos elétricos espontaneamente 
(autoexcitação) em condições fisiológicas por meio 
das células localizadas no nó sinoatrial, não 
necessitando de estímulos externos para o 
funcionamento cardíaco. Porém existem 
modulações dessa autoexcitação para aumentar ou 
diminuir esse estímulo elétrico intrínseco; 
• Batmotropismo: capacidade da célula de ser 
excitável; 
• Cronotropismo: propriedade ligada à frequência 
cardíaca é a capacidade de se excitar com 
ritmicidade para determinar a frequência cardíaca 
em um movimento cadenciado. E isso é importante 
para definir o tempo de atuação do sistema de 
condução para que as cavidades cardíacas se 
encham e esvaziem no tempo adequado. 
• Dromotropismo: capacidade de conduzir ou 
espalhar sinal elétrico; 
• Inotropismo: capacidade de responder ao estímulo 
realizando contração; 
• Luzitropismo: capacidade de relaxamento 
das células. 
No âmbito da modulação diz-se que, 
quando há aumento ou diminuição da propriedade, 
houve positividade ou negatividade da 
propriedade. Por exemplo, paciente com 
insuficiência cardíaca tem inotropismo positivo 
negativo pois sua capacidade de responder ao 
estímulo realizando contração é diminuída. Assim, 
alguns fármacos atuam explorando essas 
propriedades alterando-as positivamente ou 
negativamente, um exemplo é a digoxina, que é um 
fármaco da família digitálicos que atua promovendo 
inotropismo positivo. 
Muitos são os moduladores das 
propriedades apresentadas pelas fibras cardíacas, e 
vão além de fármacos, outros fatores que podem 
influenciar mudanças podem ser patologias e ações 
do sistema nervoso pela atuação simpática ou 
parassimpática. 
MARCAPASSO FISIOLÓGICO 
 O marcapasso fisiológico é o nó sinoatrial, 
pois essa estrutura tem células que realizam 
disparos espontâneos de potencial de ação 
intrínsecos. 
VELOCIDADE DE CONDUÇÃO DO 
SINAL ELÉTRICO 
 Os sinais elétricos são gerados no nó 
sinoatrial e muda sua frequência em dois pontos 
específicos, que são o nodo arioventricular (que 
tem menos junções gap em suas células onde há um 
retardo do sinal para dar tempo do enchimento dos 
ventrículos) e o sistema de His-Purkinje (que tem 
mais junções gap nas células e há aumento da 
velocidade do sinal para ocorrer a sístole para que 
as células da parede ventricular recebam o sinal 
quase que simultaneamente por realizar a contração 
da parede do ventrículo para não represar o sangue 
na cavidade). 
 O músculo cardíaco é um sincício 
funcional, pois há semelhança no sentido de que 
todas as células funcionam como uma só célula 
mantendo a unidade. 
 
 
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POTENCIAL DE AÇÃO NAS CÉLULAS DO NÓ 
SINOATRIAL 
 
 O potencial de ação dessas células do nó sinoatrial é 
singular, pois não momento de repouso e assim seu gráfico 
difere do potencial de ação do neurônio, por exemplo. 
Existem bases iônicas, como por exemplo canais iônicos 
que promovem maior velocidade no transporte de cargas, 
que promovem cada fase do potencial de ação. 
Os números representados no gráfico acima 
representam cada fase do potencial de ação, sendo a fase 4, 
que é despolarizante de despolarização lenta que atua pelos 
canais If que permitem a passagem de Na+ e K+, com maior 
condutância para o Na+, de maneira a despolarizar a 
membrana. E a fase 0, que é fase rápida de despolarização 
ocasionada por canais de Ca2+ que são abertos para haver 
influxo desses íons e nesse momento os canais If estão 
fechados. Enquanto na fase 3 há abertura dos canais de K+ e 
fechamento dos canais de Ca2+ ocasionando a repolarização 
da membrana, e essa repolarização é responsável por abrir 
os canais If sem necessidade de influência externa dando 
continuidade ao ciclo. 
 
Esse mecanismo cardíaco sofre modulação do sistema 
autônomo por estímulos simpáticos e parassimpáticos. Por 
exemplo, a estimulação simpática pela noradrenalina em 
receptores β1 que induzem a vida da adenilatociclase 
acelerando a fase 4, deixando essa fase mais curta (abrindo 
os canais If precocemente) com o mesmo efeito também 
na fase 0 (por aumentar a condutância do Ca2+). E de 
modo geral, essa modulação dispara maior quantidade de 
sinais num menor intervalo de tempo, promovendo 
cronotropismo positivo pelo aumento da frequência 
cardíaca. 
 O contrário também é válido, quando há 
atuação da via parassimpática há prolongamento da 
fase 4 pela diminuição da abertura dos canais If, 
retardando essa fase, promovendo também 
hiperpolarização pelo prolongamento do tempo de 
abertura dos canais de K+, de modo a diminuir a 
DDP. 
 
POTENCIAL DE AÇÃO NA CÉLULA 
MECÂNICA VENTRICULAR 
 
 Assim como nas células do nó sinoatrial as 
células mecânicas ventriculares também têm 
números representando as fases de seu potencial de 
ação sendo elas: 
• Fase 4: fase de repouso com DDP 
constante; 
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• Fase 0: fase de despolarização por controle dos 
canais de Na+; 
• Fase 1: há uma certa repolarização por canais de K+ 
abertos; 
• Fase 2: intervalo de tempo de DDP constante o que 
se chama de platô, onde canais de K+ abertos no 
início da repolarização, com os de Na+ se fechando, 
alguns de K+ abrindo e se fechando rápido, enquanto 
maioria dos de K+ tem abertura lenta, ao mesmo 
tempo que se abrem os canais de Ca2+, que são 
canais do tipo L (lentos), que são as fibras cardíacas 
fazendo contração, saindo cargas positivas na 
mesma proporção iniciando a fase 2 que é o platô; 
• Fase 3: despolarização mais lenta e completa do que 
a fase 1, onde há canais de Ca2+ se fechando, 
prevalecendo os canais de K+ abertos repolarizando 
a membrana. 
ELETROCARDIOGRAMA 
 O eletrocardiograma não mede o potencial de ação das 
células cardíacas, na verdade ele representa a medida de 
atividade elétrica do músculo cardíaco como um todo. As 
curvas do eletrocardiograma registram diferentes atividades 
que estão acontecendo no músculo cardíaco. 
 
• A onda P representa a despolarização atrial; 
• O segmento PR significa a condução do sinal 
elétrico no nodo atrioventricular; 
• Enquanto o complexo QRS representa o momento 
de despolarização dos ventrículos; 
 
 
• O segmento ST representa o momento em 
que as fibras ventriculares estão no 
momento de platô (a ocorrência de platô 
existe para haver um período refratário 
absoluto longo para não haver contração 
mantida, ou seja, contração tetanizada e 
então ser possível a contração e o 
relaxamento para respeitar o período de 
enchimento das cavidades cardíacas); 
• A onda T representa a repolarização 
ventricular.CICLO CARDÍACO 
1. Fase de contração isovolumétrica (paredes 
ventriculares com a contração iniciada, 
sendo uma contração sem ejeção de sangue 
com as valvas ainda fechadas); 
2. Ejeção ventricular rápida (abertura das 
valvas com ejeção sanguínea); 
3. Ejeção ventricular lenta (depois de um 
tempo essa ejeção é feita com a diminuição 
da contração do ventrículo); 
4. Relaxamento ventricular isovolumétrico 
(momento em que não há mais pressão 
interna para manter as valvas abertas então 
elas se fecham); 
5. Enchimento dos ventrículos de forma 
rápida (enquanto os átrios estão recebendo 
sangue do retorno venoso a pressão interna 
aumenta forçando a abertura das valvas 
atrioventriculares pelo gradiente de pressão 
entre as câmaras, e de início há o 
enchimento rápido); 
6. Enchimento ventricular lento (logo após o 
enchimento rápido ocorre o enchimento 
lento com a diminuição da pressão); 
7. Contração (sístole) atrial (evento que 
acontece para que seja possível o terminar 
de encher o ventrículo satisfatoriamente). 
Essas são a sequência de eventos que compreendem 
o ciclo cardíaco. 
Esses eventos do ciclo cardíaco geram sons que são 
perceptíveis na ausculta médica, onde esses sons 
são: 
• 1ª Bulha: som de fechamento das valvas 
atrioventriculares; 
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• 2ª Bulha: som de fechamento das valvas 
semilunares; 
• 3ª Bulha: diminuição da complacência ventricular 
gerando o ruído pela rigidez da parede ventricular; 
• 4ª Bulha: esforço atrial no ventrículo não 
complacente de um coração com cardiomegalia. 
MECANISMOS DE REGULAÇÃO DA PRESSÃO 
ARTERIAL 
• Mecanismos neurais (simpático e 
parassimpático); 
• Mecanismo locais; 
• Diversos mecanismos endócrinos.

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