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HPV É a etiologia mais comum do câncer de colo uterino. O HPV tem alta prevalência, no entanto, a maior parte consegue clarear (limitar) o vírus. A transmissão é feita por contato de mucosas (genital e oral). Subtipos oncogênicos/alto risco: 16, 18, 31, 33 e 35. Subtipos não-oncogênicos/baixo risco: 6 e 11. Os subtipos 6 e 11 estão associados às verrugas genitais (condiloma acuminado). Infecção pelo HPV: A maior parte dos pacientes (65%) infectada pelos tipos 6 e 11 apresentam regressão espontânea. Já relacionado aos tipos 16, 18, 31 e 35 existe um potencial de progressão (15%), para lesões pré-malignas como NIC 2 e NIC 3. COLO DO ÚTERO Endocérvice: Epitélio glandular colunar; Ectocérvice: Epitélio escamoso estratificado; Encontram-se na JEC (junção escamo-colunar). Essa é uma área com maior vulnerabilidade à ação do vírus. *Metaplasia: Transformação do epitélio glandular em escamoso, denominada “Zona de Transformação”, mais vulnerável à ação do HPV. PAPANICOLAOU Exame citopatológico de colo de útero; Colpocitologia oncótica; É um exame de prevenção secundária (rastreamento de câncer de colo de útero). Auxilia no diagnóstico e tratamento precoce do câncer de colo de útero. Lesões precursoras pré-malignas: assintomáticas e curáveis; Progressão para o câncer: 8 a 10 anos; O exame é indicado para: Mulheres que já tiveram relação sexual por via vaginal; Após os 25 anos de idade, devido à baixa incidência, lesões de baixo grau (alto potencial de regressão) e maior sobretratamento, consequentemente, maior morbidade. Frequência: TRIenal (3 anos) após 2 exames normais anuais consecutivos – vide Ministério da Saúde. Deve ser colhido dos 25 aos 64 anos de idade. Como colher: Amostra ectocervical; Amostra endocervical; Adequabilidade da amostra – deve haver: Células escamosas, células glandulares e células metaplásicas. Gestantes: Colher normalmente. Pós-menopausa: Colher normalmente. Pode haver um falso + por atrofia por hipoestrogenismo. Avaliar estrogenização antes da coleta. Histerectomizadas: Parar rastreamento. Imunossuprimidas (HIV, transplante, câncer, corticoide): Acompanhamento semestral no primeiro ano e anual depois. HIV + CD4 < 200 células: Rastreio semestral. HPV e câncer de colo uterino *Em relação ao grupo de IMUNOSSUPRIMIDAS, ser menos tolerante às alterações de papanicolaou. COLPOSCOPIA Não é um exame de rastreamento e sim um exame complementar. É utilizada para avaliar o colo e a zona de transformação (ZT) com magnificação (6 a 40x) e indicações específicas. Colposcopia satisfatória: Ver todo o colo do útero (ectocérvice, endocérvice e JEC). A Zona de Transformação (JEC) entra no canal endocervical. Colposcopia insatisfatória: A Zona de Transformação (JEC) NÃO entra no canal endocervical. Ectopia: Alteração normal, principalmente em jovens em idade reprodutiva. A endocérvice está mais evertida (para fora). Também chamada de “Mácula Rubra”. É uma alteração benigna. Ácido Acético: Cora proteínas intracelulares, ou seja, células alteradas (com muita carga viral), chamadas áreas acetorreagentes (brancas/claras). Zona de Transformação anormal após Ácido Acético – realizar biópsia incisional Lugol: Cora glicogênio. Células alteradas não ficam coradas – marrons (iodo negativo = Schiler +). Zona de Transformação anormal após Lugol – realizar biópsia incisional VACINA PARA HPV Trata-se de uma prevenção primária, diminuindo o risco à exposição do vírus. É feita de partículas de vírus. O objetivo é diminuir a incidência de câncer de colo uterino, verrugas genitais e outros tipos de câncer. ectocérvice Iodo negativo= Schiler+ Tetravalente: Oncogênicos: 16 e 18; Não-oncogênicos: 6 e 11 (relacionados às verrugas genitais – condilomas); População alvo: Meninas: 9-14 anos. São 2 doses, com intervalo de 6 meses. O objetivo é vacinar quem não começou a vida sexual. Meninos: 11-14 anos. São 2 doses, com intervalo de 6 meses. Mulher HIV +: 9-26 anos. São 3 doses com intervalos de 0, 2 e 6 meses. Pacientes oncológicos em quimioterapia/radioterapia ou transplantados de órgãos sólidos: São 3 doses, com intervalos de 0, 2 e 6 meses. ALTERAÇÕES DE PAPANICOLAOU Diagnóstico citopatológico Faixa etári a Conduta inicial Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS) Possivelment e não neoplásicas (ASC-US) <25 anos Repetir em 3 anos 25-29 anos Repetir em 12 meses ≥ 30 anos Repetir em 6 meses Não se podendo afastar lesão de alto grau (ASC-H) Encaminha r para colposcopi a Células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC) Possivelment e não neoplásicas ou não se podendo afastar lesão de alto grau Encaminha r para colposcopi a Células atípicas de origem indefinida (AOI) Possivelment e não neoplásicas ou não se podendo afastar lesão de alto grau Encaminha r para Colposcopi a Lesão de baixo grau (LSIL) < 25 anos Repetir em 3 anos ≥ 30 anos Repetir citologia em 6 meses Lesão de alto grau (HSIL) Encaminha r para colposcopi a Lesão intraepitelial de alto grau não podendo excluir microinvasão Encaminha r para colposcopi a Adenocarcinom a in situ (AIS) ou invasor Encaminha r para colposcopi a PROGRESSÃO DA DOENÇA LSIL ou LIEBG (Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau): Regressão. Relacionadas a mudanças displásicas leves – NIC 1. HSIL ou LIEAG (Lesão intraepitelial escamosa de alto grau): Progressão para câncer. Relacionada a mudanças displásicas moderadas/severas – NIC 2 e NIC 3. Câncer: Câncer invasivo. ASC-US: Células atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásico: É a atipia citológica mais comum. HIV: Colposcopia; Imunossupressas: Colposcopia; Gestantes: Igual mulher não gestante; ASC-H: Células atípicas de significado indeterminado, quando NÃO SE PODE EXCLUIR lesão intraepitelial de alto grau. Encaminhar à Colposcopia. AGC: Atipia de células glandulares. Encaminhar à colposcopia para enxergar a JEC. ≥35 anos: Colposcopia + USG TV; LSIL: Lesão intraepitelial escamosa de BAIXO GRAU: É a segunda atipia citológica mais comum. Manifestação citológica da infecção pelo HPV. Tem alto potencial de regressão. HIV/Imunossuprimidas: Colposcopia; Gestante: Repetir 3 meses pós-parto; Pós-menopausa: Igual mulher não gestante; HSIL: Lesão intraepitelial escamosa de ALTO GRAU. Inaceitável repetir só o Papanicolaou. Encaminhar à colposcopia. Se achados anormais, “ver e tratar” – Exérese da Zona de Transformação. Carcinoma escamoso invasor: Inaceitável só repetir Papanicolau. Encaminhar à Colposcopia. Adenocarcinoma in Situ: Inaceitável só repetir o papanicolaou. Encaminhar à Colposcopia. Se ≥35 anos, avaliar a cavidade endometrial. NIC 2 E NIC 3 Neoplasia intraepitelial escamosa cervical, grau 2 e 3. NÃO são câncer! São lesões pré-neoplásicas. Paciente > 25 anos e que chegam com resultado de biópsia com NIC 2/NIC 3 (carcinoma in situ) – Cirurgia (conização – tirar toda a área acometida). CONDILOMA ACUMINADO São caracterizados por verrugas genitais de aspecto papilomatoso, do HPV de subtipos 6 e 11 (não- oncogênicos). O diagnóstico é clínico e a biópsia pode ser realizada. Tratamento: Destruir as lesões – evitar tratamentos que gerem cicatrizes desfigurantes. Tratamento domiciliar: Imiquimode: Modulador da resposta imunológica. Causa uma grande área de inflamação e não elimina o vírus. Podofilotoxina: Propriedades antimitóticas. São CONTRAINDICADOS EM PACIENTES GESTANTES. Tratamento ambulatorial: ATA (Ácido TricloroAcético) 80-90%: Agente cáustico que promove destruição dos condilomas pela coagulaçãoquímica de seu conteúdo proteico. PODE SER USADO NA GESTAÇÃO. Podofilina 10-25%: Ação antimitótica, podendo trazer dano ao tecido lesado e ao tecido normal. CONTRAINDICADO NA GESTAÇÃO. Eletrocauterização: Lesões exofíticas, pedunculadas e volumosas. Crioterapia (nitrogênio líquido): Citólise térmica. PODE SER USADA NA GESTAÇÃO. CÂNCER DE COLO UTERINO 3º câncer mais comum em mulheres no Brasil; 16.710 novos casos em 2020, no Brasil; Diferença entre as regiões do Brasil; Idade média de diagnóstico: 45 anos; Fatores de risco: HPV Tabagismo Início precoce de atividade sexual Múltiplos parceiros ISTs Imunossupressão Multiparidade Baixo nível socioeconômico Oncogênese: HPV se integra ao genoma celular, causando replicação descontrolada. Há uma produção aumentada de oncoproteínas E6 e E7, que se ligam às proteínas supressoras de tumor (p53 e Rb), inativando-as e perpetuando a progressão neoplásica. Lesão pré-maligna Câncer invasivo Diferença entre carcinoma in situ e câncer invasivo: No câncer invasivo há rompimento da membrana basal, invadindo os tecidos ao redor. Disseminação do câncer: Disseminação local (tecidos ao redor); Disseminação linfática; Extensão local e à distância Tipos histológicos: Carcinoma de células escamosas (CEC) ou epidermoide – 80% dos casos. Adenocarcinoma, de células glandulares – 15% dos casos. Quadro Clínico: Assintomáticas; Sangramento vaginal; Sinusorragia (sangramento pós-relação sexual); Corrimento vaginal fétido (“água de carne”); Dor; Alterações urinárias/intestinais; Exame Físico: FUNDAMENTAL! Exame especular: Colo e vagina; Toque vaginal; Toque retal (paramétrio comprometido); Palpação de linfonodos; Diagnóstico: Papanicolau – Exame de rastreamento! Histologia: Biópsia incisional (ex: na Colposcopia) ou biópsia Excisional (ex: na conização). É o método padrão-ouro para confirmação do diagnóstico. A BIÓPSIA É NECESSÁRIA! Estadiamento (da FIGO): Até 2018 – Totalmente clínico; Atualmente: Incorporar cada vez mais exames de imagem (TC/RNM) e incorporar linfonodos no estadiamento. É predominantemente clínico (exame físico), mas também radiológico. Palpação/Inspeção: Avaliação ginecológica, toque vaginal e retal (avaliar paramétrios – ligamentos suspensores do útero. Se acometido, mais avançado). Ressonância Magnética: Avaliação do local, tamanho e invasão tumoral. TC de Tórax e Abdome Superior: Avaliação linfonodal e presença de metástases (fígado, pulmão e ossos). Cistoscopia (invasão de bexiga). Retossigmoidoscopia (invasão de reto). Estágio I: O carcinoma é totalmente restrito ao cérvix uterino (extensão para o corpo deve ser desconsiderada). IA Carcinoma invasivo que pode ser diagnosticado por microscopia, com invasão máxima < 5 mm. IA1 Invasão do estroma <3 mm em profundidade. IA2 Invasão do estroma >3mm e < 5mm em profundidade. IB Carcinoma invasivo com invasão do estroma mais profunda que 5 mm (maior que o estágio IA), lesão limitada ao cérvix uterino. IB1 Carcinoma invasivo >5 mm em profundidade de invasão do estroma e <2cm na maior dimensão. IB2 Carcinoma invasivo >2 cm e <4cm na maior dimensão. IB3 Carcinoma invasivo >4cm na maior dimensão. Estágio II: O carcinoma invade além do útero, mas não ultrapassa o terço inferior da vagina ou da parede pélvica. IIA Envolvimento limitado dos terços superiores da vagina, sem cometimento do paramétrio. IIA1 Carcinoma invasivo <4cm na maior dimensão. IIA2 Carcinoma invasivo >4cm na maior dimensão. IIB Há envolvimento do paramétrio, mas não da parede pélvica. Estágio III: O carcinoma acomete o terço inferior da vagina, e/ou se estende até a parede pélvica, e/ou causa hidronefrose ou disfunção renal ou acomete linfonodos pélvicos ou para-aórticos. IIIA O Carcinoma acomete o terço inferior da vagina, não atinge a parede pélvica. IIIB Há extensão até a parede pélvica e/ou hidronefrose ou disfunção renal (excluindo outras causas). IIIC Envolvimento dos linfonodos pélvicos e/ou para-aórticos, independente do tamanho ou extensão do tumor. IIIC1 Metástase acometendo apenas linfonodos pélvicos. IIIC2 Metástase acometendo linfonodos para-aórticos. Estágio IV O carcinoma se estende além da pelve verdadeira ou já acometeu a mucosa da bexiga ou do reto (comprovado por biópsia). Edemas de outras origens não permitem categorizar o acometimento como estágio IV. IVA Acometimento de órgãos adjacentes. IVB Metástase para órgãos distantes. Iniciativa da OMS para Eliminação do Câncer de Colo de Útero foi lançada em 2020 com metas instituídas até 2030: Vacinação de 90% das meninas até os 15 anos de idade com a vacina contra HPV; Garantir que 70% das mulheres realizem pelo menos um teste efetivo de rastreio até os 35 anos de idade e outro até os 45 anos de idade. Garantir que 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo recebam tratamento. Tratamento de acordo com o estadiamento: Estádio I IA IA1 Preferencialmente histerectomia simples ou conização IA2 Histerectomia radical e linfadenectomia pélvica ou Traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica IB IB1 Histerectomia radical e linfadenectomia pélvica ou Traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica IB2 Quimioterapia IIA IIA1 Histerectomia radical e linfadenectomia pélvica ou Traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica OU Quimioterapia + Radio Estádio II IIA2 Quimioterapia + Radio IIB Quimioterapia + Radio IB3 Quimioterapia + Radio IIIC Quimioterapia + Radio Estádio III IIIA Quimioterapia + Radio IIIB Quimioterapia + Radio Estádio IV IVA Quimioterapia + Radio IVB Quimioterapia + Radio paliativa Quimioterapia (cisplatina): Potencializa efeito da radioterapia; Radioterapia pélvica externa: Teleterapia; Radioterapia interna: Braquiterapia; Riscos da Radioterapia: Retite e cistite actínica, fístulas, atrofia vaginal e disfunção sexual. Tratamento adjuvante pós-operatório: Quimioterapia + Radioterapia – Realizar quando linfonodo acometido, paramétrio acometido, margens da lesão acometidas pela doença, tumor >4cm e invasão linfo-vascular. Teleterapia Na Histerectomia Radical removem-se: Colo uterino; Corpo do útero; Parte da vagina proximal; Paramétrios; Dissecção de linfonodos; Ovários podem ser preservados (CEC); Riscos/complicações da Histerectomia Radical: Lesão de ureter; Disfunções neurovesicaiss (bexiga neurogênica); Fístula vesicovaginal e; Linfedema de membros inferiores;
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