Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MARIANA MARQUES – T29 INTRODUÇÃO CONCEITO: • Consiste no sangramento oriundo das vias aéreas (pulmões ou arvore traqueobrônquica). • Pode causar asfixia, devido a obstrução da via aérea. • Geralmente é causada pela circulação brônquica. • Pode indicar tuberculose ou câncer de pulmão. APRESENTAÇÕES CLÍNICAS HEMOPTISE NÃO MACIÇA: • Sangramento pequeno (estrias de sangue no escarro). • Ocorre de forma esporádica. • Acompanhamento pode ser feito de forma ambulatorial. • Responsável por 95% dos casos. • Geralmente associada a infecções respiratórias ou bronquiectasias infectadas, podendo também estar relacionada a complicações iatrogênicas de procedimentos broncoscópicos (principalmente biópsia via broncoscopia). HEMOPTISE MACIÇA: • Sangramento abrupto (maior que 250mL por vez ou acima de 600mL em 24 horas). • Compreende apenas 5% dos casos mais a mortalidade pode ser superior à 80% nesses pacientes. • Pode evoluir com instabilidade hemodinâmica ou insuficiência respiratória. ATENÇÃO: HEMOPITÓICO ≠ HEMOPTISE → a expectoração hemoptoica refere-se à estiras de sangue no escarro, enquanto a hemoptise franca ocorre quando há emissão unicamente de sangue. SUPRIMENTO VASCULAR PULMONAR • A hemoptise geralmente é causada pela circulação brônquica (sistema de alta pressão composto pelas artérias brônquicas – 95% dos casos). • Apesar de a circulação brônquica representar apenas 5% do abastecimento sanguíneo pulmonar, alterações de sua circulação são uma causa frequente de hemoptise. CIRCULAÇÃO PULMONAR CIRCULAÇÃO BRÔNQUICA (SISTÊMICA) Baixa Pressão Função: troca gasosa Alta pressão Função: nutrição ETIOLOGIA • Hemoptise não maciça: geralmente originada de capilares traqueobrônquicos que sofrem ruptura por tosse vigorosa em infecções leves. • Hemoptise maciça: originada por rupturas das artérias brônquicas (maioria) ou pulmonares. DOENÇAS INFECCIOSAS: • Podem ser causas de hemoptise maciça: ➔ Tuberculose: hemoptise por lesão inflamatória de bronquíolos, por formação de aneurisma de Rasmussen e por sequelas pulmonares. ➔ Bronquiectasias: dilatação dos brônquios – decorrentes de infecções de repetição. ➔ Aspergilomas (micetoma): infecção oportunista causada por esporos inalados do fungo Aspergillus, comumente presente no ambiente, que causam necrose hemorrágica e infarto nos vasos. • Podem causar principalmente hemoptise não maciça: ➔ Bronquite crônica, pneumonia, micobacteriose, abcesso pulmonar, cisto hidático, leptospirose e fibrose cística. CIRURGIA TORÁCICA: Hemoptise MARIANA MARQUES – T29 DOENÇAS CARDIOVASCULARES: • Podem causar hemoptise maciça: ➔ Aneurisma de aorta, malformações arteriovenosa e fístula vasobrônquica. • Podem causar hemoptise não maciça: ➔ Tromboembolismo pulmonar, ICC, estenose mitral e endocardite em câmaras direitas. NEOPLASIAS: • Podem causar hemoptise maciça: ➔ Tumor carcinoide e hemangiomas/hemangiossarcomas. • Podem causar hemoptise não maciça: ➔ Câncer de pulmão e adenoma brônquico. VASCULITES – DOENÇAS AUTOIMUNES: • Granulomatose de Wegener, síndrome de Goodpasture, lúpus eritematosos sistêmico e poliangite microscópica. OUTRAS CAUSAS: • Hemoptise maciça: ➔ Iatrogenia, trauma de vias aéreas (intubação desastrosa) e coagulopatias. • Hemoptise não maciça: ➔ Contusão pulmonar (trauma de múltiplas fraturas), uso de cocaína, criptogênica, hemossiderose pulmonar e catamenial (endometriose torácica). ATENÇÃO: no Brasil as principais causas são tuberculose ou sequelas da tuberculose, bronquiectasias e aspergilomas. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA • É de difícil diagnostico devido a possibilidade de várias etiologias e o curso de sangramento é imprevisível (pode ser confundido com hemorragia digestiva alta – HDA). • No caso da hemoptise não maciça: deve ser realizada investigação ambulatorial detalhada (anamnese e exame físico) e tratar definitivamente a doença de base (raramente a internação é necessária). • No caso da hemoptise maciça: deve-se evitar asfixia, localizar o sitio do sangramento, controlar a hemorragia, determinar a etiologia e posteriormente, tratar de forma definitiva. ▪ Internar na UTI (monitorização e acessos venosos). ▪ Anamnese e exame físico completos. ▪ Exames laboratoriais (hemograma, eletrólitos, função renal e hepática, coagulograma e gasometria arterial). ▪ Exames de imagem (RX e TC). ▪ Realizar a sedação da tosse. ▪ Posicionar o doente em decúbito lateral do lado do sangramento. ▪ Ofertar oxigênio ao paciente e, em caso de insuficiência respiratória, realizar intubação. ▪ Fazer broncoscopia para confirmação e localização da origem do sangramento. EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES LABORATORIAIS: • Hemograma, eletrólitos, função renal e hepática, coagulograma e gasometria arterial. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: • Realizada em pacientes estáveis. • Diagnóstico da causa de hemoptise em 50% dos casos. • Útil em pacientes com massas pulmonares → sugere o que o pulmão é responsável pelo sangramento. TOMOGRAFIA DE TÓRAX: • Apresenta sensibilidade maior em relação a radiografia, realizada em caso de dúvida diagnóstica em pacientes estáveis. • Obrigatória em pacientes com fatores de risco para neoplasia: tabagistas, pacientes com antecedentes etc. MARIANA MARQUES – T29 BRONCOSCOPIA: • Pode ser diagnóstica e terapêutica, podendo fazer a identificação da lesão e o controle do sangramento. • Opções no controle do sangramento: ➔ Solução salina gelada. ➔ Vasoconstritores tópicos (adrenalina) ➔ Cauterização endoscópica de lesões sangrantes – cautério ou LASER. ➔ Tamponamento com balonetes; sonda de Foley ou cateter de Fogarty. ➔ Isolamento Pulmonar: através de intubação pulmonar seletiva (usada quando não tem sucesso no controle da hemorragia). • Em pacientes com hemoptise maciça ou significativa, não é necessário realizar exames de imagem, como a TC, antes da realização da broncoscopia. • A broncoscopia permite a realização de intervenções para a interrupção do sangramento, evitando grandes perdas sanguíneas e choque. ANGIOTOMOGRAFIA DE TÓRAX: • Utilizada para realizar embolização arterial brônquica: terapia eficaz no controle da hemoptise maciça, realizada por meio da introdução de um cateter seletivamente na artéria patológica via transfemoral. • Reservada para casos de falha na broncoscopia. • Possui bons resultados em mais de 85% dos casos de hemoptise (parada do sangramento). • Evita cirurgia de urgência. • É um método paliativo, causando recidiva acima de 70% em 6 meses. • Principais complicações: necrose da parede brônquica e embolização da artéria espinhal com paraplegia. TRATAMENTO CIRÚRGICO • O tratamento cirúrgico é reservado para situações nas quais a hemoptise se torna incontrolável e não responde as outras modalidades terapêuticas não cirúrgicas. • A mortalidade em situações de urgência é alta (20 a 50% - causa inundação pulmonar por sangue). RESSECÇÃO PULMONAR: • Segmentectomia: remoção de um dos dez dos segmentos pulmonares. • Lobectomia: remoção de um dos lobos pulmonares. • Pneumectomia: remoção de dois lobos pulmonares. • Indicação: falha das medidas iniciais de contenção do sangramento. ➔ Deve ser realizada tão rápido quanto possível. ➔ Doença de base e a capacidade respiratória preferencialmente estabelecidas. ➔ Doença localizada e clinicamente intratável. • Contra-indicações (relativas): ➔ Doença difusa (Fibrose cística, MAVs múltiplas). ➔ Comprometimento funcional grave. ➔ Tuberculose ativa. LIGADURA DE ARTÉRIA BRÔNQUICA: • Cavernostomia e Colapsoterapia (raramente usadas). ➔ Colapsoterapia: provocar pneumotórax, injetando ar e fazendo o pulmão colabar para parar o sangramento. ➔ Cavernostomia: drenagem cirúrgicade uma caverna ou de um abcesso pulmonar. CONSIDERAÇÕES SOBRE ASPERGILOMA PULMONAR • Também chamado de micetoma intracavitário ou bola fúngica, está relacionado à doença pulmonar pregressa, que promove a formação de cavidades no parênquima. • Os fundos do gênero Aspergillus realizam a colonização de cavidades pulmonares pré- existentes (caverna tuberculosa sequelar, cisto aéreo, bolhas de enfisema). • Pode estar presente por anos sem produzir sinais ou sintomas, mas a maioria apresenta tosse produtiva com muco, secreção purulenta e sangue. • O intervalo entre diagnóstico de tuberculose e desenvolvimento de aspergilomas pode ser superior a 30 anos. • Após a formação da bola fúngica, o tratamento com agentes antifúngicos é ineficiente e o tratamento cirúrgico se faz necessário para a cura.
Compartilhar