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Ginecologia Habilidade Daniela Rocha Fonseca – 2022-1 Sangramentos de 1° Trimestre • Entre 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias. • É responsável por elevada morbimortalidade perinatal e é a principal causa de mortalidade materna no mundo. • Classificação: a) Primeira metade da gestação - Abortamento; - Gravidez ectópica; - Neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme); - Descolamento corioamniótico. • Outras causas menos frequentes são: Cervicites, pólipo endocervical, câncer de colo uterino, trauma vaginal e o sangramento do colo durante o trabalho de parto na segunda metade da gestação. • Toda gestante com sangramento vaginal no 1º trimestre deve ser submetida a exame abdominal, exame especular e toque. - Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida do diagnóstico, está indicada uma USG. • Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 20-22ª semana de gestação ou feto menor que 500 gramas (OMS) • Incidência: 10-15%; Classificação • Abortamento precoce: Quando ocorre até a 13ª semana; • Tardio: Quando entre 13ª e 22ª semanas. • Abortamento espontâneo: É a perda involuntária da gestação. - Aquele que ocorre sem nenhuma intervenção externa e pode ser causado por doenças da mãe ou por anormalidades do embrião ou feto. • Abortamento provocado: Permitido pela Legislação Brasileiro em 3 casos: Estupro, risco de morte materna e anencefalia. • Esporádico: - Anormalidades cromossômicas (50-80%), sendo as aneuploidias as mais comuns. • Habitual: - ≥ 3 abortos em gestante. Tipos Clínicos 1. Ameaça de abortamento: • É a ocorrência de sangramento uterino com a cérvix fechada sem eliminação de tecidos ovulares. • O sangramento é de pequena a moderada monta, podendo existir dores, tipo cólicas, geralmente pouco intensas. • O colo uterino encontra-se fechado, o volume uterino é compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. • Para diagnóstico é necessário uma USG, que pode ou não evidenciar descolamento ovular, porém com vitalidade embrionária. • Não existe indicação de internação hospitalar, devendo a gestante ser orientada sobre repouso, uso de analgésicos e abstinência sexual durante toda a perda sanguínea. • Nos casos em que não ocorre a regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou sangramento com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de saúde. 2. Abortamento completo: • Quando a totalidade do conteúdo uterino foi eliminada. Geralmente ocorre em gestações com menos de 8 semanas. • A perda sanguínea e as dores diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino pode estar aberto e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado. • Diagnóstico é clínico, mas pode ser ratificado pela ecografia pélvica. • Na USG, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos. • A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina. 3. Abortamento incompleto • Quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado (Expulsão do concepto e permanece a placenta ou restos placentários) • O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade e o orifício cervical encontra-se aberto. • Caracterizado clinicamente por sangramento e comprometimento do estado geral, útero menor do que o esperado para a idade gestacional, cérvice dilatada e dores em forma de cólica (expulsar o conteúdo refratário). • Conduta: Abortamento farmacológico (Misoprostol VO ou sublingual 400 a 600 μg ou via vaginal 400 a 800 μg em dose única) ou esvaziamento mecânico; • < 12 semanas: Esvaziamento uterino mecânico (aspiração manual intrauterina, vácuo-aspiração elétrica ou curetagem); • > 12 semanas: Curetagem uterina após a eliminação do feto; 4. Abortamento inevitável: • Abortamento incompatível com o prosseguimento da gestação • Caracterizado por dilatação cervical, sangramento profuso que compromete a hemodinâmica da paciente e útero de tamanho compatível com a idade gestacional (Ainda não ocorreu eliminação do conteúdo uterino). • A USG confirma a hipótese diagnóstica. • Gestações com menos de 12 semanas = Recomenda-se a aspiração manual intrauterina, por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. - Quando não for possível realizar essa técnica, faz-se a curetagem uterina. • O tratamento alternativo, estando o colo pérvio, ou quando a gestação é superior a 12 semanas, é o Misoprostol ( VO ou sublingual 400 a 600 μg ou via vaginal 400 a 800 μg em dose única ). - Também é importante avaliar se é necessário realizar transfusão sanguínea, caso a perda de sangue tenha sido muito intensa. 5. Abortamento retido • Quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na cavidade uterina, sem ser eliminado. • De uma forma geral, o colo se encontra fechado, podendo ocorrer leve sangramento. • Em geral, cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo se encontra fechado e não há perda sanguínea. • A USG revela ausência de sinais de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião. • Em gestações com menos de 12 semanas, usa-se o Misoprostol de 200ug, 1 comprimido, via vaginal, dose única para o preparo do colo, e, após 4h, realiza-se o esvaziamento por AMIU ou curetagem (também pode ser usado o misoprostol 4 comprimidos de 200ug a cada 12h). - Entre 13 e 17 semanas sugere-se o emprego de 200ug de misoprostol via vaginal, de 6 em 6 horas, 4 doses. - Entre 18 e 22 semanas, a dose recomendada é de 100ug de misoprostol, via vaginal, de 6 em 6h, 4 doses, e se necessário repetir após 24h da última dose. • Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários, realiza-se a curetagem uterina ou AMIU (em úteros pequenos, menor que 12 semanas). 6. Abortamento infectado: • É o processo de abortamento incompleto acompanhado de infecção genital, tais como endometrite, parametrite e peritonite. • Na maioria das vezes está associado com manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas inadequadas e inseguras de abortamento provocado. • São infecções polimicrobianas e provocadas, geralmente, por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbicos. • São casos graves e devem ser tratados, independentemente da vitalidade do feto. • Na manipulação dos órgãos pélvicos pelo toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina. • A clínica depende do grau de evolução da infecção: →Comprometimento do endométrio e miométrio: Sintomas de abortamento incompleto + Sintomas de infecção (Febre baixa, dor tipo cólica e sensibilidade à mobilização do colo uterino e à palpação abdominal). →Comprometimento do peritônio pélvico: Febre alta, dor mais intensa, comprometimento do estado geral com taquicardia, desidratação e pele e mucosas hipocoradas. - Dificuldade na palpação uterina e pélvica (contratura dos retos abdominais); colo uterino aberto e pode haver secreção purulenta. →Sepse: Estado geral fortemente deteriorado com sinais tóxicos evidentes, altas temperaturas refratárias à medicação, calafrios, cianose, desidratação, hipotensão, taquicardia, pulso filiforme com distensão abdominal e vômitos. - Pode evoluir com insuficiência renal aguda, formação de abscesso intraperitoneal e morte. Diagnóstico: clínica + leucograma infeccioso + ecografia pélvica com coleções purulentas. • Os seguintes exames são necessários: - Hemograma com contagem de plaquetas; - Urina tipo I; - Coagulograma; - Hemocultura; - Cultura da secreção vaginal e do materialendometrial; - Raios-x do abdome; - USG pélvica transvaginal ou de abdome total e tomografia (definir coleções intracavitárias). • No tratamento, é fundamental o restabelecimento das condições vitais com soluções parenterais ou com sangue, principalmente se a hemoglobina for inferior a 8g%. • Iniciar antibioticoterapia de largo espectro, junto com as medidas de suporte. - Pode ser usado um Metronidazol 500mg-1g, IV, a cada 6h, ou Clindamicina 600-900mg, IV, a cada 6-8h), + Aminoglicosídeo (Gentamicina 1,5mg/kg, dose IV ou IM, a cada 8h ou 5mg/kg em dose única diária). • O esquema intravenoso será mantido até que se completem 48h sem febre ou sintomatologia clínica, quando será introduzida medicação oral por 10 a 14 dias (Cefalexina 500mg de 6/6h e metronidazol 400mg de 12/12h). • O esvaziamento uterino até 12 semanas pode ser feito com AMIU, por apresentar menos complicações, reduzir a necessidade de dilatação cervical e promover a aspiração do material infectado. • Na impossibilidade da realização da AMIU pode ser feita a curetagem; Em ambas, o esvaziamento uterino deve ser feito sob infusão de ocitocina 20U diluídas em 500ml de SF ou RL. • Em casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, realizar a retirada de órgãos pélvicos. • A persistência de febre após 48h dos cuidados iniciais pode traduzir abscessos pélvicos ou tromboflebite. 7. Abortamento habitual: • Perdas espontâneas e sucessivas de três ou mais gestações. • É necessária uma anamnese detalhada para identificar as causas associadas: Malformações uterinas, miomatose uterina, insuficiência istmocervical, insuficiência do corpo lúteo, fatores imunológicos, fatores infecciosos, síndrome antifosfolípede e fatores genéticos. • A USG junto com o exame ginecológico pode ajudar a detectar anomalias uterinas, a miomatose e a insuficiência istmo-cervical. • Os testes laboratoriais que podem ser úteis são a pesquisa de anticorpos antifosfolípedes (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares. • Recomenda-se o acompanhamento quinzenal por meio das consultas pré-natais. • Em gestantes em que a etiologia ainda não está conhecida, o prognóstico da gestação pode ser bom sem nenhum tratamento, além de um controle atento e dedicado. • No caso de insuficiência lútea, usa-se comprimidos de Progesterona natural de 200mg, via vaginal por dia, ou diidrogesterona de 10mg via oral, um ao dia até a 14ª semana. • Em gestantes com síndrome antifosfolípede, o uso de doses baixas de aspirina associada à heparina pode melhorar os resultados. • Em gestantes com insuficiência istmocervical, com história de duas ou mais perdas no 2º trimestre, sem sangramento, com dilatação cervical e sem dor, recomenda-se a cerclagem eletiva entre as 12 e 14 semanas, após a USG mostrar feto vivo e sem anomalias. • Condição clínica que corresponde à implantação e desenvolvimento do concepto fora da cavidade uterina, podendo ocorrer na tuba uterina, no ovário, na região cervical, na cicatriz da cesárea e na cavidade abdominal. • Principal causa de morte materna no primeiro trimestre e pode comprometer o futuro reprodutivo das pacientes. • 1-2% de todas as gestações; Fisiopatologia • A principal etiologia remete a deficiência da motilidade tubária. • O tipo mais frequente é a tubária (90-95%). • Outras localizações: - Ovariana; - Cornual; - Cervical; - Abdominal; Fatores de Risco • História de gravidez ectópica prévia ou DIP • Cirurgia tubária prévia; • Infecções tubárias anteriores; • Contracepção com progesterona ou DIU(FR relativo). • Leiomiomas uterinos; • Endometriose; • Gravidez após reprodução assistida; Apresentação clínica • Dependem da integridade e variam de assintomático ao choque hemorrágico. • Atraso menstrual. • A dor e o sangramento vaginal são os sintomas mais importantes. - Em quase todos os casos a dor está presente. - O sangramento pode ser de pequena monta e/ou irregular, às vezes após pequeno atraso menstrual. • A eliminação de tecido coriônico pelo canal cervical confirma gravidez intrauterina. • Nos casos em que ocorreu rotura, podem estar presentes sinais de hemiperitônio e choque, com dor de forte intensidade, associada a abdome distendido e silencioso, dor no ombro e abaulamento de fundo de saco vaginal. • Exame físico abdominal: - Reação peritoneal, descompressão brusca dolorosa e diminuição dos ruídos hidroaéreos; dor no ombro (sinal de Laffont); • Exame físico ginecológico: - Dor intensa com a palpação do fundo de saco posterior (grito de Douglas ou sinal de Proust); - Útero aumentado e amolecido e pode ter tumoração palpável nos anexos; - Presença de sangue no canal vaginal; - Útero menor que o esperado para a IG, Diagnostico • O diagnóstico precoce é imprescindível para reduzir o risco de ruptura tubária e suas ➔ Gravidez tubária íntegra: • História pouco esclarecedora, associada ou não à tríade clássica (Dor abdominal ou pélvica, atraso menstrual e sangramento genital). • Confirmar com exames complementares (Dosagem da BHCG e USTV). ➔ Gravidez tubária complicada (aborto ou ruptura): • Dor sincopal e lancinente na ruptura tubária e em cólica no aborto. • Hemoperitônio acentua e generaliza a dor em todo o abdome e se associa a náuseas e vômitos; • Estado hipovolêmico sem sangramento aparente (palidez, taquicardia e hipotensão arterial); complicações. • Na suspeita, proceder com acompanhamento rigoroso até o diagnóstico ser elucidado. • Avaliação da evolução dos títulos da BHCG (valor inferior ao esperado para a idade gestacional e não sofre duplicação em 1,5 dias); - A duplicação dos níveis séricos de BHCG em 48h sinaliza uma gravidez com desenvolvimento normal, e quando isso não ocorre trata-se de uma falha no desenvolvimento da gestação, podendo consistir em gestação ectópica ou aborto. • Ultrassonografia transvaginal: - A visualização do saco gestacional e embrião com BCF fora do útero confirma gravidez ectópica. - Ausência de gestação intrauterina; - Endométrio espessado com líquido na sua cavidade; - Anel tubário; - Líquido na cavidade peritoneal; • Culdocentese quando a ecografia não estiver disponível; • Curetagem uterina (verificar a presença da reação de Arias-Stella e/ou restos ovulares); • Laparoscopia: Forte suspeita de GE e os exames de imagem não forem conclusivos; OBS: Níveis séricos de BHCG > ou igual a 1500 mUI/ml IRP sem visualização de saco gestacional intraútero fornecem alta probabilidade de gestação ectópica. Tratamento → Tratamento Clínico ❖ Conduta expectante: • Maior segurança em pacientes com baixos títulos de BHCG e com declínio desses títulos em 48 horas. ❖ Metotrexato: • Antagonista do ácido fólico que atua inibindo a síntese de DNA celular nas células trofoblásticas, impedido a sua multiplicação. • Pelo risco de persistência do tecido trofoblástico é mandatório um monitoramento rigoroso dos níveis séricos de BHCG. • Dose única: MTX 50 mg/m2 IM -> Dosagem de BHCG no 4º e 7º dia -> Dosagem semanais até o nível pré-gravídico. • Múltiplas doses: MTX 1 mg/kg IM nos dias 1, 3, 5 e 7 , alternando com Leucovorina 0,1 mg/kg nos dias 2, 4, 6 e 8 -> Dosagem de BHCG antes da aplicação da dose de MTX. • Indicações: - Estabilidade hemodinâmica; - Massa anexial < 3,5 cm; - BHCG inicial < 5.000mUI/Ml; - Ausência de dor abdominal, desejo de gravidez futura e termo de consentimento assinado. • Solicitar: - Hemograma completo; - Enzimas hepáticas (TGO e TGP); - Creatinina; - Tipagem sanguínea. → Tratamento Cirúrgico • Cirurgias conservadoras: Salpingostomia linear; expressãofimbrial; e salpingostomia. - Gravidez ectópica íntegra e pacientes que desejam manter a fertilidade; • Salpingectomia total (tipo Fritsch): - Prole constituída; - Lesão tubária irreparável; - Salpingostomia com sangramento persistente; - Recidiva na mesma tuba; - BHCG elevado; • Laparotomia (Ruptura tubária com instabilidade hemodinâmica): - Choque hipovolêmico; - Localização não tubária; - Massas anexiais grandes (> 5 cm); - Múltiplas aderências; Doença Trofoblástica gestacional (Mola hidatiforme) • Espectro de condições caracterizadas por proliferação anormal do tecido trofoblástico e diferentes potencialidades para invasão local e metástases, podendo variar desde mola hidatiforme até coriocarcinoma metastático (diferenciados pela análise histológica). • Todas as formas são caracterizadas pela presença de um marcador tumoral biológico e específico, o BHCG. • Fatores de risco: Idade materna > 35 anos e história prévia de DTG. Aspectos clínicos e citogenéticos → Mola hidatiforme completa: • Fecundação de um óvulo vazio por um espermatozóide que se duplica ou por dois espermatozóides (46, XX ou XY); • Hiperplasia difusa do trofoblasto e não há desenvolvimento de feto. • “Cachos de uva”; • Diploide; • Diagnóstico precoce; • Níveis maiores de BHCG; → Mola hidatiforme parcial: • Fecundação de um óvulo haplóide por um espermatozóide que se duplica ou por dois espermatozóides (69, XXX, XXY ou XYY); • Hiperplasia focal do trofoblasto, com edema focal e fibrose do estroma; • Maligniza menos • Niveis menores de BHCG • Único tipo em que há a presença de um feto (geralmente com malformações), identificado por USG ou presença de BCF. → Mola hidatiforme invasora: • Tumor derivado de uma mola hidatiforme que invade o miométrio (forma persistente). → Coriocarcinoma: • Forma maligna de DTG, com grande potencial para metástase. Manifestações clínicas: • Sangramento transvaginal indolor de repetição e intensidade variável que se inicia entre a 4ª e 16ª semana de gestação, associado à presença do BHCG no sangue materno. • Náuseas e vômitos incoercíveis; • Hipertireoidismo; • Eliminação de secreção serosa clara, de odor desagradável e de vesículas hidrópicas pela vagina (incomum); • Sinais de pré-eclâmpsia antes da 20ª semana de gestação. → Exame físico • Útero maior do que o esperado para a idade gestacional; • Avaliar a pressão arterial; Exames complementares • Dosagem quantitativa da BHCG: Níveis maiores do que o esperado para a idade gestacional; • Ultrassonografia: Imagens hipo-anecogênicas, irregulares, centrais ou margeando o miométrio, na ausência de embrião; • Útero aumentando para a idade gestacional; • Policistose de ovários; • Malformações fetais; • Exame histopatológico: Confirmação diagnóstica. - MHC: Vesículas em toda a placenta e ausência de tecido fetal e membranas ovulares; - MHP: Vesículas focais na placenta, associada à presença de concepto e/ou membranas ovulares; • Genética: Nos casos de difícil diferenciação entre MHC, MHP e aborto hidrópico. - Citometria de fluxo: Diferenciação entre diploidia e triploidia; - Citogenética: Análise de microssatélites = Determina a origem parental dos cromossomos; - Hibridização fluorescente in situ (FISH): Evidencia o cariótipo e detecta alterações cromossômicas; - Imunoistoquímica: Detecta a presença da proteína p57KIP2; A USG é o método mais preciso de diferenciar gestação normal da prenhez molar. As imagens são típicas de mola, anecoicas, no interior do útero e em “flocos de neve”. Em cerca de 40% são visualizados cistos tecaluteínicos (efeito LH- like do hCG). Tratamento • Duas fases: esvaziamento uterino -> seguimento pós-molar. • Todas as gestantes com mola hidatiforme devem ter acompanhamento clínico e laboratorial visando à detecção precoce de recorrência, assim como a evolução para formas malignas da neoplasia. • Avaliar complicações como anemia, hipetireoidismo, pré-eclâmpsia e insuficiência respiratória (existe um risco de cerca de 2% de embolização trofoblástica da doença); • Realizar profilaxia para Isoimunização Rh nas pacientes Rh negativo; • Proceder esvaziamento uterino: AMIU, curetagem, histerectomia e histerotomia; • Envio do material para análise histopatológica. OBS: O esvaziamento do útero, preferencialmente por meio de dilatação e AMIU é o método mais apropriado para o tratamento inicial da mola hidatiforme. • Durante o esvaziamento, recomenda-se o uso de ocitocina 20U em 500ml de SG a 5% após a cervicodilatação, para diminuir o sangramento e o risco de perfuração uterina. • As náuseas, vômitos e a mastalgia tentem a desaparecer progressivamente. A involução uterina e a suspensão do sangramento ocorrem em cerca de cinco semanas ❖ Avaliação pré-esvaziamento uterino: • Avaliação clínica com anamnese, exame físico completo e exame ginecológico; • Investigação laboratorial: Hemograma; Tipagem sanguínea e fator rH; Detecção quantitativa do BHCG plasmático; Avaliação da função tireoidiana; (TSH e T4 livre); Sorologia para sífilis e anti-HIV; Radiografia de tórax; • Exames adicionais conforme as complicações clínicas observadas; → Aspiração intrauterina (v-a) • Vácuo-aspiração elétrica, complementada pela curetagem uterina é o método de escolha pelo menor risco de perfuração uterina, infecção e permanência de restos molares na cavidade uterina. • Em mulheres com 40 anos ou mais, a histerectomia pode ser considerada. • Evitar o uso de ocitocina pelo risco de doença persistente e embolização trofoblástica para vasos pulmonares; → Preparo do colo uterino • Melhor indicado para pacientes com idade avançada, antecedentes de dilatação do colo uterino e/ou partos vaginais prévios e o esvaziamento tem que ser feito em até 6 horas. • Prostaglandina (misoprostol) e aplicação de velas de Hegar. Seguimento pós-molar com remissão espontânea da MH → BHCG • A dosagem de BHCG deve ser realizada semanalmente após o esvaziamento uterino até que seus valores se mostrem declinantes e os resultados sejam negativos por três dosagens consecutivas. • Posteriormente, dosado mensalmente por 6 meses. • Durante todo esse processo, a paciente realizará anticoncepção. • O DIU não pode ser utilizado. • A anticoncepção deve ser iniciada no mínimo quinze dias após o esvaziamento uterino. - Recomenda-se a prescrição de ACO de baixa dosagem hormonal, com menos de 35ug de etinilestradiol. - Deve-se evitar nova gestação por pelo menos um ano após o esvaziamento uterino. • Orientações para as pacientes que ainda desejam engravidar: - Uso do ácido fólico (400 mcg/dia) 60 a 90 dias antes da concepção e mantê-lo até a 12ª semana de gestação; - Realização de USG entre a 8ª e a 10ª semana de gestação; - Exame de BHCG quantitativo 6 semanas após o término de qualquer tipo de gravidez, ectópica ou intrauterina, para identificar a ocorrência de neoplasia trofoblástica gestacional; Seguimento pós-molar com evolução para ntg • Curva anormal do BHCG (em platô ou em elevação) -> Seguir com exame clínico e ginecológico, USTV com dopplerfluxometria e radiografia de tórax.
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