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PRÉ-VESTIBULAR MUNICIPAL DE BELÉM Av. Alcindo Cacela, nº 2144, Nazaré, Belém-Pará PROF: RONALDO FREITAS JR. FISIOLOGIA HUMANA – ENEM 2019 SISTEMA DIGESTÓRIO Representação esquemática do sistema digestório humano Os sistemas do nosso organismo funcionam em conjunto de modo a manter as suas condições internas compatíveis com a vida. Caso ocorra uma falha qualquer em um desses sistemas, pode surgir uma doença grave que pode levar o indivíduo à morte. Essa capacidade que o nosso organismo, e de outros seres vivos, apresenta de autorregular suas funções é denominada de homeostase. Neste tópico estudaremos o funcionamento (fisiologia) dos sistemas humanos, além da sua anatomia. Daremos apenas ênfase ao ser humano, pois a anatomia e fisiologia dos demais animais são estudados na zoologia. 1. SISTEMA DIGESTÓRIO Todos os animais precisam de alimentos para manter e exercer suas atividades fisiológicas. Entretanto, os alimentos precisam ser primeiramente desdobrados em moléculas assimiláveis pelo sistema digestório para que possam ser utilizadas como fontes de energia e como materiais para a construção de células e tecidos. Podemos definir digestão como o processo de conversão de macromoléculas orgânicas em moléculas simples, capazes de serem absorvidas com eficiência pelo organismo. Essas moléculas simples, denominadas de monômeros, são as unidades formadoras das macromoléculas orgânicas (polímeros) representadas pelos carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos presentes em nossa dieta diária. No quadro abaixo temos os monômeros que constituem as macromoléculas orgânicas ou polímeros. POLÍMERO MONÔMERO CARBOIDRATO Constituídos por monossacarídeos (glicose, frutose e galactose) PROTEÍNA Constituídos por aminoácidos (metionina, alanina, fenilalanina, histidina, etc.) ÁCIDOS NUCLÉICOS Constituídos por nucleotídeos (associação de fosfato + pentose + base nitrogenada) *Obs Os lipídeos se diferenciam dos demais grupos de polímeros quanto à uniformidade de suas unidades constituintes, ou seja, não podemos considerar a mesma unidade constituinte (monômero) para todos os lipídeos. Os lipídios saponificáveis (triglicerídeos e fosfolipídeos, por exemplo) são constituídos basicamente por ácidos graxos e glicerol (álcool), moléculas estas consideradas monômeros desses tipos de lipídeos. Outros lipídeos, denominados de não-saponificáveis (colesterol e carotenoides), não possuem ácidos graxos e glicerol em suas constituições. Entretanto, por questões didáticas, de um modo geral, consideraremos os ácidos graxos e o glicerol como os produtos resultantes da digestão dos lipídeos. *Obs2 Água, sais minerais e fibras são os únicos nutrientes presentes em nossa dieta que não necessitam sofrer digestão para serem absorvidos pelo trato gastrointestinal (GI), porém indispensáveis para uma boa digestão. Portanto, nota-se que os objetivos principais da digestão é promover o desmembramento (quebra) das macromoléculas orgânicas até que todos os seus monômeros estejam totalmente separados para, em seguida, estes últimos serem absorvidos de forma mais eficaz ao longo de nosso trato gastrointestinal. Após absorvidos, os monômeros são distribuídos via circulação sanguínea e linfática para os todos os tecidos que constituem o nosso organismo. O tempo médio de uma boa digestão varia de 4h à 6h. a) Órgãos componentes do sistema digestório O sistema digestório humano é do tipo completo e consta de: cavidade bucal (boca), faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso e ânus. Além disso, o sistema digestório contém as Glândulas anexas: glândulas salivares (duas parótidas, duas submaxilares e duas sublinguais) fígado e pâncreas. O Intestino delgado é formado por 3 partes: a primeira é o duodeno, a segunda é o jejuno e a terceira é o íleo. O Intestino grosso também é formado por três partes: cólon ascendente, o cólon transverso e o cólon descendente que desemboca no reto, cuja abertura para o exterior é o ânus. b) O processo de digestão A digestão envolve várias etapas que ocorrem no interior dos órgãos que compõem o sistema digestório. Os órgãos que apresentam maior importância no processo da digestão são a boca, estômago, intestinos delgado e grosso, e glândulas anexas. A digestão humana é do tipo extracelular, ou seja, é processada fora das células, no interior das cavidades do organismo através da ação de enzimas hidrolíticas. javascript:processo() javascript:delgado() javascript:grosso() javascript:grosso() 2 Na digestão humana temos dois tipos de processos: o mecânico e o químico. No primeiro temos a mastigação (com a participação dos dentes), a deglutição (ato de engolir com a participação da língua), movimentos peristálticos (movimentos realizados por contrações e relaxamentos sucessivos da musculatura lisa das paredes do esôfago, estômago e intestinos, a fim de movimentar o bolo alimentar ao longo do tubo digestivo) e a defecação. No segundo tipo temos a ação das enzimas hidrolíticas que atuam sobre os nutrientes presentes no bolo alimentar, possibilitando que os mesmos sejam “quebrados” em moléculas que possam ser assimiláveis pelo nosso organismo. Temos basicamente 3 tipos de processos químicos: a insalivação (que ocorre na boca), a quimificação (que ocorre no estômago) e a quilificação (que ocorre no intestino delgado). Digestão na boca Na boca ocorre a digestão parcial do amido (carboiodrato do tipo polissacarídeo) que é desdobrado em moléculas de maltose (dissacarídeo composto por duas moléculas de glicose). Esse desdobramento é feito pela ação da enzima ptialina (amilase salivar) presente na saliva, que age em pH igual à 7, sendo produzida principalmente pelas glândulas parótidas (fig. ao lado). A saliva é misturada ao alimento pela ação da língua e sua secreção diária fica em torno de 1 à 1,5L. Além da ptialina encontramos na saliva outros componentes químicos, como: Mucina Formada por proteoglicanos e glicoproteínas altamente hidratados. Sua função é a lubirficação da mucosa bucal e do alimento; Lisozima É uma enzima que destrói as paredes celulares bacterianas, sendo de extrema importância para a assepsia inicial do bolo alimentar; Logo após a mastigação e a insalivação, o bolo alimentar, é deglutido e transportado até o estômago através da faringe e do esôfago que exerce movimentos peristálticos (movimentos ondulatórios da parede do esôfago). *Obs3 É importante citar participação dos dentes durante a digestão na boca, pois os mesmos realizam a digestão mecânica (mastigação) diminuindo o tamanho dos pedaços de alimentos e facilitando a ação das enzimas digestivas que ainda atuarão no estômago e intestino. Na fase adulta nós possuímos cerca de 32 dentes, divididos nos seguintes grupos: incisivos (cortam o alimento), caninos (perfuram e rasgam o alimento) e molares / pré-molares (trituram o alimento). Digestão no estômago Após o bolo alimentar sair da cavidade bucal, o mesmo chega até a faringe e de onde passa para o esôfago. Ao atingir a extremidade inferior do esôfago as ondas peristálticas relaxam o esfíncter cárdia (válvula situada entre o esôfago e o estômago), permitindo a passagem do bolo alimentar para o interior do estômago. Logo em seguida o cárdia novamente se contrai, fechando a comunicação com o esôfago. O estômago é um órgão saculiformne em foram de “J”, que libera uma secreção denominada de suco gástrico. Essa secreção é rica em ácido clorídrico (HCl) e enzimas, como a pepsina e a renina. O ácido clorídrico é produzido pelas células parietais da parede estomacal, tornando o pH desse órgão fortemente ácido (pH em torno de 2). Isso contribui para a assepsia estomacal, ou seja, destruição de microorganismos que estejam contaminando o alimento e amolecimento do mesmo. Além disso, o ácido clorídrico desnatura as proteínase favorece a ação da pepsina, que só atua em meio ácido. A pepsina é a principal enzima do suco gástrico, catalisando a quebra das proteínas em cadeias curtas de aminoácidos, os peptídeos. A pepsina é secretada pelas células principais da mucosa gástrica em uma forma inativa, o pepsinogênio. Ao entrar em contato com o ácido clorídrico, o pepsinogênio transforma-se em pepsina, que por sua vez estimula ainda mais está transformação. Portanto, no estômago, inicia-se a digestão das proteínas, que completa-se no intestino delgado conforme veremos. A renina ou quimosina é uma enzima presente em alta quantidade no estômago de recém–nascidos e de crianças. Sua função é coagular o leite de modo que este possa permanecer por mais tempo no estômago, o que facilita a digestão de suas proteínas. No final de todo o processo de digestão estomacal, forma-se uma pasta alimentar branca ácida denominada de quimo, sendo o seu mecanismo de formação chamado de quimificação. *Obs4 É normal surgir uma dúvida: se a pepsina tem o poder de realizar a quebra das moléculas protéicas no estômago, então por que ela não ataca a própria parede estomacal, que também apresenta grande quantidade de proteínas? A resposta está no fato de que a parede estomacal apresenta um grupo de células denominadas de células mucosas do colo. Elas produzem um muco alcalino (básico) que reveste a parede estomacal e neutraliza a ação tanto da pepsina quanto do HCl. Esse muco é denominado por alguns autores de mucina gástrica. *Obs5 No estômago existe uma outra enzima: a lipase gástrica. Ela divide as cadeias curtas dos triglicerídeos (gorduras) encontrados no leite em ácidos graxos e monoglicerídeos. Essa enzima tem um papel muito limitado no estômago do ser humano adulto, operando melhor em pH de 5 à 6. Conforme veremos, a lipase mais importante na digestão das gorduras presentes nos alimentos é a pancreática. *Obs6 Poucas substâncias são absorvidas no estômago, pois suas células epiteliais são impermáveis à maioria das substâncias presentes nos alimentos. Contudo, as células da mucosa estomacal absorvem um pouco de água, íons e ácidos graxos de cadeia curta, bem como certos fármacos (especialmente a aspirina) e álcool. Controle hormonal na produção do suco gástrico Muita das vezes a simples visualização do alimento e a percepção do seu odor, ou em certas situações até a sua imagem, fazem com que haja a produção de suco gástrico pelo estômago. No entanto, isso são estímulos nervosos que levam a sua produção. Hormônios que controlam a digestão. 3 Existe, também, o controle hormonal. Nesse caso quando o bolo alimentar entra em contato com a parte final do estômago, o mesmo ativa as células G dessa região a produzirem o hormônio gastrina, que ao ser lançado no sangue estimula a secreção do suco gástrico. Digestão no intestino delgado O intestino delgado humano é um órgão tubular que mede cerca de 6m. Está dividido em 3 regiões: duodeno, jejuno e íleo. É no intestino delgado que se realiza a maior parte da digestão dos nutrientes presentes no bolo alimentar e também a absorção dos mesmos. Ao chegar no intestino delgado, o quimo altamente ácido irrita o duodeno. Assim, a mucosa dessa região do intestino delgado passa a produzir os seguintes hormônios: a enterogastrona, a secretina e a colescitoquinina (colecistocinina). Cada um desses hormônios vai apresentar as seguintes funções: Enterogastrona atua na mucosa estomacal inibindo a produção de suco gástrico. Secretina passa a atuar no pâncreas, estimulando-o a produzir bicarbonatos (substância básica que neutraliza a acidez do quimo), e no fígado, estimulando a produção de bile; Colescitoquinina estimula a secreção de suco pancreático (rico em enzimas) e atua na vesícula biliar promovendo as suas contrações para a liberação da bile. A digestão química no intestino delgado ocorre em um pH = 8 (alcalino) e depende das atividades do pâncreas, fígado e vesícula biliar, além do suco entérico (produzido pelo intestino delgado). Vamos considerar, primariamente, as atividades dessas glândulas acessórias e no decorrer da explicação abordaremos como age o suco entérico. Quando o bolo alimentar chega ao intestino delgado, o suco pancreático com bicarbonatos são secretados pelo pâncreas e lançados no duodeno através do ducto ou canal de Wirsung. As enzimas presentes no suco pancreático são as seguintes: ENZIMA DIGEREM PRODUTO DA DIGESTÃO Amilase pancreática Carboidratos Monossacarídeos Tripsina Proteínas Peptídeos Quimiotripsina Proteínas Peptídeos carboxipeptidases Proteínas Peptídeos Elastase Proteínas Peptídeos Lipase pancreática Lipídios Ác. Graxo + Glicerol (um tipo de ácool) Nucleases Ác. nucléicos Nucleotídeos Digestão dos carboidratos no intestino delgado Quando o amido sofre a ação da amilase salivar na boca, o mesmo é convertido em maltose (um dissacarídeo formado por duas moléculas de glicose). Entretanto, o amido que não foi convertido em maltose na boca é atacado pela amilase pancreática no intestino delgado. Após isso, outra enzima, a maltase (produzida pelo intestino delgado), quebra a maltose em duas moléculas de glicose (monossacarídeos). Outros dissacarídeos presentes no bolo alimentar, como a sacarose e a lactose, também sofrem ação de suas respectivas enzimas: a sacarase e lactase (ambas produzidas, também, pelo intestino delgado). A sacarose é quebrada em dois monossacarídeos, glicose e frutose; já a lactose é quebrada nos monossacarídeos galactose e glicose. A digestão dos carboidratos termina com a produção dos monossacarídeos citados, pois existem mecanismos para absorvê-los pela mucosa intestinal. Digestão das proteínas no intestino delgado As proteínas que não foram convertidas em peptídeos no estômago, ao chegarem no intestino delgado sofrem a ação das enzimas do suco pancreático (tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidases e elastase), que continuam a converter essas proteínas em peptídeos. É importante explicarmos como agem, principalmente, a tripsina e a quimiotripsina na digestão das proteínas. Essas duas enzimas são produzidas no pâncreas nas suas formas inativas, tripsinogênio e quimiotripsinogênio, respectivamente. O tripsinogênio é transformado em tripsina pela ação da enzima enteroquinase, produzida no duodeno. A tripsina, por sua vez, atua sobre o quimiotripsinogênio transformando-o em quimiotripsina, que passa a transformar as proteínas em peptídeos. Após tudo isso, esses peptídeos são atacados por duas enzimas produzidas pelo intestino delgado: a aminopeptidase e a dipeptidase. A aminopeptidase atua sobre os peptídeos rompendo a ligação peptídica que prende o aminoácido terminal à extremidade amino desses peptídeos. A dipeptidase quebra a ligação peptídica entre os dipeptídeos, gerando os aminoácidos que são absorvidos pela mucosa intestinal. Digestão dos lipídios no intestino delgado Os lipídios mais abundantes na dieta são os triglicerídeos (de origem animal). Eles são constituídos por uma molécula de glicerol (álcool) ligada a 3 moléculas de ácidos graxos. As enzimas que digerem os lipídios são denominadas de lipases, sendo a mais importante a lipase pancreática. Quando o bolo alimentar chega ao intestino delgado a bile, produzida pelo fígado, é lançada na cavidade intestinal através do ducto biliar ou canal colédoco. Antes de ser lançada no intestino delgado, a bile fica armazenada na vesícula biliar, de onde é “expulsa” pela ação do hormônio colescitoquinina. A bile contém sais biliares que emulsificam os lipídios (gorduras), ou seja, transforma os lipídios em gotículas de gordura, o que aumenta a área de superfície que ficará exposta para a atuação da lipase pancreática. Assim, a lípase pancreática quebra os triglicerídeos em ácidos graxos e monoglicerídeos, os produtos finais da digestão desses nutrientes. 4 COMPOSIÇÃO DO SUCO ENTÉRICOENZIMA DIGEREM PRODUTO DA DIGESTÃO Maltase Maltose Glicose + Glicose Nucleosidase e Fosfatase Ác. nucléicos Nucleotídeos Aminopeptidase Peptídeos Aminoácidos Dipeptidase Peptídeos Aminoácidos Lactase Lactose Glicose + Galactose Sacarase Sacarose Glicose + Frutose Obs7 Além dessas enzimas vale lembrar que temos ainda a enteroquinase, que transforma o tripsinogênio em tripsina. FUNÇÕES DO FÍGADO O fígado é um dos órgãos ou glândula mais versáteis do nosso organismo. Ele não atua somente na digestão produzindo a bile (mas vale lembrar que não produz enzimas digestivas, pois a bile não contém nenhuma). Antes de tudo é um complexo laboratório químico que realiza as mais diversas funções vitais, dentre elas podemos destacar: Metabolismo dos carboidratos O fígado é importante para a manutenção do nível normal de glicose no sangue, pois o mesmo a armazena na forma de um polissacarídeo denominado de glicogênio. Assim, quando o nível de glicose no sangue está baixo, o fígado pode decompor o glicogênio em glicose, liberando-a na corrente sanguínea. Entretanto, quando o nível de glicose no sangue está alto, como ocorre após uma refeição, retira a mesma do sangue transformando-a em glicogênio e triglicerídeos para armazenagem, aumentando a quantidade de tecido adiposo (gorduroso) em nosso corpo. Metabolismo dos lipídios O fígado armazena triglicerídeos e degrada os seus ácidos graxos para a produção de ATP (molécula energética). Produzem lipoproteínas para o transporte desses ácidos graxos, dos triglicerídeos e do colesterol para as células do corpo. Usa também o colesterol para a produção de sais biliares que irão compor a bile. Metabolismo das proteínas O fígado realiza a desaminação (remove o grupo amina, NH2) dos aminoácidos, afim de que os mesmos possam ser utilizados na produção de ATP ou convertidos em carboidratos ou em gorduras. A desaminação é importante na transformação da amônia (NH3) altamente tóxica resultante do metabolismo das proteínas, em uréia, muito menos tóxica, que é excretada na urina. Armazenagem de vitaminas O fígado é principal local de armazenamento de certas vitaminas como a A, B12, D, E e K. Além disso, armazena sais minerais como o ferro e o cobre. Produção de proteínas plasmáticas Fabrica proteínas essenciais para o sangue, como a albumina (proteína transportadora) e as que participam a coagulação sanguínea (protrombina e fibrinogênio). Destruição dos glóbulos vermelhos As hemácias ou glóbulos vermelhos, ou ainda, eritrócitos, são removidos da circulação sanguínea pelo fígado. A partir daí a hemoglobina presente nessas células é transformada em um pigmento de cor esverdeada ou amarelada, a bilirrubina. A bilirrubina é eliminada juntamente com a bile nas fezes, determinando a cor parda desses resíduos. Remover substâncias tóxicas do sangue Álcool, drogas e outras susbtâncias tóxicas são retirados do sangue, e no fígado são transformadas em substâncias menos tóxicas, sendo algumas delas eliminadas através da urina ou pela própria bile. Após ocorrer a digestão no intestino delgado forma-se um líquido branco denominado de quilo, dando-se o nome ao processo de quilificação. Assim, as moléculas nutritivas simples resultantes da digestão são absorvidas pela parede intestinal e logo em seguida lançadas no sangue para serem distribuídas para as células do nosso organismo. A absorção desses nutrientes é facilitada por dobras ou pregas microscópicas presentes na superfície das células da parede intestinal. Essas pregas são denominadas de Figura esquemática do fígado, vesícula biliar e pâncreas. 5 Intestino grosso. microvilosidades. Além das microvilosidades, encontramos na superfície da própria parede intestinal dobras, também microscópicas, as vilosidades, que favorecem a absorção dos nutrientes. Intestino Grosso A última porção do tubo digestório é o intestino grosso. Ele está dividido em ceco (onde encontra-se o apêndice), cólon (ascendente, transverso e descendente), sigmóide e reto (que termina no ânus). O cólon é a maior parte, onde ocorre a absorção de água e sais minerais não absorvidos pelo intestino delgado. O final do processo digestivo ocorre nessa região, pela atividade das bactérias que habitam o lúmen (luz intestinal). Apenas muco é secretado pelas glândulas do intestino grosso, mas não enzimas. O quilo é preparado para a eliminação pela ação das bactérias que fermentam quaisquer carboidratos que restam, liberando gases hidrogênio, CO2 e metano (CH4). Esses gases contribuem para a formação dos flatos (gás no cólon), determinando a flatulência em excesso. As bactérias também convertem proteínas restantes em aminoácidos e decompõem aminoácidos em substâncias mais simples, como o indol, escatol, sulfeto de hidrogênio e ácidos graxos. O indol e escatol são eliminados nas fezes e contribuem para seu odor. A bilirrubina, resultante da decomposição da hemoglobina no fígado, é transformada em estercobilina pelas bactérias. Essa substância é que dá às fezes a sua cor marrom. Algumas vitaminas necessárias para metabolismo normal do corpo, como certas vitaminas do complexo B e vitamina K, são produtos bacterianos absorvidos no cólon. As fezes, formadas por água e restos de alimentos não digeridos, são armazenadas temporariamente no reto e depois eliminadas para o meio externo através do ânus. OLHE PARA TRÁS! SEU COCÔ DIZ MUITO SOBRE SUA SAÚDE. (Por Bia Souza – Do UOL, São Paulo, 16/02/17) Você mal levanta do vaso sanitário e já abaixa a tampa para puxar a descarga? Com as mãos ainda molhadas aperta o purificador de ar para disfarçar o cheiro? Todo esse preconceito contra as fezes é cultural e pode atrapalhar sua saúde. Cor, cheiro, textura, cada aspecto do seu cocô pode indicar doenças que vão de infecções a tumores. Para os especialistas, o primeiro passo é deixar o preconceito de lado. “A observação das fezes traz diversas informações interessantes sobre a saúde do paciente. Se as pessoas olhassem poderiam fornecer dados aos médicos que ajudariam em um diagnóstico mais rápido." Afirma Luciana Lobato, gastroenterologista da Unifesp. Preconceito fora do banheiro “O que acontece é que existe um grande medo e muita vergonha de se falar sobre o assunto, mas isso deveria ser encarado de forma natural”, explica o endoscopista Tomazo Franzini, diretor da Sobed (Sociedade Brasileira de Endoscopia digestiva). A característica mais marcante é o formato. Em bolinhas, pode indicar falta de fibras e líquidos. Com rachaduras, pode ter ficado muito tempo no intestino. O ideal é que as fezes sejam compridas, em formato cilíndrico e macias. Não existe uma regra sobre quantas vezes uma pessoa deve evacuar, mas os especialistas consideram que pelo menos três vezes por semana é necessário. Quando as fezes apresentam rachaduras e endurecimento, significa que estão passando muito tempo no intestino ou que a dieta precisa de mais líquidos e fibras. Quando o intestino tem alguma obstrução, o cocô se molda de forma mais fina indicando estreitamento. Nesse caso os médicos recomendam uma colonoscopia para checar se há tumores. “Hoje em dia esse exame é realizado sob sedação e é indolor. Por meio dele é possível verificar pequenos tumores antes que eles avancem”, diz Franzini. A cor é importante A coloração também indica reações do organismo: o ideal é que elas tenham a coloração marrom. Fezes pretas, denominadas de melenas, podem indicar sangramento em áreas como esôfago, estômago e duodeno, pois o sangue já aparece ali coagulado. Já as verdes, comuns em caso de diarreia, também podem ser causadas por corantes, consumo de antibióticos e injeção de ferro. O vermelho nas fezes indica a presença de sangramento e podem sinalizar a presença de doenças como hemorroidas, tumores e diverticulite. Infecções intestinais, má digestãoe alimentação rica em gordura podem amarelar as fezes. Já doenças ligadas ao fígado tendem a dar uma coloração amarelada ou embranquecida. Representação das vilosidades e microvilosidades intestinais. 6 Cheiro “Fezes muito malcheirosas podem denotar sangramento, em geral são pretas e moles. Elas indicam problemas na parte de cima do tubo digestivo”, explica Lobato. Pedaços de comida Problemas de alimentação também podem provocar outros tipos de alterações nas fezes como a presença de pedaços de comida. Segundo especialistas, isso indica que o trânsito intestinal está acelerado e os nutrientes não estão sendo absorvidos corretamente. “Não precisa ficar histérico e olhar sempre, mas sempre que houver um sintoma digestivo, um emagrecimento inexplicável, algo que está associado ao trato digestivo, visualizar as fezes pode ajudar o diagnóstico” diz Luciana Lobato, gastroenterologista. (Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao) EXERCÍCIOS 1. A castanheira (Bertholletia excelsa), também conhecida como castanha-do-Brasil, é a mais famosa espécie de árvore nativa da Amazônia e as maiores concentrações estão na Amazônia Brasileira. Árvore de grande porte, a castanheira chega a atingir até 60 metros de altura e diâmetro, na base, superior a 4 metros. Os frutos, conhecidos como ouriços, são lenhosos e esféricos, atingindo entre 10 e 15 centímetros de diâmetro, pesando até 1,5 kg, e contendo até 25 sementes. Diversas espécies de fauna, incluindo pássaros e mamíferos (como roedores e primatas), utilizam-se dessas sementes para seu alimento, inclusive o homem. A castanha (semente da castanheira) é um alimento muito rico. Quando desidratada, possui cerca de 17% de proteína e seu teor de gordura chega a 67%. (www.greenpeace.org. Adaptado.) A castanha ingerida por uma pessoa deverá passar pela digestão para que as proteínas e lipídios armazenados em seus tecidos possam ser aproveitados. Sobre a digestão dessas substâncias, pode-se afirmar que: A) A boca é o local ideal, pois as enzimas presentes na saliva têm sua maior atividade em meio neutro. B) A digestão das proteínas se inicia no estômago, sendo finalizada no intestino delgado; a digestão dos lipídios ocorre principalmente no intestino delgado. C) A digestão das proteínas se inicia na boca, sendo finalizada no intestino delgado; o fígado produz a bile, substância responsável pela digestão dos lipídios. D) A digestão dos lipídios inicia e termina no estômago devido ao ambiente ácido e propício à ação das lipases, enquanto as proteínas são totalmente digeridas no intestino delgado. E) As proteínas serão totalmente digeridas no estômago, liberando os aminoácidos devido ao meio ácido proporcionado pelo HCl; os lipídios serão digeridos a partir do duodeno sob a ação da bile. 2. “A passagem do colesterol do fígado para a bile deve ser acompanhada pela secreção simultânea de fosfolipídeos e sais biliares. Se a secreção conjunta desses lipídeos for prejudicada e entrar bile mais colesterol do que pode ser solubilizado pelos sais biliares e lecitina, o colesterol precipita na vesícula biliar, iniciando a colelitíase – ou a formação das chamadas pedras de colesterol na vesícula. Essa doença é causada pela diminuição dos ácidos biliares na bile, que pode ter origem: 1) na deficiência de absorção de ácidos biliares no intestino, observada em paciente com doença grave no íleo; 2) na obstrução do trato biliar, com interrupção da circulação entero-hepática…” (Fonte: CHAMPE. P. Bioquímica ilustrada. p. 226). A bile é liberada no duodeno a partir da estimulação do hormônio colecistoquinina produzido pelo próprio duodeno. Considerando que uma determinada pessoa não libere bile no duodeno isso poderá acarretar: A) Dificuldade na digestão de lipídios, uma vez que a bile emulsifica gorduras facilitando a ação da lípase pancreática. B) Dificuldade na digestão de lipídios, uma vez que a bile possui enzimas que digerem gorduras. C) Dificuldade em manter o pH ácido no duodeno, uma vez que a acidez acelera a quebra de lipídios. D) Dificuldade na secreção de enzimas pancreáticas, uma vez que, se a bile não é liberada, não há estimulação para liberar suco pancreático. E) Retardo na digestão de proteínas que dependem das enzimas biliares para serem digeridas. 3. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 500 milhões de pessoas sofrem de obesidade. A cirurgia bariátrica tem sido utilizada no tratamento da obesidade mórbida, que acomete pessoas com o índice de massa corporal (IMC) superior a 40. Uma das técnicas desse tipo de cirurgia é denominada de Capella, que liga o estômago ao fim do intestino delgado. Qual das alternativas abaixo apresenta justificativa correta quanto ao procedimento denominado Capella? A) O alimento que chega ao intestino já foi completamente digerido no estômago. B) Ao se diminuir o percurso no intestino delgado, limita-se a absorção dos alimentos que acontece principalmente nessa região. C) A ação do suco pancreático é otimizada pelo menor tamanho do intestino delgado. D) A proximidade com o intestino grosso promoverá uma maior recuperação d’água no bolo alimentar e consequentemente maior sensação de saciedade. E) A absorção de carboidratos no estômago é preservada, no entanto a absorção no intestino grosso é eliminada. 4. Gastrite é uma inflamação, aguda ou crônica, da mucosa que reveste as paredes internas do estômago, causando muitas vezes dores com diferentes intensidades aos pacientes. Diferentes fatores estão associados à sua causa. A mastigação de chiclete (goma de mascar), principalmente em jejum, potencializa tal inflamação, pois estimula a liberação de: A) HCO3 – na cavidade estomacal. B) Suco entérico pela parede estomacal. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao 7 C) Bile na cavidade estomacal. D) Suco pancreático pela parede estomacal. E) HCl pela parede estomacal. 5. Enzimas digestivas produzidas no estômago e no pâncreas foram isoladas dos respectivos sucos e usadas no preparo de um experimento, conforme mostra o quadro abaixo. TUBO 1 TUBO 2 TUBO 3 TUBO 4 Arroz, clara de ovo, óleo de milho e água Arroz, clara de ovo, óleo de milho e água Arroz, clara de ovo, óleo de milho e água Arroz, clara de ovo, óleo de milho e água Extrato enzimático do estômago Extrato enzimático do estômago Extrato enzimático do pâncreas Extrato enzimático do pâncreas pH = 2 pH = 8 pH = 2 pH = 8 Decorrido certo tempo, o conteúdo dos tubos foi testado para a presença de dissacarídeos, peptídeos, ácidos graxos e glicerol. Esses quatro tipos de nutrientes devem estar: A) presentes no tubo 1. B) presentes no tubo 2. C) presentes no tubo 3. D) presentes no tubo 4. E) ausentes dos quatro tubos. 6. “Quando os alimentos passam para o esôfago, uma espécie de tampa de cartilagem fecha a traqueia. Com a idade, a perda progressiva do tônus muscular leva a um fechamento menos perfeito, aumentando o risco da entrada de alimentos líquidos ou sólidos na traqueia”. (Adaptado de Scientif American – Brasil, no 4, setembro de 2002). Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta o nome correto dessa tampa protetora do tubo respiratório, e a condição que justifica sua existência. A) Glote, em função de a boca ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório como do respiratório. B) Proglote, em função de o esôfago ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório como do respiratório. C) Epiglote, em função de a faringe ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório como do respiratório. D) Glote, em função de a faringe ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório como do respiratório. E) Epiglote, em função da laringe ser um órgão comum de passagem tanto do aparelhorespiratório como do digestório. 7. A celulose é um carboidrato, um polissacarídeo de origem vegetal e com função estrutural. É um dos componentes presentes em todos os alimentos de origem vegetal. Os seres humanos não são capazes de digerir as fibras de celulose, porém elas são importantíssimas pois: A) fornecem energia para o corpo. B) formam estruturas esqueléticas importantes. C) são fontes de vitaminas. D) facilitam a formação e eliminação das fezes. E) são importantes para o crescimento. 8. No esquema a seguir, estão representados 4 tubos de ensaio com os seus componentes. O material retirado de determinado órgão do rato foi adicionado aos tubos de ensaio e após 1 hora, a 38°C, verificou- se que apenas no tubo III ocorreu digestão de gordura. Assinale a alternativa que indica, respectivamente, de qual órgão do rato foi retirado o material adicionado aos tubos e qual enzima digestiva participou no processo. A) Intestino delgado e tripsina. B) Vesícula biliar e lipase. C) Intestino delgado e quimotripsina. D) Vesícula biliar e amilase. E) Intestino delgado e pepsina. 9. A dieta alimentar de João é basicamente de carne magra; a de José é basicamente de hidratos de carbono; a de Jovino é a mais gordurosa das três. Considerando que o tempo de esvaziamento completo do estômago depende do tipo de refeição, o tempo é maior, intermediário e menor, respectivamente, em: A) João, José e Jovino. B) José, Jovino e João. C) José, João e Jovino. D) Jovino, José e João. E) Jovino, João e José. 10. O gráfico abaixo mostra três curvas, cada uma correspondente à velocidade de reação de uma enzima digestiva, em função do pH do meio. Assinale a alternativa compatível com a análise do gráfico: A) A enzima I poderia ser a pepsina e a III, a tripsina. B) A enzima I poderia ser a ptialina e a II, a pepsina. C) A enzima I tem atuação no duodeno. D) A enzima II tem atuação no estômago. E) A enzima III pode exibir atividade máxima no estômago e no duodeno. 11. Um pedaço de carne foi colocado em um tubo de ensaio com uma solução aquosa das enzimas que normalmente agem no estômago. O tubo foi mantido à temperatura de 38oC. Qual das seguintes medidas provocaria a aceleração da digestão? A) Reduzir a concentração da solução enzimática. B) Reduzir a temperatura até cerca de 20oC. C) Elevar a temperatura até cerca de 90oC. D) Acrescentar HCl à solução contida no tubo de ensaio. E) Adicionar lipase à solução contida no tubo de ensaio. 12. Ao mastigarmos uma bolacha de água e sal, observamos que ela vai apresentando um sabor de cada vez mais adocicado, devido: A) à liberação dos aminoácidos, pela ação das peptidases. B) à ação da amilase salivar sobre o amido, com consequente liberação de maltose, glicose e oligossacarídeos. C) à transformação do glicogênio em monossacarídeos. D) ao sabor bastante adocicado da molécula de amido. E) à ação da amilase salivar sobre a maltose, com consequente liberação de glicose. Gabarito 1.B; 2.A; 3.B; 4.E; 5.D; 6.C; 7.D; 8.B; 9.E; 10.A; 11.D; 12.B https://djalmasantos.files.wordpress.com/2010/11/222.jpg https://djalmasantos.files.wordpress.com/2010/11/222.jpg
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