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CONTRATOS MERCANTIS

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CONTRATOS MERCANTIS
 
1. NOÇÕES GERAIS
Contrato é um negócio jurídico celebrado entre duas ou mais pessoas, em virtude do qual são exigíveis obrigações ou prestações. Instrumento é o documento comprobatório do contrato.
Dois princípios regem a constituição do vínculo contratual:
- o consensualismo (o contrato é uma convergência de vontades entre os contratantes);
- e a relatividade (o contrato gera efeitos apenas entre as partes).
Todo contrato tem, implicitamente, cláusula de irretratabilidade (não existe possibilidade de dissolução total do vínculo por simples vontade de uma das partes), intangibilidade (impossibilidade de alteração unilateral das condições, prazos, valores e demais cláusulas) e exceptio non adimpleti contractus (cláusula resolutiva tácita em que uma parte não pode exigir o cumprimento do contrato pela outra se estiver em mora em relação à sua própria prestação).
Além dessas, a teoria da imprevisão defende a cláusula rebus sic stantibus, que prescreve a revisão das condições em contratos comutativos (em que há equilíbrio entre vantagem e contraprestação), em virtude de alteração da situação econômica que torna o contrato excessivamente oneroso a um dos contratantes, em decorrência de fatores imprevisíveis e independentes de sua vontade.
A dissolução contratual está relacionada com causas posteriores à constituição do contrato, ou seja, a inexecução (resolução, opera retroativamente ) e a vontade das partes (resilição, não opera efeitos retroativos ). A doutrina aceita uma terceira forma de dissolução chamada rescisão, quando uma pessoa contrata em condições acentuadamente desvantajosa (contrato leonino), originando o vício de consentimento chamado lesão.
2. CONTRATO MERCANTIL
Contrato mercantil é aquele celebrado entre empresários, ou ainda, ambos os contratantes exercem atividade empresarial.
Os contratos mercantis podem classificar-se entre os cíveis ou os sujeitos ao CDC (Código de Defesa do Consumidor), dependendo das condições dos contratantes. Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição econômica (quer dizer, ambos podem contratar advogados e outros profissionais antes de assinarem o instrumento contratual, de forma que, ao fazê-lo, estão plenamente informados sobre a extensão dos direitos e obrigações contratados), o contrato é cível; se desiguais (ou seja, um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro), o contrato será regido pelo CDC.
3. CONTRATO DE COMPRA E VENDA MERCANTIL
Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes obriga-se a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Regulamentando esses contratos, temos o Código Civil, se ambos os contratantes foram empresários, caso contrário serão aplicadas as regras do Código de Defesa do Consumidor.
A compra e venda considerar-se-ão obrigatórias e perfeitas, desde que as partes acordem no objeto e no preço.
No que diz respeito ao objeto, pode tratar-se de bem imóvel, móvel ou semovente. A compra e venda podem ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato, se esta não vier a existir.
Com relação ao preço, este deverá, necessariamente, ser pago em dinheiro, senão caracteriza-se outra espécie contratual.
Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. As partes podem fixar o preço em razão de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da transferência.
Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
Em razão da possibilidade dos contratantes estabelecerem disposições diversas quanto às despesas e responsabilidades pelo transporte das mercadorias, bem como, com a expansão das transações internacionais, a Câmara de Comércio Internacional (CCI) criou regras para administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais firmados entre exportadores e importadores, concernentes à transferência de mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à responsabilidade sobre perdas e danos.
A CCI instituiu, em 1936, os INCOTERMS (International Commercial Terms). Os Termos Internacionais de Comércio, inicialmente, foram empregados nos transportes marítimos e terrestres e, a partir de 1976, nos transportes aéreos.
Está em vigor desde 01.01.2000 o Incoterms 2000, que leva em consideração o recente crescimento das zonas de livre comércio, o aumento de comunicações eletrônicas em transações comerciais e mudanças nas práticas relativas ao transporte de mercadorias.
Responsabilidades das Partes
Os principais efeitos da compra e venda são: gerar obrigações recíprocas entre as partes – para o vendedor, de entregar o bem, e para o comprador, de pagar o preço –, além de acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção. Os vícios redibitórios verificam-se quando o bem entregue não corresponde às especificações acordadas entre as partes. Por evicção se entende o dever de defender em juízo a venda perante terceiros reivindicantes do objeto do contrato. Esse dever inexiste se o comprador tinha ciência da reivindicação e assumira o risco correspondente.
Se o comprador não pago o preço acordado entre as partes, responde pelo valor devido, acrescido das perdas e danos ou da pena compensatória e demais encargos assumidos. Se o devedor que não cumpre o seu dever de entregar a coisa, o comprador somente terá o direito à indenização por perdas e danos.
As despesas pela escritura ficam a cargo do comprador, e as decorrentes da tradição ficam a cargo do vendedor, salvo estipulação em contrato. Assim, deverá o vendedor arcar com as despesas e riscos decorrentes do transporte e da entrega do bem.
 
4. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO
 
Os contratos de colaboração têm sido desenvolvidos pelo comércio com vistas ao fornecimento de bens ao mercado consumidor. São eles a comissão, a representação comercial, a concessão mercantil, a franquia e a distribuição.
Definem-se por uma obrigação particular, que um dos contratantes (“colaborador”) assume, em relação aos produtos ou serviços do outro (“fornecedor”), a de criação ou ampliação de mercado. Em termos concretos, o colaborador se obriga a fazer investimentos em divulgação, propaganda, manutenção de estoques, treinamento de pessoal e outros destinados a despertar, em consumidores, o hábito de adquirir os produtos ou serviços do fornecedor.
No contrato de compra e venda mercantil o comprador não tem, perante o vendedor, no contrato de fornecimento, a obrigação de criar mercado para a coisa comprada.
Os contratos de colaboração não tem caráter pessoal e sim empresarial, pois estão relacionados com a organização da própria atividade de distribuição.
 
4.1. Comissão
 
Comissão mercantil é o vínculo contratual em que um empresário (comissário) se obriga a realizar negócios mercantis por conta de outro (comitente), mas em nome próprio, assumindo, portanto, perante terceiros responsabilidade pessoal pelos atos praticados. O comissário concretiza transações comerciais do interesse do comitente, mas este não participa dos negócios, podendo até permanecer incógnito.
Trata-se de contrato normalmente empregado em operações nas quais o comprador ou vendedor de mercadorias prefere não ser conhecido. Nem sempre convém aoempresário que se saiba do seu interesse em comprar ou vender certo bem. Há casos, por exemplo, em que o preço da coisa pode crescer, e muito, quando o vendedor sabe que o interessado é um grande empresário.
Perante o comitente, o comissário tem a obrigação de observar as instruções expendidas, bem como zelar pelos bens a ele confiados, agindo com diligência e lealdade e prestar contas do movimento econômico do contrato. Perante o terceiro, o comissário tem todas as obrigações decorrentes do contrato realizado, pois não existe qualquer relação jurídica entre aquele e o comitente.
O comissário tem direito a uma remuneração pelos seus serviços, denominada “comissão”. Ela varia de acordo com o valor e natureza do negócio a ser praticado.
 
4.2. Representação Comercial
 
A representação comercial é o contrato pelo qual uma das partes (representante comercial autônomo) se obriga a obter pedidos de compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pela outra parte (representado). O representante comercial não tem poderes para concluir a negociação em nome do representado. Cabe a este aprovar ou não os pedidos de compra obtidos pelo representante.
Não existe vínculo de emprego entre eles. A subordinação tem caráter exclusivamente empresarial. O representante comercial autônomo é um comerciante, pessoa física ou jurídica. Deve registrar-se no órgão profissional correspondente, o Conselho Regional dos Representantes Comerciais. Se for pessoa jurídica deve ser registrado também na Junta Comercial.
São obrigações do representante comercial autônomo: a) obter pedidos de compra e venda, ajudando o representado a expandir seu negócio; b) observar, se prevista, a cota de produtividade, ou seja, o número mínimo de pedidos a cada mês; c) seguir as instruções fixadas pelo representado; d) informar o representado sobre o andamento dos negócios; e) observar as obrigações profissionais e f) respeitar a cláusula de exclusividade de representação, se expressamente pactuada.
São obrigações do representado: a) pagar a retribuição devida ao representante e b) respeitar a cláusula de exclusividade de zona, pela qual lhe é obstado vender os seus produtos em uma determinada área delimitada em contrato.
 
4.3. Concessão Comercial
 
Neste contrato o empresário (concessionário) se obriga a comercializar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os produtos fabricados por outro empresário (concedente).
A lei somente disciplina a concessão comercial referente ao comércio de veículos automotores terrestres, como automóveis, caminhões, ônibus, tratores, motocicletas e similares.
São obrigações dos concedentes: a) permitir, gratuitamente, o uso de suas marcas pelo concessionário; b) vender ao concessionário os veículos de sua fabricação, na quantidade prevista em cota fixada; c) observar, na definição da área operacional de cada concessionária, distâncias mínimas segundo o critério de potencial de mercado e d) não vender, diretamente, os veículos de sua fabricação na área operacional de uma concessionária, salvo à Administração Pública, direta ou indireta, ao Corpo Diplomático ou a clientes especiais.
São obrigações dos concessionários: a) respeitar a cláusula de exclusividade, se houver; b) observar o índice de fidelidade para a aquisição de componentes que vier a ser estabelecido, de comum acordo com os demais concessionários e concedente, na Convenção de Marca; c) comprar do concedente os veículos na quantidade prevista na cota respectiva, sendo-lhe facultativo limitar o seu estoque e d) organizar-se, empresarialmente, de forma a atender os padrões determinados pelo concedente, para a comercialização dos veículos e para a assistência técnica dos consumidores.
O concessionário pode comercializar livremente os acessórios, pois a lei cogita atualmente fidelidade apenas para os componentes. Os preços dos veículos ao consumidor são fixados pelo concessionário e não mais pelo concedente.
 
4.4 Franquia (Franchising)
A franquia é um contrato pelo qual um comerciante (franqueador) licencia o uso de sua marca a outro (franqueado) e presta-lhe serviços de organização empresarial, com ou sem a venda de produtos. Com este contrato uma pessoa com algum capital pode estabelecer-se comercialmente, sem precisar proceder ao estudo e equacionamento de muitos dos aspectos do empreendimento, pois o titular oferece-lhe subsídios  indispensáveis à estruturação do negócio.
Consiste na conjugação de dois contratos: o de licenciamento de uso de marca e o de organização empresarial. Ambas as partes têm vantagens, o franqueado já se estabelece negociando produtos ou serviços já trabalhado junto ao público consumidor, através de técnicas de marketing testadas e aperfeiçoadas pelo franqueador; e este pode ampliar a oferta da sua mercadoria ou serviço, sem novos aportes de capital.
Os serviços de organização empresarial que o franqueador presta ao franqueado são, geralmente, os decorrentes de três contratos, que podem ser tratados automaticamente. Primeiro o contrato de engineering, pelo qual o franqueador define, projeta ou executa o layout do estabelecimento do franqueado. Em segundo lugar, o management, relativo ao treinamento dos funcionários do franqueador e à estruturação da administração do negócio. Por fim, o marketing, pertinente às técnicas de colocação de produtos ou serviços junto aos seus consumidores, envolvendo estudos de mercado, publicidade, vendas promocionais, lançamento de novos produtos ou serviços etc.
Embora a lei discipline determinados aspectos da franquia, não as tornou modalidade de contrato típico.
São encargos dos franqueados: a) o pagamento de uma taxa de adesão e de um percentual do seu faturamento; b) o pagamento pelos serviços de organização empresarial fornecidos pelo franqueador; c) a obrigação de oferecer aos consumidores apenas os produtos ou serviços da marca do franqueador e d) observar, estritamente, as instruções e o preço de venda ao consumidor estabelecidos pelo franqueador.
São obrigações dos franqueadores: a) permitir ao franqueado o uso de sua marca e b) prestar os serviços de organização empresarial.
 
4.5. Distribuição
A criação, consolidação ou ampliação de mercados, através da colaboração empresarial, podem resultar de atos do colaborador de aproximação ou de intermediação. No primeiro o colaborador identifica pessoas interessadas em adquirir (e, no caso da comissão, também vender) produtos do outro empresário contratante; no segundo, ele mesmo adquire os produtos (e, no caso da franquia, também serviços) do outro contratante e os oferece de novo ao mercado.
A distribuição-aproximação é contrato em que um dos empresários (distribuidor) se obriga a promover, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a realização de certos negócios por conta de outro empresário (proponente), em zona determinada e tendo sob sua posse as mercadorias a serem vendidas. Se faltar à distribuição-aproximação o último requisito, o contrato é denominado “agência).
A distribuição-aproximação e a agência são contratos típicos, regidos no Código Civil de 2002 e sujeitos às mesmas regras.
Na distribuição-aproximação, o distribuidor ou agente são remunerados por um percentual dos negócios que ajudam a realizar (a “comissão”). A obrigação principal do proponente é a de pagar a comissão, podendo o contrato condicioná-la ao efetivo pagamento do preço pelo terceiro adquirente das mercadorias. A obrigação principal que distribuidor ou agente assumem é a de encontrar interessados em adquirir os produtos do proponente e, encontrando-os, receber deles o pedido de compra.
Por outro lado, a distribuição-intermediação é contrato atípico, não disciplinado na lei. É o celebrado entre distribuidoras de combustível e os postos de abastecimento de suas bandeiras, entre fábrica de cerveja e atacadistas zonais etc. Caracteriza-se pela obrigação que um empresário (distribuidor) assume, perante o outro (distribuído), de criar, consolidar ou ampliar o mercado dos produtos deste último, comprando-os para revender.Quando presente esta última característica no contrato de colaboração, não se aplicam as normas do Código Civil de 2002 sobre agência ou distribuição-aproximação, porque nem sempre são estas inteiramente compatíveis com sua estrutura e função econômica.
 
5. SEGURO
O seguro é o contrato em que a sociedade seguradora se obriga, mediante o pagamento do prêmio, á garantir interesse legitimo do segurado, contra riscos predeterminados. Esta garantia se materializa, em pagar ao segurado, ou a terceiros beneficiários, determinada quantia, caso ocorra evento futuro e incerto.
Trata-se, de instrumento de socialização de riscos, os segurados contribui para a instituição de um fundo, destinado a cobrir os prejuízos que alguns dele provavelmente irão sofrer. Pela atividade securitária, estes prejuízos previsíveis não são suportados individualmente, apenas pelo titular do interesse diretamente atingido, mas são distribuídos entre diversos segurados. Esta característica é denominada mutualidade.
Há duas espécies de seguro: o de dano (ramos elementares) e o de pessoas (vida ou acidentes pessoais com morte).  
 
5.1. Sistemas Nacional de Seguros Privados
O Sistema Nacional de Seguro Privado é integrado pelo Conselho Nacional de Seguro Privado(CNSP), pela Superintendência de Seguros Privado(SUSEP), pelo IRB Brasil Reeseguros S.A., pelas sociedades seguradoras e pelos corretores.  
O CNSP (Conselho Nacional de Seguro Privado) incube de traçar a política geral de seguros, funcionamento e fiscalização das seguradoras, fixar as características gerais dos contratos de seguro, aplicar sanções legais, normatizar as operações securitárias.
A SUSEP (Superitendência de Seguros Privados) é voltado à política definida pelo CNPS. A SUSEP é o órgão regulamentador, autoriza e fiscaliza a atuação das companhias de seguro e das corretoras de seguro. Nenhuma empresa poderá atuar no ramo de seguros sem a devida autorização da SUSEP.
O IRB Brasil Resseguros S.A é uma sociedade de economia mista com capital representado por ações titularizadas, metade pela união e metade pela seguradoras. O IRB é o órgão ressegurador. As empresas seguradoras têm liberdade de agir até o seu Limite Técnico. O que exceder esse limite deve ser ressegurado. (É o seguro do seguro).
As Seguradoras devem estar autorizadas pelo governo federal. Admitem-se como seguradora apenas sociedades anônimas e cooperativas, sendo que as cooperativas devem operar com seguros agrícolas ou de acidente de trabalho.
Os fundadores de sociedade seguradora devem requerer a autorização para funcionamento no CNSP, depois devem comprovar junto á SUSEP, nos 90 dias seguintes o atendimento das formalidades de constituição e de eventuais exigências. Na seqüência será expedita a carta - patente. A sociedade não pode falir, a pedido de credor, deve possuir o capital mínimo estipulado pelo CNSP e a alteração de seu estatuto só terá eficácia após a aprovação pelo governo federal.
Os corretores de Seguro são pessoas físicas ou jurídicas. O exercício desta profissão é fiscalizado pela SUSEP, que procede á habilitação e registro dos corretores.
 
5.2. Natureza do Contrato de Seguro
O seguro é contrato de adesão, comutativo e consensual.
De acordo com o Direito Comercial, o Contrato de Seguro representa a obrigação do segurador, cobrir o risco do segurado, e do segurado, pagar ao segurador, um prêmio. Caso ocorra um sinistro, haverá a indenização ao segurado, de acordo com os limites e demais condições estabelecidos na apólice.
De acordo com a classificação do Direito Civil, podemos classificar o Contrato de Seguro, face a sua natureza jurídica como: bilateral, oneroso, aleatório, formal, nominado, de adesão.
a) Bilateral
Porque obriga as partes: o segurado e o segurador. Se uma não cumprir uma sua obrigação no Contrato, desobriga a outra. O contrato de Seguro é regido por cláusulas e demais condições contratuais estabelecidas entre as partes contratantes, e é inserido na apólice, instrumento que efetiva o negócio jurídico do seguro.
b) Oneroso
Porque implica desembolsos para as partes: segurado (paga o prêmio) e segurador (paga a indenização e outras despesas). As vantagens econômicas é que o segurado transfere o risco ao segurador desembolsando o prêmio e o segurador, por sua vez, indeniza nos casos de ocorrência de riscos previstos e cobertos, além de efetuar desembolsos de ordem administrativa e operacional.
c) Aleatório
Porque o segurador assume a obrigação de indenizar o segurado por um evento (risco) futuro que pode ou não acontecer.
d) Formal
Pode ser na medida em que para prova, a lei obriga a que esteja formalizado, na apólice ou no bilhete de seguro. Há, no entanto, correntes que o consideram simplesmente consensual, considerando que as formalidades em questão são decorrentes do acordo de vontades. Esta segunda corrente tende a evoluir na medida em que, cada vez mais, são simplificados os instrumentos do contrato de seguro e em razão da aceitação de outros meios de prova, admitidos na realização do mesmo.
e) Nominado
Porque é estabelecido por lei. Os elementos jurídicos do contrato de seguro são regulamentados pelo Código Civil, Código Comercial e o Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
f) De adesão
O segurado adere as condições da apólice, que são padronizadas e aprovadas pelos órgãos públicos encarregados da legislação e regulação dos seguros. As condições gerais e especiais, são impressas na apólice. Já as condições especiais ou modificações posteriores ao contrato de seguro, constam em alterações em instrumentos chamados aditivos ou endossos.
 
5.3. Obrigações das Partes
Celebrando o seguro, a seguradora assume a obrigação de garantir o interesse do segurado contra os ricos indicados em contrato.
Juridicamente, o prêmio é considerado a principal obrigação do segurado. Sem o pagamento do prêmio não se pode exigir que a seguradora cumpra suas obrigações estipuladas no contrato de seguro, dentre elas a de indenizar quando da ocorrência do sinistro. O contrato deve fixar datas de pagamento, o atraso desta obrigação tem por conseqüência, a fluência de juros e correção monetária previstos em contrato. Caso ocorra o sinistro e o segurado estiver em mora  no pagamento do prêmio, ele não pode cobrar da seguradora o pagamento do valor previsto em contrato, pois não terá direito de receber.  
Não agravar o risco. Pela análise do risco apresentado na proposta de seguro, a seguradora calcula e cobra o prêmio na proporção do risco que aceitou. Desta maneira, o agravamento do risco prejudica a seguradora. O agravamento do risco por culpa do segurado desobriga a seguradora do pagamento da indenização.
O segurado não pode praticar qualquer ato ilícito porquanto acarreta a nulidade do contrato e a perda do direito indenizatório, como prevê o artigo 1436 do Código Civil.
O segurado deve comunicar à seguradora qualquer agravamento do risco por terceiros ou independente da vontade do segurado, para que sejam tomadas as providências necessárias à proteção dos bens em risco.
Deve ser comunicado a seguradora a existência de seguros já existentes.
 
5.4. Seguro de Dano
O seguro de dano, também chamado de ramos elementares, tem por objetivos o interesse relacionados a patrimônio, obrigações, saúde e integridade físicas do segurado. O segurado contrata a seguradora a recomposição de seu patrimônio, caso venha a ser atingido por sinistro. A liquidação do seguro não pode ser meio de enriquecimento, mas apenas reposição de perdas.  
 
5.5. Seguro de Pessoa
O objetivo é garantir ao segurado ou a seus beneficiários, o pagamento de uma indenização em decorrência de um acidente pessoal sofrido pelo segurado, que gere a morte ou invalidez permanente total ou parcial, ou ainda tenha necessidade de se submeter a tratamento médico em função do acidente.
 
5.6. Seguro-Saúde
Há duas modalidades de plano privado de assistência à saúde. A primeira é a contratada com operadora de plano de assistência à saúde que presta, diretamente ou por terceiros, serviços médicos hospitalares ou odontológicos aos seus consumidores.A Segunda é o seguro-saúde, em que a operadora não presta serviço desta natureza aos seus consumidores, mas, como seguradora, oferece-lhes a garantia contra riscos associados à saúde.
Nas duas modalidades, a operadora deve administrar empresarialmente os recursos de que têm a disponibilidade com vistas a manter-se em condições econômicas, financeiras e patrimoniais aptas ao pleno atendimento das obrigações contraídas perante os consumidores. Essa atividade empresarial é fiscalizada pelo governo, através de uma autarquia especializada, a Agência Nacional de Saúde.
 
5.7. Capitalização
Capitalização é o contrato pelo qual uma sociedade anônima, especificamente autorizada pelo governo federal a operar com este gênero de atividade econômica, se compromete, mediante contribuições periódicas do outro contratante, a pagar-lhe importância mínima ao término de prazo determinado. Firma-se cláusula contratual com a previsão de prêmios ou de antecipação do pagamento do capital a contratantes sorteados.
É a essência econômica do contrato de capitalização a poupança do contratante que, ao se obrigar perante a sociedade pelas prestações periódicas, acaba forçando-se a economizar uma certa parte de sua renda. No prazo do contrato, ele terá direito à restituição do capital poupado, ou parte deste, acrescido dos consectários no título.
 
6. CONTRATO DE TRANSPORTE
 
6.1 Definição
Transporte é contrato pelo qual uma parte se obriga a levar coisa ou pessoas de um local a outro mediante uma retribuição previamente estabelecida.
 
6.2 Partes
Aquele que recebe as coisas ou pessoas se denomina transportador. A pessoa transportada se denomina se denomina passageiro ou viajante e aquele que entrega as coisas para o transporte se chama expedidor.
Não é parte contratante o eventual destinatário das coisas transportadas, a não ser que seja ele próprio expedidor.
 
6.3 Objeto
O transporte pode ser de pessoas ou de coisas. Estas animadas ou inanimadas.
 
6.4 Natureza Jurídica
No Contrato de Transporte uma das partes, o transportador, obriga-se a deslocar de um lugar para o outro pessoas ou coisas, mediante o pagamento de um preço. Assim, o Contrato de Transporte é:
· Bilateral ou Sinalagmático – pois gera obrigações para ambas as partes;
· Consensual – porque se aperfeiçoa com simples acordo de vontades;
· Oneroso – porque as partes buscam vantagens recíprocas, o destino para a coisa ou para o passageiro e preço para o transportador;
· Típico – porque previsto no CC de 2002;
· De duração – pois sua execução não se limita em um só ato ou instantaneamente, necessitando sempre de um lapso temporal para ser cumprido;
· Comutativo – porque as partes conhecem as obrigações respectivas de
início, não dependendo de evento futuro ou incerto;
· Não solene – porque não depende de forma prescrita para ser concluído.
 
6.5 Espécies
O transporte pode ser:
· De pessoas;
· De coisa, sentido amplo, incluindo de animais.
Conforme o meio empregado, o transporte pode ser terrestre (rodoviário e ferroviário), aquático (marítimo, fluvial, lacustre) e aéreo.
O transporte de pessoas ou coisas diferencia-se pela natureza do objeto do contrato, uma vez que a finalidade é sempre a mesma, deslocação de um local para outro.
 
6.6 Obrigação do transportador
O transportador se obriga a conduzir as pessoas ou coisas de um lugar para o outro, conforme o combinado, com todo o zelo e segurança.
Responde por todos os danos causados aos passageiros ou mercadorias. No caso, há inversão do ônus da prova da culpa, ou seja, o transportador se presume culpado, cabendo a ele provar sua inocência.
Evidentemente não de pode considerar válida cláusula que isente o transportador de suas responsabilidades.
 
6.7 Obrigação do passageiro ou expedidor
A principal obrigação do passageiro ou do expedidor é remunerar o transportador, conforme o haja sido combinado. Além disso, caberá ao passageiro postar-se com decência e educação, além de contribuir no que puder, para que o transportador desempenhe bem seu dever.
Quanto ao expedidor, pode ser que lhe incumba embalar as mercadorias adequadamente. Mas essa poderá ser obrigação do transportador.
 
6.8 Obrigação do destinatário
O destinatário é o credor das mercadorias. Pode ser o próprio expedidor ou terceiro beneficiário quando, então, estipulação em favor de terceiro, em outras palavras, se o destinatário for terceiro beneficiário, teremos estipulação do expedidor com o transportador em favor de terceira pessoa, o beneficiário.
Ao destinatário poderá caber o pagamento do transporte. Deverá, por outro lado, receber a mercadoria no tempo e local combinados, sob pena de ter que arcar com ônus da armazenagem.
 
7. CONTRATOS BANCÁRIOS
Não há unanimidade entre os autores para a conceituação de contratos bancários. Para Fabio Ulhoa, “contrato bancário é aquele em que uma das partes é, necessariamente, um banco”.
Isto é, se a função econômica do contrato está relacionada ao exercício da atividade bancária, ou, dizendo o mesmo de outro modo, se o contrato configura ato de coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, então somente uma instituição financeira devidamente autorizada pelo governo poderá praticá-lo. Neste caso, o contrato será definido como bancário.
Os contratos bancários podem ser classificados em típicos, quando se realizam para o cumprimento da função essencial dos bancos (operação de crédito), e se subdividem em ativos e passivos, conforme assuma o banco, respectivamente, a posição de credor ou devedor da obrigação principal. São atípicos os que o banco realiza para prestação de serviços (locação de cofres).
Ressalte-se que a maioria das operações de crédito oferecidas pelas instituições bancárias está regida pelo Código de Defesa do Consumidor.
Alguns dos principais contratos bancários:
 
7.1. CONTRATO DE DEPÓSITO: consiste na entrega de valores mobiliários a um banco, que se obriga a restituir quando solicitado. Segundo Fabio Ulhoa, “a relação entre o cliente e o banco, nesse contrato, é de verdadeira fidúcia”. O depósito pode ser a vista, com ou sem pré-aviso, ou a prazo fixo, remunerado ou não. Caracteriza-se por ser um contrato real (somente se concretiza com a entrega do numerário ao depositário), regulado pelas normas do mútuo (art. 645 do Código Civil).
 
7.2. CONTA CORRENTE: é o contrato pelo qual o banco recebe numerário do correntista ou de terceiros e se obriga a efetuar pagamentos por ordem do cliente, pela utilização daqueles recursos, com ou sem limite de crédito. Ao contrário do contrato de depósito, que é real, o contrato de conta corrente é consensual, que se estabelece mediante o simples acordo de vontade.
 
7.3. APLICAÇÃO FINANCEIRA: consiste na autorização dada pelo depositante ao banco para que os recursos nele depositados sejam aplicados no mercado de capitais (compra de ações, de títulos da dívida pública etc.), o que é feito de acordo com a escolha do banco, no que não se confunde com o mandato ou da corretagem.
 
7.4. MÚTUO BANCÁRIO: afirma o artigo 586 do Código Civil: “o mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade”. Coisas fungíveis são os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. O mútuo bancário é contratado por um banco e tem por objeto a prestação de certa quantia. É um contrato real porque somente existe com a entrega da coisa. É oneroso, pois supõe o pagamento de juros. No mútuo, a propriedade do bem se transfere ao mutuário, correndo por sua conta o risco da coisa. Assim, o que depois é entregue ao mutuante não é o bem dele recebido, mas outro, o seu equivalente.
 
7.5. DESCONTO BANCÁRIO: contrato que tem por objeto a antecipação de um crédito. O banco antecipa ao correntista um valor correspondente a um crédito que este possui com terceiro. Obviamente que o banco, ao efetuar o desconto, realiza a cobrança relativa a taxas e juros. Assim, o cliente transfere ao banco o seu crédito perante terceirose recebe uma quantia equivalente, deduzidas as taxas, despesas, juros, comissões e outros.
 
7.6. ABERTURA DE CRÉDITO: por meio deste contrato, a instituição bancária coloca à disposição do correntista uma certa quantia de dinheiro, que pode ou não utilizá-la. É costumeiramente chamado de “cheque especial”, e o cliente só pagará juros e encargos, se efetivamente utilizar o crédito disponível.
Fábio Ulhoa cita como contratos bancários impróprios: a alienação fiduciária (o proprietário de um bem – fiduciante – aliena em confiança a outrem, que se obriga a devolvê-lo, se ocorrerem certas condições, contrato regulado pela Lei no 4.728/65, art. 66, hoje com a redação do Decreto-lei no 911/69 e o acréscimo da MP no 2.160-25, de 23.8.2001. Caracteriza-se por permitir a alienação extrajudicial do bem e a prisão civil do fiduciante, equiparado ao depositário infiel); o factoring (fomento mercantil); o leasing (arrendamento mercantil, com a possibilidade de o locatário optar pela compra do bem locado; Lei no 6.099, de 12/9/1974; Regulamento anexo à Res. no 2.309, de 28/8/1996); o cartão de crédito, em que a administradora emite o cartão e se obriga a pagar o débito do titular do cartão ao fornecedor da mercadoria ou do serviço, podendo o titular obter financiamento para o pagamento à administradora, situação em que se caracteriza uma operação bancária.
Vamos estudar os principais:
 
8. FACTORING (faturização)
Também chamado de “fomento mercantil”, é o contrato em que uma instituição financeira se obriga a realizar a cobrança de devedores de um empresário, garantindo o recebimento desses créditos, prestando assim serviços de administração de crédito, mediante o pagamento de uma remuneração. Atualmente, os empresários são obrigados a realizar as vendas a prazo, e, com este contrato, não suportam os riscos do negócio, pois o faturizador efetua a cobrança e assegura o recebimento dos valores.
São modalidades de contratos de factoring:
a.1) conventional factoring: neste contrato, a empresa antecipa os valores referentes aos créditos recebidos ao cliente;
a.2) maturity factoring: a faturizadora paga os valores apenas no vencimento.
 
9. LEASING (arrendamento mercantil)
Negócio realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta. O arrendador tem o dever de comprar o bem indicado pelo arrendatário e transferir-lhe a posse. Ao final do prazo estabelecido no contrato, tem o arrendador o dever de vender o bem ao arrendatário pelo valor previamente convencionado ou recebê-lo de volta. O arrendatário tem a obrigação de pagar as prestações pactuadas, conservar o bem arrendado, respondendo pelos danos que o bem venha a sofrer.
Tipos de contrato de leasing:
Leasing operacional: Feito diretamente pelo fabricante, dispensando o intermediário.
Leasing financeiro: É o leasing propriamente dito com o agente financeiro intermediador.
Lease back: O próprio arrendatário vende o bem e passa a arrendá-lo.
Self leasing: Entre empresas ligadas/coligadas.
 
10. MERCADO DE CAPITAIS/INSTITUICOES FINANCEIRAS/SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
O mercado de capitais é o conjunto de mercados, instituições e ativos ativos Bens e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento. Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira carteira É uma cesta de ativos quaisquer dentro de uma mesma estrutura. Esta estrutura pode ser um fundo, o seu patrimônio pessoal ou mesmo a tesouraria de um banco. do fundo ativos Bens e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento. Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira do fundoque viabiliza a transferência de recursos financeiros entre tomadores (companhias abertas) e aplicadores (investidores) destes recursos. Essa transferência ocorre por meio de operações financeiras que podem se dar diretamente entre companhias e investidores ou através de intermediários financeiros. As operações que ocorrem no mercado de capitais, bem como seus participantes são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As companhias abertas necessitam de recursos financeiros para realizar investimentos produtivos, tais como: construção de novas plantas industriais, inovação tecnológica, expansão da capacidade, aquisição de outras empresas ou mesmo o alongamento do prazo de suas dívidas. Os investidores, por outro lado, possuem recursos financeiros excedentes, que precisam ser aplicados de maneira rentável e valorizar-se ao longo do tempo, contribuindo para o aumento de capital do investidor.
Existem companhias de diferentes portes, com necessidades financeiras variadas. Ao mesmo tempo, investidores podem aplicar com o objetivo de obterem retorno financeiro no curto, médio ou longo prazo, e com diferentes níveis de risco.
Para compatibilizar os diversos interesses entre companhias e investidores, estes recorrem aos intermediários financeiros, que cumprem a função de reunir investidores e companhias, propiciando a alocação eficiente dos recursos financeiros na economia. O papel dos intermediários financeiros é harmonizar as necessidades dos investidores com as das companhias abertas. Por exemplo, uma companhia que necessita captar recursos para investimentos, se desejar fazê-lo através do mercado de capitais, deve procurar os intermediários financeiros, que irão distribuir seus títulos para serem oferecidos a diversos investidores, possibilitando mobilizar o montante de recursos requerido pela companhia.
E como isso acontece? Primeiro, um intermediário financeiro irá orientar a companhia sobre a melhor alternativa de financiamento, isto é, alternativas para que a companhia possa se financiar mediante recursos financeiros de terceiros. Caso a companhia decida pelo mercado de capitais, vários procedimentos jurídicos e administrativos para a abertura do capital serão necessários. O primeiro passo para isso é o registro de companhia aberta junto à CVM. O intermediário financeiro irá pedir o registro em nome da companhia apresentando uma série de documentos que são especificados pela CVM, entre eles os principais atos societários, as últimas demonstrações financeiras, parecer de auditor independente, entre outros.
Uma vez obtido o registro de companhia aberta junto à CVM, a empresa pode, por exemplo, emitir títulos representativos de seu capital, as ações, ou representativos de empréstimos tomados via mercado de capitais, como debêntures e notas comerciais ("commercial papers").
Outros intermediários financeiros, por sua vez, irão oferecer aos investidores, os valores mobiliários emitidos pela companhia aberta. Em geral, os intermediários financeiros se associam, em consórcios, num esforço para vender todos os títulos ou valores mobiliários emitidos pela companhia. A colocação inicial desses títulos ou valores mobiliários se dá no chamado mercado primário, onde as ações e/ou debêntures, por exemplo, são vendidas pela primeira vez e os recursos financeiros obtidos são direcionados para a respectiva companhia.
Finalizada essa primeira etapa, os investidores que adquiriram esses títulos e valores mobiliários podem revendê-los no chamado mercado secundário, onde ocorre a sua negociação entre os investidores.
Os investidores podem negociar diretamente entre si para comprar e vender ações e outros títulos e valores mobiliários. Contudo, na maioria dos casos, essa não é a forma mais eficiente porque implica em altos custos de transação: como encontrar outro investidor interessado numa determinada ação? Como saber qual é o preço justo da ação num determinado momento? Como garantir que outro investidor irá pagar pelas ações ou entregar aquelas que foram negociadas?
Parafacilitar a negociação desses títulos no mercado secundário, foram criadas instituições que têm por objetivo administrar sistemas centralizados, regulados e seguros para a negociação desses títulos. A função básica dessas instituições é proporcionar liquidez liquidez Maior ou menor facilidade de se negociar um título, convertendo-o em dinheiro.aos valores de emissão de companhias abertas, ou seja, possibilitar ao investidor que adquiriu esses títulos vendê-los de forma eficiente e segura. São exemplos destas instituições as bolsas de valores e as entidades administradoras do mercado de balcão organizado. mercado de balcão organizado Ambiente de negociação administrado por instituições auto-reguladoras, autorizadas e supervisionadas pela CVM, que mantêm sistema de negociação (eletrônicos ou não) e regras adequadas à realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, bem como à divulgação das mesmas.
A atuação nas bolsas de valores e nos mercados de balcão, organizado e não organizado, é restrita aos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, dentre estes as instituições financeiras e sociedades corretoras e distribuidoras devidamente autorizadas a funcionar pela CVM e pelo Banco Central do Brasil, que atuam em nome de seus clientes, os investidores, comprando e vendendo ações, debêntures e outros títulos e valores mobiliários emitidos pelas companhias abertas.
As bolsas de valores e as entidades do mercado de balcão organizado têm o status de auto-reguladores, pois são responsáveis por estabelecer diversas regras relativas ao funcionamento dos mercados por elas administrados e à atuação dos intermediários que neles atuam. Ao mesmo tempo, as bolsas de valores e os mercados de balcão organizado são supervisionados pela CVM.
Compreenda as terminologias usadas no Sistema Financeiro
O Sistema Financeiro Brasileiro pode ser entendido como o conjunto de instrumentos, mecanismos e instituições que asseguram a canalização da poupança para o investimento, ou seja, dos setores que possuem recursos financeiros superavitários para os desejam ou necessitam de recursos (deficitários). O Sistema Financeiro Brasileiro é segmentado em quatro grandes "mercados", que são:
• Mercado monetário: é o mercado onde se concentram as operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política Monetária.
• Mercado de crédito: atuam neste mercado diversas instituições financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação de recursos de curto e médio prazo para agentes deficitários que necessitam de recursos para consumo ou capital de giro. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado.
• Mercado de capitais: tem como objetivo canalizar recursos de médio e longo prazo para agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. A Comissão de Valores Mobiliários é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado.
• Mercado de câmbio: mercado onde são negociadas as trocas de moedas estrangeiras por reais. O Banco Central do Brasil é o responsável pela administração, fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio atuando através de sua Política Cambial.
• Curto Prazo: Mercado Monetário, Mercado Monetário Onde são realizadas as operações de curto e curtíssimo prazos a fim de que os agentes econômicos e os próprios intermediários financeiros suprem suas necessidades momentâneas de caixa. A liquidez desse mercado é regulada por operações abertas, realizadas pelo Banco Central, via colocação, recompra e resgate de títulos da dívida pública. Compõe o conjunto de instrumentos utilizados na execução da Política Monetária. Crédito e Câmbio
• Médio e Longo Prazo: Mercado de Capitais
• Mercado primário: As empresas ou o governo emitem títulos e valores mobiliários para captar novos recursos diretamente de investidores.
• Mercado secundário: é composto por títulos e valores mobiliários previamente adquiridos no mercado primário, ocorrendo apenas a troca de titularidade, isto é, a compra e venda. Não envolve mais o emissor e nem a entrada de novos recursos de capital para quem o emitiu. Seu objetivo é gerar negócios, isto é, dar liquidez aos títulos.
• Distribuição primária: corresponde à distribuição de novas ações, sendo os recursos captados destinados a aumento de capital da companhia emissora.
• Distribuição secundária: corresponde à distribuição de ações já emitidas e os recursos captados se destinam aos acionistas vendedores, que podem ser investidores estratégicos tais como os Fundos de "Private Equity" (Fundo de Investimento em Participações).
• Mercado de bolsa: as negociações são abertas e realizadas por sistema de leilão, ou seja, a venda acontece para quem oferece melhor lance. A arrematação e/ou a negociação é feita por pregão pregão Modalidade de leilão, em que se negociam, verbalmente ou por meios eletrônicos, preços e quantidades dos ativos negociados.de viva-voz ou com auxílio de sistema informatizado.
• Mercado de balcão: a negociação ocorre diretamente entre a instituição financeira e outra instituição financeira ou não financeiras. Os valores são negociados apenas entre as partes envolvidas.  
 
QUESTÕES SOBRE O TEMA:
 
1. Uma letra de câmbio foi sacada por Z contra X para um beneficiário Y e foi aceita. Posteriormente, foi endossada sucessivamente para A, B, C e D.
Nessa situação hipotética,
I Z é o sacado, X é o endossante, Y é o tomador.
II aposto o aceite na letra, X torna-se o obrigado principal.
III se, na data do vencimento, o aceitante se recusar a pagar a letra, o portador não precisará encaminhar o
título ao protesto para garantir o seu direito de ação cambial ou de execução contra os coobrigados indiretos.
IV se A promover o pagamento ao portador D, os endossantes B e C estarão desonerados da obrigação.
Estão certos apenas os itens
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e III.
(D) II e IV.
 
2. Assinale a opção em que é apresentada declaração cambial que transmite, de modo imediato, a propriedade do título de crédito.
(A) endosso-mandato
(B) endosso-penhor
(C) endosso puro e simples
(D) mera assinatura do beneficiário ou tomador no anverso do título
 
3.Os títulos de crédito são tradicionalmente concebidos como documentos que apresentam requisitos formais de existência e validade, de acordo com o regulado para cada espécie. Quanto aos seus requisitos essenciais, a nota promissória
(A) precisa ser denominada, com sua espécie identificada no texto do título.
(B) poderá ser firmada por assinatura a rogo, se o sacador não puder ou não souber assiná-la.
(C) conterá mandato puro e simples de pagar quantia determinada.
(D) poderá não indicar o nome do sacado, permitindo-se, nesse caso, saque ao portador.
 
4. Dos títulos de crédito abaixo, o único que admite aceite do sacado é o(a);
a) nota promissória.
b) conhecimento de frete.
c) duplicata de prestação de serviços.
d) cédula de crédito rural.
5. O aval parcial de uma nota promissória é:
a) válido e eficaz.
b) simplesmente ineficaz.
c) nulo.
d) considerado não-escrito.
6. Com relação a resseguro, assinale a opção correta.
a) Sociedade estrangeira não pode realizar operação de resseguro no Brasil.
b) Trata-se de operação de seguro em que duas ou mais seguradoras, com a anuência do segurado, dividem entre si o risco de uma apólice, sem solidariedade.
c) Somente sociedades de economia mista podem realizar operações de resseguro no Brasil.
d) Os riscos do resseguro podem ser transferidos, total ou parcialmente, de um ressegurador para outro ressegurador, ou de um ressegurador para sociedade seguradora local.
7. Em relação ao aceite nas letras de câmbio, é incorreto afirmar:
a) A letra pode ser apresentada até o vencimento pelo portador ou até por um simplesdetentor;
b) É vedado ao sacado riscar o aceite já dado, mesmo antes da restituição da letra;
c) O sacador pode determinar que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data;
d) O sacado pode limitar o aceite a uma parte da importância sacada.
8. A letra de câmbio, que não contenha expressamente a cláusula à ordem:
a) É transmissível por via de endosso, só não o sendo em caso do sacador ter inserido no título as palavras “não à ordem”;
b) Não pode ser transmitida por via de endosso, sendo transmissível apenas pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos;
c) Só pode ser endossada com a aceitação expressa do sacador;
d) É transmissível por endosso, mas o endossante, via de regra, não se torna garantidor do pagamento da letra.
9. Para a validade do aval, dado no anverso de uma nota promissória:
a) Torna-se indispensável a concordância expressa do avalizado;
b) É suficiente a simples assinatura do avalista;
c) Deverá constar se o aval é pelo total da quantia expressa ou parcial;
d) Deverá ser inserida, expressamente, declaração firmada pelo credor concordando com a indicação do avalista.
10. Marque a alternativa correta no que se refere à letra de câmbio que não contém a indicação do lugar em que deve se efetuar o pagamento:
a) Não produz efeitos quanto título de crédito;
b) Considera-se como pagável à vista, no domicílio do tomador;
c) Considera-se pagável no lugar designado ao lado do nome do sacador;
d) Considera-se pagável no lugar designado ao lado do nome do sacado.
11. São requisitos da nota promissória, exceto:
a) Expressão “nota promissória” e nome do beneficiário da promessa de pagamento;
b) Aval e aceite;
c) A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada e data do pagamento;
d) Expressão “nota promissória” e assinatura do subscritor.
12. São títulos de crédito causais:
a) Nota promissória e cédula de crédito industrial;
b) Letra de câmbio e duplicata;
c) Conhecimento de depósito e duplicata;
d) Letra de câmbio e nota promissória.
GABARITO:
1- D; 2- C; 3- A; 4 – C; 5 – A; 6 – D; 7 – B; 8 – A; 9 – B; 10 – D; 11 – B; 12 - C

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