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CAPITULO 4. INTRODUÇÃO A CONVECÇÃO 15/03/2022 dr. AJTsambe 1 1 4.1 As Camadas-Limite da Convecção Vamos discutir sobre as camadas-limite de velocidade, térmica e de concentração e relacioná-las com coeficiente de atrito, com coeficiente de transferência de calor por convecção e com o coeficiente de transferência de massa por convecção. 4.1.1 A Camada-limite de Velocidade. Para apresentar o conceito de uma camada limite, considere o escoamento sobre a placa da figura a seguir. 15/03/2022 dr. AJTsambe 2 15/03/2022 dr. AJTsambe 3 Quando partículas do fluido entram em contacto com a superfície, elas passam ter velocidade igual a zero. Essas partículas actuam no retardamento do movimento das partículas na camada de fluido adjacente, que por sua vez, actuam no retardamento do movimento das partículas da próxima camada e assim sucessivamente até que, a uma distância da superfície, o efeito se torna desprezível. Esse retardamento do movimento do fluido está associado às tensões de cisalhamento que actuam em planos que são paralelos à velocidade do fluido. 15/03/2022 dr. AJTsambe 4 Com o aumento da distância y da superfície, o comprimento x da velocidade do fluido, u, aumenta até atingir o valor na corrente livre, . O subscrito ∞ é usado para designar condições na corrente livre, fora da camada–limite. : é espessura da camada–limite, definida como o valor de y para o qual . O perfil de velocidades na camada–limite se refere à maneira como u varia com y através da camada-limite. 15/03/2022 dr. AJTsambe 5 Dessa forma, o escoamento do fluido é caracterizado pela existência de duas regiões distintas. Uma fina camada de fluido (a camada limite), na qual gradientes de velocidade e tensões cisalhantes são grandes, e uma região fora da camada–limite, na qual gradientes de velocidade e tensões cisalhantes são desprezíveis. Com o aumento da distância da aresta frontal da placa, os efeitos da viscosidade penetram cada vez mais na corrente livre e a camada limite aumenta ( aumenta com x). 15/03/2022 dr. AJTsambe 6 15/03/2022 dr. AJTsambe 7 Como está relacionada à velocidade do fluido, a camada limite descrita anteriormente pode ser chamada de camada-limite de velocidade. Ela se desenvolve sempre que há escoamento de um fluido sobre uma superfície e é de fundamental importância em problemas que envolvem transporte convectivo. Na mecânica dos fluidos, sua importância para o engenheiro está baseada na sua relação com a tensão de cisalhamento na superfície, , e, portanto, com os efeitos do atrito na superfície. Para os escoamentos externos, ela fornece a base para a determinação do coeficiente de atrito local, 15/03/2022 dr. AJTsambe 8 que é um parâmetro adimensional chave a partir do qual o arrasto viscoso na superfície pode ser determinado. Supondo um fluido Newtoniano, a tensão cisalhante na superfície pode ser determinada a partir do conhecimento do gradiente de velocidade na superfície, Onde μ é uma propriedade do fluido conhecida como viscosidade dinâmica. Em camada-limite de velocidade, o gradiente de velocidade na superfície 15/03/2022 dr. AJTsambe 9 depende da distância x da aresta frontal da placa. Consequentemente, a tensão cisalhante na superfície e o coeficiente de atrito também dependem de x. 4.1.2 A Camada-limite Térmica. Uma camada-limite térmica deve se desenvolver se houver diferença entre as temperaturas do fluido na corrente livre e da superfície. Na aresta frontal o perfil de temperatura é uniforme, com T(y) = T∞. 15/03/2022 dr. AJTsambe 10 15/03/2022 dr. AJTsambe 11 A região do fluido na qual há esses gradientes de temperatura é camada-limite térmica e a sua espessura é definida, tipicamente, como o valor de y no qual a razão . A relação entre as condições nessa camada-limite e o h pode ser facilmente demonstrada. A qualquer distância x da aresta frontal, o da convecção na superfície local pode ser obtido utilizando – se a lei de Fourier no fluido, em que y = 0. Isto é, Essa expressão é apropriada porque, na superfície, não há movimento de fluido e a transferência de energia seja unicamente por condução. Lembrando da lei do resfriamento de Newton, vimos que 15/03/2022 dr. AJTsambe 12 e, combinado essa equação com a equação de Fourier anterior, obtém-se Assim, as condições no interior da camada limite-térmica, que influenciam fortemente o gradiente de temperatura na superfície , determinam a taxa de transferência de calor através da camada-limite. Como (Ts - T∞) é uma constante, independente de x, enquanto, cresce com aumento de x, os gradientes de temperatura na camada-limite devem diminuir com o aumento de x. 15/03/2022 dr. AJTsambe 13 Desta forma, o valor de diminui com o aumento de x e tem-se que e h diminuem com o aumento de x. 4.1.3 A Camada-limite de Concentração Se ar movimenta-se ao longo da superfície de uma porção de água, a água líquida irá evaporar e vapor d’agua será transferido para dentro da corrente de ar. Isto é um exemplo de transferência de massa por convecção. De uma forma mais geral, considere uma mistura binária, que escoa sobre uma superfície. A concentração molar da 15/03/2022 dr. AJTsambe 14 espécie A na superfície é CA,s e na corrente livre é CA,∞. Se CA,s é diferente de CA,∞, irá ocorrer transferência da espécie A por convecção. Por exemplo, a espécie A poderia ser um vapor que é transferido para dentro da corrente gasosa (espécie B) devido à evaporação em uma superfície líquida ou sublimação em uma superfície sólida. Nesta situação, uma camada-limite de concentração, que é similar às camadas-limite de velocidade e térmica, irá se desenvolver. A camada-limite de concentração é a região do 15/03/2022 dr. AJTsambe 15 15/03/2022 dr. AJTsambe 16 fluido na qual existem gradientes de concentração e a sua espessura, é tipicamente definida como valor de y no qual . Com aumento da distância da aresta frontal, os efeitos da transferência da espécie penetram cada vez mais na corrente livre e a camada-limite de concentração cresce. A transferência de espécies por convecção entre a superfície e a corrente livre de fluido é determinada pelas condições na camada-limite, e nós estamos interessados na determinação da taxa na qual essa transferência ocorre: O Fluxo molar da espécie A, . O fluxo molar associado à transferência de uma espécie por difusão é determinado por uma expressão análoga à lei de Fourier. 15/03/2022 dr. AJTsambe 17 Para as condições de interesse, a expressão, que é chamada de lei de Fick, tem a forma Onde DAB é uma propriedade da mistura binária conhecida por coeficiente de difusão binária. Em qualquer ponto correspondente a y > 0 no interior da camada-limite de concentração, a transferência de uma espécie é devida ao movimento global do fluido e à difusão. Entretanto, em y = 0 não há movimento do fluido e, assim, a transferência da espécie ocorre somente por difusão. 15/03/2022 dr. AJTsambe 18 Aplicando a lei de Fick em y = 0, vemos que o fluxo molar na espécie a qualquer distância da aresta frontal é, então, O subscrito s foi usado para enfatizar que este é o fluxo molar na superfície, mas ele será retirado nas próximas secções. Analogamente à lei do resfriamento de Newton, uma equação pode ser escrita relacionando-se o fluxo molar com a diferença de concentrações através da cama-limite, como 15/03/2022 dr. AJTsambe 19 Onde hm [m/s] é o coeficiente de transferência de massa por convecção, análogo ao coeficiente de transferência de calor por convecção. Combinado as equações anteriores, tem-se que Consequentemente, as condições na camada-limite de concentração, que influenciam fortemente o gradiente de concentração na superfície ∂CA/∂y│y=0, também influenciam o coeficiente de transferência de massa por convecção e, 15/03/2022 dr. AJTsambe 20 assim, a taxa de transferência de massa da espécie no interior da camada-limite. 4.1.4 Significado das Camadas–limite Para o escoamento sobre qualquer superfície existirá sempreuma camada-limite de velocidade e, portanto, atrito na superfície. Da mesma forma, uma camada–limite térmica e, assim, transferência de calor por convecção estarão sempre presentes se houver diferença entre as temperaturas na superfície e na corrente livre. 15/03/2022 dr. AJTsambe 21 Analogamente, uma camada–limite de concentração e transferência de massa por convecção existirão se a concentração de uma espécie na superfície for diferente da sua concentração na corrente livre. A camada-limite de velocidade tem uma extensão δ(x) e é caracterizada pela presença de gradientes de velocidade e de tensões cisalhantes. A camada limite térmica apresenta uma espessura δt(x) e é caracterizada por gradiente de temperatura e pela transferência de calor. Finalmente, a camada- 15/03/2022 dr. AJTsambe 22 limite de concentração tem espessura δc(x) e é caracterizada por gradientes de concentração e pela transferência da espécie. Podem ocorrer situações nas quais as três camadas-limite estão presentes. Nesses casos, raramente as camadas-limite crescem na mesma taxa e os valores de δ, δt e δc em uma dada posição não são os mesmos. Para o engenheiro, as principais manifestações das três camadas-limite são, respectivamente, o atrito superficial, a transferência de calor por convecção e a transferência de massa por 15/03/2022 dr. AJTsambe 23 convecção. Os parâmetros-chave das camadas-limite são, então, o coeficiente de atrito Cf e os coeficientes de transferência de calor e de massa por convecção h e hm, respectivamente. Voltamos nossa atenção agora para o exame desses três parâmetros-chave, que são importantes para análise de problemas de transferência de calor e de massa por convecção. 4.2 Coeficiente Convectivo Local e Médio 4.2.1 Transferência de calor Considere as condições da figura abaixo, um fluido, com velocidade V e a temperatura 15/03/2022 dr. AJTsambe 24 T∞, escoa sobre uma superfície de forma arbitrária e área superficial As. 15/03/2022 dr. AJTsambe 25 Presume-se que a superfície se encontre a uma temperatura uniforme, Ts, e se Ts ≠ T∞ sabemos que irá ocorrer transferência de calor por convecção. O fluxo térmico na superfície e o coeficiente de transferência de calor convectivo variam ao longo da superfície. A taxa total de transferência de calor q pode ser obtida pela integração do fluxo local de toda a superfície. Ou seja, 15/03/2022 dr. AJTsambe 26 Definindo um coeficiente convectivo médio para toda a superfície, a taxa de transferência de calor total também pode ser escrita na forma Os coeficientes convectivos médio e local se relacionam por uma expressão que tem a forma No caso do escoamento sobre uma placa plana, h varia somente com a distancia x da aresta frontal e a última equação se reduz a 15/03/2022 dr. AJTsambe 27 4.2.2 Transferência de massa 15/03/2022 dr. AJTsambe 28 Se um fluido, com uma concentração molar de espécie CA,∞, escoa sobre uma superfície na qual a concentração dessa espécie é mantida em algum valor uniforme CA,s ≠ CA,∞, transferência dessa espécie irá ocorrer. A Transferência de uma espécie por convecção local e total pode ocorrer numa (a) superfície com forma arbitrária, (b) Placa plana. Sabemos que o fluxo molar () na superfície e o coeficiente de transferência de massa convectivo variam ao longo da superfície. 15/03/2022 dr. AJTsambe 29 A taxa de transferência molar (kmol/s), pode, então ser representada por Os coeficientes de transferência de massa por convecção médio e local estão relacionados por uma equação na forma Para a placa plana, segue-se que 15/03/2022 dr. AJTsambe 30 A transferência de uma espécie também pode ser expressa como um fluxo de mássico, , ou como uma taxa de transferência de massa, nA. Onde ρA é a concentração mássica da espécie A. Podemos também escrever a lei de Fick em uma base mássica. Além disso, podemos obter 15/03/2022 dr. AJTsambe 31 uma expressão alternativa para hm: Para executar um cálculo de transferência de massa por convecção é necessário determinar o valor de CA,s ou ρA,s. Tal determinação pode ser efetuada supondo-se equilíbrio termodinâmico na interface entre o gás e a fase líquida ou sólida. Uma implicação do equilíbrio é que a temperatura do vapor na interface é igual à temperatura da superfície Ts. Uma segunda implicação é 15/03/2022 dr. AJTsambe 32 que o vapor se encontra em estado saturado, estado no qual as tabelas termodinâmicas, podem ser usadas para obter a sua densidade a partir do conhecimento de Ts. Com uma boa aproximação, a concentração molar do vapor na superfície também pode ser determinada a partir da pressão de vapor, através da utilização da equação de estado para um gás ideal. Isto é, Onde R é a constante universal dos gases e psat(Ts) é a pressão de vapor 15/03/2022 dr. AJTsambe 33 correspondente à saturação a uma temperatura Ts. Note que a concentração mássica e a concentração molar do vapor estão relacionadas pela expressão . O fluxo local e/ou a taxa de transferência total são de capital importância em qualquer problema de convecção. 4.2.3 O Problema da Convecção Essas grandezas podem ser determinadas pelas equações 15/03/2022 dr. AJTsambe 34 das taxas anteriores, que dependem do conhecimento dos coeficientes convectivos local e médio. É por esse motivo que a determinação desses coeficientes é vista como o problema da convecção. Contudo o problema não é simples, pois, além de dependerem de numerosas propriedades dos fluidos, tais como densidade, viscosidade, conductividade térmica e calor específico, os coeficientes são funções da geometria da superfície e das condições de escoamento. Essa multiplicidade de variáveis independentes resulta do facto 15/03/2022 dr. AJTsambe 35 de que a transferência por convecção é influenciada pelas camadas-limite que se desenvolvem sobre a superfície. Problema exemplo 4.1 Foi determinado que os resultados experimentais para o coeficiente de transferência de calor local h(x) para o escoamento sobre uma placa plana com superfície extremamente rugosa seguem a seguinte relação; Onde a é um coeficiente (W/m1,9K) e x (m) é a distância da aresta frontal da placa. 15/03/2022 dr. AJTsambe 36 (a) Desenvolva uma expressão para a razão entre o coeficiente de transferência de calor medio em uma placa com comprimento x e o coeficiente de transferência de calor local h em x. (b) Mostre, de forma qualitativa, a variação de h e em função de x. 15/03/2022 dr. AJTsambe 37 Resolucao: (a) 15/03/2022 dr. AJTsambe 38 Resolucao (b). A variação de h e tem a seguinte forma: Problema exemplo 4.2 Um longo cilindro circular com 20 mm de diâmetro é fabricado de Naftalina sólido, um repelente comum contra traças, e é exposto a uma corrente de ar que proporciona um coeficiente de transferência de massa convectivo médio de . A concentração molar do vapor de Naftaleno na supefície do cilindro é e a sua massa molar é de 128 kg/kmol. Qual é a taxa mássica de sublimação por unidade de comprimento do cilindro? 15/03/2022 dr. AJTsambe 39 15/03/2022 dr. AJTsambe 40 Cálculos em regime estacionário. Tratando-se de uma sublimação: na corrente livre. Resolucao: ; Com e , segue-se que: A taxa mássica de sublimação é, então, 15/03/2022 dr. AJTsambe 41 Problema exemplo 4.3. Em algum ponto sobre a superfície de uma panela contendo agua são efetuadas medidas da pressão parcial de vapor d’agua pA (atm) em função da distância y da superfície do liquido. Os resultados obtidos são os seguintes (figura ao lado). Determine o coeficiente de transferencia de massa por conveccao hm nessa posição. 15/03/2022 dr. AJTsambe 42 15/03/2022 dr. AJTsambe 43 O vapor de d’água pode ser considerado como um gás ideal. As condições são isotérmicas. Propriedades: Tabela A.6, vapor saturado (0,1 atm = 0,101 bar): Ts = 319 K. Tabela A.8, vapor d’agua - ar (319K): DAB(319K) = DAB(298K) x (319K/298K)3/2 = 0,288 x 10-4 m2/s , com T constante: 15/03/2022 dr. AJTsambe 44com base na distribuição de pressões do vapor medida Assim, a partir do equilíbrio termodinâmico na interface liquido-vapor, a temperatura interfacial foi determinada na tabela A.6. 15/03/2022 dr. AJTsambe 45 4.3 Escoamento laminar e turbulento Uma primeira etapa essencial no tratamento de qualquer problema de convecção é a determinação se a camada-limite é laminar ou turbulenta. O atrito superficial e as taxas de transferência por convecção dependem fortemente de qual dessas condições está presente. 4.3.1 Camadas-limite de velocidade laminar e turbulenta as condições de escoamento laminar e turbulento, coexistem com a secção 15/03/2022 dr. AJTsambe 46 laminar precedendo a turbulenta. Para cada condição, o movimento de fluido é caracterizado por componentes da velocidade nas direções x e y. O movimento do fluido se afastando da superfície se faz necessário pela desaceleração do fluido próximo à parede na medida em que a camada-limite cresce na direção x. Na camada-limite laminar, o movimento do fluido é altamente ordenado, sendo possível identificar linhas de correntes ao longo das quais as partículas do fluido se movem. 15/03/2022 dr. AJTsambe 47 15/03/2022 dr. AJTsambe 48 Quando a espessura da camada – limite aumenta os gradientes de velocidade em y = 0 diminuem no sentido do escoamento (aumento de x). Sabemos também que a tensão de cisalhamento também diminui com o aumento de x. O comportamento altamente ordenado continua até que uma zona de transição é atingida, ao longo da qual ocorre uma conversão das condições laminares para as turbulentas. As condições na zona de transição mudam com o tempo, com o escoamento às vezes mostrando 15/03/2022 dr. AJTsambe 49 comportamento laminar e às vezes exibindo características de escoamento turbulento. O escoamento na camada-limite completamente turbulenta é, em geral, altamente irregular, sendo caracterizado pelo movimento tridimensional aleatório de relativamente grandes parcelas do fluido. A mistura no interior da camada-limite direciona fluido com alta velocidade na direção da superfície do sólido e transfere fluido com movimento mais lento para dentro da corrente livre. A maior parte da mistura é promovida por vórtices na direção do escoamento chamados de “streaks” que são gerados internamente 15/03/2022 dr. AJTsambe 50 próximo a placa plana, onde eles crescem e decaem rapidamente. Estudos analíticos e experimentais recentes sugerem que essas e outras estruturas coerentes no interior de escoamentos turbulentos podem se deslocar em ondas com velocidades que podem ser superiores a u∞, interagem não linearmente e geram as condições caóticas que caracterizam o escoamento turbulento. Como um resultado das interacções que levam às condições de escoamento caótico, flutuações de velocidade e de pressão ocorrem em qualquer ponto 15/03/2022 dr. AJTsambe 51 no interior da camada-limite turbulenta. Três regiões distintas podem ser delineadas na camada-limite turbulenta como uma função da distância da superfície: i) uma subcamada viscosa na qual o transporte é dominado pela difusão e o perfil de velocidade é aproximadamente linear. ii) uma camada de amortecimento adjacente na qual a difusão e a mistura turbulenta são comparáveis e, iii) uma zona turbulenta na 15/03/2022 dr. AJTsambe 52 qual o transporte é dominado pela mistura turbulenta. Uma comparação dos perfis do componente x da velocidade nas camadas-limite laminar e turbulenta, mostra que o perfil de velocidade turbulento é relativamente plano devido à mistura que ocorre no interior da camada de amortecimento e da região turbulenta, dando lugar a grandes gradientes de velocidade na subcamada viscosa. Desta forma, é geralmente maior na porção turbulenta da camada-limite que na porção laminar. 15/03/2022 dr. AJTsambe 53 A transição do escoamento laminar para o turbulento é em última análise devida a mecanismos de gatilho, tais como como a interacção de estruturas transientes do escoamento que se desenvolvem naturalmente no interior do fluido ou pequenos distúrbios que existem no interior de muitas camada-limite típicas. Esses distúrbios podem se originar em flutuações na corrente livre ou podem ser induzidos pela rugosidade superficial ou minúsculas vibrações na superfície. O inicio da turbulenta depende da amplificação ou atenuação dos mecanismos de gatilho na direção do escoamento do fluido, o que, por sua vez, 15/03/2022 dr. AJTsambe 54 depende de um agrupamento adimensional de parâmetros chamado de número de Reynolds, onde, para uma placa plana, o comprimento característico é x, a distância a partir da aresta frontal. O número de Reynolds representa a razão entre as forças de inercia e as viscosas. Se o número de Reynolds for pequeno, as forças de inercia serão insignificantes em relação às forças viscosas. Os distúrbios são, então, 15/03/2022 dr. AJTsambe 55 dissipados e o escoamento permanece laminar. Entretanto, para um número de Reynolds grande, as forças de inércia podem ser suficientes para amplificar os mecanismos de gatilho e a transição para que a turbulência ocorre. No cálculo do comportamento de camadas-limite, frequentemente é razoável supor que a transição comece em um certo local xc, como mostrado na figura a seguir. Esse local é determinado pelo número de Reynolds critico, Rex,c. 15/03/2022 dr. AJTsambe 56 15/03/2022 dr. AJTsambe 57 Para o escoamento sobre uma placa plana, sabe-se que o Rex,c varia de aproximadamente 105 até 3.106, dependendo da rugosidade da superfície e do nível de turbulência na corrente livre. Um valor representativo de é frequentemente admitido em cálculos da camada-limite e, caso não haja observação em contrário, é usado nos cálculos neste texto que envolvem placas planas. 15/03/2022 dr. AJTsambe 58 4.3.2 Camadas – limite térmico e de concentração de espécies laminares e turbulentas Como a distribuição de velocidade determina o componente adventivo do transporte de energia térmica ou de espécies químicas no interior da camada-limite, a natureza do escoamento também tem uma profunda influencia nas taxas de transferência de calor e de massa convectivas. Similarmente ao que acontece com a camada-limite de velocidade laminar, as camadas – limite térmica e de 15/03/2022 dr. AJTsambe 59 espécies crescem no sentido do escoamento (aumento de x), os gradientes de temperatura e de concentração das espécies no fluido em y = 0 diminuem no sentido do escoamento e, consequentemente, os coeficientes de transferência de calor e de massa também diminuem com o aumento de x. Da mesma forma que induz grandes gradientes de velocidade em y = 0, a mistura turbulenta promove grandes gradientes de temperatura e de concentração de espécies adjacentes à superfície do solido, assim como um aumento correspondente nos coeficientes de transferência de calor e de massa ao longo da região de transição. 15/03/2022 dr. AJTsambe 60 Esses efeitos estão ilustrados na figura a seguir para a espessura da camada-limite de velocidade e para o coeficiente de transferência de calor por convecção h. Como a turbulência induz a mistura, que por sua vez reduz a importância da condução e da difusão na determinação das espessuras das camadas-limite térmica e de concentração de espécies, diferenças nas espessuras das camadas-limite de velocidade, térmica e de espécies tendem a ser bem menores no escoamento turbulento do que no escoamento laminar. A presença da transferência de calor e/ou de massa pode 15/03/2022 dr. AJTsambe 61 15/03/2022 dr. AJTsambe 62 afetar o local da transição de escoamento laminar para turbulento xc se a densidade ou a viscosidade dinâmica do fluido dependerem da temperatura ou da concentração das espécies. Problema exemplo 4.4 Agua escoa a uma velocidade de u∞ = 1m/s sobre uma placa plana de comprimento L = 0,6 m. Considere dois casos, um no qual a temperatura da água é de aproximadamente 300 K e o outro para uma temperatura aproximada da água de 350 K. Nas regiões laminar eturbulenta,medidas experimentais mostram que os coeficientes convectivos locais são bem descrito por 15/03/2022 dr. AJTsambe 63 Onde x tem a unidade de m. A 300 K, e . Enquanto a 350 K, e . Como está evidente, a constante, C, depende da natureza do escoamento, assim como a temperatura da água, em função da dependência com a temperatura de várias propriedades do fluido. Determine o coeficiente convectivo medio , sobre a placa inteira para as duas temperaturas. 15/03/2022 dr. AJTsambe 64 Estamos diante de um escoamento de água sobre uma placa plana, expressões para a dependência do coeficiente convectivo local com a distância da aresta frontal da placa, x, e temperatura aproximada da água. 15/03/2022 dr. AJTsambe 65 Precisamos determinar o coeficiente convectivo medio. O esquema do processo também está disponível. Considerações: condições de regime estacionário e a transição ocorre em número de Reynolds crítico de Rex,c = 5 x 105. A partir das tabelas termodinâmicas são extraídas os dados seguintes: Tabela A.6, agua (:, µ = 855 x 10-6 Ns/m2 Tabela A.6, agua (T ≈350K): , µ = 365 x 10-6 Ns/m2 15/03/2022 dr. AJTsambe 66 Análise: o coeficiente convectivo local é altamente dependente do fato de serem as condições de escoamento laminar ou turbulento. Consequentemente, em primeiro lugar determinamos a extensão dessas condições achando o local onde a transição ocorre, xc. a 300 K, a 350 K, 15/03/2022 dr. AJTsambe 67 sabemos que A 330 K, A 350 K, 15/03/2022 dr. AJTsambe 68 As distribuições dos coeficientes convectivos locais e o valor do coeficiente convectivo médio para x = L = 0,6 m na placa são mostrados na figura ao lado. 15/03/2022 dr. AJTsambe 69 Comentários: 1. O coeficiente convectivo médio a T ≈ 350 K é mais do que o dobro do valor a T ≈ 300 K. Essa forte dependência com a temperatura é devida principalmente ao significativo deslocamento de xc, que esta associado à menor viscosidade da agua na maior temperatura. Uma consideração cuidadosa da dependência com a temperatura das propriedades do fluido é crucial ao se fazer uma análise da transferência de calor por convecção. 2. Variações com a posição do coeficiente convectivo local são significativas. Os maiores coeficientes convectivos locais ocorrem na aresta frontal da placa plana, onde a camada-limite térmica laminar é extremamente fina, e logo apos xc, onde a camada-limite turbulenta é mais fina. 15/03/2022 dr. AJTsambe 70 4.4 Resfriamento Evaporativo Uma aplicação importante da analogia da transferência de calor e de massa é o processo de resfriamento evaporativo, que ocorre quando um gás escoa sobre um líquido (figura ao lado). 15/03/2022 dr. AJTsambe 71 A evaporação ocorre na superfície do líquido e a energia associada à mudança de fase é o calor latente de vaporização do líquido. A evaporação acontece quando as moléculas do líquido, próximas à superfície sofrem colisões que aumentam a sua energia para um valor acima daquele necessário para superar a energia de ligação na superfície. A energia necessária para sustentar a evaporação vem da energia interna do líquido, que deve então experimentar uma redução na sua temperatura (o efeito de resfriamento). 15/03/2022 dr. AJTsambe 72 No entanto, se condições de regime estacionário forem mantidas, a energia perdida pelo líquido em função da evaporação deve ser reposta pela transferência de energia para o líquido, originada na sua vizinhança. Desprezando efeitos radiantes, essa transferência pode ser devida à convecção de energia sensível oriunda do gás ou devida à adição de calor por outros meios, como, por exemplo, através de um aquecedor eléctrico submerso no líquido. Aplicando a conservação de energia em uma superfície de controlo em torno do liquido, tem-se que, por uma unidade de área superficial, 15/03/2022 dr. AJTsambe 73 15/03/2022 dr. AJTsambe 74 onde pode ser aproximado pelo produto do fluxo de massa evaporado pelo calor latente de vaporização Se não houver adição de calor por outros meios, a equação anterior se reduz a um equilíbrio entre a transferência de calor por convecção a partir do gás e da perda de calor do líquido em função da evaporação. Substituindo as equações de calor anteriores, a equação actual pode, então, ser escrita como onde a densidade do vapor na superfície é aquela associada às condições de saturação a Ts. Assim, a magnitude do efeito de resfriamento pode ser representado por 15/03/2022 dr. AJTsambe 75 Substituindo (hm/h) vindo da equação anterior e as densidades do vapor obtidas pela lei do gás ideal, o efeito de resfriamento também pode ser representado por Com o objectivo de melhorar a precisão, as propriedades do gás (espécie B) ρ, Cp e Le deveriam ser calculadas na temperatura média aritmética da camada-limite térmica, Tma = (Ts + T∞)/2. 15/03/2022 dr. AJTsambe 76 Numerosas aplicações ambientais e industriais dos resultados anteriores surgem em situações nas quais o gás é o ar e o líquido é a água. Problema exemplo 4.5 Um recipiente que se encontra envolvido por um tecido que é continuamente humedecido com um líquido altamente volátil pode ser usado para manter bebidas frias em regiões quentes e áridas.. Suponha que o recipiente seja colocado em um ambiente com ar seco a 40 oC, com as transferências de calor e de massa entre agente humectante e o ar ocorrendo por convecção forçada. O agente humectante possui 15/03/2022 dr. AJTsambe 77 massa molar de 200 kg/kmol e um calor latente de vaporização de 100 kJ/kg. Sua pressão de vapor saturado para as condições especificadas é de aproximadamente 5000 N/m2, e o coeficiente de difusão do vapor no ar é 0,2 x 10-4 m2/s. Qual é a temperatura da bebida no regime estacionário? Resolução: As propriedades do agente humectante usado para resfriar, por evaporação, um recipiente de bebida. Precisa-se achar a temperatura da bebida no regime estacionário. 15/03/2022 dr. AJTsambe 78 15/03/2022 dr. AJTsambe 79 Esquema: Considerações: Analogia da transferência de calor e de massa aplicável. Vapor apresenta comportamento de gás ideal. Efeitos da radiação desprezíveis. Propriedades do ar podem ser calculados na temperatura média da camada-limite, suposta igual a 300 K. Propriedades: tabela A.4, ar (300K): ρ = 1,16 , Cp = 1007 kJ/kgK, . Análise: sujeito às considerações anteriores o efeito do resfriamento evaporativo é dado pela equação a seguir. 15/03/2022 dr. AJTsambe 80 15/03/2022 dr. AJTsambe 81 Estabelecendo e rearrumando, tem-se que Onde o coeficiente B é 15/03/2022 dr. AJTsambe 82 donde Não considerando o sinal de menos com base em argumentos físicos (Ts tem que ser igual a T∞ se não houver evaporação, caso em que pA,sat = 0 e B = 0), tem-se que Comentários: o resultado é independente da forma do recipiente desde que a analogia das transferências de calor e de massa possa ser usada. 4.5 Os Coeficientes Convectivos. Neste capítulo analisamos vários temas fundamentais relacionados aos fenómenos do transporte convectivo. No processo, entretanto, esperamos que você tenha perdido de vista o resto do problema da convecção. Nosso objetivo principal ainda é o de desenvolver os meios para determinar os 15/03/2022 dr. AJTsambe 83 coeficientes convectivo h e hm. Embora esses coeficientes possam ser obtidas pela solução das equações de camada-limite, somente em condições de escoamento mais simples tais soluções podem ser obtidas de imediato. O procedimento mais prático envolve, frequentemente, o cálculo de h e hm a partir de relações empíricas. A forma particular dessas equações é obtida pela correlação de resultados das transferências de calor e de massa, medidas em termos dos grupos adimensionais apropriados. 15/03/2022 dr. AJTsambe 84 Fontes bibliográficas: 15/03/2022 dr. AJTsambe 85 FIM 15/03/2022 dr. AJTsambe 86
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