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Orientação Educacional - relatório de 1976

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
DEPARTAMENTO DE ENSINO MÉDIO 
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS PEDAGÓGICOS 
I CIRCULO DE ESTUDOS DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
RELATÓRIO 
- 1976- 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Ernesto Geisel 
MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Ney 
Aminthas de Barros Braga 
SECRETÁRIO-GERAL Euro 
Brandão 
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ENSINO MÉDIO José 
Torquato Caiado Jardim 
COORDENADORA DA ASSESSORA TÉCNICA 
Julcelina Friaça Teixeira 
COORDENADORA DE ASSUNTOS PEDAGÓGICOS 
Uma Passos Alencastro Veiga 
EQUIPE TÉCNICA 
• Consultora: Sonia Maria Ferreira 
• Assessoras: Amabile Pierroti 
Rita Xavier Barreto 
APRESENTAÇÃO 
A implantação do ensino, prevista na Lei 5.692/71, exige dos 
educadores brasileiros repensar as definições e conceitos pedagógicos, as 
atitudes e comportamentos face à realidade do processo educacional em 
nosso País. 
Busca-se um modelo de educação genuinamente brasileiro, con-
dizente com o nosso momento histórico, caracterizado por um ritmo 
acelerado de desenvolvimento. 
Os modelos educacionais existentes, consultados como ponto de 
reflexão, já se revelaram pouco adequados à realidade nacional. Resta 
enfrentar o desafio à criatividade, oferecida pela Lei, para, numa conju-
gação de esforços, delinear os rumos da educação que nos convém. 
Consciente de seu papel de órgão da administração central, res-
ponsável pela coordenação e supervisão do ensino de 2o. grau, o Depar-
tamento de Ensino Médio reconhece que, por intermédio do debate amplo 
com educadores, será possível a reelaboração de conceitos a fim de 
permitir a formulação do modelo desejado. Assim, constitui parte de sua 
programação realizar encontros, seminários, reuniões, círculos de estudo, 
procurando unidade conceitual básica às inovações psicopedagógicas e 
administrativas. 
Como resultado do I Círculo de Estudos sobre Orientação Edu-
cacional, realizado em Brasília, no período de 8 a 10 de junho do corrente 
ano, envolvendo um grupo de especialistas em Orientação Educacional, o 
Departamento de Ensino Médio tem o prazer de apresentar este Relatório. 
Nele, os educadores encontrarão algumas posições inovadoras que 
traduzem o pensamento de Orientadores Educacionais responsáveis pelo 
acompanhamento do educando no processo contínuo de autodescoberta. 
Espera-se que críticas e novas colaborações sejam acrescentadas 
ao documento de modo a se constituírem subsídios para o modelo 
buscado, particularmente para o sistema de ensino de 2o. grau brasileiro, 
no campo da Orientação Educacional. 
 
• INTRODUÇÃO 
• 1. PLANEJAMENTO 
1.1 Pesquisa Bibliográfica 
1.2 Coleta de Dados 
1.3 Programação de Atividades 
 
1.3.1 Seleção de Temas 
1.3.2 Recursos Envolvidos 
• 2. EXECUÇÃO 
2.1.1 Tema I 
2.1.2 Tema II 
2.1.3 Tema III 
2.1.4 Tema IV 
2.1.5 Tema V 
2.1.6 Tema VI 
2.1.7 Tema VII 
2.1.8 Tema VIII 
2.1.9 Tema IX 
2.1.10 Síntese 
• 3. AVALIAÇÃO 
3.1 Considerações Gerais 
3.2 Avaliação Parcial 
3.3 Avaliação Global 
3.3.1 Conclusão 
• 4. ACOMPANHAMENTO 
4.1 Considerações Gerais 
• 5. ANEXOS 
I Programa 
II Publicações distribuídas 
III Lista de Participantes 
INTRODUÇÃO 
O I Círculo de Estudos de Orientação Educacional — I CEOE, 
promovido pelo Departamento de Ensino Médio, teve como objetivo refletir 
sobre a Orientação Educacional como processo de ação integrada. 
Este é o primeiro de uma série de outros Círculos de Estudo, 
previstos na programação de atividades do Departamento de Ensino 
Médio, específicos para a Orientação Educacional, procurando a ade-
quação de seus princípios, conceitos e técnicas à filosofia do ensino de 2o. 
grau, formulada pela Lei 5.692/71. 
Ao estabelecer-se esta programação de atividades, tomou-se 
como referência básica o documento "Ensino de 2o. grau — Bases de 
Ação", do DEM, editado em 1973, que, naquela época, ao procurar 
delinear as linhas de ação para a implantação do ensino médio, preo-
cupava-se em "estabelecer uma base conceitual assim como definir os 
objetivos gerais do processo de Orientação Educacional", justificando que 
"tal necessidade, inerente a toda tarefa de explicitação de linhas de ação, 
agrava-se, no caso, pelas distorções tradicionais existentes, tanto na 
concepção, quanto na ação da Orientação Educacional". 
A busca de uma base conceitual envolveu a pesquisa de uma 
bibliografia especializada que permitiu a formulação de um quadro de 
referências teórico-práticas da situação brasileira nesta área da educação. 
Tornou-se necessário, a partir daí, o debate amplo com especialistas, 
instituições especializadas e órgãos de classe, capazes de contribuir, em 
termos de realidade nacional, para a formulação da base conceitual 
desejada. 
Para o I Círculo de Estudos de Orientação Educacional foram 
convidados os diversos Departamentos do Ministério da Educação e 
Cultura (DEF, DAU e DSU), Associação de Orientação Educacional/ DF, 
Federação Nacional de Orientadores Educacionais, Universidades de 
Brasília e a Fundação Educacional do Distrito Federal. Dos contatos 
iniciais foram estabelecidos, a partir de um tema gerador para 
debates, os seguintes subtemas: 
a) Conceito, Natureza e Filosofia da Orientação Educacional; 
b) Fatores Bio-psico-sociais como Determinantes da Escolha 
Profissional; 
c) Elementos Integrantes do Processo de Orientação Educa-
cional; 
d) Situação da Orientação Educacional como Processo no Ensino 
de 2o. Grau; 
e) Situação da Orientação Educacional como Processo e como 
Formação no Ensino de 3o. Grau; 
f) Situação de Orientação Educacional como Processo no Ensino 
Supletivo; 
g) Ação Integrada da Orientação Educacional X Supervisão Pe-
dagógica X Administração Escolar X Comunidade como 
Processo. 
h) Orientação Educacional como processo contínuo no ensino de 
1o., 2o. e 3o. graus. 
A programação prevista foi desenvolvida segundo uma metodo-
logia própria e as atividades realizadas numa abordagem teórico-prática 
dos subtemas propostos. 
Este Relatório procura apresentar em detalhes, as atividades téc-
nicas desenvolvidas durante a realização do Círculo de Estudos de 
Orientação Educacional, promovido pelo Departamento de Ensino Médio 
do Ministério da Educação.e Cultura. 
 
1. PLANEJAMENTO 
A fase de planejamento do I Círculo de Estudos de Orientação Edu-
cacional - I CEOE - como Processo de Ação Integrada, caracterizando-se, 
por sua vez, como a 1a. etapa de estudos do próprio círculo, envolveu três 
momentos: 
— pesquisa bibliográfica 
— pesquisa de realidade 
— programação de atividades 
Nesta fase, foram levantados os recursos humanos, materiais e finan-
ceiros necessários ao desenvolvimento do I CEOE 
1.1 Pesquisa Bibliográfica 
Objetivando uma reflexão teórico-prática sobre Orientação Edu-
cacional, realizou-se consulta nas seguintes fontes bibliográficas: 
1.1.1 CS. HALL e G. Lindsey, Teorias da Personalidade, São Paulo, 
Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 
1.1.2 BENJAMIM MATTIAZZI, A Natureza dos Interesses e a 
Orientação Vocacional, Petrópolis, Editora Vozes, 1974. 
1.1.3 ROBERT L. GIBSON, Orientação Para a Escolha Profissional, 
São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária Ltda. 1975. 
1.1.4 HATCH Y COSTAR, Atividades de Orientación en Ia escuela 
primaria, México, Editorial Limusa, 1974. 
1.1.5 LUIZ ANTONIO RODRIGUES DA CUNHA, Política Edu-cional 
no Brasil: A Profissionalização no Ensino Médio, Rio de 
Janeiro, Editora Eldorado, 1972. 
1.1.6 O.P. ESTEVES, Testes, Medidas e Avaliação Rio de Janeiro, 
Arte e Indústria, Editora Ltda, 1974. 
1.1.7 JAMES M. SAWREY e CHARLES W. TEL FORD, Psicologia 
Educacional, Rio de Janeiro, ao Livro Técnico S.A., 1970. 
 
1.1.8 C. WEINBERG Y OTROS, Orientación Educacional Sus 
Fundamentos Sociales, Buenos Aires, Editorial Paidós, 1972. 
1.1.9 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, DEPARTA-
MENTO DE ENSINO MÉDIO, Do Ensino de 2o. Grau -
Perspectivas-Diretrizes, Brasilia, D.D.D./DEM - 1975. 
1.1.10 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, DEPARTA 
MENTO DE ENSINO MÉDIO,Ensino de 2o. Grau: Bases de 
Ação,Brasília, D.D.D./DEM - 1973. 
1.2 Coleta de dados 
Com o objetivo de refletir sobre Orientação Educacional como 
processo de ação integrada, realizou-se uma pesquisa de realidade, 
relativa ao processo de Orientação Educacional nos três níveis de ensino, 
1o., 2o. e 3o. Graus, bem como relativos à modalidade de Ensino Suple-
tivo, por meio de contato com os seguintes órgãos: 
- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
— Secretaria Geral 
— Departamento de Ensino Fundamental 
— Departamento de Ensino Médio 
— Departamento de Assuntos Universitários 
— Departamento de Assistência ao Educando 
— Departamento de Ensino Supletivo. 
 
- FEDERAÇÃO NACIONAL DE ORIENTADORES EDUCA-
CIONAIS 
- ASSOCIAÇÃO DE O. E. DO DISTRITO FEDERAL 
- UNIVERSIDADES 
 
— Universidade de Brasília 
— Centro de Ensino Unificado de Brasília 
— Universidade do Distrito Federal 
— Faculdade Católica de Ciências Humanas de Brasília 
— União Pioneira de Integração Social 
 
- FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO DISTRITO FEDERAL 
- MINISTÉRIO DO TRABALHO -
SENAI 
— SENAC 
- TELEBRÁS 
1.3 Programação de atividades 
1.3.1 Seleção de Temas 
Para uma abordagem mais teórica, selecionaram-se os 
seguintes temas: 
 
— Conceito, Natureza e Filosofia da Orientação Educa-
cional; 
— Fatores determinantes da escolha profissional; 
— Elementos integrantes do processo de Orientação Edu-
cacional. 
Para uma abordagem mais prática, propuseram-se os temas 
seguintes: 
— A Orientação Educacional no Ensino de 1o. Grau como 
processo; 
— A Orientação Educacional no Ensino de 2o. Grau como 
processo; 
— A Orientação Educacional no Ensino de 3o. Grau como 
processo e como formação; 
— A Orientação Educacional no Ensino Supletivo como 
processo; 
— Ação integrada da Orientação Educacional x Supervisão 
Pedagógica x Administração Escolar x Comunidade 
— A Orientação Educacional como processo contínuo no 
Ensino de 1o., 2o. e 3o. Graus. 
Em síntese, as atividades foram programadas, de acordo com o 
quadro seguinte: 
1.3.2 Recursos envolvidos 
— Recursos Humanos 
Para explicitação dos vários temas, foram convidados os Orientadores 
Educacionais: 
Elizio Nilo Caliman - Fundação Educacional Godeardo Baquero Miguel — 
Universidade de Brasília Clêlia Maduro de Abreu — Fundação 
Educacional/DF Amabile Pierroti — Departamento de Ensino Médio/MEC 
Antonio Edvard de Araújo Lima — Departamento de Ensino Supletivo/MEC 
Haidê Werberich da Silva — Fundação Educacional/DF Ana Rita Dantas 
Suassuna — Departamento de Assuntos Universitários/MEC 
Genny Arré Péres — Associação de Orientadores Educacionais de Bra-
sília. 
Foram enviados convites de participação a 25 outros Orientadores 
Educacionais envolvidos nos órgãos já mencionados, com os quais foram 
mantidos contatos para pesquisa de realidade. 
 
I CIRCULO DE ESTUDOS DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL OBJETIVO GERAL - 
REFLETIR SOBRE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COMO UM PROCESSO OE AÇÃO INTEGRADA 
 
 
A coordenação das atividades de planejamento foi desenvolvida pelo 
consultor em Orientação Educacional do DEM/MEC, Sonia Maria Ferreira 
e pelos Técnicos envolvidos em Orientação Educacional da COPED/DEM, 
Rita Xavier Barreto e Eugênia de Albuquerque Gomes. 
Pará o desempenho das atividades de execução foi prevista a atuação 
da equipe envolvida em Orientação Educacional da COPED/DEM, bem 
como do pessoal de apoio dessa coordenação. 
A apuração e análise dos dados de avaliação, bem como as atividades 
de acompanhamento do I CEOE foram entregues à consultora em OE, 
Sonia Maria Ferreira e à assessora, Rita Xavier Barreto. 
— Recursos materiais 
Foi prevista a multiplicação de quinze (15) instrumentos de apoio 
necessários aos estudos programados, bem como a confecção de trinta e 
cinco (35) pastas e trinta e cinco (35) certificados destinados aos parti-
cipantes. 
— Recursos financeiros 
Previsão 
No. 
(35) Pastas Cr$ 1.625,00 
Diversos Cr$ 1.760,00 
(70) Lanches Cr$ 612,00 
Total Cr$ 3.997,00 
2. EXECUÇÃO 
Conforme planejamento prévio, realizou-se o I Círculo de Estudos de 
Orientação Educacional, sob a promoção do Departamento de Ensino 
Médio do MEC na sala de reuniões do DEM, no período de 08 a 10 de 
junho do corrente. 
As reflexões iniciais foram feitas pelo Diretor-Geral do DEM, Prof. José 
Torquato Caiado Jardim, que teceu considerações sobre a importância de 
um estudo conjunto sobre Orientação Educacional, conseqüência da 
integração de vários setores e instituições educacionais. Secretaria 
Geral/MEC, diversos Departamentos do MEC: 
— Departamento de Ensino Fundamental; 
— Departamento de Ensino Médio; 
— Departamento de Assuntos Universitários; 
 
— Departamento de Ensino Supletivo; 
— Departamento de Assistência ao Educando; 
Universidades de Brasília, Federação Nacional de Orientadores Edu-
cacionais-FENOE — Associação de Orientadores Educacionais de Brasília, 
Ministério do Trabalho (SENAI e SENAC). 
A Direção dos trabalhos foi feita pelo DAS, Profa. Odette Pessoa Maciel, 
e pela Orientadora Educacional, lima Passos Alencastro Veiga, Co-
ordenadora da COPED/DEM. 
As atividades de execução foram Coordenadas pela Consultora em 
Orientação Educacional, Sonia Maria Ferreira, sob a assessoria das 
Orientadoras Educacionais, Rita Xavier Barreto e Amabile Pierroti, 
assessoras técnicas da COPED/DEM. 
As atividades de avaliação e acompanhamento foram assumidas pela 
consultora Sonia Maria Ferreira e pela assessora técnica Rita Xavier 
Barreto. 
O I CEOE teve como pessoal de apoio: 
Antônia Ferreira Campos 
Benicio Silva 
Daniel da Silva Lima 
2.1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES 
2.1.1 TEMAI: 
Conceito, Natureza e Filosofia da Orientação Educacional 
2.1.1.1 Instrumentos de apoio 
A — Instrumento no. 1 
B — Instrumento no. 2 
C — Instrumento no. 3 
D — Instrumento no. 4 
E — Instrumento no. 5 
F — Instrumento no. 6 
2.1.1.2 Discussão 
2.1.1.3 Conclusões 
 
A — Instrumento no. 1 
V ENCONTRO NACIONAL DE ORIENTADORES EDUCACIONAIS - 
Salvador - BA - Julho de 1975 
O presente documento tem por objetivo caracterizar a atividade 
Orientação Educacional e o profissional — Orientador Educacional, 
segundo os vários textos legais que explicitam a dimensão de ambos. 
Queremos que através dele se possa obter de todos a devida compreen-
são quanto à Orientação Educacional e ao Orientador Educacional, face às 
leis, no seu texto e contexto, buscando conferir identidade e uniformidade 
de interpretação a todos que tiverem acesso ao presente documento. 
Artigo 10o. da Lei 5692/71 
"Será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo 
aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família 
e a comunidade". 
Em primeiro lugar necessário se faz um conceito para a atividade acima 
indicada. Para tanto lançaremos mão daquele expresso em um texto de lei, 
e de no. 5564/58, que reconhece a profissão e portanto reconhece a 
atividade profissional. 
"Artigo 1o. — A Orientação Educacional se destina a assistir ao 
educando individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas 
escolares de nível médio e primário, visando ao desenvolvimento integral e 
harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos 
que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício 
das opções básicas". 
Assim sendo, é preciso considerar que o Artigo 10o. representa uma 
solicitação dos legisladores aos profissionais da Orientação Educacional, 
quanto à sua participação ativa e efetiva na implantação e implementação 
da Lei 5692/71 — Reforma do Ensino de 1o. e 2o. graus. 
Posto isso, os profissionais da Orientação Educacional — portanto os 
Orientadores Educacionais — reunidos no V Encontro Nacional de 
Orientação Educacional, em Salvador-BA, no período compreendido entre 
os dias 13 e 19 de julho de 1975, crêem que deva ser esta interpretação, 
abaixo explicitada, aquela doravante adotada pela classe e conferida ao 
artigo 10o. da Lei5692/71. 
1.1 No seu sentido geral, o citado artigo fixa atribuições para a Orientação 
Educacional como atividade, inserindo-a numa políti- 
 
ca educacional brasileira, a qual está expressa nos três objetivos 
propostos no Art. 1o. desta lei 5692/71, os quais podem ser assim 
sintetizados: 
— desenvolvimento das potencialidades 
— iniciação e qualificação para o trabalho 
— exercício consciente de cidadania 
Tais atribuições porém, podem ser melhor discriminadas na medida 
em que se analisem os termos contidos no Art. 10o. 
1.1.1 Instituida obrigatoriamente 
a) Institucionalização — implica no reconhecimento da neces-
sidade de uma atividade específica no ensino de 1o. e 2o. graus 
— a Orientação Educacional. 
b) Obrigatoriedade — que tal atividade — Orientação Educacional 
— deve estender-se a todos os alunos, nos vários níveis de 
ensino, dentro da estrutura e funcionamento — propostos pelo 
texto e contexto da Lei 5692/71. 
1.1.2 Incluindo aconselhamento Vocacional. 
a) incluir — demonstra que dentre outras atribuições, Orientação 
Educacional deve prever e/ou fixar o momento em determinada 
etapa. Daí a ênfase dada ao 
b) aconselhamento vocacional — o qual identifica o "momento 
ótimo" para que o educando, face a uma seqüência de etapas 
de um processo orientador, perceba que se autoconhece, se 
auto-aceita, se autodetermina e, conseqüentemente, pode 
caminhar rumo à sua auto-realização pessoal e profissional. 
Toda a ênfase dada ao aconselhamento vocacional não o deixa 
de colocá-lo como parte integrante do processo global, que é a 
Orientação Educacional. A forma prioritária que lhe foi conferida 
no texto da lei é decorrente de proposição de um currículo 
pleno, especificado no Art. 5o. da própria Lei 5692/71. 
1.1.3 Em cooperação 
É uma expressão que demonstra a necessidade de integração de 
esforços para configurar-se uma função educativa de várias 
instituições e pessoas, garantindo a totalidade do processo 
educacional e o suprimento das necessidades do educando. 
Cooperar significa trabalhar com 
1.1.4 Professores — porque serão coletados, através deles, os 
dados necessários à formalização de uma sondagem de inte- 
 
resses e aptidões, essenciais à iniciação para o trabalho e à habi-
litação profissional. 
Na medida, porém, em que cada professor é suficiente para 
efetivar tal sondagem apenas dentro de sua atividade, área de 
estudos ou disciplina, necessário se faz que exista uma siste-
matização e um tratamento adequado para tais dados, para que 
eles possam revelar o potencial significativo de cada educando. 
Para esta tarefa deveremos contar com a OrientaçãoEducacional. 
1.1.5 A família — porque o desenvolvimento pessoal e/ou vocacional do 
indivíduo está sempre submetido a influências familiares, as quais 
podem facilitar ou dificultar suas escolhas básicas. Considerando-
se que, em qualquer das duas circunstâncias, necessário se faz 
uma conciliação fundamentada em dados esclarecedores, 
compete à Orientação Educacional tal empreendimento, 
considerando nele a posição de família em justas medidas. 
1.1.6 e a comunidade 
É preciso considerar a escola como instituição educativa. Não 
podemos, porém, deixar que ela se transforme em uma "ilha" e 
não pressinta que existem outros recursos que vão além de seus 
muros, e que são também válidos ao processo educativo. Tais 
recursos, encontrados no âmbito da comunidade, face à ação 
intencional de uma Orientação Educacional, conferem a esta 
comunidade o seu verdadeiro papel: o de escola função, que 
presta serviços e fornece recursos para a educação. Esta é a 
dimensão que, cremos, deve ser conferida ao Art. 10o. da Lei 
5692/71. 
LEI No. 5.564 de 21/12/68 
Uma vez explicitado o que se deve entender por Orientação Educa-
cional como atividade profissional, procederemos da forma similar para 
obtermos a identificação do profissional a quem competirá o exercício de 
tal tarefa. 
Este profissional é o Orientador Educacional, cuja profissão foi 
reconhecida pela Lei 5.564/68, homologada pelo Presidente Artur da 
Costa e Silva e pelo Ministro da Educação Tarso Dutra, a 21 de dezem-
bro de 1968, publicada no Diário Oficial da União a 24 de dezembro. 
Como já foi dito no item 1 deste texto, a lei a que ora nos referimos, 
 
em seu artigo 1o., conceitua a Orientação Educacional, procurando 
através deste conceito caracterizar o profissional. Em síntese podemos 
dizer que, face às atribuições conferidas à atividade, trata-se de um 
profissional que atuará no âmbito das escolas de 1o. e 2o. graus de 
ensino, assistindo o educando, individualmente ou em grupo, a fim de que 
ele possa alcançar sua plenitude como pessoa. Para tanto o Orientador 
Educacional trabalhará no estabelecimento de ensino, como verdadeiro 
integrador dos elementos que atuam direta ou indiretamente no processo 
educativo procurando, com eles, proporcionar condições para a auto-
realização do educando, fato que lhe facultará condições de efetuar, de 
maneira correta, suas opções básicas. 
Já os artigos 2o. e 3o. cuidam de instituir a Orientação Educacional 
como atividade privativa e exclusiva do profissional denominado 
Orientador Educacional, que deverá ser formado em instituições de nível 
superior. Desta forma e procedendo segundo o disposto no artigo 4o. — 
registro do diploma no Ministério da Educação e Cultura — ter-se-á o 
profissional legalmente habilitado. 
O artigo 5o. generaliza as atribuições do Orientador Educacional, 
destacando duas delas, a título de exemplificação: o aconselhamento do 
aluno e o magistério de disciplinas que constituem as áreas específicas 
para a formação do Orientador Educacional em escolas superiores. 
O próprio texto da lei vale-se do artigo 6o. para notificar a regula-
mentação futura e necessária à profissão, regulamentação esta que foi 
promulgada pelo Decreto-Lei 72.846/73, que merecerá uma referência 
maior no item 3 subseqüente. Esta regulamentação deverá definir o código 
de ética para a profissão e o profissional. 
Isto posto, resultam, pois, raciocínios como os que abaixo seguem: 
2.1 Uma vez identificada e reconhecida uma determinada atividade 
profissional, resulta, como conseqüência imediata, a identificação 
e reconhecimento do profissional que deva exercê-la. 
2.2 A Lei 5554/68 reconheceu o profissional e sua respectiva profissão, 
indicando-os como pertinentes à educação nacional. 
2.3 O texto da Lei que ora regulamenta o ensino de 1o. e 2o. graus no 
Brasil não poderia deixar de situar a atividade Orientação 
Educacional, explicitada em seu artigo 10o. e situada em grande 
parte de seu contexto. 
2.4 Ambos, profissional e profissão, atuam prioritariamente no processo 
educativo; são portanto a ele pertinentes, mas devem estar inseridos 
e nele encontrar, em todos os níveis, uma estrutura que os apoie e 
garanta o exercício de suas funções. 
 
2.5 A Lei 5.592/71, através do seu artigo 10o., procurou ratificar o já 
expresso no artigo 1o. da Lei 5.564/68, demonstrando a perfeita 
compatibilidade existente entre a atividade Orientação Educacional e 
o profissional Orientador Educacional. 
2.6 Que os legisladores das várias esferas ligadas ao ensino — Presi-
dência da República, Ministério da Educação, Congresso Nacional e 
Conselho Federal de Educação — procederam de forma rigorosa) e 
de conjunto, salvaguardando uma coerência ideal dentre ambas as 
leis, tanto em relação à profissão quanto em relação ao profissional. 
2.7 Que tanto a atividade como o profissional podem responder às 
questões: 
 
2.7.1 A quem se destina? —Ao educando 
2.7.2 Quais as formas de atuação? — direta com o educando (indivi-
dualmente ou em grupo), bem como com outros elementos que 
exerçam influência na formação deste educando. 
2.7.3 Quais as áreas desta atuação? — professores, família e comuni-
dade, através de escola e dos sistemas de ensino. 
Cremos, pois, que o sistema educacional, (macro e micro) não pode 
prescindir do concurso deste profissional, reconhecidoe solicitado por 
textos legais e cuja profissão já se acha devidamente regulamentada, 
segundo o que abordaremos no item subseqüente. 
DECRETO No. 72. 846/73 
"Regulamenta a Lei 5.564 de 21 de dezembro de 
1968, que provê sobre o exercício da profissão de 
Orientador Educacional". 
A análise do texto deste Decreto evidencia três aspectos carac-
terísticos: 3.1 O que é a Orientação Educacional. 
3.2. Quem é o Orientador Educacional. 
3.3 Onde atua e quais são as atribuições e competências de Orientador 
Educacional. 
 
3.1 O que é a Orientação Educacional. 
Cremos já ser suficiente a caracterização efetuada nos itens 1 e 2 
do presente documento. Acrescenta-se, porém, que a Orientação 
Educacional, no art. 1o. deste decreto, está definida quanto à sua 
finalidade, objeto, áreas de atuação e metodologia de trabalho. 
3.2 Quem é o Orientador Educacional. 
Na atualidade é o profissional de nível superior, licenciado em pe-
dagogia — habilitação em Orientação Educacional, ou o habi-
litado em curso de pós-graduação em Orientação Educacional, 
ou ainda aqueles que fizeram seus estudos na área em escolas 
estrangeiras e aqui os revalidaram. E ressalvado ainda o exercício 
àqueles que concluiram cursos regidos por textos legais ante-
riores à Lei 5.540/68 — Reforma Universitária e Pedagogia. 
3.3 Onde atua e quais são as atribuições e competência do Orientador 
Educacional. 
0 profissional de Orientação Educacional atua em instituições pú-
blicas ou privadas onde: 
3.3.1 Planeja e coordena a implantação e funcionamento do Serviço de 
Orientação Educacional, em nível de escolas, comunidades e 
sistemas de ensino. 
3.3.2 Coordena o processo de Orientação Vocacional e o acompanha-
mento pós-escolar. 
3.3.3 Sistematiza os processos de: 
 
a) coleta de dados relativos ao educando, através do assessora-
mento aos professores: 
b) favorece o intercâmbio de informações relativas ao conheci-
mento do educando de forma sistematizada; 
c) acompanhamento e, quando necessário, encaminhamento de 
alunos a outros especialistas; 
3.3.4 Ministra disciplinas de teoria e prática de Orientação Educacional, 
supervisiona estágios e emite pareceres relativos à Orientação 
Educacional. 
 
3.3.5 Participa do processo de: 
a) caracterização da clientela e comunidade escolar; 
b) elaboração do currículo pleno da escola; 
c) composição, caracterização e acompanhamento de turmas; 
d) avaliação e recuperação de alunos; 
e) encaminhamento e acompanhamento de estagiários; 
f) integração entre escola-família-comunidade. 
3.3.6 Realiza estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional. 
B — Instrumento no. 2 ORIENTAÇÃO 
EDUCACIONAL - DEFINIÇÕES 
1. Orientação é a assistência prestada aos indivíduos a fim de que eles 
façam opções e ajustamentos inteligentes (Jones). 
2. E o processo cientificamente estruturado que consiste na integração 
entre Orientador e Orientando, a fim de que se desenvolva neste último 
e capacidade de racionalização no plano de conduta, isto é, de fazer 
opções conscientes e aceitar voluntariamente as responsabilidades 
decorrentes. 
3. Orientação Educacional, no seu sentido restrito, é um método pelo qual 
o Orientador Educacional ajuda o aluno, na escola, a tomar consciência 
de seus valores e dificuldades, bem como dos meios de explorá-los e 
superá-los, concretizado principalmente através do estudo, sua auto-
realização em todas as suas estruturas e em todos os planos de vida — 
escolar, familiar, social e espiritual (M. J. Schimidt). 
4. Orientação Educacional se propõe a levar o adolescente a opções 
conscientes, baseadas no conhecimento racional dos fatos e situações, 
bem como na avaliação objetiva de seu próprio potencial, num processo 
de conscientização versus manipulação social caminhando 
gradativamente para a maturidade individual e social (Pimentel e Sigrist). 
5. A Orientação Educacional se destina a assistir ao educando individu-
almente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de 
nível médio e primário, visando ao desenvolvimento integrado os 
elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o 
para o exercício das opções básicas (Lei no. 5.564/68 que provê sobre a 
profissão do Orientador Educacional). 
 
6. Constitui o objeto de Orientação Educacional a assistência ao edu-
cando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1o. e 2o. 
graus, visando ao desenvolvimento integral e harmonioso da sua 
personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem 
influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções 
básicas (Decreto no. 72.846/73 que regulamenta a Lei no. 5.564/68). 
7. A Orientação Educacional é uma ação em bases científicas, que visa 
a assistir o aluno no desenvolvimento integral de sua personalidade e 
em seu ajustamento pessoal e social (Enzo Azzi). 
8. A Orientação Educacional atua, mediante técnicas adequadas, no 
indivíduo, com fim específico de ajudá-lo a resolver os seus problemas 
de estudo e de ajustamento ao meio escolar e à vida social e de 
conduzi-lo à escolha adequada de cursos ou de profissões (Conselho de 
Orientação Educacional da Secretaria de Educação do Estado de São 
Paulo). 
9. É o processo educacional organizado, permanente, inserido na escola, 
pelo qual todos os conhecimentos científicos sobre o educando e 
métodos técnicos educacionais são colocados a serviço da máxima 
evolução e formação integral do educando, considerando este, em todos 
os seus aspectos, capaz de aperfeiçoamento e de realização (Victorino 
B. Miguel). 
10. Orientação Educacional é o trabalho conjugado de todos os 
membros de uma escola, coordenados por um orientador, junto 
ao educando, a fim de levá-lo a realizar-se da melhor forma possí 
vel e sob todos os aspectos, com base na sua realidade bio-psico- 
social, tendo em vista integrá-lo na sociedade com base em uma 
atividade profissional, para torná-lo um cidadão consciente, efi 
ciente e responsável (Imídio G. Nérici). 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1 Jones. J. A. Principies of guidance. 
2 SCHIMIDT, M. J. e Pereira, M.L.S. - Orientação Educacional - Agir 
3 PIMENTEL, M.G. e SIGRIST, A.C. - Orientação Educacional, Ed. Pioneira, SP. 1974. 
4 Cadernos de Orientação Educacional, no. 19 — CADES. MEC 
5 MIGUEL, Victorino B. — Introdução à Orientação Educacional, Edições Loyola. 
6 NERICI, Imídeo G. Introdução à Orientação Educacional, Ed. Atlas S.A. São Paulo, 1974. 
7 Parecer no. 76/75 CE 1o. e 2o. Graus - MEC e CFE 
8 Ensino de 2o. grau: Bases e Ação. Curso-Seminário - Projeto "Asteca" — MEC — 1973. 
9 Educação Permanente — Estado da Guanabara — Secretaria de Educação e Coordenação do Ensino 
— Departamento de Ensino do 1o. grau — 1974. 
 
10 Curso Integrado para Orientadores Educacionais e Supervisão Pedagógicos a nível de Sistema 
Estadual de Educação - CENAFOR, Salvador - BA, 1976. 
11 Lei no. 5.564 de 21/12/68 que provê sobre o exercício da profissão do Orientador Educacional. 
12 Decreto no. 72.846 de 25/9/73 que regulamenta a Lei no. 5.564/68 que provê sobre o exercício da 
profissão do Orientador Educacional. 
C - INSTRUMENTO No. 3 
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL EM NIVEL DE 2o. GRAU 2. 
CONCEITUAÇÃO 
"Orientação Educacional é uma ação sistematicamente planejada e 
avaliada no sentido de oportunizar situações que exijam do aluno opções 
conscientes, baseadas no conhecimento regional dos fatos e da realidade, 
bem como na avaliação objetiva de suas potencialidades e limitações". 
O planejamento sistematizado e a avaliação do trabalho compete ao 
Orientador Educacional que, dentro da ação educativa, deverá procurar 
envolver todos os educadores conforme preconiza o artigo 10 da Lei 5.692 
de 11 de agosto de 1971: "será instituída obrigatoriamente a Orientação 
Educacional, incluindo aconselhamento vocacional, em cooperação com 
os professores, família e comunidade promovendo condições para que o 
aluno descubra a si mesmo durante a fase de formação geral de 1a. a 6a. 
séries do 1o. graue seja capaz de fazer opções conscientes para os 
cursos que serão oferecidos no ensino de 2o. grau. 
Em se tratando da Sondagem de Aptidão já explícita no Parecer 339/72 
do Conselho Federal de Educação, sob a designação de generalidade que 
segundo Hitckins leva o educando a se apossar de um acervo comum das 
idéias fundamentais, não pretendemos nos aprofundar visto ser tema de 
outro plenário. 
 
Não poderíamos deixar todavia de dar ênfase e enaltecer a filosofia tão 
marcante de formação de personalidade do educando previsto na Lei 
5.692/71, quando do seu objetivo geral: auto-realização, formação para o 
trabalho e exercício consciente da cidadania, três aspectos de 
conscientização do professor para a missão de educador. Aqui, o 
Orientador Educacional encontra seu campo de ação — a orientação vital 
do aluno. Vale dizer que o planejamento de Orientação Educacional no 1o. 
grau deverá ser em consonância com os trabalhos liderados pelo 
Coordenador Pedagógico, aproveitando os assuntos e todas as atividades, 
por ele abordadas, para levar o aluno a reflexões, à introspecção, 
procurando assim o seu Eu verdadeiro — o eu interior. Só assim, o aluno 
será um cidadão consciente, verdadeiro brasileiro, cônscio do seu dever 
como perpetuador da sociedade, da cultura e de todos os valores da 
nação, esta nação imensa, parcela de um universo que está sempre a 
crescer, a evoluir e a solicitar. Sob este aspecto de 1o. grau de sondagem 
de Aptidão, a Reforma do Ensino é arrojada e aberta. O orientador 
educacional precisa estar alerta, para aproveitar as ocasiões e sobretudo, 
o que é de muita responsabilidade — não cair no ócio ou se perder face à 
multiplicidade de ocasiões. 
Iniciamos agora a abordagem do nosso tema — A Orientação Educa-
cional no 2o. grau — em continuidade à análise do conceito apresentado. 
Conforme já nos referimos, as opções conscientes, que o aluno se 
habilitará a fazê-las, se bem sondadas no 1o. grau onde as condições 
oferecidas pela escola foram propícias ao despertar de tais metas, flores-
cerão agora no 2o. grau. Passaremos portanto ao tema proposto — a 
Orientação Educacional no 2o. grau, embora continuando ainda a análise 
do conceito inicial no que se refere a Opções Conscientes. Sobre os 
aspectos que deverão atuar em uníssono no planejamento educacional, o 
autoconhecimento (potencialidades e limitações) já explorado no 1o. grau, 
e o conhecimento regional dos fatos e da realidade, são básicos. 
É importante o conhecimento da realidade, no que se refere ao Mercado 
de Trabalho, à oferta e à vivência de profissionais que, através dos seus 
depoimentos, quanto às atividades, ao campo de trabalho da sua profissão, 
darão ao aluno uma visão ampla da realidade, reforçando deste modo o 
interesse do educando por determinadas profissões. 
3. OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO 2o. GRAU 
O objetivo genérico da Orientação Educacional é a maturidade pessoal 
e social do aluno, atingida através de um processo em que ele se torne 
progressivamente mais consciente de si mesmo, das necessidades e 
ofertas do meio. 
 
Neste processo, a aprendizagem do eu "e da realidade que o cerca, se 
efetua através de uma sistemática de auto-avaliação, inscrição e 
participação social. Esta participação adquire dimensões das pequenas 
equipes de classe às instituições escolares, atividades, estágio e à vida de 
comunidade". 
Em se tratando de um objetivo genérico, é óbvio o trabalho siste-
matizado do Orientador Educacional pró-formação do educando desde as 
1as. séries de escolaridade, num sentido sempre progressivo e crescente, 
até a sua decisão profissional, sustentáculo de toda a sua vida futura. Esta 
decisão o fará ajustado ou não à vida profissional, familiar e social, no que 
implica a grande responsabilidade do orientador. 
4. CAMPO DE ATUAÇÃO 
4.1 — Campo de atuação geral: — abrange toda a comunidade escolar; 
direção, orientação pedagógica, professores e demais técnicos que de-
sencadeiam o processo educativo, estendendo-se até a família, às empre-
sas e à comunidade em geral. 
Em relação ao pessoal técnico-administrativo, a Orientação Educa-
cional de 2o. grau atua no sentido de unificar a ação educadora, visando à 
formação integral do aluno, para o que, necessário se faz criar um clima 
de franca convivência, apoio, aceitação e colaboração sem o que a 
orientação deixaria de ser funcional. 
Em relação à família, a Orientação Educacional a nível de 2o. grau, 
continuará envolvendo-a no processo educativo, principalmente no que 
concerne ao significado de opção vocacional e do estudo das carac-
terísticas do desenvolvimento humano. 
Em relação às empresas e à comunidade, a atuação da Orientação 
educacional a nível de 2o. grau torna-se mais intensificada porque: 
— no momento presente, a empresa e a comunidade darão ao aluno os 
limiares das profissões através de estágios — oportunidades de 
análise do processo de adaptação "homem — trabalho — homem" — 
e fornecerão dados sobre informação ocupacional. 
— No futuro, a empresa e a comunidade serão objeto deste aluno em 
cujas mãos serão moldadas, melhoradas, reformuladas, num múltiplo 
e constante dar a receber; dar a oportunidade hoje para servir-se dos 
seus frutos amanhã. E, como campo de atuação imediata do 
orientador, ela poderá fazer análise dos conflitos psicológicos e 
estrutura de personalidades exigidas pela dinâmica das empresas. 
Em relação à comunidade, a orientação educacional a nível de 2o. grau 
procura congraçar esforços da comunidade no sentido de utilizá-los 
 
na ação educativa, procurando refletir junto aos alunos seus padrões e 
valores além de, em momento oportuno, inserir os alunos na mesma. 
5. PLANO DE AÇÃO 
5.1 AÇÃO INTEGRADA 
A ação integrada é a Orientação Educacional versus Supervisão Peda-
gógica, atuando com a direção, os professores e demais técnicos, pla-
nejando executando e avaliando sistematicamente a ação educativa, num 
constante reformular de objetivos. 
Entre as atividades específicas de ação integrada citamos algumas: 
— delineamento de uma filosofia de trabalho; 
— características de clientela escolar; 
— contribuição específica de cada disciplina; 
— área, estudo ou atividade, na formação integral dos alunos; 
— dinâmica de turmas, respeitando a individualidade de cada um; 
— processo de observação das características gerais da personalidade 
do aluno, e medidas psico-pedagógicas de acompanhamento de casos 
individuais ou de grupo de alunos; 
De acordo com o que foi dito, o Orientador Educacional terá que traçar 
um plano de ação, tendo em vista a formulação de uma filosofia de 
educação voltada para o cumprimento do objetivo geral de Lei 5.692/ 71 e 
que focalizará os aspectos: 
5.1.1 CURRICULO 
Conforme o objetivo específico da educação de 2o. grau — a ter-
minalidade — os currículos deverão ser montados com abertura tal que 
possibilitem a constante reformulação de suas metas, para atender às 
oscilações do mercado de trabalho, às possibilidades dos estabele-
cimentos de ensino, à multiplicidade de cursos que surgem anualmente 
face à necessidade de novas qualificações, tudo isto em consonância com 
a política educacional de cada região. Outros aspectos devem ainda ser 
observados na formação do currículo pleno das escolas de 2o. grau: 
objetivos de cada escola face ao tipo de clientela e necessidades da co-
munidade, enfatizando os objetivos do núcleo comum. 
5.1.2 OUTROS ASPECTOS 
— Estabelecer objetivos comportamentais relacionados a cada disci 
plina, critérios na formação de turmas, critérios de observação nos di 
versos ambientes, critérios de análise dos danos e dos gráficos do apro 
veitamento, bem como planejamento de um novo processo de avaliação, 
dentro da nova dimensão educacional. 
 
— Montar projetos que englobem a participação dos professores, tanto 
no estudo das profissões e do mercado de trabalho como na divulgação 
dos cursos profissionalizantes oferecidos pela escola e pela comunidade. 
— Estabelecer sistemas de avaliaçãoglobal que possibilitem uma am-
pliação e a melhoria do trabalho — constantes feed-back — para cons-
tante reformulação dos objetivos. 
5.2 AÇÃO DIRETA 
O orientador educacional deve estabelecer um plano de ação direta em 
relação ao aluno, com bases numa visão realista das condições 
encontradas no estabelecimento e na comunidade. 
— Treino de capacidade de optar, evoluindo desde a escolha dos 
companheiros da equipe, projetos, atividades, disciplinas, créditos, 
opção vocacional, à capacidade global de se definir, de se autodetermi 
nar, escolhendo as formas próprias de se realizar no desenvolvimento de 
suas potencialidades e no exercício consciente da cidadania. 
6. A REFORMA DO ENSINO E A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A 
NIVEL DE 2o. GRAU 
A Orientação Educacional a nível de 2o. grau, dentro do espírito da Lei 
5.692/71, tem uma grande responsabilidade no sentido de canalizar todos 
os esforços para proporcionar ao aluno uma formação compatível com as 
suas aptidões, valorizando-o como indivíduo e como ser social. Neste 
processo de formação, o aluno terá oportunidade de desenvolver ao 
máximo seus talentos e habilidades, bem como de aprimorar seus 
atributos morais em seu benefício e do grupo social. 
Toda a dinâmica da Orientação a nível de 2o. grau estará voltada para a 
terminalidade, isto é, uma educação mais técnica, nota dominante da 
Reforma do Ensino, sem contudo se divorciar da educação humanística; 
dois aspectos, durante tanto tempo, mantidos separados. É oportuno 
recordar que não existe autêntica cultura fora daquela que, fiel embora aos 
valores do passado, é a expressão da realidade atual da civilização. "A 
integração cultural da técnica não se impõe apenas para o bem da cultura; 
é condição essencial para a integração da técnica na nossa civilização, no 
sentido do autêntico progresso do homem e da humanidade". A dispersão 
rápida e progressiva das ciências clama, cada vez mais alto, pela 
necessidade de elaborar a sua síntese e de conservar no homem 
faculdades de contemplação e admiração, que conduzem à sabedoria". 
Dentro do aspecto profissionalizante da Lei a nível de 2o. 
 
grau, compete ao Orientador Educacional, formar no educando uma 
consciência filosófica do seu valor como pessoa humana, substituível sob o 
aspecto racional, e insubstituível como pessoa, pois todo o homem precisa 
voltar-se para si mesmo, conhecer seus dons inatos que, quando 
aperfeiçoados e dispostos a serviço do outro, o levam à verdadeira 
libertação, compromisso" à imagemi e semelhança de Deus" e terá 
condições de superar a materialização, tornando-se realmente um homem 
global. 
Os programas de educação de 2o. grau exigem, em medida crescente, 
que a especialização repouse sobre base cultural para atender ao acele-
rado processo de desenvolvimento. Haja visto que, em países desen-
volvidos, já se constatou que pessoas providas de cultura geral se adap-
tam mais rapidamente a novas técnicas. 
Considerando o problema sob um ângulo mais prático — dinâmica 
interna do homem — tendo em vista o crescimento econômico do país, a 
Orientação Educacional deverá atuar num plano integrado já mencionado 
anteriormente. 
D — Instrumento no. 4 
INTEGRAÇÃO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E DO CURRICULO 
O nosso sistema educacional, ainda que emanado de princípios 
filosóficos coerentes, carece, na prática, de uma unidade de ação que seja 
capaz de orientar a ação educativa de forma global e coerente. A ausência 
dessa unidade se caracteriza pela desvinculação dos diversos setores do 
Currículo. Praticamente não existe ainda uma integração e racionalização 
das diversas áreas do Currículo. A figura do tradicional Professor, que no 
passado ocupava o centro do sistema educacional, de sempenhando o 
papel de verdadeiro catalizador da ação educativa, desapareceu. Quem 
deverá desempenhar tal função? 
Pela própria Filosofia da Orientação Educacional e pelas funções e 
atribuições que caracterizam o Orientador Educacional, cabe a este 
assumir o papel. Em geral, porém, o Orientador Educacional, certamente 
por falta de formação humana e técnica mais profundas, ainda não tomou 
plena consciência do fato. Por outro lado, devido a diversos fatores, o 
sistema escolar ainda não consegue reconhecer e aceitar o Orientador 
Educacional como o elemento capaz de assumir e desempenhar essa 
responsabilidade. 
Desta forma, a Orientação Educacional vem se arrastando, trilhando 
caminhos num paralelismo com as demais áreas de atuação educacional, 
sem lograr um verdadeiro encontro em seus objetivos comuns. 
 
Muitos são os fatores que, desde o passado, vem contribuindo para a 
falta de integração da Orientação Educacional com o Currículo, 
Fundamentados em Janet Kelly podemos citar: 
1. Por muitos anos os professores acharam que todos os estudantes 
deveriam submeter-se a um Currículo estritamente clássico e aca-
dêmico. 
2. A existência, nestes últimos anos, de um programa de Orientação 
Educacional apenas facilitador, alheio aos problemas disciplina-dores 
da escola. 
3. Persistência, na escola, de uma estrutura de separatismo e espe-
cialização, favorecendo uma desvinculação entre departamentos e 
campos de atuação. 
4. Programa de Orientação Educacional alheio ao contexto da Filosofia 
de Educação da Escola. 
 
5. Ênfase que a Orientação coloca sobre o indivíduo com relação à 
aprendizagem em oposição à ênfase grupai dada pelo Currículo. 
6. Atuação da Orientação Educacional não voltada para o professor e 
para a sala de aula. 
7. Confusão com relação ao conceito de Currículo existente entre as 
pessoas que planejam. 
8. Exclusão do Professor e do Orientador na organização do Currículo. 
9. Ausência de uma colocação mais realista e objetiva do "core cur-
riculum" em relação aos Professores e Orientadores, e como se 
fosse algo reservado aos especialistas do Currículo. 
10. Desconhecimento das contribuições que cada campo (Currí 
culo e Orientação) pode oferecer um ao outro para desen 
volver a aprendizagem. 
B. A importância e a necessidade de integração da Ori-
entação e do Currículo torna-se evidente se considerarmos a semelhança 
e mesmo a identidade das características dos dois campos: 
1. Semelhança de filosofia e objetivos nos seus aspectos básicos. 
2. Semelhança de funções: ação centralizada no aluno através da 
identificação e orientação de seus problemas. 
3. Currículo e Orientação atingindo as mesmas pessoas e instituições 
— alunos, pais, professores, comunidade, empresas... 
4. Semelhança de conteúdo e de recursos educacionais utilizados. 
5. Semelhança na metodologia e nas técnicas de trabalho com os 
alunos. 
6. Semelhança em termos de abordagem terapêutica, preventiva e de-
senvolvimentista. 
7. Semelhança entre os problemas da Orientação e do Currículo com 
relação à preservação da unidade e da continuidade do processo 
 
educativo, envolvendo planejamento, coordenação, articulação e 
comunicação. 
— planejamento de atividades que promovem o desenvolvimento do 
aluno; 
— coordenação das atividades curriculares centradas no aluno; 
— articulação de atividades curriculares e extra-curriculares; 
— comunicação entre alunos, professores, pais, escolas, empresas, 
comunidade... 
 
8. A utilização da mesma Psicologia da Aprendizagem; 
9. Estudos dos mesmos problemas sociológicos e culturais. 
E — Instrumento no. 5 
"O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A INTEGRAÇÃO ESCOLA 
- COMUNIDADE" 
Profa. Rosa Pavone Pimont 
0 orientador Educacional estabelece os objetivos de seu trabalho com o 
conhecimento da comunidade na qual terá que atuar. 
Os orientadores enfrentam muitas dificuldades no seu trabalho, às 
vezes quanto às expectativas dos pais e comunidade em relação ao tra-
balho da escola. 
0 orientador pode agir como elemento coordenador do planejamento 
geral da escola e interferir na determinação de uma linha de trabalho, se 
ele conhece a realidade da escola e da comunidade. 
O Orientador Educacional não se dirige somente aos elementos 
presentestodos os dias na escola. Como os orientadores pertencem a 
famílias e estas e a escola estão localizadas numa comunidade, o orien-
tador deverá trabalhar com todos, usando, em última análise, o 
ajustamento do orientando numa ação profilática, mais do que terapêutica. 
0 trabalho do Orientador, desde a primeira fase do planejamento do 
SOE, terá que partir de um estudo da escola e da comunidade. É comum 
haver um Orientador só, para uma escola com muitos alunos, professores, 
etc. 
Se o Orientador se fechar em seu gabinete,.pouco fará sozinho. Como 
se ajustar a essa situação? Talvez da seguinte forma: será o Orientador o 
elemento presente na comunidade para coordenação de trabalhos que 
muitos possam fazer. 
Se o Orientador vai ser um dos elementos coordenadores do plane-
jamento geral da escola e se este tem que partir,, antes de tudo, de um 
conhecimento da realidade daquela escola e daquela comunidade e disso 
 
dependem os objetivos de escola, o Orientador pode oferecer dados, 
estudando a comunidade a fim de que a escola não seja desvinculada dos 
objetivos educacionais de todos os elementos que atuam em educação na 
comunidade. 
Aí o Orientador poderá fazer com que a escola atenda a comunidade, 
ao mesmo tempo que esta poderá auxiliá-lo. 
Em "A Escola e a Comunidade"encontramos a seguinte conceituação: 
a) "Relações Escola — Comunidade: 
A estrutura interna da escola, sua posição na estrutura da sociedade e os 
processos de integração humana e social que se desenvolvem entre 
ambas, resumem atualmente, os aspectos de maior preocupação analítica 
da sociologia e da psicologia da educação. 
Tais aspectos baseiam-se principalmente, na concepção da escola ou 
do sistema escolar, não apenas como "Veículo de transmissão de ensino 
sistemático e programado ou de uma herança cultural, mas como um 
grupo social diferenciado e com uma dinâmica própria, inserido em um 
dado contexto social". 
Desta compreensão da natureza da escola decorre que ela deve ser 
considerada na sua vida social, não como uma instituição globalizado-ra 
do processo educacional, mas como seu eixo central. 
Essa distinção é fundamental para que a educação possa, ampla e 
flexivelmente, incluir não só um processo formal de instrução que se 
realiza através da escola, mas também uma multiplicidade de processos 
de comunicação informal, que desempenham Complementarmente, 
importantes tarefas educativas...". 
— Art. de M.L da Silva — Suplemento especial Folha de São Paulo - 
18/02/68. 
b) Escola comunitária 
"Na afirmação de que a educação é um processo social, está contida 
mais do que a simples idéia de que a função da escola é preparar os alu-
nos para participarem de uma determinada sociedade. Implica ela em mais 
do que a mera noção de que a escola é uma comunidade com vida 
corporativa própria. 
Tendo em vista que a escola é criada pelo Estado ou por alguma 
instituição privada e que o processo educacional não se limita às horas 
que o aluno passa na escola, é indispensável que os responsáveis pela 
atuação da escola compreendam como diz Dadler "que as coisas exte-
riores à escola são ainda mais importantes do que as interiores, que elas 
governam e interpretam". 
A "partir do reconhecimento" do valor das "coisas exteriores à escola" 
pode-se verificar que a tendência atual parece definir-se pelo tipo que vem 
dominando "escola comunitária". 
 
Aparecendo essa escola comunitária, podem-se identificar dois outros 
tipos principalmente de escolas que expressam diferentes orientações 
filosóficas e que surgiram em dados contextos sociais e períodos histó-
ricos. 
A evolução deu-se da escola acadêmica ou tradicional, com insistência 
no aprendizado através dos livros, para a escola progressiva com sua 
ênfase na expressão dos interesses do aluno, até a escola comunitária que 
gravita em torno das necessidades coletivas da vida e do meio social. 
Para a escola comunitária, o conceito de comunidade abrange quatro 
áreas e três níveis básicos. As quatro áreas são: 
1. A comunidade ou zona de serviço da escola: os povoados, o distrito, o 
bairro, a cidade, o município; 
2. A comunidade regional: a unidade geopolítica maior que se seguir à 
anterior, como um conjunto de municípios, uma metrópole, um 
Estado ou um agrupamento; 
3. A comunidade racional: país considerado com um todo; 
4. A comunidade internacional: a reunião dos países ligados por es-
treitos vínculos econômicos, sociais, políticos e culturais. 
Os três níveis básicos da comunidade são: 
1. O nível material, que inclui desde os recursos naturais, aos recursos 
de produção, à infra-estrutura físico-urbana, etc; 
2. O nível institucional ou as formas de vida organizada, os sistemas 
sociais, os hábitos da massa, as pautas culturais, etc; 
3. O nível valorativo: idéias, valores, preconceitos, temores, aspirações, 
etc. que induzem costumes, criações, comportamentos e populações. 
Entre outros princípios nos quais se fundamenta, deverá a escola 
comunitária: 
1. Extrair seus objetivos dos interesses e necessidades do povo; 
2. Utilizar em sua programação, uma grande diversidade de recursos da 
comunidade; 
3. Praticar e fomentar a democracia em todas as suas atividades tanto 
da escola como da comunidade; 
4. Treinar lideranças para a consecução de planos de melhorias 
cooperativas da população que vive na comunidade local e nas 
comunidades maiores; 
5. Construir o núcleo do curriculum em torno dos principais processos e 
problemas da vida humana e da comunidade; 
6. Atuar como centro educativo para os adultos, pois a educação é um 
processo permanente que se prolonga por toda a vida; 
7. Orientar os esforços educativos da comunidade, coordenando todas 
as fontes educativas da mesma, para um programa organizado 
 
em colaboração, tendo em vista obter a educação mais efetiva dos 
jovens e adultos, na escola e fora dela. 
c) ... é com muita expectativa que se toma conhecimento da recém 
criada Secretaria da Promoção Social do Estado de São Paulo, que entre 
seus programas de desenvolvimento de comunidade, pretende transformar 
as unidades escolares em Centros Comunitários de participação popular e 
de educação de adultos. 
As escolas terão a máxima utilização de seus prédios, equipamentos, 
em períodos de ociosidade, pelos interessados, através de atividades de 
meio, de cultura de base, recreação e esportes tais como: audições 
musicais, teatro de fantoches, projeção de slides, realização de concursos 
e festivais, exibições teatrais, torneios esportivos, etc. Além disso as 
associações profissionais e sociais serão também incentivadas a um tra-
balho conjunto com as escolas, neste setor de extensão e difusão cultural. 
F — Instrumento no. 6 
ORIENTADOR AGENTE DE MUDANÇA 
Resistências a mudança 
Extrato de: "Algumas considerações sobre treinamento 
do pessoal do Ensino" — Bernardette Angelina Gatti e 
outros. 
Goodwin Watson (1969) sintetiza, em alguns princípios, suas obser-
vações quanto às fontes de resistência nas pessoas ou nas instituições. 
Ressalta que estes princípios não são leis, mas apenas generalizações 
que se mostraram pertinentes. Centraliza suas considerações em três 
questões: quem traz a mudança? Que tipo de mudança? Por quais 
procedimentos? 
"A. Quem traz a mudança? 
1. A resistência será menor se todos sentirem que o projeto é deles isto 
é, não é desejado e realizado por estranhos. 
2. A resistência será menor se o projeto for claramente apoiado pela 
hierarquia superior do sistema. 
B. Que tipo de mudança? 
3. A resistência será menor se os participantes virem a mudança 
como reduzindo, e não aumentando seus atuais encargos. 
 
4. A resistência será menor se o projeto estiver de acordo com valores 
e ideais familiares aos participantes. 
5. A resistência será menor se o programa oferecer um tipo novo de 
experiência que interesse aos participantes. 
6. A resistêcia será menor se os participantes sentirem que sua 
autonomia e sua segurança não estão ameaçadas. 
C. Procedimentosde instituição de mudança 
7. A resistência será menor se os participantes tiverem oportunidade de 
fazer esforços de diagnóstico para definição do problema básico, 
cônscios assim de sua importância. 
8. A resistência será menor se o projeto for adotado por decisão 
consensual do grupo. 
9. A resistência será menor se os proponentes conseguirem empatia 
com os oponentes, reconhecendo as objeções válidas e procurando 
eliminar temores desnecessários. 
10. A resistência será diminuída se se reconhecer que as inovações 
podem ser mal entendidas e interpretadas, e se for previsto um 
acompanhamento do processo para posteriores esclarecimentos, 
se necessários. 
11. A resistência será menor se os participantes experimentarem, em 
suas relações mútuas, aceitação, suporte, confiança. 
12. A resistência será reduzida se o projeto for mantido aberto para 
revisão e reconsideração, se a experiência mostrar que estas 
mudanças são desejáveis". 
Devemos lembrar, no entanto, que as resistências à mudança, têm 
também, papel importante no sentido de evitar por exemplo, rupturas 
chocantes, que poderiam provocar desintegração, além de contribuir para 
a manutenção de certa integridade dos indivíduos ou grupos envolvidos, 
em termos de sua auto-estima, competência e autonomia. Uma análise 
interessante deste aspecto nos é dada por Donald Klein (1969). 
De maneira geral, podemos concluir que os autores concordam que 
qualquer processo de introdução planejada de inovação — treinamento ou 
reciclagem, por exemplo — requer além de atenções quanto às técnicas 
específicas de transmissão de informação, cuidados relativos à parte de 
valores, normas, padrões dos indivíduos, grupos, organizações ou 
instituições envolvidas. Se, por um lado, o formador tem que preocupar-se 
com a forma de introduzir novas tecnologias, por outro, deverá também 
estar atento aos aspectos dos comportamentos que se relacionam com a 
introdução destas inovações, sob o risco de perder eficiência no alcance 
de seus objetivos. 
 
2.1.2.2-DISCUSSÃO 
a) encaminhamento 
Grupo 1 Com o auxílio do Instrumento no. 1 elaborar princípios de filosofia 
da Orientação Educacional. 
Grupo 2 Criticar as definições apresentadas no Instrumento no. 2 
escolhendo a que melhor define a Orientação Educacional. 
Caso sinta necessidade, o grupo poderá elaborar uma definição 
própria. 
Grupo 3 — Utilizando o Instrumento no. 3 definir as atribuições e com-
petências do orientador Educacional. 
Grupo 4 Com o auxílio do Instrumento no. 3 item 5 e do Instrumento no. 4 
definir atitudes que caracterizem o Orientador Educacional 
como elemento integrado no processo educativo e agente 
integrador das diversas áreas do Currículo. 
Grupo 5 Utilizando os Instrumentos no. 5 e no. 6 defina formas de atuação 
do Orientador Educacional que o caracterizem como agente de 
mudança na escola, família e comunidade. 
2.1.2.3-CONCLUSÕES 
FILOSOFIA: 
A filosofia da Orientação Educacional está embasada nos mesmos 
princípios filosóficos da Educação. Considerando o homem um ser livre e 
dinâmico, inserido em coordenadas espaço-temporais, constitui 
natureza da Orientação Educacional atuar em função do educando: — 
oferecendo-lhe condições para tornar-se pessoa, preparando-o para o 
exercício de opções básicas, integrando os elementos que exercem 
influência na sua formação, tendo em vista a sua participação na 
sociedade. 
CONCEITO: 
A Orientação Educacional é um processo científico e contínuo, 
atuando junto ao educando, em todos os graus e modalidades de ensi- 
 
no, de forma integrada com os elementos responsáveis pela sua forma-
ção, visando a atender os objetivos da educação. 
NATUREZA: 
Quanto à natureza da Orientação Educacional, o grupo concluiu pela 
validade das atribuições contidas nos artigos 8o. e 9o. do Dec. no. 
72.846/73 com algumas ressalvas. 
A REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE ORI-
ENTADOR EDUCACIONAL - Decreto no. 72.846. de 26 de setembro de 
1973 
Artigo 8o. — São atribuições privativas do Orientador Educacional: 
a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Ser 
viço de Orientação Educacional em nível de: 
1. Escola 
2. Comunidade. 
 
b) Planejar e coordenar a implantação e o funcionamento do Serviço 
de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, 
Estadual, Municipal e Autárquico; das sociedades de Economia 
Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. 
c) Coordenar a Orientação Vocacional do educando, incorporan-do-o 
ao processo educativo global. 
d) Coordenar o processo de sondagem de interesse, aptidões e 
habilidades do educando. 
e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional 
com vistas à orientação vocacional. 
f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações neces-
sárias ao conhecimento global do educando. 
g) Sistematizar o processo do acompanhamento dos alunos, enca-
minhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência 
especial. 
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar, f) Ministrar disciplinas 
de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as 
exigências da legislação específica do ensino, j) Supervisionar 
estágios na área da Orientação Educacional. 
Artigo 9o. — Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes 
atribuições: 
 
a) Participar do processo de identificação das características 
básicas da comunidade. 
b) Participar no processo de caracterização da clientela 
escolar, 
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da 
escola. 
d) Participar na composição, caracterização e acompanha-
mento de turmas e grupos. 
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos 
alunos. 
f) Participar do processo de encaminhamento e acom-
panhamento dos alunos estagiários. 
g) Participar no processo de integração escola-família 
comunidade. 
h) Realizar estudos e pesquisas na área de Orientação Edu-
cacional. 
B — As ressalvas, relativas às atribuições do Orientador Educacional, feitas 
pelo I CEOE, são as seguintes: 
1. No artigo 8o. itens "a" e "b", substituir o termo "funcionamento" 
por implementação, de conceituação mais abrangente e eliminar o 
termo "serviço" que não corresponde à natureza da Orientação 
Educacional. 
Os dois itens passariam a ter a seguinte redação: a. Planejar e 
coordenar a implantação e implementação da Orientação Educacional 
em nível de: 
1. Escola; 
2. Comunidade. 
b Planejar e coordenar a implantação e implementação da Orientação 
Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Estadual 
Municipal e Autárquico; das sociedades de Economia Mista, 
Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. 
2. A necessidade de implantação do processo de Orientação Educa 
cional, em nível Pré-Escolar, Supletivo e 3o. Grau, com as mesmas 
atribuições gerais do 1o. e 2o. Graus, ressalvadas as atribuições 
específicas a serem estabelecidas de acordo com as realidades no 
Pré-Escolar, Supletivo e 3o. Grau. 
Por ser matéria que exige maior aprofundamento, o grupo sugere que o 
assunto seja tratado por futuros grupos de estudos. 
 
A — Instrumento no. 1 
DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL 
Heloísa Lück 
INTRODUÇÃO 
O homem vê-se na contingência de escolher quando se lhe deparam 
duas ou mais alternativas. No que se refere à sua vida profissional o ho-
mem moderno encontra-se diante de uma gama imensa de alternativas. As 
profissões se multiplicam dia a dia, pois, embora muitas desapareçam 
como resultado da tecnologia, esse desaparecimento se processa em 
proporção bem menor à do surgimento de novas especializações. Em vista 
disso, escolher o futuro trabalho) tornou-se uma tarefa difícil, dificuldade 
essa que se acentua cada vez mais. 
Da visão da questão profissional sob esse aspecto é que surgiu a Ori-
entação Vocacional. Esse serviço, desde o seu surgimento com Frank 
Persons (1908), até recentemente (1950), foi concebido como sendo 
aquele, cuja tarefa principal constítuia-se em enquadrar as aptidõesindi-
viduais às profissões disponíveis, no sentido de ajudar o indivíduo a melhor 
escolher seu futuro trabalho. Diga-se de passagem que o desempenho de 
tal tarefa tornou-se possível graças ao surgimento e desenvolvimento da 
Psicologia Diferencial que, com seus testes de medidas mentais, 
possibilitou ao orientador vocacional realizar o trabalho a que se propunha, 
isto é, formular um prognóstico do sucesso profissional do indivíduo, para 
melhor orientá-lo na escolha profissional. 
A Orientação Vocacional, assim vista, nos dá uma visão estática. Ela é 
realizada tendo por fim um dado momento culminante — o da escolha do 
futuro trabalho. Não prevê para o orientando a mobilidade profissional, e se 
ela ocorre, interpreta-a como sendo conseqüência de um desajustamento 
profissional ou falha de escolha. O acompanhamento de casos, quando 
previsto, teria por fim analisar e remediar esse "desajustamento" ou 
'/falha". 
Na década de 1950, apareceu uma nova concepção de Orientação 
Vocacional — a do desenvolvimento — influenciada e auxiliada pela 
Psicologia do Desenvolvimento. Passou-se a ver a escolha profissional 
(objetivo da Orientação Vocacional) não como uma decisão a ser tomada 
em um dado e único momento da vida, mas como um processo dinâmico, 
contínuo, que exige do indivíduo, em toda sua vida, constantes decisões, 
tomadas de posição, considerações e reconsiderações, enfim, contínuas 
opções que interferem em sua vida profissional. 
 
RETROSPECTO HISTÓRICO 
A Depressão Econômica de 1930, causadora de um índice alarmante de 
desemprego, tendo em vista o enorme problema social que provocou, 
motivou que se constituíssem várias comissões de estudo para levantes 
conseqüências e medidas saneadoras da situação. 
Liderada por Eli Ginzberg, foi constituída uma equipe de trabalho 
composta por um economista, um psiquiatra, um sociólogo e um psicólogo, 
com o fim de estudar os efeitos do desemprego sobre as pessoas. 
Dada a complexidade do assunto, os pesquisadores foram se esten-
dendo e aprofundando cada vez mais em seus estudos, passando seu tra-
balho a etapas outras, incluindo o estudo da escolha profissional, que veio 
a resultar numa nova teoria: a da escolha profissional como um processo 
evolutivo e não um acontecimento na vida do indivíduo. Essa teoria foi 
publicada em 1951 no trabalho "Occupational Choice: An Approach to a 
General Theoiy" 
No mesmo ano, Donald E. Super publicou um trabalho em que 
apresenta a teoria nas mesmas bases, empregando a expressão "desen 
volvimento profissional" O novo conceito passou a ser continua 
mente estudado e pesquisado pelo autor, sendo que os resultados obti 
dos apareceram em contínuas publicações. 
A partir do seu surgimento a teoria ganhou corpo e vários psicólogos se 
dedicam a fortalecê-la através da pesquisa, resultando dos trabalhos 
diferentes proposições, porém de igual essência. Permanecem mais im-
portantes e mais estudadas até o momento, as teorias de Ginzberg e de 
Super, que servem de ponto de partida para os estudos realizados. 
O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL 
Por Desenvolvimento Profissional deve-se entender o progresso ou 
evolução por que passa o indivíduo em relação a sua vida profissional, e 
que vem a constituir-se em sua carreira. Essa evolução é caracterizada por 
uma série de opções através das quais procura o indivíduo ajustar-se e 
realizar-se profissionalmente. Caracterizam-se ditas opções pela elimi-
nação ou troca de determinadas soluções demonstradas ineficientes, ou 
pela manutenção de outras tidas como satisfatórias. 
No que se refere ao termo carreira, é necessário lembrar que Donald E. 
Super, a fim de adequar a terminologia da Psicologia Vocacional à teoria 
do desenvolvimento profissional, usou-o em substituição ao termo 
ocupação. Segundo ele, "ocupação" definia uma "entidade estática" isto é, 
grupo de trabalhos ou tarefas. Por outro lado, "carreira" viria a nomear uma 
"entidade dinâmica", isto é, uma seqüência de ocu- 
 
pações desempenhadas durante a vida de trabalho do indivíduo, e que 
inclui toda e qualquer posição pré ou pós-profissional. 
Adequada à teoria, a carreira deve ser concebida como sujeita a um 
contínuo desenvolvimento. É um processo de formação e moldagem da 
identidade profissional, que ocorre através da harmonização e diferen-
ciação da personalidade, provocadas no trato com os problemas do tra-
balho. 
Assim considerada, a carreira não é sinônimo da ocupação ou profis-
são, uma vez que é sinônimo do próprio desenvolvimento profissional, pois 
vê o homem desenvolvendo-se profissionalmente, enquanto que a 
ocupação vê o tipo de trabalho que o homem realiza. 
David Tiedman e Robert 0'Hara, em seu trabalho "Career Development: 
Choice and Adjustment" consideram que nem todas as pessoas têm uma 
carreira. Tal consideração é válida desde que se cogite a respeito de que 
uma pessoa possa abraçar uma determinada profissão ou ocupação e 
desempenhá-la exatamente da mesma maneira, sempre, sem nunca se 
preocupar com novos processos ou métodos de trabalho. Portanto, sem 
realizar nenhum desenvolvimento profissional. 
0 desenvolvimento profissional, o inverso da estratificação no trabalho, é 
o resultado dos esforços dispendidos pelo homem na sua procura de 
adequar-se ao mundo do trabalho. È, portanto, um índice da liberdade do 
homem e uma expectativa do mundo democrático. 
Assim considerado, deve o desenvolvimento profissional ser visto como 
um aspecto do desenvolvimento geral do indivíduo, uma vez, que "os 
problemas de escolha e ajustamento profissional são, no fundo, problemas 
de ajustamento pessoal" e uma vez que o trabalho é, nada rnais, nada 
menos, que a atividade através da qual se expressa e personalidade. 
Por outro lado, a identidade pessoal e a identidade profissional estão 
intimamente interligadas. A auto-imagem é constituída pelo acúmulo de 
informações a respeito da própria pessoa, colhidas no encontro com o 
mundo. É a autovisão emergida dessa experiência que determina o que se 
é, o que se pode. Ora, o que se é, e o que se pode como pessoa 
determinam o que se é e o que se pode como trabalhador, e vice-versa. 
Portanto, podemos dizer que carreira e auto-imagem são dois fatores da 
vida humana interdependentes, uma vez que a auto-imagem determina a 
carreira e esta modifica aquela, que por sua vez modifica esta, 
ocasionando um processo espiralóide interminável, em que um determina 
a modificação do outro num crescendo infinito. 
Como o desenvolvimento profissional deve ser considerado um aspecto 
do desenvolvimento geral do indivíduo, lembra, como qualquer 
 
tipo de desenvolvimento, amadurecimento, isto é, um processo de cres-
cimento, de evolução e mudança. E assim como a maturação é um nível 
que nunca chega a um grau de excelência, não tem o amadurecimento 
profissional um ponto de chegada. Quando analisado, deve ser conside-
rado como um ponto dado na linha contínua do desenvolvimento pro-
fissional, e que revela a posição alcançada pelo indivíduo em relação ao 
mesmo. 
Podemos notar existirem na vida profissional várias dessas posições 
com características marcantes. Essas são especialmente estudadas e vêm 
a constituir as fases da vida profissional. 
JUSTIFICATIVA DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL 
Sem renovação há o desmoronamento das instituições e a estagnação 
individual. A mobilidade constitui-se num importante fator de manutenção 
vital, tanto para as instituições como para o indivíduo. Portanto, ambos 
devem manter determinado grau de flexibilidade, adaptabilidade. 
No seu processo de maturação, devem ambos manter-se abertos à 
renovação, aproveitando todas as oportunidades de enriquecimento e 
fortalecimento. 
E as mutações aí estão. 
Por um lado, vemos o mundo do trabalho passando por constantes 
mudanças. Sabemos, por exemplo, que os progressos da tecnologia 
exigem com freqüência a modificação de determinadas operações de 
trabalho, ou ocasionam a eliminação de outras e o aparecimento de novas; 
provocam o desaparecimentode muitas profissões e o surgimento de 
outras tantas. Todo esse quadro exige do homem um con-tínuo adaptar-se. 
Por outro lado, vemos o homem, um ser em evolução, em desenvolvi-
mento. Segundo Allport, "A personalidade é menos um produto acabado 
que um processo transitivo. Ainda que tenha alguns aspectos estáveis, 
está ao mesmo tempo continuamente sofrendo mudanças. 
Duas forças dinâmicas se encontram: homem e mundo do trabalho. 
Poderíamos esperar desse encontro um produto acabado e definitivo, se a 
própria natureza do trabalho exige do homem mobilidade e adaptação a 
novas situações, e se o próprio homem passa por mutações? 
A visão que se deve ter do homem no mundo do trabalho deve ser 
dinâmica: do trabalhador em contínua maturação profissional e adaptando-
se dia a dia às mudanças que ocorrem no mundo do trabalho, bem como 
provocando mudanças no mesmo. Daí porque a teoria do desenvolvimento 
vocacional. 
 
TEORIA DE GINZBERG 
Eli Ginzberg fundamentou sua teoria na pressuposição de que todo 
indivíduo decide a respeito de sua profissão não em um dado e único 
momento, mas através de um processo continuado, constituído de várias 
decisões, funcionando cumulativamente. Refutou a teoria psicanalítica, que 
formula ser a escolha profissional determinada por motivações 
inconscientes, bem como desaprova a teoria determinista, que defende ser 
a escolha profissional determinada unicamente pelo meio. 
A teoria é baseada em três proposições: 
1. a escolha profissional é um processo; 
2. o processo é até certo ponto irreversível; 
3. cada passo da escolha envolve um ajustamento de mediação. 
A escolha profissional é um processo 
Segundo Ginzberg, o processo de escolha profissional tem início no 
nascimento, uma vez que as atitudes dos pais em relação aos filhos 
(atenção, aceitação, amor, rejeição, superproteção) funcionam como 
importantes fatores determinantes dessa escolha. 
O final do processo só é registrado com a morte, tendo-se em vista que 
mesmo aposentado, o indivíduo pode envolver-se, eventualmente ou não, 
em situações do mundo do trabalho e defrontar-se com a perspectiva de 
realizar opções em relação a elas. 
Ginzberg analisou o processo de escolha profissional focalizando 
principalmente a faixa etária, oferecendo, assim, uma classificação 
utilizável pela Orientação Vocacional realizada nas escolas de 1o. e 2o. 
graus. 
Dividiu o processo de escolha em três períodos: 1o. 
Período da fantasia 
Tem início aos 6 anos e vai até aos 11. Durante o mesmo a criança 
seleciona, baseada em suas necessidades afetivas e impressões impulsi-
vas do ambiente, papéis adultos para representar no mundo do "faz de 
conta" que cria. Brinca de artista, médico, bombeiro, professor, telefonista, 
realizando assim, de certa forma, suas primeiras escolhas profissionais. 
 
2o. Período da experimentação 
Vai dos 11 aos 17 anos de idade. É caracterizado por uma consci-
entização por parte do adolescente da necessidade de escolher sua futura 
profissão. Inicialmente, a escolha é motivada por interesses meramente 
pessoais. Após essa fase, o adolescente passa a se preocupar com suas 
capacidades e analisa-as, reconhecendo que diferentes tipos de trabalho 
requerem diferentes habilidades. Finalmente, analisa sua escolha mediante 
seus valores e objetivos de vida. 
3o. Período da realidade 
Abrange a época entre os 17 anos e a idade adulta. Neste período 
ocorre a escolha mais importante, a que determina o tipo de trabalho a 
realizar. Antes de cristalizá-la, o adolescente procura reconhecer várias 
alternativas profissionais e familiarizar-se com elas, realizando a mediação 
final entre seus interesses, capacidades, valores e a realidade sócio-
econômica, que determina as oportunidades ocupacionais. 
O processo é até certo ponto irreversível 
Em determinados estágios do desenvolvimento vocacional, não se pode 
voltar atrás, sem se correr o risco de abalar a auto-imagem e fracassar. 
Por exemplo, um estudante que ao término do curso de Medicina sente 
que sua verdadeira vocação é a Engenharia, teria uma grande dificuldade 
em decidir-se pelo abandono daquele curso e ingresso neste, dado o seu 
envolvimento em relação à profissão médica. 
No caso de decidir-se pela troca e reinicio dos estudos na outra área de 
conhecimentos, sempre guardará a influência daqueles estudos e sofrerá 
as conseqüências da troca. 
A escolha busca um ajustamento de mediação 
A escolha profissional reflete o enquadramento entre as aptidões, 
interesses, valores e objetivos individuais, e as oportunidades e limitações 
ocupacionais do ambiente. 
Realiza-se um ajustamento em que ambas as partes fazem concessões, 
procurando-se assegurar que esse ajustamento produza o máximo grau de 
satisfação. 
 
SUPOSIÇÕES BÁSICAS DO DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL 
1.As pessoas diferem entre si em aptidões, interesses, valores e 
objetivos. Portanto, o trabalho que é desempenhado com eficiência e 
satisfação por uma pessoa, pode causar desagrado a outra ou 
mesmo não poder ser desempenhado pela mesma. 
2. Ninguém é monovalente. Cada pessoa tem o potencial para alcançar 
sucesso e satisfação em uma série de ocupações (multipo-
tencialidade individual). 
3. As profissões diferem entre si por exigirem distintos padrões de 
habilidades e interesses. As pessoas que têm padrões de habilidades 
e interesses apropriados à profissão escolhida iniciam-se na 
profissão, permanecem nela e são bem sucedidos. 
4. As identificações com os pais ou outras pessoas adultas desem-
penham papel importante na formação de interesses profissionais e 
de auto-imagem, fatores determinantes da escolha profissional. 
5. A vida pode ser dividida em fases (crescimento, exploração, es-
tabelecimento, manutenção e declínio, segundo C. Bühler) a que se 
ajustam as fases do desenvolvimento profissional. 
6. 0 desenvolvimento profissional é o resultado da interação entre o 
indivíduo e o seu ambiente. Dada a complexidade de situações deste, 
torna-se difícil a avaliação dos seus efeitos. 
 
7. 0 desenvolvimento profissional pode ser facilitado e orientado através 
de oportunidades para o exercicio de aptidões e desenvolvimento de 
interesses e traços de personalidade. 
8. O processo do desenvolvimento profissional, em sua essência é o 
processo do desenvolvimento do conceito de si mesmo. 
BIBLIOGRAFIA 
1. ALLPORT, GORDON W. "DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE". Editora Her- 
der São Paulo, 1970, 3o. ed. 
2. BOROW, HENRY ed. "MAN IN A WORLD AT WORK". Houghton Mifflin Company, 
Boston. 1964. 
 
3. DAVITZ, J0EL R. & BILL, SAMUEL. "PSYCHOLOGY OF THE EDUCATIONAL PRO- 
CESS" McGraw-Hill Book Company, New York, 1970 
4. GARDNER, JOHN W.Self Renewal - "THE INDIVIDUAL AND THE INNOVATIVE 
SOCIETY". Harper & Row, Publishers, New York, 1965. 
5. JERSILD, ARTHUR T. "THE PSYCHOLOGY OF ADOLESCENCE".The Macmillan Company, New 
York, 1963, 2o. ed. 
6. PETERS, HERMAN J. & HANSEN, JAMES C. ed. "VOCATIONAL GUINDANCE AND 
CAREER DEVELOPMENT - SELECTED READINGS". The Macmillan Company, New York, 
1966. 
7. SUPER, DONALD E. "THE PSYCHOLOGY OF CAREERS". Harper & Row, Publishers, 
New York, 1957. 
8. TIEDMAN, DAVID V. &0'HARA, ROBERT P. "Career Development: Choice and Adjust- 
ment". College Entrance Examination Board, Princeton New Jersey, 1963. 
RESUMO 
DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL 
1. Origem: A teoria do "desenvolvimento profissional" é relativamente 
recente. Sua semente foi lançada em 1951 por Ginzberg e Super, em 
trabalhos independentes. 
2. Porque "desenvolvimento profissional": o desenvolvimento ou evolução 
é característica da sociedade, do mundo do trabalho, do homem. O 
mundo do trabalho se modifica continuamente e exige a adaptação do 
homem a ele. O homem, por sua vez, se modifica e procura novas 
situações no mundo do trabalho que se adaptem às suas novascondi-
ções. 
3. Conceito: Desenvolvimento profissional é o processo de evolução por 
que passa o indivíduo em relação à sua vida profissional. 
4.

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