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MECâniCa autoMotiva guia dE ESTudOS frEios Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP Rodrigo Costa da Rocha Loures Presidente Ovaldir Nardin Superintendente Corporativo do Sistema FIEP Henrique Ricardo dos Santos Superintendente dos Serviços SESI/SENAI/IEL SENAI - Departamento Regional do Paraná João Barreto Lopes Diretor Regional frEios Adaptação técnica JOACIR GOMES apoio: realização: CENTRE D’ÉLABORATION DES MOYENS D’ENSEIGNEMENT DU QUEBEC C394f CEMEQ Freios / CEMEQ; Gomes, Joacir (Adapt.) Senai-PR, 2004. 168 p.; il. 1. Freio a tambor. 2. Freio ABS. I. Título. II. Gomes, Joacir (Adapt.) CDU: 62-59 Elaborado por Dina Yassue Kagueyama Lermen Direitos reservados: CEMEQ - Centre d’Élaboration des Moyens d’Enseignement du Québec 2955, boulevard de l’Université, 7e étage Sherbrooke (Québec) J1K2Y3 Tél.: (819) 822-6886 Téléc.: (819) 822-6892 E-mail: cemeq@cemeq.qc.ca © 2004. SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DO PARANÁ Os direitos de reprodução, de adaptação ou de tradução deste guia são reservados ao SENAI - Departamento Regional do Paraná, inclusive a reprodução por procedimento mecânico ou eletrônico. SENAI/DR CAEPE - Coordenadoria de Alianças Estratégicas e Projetos Especiais CEMEQ Centre d’Élaboration des Moyens d’Enseignement du Québec Este material foi elaborado por uma equipe, cujos nomes encontam-se relacionados na folha de créditos. SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional do Paraná Avenida Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico CEP 80530-902 - Curitiba/PR Telefone: (41) 350-7000 Telefax: (41) 350-7101 E-mail: senaidr@pr.senai.br O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná, SENAI/PR, por meio da Diretoria de Educação e Tecnologia, assinou em 2002 uma parceria com o Centro de Elaboração dos Meios de Ensino do Quebec/Canadá, CEMEQ. Esta parceria levou a elaboração do material para os cursos semipresenciais, que contempla sete módulos na área de mecânica e eletroeletrônica veicular: Freios, Motor, Suspensão/ Direção, Transmissão Convencional, Transmissão Automática e Eletroeletrônica Veicular e Gerenciamento Eletrônico do Motor. A parceria realizada entre o SENAI e o CEMEQ tem como iniciativa atender às exigências de um mercado cada vez mais competitivo, dinâmico e inovador, desta forma, tendo em vista a qualidade do material didático produzido para os cursos semipresenciais, e a necessidade de disponibilizá-lo também para cursos presenciais, o SENAI/PR lançou em fevereiro de 2007 cursos presenciais dos módulos de Freios, Motor, Eletroeletrônica Embarcada e Gerenciamento Eletrônico do Motor. Neste módulo presencial de Motor você receberá um Guia de Estudos, que trata do funcionamento dos motores e de seus componentes. Os conhecimentos técnicos são únicos e foram elaborados com informações fornecidas diretamente pelos principais fabricantes de motores da indústria automobilística. Vamos lá! apresentação sumário PRINCíPIOS FíSICOS DA FRENAGEM Frenagem por atrito ................................................... |15 Inércia ...................................................................... |15 Fricção ..................................................................... |15 Coeficiente de atrito .................................................. |15 Massa do corpo ....................................................... |16 Materiais .................................................................. |16 Superfícia de contato ................................................. |17 Natureza da superfícia. .............................................. |17 Formas de energia .................................................... |17 Energia cinética ......................................................... |17 Energia térmica ......................................................... |18 Fade ........................................................................ |18 Coeficiente de atrito estático e de deslizamento ........... |18 Eficácia da frenagem ................................................. |18 Conceitos básicos de hidráulica ................................. |19 Incompressiblidade dos fluidos ................................... |19 Pressão ..................................................................... |19 Força ....................................................................... |20 Outros fatores ........................................................... |21 FREIOS A TAMBOR Componentes e funcionamento dos freios a tambor ..... |25 Sistemas de comando ................................................ |25 Disposição das sapatas .............................................. |26 Ancoragem fixa ......................................................... |26 Ancoragem flutuante ................................................. |27 Cilindro da roda ....................................................... |28 Funcionamento do cilindro da roda ............................ |28 Tambor de freio ......................................................... |29 Guarnições do freio (lonas) ........................................ |29 Pó de amianto .......................................................... |31 Regulagem das guarnições (lonas) e molas ................. |32 Mecanismo de regulagem única ................................. |33 Mecanismo de regulagem progressiva para os freios de ponto de ancoragem fixa ............................. |33 Mecanismo de regulagem progressiva para freios de sapatas flutuantes ....................................... |34 Mecanismo comandado pelo freio de estacionamento .... |35 Freios de estacionamento ........................................... |36 aula 1 aula 2 sumário Tipos de freios de estacionamento .............................. |36 Freio de estacionamento integrado aos freios do tambor traseiro ..................................................... |36 Freio a tambor .......................................................... |37 Vantagens ................................................................. |37 Desvantagens ........................................................... |37 FREIOS A DISCO Princípio de funcionamento ........................................ |41 Funcionamento dos freios a disco ............................... |41 Tipos de freios a disco ............................................... |42 Freios a disco com pinça fixa ...................................... |43 Freio a disco com pinça flutuante ............................... |43 Freios a disco traseiro ................................................ |44 Pistão de freios a disco .............................................. |45 Disco de freio ........................................................... |45 Pastilhas de freio ....................................................... |46 Características essenciais das lonas e das pastilhas de freio ....................................................... |46 Resistência ao fade .................................................... |46 Recuperação ............................................................. |47 Existência de fade retardado ...................................... |48 Sensibilidade à velocidade ......................................... |48 Estabilidade .............................................................. |48 Sensibilidade à água ................................................. |49 Mínima sensibilidade à umidade ................................ |49 Mínimo desgaste de lonas e de pastilhas ..................... |50 Mínimo desgaste dos tambores e dos discos de freio .... |50 Freio de estacionamento auxiliar empregado com um sistema de freios a disco traseiro ................... |51 Freio de estacionamento com pinças integradas mecanicamente ......................................................... |51 Vantagens dos freios a disco ...................................... |52 CIRCUITO HIDRÁULICO DOS SISTEMAS DE FRENAGEM Componentes do circuito hidráulico dos sistemas defrenagem ............................................................ |55 Cilindro-mestre ......................................................... |56 Cilindro-mestre simples .............................................. |57 Cilindro-mestre duplo ................................................ |58 aula 4 aula 3 sumário sumáriosumário Cilindro-mestre duplo escalonado ou de ação rápida . |60 Válvula de retenção de pressão interna do cilindro-mestre ......................................................... |62 Válvula de pressão residual externa do cilindro-mestre . |62 Reservatório .............................................................. |63 Tubulação hidráulica ................................................. |63 Tubulação flexível ...................................................... |63 INDICADOR DA QUEDA DE PRESSãO E VÁLVULAS AUxILIARES Indicador de queda de pressão .................................. |67 Limitador de frenagem ............................................... |68 Compensador de frenagem........................................ |68 Válvulas corretoras de frenagem sensíveis a carga ....... |69 Fluido de freio .......................................................... |70 Características .......................................................... |70 Normas relativas ao fluido de freio ............................. |71 Troca do fluido de freio .............................................. |71 Contaminação .......................................................... |71 Manipulação e armazenagem do fluido de freio .......... |71 SISTEMA DE FREIO ASSISTIDO Válvula de retenção ................................................... |75 Servofreio a depressão .............................................. |75 Tipos de servofreios ................................................... |76 Válvula de controle .................................................... |76 Sistema de frenagem assistida hidraulicamente ............ |78 Funcionamento ......................................................... |79 Funcionamento do acumulador .................................. |80 Sistema de assistência hidrovácuo .............................. |82 FREIOS ABS Histórico ................................................................... |87 Itens de segurança .................................................... |87 Funcionamento ......................................................... |88 Fatores de influência .................................................. |90 aula 5 aula 6 aula 7 sumáriosumário aula 11 DIFERENCIAçãO DOS SISTEMAS ABS Sistema de quatro canais ........................................... |95 Sistema de três canais ................................................ |96 Sistema de dois canais ............................................... |96 Sistema de um canal ................................................. |97 UNIDADE DE COMANDO ELETRôNICO DO SISTEMA DE FREIO ABS Unidade de comando eletrônico................................ |102 Desempenho da unidade de comando no funcionamento geral do sistema ................................ |105 UNIDADE DE COMANDO HIDRÁULICO DO SISTEMA DE FREIOS ABS Central hidráulica ..................................................... |109 Bomba .................................................................... |110 Anomalias previsíveis ................................................ |111 Acumulador ............................................................. |111 Eletroválvula principal ............................................... |112 Anomalias previsíveis da eletroválvula principal .......... |113 COMPONENTES ELÉTRICOS DO SISTEMA DE FREIO ABS Comando das eletroválvulas ..................................... |117 Anomalias previsíveis no comando das eletroválvulas ... |119 Monocontato ........................................................... |119 Interruptor da lâmpada de advertência do nível do fluido ................................................................. |120 Sensores de velocidade das rodas ............................. |120 Anomalias previsíveis dos sensores de velocidade das rodas ................................................................ |123 Relé......................................................................... |123 Luzes de advertência do sistema ................................ |124 Interruptor das luzes de freio ..................................... |124 FUNCIONAMENTO DOS FREIOS ABS Etapas de funcionamento do sistema ABS................... |129 aula 12 aula 10 aula 9 aula 8 sumário sumáriosumário aula 13 aula 14 anexo 1 anexo 2 Aumento da pressão ................................................. |130 Manutenção da pressão ........................................... |131 Redução da pressão ................................................. |131 Sistema ABS de tipo integral ...................................... |133 Ausência de freios .................................................... |133 Freios normais.......................................................... |134 Freios ABS ............................................................... |135 Principais fabricantes ................................................ |136 SISTEMA ANTIPATINAGEM ASR Funcionamento ........................................................ |139 Anomalias previsíveis ................................................ |140 SISTEMA DE CONTROLE DIRECIONAL ESP Função .................................................................... |147 PRINCíPIOS BÁSICOS DE METROLOGIA Micrômetro .............................................................. |155 Paquímetro .............................................................. |156 Relógio comparador ................................................. |159 PRINCíPIOS BÁSICOS DE USO DO MULTíMETRO Multímetro ............................................................... |165 CRÉDITOS ............................................................... |169 sumário Pr in cí pi os F ís ic os d a Fr en ag em | 1 3 Nesta aula você estudará os principais conceitos físicos da frenagem por atrito, tais como inércia, fricção e coeficiente de atrito. Estudará também as formas de energia empregadas na dinâmica dos freios e os conceitos básicos de hidráulica, incluindo a incompressibilidade dos fluidos, pressão e força. FR EI O S | 1 4 Pr in cí pi os F ís ic os d a Fr en ag em | 1 5 PRINCíPIOS FíSICOS DA FRENAGEM frenagem por atrito O princípio da frenagem por atrito data do início do século xIx. Efetivamente, as carroças que percorriam o interior utilizavam uma sapata, ou cunha triangular, ancestral das sapatas de hoje, que pressionava, com a ajuda de uma alavanca, a bandagem de ferro da roda, a fim de diminuir a velocidade e imobilizar o veículo. Para compreender o que se passa durante a frenagem por atrito, ou como se freia, estudaremos alguns princípios que envolvem a base do funcionamento de todos os sistemas atuais de frenagem. inércia Define-se inércia como a propriedade que todos os corpos têm de se opor, por uma força interior, à modificação de seu estado de movimento ou de repouso. Por exemplo, é a inércia que faz os ocupantes de um veículo se projetarem para trás no momento da partida, e para frente se esse veículo pára bruscamente. Em outras palavras, um corpo é incapaz de se colocar em movimento, ou, se já está em movimento, de modificar sua velocidade, sua direção ou de se imobilizar sem a ajuda de uma força exterior. A inércia de um corpo é diretamente proporcional à massa desse mesmo corpo. fricção A fricção consiste na resistência a um movimento entre duas superfícies em contato. Ela provém do deslizamento de um objeto sobre outro; sem fricção não poderíamos parar um carro. Coeficiente de atrito O atrito é definido como uma força que se opõe ao deslizamento de uma superfície sobre uma outra. Só existe fricção quando ocorre atrito de uma superfície sobreoutra. FIGURA 1 - ESQUEMA DO FREIO DE UMA CARROçA FR EI O S | 1 6 Os fatores que influenciam o atrito são: a massa da carga a se deslocar, a natureza e a rugosidade das superfícies. Para determinar o coeficiente de atrito é preciso dividir o valor da força necessária para manter o deslocamento pela massa do objeto a se deslocar. Por exemplo, o coeficiente de atrito de um bloco de madeira que desliza sobre uma superfície de ferro fundido é elevado, uma vez que se impõe uma força de aproximadamente 45,36 kg para deslocar um bloco de madeira de uma massa de 90,72 kg, seja 45,36 kg / 90,72 kg = 0,5. Se substituirmos a madeira por bronze, o coeficiente de atrito torna-se mais baixo, seja 18,4kg/ 90,72 kg = 0,2. O coeficiente de atrito depende então de diferentes fatores, notadamente da massa e da temperatura. Para assegurar uma frenagem adequada, o coeficiente de atrito das guarnições deve oscilar entre limites estreitos de temperatura. Tanto é que, se a temperatura do material de fricção dos freios se mantiver nesses limites, as guarnições, trabalhando na temperatura determinada pelo fabricante, assegurarão uma frenagem satisfatória; por outro lado, se o coeficiente de atrito diminuir muito, a temperatura excederá ao valor determinado pelo fabricante. Massa do corpo Sabemos que quanto mais se aumenta a massa de um corpo, mais força será necessária para deslocar essa massa (figura 2). A massa influencia, assim, diretamente, a pressão de uma superfície sobre outra, da mesma forma a resistência ao deslocamento, ou a fricção, também se torna maior. O sistema de frenagem utiliza este princípio: quanto mais pressionamos o pedal de freio, mais a pressão é elevada e mais a resistência oferecida pelo atrito aumenta. Em resumo, a pressão do pé sobre o pedal é transformada em pressão hidráulica, que é transformada em fricção. Essa fricção gera calor e provoca a redução da velocidade. Materiais A natureza do material exerce um efeito importante sobre a fricção. Por exemplo, para movimentar um bloco de borracha com massa de 23 kg sobre uma superfície de cimento, deveremos exercer uma força de aproximadamente 16 kg. Por outro lado, uma força de 1 kg é suficiente para deslocar um bloco de gelo de 23 kg sobre a mesma superfície. Isso demonstra que o material utilizado no sistema de frenagem deve oferecer um coeficiente de atrito elevado, habitualmente entre 0,3 e 0,5, sem apresentar um travamento prematuro da roda. Trata-se de um material composto de fibras, de ligas e de outros materiais. FIGURA 2 - INFLUêNCIA DA MASSA borracha 23kg gelo 23kg superfície de cimento FIGURA 3 - NATUREzA DOS CORPOS Pr in cí pi os F ís ic os d a Fr en ag em | 1 7 Superfície de contato (Área) A superfície de contato do bloco com a superfície sobre a qual ele desliza influencia também o atrito. A distribuição da massa sobre uma superfície maior reduz a pressão exercida pelo bloco sobre a superfície; isso significa que o aumento da superfície de contato com uma pressão constante, produzirá maior resistência ao atrito; esse princípio tem grande importância no sistema de frenagem. Se o coeficiente de atrito for baixo, a frenagem será de má qualidade. Assim, a qualidade do revestimento do chão, dos pneus, o desenho da banda de rodagem, a pressão do ar e as condições atmosféricas influenciam muito na qualidade da frenagem. Formas de energia Energia cinética A energia cinética consiste na energia dos corpos em movimento. Uma pedra que cai e um automóvel percorrendo uma estrada possuem uma certa quantidade de energia cinética. Na frenagem, a força da inércia tende a fazer com que as rodas continuem girando, até que a energia cinética do veículo seja transformada em calor pelo sistema de frenagem. Considerando que a distância de frenagem deve sempre ser mais curta que aquela da aceleração, é preciso então muito mais força (quer dizer, de trabalho em decorrência do tempo) para parar um veículo que para colocá-lo em movimento. Natureza da superfície A rugosidade ou a aspereza das superfícies em contato influenciam também o atrito; quanto mais rugosas as superfícies, mais intenso é o atrito. Por exemplo, o coeficiente de atrito de um pneu sobre o chão recoberto de asfalto, de pedra, de neve ou de gelo varia enormemente: pode passar de 0,6 para 0,01. FIGURA 4 - SUPERFíCIE DE CONTATO (ÁREA) FIGURA 5 - NATUREzA DA SUPERFíCIE DE CONTATO FR EI O S | 1 8 Energia térmica O atrito de uma superfície sobre outra produz calor, ou seja, energia térmica. Diante desse fato, os tambores, os discos, as sapatas, as pastilhas e as pinças de freio assim como o fluido de freio devem resistir às temperaturas elevadas para manter o rendimento do sistema; a temperatura dos freios de um carro rodando a 95 km/h pode atingir 230 ºC durante uma parada de emergência. Fade Quando há um aquecimento excessivo do sistema de freios, ocorre um efeito conhecido como fade ou fading, que é a redução do atrito e, consequentemente, a perda da eficiência da frenagem. O termo fade significa fadiga em inglês, e é utilizado na grande maioria das literaturas técnicas. Coeficiente de atrito estático e de deslizamento O coeficiente de atrito estático é estabelecido levando-se em conta a força necessária para vencer a aderência se opondo ao deslocamento de um corpo imóvel. O coeficiente de atrito de deslizamento é determinado considerando-se a força necessária para manter um corpo em movimento: é a aderência em movimento. O coeficiente de atrito de deslizamento é ligeiramente mais fraco que o do atrito estático. Eficácia da frenagem A frenagem resulta do atrito entre as partes fixas e as partes móveis do sistema de freios de um automóvel. O meio mais eficaz de parar um automóvel consiste em pressionar o pedal do freio com força suficiente para obter o máximo de fricção entre o pneu e o revestimento do solo. Tal condição se produz justamente antes que as rodas bloqueiem e comecem a deslizar. Se houver deslizamento, a perda de aderência entre o pneu e o chão reduzirá a eficácia do sistema de frenagem, além de o condutor perder a estabilidade e a dirigibilidade do veículo. O sistema de frenagem ABS (Anti-lock Brake System) elimina o bloqueio das rodas e permite o máximo de eficácia da frenagem. P = 100kg P = 100kg FIGURA 6 - ATRITO ESTÁTICO FIGURA 7 - ATRITO DE DESLIzAMENTO Pr in cí pi os F ís ic os d a Fr en ag em | 1 9 Vimos os princípios fundamentais relativos à diminuição de velocidade dos corpos por atrito. Para compreender o que se produz verdadeiramente na frenagem de um veículo, devemos combinar esses primeiros princípios com outros princípios fundamentais, tais como o de hidráulica e aqueles que movem as alavancas de multiplicação de força. Os sistemas de frenagem dos automóveis utilizam uma combinação desses princípios que veremos a seguir. Conceitos básicos de hidráulica ar líquido líquido 50kg 50kg FIGURA 8 - INCOMPRESSIBLIDADE DOS LíQUIDOS (wAGNER) FIGURA 9 - PRESSãO IGUAL NUM CIRCUITO FECHADO (wAGNER) Incompressiblidade dos fluidos Para compreender o funcionamento dos freios, é necessário lembrar os princípios de hidráulica. O primeiro grande princípio que é preciso lembrar aqui é que os fluidos são incompressíveis: pouco importa a pressão aplicada sobre um fluido, seu volume permanecerá o mesmo. É isso que diferencia o fluido de um gás ou do ar, porque os dois últimos são compressíveis. Se o ar é introduzido dentro do sistema hidráulico, adquire um aspecto menos rígido, tipo “esponjoso”. É isso que pode ser produzido quando o pedal de freio torna-se mole ou quando se desloca por um longo trajeto. Pressão O segundo princípio demonstra que a pres- são se aplica igualmente sobre todos os pontos do sistema. Em outras palavras, se estabelecermos uma pressão de 50 kg/cm² na saída do cilindros-mestre, esses mesmos 50 kg se aplicarão instantaneamente em todos os sentidos do sistema hidráulico.A pressão consiste na quantidade de força aplicada sobre uma superfície específica e se mede em libras por polegadas quadradas (lb/po²), em kilopascal (kPa), em kg/cm² ou em bar. Quando dizemos que existem 10 lb de pressão em um sistema, é que, na reali- dade, existem 10 lb/po² de pressão. FR EI O S | 2 0 força Em um sistema hidráulico, quando uma pressão é aplicada sobre um pistão, a pressão interna é proporcional à área do pistão (figura 10), isso significa que com a força igual aplicada aos pistões, quanto menor o pistão, maior a pressão no cilindro, uma vez que sobre o pistão maior a força é distribuída sobre uma superfície maior em todos os pontos, assim: P= pressão F= força A= área ou superfície Em um circuito hidráulico fechado, se um pistão é deslocado por uma força exterior (o pé, por exemplo), um outro pistão estará ligado ao primeiro e deverá se deslocar, porque os fluidos não podem ser comprimidos. Então, considerando que o volume ou a quantidade de fluido deslocado é o mesmo de uma parte e de outra, o movimento dos pistões será proporcional ao da sua respectiva superfície (figura 11). P = FA FIGURA 10 - RELAçãO PRESSãO-ÁREA OU SUPERFíCIE (wAGNER) entrada saída 1po² 1po² |<1po>| |<1po>| 2po² 1po² |<1po>| |<2po>| FIGURA 11 - DESLOCAMENTO DOS PISTõES (wAGNER) Pr in cí pi os F ís ic os d a Fr en ag em | 2 1 outros fatores Peso do veículo O peso do veículo apresenta-se como um outro fator importante na aplicação dos freios. Se os freios foram dimensionados para um veículo de 1 000 kg e for sobrecarregado com 2 000 kg, os freios não poderão absorver nem dissipar o calor excessivo que é produzido, portanto serão ineficazes. Velocidade Define-se velocidade como uma grandeza física associada ao movimento de um corpo, que representa a rapidez com que sua posição se altera em relação a um determinado referencial. Classicamente é definida como a relação entre o espaço percorrido durante um determinado tempo. A velocidade é ainda mais importante que o peso do veículo. Quando dobramos a velocidade de um veículo, quadruplicamos a energia necessária para imobilizar esse mesmo veículo. 100 lb/po² 100 lb/po² 200 lb/po² 100 lb/po² 50 lb/po² 2po² 1po² 1/2po² 100 lb/ po² 100 lb/ po² 100 lb/ po² FIGURA 12 - RELAçãO TRABALHO-TRABALHO (wAGNER) Isso significa que para uma dada pressão (dentro de um sistema) aplicada sobre superfícies diferentes, os movimentos e as forças produzidas serão diferentes. A figura 12 representa bem essa situação, juntamente com a decomposição da fórmula de pressão, onde F = P x A. Pontos-chave O atrito diminui a velocidade das rodas trocando a energia cinética de um veículo por energia térmica (calor); o atrito dos pneus sobre o chão pode parar esse veículo; A diminuição de velocidade do carro depende da pressão (peso) exercida sobre o pedal de freio bem como da aderência dos pneus no solo; A incompressibilidade dos fluidos, a pressão, a força e a velocidade identificam-se como as variáveis que sempre se aplicam na frenagem. Fr ei os a T am bo r | 2 3 O uso de freios a tambor é bastante difundido nos automóveis de hoje, e são utilizados principalmente por uma questão de custo e de robustez. Nesta aula você estudará os componentes e o funcionamento dos freios a tambor, do cilindro de roda, além da disposição das sapatas, guarnições de freios e freio de estacionamento. FR EI O S | 2 4 Fr ei os a T am bo r | 2 5 FREIOS A TAMBOR Componentes e funcionamento dos freios a tambor Um freio a tambor elementar é mais utilizado nos freios traseiros dos veículos. Esse freio é constituído de duas sapatas, de um tambor, de um espelho de fixação dos componentes, de um came de acionamento e de um dispositivo de regulagem, que pode ser automático ou não. O tambor de freio móvel (A) é solidário à roda. As sapatas (B) são instaladas sobre um espelho de fixação também chamado de back plate (C), que, por sua vez, é solidário à manga de eixo, ou ao eixo, dependendo do fabricante. Em repouso, as sapatas são mantidas pressionadas sobre o came de acionamento (D) por uma mola de retorno (E) e tal posicionamento evita o atrito da guarnição sobre o tambor. Para o conjunto não girar com o tambor, as sapatas são presas no espelho de fixação por um ponto de ancoragem (F). Sob a ação do came de acionamento (D), o comando pode ser mecânico, hidráulico, pneumático, ou conjugado em arranjos entre os acionamentos. As sapatas movimentam-se em sentidos contrapostos e entram em contato com a parede interna do tambor; a fricção entre os elementos móveis e fixos diminui a velocidade do veículo. Se repousamos o came de acionamento, a mola retorna às sapatas para a posição de repouso e libera o tambor. Sistemas de comando Nos primeiros automóveis, o came era acionado por um varão de ferro, por cabos e por alavancas, que necessitavam de numerosas regulagens e provocavam freqüentemente uma frenagem desigual e pouco eficaz, em razão do grande número de articulações que compunha o sistema. tambor (A) came de acionamento (D) sapata (B) ancoragem (F) sapata (B) flange (C) mola de retorno (E) FIGURA 13 - VISTA DE UM FREIO A TAMBOR ELEMENTAR FIGURA 14 - SISTEMA DE FRENAGEM COMANDADO POR HASTES E ALAVANCAS FR EI O S | 2 6 Hoje, o uso do came é limitado aos grandes caminhões e o seu comando é assegurado por um cilindro pneumático; o volume e a pressão do ar são controlados pelo pedal de freio. Em todos os automóveis, um cilindro instalado na roda é responsável pelo comando hidráulico que substitui o came como meio separador das sapatas. Disposição das sapatas A disposição das sapatas de freio sobre o espelho de fixação pode ocorrer de duas formas, de acordo com a ancoragem: fixa ou flutuante. Cada um desses métodos possui suas particularidades, bem como vantagens e desvantagens. FIGURA 15 - SISTEMA DE FRENAGEM POR COMANDO HIDRÁULICO Ancoragem fixa Os freios com sapatas de ancoragem fixa se agrupam em duas categorias, seja a sapata de cilindro único (figura 16), conhecida como simplex, seja a de cilindro duplo (figura 17) conhecida como duplex. O ponto em comum é que uma das extremidades de cada sapata é pressionada sobre uma ancoragem fixa no espelho de fixação, enquanto que um ou dois pistões hidráulicos comandam a segunda extremidade, que é móvel. Esses dispositivos favo- recem a auto-energização das sapatas ou de uma parte das sapatas, minimizando o trajeto percorrido pelo pedal do freio e aumentando a eficácia do movimento das sapatas. FIGURA 16 - SAPATAS DE ANCORAGEM FIxA COM UM CILINDRO DE RODA (wAGNER) Sistema com cilindro único de roda (simplex) Em um sistema com um só cilindro de roda de duplo efeito, a sapata dianteira, ou sapata primária, beneficia-se do efeito da auto-energização. Esse fenômeno resulta da fricção entre a sapata e o tambor; a força existente em uma extremidade dessa sapata produz uma segunda força que tende a arrastar e a empurrar a outra extremidade comprimida no raio da superfície do tambor. Graças à auto-energização, a pressão aplicada sobre a sapata no raio do tambor é mais importante que a força de abertura das sapatas imprimidas pelo cilindro de roda. Por outro lado, o efeito é contrário sobre a segunda sapata (traseira), e a pressão é então reduzida Fr ei os a T am bo r | 2 7 pelo sentido de rotação. Por conseguinte, o uso das guarnições é desigual, se comparado com o da sapata primária que habitualmente sofre um desgaste mais rápido, porque suporta um esforço de frenagem mais intenso. Sistema com dois cilindros de roda (duplex) Em um sistema de dois cilindros de roda de efeito simples, cada sapata sofre dupla influência. A extremidade da sapata sobre a qual o pistão pressiona sofre o efeito de auto-energização, e aquela de ancoragem sofre efeito inverso. O desgaste das sapatas é maior sobre as partes em que se aplica a auto-energização.A eficiência da frenagem em marcha para frente é melhor que sobre o freio com sistema simplex, mas inferior na marcha a ré, já que o efeito da auto-energização não está presente. Ancoragem flutuante O segundo tipo de ancoragem, denominado de sapatas flutuantes ou sapatas interativas, não possui um ponto fixo de ancoragem no sistema. Quando os freios são aplicados e o automóvel está em marcha para frente, a sapata dianteira (primária) entra em contato com o tambor e é contraído pela força da fricção (figura 18). Sob o efeito da rotação, a sapata primária apóia-se sobre a sapata secundária, que gera em sua volta um movimento de rotação até que ela entre em contato com o ponto de ancoragem. Esses movimentos de rotação favorecem a auto-energização das duas sapatas, melhorando a eficácia da frenagem e distribuindo melhor o esforço para tal realização; dessa forma, podemos observar um uso mais uniforme das sapatas. Por outro lado, a necessidade de contato total com o jogo de sapatas dentro do sistema necessita de um maior curso do pedal de freio. FIGURA 17 - SAPATA DE ANCORAGEM FIxA COM DOIS CILINDROS DE RODA (wAGNER) sapata primária fechamento da sapata primária PARA FRENTE fechamento da sapata secundária pela sapata primária PARA FRENTE auto-energização da sapata secundária PARA FRENTE LADO DIREITO LADO DIREITO FIGURA 18 - FASES DO FECHAMENTO DE UM FREIO COM SAPATAS FLUTUANTES (FORD) FR EI O S | 2 8 Cilindro da roda O cilindro de roda funciona como um pequeno macaco hidráulico: um fluido pressurizado empurra para o exterior do cilindro a gaxeta e o pistão, em cuja extremidade estão pressionadas as sapatas de freio; a amplitude do movimento é proporcional ao volume do fluido deslocado. É esse deslocamento que força as sapatas de freio a se pressionarem contra o tambor de freio. Existem diferentes modelos e diferentes diâmetros de cilindros de roda, que podem ser de efeito simples, de duplo efeito ou de duplo efeito com pistões de diâmetros diferentes. Um parafuso de sangria, situado no ponto mais elevado do cilindro, permite expulsar o ar aprisionado decorrente de algum trabalho de reparo no sistema de freios onde há a necessidade de esgotar o sistema hidráulico. Os elementos de um cilindro de efeito simples são: um pistão, uma gaxeta, uma mola, um parafuso de sangria e um guarda-pó. O cilindro de roda do tipo efeito duplo é mais empregado em freios modernos; conta com dois pistões, duas gaxetas, dois guarda-pós e uma só mola entre as duas gaxetas (figura 20). O cilindro de roda do tipo efeito duplo com pistões com diâmetros diferentes às vezes é empregado em sistemas sem servofreio. Sua construção é semelhante à do cilindro de efeito duplo, mas a diferença de superfície dos pistões gera uma força desigual sobre as sapatas. Este sistema não é utilizado no Brasil. Funcionamento do cilindro de roda O funcionamento do cilindro de roda é relativamente simples. O espaço situado entre as gaxetas está sempre cheio de fluido. Quando aplicamos o pé sobre o pedal de freio, um volume adicional do fluido é impelido ao cilindro e empurra as gaxetas e os pistões para fora. O deslocamento dos pistões força as sapatas a friccionarem os tambores. A estanqueidade do cilindro é assegurada por gaxetas cuja forma obriga a pressão interna a forçar as bordas dessas gaxetas a se comprimirem contra a parede do cilindro. Em repouso, quando a pressão estiver relaxada, elas serão mantidas no lugar por uma mola e por uma pressão residual que ajudarão a garantir uma boa vedação. pinoguarda-pó pistão gaxeta cilindro pino guarda-pó pistão gaxeta mola parafuso de sangria FIGURA 20 - COMPONENTES DE UM CILINDRO DE RODA DE EFEITO DUPLO (GENERAL MOTORS) de efeito simples gaxeta de duplo efeito mola pistão parafuso de sangria guarda- pó pequeno diâmetro grande diâmetro pistões de diâmetros diferente FIGURA 19 - CILINDROS DE RODA (wAGNER) Fr ei os a T am bo r | 2 9 Tambor de freio O efeito de frenagem resulta diretamente da fricção das guarnições sobre a parede interna dos tambores. Essa ação produz calor, que os tambores devem absorver e dissipar rapidamente. Se o calor tornar-se excessivo, produzirá uma deformação no tambor e uma diminuição do efeito de frenagem, freqüentemente chamado fade. A superfície de fricção de ferro fundido deve permanecer redonda e lisa, apesar da dilatação. O cubo de montagem do tambor é habitualmente fabricado com ferro fundido no próprio tambor, com aço ou com alumínio (figura 21). Alguns tambores possuem aletas para dissipar o calor; outros são cercados por uma mola que atenua as vibrações. O tambor é ligado à roda por intermédio de um flange (normalmente com o cubo de roda) solidário ao tambor de freio. Guarnições do freio (lonas) As sapatas de freio servem de suporte às guarnições de fricção. O material empregado para a guarnição exerce uma grande influência sobre a qualidade da frenagem. Não existe guarnição “universal”, e a escolha dessa peça está ligada às características do veículo. A troca de uma guarnição por outra poderá se revelar perigosa e comprometer a segurança dos passageiros. De maneira geral, uma guarnição se compõe principalmente de: fibras de reforço: que utilizavam, até recentemente, amianto branco (crysotile) ou silicato de magnésio, que se revelaram causadoras de doenças profissionais, tais como amiantose e mesotelioma; outros materiais fizeram sua aparição no mercado: fibras aramidas (kevlar), aço, vidro, cerâmica, grafite que resistem melhor ao uso e posssuem um coeficiente de atrito mais elevado. elementos metálicos: desempenham a tarefa de dissipar o calor gerado durante o uso do material de fricção. redutores de atrito: cumprem a função de contrabalancear a ação do abrasivo a fim de evitar que o material se torne agressivo ao disco. catalizadores: consolidam a resina no seu processo de cura. compostos orgânicos: em alguns casos, servem como aglomerantes ou material de liga entre os componentes. abrasivos: fornecem o atrito. corantes: melhoram a estética do material. tambor de freio tambor de freio ponta de eixo cubo parafuso FIGURA 21 - TAMBOR DA RODA FR EI O S | 3 0 As lonas de freio, que equipam a grande maioria dos eixos traseiros dos automóveis, têm seu coeficiente de atrito calculado na engenharia levando-se em conta a relação da área de atrito entre lonas e tambor, peso, potência e a utilização a que se propõe ao veículo. Além da escolha do material, a compactação dada à guarnição determinará as características do atrito e do desgaste. Se essa compactação for macia, o coeficiente de fricção será muito elevado, o que provocará um desgaste rápido e um risco de travamento precoce dos freios. Por outro lado, se for dura, tenderá a reduzir o coeficiente de atrito, impedindo consideravelmente o desgaste das guarnições. Este tipo de guarnição demanda um esforço adicional sobre o pedal de freio e proporciona uma frenagem menos eficaz, acelerando o desgaste das pastilhas usadas no eixo dianteiro. A guarnição do freio deve igualmente dispor das seguintes características: ser influenciada o menos possível pela umidade; não absorver a poeira do tambor; funcionar silenciosamente e sem odor quando aquecida e exigida; possuir resistência ao fade; dispor de rápida recuperação pós-aquecimento; não apresentar retardado de fade; reagir a uma mínima sensibilidade à velocidade; possuir boa estabilidade de atrito durante a maior parte de sua vida útil; apresentar um mínimo desgaste do material de fricção. O superaquecimento pode acelerar a deterioração das guarnições e provocar o vidramento, o que reduzirá tanto a resistência à fricção quanto o efeito de dureza do pedal. Ambas as guarnições são freqüentemente usadas apresentando comprimentos diferentes. Veremos mais adiante, em pastilhas de freio, um texto que detalhará melhor as particularidades dos materiais de fricção das guarnições/lonasde freio e das pastilhas, que devem possuir as mesmas características. Pó de amianto Muitas guarnições e pastilhas de freios possuem em sua fabricação, ainda hoje, fibras de amianto que o atrito transforma em poeira tóxica. A exposição repetida e a inalação de pó de amianto constituem um perigo para a saúde. É importante tomar todas as precauções para evitar que a poeira acumulada sobre tambores das rodas e sobre os espelhos de fixação se espalhem pelo ar durante a limpeza a seco. A poeira suspensa no ar, liberada após uma limpeza com ar comprimido ou com uma escova seca, é extremamente perigosa. Por isso, atualmente, é recomendada a utilização de aparelhos especiais, evitando-se que a poeira permaneça suspensa (figura 22). A poeira deve ser colocada em sacos herméticos, mencionando-se a natureza do seu conteúdo antes de dispensá-la, respeitando-se as normas em vigor. Por conseqüência, é muito importante jamais utilizar uma pistola de ar para retirar a poeira dos freios, porque ela é muito mais perigosa quando se encontra em suspensão no ar. Fr ei os a T am bo r | 3 1 Quando um aspirador equipado com um saco adequado para a recuperação de poeira não for utilizado, a limpeza deve ser efetuada com um líquido especial encontrado no mercado em forma de spray ou com álcool desidratado. Como esse procedimento pode colocar a poeira tóxica em suspensão no ar, recomendamos que a pessoa utilize uma máscara de proteção. Existe também a possibilidade de proceder a lavagem utilizando pincel e solvente adequado (como o álcool), sempre cuidando para não levantar a poeira tóxica e inalá-la. Quando temos que intervir sobre um sistema qualquer, é muito importante seguir à risca os métodos de manutenção e de reparação descritos pelo fabricante, uma vez que toda pessoa que ignora as recomendações enunciadas no manual de reparação pode comprometer sua segurança e a dos outros, bem como danificar o veículo. FIGURA 22 - APARELHO DE RECUPERAçãO DAS POEIRAS DE AMIANTO FIGURA 23 - APARELHO QUE SERVE PARA LAVAGEM DOS ESPELHOS DE FIxAçãO FR EI O S | 3 2 OUTROS PERIGOS Além dos riscos para a saúde ocasionados pela poeira de amianto, outros perigos se associam em procedimentos de reparação dos freios. Entre eles, mencionamos a desmontagem das molas de retorno, que possuem alta pressão. É necessário retirá-las e recolocá-las durante a manutenção dos freios (figura 24). A utilização de ferramentas especiais (figura 25) diminui muito os riscos de ferimentos nas mãos durante esse procedimento. A manipulação do fluido de freio representa um outro perigo à saúde, especialmente para os olhos. A utilização de óculos de proteção é prescrita quando há um trabalho sobre o sistema de frenagem. O fluido de freio compõe-se de uma mistura de poliéster e de glicol que pode danificar a pintura do automóvel. Por essa razão, é preciso sempre enxaguar o local em que o fluido de freio tenha sido, acidentalmente, derramado. Regulagem das guarnições (lonas) e das molas A folga entre o tambor e a guarnição destaca-se como um desgaste de extrema importância. Os sistemas de regulagem automática ou manual, devem prevenir uma regulagem adequada a fim de manter uma folga mínima entre a guarnição e o tambor, tal disposição garantirá sempre um pedal de freio com a altura correta para assegurar um bom funcionamento dos freios. As molas possuem grande influência na regulagem das guarnições; as molas de retorno são empregadas para devolver as sapatas ao seu alojamento, outras servem para reter as sapatas (conhecidas como molas centralizadoras) perto do espelho de fixação dos freios e compõem os dispositivos de regulagem automática que variam muito conforme os modelos oferecidos pelos fabricantes. Os principais tipos de mecanismos de regulagem automática montados nos freios a tambor são os seguintes: de regulagem única; de regulagem progressiva para freios com ponto de ancoragem fixa; FIGURA 24 - VISTA DE UM ESPELHO DE FIxAçãO DE FREIO TRASEIRO COM SAPATAS E COM MOLAS FIGURA 25 - FERRAMENTAS ESPECIAIS PARA A RETIRADA E PARA A COLOCAçãO DE MOLAS Fr ei os a T am bo r | 3 3 de regulagem progressiva para freios com sapatas flutuantes; comandados pelo freio de estacionamento. Mecanismo de regulagem única O mecanismo de regulagem única (figura 26) é montado em certos freios a tambor dotados de ponto de ancoragem fixa. A regulagem única é efetuada desde que o coeficiente de desgaste entre as guarnições e o tambor seja atingido. Mecanismo de regulagem progressiva para os freios de ponto de ancoragem fixa O segundo tipo de mecanismo de regulagem automática encontra-se também nos freios a tambor de ancoragem fixa. É efetuada uma regulagem progressiva durante a frenagem quando a folga de desgaste é suficientemente importante para permitir que a alavanca do mecanismo possa transpassar um dente da roda estrelada. A regulagem se efetua dirigindo o veículo por uns três metros em marcha para frente; depois, fazendo marcha a ré, atuando sobre o pedal de freio para deter completamente o veículo. Os pistões do cilindro da roda separam as duas sapatas uma da outra. Sob o efeito desse movimento, a mola de retorno do parafuso do dispositivo de regulagem puxa a alavanca, que transpassa um dente da roda estrelada (figura 27). Quando o desgaste das guarnições atinge um certo coeficiente em relação à regulagem precedente, a alavanca atravessa um dente e se engrena com a roda estrelada. Quando os freios estão soltos, o dispositivo de regulagem livra a alavanca, que gira para baixo e faz virar a roda estrelada, que afasta as sapatas. A roda estrelada é deslocada em um dente a cada vez que o desgaste das guarnições atinge um dado valor. Esse mecanismo de auto-regulagem mantém uma folga apropriada das sapatas, apesar do desgaste das guarnições. Ainda que o princípio de funcionamento permaneça o mesmo, a disposição dos componentes desse mecanismo pode variar de um fabricante para outro. haste de apoio haste de apoio dispositivo de regulagem FIGURA 26 - MECANISMO DE REGULAGEM úNICA (FORD) mola do dispositivo de regulagem haste de acionamento roda dentada sapata secundária FIGURA 27 - MECANISMO DE REGULAGEM PROGRESSIVA DE UM FREIO DE PONTO DE ANCORAGEM FIxA (FORD) FR EI O S | 3 4 Mecanismo de regulagem progressiva para freios de sapatas flutuantes O terceiro tipo de mecanismo de regulagem igualmente progressiva é montado nos freios de sapatas flutuantes (figura 28). Seus principais elementos são uma alavanca, um cabo e um guia. Uma extremidade do cabo é fixada na alavanca do dispositivo de regulagem e a outra é presa no eixo de ancoragem. O cabo passa por um guia solidário da sapata secundária. A regulagem se efetua automaticamente quando os freios são acionados durante a marcha a ré do veículo. A extremidade superior da sapata primária é forçada contra o eixo de ancoragem pelas forças do atrito (figura 28). O cilindro da roda afasta tanto a extremidade superior da sapata secundária quanto o guia do cabo do eixo de ancoragem. Sob o efeito desse movimento, o cabo puxa a alavanca de regulagem para o alto, para cima do dente da roda estrelada. Quando a sapata secundária é usada em um certo coeficiente em relação à regulagem precedente, a alavanca atravessa um dente e se engaja na roda estrelada. Quando os freios estão soltos, a mola do dispositivo de regulagem puxa a alavanca para baixo, isto faz girar a roda estrelada para afastar as sapatas (figura 29). Novamente a disposição dos componentes pode variar de um fabricante para outro; é assim que a alavanca ou as hastes desempenham, às vezes, a mesma função do cabo e da alavanca do dispositivo anterior (figura 30). pino de ancoragem guia sapata secundária cabo dispositivo de acionamento roda dentada mola do dispositivo de regulagem FIGURA 28 - MECANISMO DE REGULAGEM PROGRESSIVA DE UM FREIO DE SAPATAS FLUTUANTES (FORD) FIGURA29 - AçãO DE UMA ALAVANCA SOBRE RODA ESTRELADA (FORD) Fr ei os a T am bo r | 3 5 Mecanismo comandado pelo freio de estacionamento Os mecanismos de regulagem comandados pelo freio de estacionamento funcionam de modo comparável àqueles de regulagem única. O mecanismo de recuperação da folga pode localizar-se na haste de acionamento do freio de estacionamento (figura 31); a separação das sapatas permite uma distância suficientemente importante para transpassar um dente da roda estrelada ou da cunha de regulagem, o que aproxima as sapatas do tambor. alavanca de comando alavanca do dispositivo de regulagem alavanca alavanca do dispositivo de regulagem roda dentada alavanca anti-ruído alavanca anti-ruído mola neutralisadora mola neutralizadora DISPOSITIVO QUE EVITA UMA REGULAGEM MUITO APERTADA DURANTE UMA DEFORMAçãO DO TAMBOR DISPOSITIVO QUE EVITA UMA REGULAGEM MUITO APERTADA DURANTE UMA FREIADA BRUSCA hastes alavanca de articulação hastes alavanca de articulação haste alavanca de comando do reguladorroda dentada alavanca de comando do regulador mola antisobrecarga articulação roda dentada FIGURA 30 - DIFERENTES VERSõES DE UM MESMO PRINCíPIO DE REGULAGEM (FORD) alavanca distância alavanca do freio de estacionamento mola de retorno da alavanca FIGURA 31 - MECANISMO DE REGULAGEM COMANDADA PELO FREIO DE ESTACIONAMENTO (wAGNER) FR EI O S | 3 6 Freios de estacionamento Esta seção apresenta os principais tipos de freios de estacionamento e também o funcionamento de cada um deles. O freio de estacionamento apresenta-se como um freio de comando mecânico que imobiliza o veículo quando ele está estacionado; ele pode ser acionado com a ajuda do pé ou da mão e o seu comando é totalmente independente do circuito hidráulico. Tipos de freios de estacionamento Os freios de estacionamento freqüentemente mais empregados são: o freio de estacionamento integrado aos freios do tambor traseiro; o freio de estacionamento auxiliar a tambor, integrado com o sistema de freios a disco traseiro; o freio de estacionamento sobre a transmissão, independente dos freios traseiros, também chamado freio da árvore de transmissão; o freio de estacionamento sobre os freios do disco traseiro (o acionamento das pinças se faz mecanicamente). Freio de estacionamento integrado aos freios do tambor traseiro Quando se puxa a alavanca do freio de estacionamento, o cabo dianteiro levanta um equalizador que estende os dois cabos de freios traseiros. Esses cabos são fixados nas alavancas no interior dos tambores de freios traseiros (figura 32). A alavanca e as hastes empurram as sapatas e as guarnições contra os tambores e freiam o veículo. As sapatas são mantidas nessa posição até que relaxemos o freio por meio da alavanca, ou do pedal do freio de estacionamento. ponto de ancoragem na alavanca ponto de ancoragem no espelho de freio ponto de ancoragem no eixo traseiro FIGURA 32 - REPRESENTAçãO DE UM TIPO DE FREIO DE ESTACIONAMENTO (FORD) Fr ei os a T am bo r | 3 7 freio a tambor vantagens concepção simples e de grande confiabilidade; o fenômeno de auto-energização, próprio deste tipo de freio, reduz todo o esforço, aumentando o efeito de frenagem; seus elementos estão localizados no interior do disco de roda, ao abrigo de projeções externas; facilidade de montar um freio de estacionamento de comando mecânico. Desvantagens a dimensão dos freios a tambor é limitada pelo diâmetro da roda; a substituição das guarnições toma mais tempo que a de um freio a disco; os dispositivos de regulagem automática dos jogos de guarnições são mais complexos; a evacuação da poeira resultante da abrasão e do calor se faz com dificuldade; tendência particular ao superaquecimento, também denominado fade, em decorrência do projeto construtivo. FIGURA 33 - PEçAS DE UM FREIO DE ESTACIONAMENTO - PARTE DA RODA (GENERAL MOTORS) eixo do mecanismo braço de reaçãosapata alavanca do freio de estacionamento FR EI O S | 3 8 Pontos-chave O sistema de freio a tambor era utilizado no começo do século nos primeiros automóveis; O princípio de frenagem permaneceu o mesmo; somente os meios de aplicação modificaram-se com o tempo; Os principais componentes de um freio a tambor são duas sapatas, um tambor, um espelho de fixação, um came de acionamento e um dispositivo de regulagem; No momento da frenagem, o came comanda as sapatas, que entram em contato com o tambor, diminuindo a velocidade do veículo. O relaxamento do came força o retorno das sapatas para sua posição inicial; Distinguimos dois tipos de montagem de sapatas de freio: de ancoragem fixa, com um ou dois cilindros de roda; de sapatas flutuantes. O cilindro da roda age como um pequeno macaco hidráulico, seu deslocamento serve para pressionar as sapatas de freio sobre o tambor; As guarnições de freio devem possuir as seguintes características: serem influenciadas o menos possível pela umidade; não absorver a poeira do tambor; funcionar silenciosamente e sem odor quando ocorrer aquecimento; permanecer eficaz por um período razoável. Os sistemas de regulagem das guarnições deve garantir que elas mantenham-se a uma distância miníma do tambor; As molas são elementos fundamentais nos mecanismos de regulagem, devolvendo as sapatas ao seu lugar ou retendo-as perto do espelho de fixação; Os tipos de freios de estacionamento mais empregados são: integrado aos freios do tambor traseiro, integrado com o sistema de freios a disco traseiro, freio da árvore de transmissão e sobre os freios do disco traseiro. Fr ei os a D is co | 3 9 Os freios a disco começaram a surgir em automóveis no início dos anos 50 como um opcional, sendo instalados nos veículos com alto desempenho para a época. A principal proposta do freio a disco era dissipar melhor o calor, já que seus elementos de fricção ficavam expostos ao ar e, conseqüentemente, a retomada dos freios era muito mais rápida. Nesta aula você estudará as vantagens dos freios a disco, os diferentes tipos de freios a disco e funcionamento de cada um desses tipos, assim como a questão do fluido de freio e a das pastilhas de freio. FR EI O S | 4 0 Fr ei os a D is co | 4 1 FREIOS A DISCO Princípio de funcionamento Quando aplicamos sobre o pedal do freio uma força, a pressão hidráulica proveniente do cilindros-mestre chega aos pistões da pinça e força as pastilhas a comprimirem os dois lados de um disco, girando juntamente com a roda de modo semelhante ao freio de uma bicicleta. Obtemos, assim, uma grande força de frenagem em decorrência do efeito de punho. O emprego de uma pastilha de cada lado do disco permite muitas paradas sucessivas sem diminuição da eficácia desses freios. Cada lado permanece limpo e seco em decorrência da rotação do disco de freio. Encontramos os freios a disco em quase todos os automóveis, sobretudo nos eixos dianteiros e, às vezes, nos eixos traseiros. Encontramos também cada vez mais nos caminhões. Os freios a disco permitem uma frenagem muito mais uniforme, com menos tendência ao fade. Funcionamento dos freios a disco O princípio do funcionamento de todos os freios a disco é similar: consiste em imobilizar um disco entre duas pastilhas instaladas em uma pinça. A ação produzida é comparável àquela de duas paredes de uma morsa que comprimem uma peça. Como as pastilhas agem perpendicularmente ao disco em rotação, o fenômeno de auto-acionamento não existe, e a força de aplicação provém somente da pressão hidráulica. Para produzir uma frenagem eficaz, a pressão é muito importante, ela é a razão que explica a presença de pistões de grande diâmetro e o uso associado, na maioria dos casos, com um servofreio. A técnica adotada para prensar as pastilhas contra o disco é ligeiramente diferente e varia conforme a pinça,que pode ser fixa ou flutuante. No primeiro caso, encontramos um pistão, às vezes dois, montados na pinça de cada um dos lados do disco. A pinça é fixada rigidamente na manga do eixo e não interfere no acionamento dos freios. A pinça deve ser centrada em relação ao disco; ou seja, a pressão exercida sobre as pastilhas é equivalente dos dois lados e o disco não deve sofrer nenhuma deformação lateral (figura 35). porta pinça de freios parafuso-guia pinça de freios pastilha de freio parafuso guia defletor guarda-poeira disco FIGURA 34 - ESQUEMA DE UM FREIO A DISCO (wAGNER) FIGURA 35 - PRINCíPIO DO FUNCIONAMENTO DE UMA PINçA FIxA E DE UMA PINçA FLUTUANTE (FORD) FR EI O S | 4 2 No segundo caso, a força é produzida por um só pistão de um só lado. O pistão força a pastilha contra a superfície do disco e, por reação, a pinça se desloca e puxa a pastilha do lado oposto (figura 35). O deslocamento da pinça flutuante se efetua sobre guias corrediças ou sobre as partes modeladas denominadas guia escorregador. Ao contrário dos freios a tambor, os freios a disco não contam com nenhuma mola de retorno. A tarefa de contrair o pistão, no repouso do pedal, é assumida pelo anel de vedação do pistão. Além de assegurar a vedação entre o cilindro e o pistão, o anel de vedação se deforma e realiza assim o retorno do pistão. Quando a pressão hidráulica diminui, o anel de vedação tende a retomar sua forma e age como uma mola de retorno para contrair o pistão (figura 36). Além disso, à medida que se usam as pastilhas, ocorre um deslocamento mais longo do pistão para recuperar automaticamente a folga em razão do desgaste. Como a força exercida pelo anel de vedação é menor que aquela produzida pelas molas de retorno, é importante que as guias corrediças estejam em bom estado; caso contrário, as pastilhas continuarão friccionando o disco depois do repouso do pedal. Um guarda-pó inserido entre a pinça e o pistão impede a introdução de água ou de impurezas no interior do cilindro da pinça. O deslocamento reduzido do pistão e a força limitada de retração do anel de vedação são dois fatores que tornam o funcionamento do pistão muito vulnerável à presença de corpos estranhos. Um guarda-pó não calafetado pode provocar, em curto tempo, um deslizamento difícil do pistão na pinça e um mau funcionamento dos freios tanto em acionamento como em repouso. Um pistão engripado limita a pressão sobre as pastilhas na frenagem ou dificulta o retorno das mesmas quando o pedal é desacionado. Essas irregularidades provocam um superaquecimento dos componentes e contribuem para uma demora na frenagem do veículo. Tipos de freios a disco Existem muitos tipos de freios a disco, sendo que os mais empregados são os de pinça fixa e de pinça flutuante. pistão pistão o vedador se contrai ao retornar o pistão pinça guarda-pó pinça o vedador se deforma ao avançar o pistão FIGURA 36 - AçõES DO ANEL DE VEDAçãO DO PISTãO (FORD) Fr ei os a D is co | 4 3 Freio a disco com pinça fixa Os freios a disco com pinça fixa possuem dois pistões, ou mais, sendo um conjunto de cada lado do disco (figura 37). Esses pistões empurram as pastilhas sobre o disco, comprimindo- as. Cada pistão recebe uma pressão hidráulica equivalente, e, quando é empurrado sobre as pastilhas, não gera nenhuma deformação lateral do disco. A pinça é mantida solidária à manga de eixo e somente os pistões se deslocam. Freio a disco com pinça flutuante (punho) Em um freio a disco, a superfície de fricção das pastilhas é muito menor que aquela de um freio a tambor. Isso ocorre porque empregamos um pistão mais grosso a fim de compensar a diferença de superfície e obter a mesma força. As pastilhas também são mais espessas. O freio a disco de pinça flutuante utiliza somente um pistão para exercer toda a pressão sobre as pastilhas, para obter uma pressão igual de cada lado do disco; a pinça flutuante comporta-se como um punho sobre um dos lados sobre qual é necessário colocar um apoio capaz de contrapor-se à força a ser aplicada do lado oposto da pinça (figura 38). parafuso da pinça molas pistão pastilha pastilha meia-pinça parafuso de retenção lingüeta anel disco guarda póanel meia-pinça FIGURA 37 - VISTA GERAL DE UM FREIO A DISCO DE SUPORTE FIxO pastilha inferior anel de vedação pistão pressão hidráulica pastilha exterior parafuso da pinça FIGURA 38 - ESQUEMA DE UM FREIO DE PINçA FLUTUANTE (GENERAL MOTORS) FR EI O S | 4 4 A pinça é instalada na manga de eixo sobre o disco; uma pastilha de freio é fixada no pistão e a outra é fixada na pinça. O fluido proveniente do cilindros-mestre age sobre o pistão, provocando um movimento da pastilha em direção ao disco. Quando a pastilha entra em contato com o disco, a pressão do fluido é exercida na superfície da pinça, arrastando e deslocando essa pinça até que a pastilha exterior entre também em contato com o disco. Nesse momento, a pressão age sobre as duas superfícies (pistão e pinça), assegurando o fechamento das pastilhas contra o disco, o que promove a frenagem. Freios a disco traseiro O uso de freios a disco traseiro tornou-se emprego comum. A construção e o funcionamento desses freios são parecidos com os de freios a disco montados na dianteira. Existe uma exce- ção a esta regra: em certos veículos, a pinça fecha um mecanismo de comando de pastilhas, que, além de assegurar uma frenagem regular, desempenha também a função de freio de estacionamento (figura 39). A alavanca é comandada pelo cabo de freio de estacionamento, que é ligado ao mecanismo do freio dentro do alojamento da pinça. A alavanca provoca a rotação do eixo, que comporta três entalhes nas quais as esferas repousam quando o freio de estacionamento é desativado. Quando o eixo gira, as esferas saem dos entalhes e empurram o parafuso maciço em direção ao pistão, que empurra as pastilhas contra o disco. Quando a alavanca do freio está desativada, as esferas retornam para os entalhes e o pistão se retrai. O mecanismo do freio de estacionamento conta com um dispositivo encarregado de recuperar automaticamente a folga do desgaste das guarnições das pastilhas. dispositivo de regulagem automática pistão mecanismo do freio de estacionamento alavanca de comando eixo esfera fuso de compensação FIGURA 39 - VISTA EM CORTE DE UMA PINçA UTILIzADA COMO FREIO DE ESTACIONAMENTO (FORD) Fr ei os a D is co | 4 5 Pistão de freios a disco Você sabe que a frenagem com os freios a disco resulta do atrito das pastilhas dispostas em cada lado de um disco. Esse atrito depende da pressão hidráulica aplicada sobre o pistão na pinça. Além do pistão, o freio comporta um guarda-pó e uma vedação específica, concebida de maneira a assegurar a vedação entre o pistão e o cilindro, e a agir como mola de retorno do pistão após a frenagem (figura 40). A vedação se deforma quando ocorre o deslocamento do pistão pela frenagem e, quando a pressão diminui, ela retoma sua forma e age como uma mola, retraindo o pistão, o que afasta as pastilhas do disco. Disco de freio O disco de freio é fabricado com ferro fundido cinzento, mas também com fibra de carbono, tais como os utilizados nos veículos de Fórmula 1 e nos carros superesportivos. Quanto aos tipos, podem ser dois: com forma maciça, usada nos primeiros carros com esse dispositivo e, atualmente, nos freios traseiros em modelos não muito potentes, que são bem menos exigidos. O disco ventilado se identifica como aquele que possui uma série de furos entre as superfícies de fricção para ajudar no resfriamento do disco; ou, ainda, pode dispor de vários furos ou rasgos na própria superfície dos discos que, conforme a velocidade do componente, aumenta sua ventilação que flui através desses orifícios, dissipando o calor do ar que circula pelo disco de freio (figura 41). FIGURA 40 - AçãO DA JUNTA DO PISTãO DO FREIO A DISCO (GENERAL MOTORS) vedadorguarda-pó pistão sem aplicação freiosaplicados freios desaplicados disco ventilado em direção ao exterior disco sólido em direção ao exterior FIGURA 41 - ESQUEMA DE UM DISCO VENTILADO E DE UM DISCO PLENO (wAGNER) FR EI O S | 4 6 Pastilhas de freio As pastilhas funcionam como um suporte de aço sobre o qual fixamos uma guarnição de fricção por colagem ou por rebites (em desuso). De acordo com a natureza do material empregado, a guarnição se classifica em duas categorias: semimetálica ou orgânica. A guarnição semimetálica é formada de materiais de fricção metálicos, sob forma de pó ou de partículas ligadas por resinas sintéticas. A primeira função do metal é a de assegurar uma boa transferência de calor, e a escolha depende parcialmente da quantidade de calor a ser dissipado. Habitualmente, os metais mais duros, como o ferro e o aço, são empregados sobre as pastilhas destinadas aos automóveis de caráter esportivo. Nos carros de passeio, a concentração de metais duros é inferior e fazemos o uso dos metais mais moles, como o cobre ou o bronze. Para as guarnições orgânicas, os materiais de fricção são notadamente a cerâmica, o carbono e a fibra de carbono (usados em carros esportivos), já os aglutinantes são orgânicos. A maior parte das pastilhas possui um dispositivo de aviso de desgaste, que pode ser sonoro ou eletromecânico. Quando a pastilha atinge uma dada espessura, um barulho estridente se faz ouvir na frenagem, ou um aviso luminoso se acende no painel do veículo. Características essenciais das lonas e das pastilhas de freio As lonas e as pastilhas de freio devem possuir determinadas características, de forma a garantir segurança e bom desempenho. São nove as características mais importantes e estão descritas a seguir: Resistência ao fade Fade é o termo utilizado para designar o efeito de perda de atrito de uma lona ou de uma pastilha, provocado pelo calor gerado durante as frenagens. Qualquer lona ou pastilha de freio, quando submetida a altas temperaturas, apresentará fade. Portanto, a principal diferença entre lonas e pastilhas de qualidade, e lona e pastilhas inferiores reside na resistência ao fade. Assim, lonas e pastilhas de qualidade suportam temperaturas mais elevadas que lonas e pastilhas de baixa qualidade.Quando atinge o ponto de fade, a lona e a pastilha de boa qualidade perdem gradualmente sua eficiência, exigindo que o motorista passe a pressionar com mais intensidade o pedal do freio. O fade gradual passa, assim, a ser um mecanismo de aviso, possibilitando, ainda, um controle adequado sobre o veículo. As lonas e as pastilhas de baixa qualidade, por sua vez, ao atingirem uma temperatura elevada, apresentam o fade repentinamente e sem nenhum aviso, condição em que o motorista facilmente poderá perder o controle do veículo. Fr ei os a D is co | 4 7 recuperação A recuperação consiste em uma característica das lonas e das pastilhas de voltarem rapidamente à condição original de atrito, depois de esfriar, quando submetidas a elevadas temperaturas. Somente lonas e pastilhas de qualidade repetem essa recuperação de atrito depois de qualquer condição severa de aquecimento. GRÁFICO 1 - RESISTêNCIA AO FADE FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.6. GRÁFICO 2 - RECUPERAçãO FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.6. Existência de fade retardado A existência de fade retardado apresenta-se como uma característica muito perigosa. Ela aparece durante o período de recuperação ou de esfriamento da lona e da pastilha. As lonas e as pastilhas começam a voltar à condição normal de atrito e, de repente, sem aviso, os freios retornam à condição de fade. Esta característica, muito comum em veículos que utilizam lonas e pastilhas de baixa qualidade, pode acarretar sérios riscos aos condutores desses veículos. temperatura do tambor (em °C) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade = resistência ao fade lona ou pastilha de qualidade inferior= baixa resistência ao fade temperatura do tambor (em °C) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade = recuperação rápida lona ou pastilha de qualidade inferior = lenta recuperação FR EI O S | 4 8 Sensibilidade à velocidade As características de atrito de uma lona ou de pastilha de qualidade não devem variar em razão da velocidade do veículo. As lonas e as pastilhas de baixa qualidade, quando submetidas a variações de velocidade, passam a frenar o veículo a distâncias cada vez maiores. Com as atuais condições de altas velocidades em algumas de nossas estradas, é importante o uso de lonas e pastilhas de qualidade, capazes de assegurar paradas em distâncias mínimas. GRÁFICO 3 - ExISTêNCIA DE “FADE” RETARDADO FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.6. Estabilidade A estabilidade é, sem dúvida, uma das características das lonas e das pastilhas de boa qualidade. É importante que as lonas e as pastilhas mantenham sempre o mesmo poder de frenagem ao longo de sua vida útil. As lonas e as pastilhas de baixa qualidade, apesar do desempenho satisfatório quando novas, sofrem ruptura química (desagregação) durante o seu uso, em virtude da utilização de aglomerantes (agentes ligantes) que não possuem boa resistência térmica. temperatura do tambor (em °C) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade não apresenta “fade” retardado lona ou pastilha de qualidade inferior apresenta “fade” retardado GRÁFICO 4 - SENSIBILIDADE à VELOCIDADE FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.7. velocidade (km/h) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade = mínima sensibilidade à velocidade lona ou pastilha de qualidade inferior = máxima sensibilidade à velocidade Fr ei os a D is co | 4 9 Sensibilidade à água A sensibilidade à água é outra importante propriedade de segurança. Quando os freios, equipados com lonas e com pastilhas de qualidade, são submetidos a uma excessiva quantidade de água, uma garantida margem de atrito é assegurada por elas. Já lonas e pastilhas de baixa qualidade promovem pouco ou nenhum atrito quando molhadas. Mínima sensibilidade à umidade Os efeitos da umidade atmosférica podem ser opostos aos da umidade excessiva. Baixo teor de umidade, como o orvalho, por exemplo, pode aumentar substancialmente o coeficiente de atrito nas primeiras frenagens. Esse detalhe é muito comum em lonas e em pastilhas de baixa qualidade é, geralmente, conhecido como “doença matinal”. GRÁFICO 5 - ESTABILIDADE FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.7. quilometragem rodada (km) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade = estabilidade lona ou pastilha de qualidade inferior= pouca estabilidade GRÁFICO 6 - SENSIBILIDADE à ÁGUA FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.7. co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de qualidade inferior= máxima sensibilidade à água saturação seco absorção de água lona ou pastilha de boa qualidade = mínima sensibilidade à água FR EI O S | 5 0 Mínimo desgaste de lonas e de pastilhas O uso de lonas e de pastilhas de boa qualidade está ligado não só à segurança, mas também à economia. O uso deve ser associado à quantidade de trabalho executado pelos freios. Uma lona ou pastilha que se desgasta muito rapidamente pode tornar o freio sensível e irregular. É por isso que os freios devem ser verificados periodicamente para inspeção de desgaste das lonas e das pastilhas. Mínimo desgaste dos tambores e dos discos de freio Questões de segurança em relação a tambores e discos são muitas vezes negligenciadas. O tambor é tão importante quanto a lona ao se frear um veículo. O mesmo cuidado se aplica à pastilha e ao disco. Ambos devem estar isentos de riscos (sulcos) e de pontos duros. Um tambor ou um disco muito fino deformam-se e nãopodem suportar o calor da frenagem. Uma lona ou uma pastilha de boa qualidade não danificam os tambores, nem os discos, porque não há em sua composição elementos prejudiciais. GRÁFICO 7 - MíNIMA SENSIBILIDADE à UMIDADE FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.8. umidade (% umidade relativa) co ef ic ie nt e de a tri to lona ou pastilha de boa qualidade não é sensível à umidade lona ou pastilha de qualidade inferior é sensível à umidade GRÁFICO 8 - MíNIMO DESGASTE DE LONAS E PASTILHAS FONTE: COBREQ. Apostila técnica automotiva. São Paulo, s.d. p.8. quilometragem rodada (km) de sg as te (e m m m ) lona ou pastilha de boa qualidade desgaste lento lona ou pastilha de qualidade inferior desgastam-se rapidamente Fr ei os a D is co | 5 1 Freio de estacionamento auxiliar empregado com um sistema de freios a disco traseiro O uso de freio a disco traseiro modifica o mecanismo tradicional do freio de estacionamento. Utilizamos habitualmente um disco, que integra um tambor, ou um dispositivo mecânico para fechar as pastilhas da pinça. No primeiro caso, o centro do disco de freio forma um tambor específico para o freio de estacionamento. O funcionamento se compara àquele de um freio de estacionamento a tambor clássico, no qual o comando das sapatas se efetua mecanicamente por meio de um sistema de cabo (figura 42). pinça sapatas do freio de estacionamento molas de retorno disco FIGURA 42 - FREIO DE ESTACIONAMENTO A TAMBOR INTEGRADO AO DISCO (CHRYSLER) Freio de estacionamento com pinças integradas mecanicamente Encontramos também um sistema para os freios a disco traseiros cujas pinças e pastilhas são utilizadas tanto em freio de serviço quanto em freio de estacionamento. Um mecanismo espe- cífico montado no interior de cada pinça fecha mecanicamente as pastilhas sobre o disco. Um parafuso interno de grande diâmetro exerce a função de compensar automaticamente a folga causada pelo desgaste das pastilhas (figura 43). A alavanca é comandada mecanicamente por um cabo. O movimento dessa alavanca promove a rotação de uma peça que comporta três entalhes onde se localizam algumas esferas quando o freio está em repouso. Quando se liga o freio de estacionamento, a peça en- talhada é acionada de modo que as esferas saiam dos entalhes e empurrem o pistão e as pastilhas de freio contra o disco. Quando o freio é desacionado, as esferas retornam para o entalhe e o pistão se retrai. pastilha interna anel de vedação fuso de compensação pastilha externa disco pistão porca alavanca do freio de estacio- namento FIGURA 43 - FREIO DE MãO COM SUPORTES MECâNICOS FR EI O S | 5 2 vantagens O freio a disco apresenta muitas vantagens em relação ao freio a tambor: a eficácia da frenagem é perceptivelmente superior; o esforço sobre as pastilhas deforma muito menos a superfície de atrito; o resfriamento do disco é melhor; não existe o problema de centralização das sapatas, e as pastilhas se desgastam menos que no freio a tambor, comparando os dois sistemas aplicados em veículos idênticos; o resfriamento dos cilindros de acionamento é melhor; a manutenção é muito mais fácil, pois não existe necessidade de regulagem. Pontos-chave O freio a disco é muito mais utilizado na dianteira dos automóveis e, também, cada vez mais nos caminhões; O freio a disco oferece muitas vantagens, se comparado ao freio a tambor, seu funcionamento é simples, eficaz e sua manutenção é mais fácil; Na frenagem, a pressão hidráulica vinda do cilindros-mestre chega aos pistões da pinça e força as pastilhas a fecharem ambos os lados de um disco que gira com a roda; Dois tipos de freios a disco são empregados: os freios de pinça fixa e os freios de pinça flutuante; Os discos de freios a disco podem ser sólidos ou ventilados; A maior parte das pastilhas de freios a disco possui um dispositivo de aviso sonoro ou eletrônico que denuncia o desgaste desses componentes; O freio de estacionamento dos carros consiste em um freio de comando mecânico que imobiliza o veículo quando ele está estacionado; O freio de estacionamento pode ser integrado aos freios a tambor ou a disco traseiro, ou, ainda, ser independente, conforme os modelos dos carros. O freio de estacionamento montado sobre a transmissão utiliza habitualmente uma cinta de freio exterior, e o tambor é solidário à árvore de transmissão. O fechamento da cinta de frenagem é comandado por um cabo e por uma alavanca. Hoje, esse sistema não é mais utilizado em automóveis. C irc ui to H id rá ul ic o do s Si st em as d e Fr en ag em | 5 3 O circuito hidráulico é constituído de quatro elementos principais: cilindros-mestre, cilindro de roda, canalizações hidráulicas e válvulas de controle de pressão. Nesta aula você estudará os componentes e o funcionamento do circuito hidráulico do sistema de freios, bem como os tipos de cilindros-mestre: simples, duplo e escalonado. Estudará também a válvula de retenção de pressão do cilindros-mestre, a válvula de pressão residual externa, a tubulação hidráulica e a tubulação flexível. FR EI O S | 5 4 CIRCUITO HIDRÁULICO DOS SISTEMAS DE FRENAGEM C irc ui to H id rá ul ic o do s Si st em as d e Fr en ag em | 5 5 Componentes do circuito hidráulico dos sistemas de frenagem Os principais elementos do circuito hidráulico são: cilindro-mestre; cilindros da roda; canalizações hidráulicas; válvulas de controle de pressão. Desde o início dos anos 70, os circuitos de frenagem são divididos em duas seções independentes, eixo dianteiro e eixo traseiro (figura 44) ou em diagonal. Se uma anomalia acontece em uma das seções, a outra permanece funcionando. Além disso, empregamos compensadores de frenagem e limitadores de frenagem nesse tipo de circuito. Os fabricantes de carros europeus foram os primeiros a usar o circuito em diagonal. Esse arranjo convém aos carros de tração dianteira, nos quais uma parte importante da carga repousa sobre as rodas dianteiras; com a divisão precedente, dianteira e traseira, dificilmente poderíamos frear o carro se acontecesse uma pane nos freios dianteiros. 1 2 3 4 5 6 7 acionando o pedal de freio forma pressão no cilindros-mestre. o servofreio amplifica a força de aplicação do freio. o cilindro-mestre transforma a força aplicada pelo pedal em pressão hidráulica e envia para as tubulações de freio. a válvula de frenagem divide a pressão entre os freios dianteiros e traseiros para uma frenagem equilibrada. as tubulações de freio encaminham a pressão para os cilindros de roda e para as válvulas de freio. a maioria dos freios a tambor são usados nas rodas traseiras, e alguns poucos nas rodas dianteiras. os freios a disco podem ser utilizados nas rodas dianteiras ou traseiras. FIGURA 44 - CIRCUITO HIDRÁULICO DE UM SISTEMA DE FRENAGEM (FORD) FR EI O S | 5 6 A repartição em diagonal (figura 45) permite uma frenagem mais uniforme, pouco importando o lado defeituoso. O dianteiro esquerdo e o traseiro direito funcionam juntos, da mesma forma o lado traseiro esquerdo e o lado dianteiro direito funcionam juntos. A divisão pode ser feita no cilindro-mestre duplo ou na válvula de efeito duplo, que reparte o fluxo do fluido de freio. Existem também outras divisões: um circuito age sobre o eixo dianteiro e sobre o eixo traseiro e outro unicamente sobre o eixo dianteiro; cada circuito age sobre o eixo dianteiro e sobre uma das rodas traseiras; cada circuito age sobre o eixo dianteiro e sobre o eixo traseiro. As pinças dianteiras das duas primeiras divisões devem contar com dois circuitos independentes, e as quatro pinças do terceiro tipo de divisão devem contar com dois circuitos independentes. Cilindros-mestre Os cilindros-mestre transformam a força aplicada pelo condutor sobre o pedal de freio em pressão hidráulica,
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