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AUTOMOTIVA Sistemas mecânicos de motocicletas Sistem as m ecânicos de m otocicletas 9 788583 935360 ISBN 978-85-8393-536-0 Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Sistemas mecânicos de motocicletas Senai-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sistemas mecânicos de motocicletas / SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 168 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-536-0 1. Motocicleta 2. Mecânica de motocicleta I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.2275 Índices para o catálogo sistemático: Motocicleta – Manutenção e Reparo 629.2275 AUTOMOTIVA Sistemas mecânicos de motocicletas Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Elaboração Antonio Cirilo de Souza Imagens Antonio Cirilo de Souza Murilo César Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação pro- fissional multiplicam-se e, sobretudo, diversificam-se. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qua- lidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firme- mente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prioridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração, como os cur- sos de Aprendizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Su- periores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que inte- gra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário 1. História das motocicletas 10 A motocicleta no Brasil 11 2. Tipos de motocicletas 12 Ciclomotores 12 Motoneta, lambreta e scooter 13 Motos de alta performance 14 Custom 14 Roadsters 15 Chopper 16 Big trail 16 Street 17 Off-road 18 3. Ferramentas e equipamentos 19 Elevador para motocicletas 19 Cavalete para motocicletas 20 4. Motor para motocicleta 21 Tipos de motores utilizados em motocicletas 22 Componentes dos motores 26 Árvore do comando de válvulas 37 5. Chassi 54 Tipos de chassi 54 6. Sistemas de freios 57 Tipos de freio 57 Princípio de Pascal 63 7. Sistema de direção 75 Componentes do sistema de direção 75 Manutenção do sistema de direção 76 Ajuste da direção 76 8. Sistema de suspensão 78 Suspensão dianteira 78 Suspensão traseira 85 Amortecedores 89 Pneu 96 9. Sistemas de transmissão 100 Transmissão primária 100 Relação de transmissão 105 Seleção de marchas 109 Transmissão secundária 114 10. Sistema de alimentação de combustível 120 Combustível 120 Carburador 125 Filtro de ar 138 11. Sistema de ignição 140 Funcionamento 140 Tipos de sistema de ignição 140 Componentes do sistema de ignição 141 12. Sistema de lubrificação 144 Funcionamento do sistema de lubrificação 144 Tipos de sistemas de lubrificação 146 Componentes do sistema de lubrificação 147 13. Sistema de arrefecimento 156 Arrefecimento a ar 156 Arrefecimento a água 156 14. Sistema elétrico 158 Diagrama elétrico 158 Baterias 160 Sistema de sinalização e iluminação 161 Componentes 161 Referências 166 1. História das motocicletas A motocicleta no Brasil A história das motocicletas teve início em meados do século IX, quando ainda se usava motor a vapor como propulsor desse veículo. Já no final do século XIX surgiram as primeiras produções de moto- cicletas na Europa com motor de combustão interna. Figura 1 – Primeira motocicleta com motor de combustão interna fabricada na Alemanha por Gottlieb. Daimler, em 1885. A primeira fábrica de motocicletas foi a Hildebrandt & Wolfmüller, inaugurada em 1894, na Alemanha. Outras tantas se espalharam pela Europa e pelos Estados Unidos no início do século XX. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 11 Figura 2 – Neckarsülm alemã de 1906, a motocicleta mais antiga na exposição do Museu Histórico da Alemanha. A motocicleta no Brasil A partir do início do século XX, muitas motos europeias e norte- -americanas começaram a chegar ao Brasil, enquanto os modelos japoneses chegaram no fim da década de 1930. A primeira moto fabricada no Brasil foi a Monark. Nesse mesmo período, surgiram em São Paulo as motonetas Lambreta, Saci e Moskito; no Rio de Janeiro, a Isso passou a ser fabricada com um motor italiano de 150 cm3, já a Vespa a Gulliver possuíam um ciclomotor. Na década de 1970, o motociclismo ressurgiu com força com a importação de motos japonesas (Honda, Yamaha e Suzuki) e italia- nas. Iniciou-se também a produção das brasileiras FBM e a AVL. No fim dos anos 1970, início dos 1980, vieram para o Brasil várias mon- tadoras, como a Honda, Yamaha, Piaggio, Brumana, Motovi (nome usado pela Harley-Davidson na fábrica do Brasil), Alpina etc. No mesmo ano, porém, anos 1980 observou-se uma retração no merca- do quando várias montadoras fecharam as portas. Nesse momento, foi fabricada a maior motocicleta do mundo, a Amazonas, que tinha motor Volkswagen de 1.600 cm3. 2. Tipos de motocicletas Ciclomotores Motoneta, lambreta e scooter Motos de alta performance Custom Roadsters Chopper Big trail Street Off-road Neste capítulo, serão apresentados alguns modelos de motocicle- tas já fabricados. Ciclomotores Tipo de bicicleta motorizada capaz de atingir, no máximo, 50 km/h, com motor monocilíndrico de aproximadamente 50 cc. Sua trans- missão possui embreagem centrífuga, que alonga a relação de acordo com a rotação do motor. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 13 Figura 1 – Ciclomotor. Motoneta, lambreta e scooter São motocicletas nas quais o condutor condiciona suas pernas para frente. Possuem rodas pequenas e não há necessidade de usar os pés para a troca de marchas, porque possui câmbio automático CVT (transmissão continuamente variável) de correia dentada com polias variáveis. Figura 2 – Motoneta. TIPOS DE MOTOCICLETAS14 Motos de alta performance São consideradas de alta performance as motocicletas com mo- tores a partir de 600 cilindradas, preferencialmente com 4 cilindros, o que permite maior aceleração. Algumas alcançam velocidades su- periores a 300 km/h. Em geral, possuem sistemas que favorecem o máximo desempenho, com discos de freio duplos, quadros fabrica- dos em materiais leves, design esportivo, avanços com posição de pilotagem baixa, escapes com ruído esportivo, carenagem para re- duzir a resistência com o ar e pneuslargos, que permitem uma boa área de contato com o solo. Figura 3 – Moto de alta performance. Custom São motos indicadas para uso em estradas, que não priorizam a velocidade, mas o conforto. A altura do banco é baixa e as pedaleiras são avançadas, de forma a proporcionar uma posição confortável para pilotagem. Esse tipo de motocicleta pode ser encontrado com motores SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 15 pequenos, desde 125 cm³ até mais de 1.800 cm³. Quanto maior o motor utilizado, menor é a necessidade de giro para se manter em velocidade, proporcionando menos vibração e, consequentemente, maior conforto. Figura 4 – Custom. Roadsters São motos que aliam o visual e a posição de pilotagem das custom com o alto desempenho das motos de alta performance. Figura 5 – Roadster. TIPOS DE MOTOCICLETAS16 Chopper São motos derivadas das custom e personalizadas. Em geral, há diferença na posição do tanque, que é alto na frente e baixo atrás, formando uma linha com o eixo da roda traseira. O garfo da frente tem um ângulo de inclinação maior em relação ao motor, o que acarreta um comprimento também maior na distância entre eixos. Seu visual é bastante despojado e agressivo, contudo, possui carac- terística limitada principalmente em relação à estabilidade. Figura 6 – Chopper. Big trail São motos com cilindrada geralmente a partir de 600 cc, moto- rização robusta, estilo de pilotagem bem confortável. É um tipo de motocicleta intermediário entre as street e off-road. Geralmente são utilizadas para viagens longas, pois acomodam bem o acompanhante e as bagagens. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 17 Figura 7 – Big trail. Street As streets são motos para serem utilizadas no trânsito urbano, geralmente entre 125 e 500 cilindradas. A posição de pilotagem é sentada, com os pés apoiados nas pedaleiras. Apresentam desenho simples, com banco para garupa, sem muitos acessórios, e permitem a utilização entre os veículos nas vias urbanas (corredores). Figura 8 – Street. TIPOS DE MOTOCICLETAS18 Off-road As motos off-road possuem diversas variantes: motocross/super- cross, enduro, cross-country, raids e trail. Os pneus são específicos, geralmente para tração na terra, e as rodas são maiores para trans- por obstáculos com maior facilidade. A suspensão possui um curso total maior, sendo mais alta em relação ao solo de forma a absorver impactos e não os transmitir ao piloto. O visual geralmente é des- pojado, com desenho rústico e/ou agressivo, sem acessórios que possam ser danificados quando a moto for utilizada em trilhas. Pos- suem também uma relação de marchas curtas e rápidas acelerações, com motores que variam entre de 125 cilindradas a 600 cilindradas, ou mais. Figura 9 – Off-road. 3. Ferramentas e equipamentos Elevador para motocicletas Cavalete para motocicletas Elevador para motocicletas Equipamento utilizado para elevação das motocicletas para execução de reparos em motor, sistema de freio e sistema de suspensão. Figura 1 – Elevador de motocicleta. FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS20 Cavalete para motocicletas Dispositivo portátil para elevação da suspensão traseira para mo- tocicletas que não possuem o cavalete ventral. Facilita o manuseio e a reparação da motocicleta. Figura 2 – Suporte para fixação de motores em bancada. M ur ilo C és ar S ilv a 4. Motor para motocicleta Tipos de motores utilizados em motocicletas Componentes dos motores Árvore do comando de válvulas Figura 1 – Motor de dois cilindros. Pelo baixo custo de construção e manutenção, associado à facilidade dessa, os motores de combustão interna são os únicos utilizados nas motocicletas atualmente. Porém, é notável a sua evolução, principal- mente em motocicletas que exigem alto desempenho e confiabilidade. MOTOR PARA MOTOCICLETA22 Antigamente eram utilizados nessas motos motores de dois tempos, que possibilitavam desempenho com maior potência, porém a alta emissão de poluentes fez este motor ficar obsoleto. Tipos de motores utilizados em motocicletas Os motores são classificados de várias formas, conforme relacionados a seguir: Ciclo de funcionamento • Motores de quatro tempos. • Motores de dois tempos. Número de cilindros • Monocilíndrico – o motor de um cilindro. • Policilíndrico – o motor tem dois ou mais cilindros. Curso do êmbolo • Motor subquadrado ou retângulo: o diâmetro do cilindro é menor que o curso do êmbolo. • Motor quadrado: o diâmetro do cilindro e curso do êmbolo são iguais. • Motor superquadrado: o diâmetro do cilindro é maior que o curso do êmbolo. Tipo de arrefecimento • À água ou a ar. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 23 Disposição dos cilindros De acordo com a disposição dos cilindros, os motores podem ser classificados em: • motores em linha – todos os cilindros estão instalados numa só linha; Figura 2 – Motor em linha. • motores em V – os cilindros estão distribuídos em duas linhas, de forma que os cilindros opostos conservem um determina- do ângulo entre si. Muito utilizados em motos tipo custom; Figura 3 – Motor em V. • motor de cilindros opostos (boxer) – os cilindros são monta- dos em defasagem de 180º um em relação ao outro. Os pistões trabalham “deitados”. MOTOR PARA MOTOCICLETA24 Figura 4 – Motor boxer. Posição do comando de válvulas Quanto à posição do comando de válvulas os motores podem ser: • OHC (Over Head Camshaft) ou comando no cabeçote: possui apenas um comando de válvulas localizado no cabeçote. Pode ser acionado por corrente ou por correia; Figura 5 – Cabeçote com sistema OHC. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 25 • DOHC (Double Over Head Camshaft) ou duplo comando no cabeçote: possui dois comandos de válvulas localizados no cabeçote; Figura 6 – Cabeçote com sistema DOHC. • OHV (Over Head Valve) ou válvulas no cabeçote: possui ape- nas um comando de válvulas localizado no bloco. Figura 7 – Cabeçote com sistema OHV. MOTOR PARA MOTOCICLETA26 Componentes dos motores Os motores são compostos pelos elementos relacionados a seguir. Cabeçote Figura 8 – Cabeçote. Função O cabeçote desempenha uma série de funções importantes. Ele serve de passagem para diversas substâncias necessárias ao funcionamento do motor e, por isso, dispõe de dutos apropriados que permitem: • a entrada de mistura para as câmaras de combustão; • a saída dos gases produzidos na queima da mistura; • a circulação do líquido de arrefecimento para resfriar o cabeçote; • a passagem de óleo para lubrificação do conjunto de balancins e guias de válvulas; • alojar os bicos injetores e, em alguns casos, a câmara de com- bustão. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 27 O cabeçote serve de fixação para as guias de válvulas, válvulas e mancais de apoio do conjunto dos balancins ou comando de válvulas. É submetido a enormes esforços térmicos, razão pela qual se utiliza em sua elaboração uma liga de ferro ou de alumínio de boa conduti- bilidade térmica, muito resistentes às altas temperaturas. Dependendo da marca e do tipo de motocicleta, o motor funciona com um ou mais cabeçotes, instalados na posição vertical ou inclinada. Funcionamento Nas câmaras estão as válvulas apoiadas em suas sedes. As válvulas movem-se ao longo das guias das válvulas. Na parte superior do cabe- çote estão os mancais de apoio do conjunto dos balancins. A vedação entre o cabeçote e o bloco do motor isola, também, os condutos, orifícios e câmaras uns dos outros, para que cada um cumpra suas funções sem sofrer interferência do outro. Isso é possível porque as perfurações da vedação, do cabeçote e do bloco se correspondem perfeitamente. Tal vedação é normalmente feita por uma junta e recebe reforços metálicos para resistir a altas temperaturas e pressões causadas pela combustão da mistura. Como a junta sofre esmagamentos durante a instalação do cabeçote, deve ser substituída toda vez que ele for retirado. Geralmente a junta é de aço que, além de resistente, permite boa inter- cambiabilidade de calor entre obloco e o cabeçote. Tipos de cabeçote Os cabeçotes variam de acordo com o sistema de distribuição motora: • cabeçote com conjunto de balancins, sem árvore de comando de válvulas (OHV); MOTOR PARA MOTOCICLETA28 • cabeçote com árvore de comando de válvulas e demais dispo- sitivos de válvulas (OHC ou DOHC). Componentes do cabeçote Os cabeçotes são compostos dos seguintes elementos relaciona- dos a seguir. Válvulas Figura 9 – Válvulas. Permitem a entrada de ar para o cilindro (válvula de admissão) e liberam os gases queimados após a combustão (válvula de escape). Elas são acionadas pelos tuchos, varetas e balancins, ou direta- mente pela árvore de comando de válvulas, quando está instalada no cabeçote. Fora alguns casos especiais, as válvulas estão dispostas ver- ticalmente, por causa da forma plana da câmara de combustão. As válvulas devem resistir a altas temperaturas, pressões e à cor- rosão (principalmente a de escape). Para situações mais críticas, a válvula de escape pode ser oca e possuir sódio em seu interior, o que facilita as trocas térmicas. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 29 Partes da válvula Figura 10 – Partes da válvula. • cabeça – é a parte circular da válvula. Pode ser plana, convexa ou côncava; • face de assentamento – é a parte da válvula que se apoia sobre a sede, para produzir um fechamento hermético. O ângulo do assento normalmente varia de 30° a 45°; • haste – é a parte cilíndrica da válvula que desliza na guia e tem no seu extremo, ranhuras para o encaixe das chavetas; • canaleta – espaço destinado à fixação das travas; • pé da válvula – região que entra em contato com o balancim ou tucho. Características das válvulas • válvula de admissão – as válvulas de admissão caracterizam-se por ter a cabeça de maior diâmetro que a de escape. É construída de aço cromo-níquel. Em alguns tipos, o assento da válvula é Haste Face de assentamento Cabeça Pé Canaleta MOTOR PARA MOTOCICLETA30 recoberto com “stelite”, que é uma liga de aço cromo, tungstênio e carbono, aplicada por meio de solda. • válvula de escape – os materiais são semelhantes aos empregados nas válvulas de admissão, porém adiciona-se tungstênio para que suportem altas temperaturas. As hastes das válvulas são praticamente iguais e nelas se utiliza aço e níquel. Em alguns casos, as hastes das válvulas de escape têm uma zona de menor diâmetro perto da cabeça, para evitar o acúmu- lo de carvão, o que pode travar o movimento da válvula. Na extre- midade da haste há uma ranhura que aloja as chavetas. Mola da válvula A finalidade da mola é manter a válvula fechada, quando não acionada. Figura 11 – Mola da válvula. As molas são resistentes à fadiga e permitem a vedação das vál- vulas com as sedes (anéis de aço) e assim, tem-se uma perfeita estan- queidade do cilindro no momento de compressão e combustão. Chaveta Prato Superior Mola Prato inferior SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 31 Tipos de mola O tipo mais usado nos motores é a mola helicoidal. Porém, exis- tem também molas cilíndricas, retas e cônicas. Construção da mola As molas são normalmente fabricadas com arame de aço trefila- do ou ligas especiais. Características da mola As molas caracterizam-se pela forma das espiras. Em algumas, as espiras estão uniformemente espaçadas e em outras há certo núme- ro de espiras unidas em ambas as extremidades. Condições de uso da mola Antes de serem instaladas, é necessário comprovar que as molas têm a altura e a tensão especificadas pelo fabricante. As molas cilín- dricas devem estar retas. Figura 12 – Altura da mola. Conservação da mola Para proteger as molas, alguns fabricantes as recobrem com pin- tura. A porca é revestida de aço ou aplicam outro tipo de proteção, MOTOR PARA MOTOCICLETA32 para evitar a corrosão e diminuir a possibilidade de ruptura. Quando a mola apresentar trincas ou corrosões, deve ser substituída, pois pode quebrar com facilidade. Sede da mola A sede fixa está usinada no cabeçote, enquanto a sede removível é um anel inserido por pressão num alojamento do cabeçote. As sedes dos cabeçotes de liga leve são sempre removíveis. Figura 13 – Sede de válvula. Características da sede São características principais das sedes, tanto fixas como removí- veis, serem paralelas à cabeça da válvula e concêntricas em relação à respectiva guia de válvula. Vantagens das sedes removíveis As sedes removíveis têm as seguintes vantagens: • permitem o emprego de metais diferentes com melhores carac- terísticas para que se suporte as condições de trabalho; • é possível trocá-las, quando danificadas, para a recuperação do cabeçote. Válvula Sede de Válvula SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 33 O ângulo de inclinação das sedes é praticamente igual ao ângulo da face de assentamento das válvulas, para que se acasalem perfeita- mente e causem a vedação da câmara de combustão da mistura. Como são submetidas a temperaturas elevadas, as sedes são fabrica- das em aços especiais para resistirem a desgastes e deformações. Guias de válvulas As guias de válvulas são feitas de aço e em alguns casos a super- fície interior é coberta com grafite para melhorar as condições de lubrificação entre ela e a haste. A guia fixa é usinada no cabeçote. A guia removível é uma peça cilíndrica inserida por pressão no seu alojamento no cabeçote. Figura 14 – Guia da válvula. Retentor de válvulas Para evitar a entrada de óleo nos cilindros, são usados retentores colocados por pressão sobre a extremidade das guias ou nas hastes das válvulas. Guia de válvula Válvula MOTOR PARA MOTOCICLETA34 Figura 15 – Retentor de válvulas. Vareta Utilizada em motores tipo OHV, sua função é transmitir o movi- mento dos came do eixo de comando para os balancins. Figura 16 – Varetas de válvulas. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 35 Construção das varetas As varetas são peças retas de aço. As extremidades possuem um acabamento para se adaptar às superfícies de apoio do tucho e do balancim. Características das varetas A forma mais comum de vareta é aquela cuja uma extremidade tem forma de semiesfera e a outra, um rebaixo também semiesférico. As dimensões das varetas variam de acordo com as características de cada motor. O requisito indispensável para a sua utilização é estarem perfeitamente retas. Os motores que têm a árvore de comando no cabeçote não usam varetas. Balancim O balancim e seu suporte são montados na parte superior do ca- beçote e formam uma alavanca dupla: numa das extremidades há um parafuso de ajuste, cuja parte inferior fica em contato com a vareta, a outra extremidade fica em contato com a haste da válvula (motor OHV) ou direto no came do eixo de comando (motor OHC). A fun- ção dos balancins é abrir as válvulas. MOTOR PARA MOTOCICLETA36 Figura 17 – Balancim do motor OHV. Figura 18 – Balancim do motor OHC. Construção do balancim O eixo dos balancins é bem polido, geralmente é oco, com orifício para lubrificação e para os parafusos de fixação dos suportes. Pelo eixo de balancins circula o óleo que lubrifica os balancins e as hastes das válvulas. O comprimento do eixo depende do tipo do motor. Os parafusos de fixação têm, em alguns casos, furos rosqueados para alojar o parafuso da tampa dos balancins. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 37 Também é comum que tais parafusos sejam ocos, para permitir a entrada do óleo lubrificante da galeria de lubrificação do cabeçote até o eixo dos balancins. Árvore do comando de válvulas Figura 19 – Árvore do comando de válvulas. Este componente é um eixo acionado pela árvore de manivelas por intermédio de engrenagem, correntes ou correia e tem a função de comandar precisamente as aberturas e fechamentos das válvulas de admissão e escapamento. Partes de um comando de válvulas Os comandos de válvulas são formados pelos componentes rela- cionados a seguir: • heel/base: área do comando que faz com que a válvula permane- ça fechada para a compressão e transferência de calor.Área em que é medida a folga de válvula; MOTOR PARA MOTOCICLETA38 • clearence ramp/rampa: área do comando que atua como amorte- cedor. Esta área faz com que a válvula abra e feche gentilmente contra o seu assento, aproximadamente, o primeiro e último mm (.040”) de cada movimento de abertura e fechamento da válvula; • flank: área do comando que determina a velocidade da abertura e fechamento da válvula. O flank de abertura tem uma graduação diferente do de fechamento; • nose/lobe: área do comando que determina quanto tempo a vál- vula vai se manter aberta no seu ponto máximo; • base circle/eixo do comando: é um círculo imaginário como base de 360 graus do comando, área que determina o levante da vál- vula. A distância entre a parte mais alta do “círculo” até o topo do lobe é conhecida como LEVANTE de válvula. Inspeção e manutenção da árvore de comando de válvulas Para inspecionar e fazer a manutenção da árvore do comando de válvulas, é importante seguir os passos relacionados a seguir: • medir a altura dos cames do comando de válvulas; Figura 20 – Inspeção da altura do cames da árvore do comando de válvulas. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 39 • medir o diâmetro dos mancais da árvore do comando de válvulas. Figura 21 – Inspeção da altura do cames da árvore do comando de válvulas. Ajuste de folga de válvulas Deve haver uma pequena folga entre o balancim e a haste da vál- vula. Esta folga é necessária por conta da dilatação que ocorre na has- te da válvula, por sua vez provocada pelo aumento da temperatura da peça durante o funcionamento do motor. O valor de folga determi- nado pela engenharia da montadora considera a compensação desta dilatação quando o motor estiver aquecido. Assim, quando uma fol- ga é ajustada com um valor abaixo do especificado, o motor pode funcionar bem em baixa temperatura, porém, após o seu aquecimen- to, a compressão na câmara diminuirá, pois o balancim impedirá o fechamento total da válvula. Caso haja uma folga acima do especifi- cado, além de o motor apresentar um ruído acima do normal, have- rá também deficiência em seu funcionamento, uma vez que o curso total do balancim não abrirá totalmente a válvula. MOTOR PARA MOTOCICLETA40 Regulagem de válvulas Os motores que utilizam balancim como dispositivo de aciona- mento das válvulas possuem ajustadores (fuso e porca) fixados nos próprios balancins para regulagem de folgas. Para realizar este ajuste deve-se utilizar um calibre de lâminas e ferramentas para apertar ou afrouxar este fuso. Os procedimentos para este ajuste são: • colocar o pistão do 1o cilindro em PMS em fase de combustão; • o motor deve estar frio (entre 20ºC e 40ºC); • observar se os balancins estão livres; • soltar a contraporca e girar o ajustador (fuso do balancim) no sentido anti-horário de forma que se possa passar a lâmina de inspeção; • verificar o valor da folga no manual de serviço da motocicleta; • selecionar a lâmina adequada: se a folga for 0, 22 mm separar a lâmina 0, 25 e a 0, 20 mm; • utilizar a lâmina de valor inferior ao valor de especificação: no caso a lâmina 0, 20 mm; • apertar o fuso ajustador até que ele seencoste na lâmina (sem pressão); • aplicar o torque na contraporca mantendo o fuso ajustador na posição; • utilizar a lâmina de maior valor para verificar a folga: ela não deve passar. Cilindro É o componente do motor no qual o êmbolo fica montado inter- namente e permite que, após a combustão da mistura ar/combustível SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 41 seja feito o trabalho necessário para a movimentação da árvore de manivelas. O diâmetro interno do cilindro e o curso do pistão definem o volume (cilindrada) do motor. Figura 22 – Cilindro do motor. Características construtivas do cilindro O material utilizado para construção de um cilindro varia de acordo com a aplicação do motor e do seu sistema de arrefecimento. É possível encontrar cilindros com três tipos diferentes de materiais: • cast iron (castiado): uma só peça. Neste modelo é possível fazer retíficas no próprio cilindro. Sua grande vantagem é o custo de fabricação, porém tem o problema de ser muito pesado; • alumínio com camisas fabricadas em aço: também é possível exe- cutar retíficas. É mais leve e oferece melhor transferência de calor que o castiado. Caso necessário pode-se substituir apenas a ca- misa, aproveitando o mesmo bloco; • alumínio banhado: o bloco é de alumínio e recebe um banho de material metálico mais duro, de aproximadamente 0,012 mm de espessura. Nesse caso, não é possível fazer retífica. Ele MOTOR PARA MOTOCICLETA42 oferece melhor transferência de calor. Esse tipo de tratamen- to também é conhecido como NikaSIl, Cromo duro, Eletro- fusão ou Composto Boron. Brunimento É o nome dado ao acabamento do diâmetro interno dos cilindros. Tem grande importância nas características e vida útil do motor, além de proporcionar um pequeno período de amaciamento. Conforme a rugosidade especificada, o brunimento tem a função de: • vedação; • controle de consumo do lubrificante; • dissipação de calor entre anéis e camisa. Os riscos de brunimento são de 90° a 120°. Figura 23 - Brunimento. Inspeção e manutenção Para executar a manutenção do cilindro deve-se seguir os passos a seguir: SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 43 • medir o diâmetro interno dos cilindros e sua ovalização e conicidade; Figura 24 – Inspeção de ovalização e conicidade. Êmbolo Figura 25 – Êmbolo. Função do êmbolo O êmbolo age como um fundo móvel dentro do cilindro, e recebe a força ocasionada pela queima do combustível, transferindo-a, por meio da biela, para a árvore de manivelas. MOTOR PARA MOTOCICLETA44 Funcionamento do êmbolo Por executar essa função, o êmbolo está sujeito a grandes esforços alternados, pois é acionado nos quatro tempos do motor: admite e comprime o ar, recebe o impulso provocado pela expansão dos gases, após a combustão, e expulsa os gases queimados para o exterior. Para deslizar livremente no interior do cilindro e para ter arrefe- cimento rápido, o êmbolo deve ter baixo coeficiente de dilatação e alta condutibilidade, razão pela qual o material mais comumente usado na sua fabricação é uma liga de metais leves. Zona de fogo (cabeça do êmbolo) Figura 26 – Zona de fogo do êmbolo. Os tratamentos superficiais dos pistões têm uma proteção adicio- nal que reduz o atrito do êmbolo no cilindro, enquanto, simultane- amente, melhora a capacidade do êmbolo de se desgastar excessiva- mente. Isso traz como principais benefícios a diminuição das folgas, ruídos, vibrações e atrito. Vários tipos de combinações de tratamen- tos superficiais podem ser realizados para melhorar a performance do motor, como Estanhagem, Fosfatização e Anodização. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 45 A anodização no topo ou na 1ª canaleta é um tipo de tratamento superficial que serve para prevenir trincas e desgaste. Os pistões de alumínio oferecem confiabilidade por serem leves e possuírem a capacidade de resistir às pressões em motores ciclo diesel de alto desempenho. Além disso, a introdução das ligas avan- çadas de alumínio permitiu que as cargas térmicas e mecânicas pu- dessem ser aumentadas, adicionando a utilização das galerias de refrigeração. Saia do êmbolo A saia tem como função evitar o deslocamento lateral do pistão. O começo dela está localizado logo após as canaletas dos anéis. A saia é lisa e sem corte, mas tem o inconveniente de apresentar maior dilatação, exigindo maior folga entre ela e a parede do cilindro. Para diminuir estas folgas, as saias são dotadas de fendas ao seu redor ou em sua longitude. Figura 27 – Saia do êmbolo. Materiais utilizados na fabricação dos pistões dos êmbolos Alguns dos materiais utilizados na fabricação dos pistões são os relacionados a seguir: MOTOR PARA MOTOCICLETA46 • cast (casteado): liga de alumínio que é derretida e despejada em uma forma. Depois de resfriada recebe um retoque para que che- gue as suas dimensões finais.É o modelo mais encontrado em motos de baixa cilindrada. Sua dilatação varia pouquíssimo de acordo com temperatura; • forget (forjado): barra de liga de alumínio que é prensada dentro de uma forma até que tome a forma de um pistão. Muito mais forte do que o pistão casteado, porém tende a se expandir mais, pois existe uma folga maior em relação ao cilindro. Inspeção e manutenção do êmbolo • Fazer inspeção visual no êmbolo e verificar desgastes visíveis, riscos ou trincas aparentes; • medir o diâmetro da saia do êmbolo comparando-a com a espe- cificação do manual de serviço e verificar a folga existente entre o êmbolo e o cilindro. Figura 28 – Inspeção do diâmetro da saia do êmbolo. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 47 Pino do êmbolo Figura 29 – Pino do êmbolo. Tem a função de transmitir para a árvore de manivelas, por meio da biela, a força provocada pelos movimentos alternados do êmbolo. É uma peça sujeita a grandes esforços. Se for oca, seu peso será sen- sivelmente reduzido, minimizando a força da inércia causada pelos movimentos do êmbolo. O pino do êmbolo deve ser resistente a altas temperaturas. Em muitos motores os pistões são projetados com os furos para pino deslocados lateralmente em relação ao eixo de simetria do êm- bolo. Esta descentralização pode tanto ser feita no sentido da super- fície de maior pressão, como no da menor pressão, conforme o efei- to que se espera dela. Caso o deslocamento do furo para pino seja para o lado de maior pressão, a descentralização evitará as batidas da saia, provocando um funcionamento mais silencioso do motor. Estes ruídos não eram im- MOTOR PARA MOTOCICLETA48 portantes no passado, quando havia muitas outras fontes de barulho. A intensidade das batidas da saia e o perigo de rompimento da pelí- cula de óleo se agravaram com o emprego de pistões de diâmetro maior que seu comprimento e com o aumento das rotações por mi- nuto nos motores. Tratamento térmico dos pinos Um pino de êmbolo, em razão do tipo de trabalho que realiza, deve apresentar uma superfície dura para resistir ao desgaste super- ficial e um núcleo flexível (dutil) para que não fique frágil e possa se acomodar, resistindo às deformações elásticas que lhe são impostas no funcionamento do motor. Para tanto, são feitos três tratamentos térmicos nos pinos: • cimentação; • têmpera; • revenimento. Procedimentos de inspeção e manutenção do pino do êmbolo Figura 30 – Inspeção do diâmetro do pino do êmbolo. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 49 Anéis do êmbolo Figura 31 – Anéis do êmbolo. Função dos anéis do êmbolo A função dos anéis de compressão é a de vedar em dois sentidos, tan- to o da pressão da compressão como o da passagem de óleo lubrificante para a câmara de combustão, com a ajuda do próprio lubrificante. No geral, os anéis cumprem funções básicas como vedação de compressão, controle de lubrificante nas camisas e dissipação de calor entre o pistão e a camisa. Características construtivas dos anéis do êmbolo Os anéis do êmbolo são construídos de forma a adaptar-se às pequenas variações que, dentro de certos limites, ocorrem nas me- didas do êmbolo. Com o funcionamento do motor carregado, os anéis sofrem uma torção, que já está prevista no projeto dos anéis. Por isso, quando o motor funciona em marcha lenta ou com pouca carga ele provoca o desgaste prematuro do conjunto anéis/camisa devido ao mau aco- modamento dos anéis. O primeiro anel de compressão é feito de uma liga de ferro fun- dido revestido com cromo, oferecendo maior resistência ao desgaste e ao calor. MOTOR PARA MOTOCICLETA50 O segundo anel de compressão também é feito de uma liga de ferro fundido revestido com cromo, porém somente na face de con- tato com a parede do cilindro. O anel de óleo também é de liga de ferro fundido com algumas aberturas feitas para acumular o óleo. Sua função é a de controlar a lubrificação das paredes do cilindro, do êmbolo e dos anéis. Revestimentos de face de anel Revestimentos especiais podem ser aplicados às faces dos anéis do pistão para aumentar a durabilidade e evitar a formação de marcas de engripamento. Revestimentos de cromo ou revestimentos aspergidos por plasma de materiais cerâmicos ou metálicos são usados para este propósito. Tipos de perfis de anéis Anéis de compressão Anel retangular com superfície de trabalho cilíndrica (anel R) Anel retangular com superfície de trabalho cônico Anéis de compressão Anel de óleo com rasgos e mola helicoidal (anel SSF) SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 51 Procedimentos de inspeção e manutenção dos anéis Para executar os procedimentos de inspeção e manutenção dos anéis, observar as figuras abaixo. • Folga entre pontas do anel Figura 32 – Inspeção da folga entre pontas do anel. • Folga entre anel e canaleta Figura 33 – Inspeção da folga entre anel e canaleta do êmbolo. MOTOR PARA MOTOCICLETA52 Montagem dos anéis Figura 34 – Posição de montagem dos anéis. Biela É o elemento do motor que se encarrega de converter o movimen- to alternativo retilíneo do êmbolo em movimento circular contínuo da árvore de manivelas. Figura 35 – Biela em peça única sem bronzina. anel de controle de óleo superior anel de controle de óleo inferior anel de compressão inferior anel de compressão superior linha de centro do pino 120º 30º 45º SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 53 Árvore de manivelas É o eixo do motor responsável pela transformação do movimento retilíneo do êmbolo em movimento rotativo (princípio da manivela). Os motores monocilíndricos utilizam árvores de manivelas des- montáveis e rolamentos como elemento de apoio tanto nos mancais como nas bielas. Figura 36 – Árvore de manivelas para motor monocilindro. 5. Chassi Tipos de chassi O chassi das motocicletas é conhecido popularmente por quadro, pelo fato de emoldurar o motor. Nele são fixados todos os demais elementos que compõem a motocicleta: motor e transmissão, sus- pensões dianteira e traseira, assento, tanque, pedaleiras etc. Tipos de chassi Existem vários tipos de chassi, projetados conforme a necessidade e estilo da motocicleta. Alguns modelos são: berço simples, berço duplo, diamond frame (diamante), viga dupla, monobloco e multitubular. Tubular de berço duplo Tubos de aço soldados, com uma ou duas vigas superiores, duas colunas à frente do motor e duas vigas inferiores, que servem de berço, sob o motor. Dão maior rigidez e proteção ao cárter do motor. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 55 Figura 1 – Chassi tubular de berço duplo. Monobloco O quadro é estampado em chapa de aço reforçada com soldas, nervuras e dobraduras estruturais. É usado em scooters, cubs e motos de baixo custo, mas também serve para projetos revolucionários, com o uso de fibra de carbono como material de base no lugar da chapa de aço. Figura 2 – Chassi tipo monobloco. M ur ilo C és ar S ilv a M ur ilo C és ar S ilv a CHASSI56 Dupla viga (perimetral) Duas vigas de liga de alumínio injetado unem-se no pivô da ba- lança traseira e no canote. De cada uma delas pendem duas outras vigas quase semicirculares, que envolvem e sustentam o motor e a transmissão. Trata-se de uma solução forte, derivada das pistas, cara, leve e rígida. Figura 3 – Chassi tipo dupla viga. M ur ilo C és ar S ilv a 6. Sistema de freios Tipos de freio Princípio de Pascal Quando a motocicleta está em movimento ela acumula energia cinética. O sistema de freios tem como finalidade, por causa do atrito, diminuir essa energia até a parada total da motocicleta. Tipos de freio Freio a tambor Menos eficiente, porém mais barato que os freios à disco, esse sistema é muito utilizados nas motocicletas de baixa cilindrada. Figura 1 – Sistema de freio a tambor. SISTEMA DE FREIOS58 Componentes Figura 2 – Componentes do sistema de freio a tambor. Funcionamento Ao acionar o maneta ou pedal de freio, será exercida uma força de tração no braço de acionamento, que levará o came de encontroàs sapatas com as lonas. Isso forçará o encontro com a pista interna do cubo, reduzindo a velocidade da motocicleta. São utilizados cabos de aço para o acionamento na dianteira e, salvo algumas exceções, também para o freio traseiro, sendo o mais comum o acionamento por um pedal e varão. sapata braço de acionamento molas came SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 59 Figura 3 – Freio desacionado. Figura 4 – Freio acionado. SISTEMA DE FREIOS60 Manutenção Ajuste da folga do pedal O ajuste deve ser feito com a moto apoiada no seu próprio cava- lete ou em um elevador para motocicletas. 1. Girar a porca de ajuste no sentido horário para diminuir a folga ou no sentido contrário para aumentá-la; em seguida, acionar o pedal, verificando se a roda gira livre sem o acio- namento do pedal. 2. Verificar se não há folga entre a porca de ajuste e a haste de articulação. 3. Verificar se a folga do pedal está dentro da especificação do fabricante (ver manual de reparação ou manual do proprie- tário da motocicleta). Caso a porca de ajuste tenha atingido o limite de rosca da vareta e ainda assim a folga esteja acima do limite especificado, inspecionar as lonas de freio. Inspeção das lonas de freio Deve-se medir a espessura das lonas de freio e consultar o manual de reparação para inspecionar lonas de freio. Caso a espes- sura esteja abaixo do especificado, substituir o jogo de sapatas. Figura 5 – Inspeção da lona de freio. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 61 Sempre que for necessária a substituição das lonas de freio, ins- pecionar também o desgaste do tambor, medindo seu diâmetro e conferindo sua especificação no manual de reparação. Figura 6 – Inspeção de desgaste do tambor de freio. Sistema de freio hidráulico Definição Algumas motocicletas utilizam freios a disco tanto na dianteira como na roda traseira. Esse sistema permite uma melhor eficiência na frenagem. Para explicar o funcionamento de um sistema de freio hidráu- lico e os procedimentos de manutenção, deve-se falar primeiro sobre os princípios de hidráulica. Pressão Pressão é uma força que age perpendicularmente à superfície. SISTEMA DE FREIOS62 Figura 7 – Definição de pressão. A unidade de medida de pressão é o pascal (Pa), porém pode-se encontrar medidas em outras unidades (atmosférica (atm), libras por polegada quadrada (PSI), bar (BAR), quilograma-força por centíme- tro quadrado (kgf/cm²), etc.). Quando se fala em pressão atmosférica, trata-se a pressão exerci- da pelo peso de ar que paira sobre nós. A pressão atmosférica no nível do mar é de 1,013 x 105 Pa. Ou seja, a atmosfera exerce uma força de cerca de 1,0 x 105 N em cada metro quadrado na superfície da terra. Esse é um valor muito grande, mas não é notado porque existe geralmente ar tanto dentro quanto fora dos objetos, de modo que as forças exercidas pela atmos- fera em cada lado do objeto são contrabalanceadas. Somente quando existem diferenças de pressão em ambos os lados é que a pressão atmosférica se torna importante. Um bom exemplo é quando se bebe utilizando um canudo: a pressão é reduzida no alto do canudo, e a atmosfera empurra o líquido pelo canudo até a boca. P = A F força pressão pressão área SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 63 Fluido Entende-se fluido como a matéria em condições de exibir movi- mento relativo entre as partes que a compõem. Gases e líquidos são exemplos de fluidos. Os fluidos têm a forma do recipiente que ocu- pam e, portanto, não possuem forma própria. Quando estão sob a ação de forças, ou melhor, pressão, os fluidos escoam com facilidade. Pressão em um fluido Aplicar uma força em determinado ponto do fluido não provoca o seu movimento (ou de parte significativa dele). Para deslocar o fluido, deve-se “diluir” a força, aplicando-a sobre certa área do fluido, distribuindo a sua ação. Essa distribuição da força em uma área A é o que se denomina pressão. A pressão é definida como a razão entre o módulo da força perpendicular à superfície e a área sobre a qual se vai aplicá-la: P = F A Princípio de Pascal O princípio de Pascal pode ser usado para explicar como um sistema hidráulico funciona. Um exemplo comum desse sistema é o elevador hidráulico usado para levantar um carro do solo para repa- ros mecânicos. A pressão aplicada a um fluido dentro de um reci- piente fechado é transmitida, sem variação, a todas as partes do flui- do, bem como às paredes do recipiente. Em um elevador hidráulico, uma pequena força aplicada a uma pequena área de um pistão é transformada em uma grande força SISTEMA DE FREIOS64 aplicada em uma grande área de outro pistão (ver figura a seguir). Se um carro está sobre um grande pistão, ele pode ser levantado apli- cando-se uma força F1 relativamente pequena, de modo que a razão entre a força peso do carro (F2) e a força aplicada (F1) seja igual à razão entre as áreas dos pistões. Exemplo Considerando os valores a seguir: Figura 8 – Princípio de Pascal. Tem-se que: P = F/A A1=πxr^2 => A1 = 3,14 x 5² = 78,5cm² P = F/A1 => P = 50/78,5 => P = 0,637kgf/cm² A2=πxr^2 => A2 = 3,14 x 150² = 70.650cm² F1 = 50 kg; Ø A1 = 10 cm; Ø A2 = 300 cm. A A F1 1 2 F2 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 65 F2 = P x A2 => F2 = 0,637 x 70650 F2 = 45.004,05 kgf/cm² Tabela 1 – Conversão de unidade de medida para pressão Funcionamento do sistema de freio hidráulico Ao acionar a alavanca de freio, um pistão dentro do cilindro mes- tre pressiona o fluido de freio transmitido pela tubulação para o cá- liper, onde um ou mais pistões empurram as pastilhas contra o disco de freio, provocando atrito, e consequentemente, a frenagem da roda. Pelo fato de o diâmetro do êmbolo do cilindro mestre ser menor que os pistões do cáliper, a força aplicada nas pastilhas de freio é maior do que a aplicada pelo motociclista, possibilitando assim uma frenagem mais eficiente. atm PSI (lbs/in²) Kgf / cm² Bar mmHg Pascal Atm 1 14,6059 1,033 1,01325 760 101.325 PSI 0,0680 1 0,07031 0,06895 51,71 6.894,8 Kgf/cm 0,96778 14,2234 1 0,98 735,514 98.066,5 Bar 0,9869 14,51 1,02 1 750,061 10.000 mmHg 0,00131578 0,01933677 0,00135951 0,001333224 1 133,3224 Pascal 0,00000986 0,000145037 0,000010197 0,00001 0,007500617 1 SISTEMA DE FREIOS66 Freio dianteiro Na roda dianteira são utilizados dois conjuntos discos/cáliper, em razão de todo o peso ser direcionado à parte frontal da moto durante a frenagem. Figura 9 – Componentes do freio dianteiro. Freio traseiro O sistema de freio da roda traseira é composto por apenas um con- junto disco/cáliper. Cálipers e Pastilhas Discos de freio SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 67 Figura 10 – Componentes do freio traseiro. Cilindro mestre Tem a função de transmitir função de derivar sua pressão para os cálipers e atuar como lubrificante, prevenindo corrosão das peças, sendo um dos elementos mais importantes do sistema hidráulico. Figura 11 – Cilindro mestre. Cáliper e Pastilhas Disco de freio SISTEMA DE FREIOS68 Partes do cilindro mestre Figura 12 – Partes do cilindro mestre. Fluido de freio Tem a função de transmitir pressão derivada do cilindro mes- tre para os cálipers e atuar como lubrificante, prevenindo cor- rosão das peças, sendo um dos elementos mais importantes do sistema hidráulico. Quando o motociclista aciona o freio, o fluido atua na linha hidráulica e aciona as pastilhas de freio, executando a frenagem do veículo. Composição Os fluidos de freio são lubrificantes sintéticos, que contêm solventes e aditivos para: • elevar ponto de ebulição; • evitar a dilatação das borrachas; • elevar a viscosidade; • reduzir a perda por evaporação; fluído de freio retentor primário pistão tubulação de freio mola retentor secundário alavanca de freio SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 69 • garantir a lubrificação das peças; • impedir o congelamento; • estabilizar o pH; São inspecionados pelas normas regulamentadorasinterna- cionais como ABNT, SAE e DOT. Suas principais características são a capacidade de não se comprimir e a de absorver água. Tipos No mercado existem alguns tipos de fluido de freio com di- ferentes características. Por isso na hora de fazer a manutenção deve-se prestar muita atenção, pois um fluido de freio fora das especificações do fabricante pode ser um sério risco, podendo faltar freio em determinadas circunstâncias. Os fluidos são clas- sificados pela sigla DOT (Department Of Transportation), o departamento de transporte dos EUA: • DOT 3; • DOT 4; • DOT 5.1. Ponto de ebulição O sistema de freios trabalha em altas temperaturas, por isso os fluidos têm elevados pontos de ebulição. Se o fluido de freio entrar em ebulição (se transformar em gás), perderá grande parte de sua capacidade de transmissão de força. Isso pode tornar os freios parcial ou totalmente inoperan- tes durante uma aplicação prolongada, como quando se desce uma serra. SISTEMA DE FREIOS70 Veja a Tabela 2 a seguir. Tabela 2 – Tipos de fluido de freio e suas características Fluido de freio Ponto de ebulição seco Ponto de ebulição úmido DOT 3 205°C 140°C DOT 4 205°C 155°C DOT 5.1 260°C 180°C A diferença entre os fluidos é bem significativa, por isso, ao mis- turar o fluido, deve-se tomar muito cuidado, pois se as características constitutivas forem diferentes, pode-se sofrer riscos, como a crista- lização do fluido, o que gera entupimento no circuito ou até mesmo a falta de freio. Por isso deve-se consultar o manual do fabricante do veiculo ou rotulo do fabricante do fluido. As características do fluido de freio estão relacionadas com a per- formance de todo o sistema de freios do veículo, portanto, não se deve utilizar uma versão do produto inferior à especificada no ma- nual do veículo. Cuidados Como o sistema pode absorver a umidade do ambiente, pois se trata de um fluido higroscópio (higroscopia é a propriedade que o fluido de freio tem de absorver a umidade do ar), o ponto de ebu- lição do fluido tende a baixar com o passar do tempo, permitindo a formação de bolhas que prejudicam a eficiência do sistema e acarretam falhas na frenagem. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 71 Ao lidar com fluido de freio deve-se ter alguns cuidados. A troca do fluido deve ser feita no período correto, o que depende do fabri- cante do veiculo e do fluido. Em razão dessa característica o fluido tem grande chance de estar saturado de águaágua. Consequentemen- te, isso abaixa o ponto de ebulição, e aumenta a oxidação e corrosão. Evitar completar o fluido de freio, pois podemos cometer o erro de aplicarmos um fluido que não é compatível com o que está no vei- culo. Ao manusear o fluido de freio, utilizar óculos e luvas de prote- ção. Deve-se evitar que o fluido atinja a carenagem e partes pintadas da moto. Como os fluidos de freio DOT3 ou DOT4 absorvem água, seu ponto de ebulição diminui. Já o DOT5.1 não absorve água. Isso signi- fica que o ponto de ebulição permanecerá relativamente estável, o que também quer dizer que mas isso também significa que qualquer água que entrar em seu sistema de freio tenderá a formar bolsões de água pura, o que pode causar corrosão dos freios e, em um caso extremo, falhas de acionamento dos freios devido à fervura dessa água. Outros fatos importantes sobre o fluido de freio: o DOT3 e o DOT4 corroem a pintura, portanto, não deixar respingar no veículo. Além disso, nenhum dos diferentes tipos de fluidos de freio pode ser misturado pois eles podem não reagir muito bem e corroer seu sis- tema de freios. Manutenção Substituição e sangria do fluido de freio Para substituição do fluido de freio o primeiro passo é deixar o reservatório do fluido nivelado. Para freios dianteiros, o reservatório fica localizado no guidão da motocicleta, assim deve-se girar o gui- dão até que se atinja o nível e seguir os passos adiante: SISTEMA DE FREIOS72 • Utilizar um reservatório de aproximadamente 500 ml e uma mangueira transparente de ¼ de diâmetro interno. • Proteger as partes da moto colocando um pano sob o reserva- tório do fluido. • Remover a tampa do reservatório. • Instalar a mangueira no parafuso sangrador. Figura 13 – Substituição e sangria do fluido de freio. • Soltar o parafuso sangrador. • Apertar a alavanca ou o pedal de freio várias vezes até que pare de sair fluido pela mangueira. alavanca de freio parafuso sangrador SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 73 • Apertar o parafuso sangrador fechando a saída do fluido. • Abastecer o reservatório com fluido de freio especificado no manual de reparação da motocicleta. • Soltar o parafuso sangrador e acionar a alavanca ou pedal vá- rias vezes até que comece a sair fluido pela mangueira. • Apertar o parafuso sangrador e compare o nível do reservatório. • Manter a mangueira no parafuso sangrador e fazer a sangria do sistema da seguinte forma. • Acionar a alavanca de freio e mantendo-a pressionada, soltar o parafuso sangrador e verificar as bolhas de ar saindo. • Apertar o parafuso ainda com a alavanca pressionada e soltar lentamente em seguida. • Fazer os procedimentos 1 e 2 até que não saia mais bolhas pela mangueira. • Apertar o parafuso sangrador e completar o nível do reserva- tório até a marca indicada. Inspeção da pastilha de freio As pastilhas se desgastam por causa dos constantes atritos duran- te as frenagens, e devem ser inspecionadas periodicamente (em todas as revisões da motocicleta). As pastilhas de motocicletas apresentam ranhuras com profun- didades que identificam o seu limite de desgaste. Assim, sempre que estas ranhuras desaparecerem das pastilhas significa elas precisam ser substituídas. SISTEMA DE FREIOS74 Inspeção do disco de freio Assim como as pastilhas de freio, os discos de freio também so- frem desgastes causados pelo atrito com as pastilhas. Por isso, sempre que for necessária a substituição das pastilhas de freio inspecionar também este componente. Medir a espessura do disco em oito pontos e conferir com o valor fornecido no manual de reparação. Caso o valor obtido seja inferior ao limite fornecido no manual, substitua o disco de freio. Verificar o seu empenamento utilizando um relógio comparador e uma base magnética. Comparar os valores obtidos com o especifi- cado no manual de reparação. 7. Sistema de direção Componentes do sistema de direção Manutenção do sistema de direção Ajuste da direção A caixa de direção de uma motocicleta é um conjunto de esferas e rolamentos que permitem articular o conjunto garfo para os lados direito e esquerdo. Componentes do sistema de direção Figura 1 – Componentes do sistema de direção. porca da coluna de direção rolamento coluna de direção SISTEMA DE DIREÇÃO76 Manutenção do sistema de direção Com o eixo dianteiro erguido do solo, deve-se girá-lo para ambos os lados. O movimento deverá ser suave, livre e sem folgas. Ajuste da direção O ajuste do sistema de direção deve ser feito sempre que a direção estiver com folga excessiva ou, pelo contrário, muito dura. É impor- tante salientar que sempre que houver uma anomalia no sistema de direção deverão ser inspecionados, também, os rolamentos quanto a deformações, desgastes, falta de lubrificação ou impurezas internas. Para efetuar o ajuste, deve-se proceder da seguinte forma: 1. Utilizar um dinamômetro para ajustar a carga dos rolamen- tos da direção. 2. Apoiar a motocicleta de forma que a suspensão dianteira fique em linha reta e livre do solo. 3. Soltar a porca de ajuste dos rolamentos. 4. Girar a direção para ambos os lados. 5. Aplicar o torque recomendado no manual de reparação na porca de ajuste. 6. Deixar a direção em linha reta e instalar o dinamômetro na parte superior de um dos garfos. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 77 Figura 2 – Instalação do dinamômetro. 7. Ler o valor da pré-carga no início do deslocamento da dire- ção. Conferir o manual da motocicleta ou utilizar a fórmula para cálculo a seguir: Cargapadrão de movimento (10-15kg/cm) Distância (entre centro de coluna de direção e tubo do amortecedor) Figura 3 – Distância entre centro da coluna e o amortecedor. 8. Soltar ou apertar mais a porca de ajuste, conforme o necessário. Valor de medição = em kg Coluna de direção 90º Distância Coluna de direção Garfo dianteiro 8. Sistema de suspensão Suspensão dianteira Suspensão traseira Amortecedores Pneu O sistema de suspensão tem por finalidade manter a roda em contato com o solo absorvendo os impactos e propiciando estabilidade e conforto. Suspensão dianteira Tipos de suspensão dianteira Sistema com telescópico Esse modelo é o mais comum nas motocicletas atuais. É compos- to por um cilindro interno e outro externo ao garfo, que se articulam telescopicamente um de cada lado da roda. Dentro do cilindro há uma mola e um amortecedor que controla a repercussão da mola em ambos os sentidos. O óleo é forçado a circular dentro do amortece- dor por meio de uma série de pequenos orifícios contidos em uma válvula, absorvendo, assim, os impactos indesejáveis da mola e das variações de altura na superfície do trajeto. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 79 Figura 1 – Suspensão tipo telescópica. Sistema com articulação inferior Esse tipo de suspensão liga o eixo ao garfo dianteiro por meio de uma haste de articulação que se estende desde as extremidades do eixo até a parte dianteira superior do garfo. Entre os pontos de arti- culação no garfo, e no eixo, e no eixo existem olhais, aos quais as unidades de mola e amortecedor são fixadas. A extremidade superior de cada amortecedor é fixada no garfo, nas proximidades do rola- mento inferior da coluna de direção. Figura 2 – Suspensão tipo articulação inferior. Articulação dianteira O eixo fica na frente da haste de articulação. Articulação posterior O eixo esta atrás da haste de articulação. Tipo de articulação inferior SISTEMA DE SUSPENSÃO80 Funcionamento do amortecedor dianteiro No curso de expansão, o óleo da câmara C passa pelo orifício da parte superior do pistão do garfo para a câmara B. Assim, a resistên- cia resultante serve como força de amortecimento e controla a ten- dência da mola em voltar rapidamente. A mola de batente absorve o choque dos cilindros externos. Nesse momento, o óleo da câmara B flui por meio dos orifícios da parte inferior do pistão para a câmara A. Figura 3 – Partes do amortecedor. Cilindro interno Cilindro externo Tubo inferior interno Câmara C Câmara B Câmara A Vedador inferior Mola batente Orifícios controladores do fluxo de óleo Válvula de sentido único Orifícios de passagem de óleo SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 81 Geometria da suspensão dianteira As características de condução de uma motocicleta são muito mais sensíveis por causa de vários fatores. Os modelos podem levar algum tipo de vantagem ou desvantagem conforme seu uso exercido por eles. Natu- ralmente, o tamanho da motocicleta é o que é que exerce maior influência se considerarmos o espaço físico. Contudo, com o desenvolvimento de conjunto, chassi, direção e suspensão, utilizando tecnologia e materiais especiais, as motos, independentemente de tamanho e peso, estão cada dia mais fáceis de se conduzir, que devido a esse desenvolvimento de novas tecnologias e materiais para o conjunto, chassi, direção e suspensão, as motos, independentemente de seu tamanho e peso, estão cada dia mais fáceis de se conduzir e com uma ciclística melhor. O tamanho da roda dianteira é um dos componentes importantes. Ela se comporta de diversas maneiras, porém, sempre, quando maior e mais uma característica importante. É possível encontrar diferentes comporta- mentos, sendo importante salientar que, quanto maior e mais pesada for a roda, maior também é o efeito giroscópico, o que aumenta o equilíbrio da motocicleta. Por exemplo: • As rodas de aro 21” atravessam, com certa facilidade, buracos e obstáculos, mas dificultam a maneabilidade na mudança de dire- ção devido à sua grande massa, e além de exigir mais mais freios. • As rodas de aro 19” buscam o meio-termo entre a facilidade de transpor buracos e obstáculos, maneabilidade na mudança de di- reção por causa de exigência dos sistema de freio. • As rodas de aros 17” e 18” melhoram a maneabilidade nas mudan- ças de direção, mas não dispõem de facilidades para transpor bu- racos e obstáculos, sendo a exigência de freio menor. Por isso, muitas vezes nessas motocicletas é utilizado o sistema de freios a tambor. SISTEMA DE SUSPENSÃO82 • As rodas de aros 10” e 12” costumam ser empregadas principal- mente em scooters, sendo a dianteira e traseira do mesmo tamanho. Elas facilitam na tração do sistema CVT, transmitindo a força para uma roda menor e mais leve, ganhando, assim, rapidez nas saídas no uso em centros urbanos. Facilitam, também, mudanças de di- reção, assim como a necessidade de uma parada repentina. É importante relatar que outros fatores podem influenciar na condução de uma motocicleta, entre elas a divisão do peso do motor e seu centro de gravidade, ainda que a cada dia surjam novas tecnologias que aperfeiçoam o manuseio da motocicleta. Uma boa condução requer um centro de gravidade baixo. Não resta dúvida de que a altura livre do solo é um fator essencial para o uso da motocicleta. Caso seja preciso usá-la em terrenos terrenos severos com elevações, a distância entre o motor e o solo deverá ser prioritária. No entanto, se o uso dela for maior em estradas com ótima pavimentação, haverá mais dificuldade na condução que se teria em outro modelo com o motor próximo ao solo. A distância entre eixos afeta a condução da moto do ponto de vista da facilidade para fazer as curvas e do tempo de reação. As motocicletas com distância entre os eixos são mais lentas, necessitam maior cautela nas cur- vas, ao passo que as motos de menor distância de eixo tendem a reagir mais rapidamente, sendo possível fazer manobras mais fechadas. Caster É um ângulo de inclinação formado por uma linha imaginária per- pendicular ao solo e outra que passa pelo centro da direção. Os ângulos de inclinação maiores tendem a aumentar a estabilidade em alta velocidade e em linha reta, reduzindo a maleabilidade em baixa velocidade e vice-versa. Os ângulos de inclinação menores tendem a tornar SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 83 mais rápidas as manobras de baixa velocidade, tornando, ao mesmo tem- po, a máquina mais instável em alta velocidade. Trail É a distância entre o ponto da extensão do eixo da coluna de direção que toca o solo (ponto de apoio imaginário) e a perpendicular do centro da roda (ponto de apoio real da roda). Figura 4 – Identificação do trail da suspensão dianteira. O avanço da roda dianteira (trail) mantém a roda alinhada quando ela bate em um obstáculo e a direção em terreno. O trail mantém a direção em terreno acidentado. O ângulo de rastejo (ou trail) é semelhante ao de inclinação (ou caster) quanto aos efeitos, mas é mais uma medida linear do que angular. O ân- gulo de rastejo refere-se à distância entre o ponto imaginário em que a linha do ângulo de inclinação corta a superfície da estrada e o centro da banda de contato do pneu dianteiro. Por isso é representado com uma medida em milímetros em manuais de serviços. Cáster Trail SISTEMA DE SUSPENSÃO84 Manutenção da suspensão dianteira Inspeção dos componentes da suspensão É necessário verificar a atuação dos amortecedores da suspensão. Para isso, deve-se acionar o freio dianteiro, forçando a suspensão para cima e para baixo, verificar se não há vazamento de óleo nos amortecedores e se o funcionamento deles é suave. Caso a suspensão atue com deficiência, deve-se desmontar os garfos e inspecionar seus componentes internos (tubos interno e externo, compri- mento da mola, quantidade de óleo, retentor e haste amortecedora), se- guindo as instruções do manual de reparação. Deve-se, em seguida, mon- tar novamente o garfo. Substituição do óleo do garfoDeve-se substituir o óleo dos amortecedores em todas as revisões da motocicleta. Seguir estes procedimentos mostrados na sequência: 1. Remover o garfo dianteiro. 2. Drenar o óleo do garfo. 3. Adicionar a quantidade especificada de óleo na parte superior do cilindro interno. 4. Acionar várias vezes o garfo com as mãos para eliminar bolhas de ar. Observação A quantidade de óleo influenciará a atuação do amortecedor (mais óleo = mais dura; menos óleo = mais macia). Verificar a quantidade correta para a motocicleta no manual de reparação. Utilizar o óleo recomendado pelo fabricante. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 85 Suspensão traseira Atualmente, a maioria das motocicletas de baixa cilindrada utiliza suspensão traseira com braço oscilante. Tipos de suspensão traseira Convencional com dois amortecedores/molas Figura 5 – Suspensão convencional. Muito utilizado em motocicletas de baixa cilindrada por ser simples, esse tipo de suspensão é composto de um braço oscilante e dois amortecedores instalados em sua lateral. A dianteira do braço oscilante é articulada para que haja apoio e seja possível que o eixo traseiro seja fixado na traseira do braço, o que permite à roda responder rapidamente às variações da superfície da pista. SISTEMA DE SUSPENSÃO86 Componentes da suspensão convencional Figura 6 – Componentes da suspensão convencional. 1 conjunto amortecedor/mola 2 braço oscilante 3 sistema de freio 4 rolamento externo direito 5 rolamento interno direito 6 conjunto pneu/roda 7 espaçador 8 rolamento esquerdo 9 conjunto da transmissão secundária 10 ajustador da corrente 10 9 8 7 1 2 3 4 5 6 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 87 Suspensão de ação progressiva com braços de ligações Projetada para proporcionar maior conforto e controle sobre a motocicleta, sua ação progressiva fornece a proporção ideal de com- pressão e amortecimento para diversas condições de rodagem. A ação inicial é mais suave para respostas brandas a pequenas saliências e ondulações. Caso as superfícies se tornem mais aciden- tadas, a ação mais rígida proporciona o controle necessário para evi- tar que a roda traseira não perca o contato com o solo. Funcionamento O amortecedor da suspensão traseira é conectado ao braço osci- lante por uma articulação. O curso do amortecedor em relação ao movimento da roda traseira pode ser alterado de forma relativamen- te livre durante o estágio da configuração, de acordo com a combina- ção do braço e da haste de conexão de amortecimento selecionados. Como a distância do curso do eixo aumenta, a velocidade do pistão do amortecedor e a força de amortecimento também aumen- tam progressivamente. Assim, essa suspensão é caracteristicamente macia em seu curso inicial, para que pequenas irregularidades da pista sejam absorvidas adequadamente, e proporciona, progressiva- mente, uma maior resistência para evitar que a roda não perca o contato com o solo na compressão total, quando um obstáculo maior é encontrado. SISTEMA DE SUSPENSÃO88 Figura 7 – Suspensão de ação progressiva. Figura 8 – Funcionamento normal. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 89 Figura 9 – Compressão total. Como o curso A é sempre o mesmo, aumenta-se o curso B. Essa disposição dá à suspensão um curso maior em relação à compressão do amortecedor, proporcionando assim maior controle para que a suspensão apresente desempenho melhor. Ela também possibilita que o peso do conjunto do amortecedor/mola seja centra- lizado de forma mais compacta, próximo ao centro do chassi. A suspensão Delta Pro-Link é um sistema ainda mais avançado que reduz significantemente o centro de gravidade da motocicleta e o peso do conjunto. Amortecedores Função Tem a função de controlar as oscilações das molas, o que melhora o conforto e as características de aderência do pneu ao solo, ganhando com isso mais estabilidade. B X (2-3) SISTEMA DE SUSPENSÃO90 Os amortecedores absorvem os esforços de compressão da sus- pensão e controlam os efeitos de distensão da mola. De fato, duran- te a compressão, junto com as molas, ajudando assim na força de reação. Na distensão, os amortecedores exercem mais força para amenizar os esforços das molas. Funcionamento Quando o amortecedor é comprimido (recebendo impacto da pista de rodagem), o êmbolo comprime o óleo na parte inferior, cha- mada de câmara de compressão. Nessa condição, o óleo passa da câmara de compressão para a câmara de tração, pela válvula da haste móvel, que oferece pouca resistência (furos de diâmetro maior). Assim, o amortecedor acompanha o movimento da mola. Parte do óleo sai por uma válvu- la localizada na base do amortecedor, que o libera para a câmara reservatório. Figura 10 – Amortecedor em fase de compressão. Quando o amortecedor sofre a extensão (absorvendo a oscilação da mola), a compressão do óleo ocorre na câmara superior, que passa câmera de tração câmera de reservatório câmera de compressão válvula da baseválvula da haste móvel haste móvel do amortecedor SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 91 a ser chamada de câmara de compressão, e a parte inferior do cilindro é chamada de câmara de tração. Nessa condição, o óleo que está na câmara de compressão é for- çado a descer pelo movimento do êmbolo, passando pelas válvulas da haste móvel, que oferecem maior resistência à passagem do óleo (furos de diâmetro menor). Assim, o amortecedor absorve as oscila- ções da mola e o óleo da câmara reservatória volta para câmara de tração pela válvula da base. Figura 11 – Amortecedor em fase de extensão. Tipos Amortecedor hidráulico de ação simples O amortecedor hidráulico, que utiliza óleo para absorver as osci- lações das molas, é composto por dois cilindros, um externo e outro interno. Entre esses cilindros está a câmara reservatório que arma- zena o óleo do amortecedor. O cilindro interno, que recebe o nome de câmara de serviço é dividido por um êmbolo que está ligado ao sistema de fixação do amortecedor. Nesse êmbolo estão as válvulas do amortecedor. câmera de tração câmera de reservatório câmera de compressão válvula da baseválvula da haste móvel haste móvel do amortecedor SISTEMA DE SUSPENSÃO92 A maioria das motocicletas de baixa cilindrada e ciclomotores é equipada com amortecedores de ação simples, que controlam so- mente o retorno da mola. A resistência de compressão da mola é utilizada para absorver as irregularidades das pistas. Amortecedor de ação dupla O funcionamento do amortecedor de ação dupla é parecido com o de ação simples. A única diferença está no momento de compressão do amortecedor de ação dupla, já que ele também oferece uma pe- quena restrição. Para isso, a haste móvel possui mais uma válvula, o que garante mais estabilidade. Procedimentos de inspeção e manutenção Antes de instalar um amortecedor novo é necessário realizar a operação de sangria, pois na maioria das vezes o amortecedor é ar- mazenado na posição horizontal. O que causa falhas no acionamen- to do amortecedor é a mistura do ar que vem da parte superior com o óleo, que por ser mais pesado que o ar interno, aloja-se na parte inferior e faz com que haja espaço para o ar. Instruções para remover o ar: 1. Colocar o amortecedor na posição de trabalho com a haste de acionamento para cima. 2. Puxar a haste até o fim e depois empurrar para dentro de novo, no mínimo cinco vezes. A haste ficará com o aciona- mento mais duro e correrá sem trancos. 3. Instalar o amortecedor no veículo conforme o manual de reparação. Essa operação nos amortecedores convencionais evita: SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 93 • Aeração: mistura de ar com óleo e formação de bolhas de ar nas câmaras de tração e de compressão. Essa formação ocorre com o aumento de temperatura nas câmaras e provoca a diminuição da capacidade do amortecedor de absorver impactos. • Cavitação: provocada por um impacto muito rápido, produz uma perda momentânea da ação do amortecedor. A cavitação deve-se ao surgimentode um vácuo (pressão do ar mais baixa) nas câmaras de óleo. Cuidados ao remover e instalar os amortecedores Ao fazer um reparo no sistema de amortecedor, é preciso tomar alguns cuidados para garantir o conforto e a segurança, bem como proteger a integridade do mecânico que está fazendo o reparo. Algumas dicas são mostradas abaixo: • utilizar ferramentas apropriadas na remoção e instalação do amortecedor; • verificar se o amortecedor é compatível com a motocicleta; • não colocar alicate ou outro objeto na haste do amortecedor, pois como se trata de uma peça retificada, qualquer ranhura pode ocasionar vazamento; • antes de instalar o amortecedor, tomar o cuidado de retirar o ar em suas câmaras. Este processo é chamado de equalização ou escovação. Molas dos amortecedores traseiros Diversos tipos de molas são utilizadas em motocicletas e ciclomoto- res. Entre elas encontram-se as molas de passo constante, passo progres- sivo, passo longo, passo estreito e, ainda, molas cônicas. Cada uma delas apresenta características de compressão diferentes. SISTEMA DE SUSPENSÃO94 Observação O peso suspenso é ligeiramente reduzido nos amorte- cedores quando as espirais de passo maior da mola são posicionadas na direção do braço oscilante. Figura 12 – Mola de passo constante. Ajustadores da pré-carga das molas Função Alterar o comprimento da mola, fazendo, assim, o ajuste da pré-carga. Tipos de ajustador Came O ajustador do tipo came apresenta um anel com ressaltosque se encaixam na carcaça do amortecedor. Como cada ressalto está posi- cionado contra um batente ou par de batentes embutidos na carcaça do amortecedor, a pré-carga da mola pode ser ajustada de três a cinco posições pré-estabelecidas, adequando-se melhor aos requisi- tos de carga da motocicleta. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 95 Figura 13 – Tipos de molas. Porca e contraporca A pré-carga da mola é ajustada pelo movimento da porca do ajus- tador para comprimir ou distender a mola. Uma vez que a pré-carga desejada é estabelecida, a contraporca é apertada contra a porca de ajuste para evitar que esta saia da posição. Comprimentos mínimo e máximo da mola (pré-carga da mola) são recomendados para cada modelo de motocicleta e devem ser obedecidos, caso contrário a mola pode ficar totalmente comprimida – deixando a suspensão solta – ou ficar solta – provocando ruídos. Figura 14 – Ajuste da pré-carga através de porca e contraporca. Mola mais macia para carga mais leve Mola mais dura para carga mais pesada SISTEMA DE SUSPENSÃO96 Pneu As motocicletas movem-se sobre pneus inflados com ar compri- mido ou nitrogênio. São os únicos componentes da suspensão que estão em contato direto com a pista e recebem a potência do motor. Atuam como compensadores de impactos leves da pista, aumentam o conforto da condução e suportam o peso total da moto. Também transmitem a força da direção e frenagem à pista, controlando a par- tida, aceleração, desaceleração, paradas e curvas. Especificação técnica de pneus para motocicletas Figura 15 – Partes de um pneu. banda de rodagem talão aro de roda revestimento interno fla nc o SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 97 • Banda de rodagem: parte do pneu que entra em contato com o solo; constituído de alastômeros, com forma e desenho defi- nidos para contribuírem com a aderência ao solo. • Flancos: partes do pneu compreendidas entre os limites da ban- da de rodagem e os talões. • Talão: parte do pneu constituída de fios de aço, em forma de anéis, recobertas por lonas e elastômeros, que lhes atribuem formas apropriadas para o correto assentamento do pneu ao aro. Nomenclatura do pneu (designação métrica) Para cada tipo de motocicleta existe um pneu específico (tama- nho, carga, velocidade). A especificação do pneu encontra-se grava- da no flanco (lateral), como mostra a figura a seguir. Figura 16 – Especificação do pneu. Exemplo da imagem: 140/70-17 M/C 66H TUBELEES = indica sentido de giro do pneu. 140 = largura da seção do pneu em mm (banda de rodagem). 70 = altura da seção do pneu em porcentagem com relação à largura. No caso a altura é 70% de 140 mm = 98 mm. SISTEMA DE SUSPENSÃO98 17 = diâmetro da borda da roda em polegadas (17”). M/C = pneu destinado para uso em motocicletas. 66 = índice de carga. H = classificação de velocidade. Tabela 1 – Índice de carga em quilograma 19 77,5 36 125,0 53 206,0 70 335,0 87 545,0 20 80,0 37 128,0 54 212,0 71 345,0 88 560,0 21 82,5 38 132,0 55 218,0 72 355,0 89 580,0 22 85,0 39 136,0 56 224,0 73 365,0 90 600,0 23 87,5 40 140,0 57 230,0 74 375,0 91 615,0 24 90,0 41 145,0 58 236,0 75 387,0 92 630,0 25 92,0 42 150,0 59 243,0 76 400,0 93 650,0 26 95,0 43 155,0 60 250,0 77 412,0 94 670,0 27 97,5 44 160,0 61 257,0 78 425,0 95 690,0 28 100,0 45 165,0 62 265,0 79 437,0 96 710,0 29 103,0 46 170,0 63 272,0 80 450,0 97 730,0 30 106,0 47 175,0 64 280,0 81 462,0 98 750,0 31 109,0 48 180,0 65 290,0 82 475,0 99 775,0 32 112,0 49 185,0 66 300,0 83 487,0 100 800,0 33 115,0 50 190,0 67 307,0 84 500,0 34 118,0 51 195,0 68 315,0 85 510,0 35 121,0 52 200,0 69 325,0 86 530,0 SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 99 Velocidade máxima Código Km/h Código Km/h B 50 P 150 C 60 Q 160 D 65 R 170 E 70 S 180 F 80 T 190 G 90 U 200 J 100 H 210 K 110 V 240 L 120 Z >240 M 130 W 270 N 140 Y 300 Tubeless = indica pneu sem utilização de câmera. 9. Sistemas de transmissão Transmissão primária Relação de transmissão Seleção de marchas Transmissão secundária O sistema de transmissão de uma motocicleta é o sistema que transmite o torque do motor para a roda traseira de acordo com a carga e a velocidade necessária. Ele é dividido em transmissão pri- mária e secundária. Transmissão primária Localizada dentro do bloco e constituída por embreagem e um conjunto de engrenagens, a transmissão primária de motocicletas tem a função e fazer a seleção adequada de marchas em cada tipo de tração necessária. SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 101 Figura 1 – Transmissão primária. Embreagem Função A função da embreagem é transmitir o torque do motor para a transmissão da motocicleta. Quando acionada, desacopla este con- junto, reduzindo assim a rotação da árvore primária da transmissão e facilita a troca de marchas. SISTEMAS DE TRANSMISSÃO102 Componentes da embreagem Figura 2 – Componentes da embreagem. Funcionamento da embreagem Presa à árvore de manivelas, uma engrenagem motora aciona a engrenagem fixada à carcaça externa da embreagem. Acoplados a esta carcaça estão os discos de embreagem. Já os discos separadores 1 2 3 4 5 6 7 8 Item Componente 1 rolamento 2 placa de acionamento 3 mola da embreagem 4 cubo central 5 disco de embreagem 6 disco separador 7 platô 8 carcaça externa SISTEMAS MECÂNICOS DE MOTOCICLETAS 103 ficam fixados ao cubo central que, por sua vez, está travado ao eixo primário da transmissão. Figura 3 – Carcaça e discos da embreagem. Em um funcionamento de tração, sem o acionamento da embre- agem, as molas pressionam o platô contra os discos de embreagem que estão fixados na carcaça externa, fazendo com que se acoplem aos discos separadores que por sua vez estão fixados ao cubo central. Assim, todo o torque do motor é transferido para a árvore primária da transmissão. Item Componente 1 disco separador (metálicos) 2 disco de embreagem 3 platô Figura 4 – Funcionamento da embreagem sem acionamento (continua). Disco de embreagem Cubo Central Carcaça Externa Disco Separadores 1 4 2 3 8 6 9 5 SISTEMAS DE TRANSMISSÃO104 Item Componente 4 carcaça externa 5 árvore primária da transmissão 6 árvore de manivela 7 cubo central 8 placa de acionamento Figura 4 – Funcionamento da embreagem sem acionamento (continuação). Quando acionada a embreagem, uma alavanca movimenta o con- junto formado por placa de acionamento e platô (cor verde na figura 3), fazendo com que os discos de embreagem (vermelho) se separem dos discos separadores
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