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Os ambientes físicos comerciais (lojas) apresentam mais do que produtos de uma determinada empresa. São espaços de construção de percepções e sentimentos em relação à marca. O desenvolvimento desses espaços deve levar em consideração as principais características e as propostas da empresa, mas também os interesses e os desejos dos consumidores que darão vida a esse espaço. A presença da marca, a exposição adequada dos produtos, a oferta estruturada dos serviços e um espaço que promova o interesse dos públicos são alguns dos principais orientadores para a efetividade de uma proposta de Ponto de Venda (PDV), objetivo a ser discutido no roteiro a seguir. Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai: entender os conceitos principais de design store; avaliar as etapas de desenvolvimento de um projeto comercial; reconhecer a importância da presença da marca; explorar quais são os recursos possíveis para trabalhar o design dentro de espaços comerciais; identi�car experiências possíveis junto aos consumidores no ponto de venda. Introdução Design Store e Visual Merchandising Roteiro deRoteiro de EstudosEstudos Autora: Ma. Sônia Aparecida Zardenune Revisora: Raissa Mafaldo A busca dos indivíduos por experiências nunca foi tão real quanto no mundo que estamos inseridos. São tantos contextos e oportunidades de vivenciar distintas sensações, que a expectativa já se antecipa à realidade, tornando muito mais desa�ador surpreender ou encantar. No entanto, as marcas presentes no mercado e que concorrem por cada novo consumidor precisam se reinventar a cada momento, criando novas possibilidades que aproximem e envolvam as pessoas em torno de suas promessas e de seu propósito. As concept store proliferam nesse ambiente, materializando inovações e tendências para o encantamento do público. Com essa orientação, destacam-se as construções complexas e integrais de marca, abrangendo todos os sentidos possíveis de serem acessados; percebe-se a incessante busca de harmonização e equilíbrio que, de forma holística, busca atrair e manter, de forma plena, o consumidor no ambiente de consumo; e tudo isso é trabalhado de modo a conectar as pessoas com marca, com a alma da empresa, traduzida nos serviços ofertados. Essas questões importantes para concepção de um ponto de venda efetivo serão apresentadas nos próximos tópicos. O Design Store Há muito tempo, o processo de design vem sendo desenvolvido considerando não somente as “formas”, como popularmente conhecemos. O design é um processo bastante complexo, que considera uma percepção completa das variáveis que atuam sobre um produto ou serviço para, assim, agir sobre eles. O design de experiência tem por objetivo avaliar e entender a interação do consumidor com o espaço oferecido. Ao considerar a perspectiva do design na construção de um ponto de venda, leva-se em conta uma série de fatores que devem ser convergentes. Podemos considerar, sem a possibilidade de equívoco, que um dos principais pontos a serem analisados é o entendimento dos interesses dos consumidores. Por isso, sempre, em qualquer que seja a orientação estratégica, ela deve sempre iniciar a partir do conhecimento dos públicos-alvo. A construção da marca no ponto de venda deve estar, certamente, orientada pelas propostas e pelos valores dela, mas isso também se consolida quando existe conexão entre os consumidores e o que a empresa se propõe a entregar. Nas duas questões (o consumidor e a a�rmação da marca no PDV) residem pontos intangíveis, ou seja, estão imbricadas nas construções mais sutis da marca e que serão percebidas a partir da exposição material da loja e, também, de seus discursos comunicacionais, que estarão em todo o ambiente. A ambientação de um ponto de venda é, em grande parte, responsável pelo maior ou menor envolvimento dos consumidores e, consequentemente, por sua aderência ou não àquela marca. Um ponto de venda não deve ser restrito a apenas um ambiente em que os consumidores buscam produtos, mas deveria oportunizar um espaço de relacionamento do consumidor com aquela que pode ser uma importante presença em sua vida: a marca. A utilização do design para a concepção de uma loja pressupõe o entendimento que existe uma referência principal a ser considerada: os seres que frequentarão aquele espaço. Assim, a partir desse reconhecimento, toda a organização prática se desenvolverá considerando tais parâmetros identi�cados. Caso a marca ou o produto estejam sendo vistos de modo negativo por seus consumidores, a loja pode, por meio de pesquisa, observar se essa imagem negativa já se sedimentou. Se for o caso, é possível criar produtos novos e propor testes em locais especí�cos, de modo a registrar a percepção das pessoas, ou ainda, criar uma campanha com informações de modo a orientar adequadamente seus clientes sobre seus produtos ou serviços. A Elaboração de um Projeto Comercial Geralmente, a implementação de uma loja física é o �nal de um longo processo de construção de um novo negócio. Independentemente de comercializar produtos terceirizados ou ser a própria fabricante, o PDV está entre uma das últimas ações, porque houve, anteriormente, todo um entendimento sobre produto ou serviço, público, preço e todas as demais variáveis que compõem o conhecido mix de marketing. Assim, quando se chega à etapa de desenvolver o ambiente em que serão expostos os produtos, a maior parte das decisões estratégicas já foi tomada. E é exatamente nesse ponto que se tem, em muitas situações, grandes impasses. O projeto comercial de um novo empreendimento deve sintetizar de forma muito autêntica as proposições de uma marca e o que ela signi�ca. Com isso, se pretende estabelecer que não haverá dúvidas quando o consumidor adentrar aquele ambiente de quais são as principais características e os valores daquela empresa. Para chegar a esse ponto, muitas questões devem ser consideradas, a começar pela equipe responsável pelo desenvolvimento de tal projeto. Essas pessoas precisam ser envolvidas no conhecimento dos princípios norteadores e estratégicos do negócio. É necessário que também estejam imbuídas dos sentidos que fortalecem e dão alma para tal proposta. Isso porque é no ponto de venda que se realizam de maneira mais tangível todas as proposições da marca. É onde se traduz para o consumidor porque aquela empresa existe. Além de pensar, portanto, no ponto de venda de uma forma mais visual e de como explorar esse ambiente para conquistar os públicos e efetivar da melhor maneira possível as vendas, é de extrema importância pensar na localização desse PDV. O lugar escolhido para abrir um estabelecimento comercial não diz respeito somente a um espaço de circulação. Mais que isso, é um espaço que deve ser accessível ao público-alvo, e algumas perguntas, neste sentido, são necessárias: O público-alvo da empresa trafega por esse bairro? Se sim, o faz caminhando ou de carro? Se os consumidores frequentam o bairro de carro, tem estacionamento na loja ou acessível? Meu produto é item programado ou é comprado por impulso? Se for uma compra por impulso, seria importante que os transeuntes pudessem vê-lo em uma vitrine, ou algo que estimulasse através da fachada. Temos, então, uma série de questionamentos que demonstram o quão importante é a escolha do ponto de venda. Além destes, todas as variáveis apresentadas chamam a atenção para a busca da coerência entre os fatores que estão formando a nova marca. A Marca como Identidade e Lembrança No contexto de uma loja, a presença forte da marca é que o de�nirá pertencimento do público, reconhecimento dos valores intrínsecos à empresa e construção de experiências associadas àquela representação que é tanto visual quanto emocional. As marcas carregam, de acordo com Consolo (2015), os sinais que são as representações do que ele reconhece no mundo. O branding é o processo de “marcação”, gravar e manter a marca ativa na mente dos consumidores. As novas tendências do brandinglevam isso a sério, e toda a estratégia desenvolvida para a efetivação da marca busca - nas LEITURA Administração de vendas, varejo e serviços Autor: Ricardo Hillmann Editora: InterSaberes Ano: 2013 Comentário: a área de vendas, por trabalhar diretamente com os consumidores, é rica em informações que podem auxiliar novos projetos e minimizar as possibilidades de erros. O livro sugerido traz, de forma abrangente, muitas possibilidades e cases que orientam para a efetividade em vendas. Recomenda- se a leitura do Capítulo 8 - Marketing aplicado ao varejo e aos serviços (páginas 113 a 122). Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. acepções do brand experience - gravar seu signi�cado na pele e na alma das pessoas (CONSOLO, 2015, p. 32). De acordo com a autora, uma marca é um conjunto de símbolos que são ou devem ser facilmente reconhecidos pelo público, o que facilita as etapas de envolvimento e percepção dos consumidores. A marca carrega a identidade visual da empresa, que contempla os símbolos, as cores, as formas escritas e, também, as questões intangíveis que se conectam a esses elementos a partir das promessas e de sua respectiva consolidação junto aos consumidores. Entender e aplicar a marca e a identidade visual no ponto de venda é não somente recomendado, como é imprescindível para que os públicos tenham aderência à autenticidade e às manifestações da empresa. LEITURA Marcas: design estratégico. Do símbolo à gestão da identidade corporativa Autora: Cecília Consolo Editora: Blucher Ano: 2015 Comentário: as marcas constituem-se no verdadeiro elo entre os consumidores e a empresa. Para entender mais sobre esses vínculos, recomenda-se a leitura do Capítulo 1 - A expressão da marca e a expansão de seu signi�cado. Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. Recursos Aplicáveis no Design Store Podemos considerar um ponto de venda como um ambiente em que se concretiza o processo mais relevante entre consumidores e a marca. É nesse ambiente que se possibilita toda e qualquer experiência que se deseje com os públicos. É uma oportunidade ímpar. E, por isso mesmo, o aproveitamento deve ser total. O modo como a interação acontece se determina por distintos elementos, como experiências passadas ou conceitos de marketing do espaço. A tecnologia pode contribuir positivamente no ponto de venda, compondo maior conveniência e boas experiências ao cliente, mas não deve ser usada de modo a substituir a proximidade entre marcas e consumidores. Um bom merchandising poderá estimular as compras por impulso. Uma loja pronta para experiências memoráveis para seus consumidores é aquela que consegue conectar profundamente o interesse destes com a alma da marca, ou seja, com seus propósitos. Todo o ambiente deve estar articulado para se tornar a própria marca. De acordo com Campos (2019), o merchandising ou o visual merchandising atuam sobre o consumidor e seus desejos, a marca e sua identidade e as características a serem exploradas no ambiente disponível. As ações de merchandising têm relação direta com a coerência do público-alvo a ser atingido. Em nosso país, a palavra merchandising se aproxima de ações promocionais inseridas em conteúdo de novelas e outros programas televisivos, favorecendo maior aproximação com o público. Para tanto, pode-se destacar alguns aspectos a serem considerados: Vitrine: deve trazer encantamento, trabalhar o impulso e ser extremamente atrativa visualmente. Nela, trabalha-se a oferta do produto e o conceito que a marca quer exprimir; Espaços: é importante que sejam muito bem aproveitados dentro do ambiente, mas devem sempre ter em mente o conforto visual e físico de quem circula. Apresentação dos produtos: devem ser acessíveis, estar impecavelmente cuidados e disponíveis de acordo com as promessas de comunicação. Ações promocionais: existentes em dois tipos, de reforço de marca e de venda. As ações promocionais são interessantes e impactantes, no entanto precisam ter planejamento e tempo limitado de início e �m. Sinalização e marca no PDV: o cliente precisa saber onde está e onde deve buscar cada elemento da loja. Para isso, a marca deve ser utilizada como reforço e, também, no apoio às sinalizações. Uma loja organizada e confortável é um convite à visitação e confere experiências que podem trazer, novamente, os públicos ao ambiente. O planejamento promocional do produto ou serviço, antes de entrar no mercado, traduz-se em um serviço do merchandising. Cabe ao planejamento de marketing fazer a previsão de ações e recursos para o merchandising, pois este se constitui em um instrumento da díade promoção e comunicação, devendo ser considerado ainda na etapa de pré-testagem. LEITURA Promoção, produtos e mercados: análise sobre varejo, merchandising e eventos Autora: Letícia Mirela Fischer Campos Editora: InterSaberes Ano: 2019 Comentário: A experiência dos consumidores junto a marcas, produtos e serviços é cada vez mais relevante. No ponto de venda, o merchandising é a estratégia que se dedica a construir lembranças especiais para os usuários. Sobre esses aspectos, sugere-se a leitura do Capítulo 5, Merchandising, ponto de venda e técnicas de display (páginas 123 a 152). Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. A Experiência do Consumidor como Objetivo de PDV O consumidor contemporâneo está em busca de experiência. Essa a�rmação já é reconhecida em grande parte das teorias e práticas mercadológicas atuais. O grande desa�o das organizações é entender quais são as experiências valorizadas pelos consumidores que possam fazê-los ter boas lembranças e, por �m, conquistar seus corações. Como mencionado anteriormente, cada público-alvo precisa ser reconhecido de modo profundo para que se possa, a partir desse entendimento, construir possibilidades valorosas para eles. De acordo com Callegari e Brasil (2012), a experiência do consumidor deve ser realizada a partir de estratégias de cocriação em que as empresas se abrem para construírem conjuntamente com seus clientes. Nessa construção, empresas de reconhecimento internacional já vêm se constituindo a partir de plataformas de open innovation, que não raro trazem verdadeiras revoluções para as mais diversas áreas das empresas. A experiência no ponto de venda, no entanto, tem como base o interesse e o reconhecimento dos sentidos, pois toda a atmosfera contribui para que explore tais possibilidades. Andrade (2020) ressalta a importância de que as empresas estejam atentas a como conduzir essas práticas. O cuidado com os estímulos aos cinco sentidos é um ponto ainda mais crítico no caso de consumo hedônico, já que o objetivo do consumidor é, justamente, o prazer da experiência, ou seja, está mais sensível a todos os estímulos que recebe. O trabalho com os elementos sensoriais durante o consumo é, então, uma ferramenta para promover uma experiência mais intensa (ANDRADE, 2020, p. 180). Quando se planeja contratar alguém para realizar a decoração da loja, é importante que essa pessoa esteja alinhada a quem é responsável pela comunicação da empresa, pois, com isso, estabelece-se relação entre o espaço e o conceito da marca. Os clientes buscam cenários que eles reconheçam e nos quais se sintam confortáveis. Novas experiências são bem-vindas, tirando o cliente de sua zona de conforto, porém tais experiências precisam atender às expectativas e aos anseios dos clientes. Mais importante que aplicar instrumentos ou técnicas distintas é identi�car quais dialogam melhor com seus clientes. As possibilidades são in�nitas para as empresas que estão em busca de promover experiências valorosas para seus consumidores, desde que entendam quem são e para quem são. Entender esses consumidores não é somente uma responsabilidade para com a satisfação deles, mas uma necessidade para a perpetuação do negócio. Conclusão Este estudo apresentou questões cruciais para efetivar a conexão entre os consumidores e as marcasno ponto de venda. A partir das perspectivas do design e do marketing, e suas áreas especí�cas como design store, promoção de vendas, marca (branding) e visual merchandising, foi possível constituir referências que podem conduzi-lo a um projeto efetivo de experiência e valor no ponto de venda. LEITURA Comportamento do consumidor: um olhar cientí�co sobre como e por que consumimos Autor: Lucas Magalhães de Andrade Editora: InterSaberes Ano: 2020 Comentário: o livro apresenta entendimentos sobre o comportamento do consumidor, bem como considerações sobre a exploração dos sentidos para criar experiências valorosas. Sugere-se a leitura de parte do Capítulo 4 - Elementos sensoriais no ponto de venda (páginas 180 a 202). Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate. São muitas possibilidades nesta construção, mas as questões aqui colocadas são imprescindíveis para que o projeto de design store e visual merchandising consolide-se de forma plena para consumidores e empresas. Que tais leituras e aprendizados possam conduzir ao sucesso de seus empreendimentos! Referências ANDRADE, L. M. de. Comportamento do consumidor: um olhar cientí�co sobre como e por que consumimos. Curitiba: InterSaberes, 2020. CALLEGARE, A. R. C.; BRASIL, V. S. A gestão da experiência do cliente no varejo. REBRAE - Revista Brasileira de Estratégia, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 207-220, maio/ago. 2012. CAMPOS, L. M. F. Promoção, produtos e mercados: análise sobre varejo, merchandising e eventos. Curitiba: InterSaberes, 2019. CONSOLO, C. Marcas: design estratégico. Do símbolo à gestão da identidade corporativa. São Paulo: Blucher, 2015. HILLMANN, R. Administração de vendas, varejo e serviços. Curitiba: InterSaberes, 2013.
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