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APG S7P2 Kamilla Galiza Objetivos 1. Revisar a anatomia e a fisiologia da região reto-anal. 2. Identificar os fatores de risco e a etiologia da Hemorroida 3. Compreender a fisiopatologia, manifestações e complicações da Hemorroida 4. Discorrer sobre o diagnostico e a conduta terapêutica da Hemorroida Anatomia O reto (12-15cm) é a porção final do trato gastrointestinal, sendo dividido do canal anal pela linha pectínea. Essa divisão é importante, já que é onde diversas mudanças histológicas, fisiológicas e da própria anatomia. Assim, é a linha pectínea marca a transição entre epitélio colunar do reto e epitélio escamoso do canal anal. • Reto tem inervação mais visceral e inespecífica • O canal anal tem inervação mais somática e maior sensibilidade É nessa região que iremos encontrar as colunas retais, compostas pelas criptas (criptas Morgagni), no interior das quais os ductos excretores das glândulas anais se abrem. Os músculos do canal anal são: M. esfíncter interno (tem fibras lisas involuntárias), musculatura mais externa que tem fibras estriadas e voluntarias que compreende o m esfíncter externo, m. elevador do ânus e m. puborretal. Juntos, fazem o controle do tônus e do mecanismo da evacuação. Vascularização Em relação a vascularização dessa região, teremos os plexos venosos superior encontrados acima da linha pectínea, responsável pela drenagem sanguínea do reto. O plexo venoso inferior, responsável pela drenagem sanguínea do canal anal. O plexo hemorroidário interno é formado pela artéria retal superior e suas veias drenam para o sistema porta, via veia mesentérica inferior. A maioria dos pacientes possui 3 mamilos hemorroidários internos (localizados nas áreas anterior direita, posterior direita hemorroidária s doença APG S7P2 Kamilla Galiza e lateral esquerda), em consequência das ramificações da artéria retal superior. O plexo hemorroidário externo é formado pela artéria retal inferior (ramo da artéria pudenda interna) e suas veias drenam para as veias ilíacas internas e, consequentemente, para o sistema cava inferior. Definição Mamilos hemorroidários são estruturas anatômicas normais presentes nos seres humanos. O plexo hemorroidário se situa na porção distal do reto, no canal anal, mais comumente nos quadrantes laterais esquerdo, anterior direito e posterior direito do canal.2 São “coxins”, ou “almofadas” muito vascularizadas e especializadas que formam massas de submucosa espessa contendo vasos sanguíneos, músculo liso e tecido elástico conjuntivo. Essas estruturas permitem ingurgitamento dos coxins, promovendo auxílio e manutenção da continência fecal em situações de aumento da pressão intrarretal, como em espirros, tosse ou manobra de Valsalva. Enquanto as hemorroidas estão presentes em todos os seres humanos, constituindo a anatomia normal, a doença hemorroidária (DH) surge quando esses mamilos prolapsam, inflamam e produzem sintomas. Etiologia A natureza da doença hemorroidária não é, ainda, completamente conhecida. Vários fatores são importantes na sua etiopatogenia: • Veia varicosa → Representada pela dificuldade do esvaziamento sanguíneo do canal anal • No ato defecatório, com congestão e dilatação dos corpos cavernosos. • Degenerativa → Presença de prolapso anormal do plexo hemorroidário interno, durante a evacuação, por deficiência de sua fixação pela musculatura longitudinal da submucosa (músculo de Treitz). • Mecânica → Caracterizada pelo excessivo esforço defecatório e/ou pela dieta pobre em resíduos (fibras) e pouca ingestão de líquidos, que pode acarretar o endurecimento das fezes e aumentar ainda mais o esforço evacuatório. • Hiperplasia vascular → A presença de hiperplasia dos corpos cavernosos do canal anal que poderá́ ocasionar sua dilatação e aumento. • Hemodinâmica → Pela presença das comunicações arteriovenosas, muito calibrosas, na submucosa do canal anal, facilitando o aumento e dilatação dos corpos cavernosos. • Disfunção do esfíncter anal interno → Hiperatividade do esfíncter anal interno do anus com hipertonia ocasionando distensão dos corpos cavernosos. • Avanço da idade → Provoca uma diminuição do colágeno e tem impacto na sustentação das veias dentro do canal do ânus; • Sedentarismo; • Genética. Fatores de risco • Avanço da idade • Diarreia • Gravidez • Tumores pélvicos • Repouso prolongado • Esforço • Constipação crônica • Pacientes em uso de anticoagulantes e terapias antiplaquetária, embora não esteja claro se a associação é causal. Os fatores agravantes estão relacionados com hábitos defecatórios errôneos, tais como: insistência em evacuar todos os dias- forçar-se para defecar em um determinado horário por conveniência ou forçar o esvaziamento total do conteúdo retal de uma só vez. Os fatores desencadeantes são: constipação intestinal, abuso de laxativos (em especial, os catárticos), diarreia crônica, gravidez (pelo aumento da pressão intra-abdominal), e a posição bípede do ser humano. Não há remissão espontânea para a doença hemorroidária; uma vez manifestada e sem tratamento, sua evolução é progressiva. Classificação A doença hemorroidária pode ser classificada em dois aspectos. • Uma que irá diferenciar os tipos em função de sua relação com a linha pectínea. • A outra que irá classificar em função da existência ou não de um prolapso e, caso presente, como ele se comporta De acordo com sua relação com alinha pectínea Hemorroidas internas são próximas ou acima da linha pectínea, surgem do plexo venoso superior. Suas três localizações primárias (lateral esquerda, anterior direita e posterior direita) correspondem aos ramos finais das veias hemorroidárias médias e superiores • A inervação dessa região é visceral, por isso não são sensíveis à dor, toque ou temperatura • Hemorroidas internas são classificadas de 1-4, de acordo com o tamanho e o prolapso da hemorroida • Assim, as hemorroidas internas são passíveis de uma variedade de procedimentos no consultório que podem ser realizados com pouca ou nenhuma anestesia APG S7P2 Kamilla Galiza De acordo com o grau de prolapso do canal anal Figura 1. classificação em graus da hemorroida interna. Fonte: uptodate, 2020 Hemorroidas externas estão distais ou abaixo da linha pectínea, surgem do plexo venoso inferior. Eles são cobertos pelo epitélio escamoso modificado, que contém numerosos receptores somáticos de dor, tornando as hemorroidas externas extremamente dolorosas na trombose • Hemorroidas externas sintomáticas que são refratárias ao tratamento conservador geralmente são tratadas cirurgicamente sob anestesia, com exceção de pequenas hemorroidas externas trombosadas agudas, que às vezes podem ser tratadas no consultório. Hemorroidas mistas cobrem a linha pectínea e geralmente são tratadas da mesma forma que as hemorroidas externas. Fisiopatologia A causa da DH não é completamente entendida, porém há três teorias, descritas a seguir, que tentam explicar sua etiologia. A primeira postula que com o passar dos anos ou com situações agravantes, o tecido conjuntivo que ancora o plexo hemorroidário ao esfíncter, se deteriora. Eventualmente o plexo começa a deslizar pelo canal, levando ao aumento dos sintomas. A segunda sugere que os sintomas da DH surgem pela hipertrofia ou aumento do tônus do esfíncter anal interno. Durante as evacuações, o bolo fecal forçaria o plexo hemorroidário contra o esfíncter interno, causando seu aumento e tornando-se sintomático. Já a terceira teoria atribui os sintomas ao edema dos coxins hemorroidários. Esses teriam propriedades anatômicas semelhantes àquelas do tecido erétil. Histopatologia Vasos submucosos dilatados, de paredes finas, que se projetam sob a mucosa anal ou retal. Na sua posição exposta, estão sujeitas a trauma e tendem a tornar-seinflamadas, trombosadas e, no decurso do tempo, recanalizadas. Pode ocorrer ulceração superficial. Manifestações clínicas A enfermidade hemorroidária pode ser assintomática e só diagnosticada ao exame físico. Porém, a maioria dos enfermos apresenta diferentes sintomas e sinais, com vários graus de intensidade. São eles sangramento, prolapso, exsudação perianal e desconforto anal Sangramento É o principal sinal, além de ser o mais frequente, e, às vezes, o primeiro a manifestar-se. O sangue pode ser observado somente no papel higiênico durante a higiene anal e/ou gotejando ou ocorrendo em jato no vaso sanitário durante e/ou imediatamente após a evacuação. Caracteriza-se pela sua cor vermelho-rutilante. Está associado à passagem de fezes endurecidas pelo canal anal que podem traumatizar o mamilo hemorroidário ou pelo tipo de higiene anal utilizado pelo enfermo, como, por exemplo, o uso de papel higiênico. Esse sangramento ou enterorragia é, com frequência, intermitente e, não raro, a principal causa da consulta médica. Ele é esporádico, em geral acontecendo em crises curtas de dias, pouco volumoso e relacionado com a evacuação. Essa perda sanguínea, discreta e continua, quando frequente, pode acarretar anemia ferropriva. A enterorragia volumosa causada pela doença hemorroidária é rara. APG S7P2 Kamilla Galiza Por serem bastante similares, é fundamental diferenciar esse sangramento originado da doença hemorroidária daquele ocasionado pelos tumores colorretais, pelas doenças inflamatórias intestinais, pela fissura anal etc. Prolapso Caracteriza-se pela exteriorização do mamilo hemorroidário interno, para fora do canal anal, durante o ato evacuatório ou durante as atividades físicas. Ele deve ser diferenciado da papila anal hipertrófica prolapsada, do pólipo retal baixo que se exterioriza pelo canal anal e da procidência retal que se caracteriza pela protrusão de todas as camadas do reto para o exterior do anus (no prolapso, há apenas a exteriorização da mucosa retal). Exsudação Perianal Corresponde à umidade da pele perianal causada pela presença de muco nessa região, decorrente, sobretudo, da irritação da mucosa dos mamilos hemorroidários internos prolabado. Acompanha-se, em geral, pela dermatite e pelo prurido anal. Desconforto Anal Durante ou após a evacuação, pode haver uma pressão anal, definida pelo paciente como um desconforto, porém sem dor anal, porque a simples presença de doença hemorroidária não dói. A presença de dor no canal anal concomitante à doença hemorroidária ou é causada pelas suas complicações, como a trombose vascular (endoflebite), o hematoma, ou pela presença concomitante de outras enfermidades dolorosas dessa região, como a fissura anal, a infecção perianal (criptite, papilite ou abscesso), as lesões inflamatórias ou tumorais. Diagnostico clínico - O diagnóstico do nosso paciente será baseado na anamnese do paciente e nos achados em seu exame físico. Anamnese • História de sangramento com ou sem dor por reto ao se fazer movimentos intestinais • Defecação dolorosa não está associada hemorroidas • História de infecção fecal leve, secreção de muco umidade ou sensação de plenitude na área perianal devido a uma hemorroida interna prolapsada • Irritação ou prurido anal • As tromboses das hemorroidas externas podem estar associadas a dores excruciantes • Deve-se investigar a história do paciente a procura de suspeitas de CCR, pólipos intestinais, história familiar positiva. Exame físico • Começamos com uma inspeção cuidadosa da borda anal e da área perianal em busca de hemorroidas externas, hemorroidas internas prolapso, marcas de pele, fissura, fístulas, abscessos, neoplasias e condiloma • O exame retal digital deve ser realizado na posição prona ou lateral esquerda em repouso e com esforço. • O exame retal digital deve incluir palpação de massas, flutuação, sensibilidade e caracterização do tônus do esfíncter anal • Hemorroidas internas geralmente não são palpáveis no exame digital na ausência de trombose • Uma hemorroida trombosada é extremamente sensível à palpação e um trombo pode ser palpável dentro da hemorroida • A presença de espessamento ou cicatriz na linha média posterior ou rugosidades é sugestivo de fissura anal cicatrizada Posições para toque retal: a mais usada é decúbito lateral esquerdo ou posição de Sims - fazer inspeção, palpação, toque retal e se possível, anuscopia. Anuscopia • Nos pacientes com sangue vermelho brilhante por reto ou com suspeita de hemorroida trombosada, nos quais não foram detectadas hemorroidas no exame retal digital, realizamos uma anuscopia para avaliar o canal anal e o reto distal • A anuscopia tem a vantagem de ser um procedimento rápido, relativamente indolor e barato que pode ser realizado em um paciente não preparado A COLONOSCOPIA não é usada para diagnostico inicial de doença hemorroidária, mas pode ser pedida em: • Paciente >50 anos ou Sangramentos atípicos • Suspeita de diverticulose ou de neoplasia – CCR • Alteração de habito intestinal APG S7P2 Kamilla Galiza • História de pólipos intestinais • Pacientes com sintomas sugestivos de malignidade, como sintomas constitucionais, anemia ou alteração na frequência, calibre ou consistência das fezes • Anemia Diagnostico diferencial • Neoplasia retal • Neoplasia do canal anal • Condiloma acuminado perianal • Pólipo retal (pode sangrar e/ou prolapsar) • Papila anal hipertrófica (sangramento, prolapso, • desconforto anal) • Prolapso • retal • desconforto • local, • prurido, • sangramento e o prolapso) • Fístula anorretal (desconforto local, secreção e prurido) • Fissura anal aguda ou crônica (dor e sangramento) Tratamento clinico • Irritação ou prurido - A irritação ou prurido de hemorroidas internas ou externas (sem sangramento ou trombose) pode ser tratada com uma variedade de cremes analgésicos, supositórios de hidrocortisona e banhos de assento quentes. Esses tratamentos, principalmente a hidrocortisona, não devem ser utilizados por mais de uma semana, pois podem ocorrer efeitos colaterais, como dermatite de contato com cremes analgésicos ou atrofia da mucosa com cremes esteroides. Se não houver melhora após uma semana, outros cremes não esteroides podem ser tentados. A abordagem de tratamento inicial para a maioria dos pacientes com hemorroidas sintomáticas de inicio recente é conservadora, consistindo em modificação da dieta/estilo de vida e medicamentos tópicos ou orais para aliviar os sintomas. O tratamento conservador é bem-sucedido para a maioria dos pacientes e pode ser continuado pelo tempo que o paciente desejar. • Modificação da dieta e estilo de vida - dieta laxativa - ingerir 20 a 30 g de fibra insolúvel por dia e beber bastante água (1,5 a 2 litros por dia). Ambos são necessários para produzir fezes regulares e macias, o que reduz o esforço na defecação. Pode levar seis semanas para perceber completamente o efeito benéfico da fibra • Medicamentos para alívio sintomático - incluem analgésicos orais ou locais para tratar a dor, agentes tópicos para reduzir o inchaço local ou tratar a dermatite de contato, terapias para reduzir o espasmo esfincteriano e agentes venoativos (flebotônicos) para aumentar o tônus venoso dos tecidos hemorroidários • Agentes venoativos - os flebotónicos são usados principalmente na Europa e na Ásia para tratar hemorroidas com inflamação aguda e sangramento. São uma classe heterogênea de drogas que consiste em extratos de plantas e compostos sintéticos. Eles melhoram o tônus venoso, a permeabilidade microvascular, a atividade linfática e o fluxo nutritivo microcirculatóros e podem reduzir o sangramento associado às hemorroidas • Analgésicos e esteroides tópicos - pomadas tópicas contendo anestésicos, esteroides, emolientes e antissépticos são frequentemente auto prescritas pelos pacientespara alívio sintomático rápido. No entanto, ha uma falta de fortes evidências científicas que apoiam o uso de pomadas tópicas. - Pomadas tópicas que incluem analgésicos, como hidrocortisona mista / lidocaína, são eficazes para aliviar a dor aguda associada a hemorroidas. No entanto, pomadas tópicas não devem ser usadas por mais de uma semana para evitar efeitos adversos, como dermatite de contato Hemorroidas externas - O tratamento de hemorroidas hemorrágicas é inicialmente conservador como com modificações na dieta ou cremes externos. Para hemorroidas externas, a única alternativa é a cirurgia, pois as hemorroidas externas não são passíveis de bandas elásticas, mas só é indicado em casos mais graves. • Na hemorroida externa sintomática ou trombosada, com menos de 3 dias de sintomas se faz cirurgia. Com mais de 3 dias, é tratamento conservador. Hemorroidas internas com sangramento persistente podem ser tratadas usando procedimentos no consultório (por exemplo, ligação com elástico) • Para hemorroidas de grau II1, pode-se primeiro tentar a ligadura do elástico, que geralmente é bem-sucedida após uma ou duas aplicações. Se a ligação do elástico não for eficaz, a cirurgia e recomendada. • Para hemorroidas de grau IV, a cirurgia é o melhor tratamento. Hemorroidas trombosadas – geralmente esta associada a dor a reabsorção do coágulo ocorre espontaneamente dentro de alguns dias, diminuindo a APG S7P2 Kamilla Galiza dor. Por isso o tratamento de hemorroidas trombosadas geralmente é conversador. • As exceções incluem aquelas com dor intensa e hemorroidas externas trombosadas e fora caso de trombose concomitante de hemorroidas externas e internas (as vezes observadas apos o parto) • A trombose das hemorroidas internas de grau IIi e IV geralmente persiste apos as terapias conservadoras descritas acima e pode exigir tratamento definitivo Agentes antiespasmódicos - Vários tipos de agentes (doadores de óxido nítrico) podem ser úteis para reduzir o espasmo do esfíncter anal, como pomada tópica de nitroglicerina a 0,5% pode fornecer analgesia temporária, reduzindo o espasmo interno do esfíncter anal. Esta dose pode estar associada a efeitos colaterais, como dor de cabeça. Uma dose mais baixa de nitroglicerina tem sido usada em pacientes com fissuras anais. Banhos de assento - Os banhos de assento são um tratamento tópico intuitivo para crises agudas de hemorroidas, para reduzir a inflamação e o edema e relaxar os músculos do esfíncter. Pacientes com doença hemorroida significativa tendem a apresentar tônus esfincteriano elevado. Estudos manométricos confirmaram que a aplicação de calor úmido na área perianal pode diminuir as pressões do esfincter interno e do canal anal. • Os banhos de assento podem aliviar a irritação e o prurido, bem como o espasmo dos músculos do esfíncter anal • Eles devem ser usados com água morna, e não fria, duas a três vezes por dia Tratamento no consultório Geralmente são oferecidos a pacientes com hemorroidas internas sintomáticas refratárias a tratamentos médicos conservadores. O objetivo comum dessas terapias é causar descamação do excesso de tecido hemorroida; cicatrização e cicatrização fixam o tecido residual no anel muscular anorretal subjacente. Para pacientes com hemorroidas internas sintomáticas grau I, II ou III, refratárias ao tratamento conservador, recomendamos um procedimento no consultório, em vez de hemorroidectomia cirúrgica, como intervenção inicial. Pacientes com hemorroidas internas de qualquer grau problemas anorretais adicionais, hemorroidas externas ou hemorroidas internas / externas mistas devem prosseguir diretamente para a cirurgia, pois essas condições não são passíveis de tratamentos no consultório Escolha da técnica baseada no consultório Ligadura com elástico • Para pacientes saudáveis com hemorroidas internas de grau l, II ou III, recomendamos a ligação do elástico • É mais eficaz e requer menos sessões de tratamento Escleroterapia • Para pacientes em uso de drogas anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários, imunocomprometidos ou com hipertensão portal, sugerimos escleroterapia • A ligação do elástico é contraindicada devido ao alto risco de sangramento tardio Coagulação por infravermelho de hemorroidas internas Excisão de hemorroidas externas trombosadas • Hemorroidas externas com trombose aguda podem ser tratadas por excisão no consultório se o paciente apresentar nos primeiros três dias de sintomas. Os sintomas geralmente começam a diminuir após três dias e geralmente se dissipam em 7 a 10 dias. • Hemorroidas externas trombosadas extensas ou com sangramento podem exigir excisão cirúrgica na sala de cirurgia. As hemorroidas internas de grau IV requerem tratamento cirúrgico definitivo. Os procedimentos baseados no consultório são ineficazes e não devem ser tentados Tratamento cirúrgico A excisão cirúrgica de hemorroidas continua sendo uma abordagem muito eficaz para o tratamento de hemorroidas sintomáticas, mas é reservada para pacientes selecionados Indicação da cirurgia: • Pacientes com hemorroidas de grau III ou IV, e aqueles com doença externa grave • Paciente com comorbidades que não aguenta procedimento no consultório ou que tomam anticoagulantes • Paciente com hemorroidas externas: - Sintomática e refratária a outros tratamentos - Hemorroida grande ou grave • Hemorroida mista grave • Paciente com hemorroidas internas: - Hemorroidas internas prolongadas que podem ser reduzidas manualmente (Grau Ill), principalmente se mais de uma coluna estiver envolvida - Hemorroidas internas prolongadas e encarceradas (Grau IV) - Hemorroidas internas sintomáticas refratária a outros tratamentos APG S7P2 Kamilla Galiza • Pacientes que farão cirurgia anorretal por outra comorbidade, podem fazer a hemorroidectomia concomitante Hemorroidectomia externa: as hemorroidas externas trombosadas são melhor tratadas com excisão de hemorroidas, em vez de incisão e evacuação simples do coágulo, uma abordagem que geralmente deve ser evitada Hemorroidectomia interna: a hemorroidectomia convencional extirpa o tecido hemorroida com um bisturi ou eletrocautério. • Pode-se fazer grampeamento e ligação da artéria hemorroida - A cirurgia pode ocorrer na técnica de Milligan- Morgan ou Ferguson. Na cirurgia de Milligan-Morgan, se deixa a incisão aberta • A lesão fecha por segunda intenção Na de Fergunson, se dá um ponto para fechar a incisão • Aqui se facilita a cicatrização e melhora o pós- operatório • A complicação é que pode ocorrer estenose cicatricial, diminuindo muito a qualidade de vida A incontinência fecal é um risco, ao se lesar a musculatura ou fibras nervosas da região Prevenção 1. Adote uma dieta saudável, equilibrada e rica em fibras. Coma mais fruta, vegetais e cereais integrais → As fibras são essenciais para manter um bom funcionamento do intestino e para prevenir a obstipação, pois ajudam a amolecer as fezes e a evitar o esforço a defecar, que pode causar hemorroidas ou piorar os sintomas de hemorroidas já existentes. 2. Ingira muitos líquidos, de preferência água → É recomendável beber entre 8-10 copos de água por dia. As bebidas com cafeína e o álcool não contam. Pelo contrário, podem desidratar o organismo. 3. Faça exercício físico → Este obriga o intestino a funcionar de forma regular e, assim, prevenir a obstipação. Além disso, a atividade física combate o excesso de peso e a obesidade, que são fatores de risco para as hemorroidas. 4. Evite estar muito tempo de pé ou sentado → Estar muito tempo sentado na sanita (a ler, por exemplo) faz com que aumente a pressão sobre as veias do ânus, originando ou agravando o problema das hemorroidas. 5. Vá ao banheiro assim que sentir vontade → Sabe- se que um dos fatores associados às hemorroidas é a pressão aumentada no abdómen, que, por sua vez, se repercutena região anal. Suster a vontade de defecar faz com que todo este processo se torne, depois, muito mais custoso e doloroso. Também se deve evitar fazer esforço durante as evacuações, pois estará a aumentar a pressão sobre as veias do reto. Com o tempo, esta pressão sobre os tecidos que suportam os vasos sanguíneos pode levar à sua dilatação e ao surgimento de sintomas, como o sangramento ou o prolapso. Referências Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015. LONG, Dan L. et al. Medicina Interna de Harrison. 18 ed. Porto Alegre, RS: AMGH Ed., 2013. DURÉ, Carolina Lançanova; VIEIRA, Yuri Zamban; FILLMANN, Lúcio Sarubbi. Doença hemorroidária. Acta méd. (Porto Alegre), p. [5]-[5], 2013. BLEDAY, Ronald; BREEN, Elizabeth. Home and office treatment of symptomatic hemorrhoids. 2017.