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Funções e papéis dos bancos comerciais Nas sociedades primitivas (que viviam basicamente da atividade agrícola), as pessoas tinham de separar parte daquilo que haviam produzido, para conseguirem plantar no período seguinte (se possível, numa escala ainda maior). Assim, se aquelas pessoas consumissem (comessem) todo o alimento colhido, não restaria nada para ser colocado no próximo processo produtivo. Já nas sociedades modernas, a maior parte do investimento não está tão relacionada com a decisão de não consumir todas as mercadorias produzidas, mas tem relação com a capacidade que a sociedade possui para poupar recursos financeiros (que poderiam ser utilizados para a compra de bens e serviços), para colocá-los na aquisição de máquinas e equipamentos que serão utilizados no aumento do volume produzido de bens e serviços. As pessoas devem poupar, para que esse dinheiro seja investido na renovação e ampliação da produção da economia. Os bancos servem como intermediadores financeiros entre os poupadores e os investidores, ou seja, é nos bancos que se forma uma relação de crédito entre duas partes distintas, em que os acumuladores de recursos financeiros (que não querem empregá-los produtivamente) podem transferir tais recursos, com o intermédio de um banco, para aqueles dispostos ao investimento produtivo. Quando um banco empresta dinheiro para uma empresa, ele usa parte do dinheiro depositado em conta corrente (ou qualquer aplicação financeira) por uma pessoa e o repassa (cobrando uma taxa de juros por essa transação) para uma empresa comprar uma máquina, por exemplo. De acordo com Carvalho et al. (2000, p. 253), “embora não haja definição universalmente aceita do que constitui um banco, o sistema bancário é normalmente tomado como compreendendo os intermediários financeiros que captam recursos sob a forma de depósitos”. Podemos dividir os bancos em 3 tipos, de acordo com o exposto no Quadro 4.11: Vemos as definições desses três bancos, de acordo com o site do Banco Central. Bancos comerciais • Instituições financeiras públicas ou privadas que concedem financiamentos de curto e médio prazos para empresas e pessoas físicas. • Fazem a captação dos recursos financeiros via depósitos à vista (contas correntes), podendo também captar depósitos a prazo. Bancos de investimento • Instituições financeiras privadas que concedem financiamentos de médio e longo prazos para empresas, além de prestarem serviços especializados em operações de participação societária de caráter temporário, tais como: oferta inicial de ações, operações internacionais, e administração de carteiras de investimentos. • Fazem a captação de recursos financeiros apenas via depósitos a prazo (não possuem Contas Correntes). Bancos múltiplos (ou universais) • Instituições financeiras públicas ou privadas que prestam vários serviços bancários (misturam os serviços de Bancos Comerciais e Bancos de Investimentos, além de poderem atuar com desenvolvimento, crédito imobiliário, arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento). Itaú, Bradesco, Santander, HSBC, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal são exemplos de bancos múltiplos. Os bancos comerciais (e bancos múltiplos que desempenham papéis de bancos comerciais) são os únicos a receberem depósitos à vista. Para deixarem seus recursos financeiros depositados em um local mais seguro (segurança) do que em suas próprias casas (ou carteiras), e num local que permita uma diversidade maior (comodidade) de formas de pagamentos (cheques, transferências bancárias, cartões de débito etc.), as pessoas devem acreditar na solidez do banco. Isso acontece porque, além de ser intermediador financeiro, os bancos comerciais tem como papel o fornecimento de crédito (o que faz dos bancos comerciais, agentes de criação de moeda). Podemos dizer que os bancos comerciais são, antes de qualquer coisa, administradores de risco. Para os bancos comerciais, sempre há o risco de os clientes depositantes decidirem sacar seus recursos ao mesmo tempo (mesmo que não haja nenhuma notícia negativa sobre a liquidez desse banco). Para isso, eles devem conseguir analisar em que momento devem emprestar mais dinheiro (fornecer crédito), e quando devem aumentar seus encaixes totais (percentual do dinheiro que foi depositado, o qual o Banco Comercial não empresta ao público em geral). Buscando minimizarem os riscos de saques “excessivos”, os bancos comerciais podem tentar diversificar suas fontes de depósito, através de depósitos a prazo, pois, apesar de os depósitos a prazo exigirem dos bancos o pagamento de juros aos aplicadores, eles trazem a vantagem da informação antecipada de quando (em qual data) os clientes farão (provavelmente) os saques, já que exigem um período mínimo (carência) que o depósito precisa ficar aplicado, para que comece a render juros. No entanto, à medida que são diversificados os tipos de depósitos que os clientes fazem nos bancos comerciais, abrem-se novas portas para tais instituições financeiras fornecerem crédito, o que aumenta o risco de se emprestar recursos para tomadores de empréstimo que vão dar o calote no banco (para minimizarem esses riscos, os bancos precisam fazer uma análise criteriosa para saber para quem eles poderão emprestar dinheiro (quais pessoas ou empresas possuem o histórico de boas pagadoras)). Quanto mais os bancos tentam se proteger contra os perigos da liquidez (que são inerentes às instituições bancárias), mais situações de risco eles precisam conseguir administrar. Assimile A liquidez bancária está relacionada com a possibilidade dos bancos em arcarem com seus compromissos financeiros, no momento em que acontecem. Assim, se um cliente quiser fazer um saque da sua conta corrente no dia de hoje, o banco precisa ter esse recurso financeiro para passar ao sacador. Caso não o possua, o banco está enfrentando problemas de liquidez. Os bancos comerciais mantêm um relacionamento muito próximo com o Banco Central. O Banco Central tenta minimizar os riscos do sistema financeiro com a estipulação da taxa de compulsório e da taxa de redesconto. O aparecimento de um Banco Central regulador só acontece pela incapacidade de autorregulação dos próprios bancos comerciais, já que, por emprestarem, parcialmente, recursos que não lhe pertencem, os bancos comerciais estão numa constante situação de risco de incorrerem em baixa liquidez (a ganância desses bancos poderia levá-los a emprestar mais dinheiro do que deveriam). Assim, o respaldo do Banco Central como regulador e emprestador de última instância aparece como forma de controle e garantia de sobrevivência do sistema financeiro. Os bancos comerciais se sujeitam ao Banco Central no momento em que estão iniciando suas atividades, já que é o Banco Central que concede as licenças de funcionamento das instituições financeiras. Referência: Macroeconomia - Vaine Fermoseli Vilga e Maria de Fátima Gimenes Valente Sprogis
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