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P á g i n a 1 | 6 Edema agudo pulmonar INTRODUÇÃO Etiologia → O edema agudo pulmonar (EAP) é uma sín- drome clínica que pode resultar de dife- rentes condições: • Distúrbios hemodinâmicos: o Insuficiência ventricular esquerda o Obstrução ao nível da valva mitral o Arritmias cardíacas o Hipervolemia o Infarto agudo do miocárdio (IAM) o Hipertensão renovascular o Crise hipertensiva • Aumento da permeabilidade da membrana alveolocapilar: o Sepse o Infecção pulmonar o Afogamento o Aspiração pulmonar o Anafilaxia o Síndrome do desconforto respira- tório agudo (SDRA) • Elevação da pressão negativa intra- pleural: o Obstrução da via aérea • Outras: o Após TCE o Exposição a grandes altitudes o Embolia pulmonar Fisiopatologia → Na gênese do edema pulmonar, é impor- tante considerar a fisiopatologia presente, a depender se de origem cardiogênica ou não cardiogênica. → O edema pulmonar não cardiogênico está associado ao aumento do líquido no interstício pulmonar por alteração da per- meabilidade capilar pulmonar. o Edema pulmonar na SDRA o Edema pulmonar das grandes alti- tudes • Nessas situações, a pressão hidrostá- tica do capilar pulmonar encontra-se normal (abaixo de 18 mmHg), e não há hipertensão pulmonar → No edema pulmonar cardiogênico, o me- canismo principal fisiopatológico é a ação da pressão hidrostática capilar elevada (hipertensão pulmonar acima de 18 mmHg), que determina o aumento do edema intersticial pulmonar por falência da drenagem linfática e redistribuição de líquido pelos compartimentos pulmona- res, incluindo alvéolos, território venoso e arterial pulmonar o Pode estar associado à hipervole- mia, mas não é condição necessá- ria para o EAP, como acontece na insuficiência mitral aguda e no IAM. → Neste capítulo, será tratado apenas o EAP cardiogênico → A causa mais comum de EAP de origem cardiogênica é a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo, associada à insufici- ência cardíaca descompensada por au- mento da pós-carga, hipervolemia ou por etiologia isquêmica. → Na vigência de isquemia miocárdica, esse relaxamento ventricular fica prejudicado pela baixa disponibilidade de oxigênio, e a pressão hidrostática do ventrículo es- querdo se eleva, transmitindo-se até o ca- pilar pulmonar. → Pode ocorrer por diferentes condições he- modinâmicas como: • Crise hipertensiva • Isquemia miocárdica • Miocardiopatias hipertróficas → A disfunção diastólica representa a redu- ção da capacidade ventricular esquerda de receber o volume de sangue que chega pelo átrio esquerdo e pelas veias pulmo- nares (redução da complacência ventricu- lar) • O que provoca a elevação da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo (pressão diastólica final), que se trans- M E D X P a C E - P á g i n a 2 | 6 2 mite ao átrio esquerdo, às veias pul- monares e aos capilares e vasos linfá- ticos pulmonares. → O aumento da pressão hidrostática ca- pilar pulmonar determina o extravasa- mento de líquido para o interstício pul- monar e, quando é excedida a capaci- dade de drenagem do sistema linfático dos pulmões, também para os alvéolos. → Como outras causas do EAP de origem car- diogênica temos: • Obstrução ao fluxo pela valva mitral (estenose valvar, mixoma e trombo) • Insuficiência mitral aguda (disfunção do músculo papilar ou ruptura da cor- doalha, no IAM e no prolapso, endocar- dite) • Arritmias cardíacas • Hipervolemia o Arritmias cardíacas e hipervolemia, está correlacionada com disfunção cardíaca sistólica ou diastólica. QUADRO CLÍNICO → O principal sintoma é a intensa falta de ar (dispneia), geralmente súbita, mas tam- bém pode ocorrer ortopneia, Taquipneia, tosse com expectoração rósea e dor torá- cica, mesmo na ausência de isquemia → O exame clínico, além dos sintomas já ci- tados, revela sinais proeminentes de ativa- ção simpática: • Taquicardia • Palidez • Sudorese fria • Agitação psicomotora • Ansiedade → No exame pulmonar, há crepitações inspi- ratórias e expiratórias em todo o tórax, podendo ocorrer sibilos, o que sugere edema da parede brônquica. → Podem estar presentes as tiragens inter- costais e infraclavicular. → O exame cardiovascular pode sugerir a eti- ologia quando, por exemplo há: • Hipertensão arterial • Quarta bulha (disfunção diastólica) • Terceira bulha (disfunção sistólica) • Sopros cardíacos • Arritmia DIAGNÓSTICO → O diagnóstico do edema agudo pulmonar é essencialmente clínico e deve ser obtido com base em dados da história e do exame físico. → O diagnóstico diferencial entre EAP cardi- ogênico e não cardiogênico é muitas ve- zes, difícil, e a radiografia de tórax é o exame complementar que pode ajudar a distinguir essas duas condições. → O EDEMA “EM ASA DE BORBOLETA” É TÍ- PICO DE EDEMA AGUDO PULMONAR. → O ecocardiograma, se possível, deve ser realizado na sala de emergência, quando a causa não for rapidamente identificada. → O eletrocardiograma, comumente, mostra taquicardia sinusal e pode contribuir para a definição da etiologia: • Arritmias • Sinais de isquemia • Sobrecarga ventricular M E D X P a C E - P á g i n a 3 | 6 3 → As enzimas cardíacas (troponina) de- vem ser solicitadas já na sala de emer- gência e seriadas ao longo da evolução do paciente. → A gasometria arterial pode evidenciar hi- poxemia severa. Também devem ser ava- liados Na+, K+, ureia e creatinina. → Pode ser feita ainda, a dosagem de BNP, que auxilia a diferenciar causas cardiogê- nicas de pulmonares em pacientes com in- suficiência respiratória. • Valores acima de 400 pg/mL = IC como etiologia do EAP • Valores abaixo de 100 pg/mL tornam improvável o diagnóstico TRATAMENTO → A abordagem do paciente com EAP cardi- ogênico deve ser realizada na sala de emergência. → O paciente deve permanecer sentado du- rante o tratamento (a cabeceira elevada e as pernas pendentes para fora do leito), com o objetivo de reduzir a pré-carga, me- lhorar a relação ventilação-perfusão e re- duzir o esforço respiratório. Oxigênio → A oxigenoterapia suplementar e a ventila- ção assistida devem ser utilizadas para tratar a hipoxemia (SatO2 menor que 90% ou PaO2 menor que 60 mmHg) → O oxigênio não é utilizado como terapia de rotina em pacientes sem hipoxemia. Pode provocar vasoconstrição e redu- ção do débito cardíaco. → O oxigênio deve ser administrado por máscara facial com fluxo de 5 a 10 L/min para correção da hipoxemia. → Nos pacientes com desconforto respirató- rio (FR acima de 25 irpm e/ou SatO2 abaixo de 90%), pode associar-se ao uso de pres- são positiva já no início da abordagem te- rapêutica. → Essas duas opções terapêuticas diminuem a necessidade de intubação, reservada àqueles com: • Fadiga muscular respiratória • Acidose respiratória • Hipoxemia refratária → A intubação é indicada se a hipóxia, a acidose e/ou hipercapnia (PaCO² acima de 50 mmHg) não puderem ser contro- ladas Vasodilatadores → O nitroprussiato tem efeito vasodilatador arterial e venoso, e a nitroglicerina reduz a pré-carga por meio de seu efeito venodila- tador. • Nitroprussiato – Vasodilatador A/V • Nitroglicerina – Vasodilatador V → Os vasodilatadores promovem melhora clínica por redução da pré e da pós- carga. → INICIALMENTE, pode ser utilizado nitrato SL 5 mg, repetido a cada 5 a 10 min (má- ximo de 15mg, dividido em 3 doses), se- guido ou não por nitratos parenterais. → Em caso de isquemia miocárdica, a me- lhor opção é a nitroglicerina, na dose de 5 a 200 ug/min. (o nitroprussiato pode pro- vocar roubo de fluxo colateral da área is- quêmica miocárdica) → Os efeitos colaterais mais comuns do ni- troprussiato são: • Náusea • Vômitos • Cefaleia • Intoxicação por cianeto e tiocianato (IR) Diuréticos de alça → A furesemida 40 a 80 mg intravenosa é re- comendada. → Promove vasodilatação venosa, reduzindo a pré-carga (venodilatação em 5 minutos), antes de determinar a diurese, que ocorre cercade 20 a 30 minutos após a dose ini- cial M E D X P a C E - P á g i n a 4 | 6 4 → Uma segunda dose de até 160 mg pode ser usada caso não haja melhora após 20 minutos da primeira dose. → A dose inicial é de 0,5 a 1mg/kg intrave- nosa, podendo ser repetido conforme a resposta do paciente. → Pacientes congestos, recebendo furose- mida intravenosa, devem ser monitoriza- dos quanto à diurese, à hipotensão, aos eletrólitos e função renal Morfina → A morfina deve ser administrada na dose de 1 a 3 mg, a cada cinco minutos, com o objetivo de reduzir a ansiedade determi- nada pelo aumento do esforço respirató- rio, a pré-carga por vasodilatação (em até 40%) e os reflexos pulmonares responsá- veis pela dispneia. → Deve ser usada com cautela e em ambi- ente com condições para intubação tra- queal, pois pode determinar a exacerba- ção do broncoespasmo pela liberação de histamina ou narcose pela diminuição do estímulo respiratório (antidoto – nalo- xona) → Náuseas e hipotensão podem ocorrer. → A morfina, a furosemida e o nitrato são as drogas de primeira escolha essas medidas conseguem tratar a maioria dos quadros de síndrome, e, caso não haja sinais de baixo débito ou arritmias fatais que neces- sitem de cardioversão elétrica, a intuba- ção orotraqueal deve ser adiada. → Máscaras de CPAP diminuem a necessi- dade de ventilação invasiva e podem ser utilizadas precocemente, sem prejuízo, promovendo tendência de redução da mortalidade. → Entre pacientes com EAP e sinais de re- dução do débito cardíaco (hipoperfusão periférica, hipotensão, rebaixamento do nível de consciência), são indicados inotrópicos positivos como a dobuta- mina, além de monitorização hemodi- nâmica. Outras terapêuticas → A infusão de nesiritida resulta em natiu- rese, diminuição das pressões de enchi- mento cardíaco e aumento do índice car- díaco. • Contudo ainda não há dados confiá- veis sobre a alteração de função renal e mortalidade. → No tratamento do EAP, atualmente, a utili- zação de CPAP também se mostrou efetiva em reduzir o número de intubações e apresentou forte tendência de redução da mortalidade, podendo ser utilizada como medida terapêutica inicial para a hipoxe- mia. ANEXOS M E D X P a C E - P á g i n a 5 | 6 5 M E D X P a C E - P á g i n a 6 | 6 6 ANOTAÇÕES
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